Leitura e redação de trabalhos acadêmicos

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Mauro Arruda Alex Reis

1ª Edição Oficina de Letras Editora Vitória - ES 2008

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Copyright 2008 by Mauro Arruda Villas Bôas Filho Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução no todo ou em parte deste livro, por qualquer meio, sem autorização do autor.

Projeto gráfico: Estúdio F. - estudio@forjador.com.br (27) 3228-6066 / (27) 8818-4966 Design gráfico e diagramação: Maurílio de Queiroz e Abraão Coutinho Revisão Alina Bonella

Catalogação na publicação elaborada pela Biblioteca Central /UVV-ES V727f Villas Bôas Filho, Mauro Arruda; Leitura e redação de trabalhos acadêmicos / Mauro Arruda; Alex Reis - Vitória, ES: Oficina de Letras, 2008. 121 p. : il.

1. Trabalhos científicos – Normas. 2. Referências bibliográficas. I Reis, Alex. II. Título.

oficina de letras Editora R. Alberto Torres, 933 - Jucutuquara 29040-700 Vitória - ES Tel.: (27) 3222-6955 e-mail: oficina@letras.com.br

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CDD 001.42


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Sumário Apresentação ......................................................................... 9 1 APRENDENDO E INTEGRANDO-SE NUMA UNIVERSIDADE ......... 13 2 LEITURA: UMA FORMA DE AMPLIAR OS SABERES ..................... 21 3 REDAÇÃO: O QUE É PRECISO SABER ......................................... 29 4 TRABALHOS ACADÊMICOS ........................................................ 39 4.1 Resumo .......................................................................... 41 4.2 Resenha ......................................................................... 46 4.3 Estudo de caso (o método do caso) ............................ 53 4.4 Relatório ........................................................................ 56 4.4.1 Relatório acadêmico-científico .................................................. 57

4.4.2 Relatório de estágio .................................................................... 60

4.4.3 Relatório de visita ....................................................................... 61

4.5 Provas e exames ............................................................ 95 5 APRESENTAÇÃO ORAL .............................................................. 101 6 FINALIZANDO ........................................................................... 109 7 REFERÊNCIAS ............................................................................. 111 APÊNDICE A — Principais normas da ABNT ........................... 113 APÊNDICE B — Capa ................................................................ 119 APÊNDICE C — Folha de rosto ................................................. 120 APÊNDICE D — Sumário ........................................................... 121

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ícones de localização dos principais trabalhos acadêmicos - cap. 4 Resumo Pág. 41 - 45

Relatório acadêmicocientífico Definição: 51 Ilustração: 74 - 95

Resenha

Relatório de estágio

Pág. 46 - 52

Definição: 60 Ilustração: 61 a 66

Estudo de caso

Relatório de visita

Pág. 53 - 55

Definição: 60 Ilustração: 66 - 74

Provas e exames Pág. 95

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Apresentação

O projeto para desenvolver a coleção FACILITANDO foi elaborado como uma importante contribuição para a formação de nossos universitários. Foi desenvolvido com o objetivo de apresentar sugestões alternativas para um aproveitamento maior de suas vidas acadêmicas. Dentro dessa perspectiva, aproveitando a experiência de alguns professores universitários interessados em contribuir nesse sentido, estamos lançando o terceiro livro da coleção, que contém três temas, para dar continuidade ao trabalho, iniciado em 2003, com o manual FACILITANDO o uso das normas da ABNT nos trabalhos acadêmicos na Era da Informática. Para este terceiro número da nossa coleção, Leitura e Redação de Trabalhos Acadêmicos, procuramos, além de utilizar um texto leve e objetivo, demonstrar, por meio de vários exemplos, como o universitário pode redigir desde o resumo de um texto, passando pelos relatórios de visita, de estágio, concluindo com um dos trabalhos mais requisitados dentro de uma instituição superior, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Os conteúdos selecionados para compor este livro de nossa coleção foram distribuídos em seis capítulos. O primeiro deles trata de situar o significado do aprender e integrar-se numa universidade, assim como suas conseqüências, para si próprio e para a sociedade em geral. Procurar mostrar a leitura como uma importante ferramenta para ampliar nossos saberes, assim como estimular o universitário, cada vez mais, a dominar o ato de ler é o que vai nos mostrar o capítulo dois. Sem dúvida, saber redigir bem um texto é uma das qualidades que se espera de

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todo estudante, especialmente um universitário. O capítulo três trata de um tema muito importante, a redação dentro de um curso superior, enfatizando as pistas a serem seguidas, assim como o que é preciso para redigir um texto bem escrito. Já o capítulo quatro trata de um dos pontos de maior relevância para um bom aprendizado escolar, os trabalhos acadêmicos. Além de explicações relativas aos trabalhos mais comuns dentro de uma universidade, exemplos de cada um deles foram inseridos, assim como observações para facilitar a compreensão e absorção desses conhecimentos por parte dos leitores. Muitas vezes os trabalhos acadêmicos são de ótima qualidade, seja sob o ponto de vista da sua redação, seja de sua apresentação gráfica. Entretanto o aluno pode pecar na hora da sua apresentação. Para tratar desse importante assunto, foi escrito o capítulo quinto, que procura mostrar ao leitor todas as fases de uma apresentação oral que devem ser cumpridas para uma explanação bem-sucedida.

Palavras iniciais Nossas palavras são dirigidas a todos os nossos leitores universitários, neste momento, independente do período e do curso em que estejam matriculados. Se, por acaso, for alguém que esteja iniciando seu curso universitário, esperamos que, com a leitura deste material, possa tirar o máximo de aproveitamento, desde o início. Caso contrário, se estiver cursando outras etapas, este material também poderá ajudá-lo, visto que os assuntos aqui tratados pretendem ser úteis não só para a sua formação acadêmica, como também em outras oportunidades ao longo da sua vida, independente de estar ou não matriculado em uma escola. Freqüentar uma universidade é muito mais do que simplesmente assistir à aula, fazer provas, passar de ano e obter um diploma. É a oportunidade que temos de refletir sobre vários campos do saber humano

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e retirar desse conhecimento objetos de nosso interesse, que sejam úteis para a nossa vida em sociedade. Para que isso aconteça a contento, temos que saber utilizar os vários meios e recursos oferecidos pelas escolas e pelos cursos que freqüentamos. Tal procedimento, no entanto, exige alguns requisitos e atitudes que nos levem ao sucesso nessa empreitada. Entre eles, o saber pensar é, sem dúvida, o mais importante. Enfim, este é o grande objetivo da educação e das escolas, ajudar alunos e professores a aprender a elaborar seus próprios pensamentos. Para que isso aconteça, precisamos desenvolver nossa capacidade do pensar autônomo, ou seja, aprender a caminhar com nossas próprias pernas. Entretanto é bom advertir nosso leitor, desde este momento, que este trabalho não tem a pretensão de ensiná-lo a pensar. Quando muito, auxiliá-lo em suas reflexões, para que possa facilitar a compreensão de sua aprendizagem, sempre apoiada na sua própria autonomia. Para conseguir tais resultados, o aluno deverá saber utilizar a leitura e a escrita, permitindo-lhe produzir bons trabalhos acadêmicos, participar de uma aula com aproveitamento e fazer uma apresentação oral com desenvoltura. Acreditamos que dominar esses saberes é o primeiro passo nessa direção. Esse é o nosso grande objetivo.

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aprendendo e integrando-se numa universidade Compreender a importância do que se aprenderá em uma universidade é necessário para se valorizar os conhecimentos assimilados. Esse é um dos passos iniciais para significar o que se aprende. O significado é a força que move o aluno a querer estudar e aprender coisas novas.

O que você vai aprender na universidade Quando você entra em uma universidade, com certeza está interessado em aprender várias coisas, especialmente aquelas que têm a ver com os aspectos profissionais inerentes ao curso de graduação que você esteja cursando. Essa aprendizagem, assim como tudo aquilo que o ser humano aprende no transcorrer de sua existência, tem conseqüências, para si, como também para a sociedade. Para o universitário, em particular, compreender esse processo é muito importante para perceber seu significado. É bom lembrar que a mesma Matemática que nos auxilia a administrar uma propriedade agrícola, com êxito, nos permite fabricar aquele produto agrícola que ajuda a deteriorar o meio ambiente. Inicialmente, é bom lembrarmos que uma universidade é um local que foi planejado e preparado para desenvolver conhecimentos nas várias áreas dos saberes. Isso não significa que não existam outros locais em que você possa aprender. Aprendemos em nossas casas, no trabalho e até mesmo conversando num bar. A diferença é que, geralmente, esses outros lugares não foram preparados para uma aprendizagem metódi-

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ca, sujeita a uma avaliação formalizada, como qualquer escola o faz. Resumidamente, pode-se dizer que aprender, em uma universidade significa: a) aprender ampliando o campo de conhecimento; b) aprender modificando atitudes; c) aprender adquirindo habilidades. Aprender ampliando nosso campo de conhecimento significa encontrar novas informações dentro de sua área de atuação, generalizar essas informações e direcioná-las para a solução de diferentes problemas. Quando aprendemos modificando atitudes significa que o aprendizado ajudou a modificar os valores em frente àquilo que se passou a conhecer. Tem a ver com os sentimentos diante do que se aprende. Finalmente, aprender adquirindo habilidades significa saber fazer, saber lidar com alguma coisa, com o conhecimento aprendido, aplicando-o na prática. Assim, por exemplo, se você é estudante de Engenharia Ambiental sabe que não basta adubar o solo, é preciso escolher adequadamente o tipo de fertilizante, pois é muito importante entender que a qualidade do material utilizado deve respeitar o meio ambiente. Você tem uma informação nova, você aprendeu conhecendo. Mas, caso você desconsidere esse conhecimento e, por um motivo qualquer, por comodismo ou por outra razão, achar que é perda de tempo ou desnecessário adotar medidas que impeçam o uso de um determinado produto químico nocivo ao meio ambiente, você não aprendeu modificando atitudes. Se, ao contrário, você for capaz de dizer “Puxa vida! Eu nunca tinha pensado nisso! Vou conversar com meu amigo José, que tem uma plantação de alface e usa constantemente produtos químicos na adubação do solo de sua propriedade. Vou procurar saber se ele está levando isso em conta, tentando impedir que faça alguma coisa errada!”, você aprendeu modificando atitudes. Finalmente, você terá aprendido adquirindo habilidades, se souber, na prática, colher amostras do solo,

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analisá-las e, interpretando os resultados, orientar seu amigo sobre a forma correta de escolher e fazer uso deste ou daquele produto em sua plantação de alfaces. É importante não estacionar a aprendizagem na etapa do conhecimento. Esse conhecimento deve ser discutido e suas idéias debatidas. Só assim você poderá assumir uma posição contra ou a favor disso ou daquilo, atitude fundamental à tomada de decisão. Só essas condições não são suficientes para a sua aprendizagem, vá em frente, procure desenvolver o saber fazer.

Como se integrar em uma universidade Ao entrar para uma universidade, você passará a participar de um universo especial que tem suas próprias regras. Essa instituição, além de ter um regulamento interno, deve seguir inúmeras práticas e diretrizes elaboradas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Essas normas constituem a “Constituição do País-Universidade”, geralmente conhecidas como “ Regimento Universitário”. Assim, como na vida civil, você deverá observar, antes de tomar qualquer atitude, dentro de sua escola, se ela é ou não “legal - regimental”. É bom atentar para o fato de que a escola obedece a um calendário acadêmico, assim como tem regras e diretrizes para as avaliações realizadas nas épocas aprazadas, procurando verificar quem pode ou não ser promovido para o período seguinte.

O projeto para desenvolver a coleção FACILITANDO foi elaborado como uma importante contribuição para a formação de nossos universitários. Foi desenvolvido com o objetivo de apresentar sugestões alternativas para um aproveitamento maior de suas vidas acadêmicas.

Além das atividades rotineiras da sala de aula, você poderá usufruir da biblioteca, participar de seminários e de outros eventos culturais e científicos, incluindo os esportivos, promovidos pela sua universidade. Como estudante, poderá freqüentar e mesmo se eleger líder estudantil, representando seus colegas em frente à comunidade acadêmica, caso se associe ao Centro Acadêmico. Procurar participar das discus-

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sões políticas, acadêmicas e culturais é uma forma de expandir sua aprendizagem com eficácia. Muitos líderes, da área pública ou privada, começaram suas carreiras dentro de uma universidade, exercendo algum cargo nos órgãos representativos da faculdade. Participar dos eventos extraclasse é uma das atitudes que você deve adotar, não só para dar um sentido maior ao que esteja estudando, como, também, para contribuir, e muito, com o seu crescimento pessoal.

Assistir às aulas Assistir a uma aula significa participar de uma lição ou de um exercício ministrado por um professor num determinado espaço de tempo. A sua postura nesse evento vai depender, em grande parte, do modo de ensino adotado pelo professor da disciplina e do interesse na aprendizagem que o assunto despertou em você.

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Caso o seu professor adote uma postura mais tradicional, ou seja, exponha os assuntos de uma determinada matéria, tire as dúvidas, passe exercício valendo ponto, faça avaliação com provas centradas no estudo daquilo que foi visto durante esse período, você deverá adotar uma postura que atenda a esses requisitos, ou seja, acompanhar e anotar o que o professor expôs em sala, fazer os exercícios e se preparar para a avaliação dentro dessa visão mais tradicional. No entanto alguns professores estão adotando formas menos tradicionais, tentando com isso extrapolar os limites que nos impõe essa metodologia. Assim, utilizam, por exemplo, formas de aprendizagem pela pesquisa, ou seja, agem mais como um professor-orientador, procurando estimular seus alunos a desenvolverem, com maior autonomia, seu próprio conhecimento. Nesse caso, as aulas ministradas têm um caráter mais voltado para orientar e estimular aos alunos a pesquisarem conteúdos que possam responder a uma ou mais questões orientadoras, formuladas pelo professor ou pelos próprios alunos. A riqueza de ensinar pela pesquisa está na possibilidade de professor e aluno ganharem bem mais autonomia no dia-a-dia escolar. O ensino pela pesquisa, certamente, exigirá uma outra postura na forma como você vai assistir às aulas ministradas. Assim, o professor pode sugerir um trabalho estilo monográfico, para o qual você precisará, além de uma questão norteadora, verificar suas hipóteses de trabalho ou questões de investigação, levantar e ler as teorias recomendadas para estabelecer seu referencial teórico, além de fazer algumas pesquisas, inclusive de campo, para poder completar seu estudo.

Duas cenas de escola da virada do século xv, mostrando a relação hierárquica entre professores e alunos: acima, Aristóteles e seus discípulos; abaixo, uma classe anônima.

Diante desse cenário, o mais importante não vai ser copiar o que professor vai passar no quadro. É preciso que você estruture seu trabalho em forma de pesquisa, vá à biblioteca, selecione textos para auxiliar na redação, procurando tirar dúvidas nas reuniões individuais, com seu grupo de trabalho ou com o professor. Enfim, a iniciativa

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das ações passará a ser de sua responsabilidade. As aulas, nesse caso, servem muito mais como um local, não para o professor passar conhecimentos extraídos dos livros ou manuais, mas para orientar e estimular os seus alunos a desenvolver investigações e pesquisas que possam, com maior efetividade, conduzi-los a uma aprendizagem mais eficaz, na qual o decorar perde espaço para o pensamento autônomo.

Saberes básicos para uma boa aprendizagem Para desenvolver sua aprendizagem, sob qualquer circunstância, alguns conhecimentos básicos são necessários. Se, por um ou por outro motivo, você tem algum tipo de dificuldade para redigir e interpretar um texto, ou mesmo para resolver uma regra de três, tal fato pode indicar que, talvez, você esteja precisando revisar alguns desses saberes que já foram vistos em períodos anteriores e estejam meio esquecidos. Sem dúvida, essa ação é um dos meios mais eficazes para resolver seus problemas de redação ou de regra de três. É uma situação análoga, caso você pretenda construir a parede de uma nova casa, sem, por outro lado, ter construído um alicerce adequado para suportá-la. Os educadores costumam chamar esses conhecimentos básicos de propedêuticos, ou seja, são aqueles saberes preliminares que nos preparam para receber conhecimentos mais amplos, da mesma forma que o alicerce de nossa casa faz a preparação para o recebimento de uma pa-

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rede com formatos e pesos diferenciados. Esses conhecimentos agem como facilitadores da nossa aprendizagem. Assim, para aprendermos a ler, tivemos que, preliminarmente, aprender as letras do alfabeto. Caso contrário, teríamos muitas dificuldade para fazê-lo. Da mesma forma acontece quando trabalhamos com os números. Antes de fazermos uma divisão ou multiplicação, precisamos aprender a contar. Do mesmo jeito, para fecharmos um balanço contábil, precisamos ter aprendido, previamente, o significado de débito e crédito. E assim por diante. Esse conhecimento preliminar ou propedêutico será sempre necessário para avançar em todos os estágios da vida, seja no âmbito escolar, seja no profissional. Lembre-se: antes de você se aventurar a participar da sua primeira corrida, quando criança, teve que aprender a engatinhar, a andar sozinho e aí por diante. Certamente, não começou a correr, sem antes ter aprendido todos esses movimentos básicos; assim como você não deve encontrar um excelente diretor de finanças que não tenha começado sua carreira aprendendo e desenvolvendo conhecimentos fundamentais sobre sua profissão enquanto exercia outros cargos menos elevados.

Cena de uma escola do início do séclo xvi na França.

Pedro Demo (1994, p. 30), um estudioso da educação, explica-nos que esses conhecimentos podem ser resumidos em três propedêuticas, ou seja, “[...] filosofia, linguagem e matemática” : a Filosofia se encarregará de ajudar o estudante a entender como ocorre a construção do conhecimento e suas vertentes, além de auxiliá-lo na pesquisa e na (re)construção de seus saberes; a Linguagem contribuirá para uma comunicação eficaz com seus pares e com o mundo que o cerca; e, finalmente, a Matemática auxiliará na compreensão das questões numéricas envolvidas no dia-a-dia. Daí a importância das disciplinas Metodologia da Pesquisa, Leitura e Redação e Matemática Básica.

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Todos esses conhecimentos propedêuticos são importantes, uma vez que nos preparam para uma educação pela pesquisa, ou seja, pode-se extrapolar a simples prática de uma aprendizagem mecânica e memorizada. São saberes responsáveis pela formação de um espírito autônomo que estudantes e professores devem perseguir. Ter autonomia é fundamental para o saber pensar, que, por sua vez, constitui-se o objetivo principal de qualquer processo de educação. Daí a necessidade de atentar para o domínio desses conhecimentos. O leitor encontrará, ao longo do nosso trabalho, de forma simples e fácil, algumas explicações sobre itens selecionados e que fazem parte desses conhecimentos propedêuticos. Procuramos trabalhar, principalmente, a questão da linguagem, com ênfase na leitura e na redação universitária. Também foi privilegiada a discussão dos principais trabalhos acadêmicos, entre eles, o resumo, a resenha, as provas e os principais relatórios solicitados pelos professores aos seus alunos. Esperamos que este material o ajude a enfrentar mais facilmente as exigências cotidianas da sua vida acadêmica, deixando de lado a aparência de um “bicho de sete cabeças”.

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LEITURA: uma forma de ampliar os saberes Provavelmente, a leitura é muito mais do que pensamos. Quase tudo que deciframos passa por uma ou mais formas de leitura podendo ser escrita ou não. O objetivo da leitura é ajudar a entender as informações e mensagens que nos interessam por um motivo qualquer. Procurar, cada vez mais, dominar o ato de ler é uma atitude que todo estudante, em qualquer nível, deve adotar.

O que é leitura? Existem várias formas de leitura. O homem do campo, acostumado a “ler a natureza”, ao olhar para o céu e identificar se existem indícios que significam probabilidade, ou não, de chover nos próximos dias, está fazendo um determinado tipo de leitura, ou seja, está tentando obter alguma informação que lhe dê condições de decifrar sobre a possibilidade de ocorrer tal evento climático. Assim como esse exemplo, existem inúmeros outros tipos de leitura do mundo que nos cerca. A leitura escrita é apenas um deles, e é essa leitura que nos interessa discutir a seguir. Com o acúmulo de informações e dados que o homem foi acumulando ao longo de sua história e com a necessidade que sentiu de transmitilos aos seus descendentes, ele foi desenvolvendo, com o passar dos anos, um tipo de registro, conhecido por escrita, que, ao mesmo tempo, foi acompanhado das respectivas formas apropriadas para sua leitura, necessárias para interpretá-la e compreendê-la.

O livro é gênero de suma importância, e por isso merece o mais completo apoio, a partir da idéia de formar o hábito de ler. Oscar Wilde

O conhecimento e a prática da escrita, assim como a leitura, passam a exercer um papel fundamental no desenvolvimento da sociedade hu-

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A valorização da leitura no Brasil não é nada se comparada com os países desenvolvidos. A média anual do índice de leitura nacional é de apenas dois livros por habitante. A maioria dos alunos chega às universidades com deficiência na escrita e no senso crítico pela falta de uma leitura constante que deveria ter sido estimulada desde a infância.

mana. Praticamente, tudo aquilo que achamos significativo e importante tendemos a registrar, constituindo, dessa forma, um patrimônio de conhecimento de seu executor e, em muitos casos, da própria humanidade. Você já pensou, caso não tivéssemos essa habilidade? Na riqueza que teríamos perdido, se um Einstein ou Machado de Assis não tivessem meios de registrar, pela escrita, tudo aquilo que produziram?

Ler não é... Ler não é apenas juntar letras e palavras, umas com as outras, como muitas vezes acreditamos. Ler significa compreender e decifrar aquilo que estamos lendo. Por isso, o importante não é ler muito ou ler pouco. O importante é ler bem. Entender o significado daquilo que está a nossa frente. Para que isso aconteça, a contento, a leitura precisa ter significado para seu leitor. Ele precisa conhecer e dominar a língua e suas nuances. Só desenvolvendo o gosto e o prazer pela leitura é que poderemos criar uma cultura de leitura mais eficaz e apropriada do que simplesmente o hábito da leitura. Hábito não significa gostar. Possivelmente, diante desses fatos, talvez a leitura seja o conhecimento mais importante que a escola tem a ensinar aos seus alunos e também aos seus professores.

Finalidades do ler De modo geral, podemos ler com três finalidades distintas: ler por prazer, para nos informar e para estudar. Apesar dessa distinção, isso não significa, necessariamente, que alguém que esteja lendo para estudar ou para se informar não possa sentir prazer ao fazer tal atividade.

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O ler por prazer é o ato que se pratica para a obtenção de uma sensação agradável, harmoniosa. Tem muito a ver com alegria, satisfação e contentamento. Tendo esses objetivos em foco, diz-se que alguém está lendo algo por prazer. Um bom exemplo dessa leitura pode ser identificado quando nossas primeiras professoras tomavam a iniciativa de ler aquelas histórias de aventura, cujo enredo prendia a atenção até o último fio de cabelo. Ai de quem ousasse interrompê-la por qualquer motivo. No mínimo, recebia uma maldição das mais pesadas. No dia-a-dia, temos muitas oportunidades de “tomar ciência” dos acontecimentos que ocorrem ao nosso redor. Esse é um dos significados do ler para se informar. De modo geral, são feitas leituras rápidas e superficiais ou, então, apenas nos detendo naquelas que mais aguçam nosso interesse pessoal ou profissional. Se você prestar atenção, verá que alguns leitores de jornais apenas lêem sobre esporte, enquanto outros se interessam pelo caderno de economia ou de política internacional, por exemplo. Outras vezes, certas notícias chamam a atenção, apesar de tratarem de assuntos gerais. Entretanto seus conteúdos trazem certas informações que abrem espaço para trilhar outros caminhos que ajudam a entender melhor certas particularidades da profissão escolhida. Por exemplo, sabe-se, ao ler o caderno de economia e negócios, que certa organização adotou uma determinada política de exportação. Essa informação pode ajudar na vida profissional, caso a pessoa trabalhe na mesma área de outra empresa que esteja carente de novas idéias para melhorar suas exportações. Além dessas indicações, a leitura para se informar auxilia a desenvolver o interesse pela leitura em geral. Pode-se até afirmar que ela funciona como uma “porta de entrada” para as demais leituras. Além disso, essa leitura é fundamental para aguçar o senso crítico e gerar opiniões próprias, permitindo um posicionamento em frente à realidade.

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Uma forma interessante de incentivar a leitura para se informar, adotada por alguns professores, inclusive na universidade, é determinar um dia da semana, quando é solicitado aos alunos que tragam e comentem as principais notícias que leram em jornais e em outras fontes periódicas, fomentando, dessa forma, debates entre eles. O ler para estudar, sem dúvida, é o tipo de leitura mais cobrado pelos professores, desde o início do Ensino Fundamental. Apesar de sua importância em todos os níveis escolares, poucas são as vezes, especialmente nos cursos superiores, em que se tem a oportunidade de discutir formas adequadas para melhorar a leitura, o que é essencial para melhorar a forma de estudar. Portanto dominar a leitura de textos informativos, artigos científicos, ensaios e livros didáticos complementares é uma habilidade fundamental para toda a vida, seja dentro, seja fora da escola. A falta dessa habilidade é um dos principais motivos do baixo desempenho de muitos alunos. Alguns, por não conseguirem superar essa deficiência, são levados a desistir dos cursos freqüentados. Por outro lado, a orientação para desenvolver esse tipo de leitura é a que apresenta as maiores dificuldades. Entre elas, duas se destacam, o próprio material e o ritmo de trabalho. Além de o material ser pouco atraente: muitas letras, poucas ilustrações, o leitor vai encontrar um conjunto de idéias que precisam fazer sentido, lembrando-se de que

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elas, quase sempre, são novas para ele. Por outro lado, o ritmo de trabalho, necessariamente, é mais lento, para que o leitor possa localizar informações sobre um assunto específico, mesmo que, para isso, tenha que reler vários trechos ao longo da leitura. A falta de entendimento dessas duas dificuldades, tanto por parte de professores como dos alunos, dificulta a criação de situações didáticas coerentes com a realidade escolar. Tal situação, fruto, muitas vezes, de uma preocupação exagerada em repassar e cobrar muitos conteúdos ao mesmo tempo, dificulta não só as condições para a prática de uma cultura de estudos, como também abre brechas para a utilização dos já famosos “Ctrl+C” e “Ctrl+V”, também conhecidos como “copiar e colar”. Tal situação não combina com ler, entender e redigir com palavras próprias.

Leitura na Universidade Durante o tempo em que você estudou na escola secundária, e mesmo no cursinho, os textos que você lia eram manuais didáticos ou apostilas. São textos conhecidos como extensionistas, geralmente escritos por pessoas com acentuada preocupação didática, que pretendem estender o conhecimento de seus conteúdos ao maior número de pessoas, procurando utilizar uma linguagem de fácil entendimento. Na universidade, porém, muito raramente você vai ter à disposição textos extensionistas. As obras indicadas na bibliografia fornecida são escritas, de modo geral, por um pesquisador, que tem em mente um público também de pesquisadores. Trata-se de textos com poucas concessões didáticas. Para se familiarizar com essa situação, seguem algumas sugestões.

No século v a.C., o leitor lia em voz alta, desenrolando o rolo com uma das mãos e enrolando com a outra, expondo trecho após trecho.

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Os livros e a biblioteca Leia a bibliografia oferecida pelo professor e procure informar-se a respeito do(s) livro(s) que abrange(m) a maior parte da matéria. Procure comprá-lo(s), começando assim a formar a sua biblioteca pessoal. Quanto aos demais e às revistas, consulte a biblioteca da sua universidade. Para isso, você deverá solicitar a orientação do bibliotecário, que é um profissional preparado exatamente para essa tarefa. Procure não tirar cópias xerox de livros inteiros. Além da dificuldade de sua guarda e recuperação dessas informações, esse ato configura pirataria, prejudicando as editoras, as livrarias e os próprios autores.

Dicionário Quando estiver lendo, tenha sempre ao lado um dicionário. É muito importante, no texto científico, a precisão vocabular. Se tiver tempo, faça um pequeno glossário (lista explicativa das palavras novas, específicas da sua área de conhecimento) para uso futuro. A leitura em público cumpria uma função social na França do século xviii, como mostra esta gravura de Marillier.

Sobre o autor do texto Procure obter, antes mesmo da leitura, esclarecimentos a respeito do autor do texto, sobre sua vida, sua obra e correntes de pensamento a que está filiado. Essa providência é extremamente importante para a compreensão das idéias expostas.

Leitura de texto científico Para maior facilidade de movimentação e entendimento de um texto científico, procure identificar, inicialmente, o problema, ou seja, a questão principal tratada pelo autor, representada por um pergunta que ele se fez e que o

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levou a escrever aquele texto. Por exemplo: como dividir as fases do crescimento econômico brasileiro por períodos? Por que os impostos e taxas são tão altos no Brasil? Quais as conseqüências do monopólio do petróleo para os investimentos em infra-estrutura portuária, na presente década? Essa providência vai facilitar suas ações para você encontrar, com mais facilidade, as respostas oferecidas pelo autor e também suas justificativas.

Outros cuidados na leitura Ao iniciar a leitura de um texto qualquer, faça, em primeiro lugar, uma leitura corrida. Com isso você está fazendo a sua aproximação com o texto e seu objeto de interesse. Após a fase exploratória, faça uma segunda leitura, procurando se aprofundar no texto lido.

Interação com o texto De posse de lápis, caneta e papel, vá anotando as dúvidas encontradas. Explore com mais profundidade o texto lido. Para isso, sublinhe as idéias principais do autor. Se necessário, faça resumos e esquemas de leitura que facilitem a sua compreensão do texto. Anote suas dúvidas e as partes que mais lhe interessaram do texto lido. Anote. Não confie somente na memória.

Após esta discussão e apontamentos que fizemos sobre o tema da leitura, no próximo capítulo vamos tratar de outro importante conhecimento básico para todo universitário, a redação.

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REDAÇÃO: o que é preciso saber A redação escrita, como forma de comunicação, apareceu depois que o ser humano teve o domínio da fala, da oralidade. Ela é responsável pelo registro das informações produzidas pela sociedade em geral. Esses registros têm regras próprias que devem ser respeitados. Dominar bem os princípios que regem essas regras é uma forma segura para uma boa redação universitária. “Para escrever existem apenas duas regras: ter algo a dizer e dizê-lo”. (Oscar Wilde)

Aprendendo a redigir Para redigir, é preciso aprender a “brincar” com as palavras. E como fazer isso? De forma semelhante como a criança desenvolve a capacidade de conhecer quase todas as “artimanhas” necessárias para empinar pipas, mesmo sob condições adversas, ao redigir, passa-se pelo mesmo processo. Para brincar com as palavras, é necessário, antes de tudo, aprender a utilizar, por exemplo, no lugar da linha e do carretel, as palavras, no lugar da pipa, a escrita, e assim por diante. Desconhecendo a direção do vento, o peso do engenho e a espessura ideal da linha, dificilmente se chega a ser considerado um bom “empinador de pipas”. Da mesma forma, para conseguir ser um redator, mesmo razoável, é preciso desenvolver alguns conhecimentos e aptidões que o habilite para tal. Vale ressaltar que não basta ter o dom de “empinar de pipas”; é preciso praticar muito para se tornar um deles. O mesmo acontece com alguém que queira ser um bom redator. Isso exige, sem dúvida, persistência.

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E como alcançar essa posição? Com certeza não existe uma fórmula mágica. Sem envolvimento com o assunto a ser redigido e sem aprender a se submeter e receber críticas de terceiros, sem dúvida, você não sairá dos passos iniciais. Outro fato importante: aprende-se a redigir, redigindo. Quanto mais se pratica, mais a “pipa em forma de letras e palavras” levanta vôo, independente de ser ela uma simples carta, uma poesia ou mesmo um trabalho eminentemente técnico, que exige um linguajar especializado. Assim como a leitura, redigir não é somente juntar letras e palavras, é saber, antes de tudo, dar significado aos pensamentos e comunicá-los com precisão. Para isso, é importante desenvolver os conhecimentos nessa direção. É preciso debruçar-se sobre eles, montar a pipa, saber a direção do vento e daí por diante. E, se a pipa não subir, ter paciência de repetir tudo outra vez, sem desanimar.

Pistas para se tornar um escritor Toda cultura teve seus hábitos desenvolvidos pela transmissão de conhecimentos vivenciada ao longo de tempos.

Como alerta Schopenhauer (2006), existem dois tipos de escritores: os que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever. Veja como, em poucas palavras, esse pensador resume, de forma bem objetiva, o que precisamos para nos tornar escritores ou, simplesmente, um redator. Os primeiros, segundo ele, tiveram pensamentos ou fizeram algumas experiências que lhes parecem dignos de serem comunicados a terceiros, enquanto os segundos, nem tanto. A primeira providência para quem quer ser incluído no primeiro grupo de escritores é ter um assunto para escrever. Caso contrário, não sairá do marco zero. Isso significa que, antes de começar a redigir “a torto e a direito”, é preciso saber que objeto será tratado, quando escrever alguma coisa.

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Em segundo lugar, é preciso pensar no assunto a ser redigido antes de começar a escrever. Não tomar essa atitude significa escrever sem pensar, o que constitui uma grave falha. Deixar para pensar enquanto escreve também não é muito apropriado. Uma forma recomendável para escolher um assunto é fazer uma leitura de mundo e escolher aquele que mais sensibiliza e desperta o interesse. Após essa primeira triagem, já com o assunto em mão, um passo importante é proceder à leitura de textos compatíveis com o seu grau de conhecimento e de interesse. Pronto! Agora que já se sabe as principais providências para iniciar a carreira de escritor, pode-se aprofundar um pouco mais em outros conhecimentos para tal propósito. Para isso, devem-se observar os instrumentos necessários à sua “caixa de ferramentas”, que auxiliarão a “brincar melhor” com as letras e as palavras.

O que é preciso para escrever um texto bem escrito? “O texto é como um crochê. Você dá o primeiro ponto, pega a agulha, puxa e dá outro, e assim vai. Quais elementos ajudam a puxar o primeiro ponto? Quais permitem costurar duas partes? “ (Ingedore Villaça Kock) Resolvida a questão do assunto e após pensar sobre o tema escolhido, antes de começar a escrever, veremos algumas particularidades importantes para o aprofundamento da questão. Geralmente, acreditamos que aquilo que escrevemos é pura produção e invenção nossa. Para Piglia (2007), escritor argentino contemporâneo, essa crença não é verdadeira, pois a vontade e decisão de escrever são sempre posteriores à prática de alguma leitura. Por aí, pode-se perceber a importância da leitura para quem quer escrever bem. Ela

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desperta o interesse para a investigação, levando a aprofundar o conhecimento sobre temas dos quais se deve saber um pouco mais.

Para saber mais... MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. 2. ed. São Paulo: Copanhia das Letras, 2006.

Fazer da leitura a primeira providência, quando estiver escrevendo um texto, é, sem dúvida, uma medida bastante acertada. A leitura prévia fornece a base e outras facilidades para transpor as idéias para o papel, além de ser fundamental para o processo de redação, pois promove inspiração para o cérebro, fornece os argumentos discursivos, amplia o vocabulário e a capacidade de expressão, aguça o senso crítico, estimula o ato de pensar e aumenta o grau de compreensão do mundo. Por isso tudo é que, conforme já foi dito, quando se falou sobre a importância da leitura, seu ensino e aprendizagem, por parte de alunos e professores, desenvolver o hábito de ler é uma das principais missões de qualquer escola, inclusive das universidades. Quem sabe as escolas ainda terão sessões de leitura, nas quais todos possam conhecer melhor sua história e possibilidades? Quem se interessar pelo assunto, leia um livro maravilhoso, Uma História da Leitura, de Manguel (1997). Com as principais idéias mais ou menos no lugar certo alimentando os pensamentos, é hora de começar a redigir, ou seja, escrever aquilo que se planejou. Para isso, não importam os meios a serem utilizados para registrar a escrita, um lápis, caneta ou o mais sofisticado computador, nem tampouco o assunto e o tipo de redação que se pretende desenvolver. O importante é que a “brincadeira” com letras e palavras comece. As peças do jogo chamam-se palavras. Para redigi-las, é preciso observar certas regras criadas ao longo da evolução da linguagem. O conjunto de regras recebe o nome de gramática. As regras gramaticais garantem um padrão de escrita de acordo com as normas cultas estabelecidas pelos lingüistas, profissionais especializados nessa área, que têm o papel de “guardiões da linguagem”, portanto devem ser obedecidos, da mesma forma que, ao emitir suas opiniões sobre o que estudou e aprendeu, você espera ser ouvido e ter seu conhecimento respeitado.

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Em poucas palavras, pode-se dizer que as regras gramaticais, assim como quase tudo aquilo que gira em torno de uma redação, se preocupam com todos os aspectos da linguagem que fazem com que o objeto redigido produza uma resposta correta por parte de quem lê. Essa resposta deve representar o que o redator tem em mente e deseja passar para o seu leitor, lembrando sempre que existe uma distância muito grande entre o que se diz (escreve) e o que se quer dizer. Assim, o grande desafio, nessa oportunidade, é dominar, ainda que minimamente, a gramática e suas regras principais. De modo geral, a gramática trata de ensinar como as palavras devem ser escritas para serem compreendidas por todos os ouvintes ou leitores. A área do saber que cuida dessa questão, dentro da ótica gramatical, chama-se ortografia. Ela é que estabelece como as palavras devem ser escritas. Por isso, não podemos escrever “massan”, em lugar de “maçã”. A razão de essa palavra ser escrita dessa forma é um assunto próprio dos lingüistas que estudam e pesquisam sobre a ortografia das palavras. Eles têm a resposta adequada para esse assunto. Se a ortografia ensina a escrever corretamente as palavras, a sintaxe, parte da gramática que cuida da construção lógica daquilo que estamos redigindo, ensina a fazer uma correta ligação entre as partes do que se está escrevendo com o conjunto das palavras escritas, dando sentido àquilo que se quer expressar ou comunicar a terceiros. Por isso não se pode escrever, por exemplo, “O produto pela empresa x é de boa qualidade”. Fica difícil alguém entender o que se está querendo dizer com essa frase. Mas, se você escrever, “O produto fabricado pela empresa X é de boa qualidade”, certamente, todos os leitores entenderão à primeira vista. Outro ponto importante tratado pelas regras gramaticais e ao qual se deve prestar atenção é a questão da pontuação. Ela informa onde e quando os sinais gráficos, como a vírgula e o ponto, devem ser utilizados na redação, caso seja preciso fazer uma pausa, com o intuito de

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facilitar o entendimento do texto pelo leitor. Você já imaginou este texto que está lendo, neste momento, sem vírgulas e sem pontos? Seria uma loucura. Se você tentar fazer esse pequeno exercício, veja o que vai acontecer. Esse conjunto de conhecimentos representado pela ortografia, sintaxe e pontuação, entre outros, deve se constituir no objeto da segunda providência de aprendizagem para se tornar um bom redator. Existem outros. Esses são os mais comuns. Ter conhecimentos específicos sobre os itens tratados até aqui o tornará apto a escrever uma mensagem coerente que possa receber uma resposta adequada do leitor, objetivo último de tudo aquilo que se escreve. Escrever uma mensagem correta gramaticalmente, por sua vez, não significa que aquilo que você escreveu será entendido pelos seus leitores. Pode ser que, por vários motivos, cultural, por exemplo, o leitor, apesar de falar a mesma língua e morar no mesmo local, não tenha familiaridade com determinadas expressões utilizadas na redação. Assim, se um professor estiver escrevendo um artigo sobre física quântica ou algo parecido, um aluno universitário iniciante do curso, certamente vai ter muita dificuldade, ou mesmo não vai entender quase nada de que o professor está querendo lhe dizer, embora sua mensagem, gramaticalmente, esteja correta. Se o professor não prestar atenção a esse fato, com certeza irá dificultar a aprendizagem de seus alunos leitores. Portanto tornar o pensamento daquilo que você redige comum aos leitores, da maneira mais clara possível, é a terceira providência que se deve tomar quando se pretende redigir um bom texto. Ter um assunto, pensar antes de escrevê-lo, escrever dentro das normas gramaticais indicadas, tornar comum aos leitores aquilo que foi escrito são pontos para que eles prestem atenção àquilo que se escreveu e se preocupem em dar uma resposta adequada à redação? Certamente,

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não. Existem outros cuidados que é preciso observar. Construir argumentos é um deles, pois é preciso saber redigir um texto agradável, que exerça persuasão e estimule o leitor a colaborar na produção da resposta almejada. Essa é a quarta providência que deve ser tomada, quando se está escrevendo um texto qualquer. Além dessas quatro providências, não se pode esquecer dos cuidados necessários com o parágrafo na construção de um bom texto. É muito importante saber montá-lo, pois é nele que acontece a organização das idéias, estabelece-se a relação dos assuntos e sua ordem de importância e ganha-se o entusiasmo ou a desaprovação do leitor. Conseqüentemente, produzir um bom parágrafo pressupõe clareza nas idéias, objetividade (fale o necessário para comunicar sua mensagem), escolha do repertório (informações prévias que são adquiridas com a cultura da leitura) e encadeamento das idéias (envolve processo de coesão, coerência, concordância e outros). A soma desses itens não somente produzirá excelentes parágrafos, como também um texto consistente e bem escrito.

O caderno escolar do adolescente Beatus Rhenanus, preservado na Biblioteca Humanista de Sélestat. (Século xv)

Texto dissertativo: sua relevância na redação universitária Assim como nas demais escolas que freqüentamos até aqui, a leitura e a redação são as principais matérias-primas utilizadas em uma sala de aula, praticamente em todas as disciplinas e por todos os professores. Geralmente, no curso fundamental, os textos solicitados para os alunos redigirem têm características mais voltadas para uma tipologia em forma de narração e descrição. Após uma volta pelo pátio da escola com seus alunos, a professora pede que eles descrevam sobre esse tema ou, por outro lado, pode pedir que narrem a conversa entre eles e seus pais, na hora das refeições, por exemplo.

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Descrever e narrar são uma estratégia de aprendizagem que procura estimular os alunos a desenvolverem seu senso de observação, criatividade, espontaneidade, além, é claro, de colocar suas idéias, criar um estilo próprio. De forma geral, ao elaborar esse tipo de redação, o aluno não tem a preocupação de comparar os seus pontos de vistas com os de terceiros, defender sua própria opinião sobre o assunto em pauta ou coisas do gênero. Já no curso médio, os professores começam a estimular seus alunos a redigirem sobre alguns temas desenvolvidos a partir de uma pergunta ou questão levantada pelo próprio professor. O redator deve não só responder, como também defender seu ponto de vista, procurando reforçá-lo com argumentos próprios e de terceiros, se for o caso. Leva o aluno a ter um maior poder de crítica sobre o que lê e escreve.

No início, a escrita era pensada por meio de desenhos: uma imagem estilizada de um objeto significava o próprio objeto, ou então uma ação relacionada com ele.

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Esse tipo de redação, conhecida como dissertativa, é a forma predominante nos cursos de graduação. Espera-se que um aluno desse nível não só tenha capacidade de gerar suas idéias, a partir das suas várias leituras, próprias e de terceiros, como também de saber escrevê-las corretamente, defender sua “hipótese/tese”, levantada por ele ou pelo seu professor, utilizando argumentação apropriada. Conseguindo esse objetivo, sem dúvida, seu leitor dará uma resposta satisfatória ao trabalho em destaque, por meio de pareceres e de outras formas avaliativas. A “resposta” de uma banca examinadora de um trabalho acadêmico, tipo TCC, é um bom exemplo para ilustrar tal situação. O texto dissertativo, também conhecido como argumentativo, é estruturado em três partes fundamentais: introdução, desenvolvimento e conclusão. Quando falarmos, mais adiante, dos relatórios acadêmicos, faremos uma explicação mais detalhada da construção de cada uma dessas partes.


Para conseguir tal objetivo, a metodologia de ensino universitário prevê que os alunos realizem uma série de trabalhos ao longo do curso, para torná-los capazes de produzir e redigir um trabalho dissertativo, obedecendo a todos os requisitos metodológicos inerentes. Toda essa aprendizagem não só nos prepara para dar conta dos trabalhos realizados ao longo do curso, como também para a elaboração de um trabalho que devemos apresentar ao final da nossa graduação, conhecido como Trabalho de Conclusão de Curso, o famoso TCC. Agora que já recordamos uma série de ensinamentos a respeito da leitura e da redação, após essas observações sobre a forma mais usual de uma redação universitária, vamos ver os principais trabalhos universitários e alguns cuidados que devemos ter durante a sua redação.

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Trabalhos acadêmicos Os trabalhos acadêmicos são um dos meios mais importantes para ampliar a aprendizagem. Vamos percorrer, a partir deste ponto, as possibilidades de utilizar os conhecimentos de leitura e redação vistos até aqui como facilitadores no planejamento e execução dessas atividades, tão presentes na vida universitária.

Elaboração e redação dos trabalhos acadêmicos Os professores, de modo geral, costumam solicitar que sejam redigidos, ao longo do período escolar, trabalhos acadêmicos para que possam avaliar o grau de aprendizado de seus alunos. Alguns são feitos fora da sala de aula, enquanto outros, especialmente as provas, são feitos na escola, sob o olhar vigilante do professor. Os trabalhos acadêmicos mais comuns são: resumos ou resenhas de textos; seminários apresentados em sala de aula; estudos de caso, quando a teoria confronta a prática; relatórios, frutos de pesquisas teóricas, visitas técnicas, estágios, etc. Todos esses trabalhos precisam ser redigidos. Em alguns deles, como os resumos e resenhas, por exemplo, o ponto inicial do processo passa pela leitura de textos ou livros indicados pelo professor. De modo geral, é muito difícil separar a escrita do ato da leitura, especialmente nesse tipo de trabalho. Em outros trabalhos, como os relatórios de visita técnica e de estágio, por exemplo, a redação, geralmente em forma descritiva e narrativa, é feita a partir das constatações observadas nas visitas ou estágios realizados durante o curso de graduação. Nesse caso, a leitura prévia

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de textos específicos ocupa um espaço bem pequeno, quando comparada com a elaboração de um relatório acadêmico-científico, como veremos a seguir. No caso dos relatórios acadêmicos científicos, em que o aluno, a partir de uma questão que ele próprio ou seu professor levanta, utiliza uma metodologia específica, a redação toma um caráter dissertativo. Certamente, esse tipo de trabalho, além de requerer uma quantidade de leituras prévias, exigirá um planejamento cuidadoso na hora da elaboração do texto. Caso contrário, o trabalho vai aumentar, e muito! Além desses trabalhos, os alunos devem realizar suas provas, periodicamente, conforme o calendário escolar estabelecido. A redação, nesse caso, prende-se a dar respostas às perguntas e questões levantadas pelo professor. Geralmente, o maior trabalho será ler e interpretar os conceitos e outras informações de autores indicados, assim como consultar anotações passadas pelos seus próprios professores, que devem servir de apoio para que você possa responder às questões solicitadas. Depois dessa visão geral, a seguir, abordaremos alguns exemplos sobre os principais tipos de trabalhos solicitados durante um curso de graduação: resumo, resumo crítico ou interpretativo, resenha, estudo de caso, relatório de visitas, relatório de estágio, produção técnico-científica e resolução de provas. Antes de dissertar sobre cada tipo de trabalho, vale ressaltar uma diferença importante que tanto alunos quanto professores devem compreender para obter bons resultados na elaboração e/ ou avaliação de resumos e resenhas.

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O resumo é uma síntese fiel ao texto ou livro-referência, o que não permite que o aluno acrescente nenhum parecer sobre ele. A resenha exige conhecimentos profundos da obra resenhada, incluindo a emissão de juízo de valor, e deve ser elaborada por especialistas no assunto que têm autoridade para publicá-la. Muitas vezes o professor solicita aos alunos que elaborem uma resenha, mas, na verdade, ele está desejoso que o aluno apresente um resumo crítico ou interpretativo — que considera as idéias do autor e também permite a inserção de uma crítica ou interpretação, já que os estudantes de graduação ainda não têm autoridade científica para produzir uma resenha completa e publicála. Neste caso, o professor deve estar consciente de que a resenha produzida pelos alunos tem apenas fins didático-pedagógicos.

Resumo Sempre que falamos RESUMO, estamos nos referindo a um texto “enxuto”, conciso, de fácil entendimento. Quantas vezes interrompemos nossos interlocutores com a frase, “Por favor, faça um resumo disso tudo. Tenho pouco tempo para ouvir toda a história”. Isso significa que queremos ouvir o essencial daquela conversa. Julgamos que, com o conhecimento das principais idéias sobre o assunto, estaremos aptos para tomar as decisões cabíveis. Quando falamos em resumir um texto, ou mesmo um livro, a idéia é exatamente igual. Só que, nesse caso, o encarregado de fazer o resumo não é o seu autor intelectual. Geralmente, quem faz o resumo de um texto escrito está interessado em conhecer as idéias do autor, seja para transmitir aos outros leitores, seja para utilizá-las em algum trabalho, pois as idéias e conhecimentos de terceiros podem enriquecer as nossas argumentações. Assim, nos trabalhos acadêmico-científicos, resumir textos é de fundamental importância. Sem essa atividade, é praticamente impossível a realização desse tipo de trabalho. Como po-

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demos perceber, fazer resumos é uma tarefa que vai nos acompanhar com freqüência em nossa vida universitária, independente da disciplina ou da área de estudo.

Como é feito um resumo A leitura (olha ela aí outra vez!) do texto ou do livro é a primeira providência que devemos tomar quando estamos interessados em fazer um resumo sobre eles. Ao ler, não devemos nos esquecer de fazer as anotações necessárias quanto aos pontos que mais interessam para o nosso trabalho. Em seguida, faremos a redação do resumo, que deve, de forma geral, priorizar as seguintes questões: a) o assunto do texto (do que se trata); b) o objetivo do texto; c) a articulação das idéias (como o autor organiza seus argumentos); d) as conclusões do autor do texto resumido. Acompanhe o exemplo a seguir. Duas placas de argila usadas por estudantes da Suméria: o professor escrevia de um lado, o aluno copiava do outro.

Resumo Gestão de Pessoas – Prof. Mauro Arruda – Faculdade Estácio de Sá – abril de 2008 Alunas: Tatiana Pereira da Cunha e Vivian Siqueira Stein Referência HERZOG, Ana Luiza. Eles foram para casa: melhor para a empresa. Revista Exame. São Paulo, v. 40, n. 14, p. 84-85, jul. 2006.

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A autora do artigo trata da questão de trabalhadores de grandes empresas que podem exercer suas funções em casa (teletrabalho) (esse é o assunto tratado pela autora). O texto, de modo geral, é de caráter informativo, mas a autora discute a idéia da viabilidade da implantação do teletrabalho (esse é o objetivo da autora ter escrito o texto). A autora mostra como a empresa Ticket utiliza o teletrabalho em sua rotina com os funcionários e de que forma esse novo tipo de trabalho vem apresentando bons resultados (essa é a posição do autor — idéia central ou tese). Argumentos (raciocínio do autor) Quais os argumentos principais a favor de sua idéia central? A autora, em seu discurso, aponta resultados numéricos que comprovam a eficiência do teletrabalho na empresa Ticket. Essa empresa investiu 400.000 reais no projeto, obtendo uma redução de custos de 2 milhões de reais. O volume de vendas aumentou 76% e os contratos fechados 40%. Herzog ainda apresenta, como fatores positivos do teletrabalho, o fato de os custos fixos poderem ser diminuidos, a redução de perda de tempo com o deslocamento dos funcionários até o local de trabalho, a satisfação dos funcionários e a credibilidade desse tipo de trabalho, já que outras empresas de renome estão utilizando o teletrabalho (como o autor organiza seus argumentos, como ele raciocina).

RESUMO, segundo o Aurélio: Apresentação concisa, do conteúdo de um artigo, livro, etc., a qual, precedida de sua referência bibliográfica, visa a esclarecer o leitor sobre a conveniência de consultar o texto integral. Ao contrário da sinopse (2) (q. v.), o resumo aparece em publicação à parte e é redigido por outra pessoa que não o autor do trabalho resumido.

Vamos ver, a seguir, como ficará o resumo apresentado ao interessado.

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Resumo O artigo, Eles foram para casa: melhor para a empresa, explica a dinâmica de trabalho adotada por uma empresa que mantém seus funcionários com toda estrutura tecnológica que necessitam para a realização do trabalho em casa (teletrabalho). Dessa forma, são reduzidos custos fixos, tempo perdido nos deslocamentos até a sede da empresa, aumenta-se a produtividade e isso faz com que os funcionários desfrutem, inclusive, do ambiente familiar. Contudo, para que os resultados sejam plenamente satisfatórios, os funcionários devem adotar uma rotina para a realização de seus trabalhos, visitas aos clientes (se as vendas forem o foco da empresa), além da viabilidade de poder realizar o trabalho à longa distância. Veja, a seguir, algumas observações que devem ser consideradas quando nos propormos a redigir um resumo. Cuidados que devem ser tomados na hora de resumir um texto: a) usar uma linguagem objetiva.; b) evitar repetição de trechos inteiros do original; c) não fugir à ordem em que os argumentos são apresentados no texto. Não se esqueça de que o resumo: a) não deve conter juízo de valor ou crítica (pois essa pertence a outro tipo de texto, a resenha); b) deve ser compreensível por si mesmo, isto é, não exigir a consulta ao original.

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Resumo crítico ou interpretativo O resumo crítico ou interpretativo contém os mesmos elementos de um resumo, acrescido de uma análise crítica da pessoa que o está elaborando, que emite um parecer sobre o conteúdo resumido. Usando o mesmo exemplo do resumo, o texto de um resumo crítico ou interpretativo ficaria assim:

Resumo crítico ou interpretativo O artigo, Eles foram para casa: melhor para a empresa, explica a dinâmica de trabalho adotada por uma empresa que mantém seus funcionários com toda estrutura tecnológica que necessitam para a realização do trabalho em casa (teletrabalho). Dessa forma, são reduzidos custos fixos, tempo perdido nos deslocamentos até a sede da empresa, aumenta-se a produtividade e isso faz com que os funcionários desfrutem, inclusive, do ambiente familiar. Contudo, para que os resultados sejam plenamente satisfatórios, os funcionários devem adotar uma rotina para a realização de seus trabalhos, visitas aos clientes (se as vendas forem o foco da empresa), além da viabilidade de poder realizar o trabalho à longa distância. O tema abordado é relevante já que as mulheres ocupam significativa parcela no mercado de trabalho e, com isso, acabam acumulando funções e saem de casa todos os dias para mais uma atribuição. O teletrabalho é uma oportunidade de fazer parte do mercado de trabalho sem precisar sair de casa todos os dias, o que facilita o cumprimento das funções agregadas.

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Resenha A formatação textual conhecida como RESENHA se constitui em um tipo de resumo. A diferença? Neste caso, tem como característica o conhecimento da obra e a crítica. A resenha não apenas apresenta sinteticamente os principais pontos defendidos pelo autor de um trabalho, como também insere julgamento de valor, permite comentários e opiniões, além de comparações com outras obras da mesma área. Isso significa que, ao redigirmos uma resenha, estaremos emitindo um juízo de valor e, com certeza, iremos influenciar a opinião de outras pessoas. Assim, ao redigirmos, ou mesmo ler a resenha de um livro, escrita por terceiros, essa atitude terá uma força muito maior em nossa decisão de aceitar ou não as opiniões emitidas pelo autor da obra, caso tivéssemos feito a mesma coisa, em frente a um resumo com caráter informativo, visto no tópico anterior. Podemos perceber, da mesma forma, que a redação de uma resenha, por sua vez, vai requerer de seu autor a utilização de um leque maior de habilidades, quando comparadas com o que lhe seria exigido, caso fosse redigir um resumo. Para começar, a leitura do texto deve ser feita com maior profundidade e cuidados, pois uma coisa é resumir um texto qualquer, detendo-nos, nos fatos contidos, sem opinar criticamente, e outra coisa é fazer o comentário desse mesmo texto, emitindo nossas críticas a respeito. Sem dúvida, esta situação tem probabilidades bem maiores de ser contestada por terceiros. Isso é bastante importante, por exemplo, quando emitimos essas opiniões em algum trabalho acadêmico que realizamos a partir daquilo que resenhamos. Um avaliador deste nosso trabalho, que não concorde com nossas opiniões sobre uma determinada obra que utilizamos como referência em nosso estudo, pode criar uma polêmica significativa na hora da apresentação e defesa de nossos pontos de vista, a partir do que resenhamos e utilizamos, nessa oportunidade. Da mesma forma que um crítico de cinema pode, ao resenhar um filme, despertar uma série de controvérsias com outras pessoas interessadas e conhecedoras do assunto.

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Diante dessa nossa argumentação, a resenha exige que se exponha, com clareza e riqueza de detalhes, quando necessário, o conteúdo da obra ou do artigo em questão, além de seus propósitos e o método utilizado para produzir as informações apresentadas. A partir desses pressupostos, é que o autor da resenha irá desenvolver uma análise crítica do conteúdo, da organização das partes, do método, de sua forma ou estilo. Agora podemos nos perguntar: afinal, quais são os objetivos que se tem em mente na realização de uma resenha? Podemos enumerar, principalmente, a capacidade de síntese, interpretação e crítica, com o objetivo de divulgar uma obra científica ou literária.

Como é feita uma resenha Assim, conforme vimos na questão do resumo, como na maior parte dos trabalhos acadêmicos, a seleção do assunto e dos textos ou livro que estamos interessados em resenhar deve ser a primeira providência que devemos tomar. A seguir, começaremos a fazer a leitura desse material, não nos esquecendo de anotar o que for importante para a nossa redação. De modo geral, ao elaborarmos uma resenha, devemos atentar para as etapas a seguir: 1) Referências da obra resenhada

RESENHA, segundo o Aurélio: Descrição pormenorizada: “Ouvir rezar as duas santas velhas... equivalia a escutar uma resenha das diferentes calamidades, que perseguem e apoquentamo gênero humano.” (Júlio Dinis, A Morgadinha dos Canaviais, p. 21.)

2) Credenciais da autoria 3) Resumo da obra 4) Conclusões do autor 5) Metodologia da autoria 6) Crítica do resenhista 7) Identificação do público a que se destina a obra 8) Indicação da obra resenhada

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Vamos ver, a seguir, um exemplo de uma resenha.

SACHS, Jeffrey. O fim da pobreza externa: como acabar com a miséria mundial nos próximos vinte anos. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, 449 p. O FIM DA POBREZA EXTERNA: COMO ACABAR COM A MISÉRIA MUNDIAL NOS PRÓXIMOS VINTE ANOS De Jeffrey Sachs São Paulo: Companhia das Letras, 2005. 449 p. (credenciais do autor) O economista Jeffrey Sachs tem, em seu currículo, o plano econômico que pôs fim à hiperinflação na Bolívia de Paz Estensoro, a participação no processo que atribuiu à Polônia e à União Soviética a economia de mercado, a direção do Instituto Terra na Universidade Columbia e, nos últimos anos, a assessoria especial a Kofi Annan na ONU. (resumo da obra) O livro traz o relato dessas experiências e, sobretudo, da inflexão em sua trajetória como economista liberal que acabou se tornando um crítico das regras da Organização Mundial do Comércio e da política do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial para os países pobres da periferia do capitalismo. O foco central, porém, é seu projeto para acabar com a pobreza extrema no mundo até 2025. (metodologia da autoria)

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Cinco, dos dezoito capítulos do livro, são dedicados ao relato de sua participação no plano de combate à hiperinflação boliviana, de suas experiências no processo de estabelecimento da economia de mercado na Polônia (1989-90). Segue relatando seu envolvimento com a transição capitalista na Rússia, ao final da era Gorbatchov, e sua atuação como consultor das autoridades chinesas para problemas do desenvolvimento. Relata, ainda, suas análises sobre as reformas de mercado na Índia, porém seu pragmatismo militante (ou “voluntarismo”, como quer Ricupero) como alto funcionário das Nações Unidas, imbuído de obstinada crença no poder da razão e da vontade reformadora, só aflora plenamente quando se volta para o relato das experiências e da proposição de políticas para a redução da pobreza dos países que a ONU classifica como least developed countries (LDCs). Sachs, que distingue três graus de pobreza ― a relativa, a moderada e a extrema ―, está preocupado com a pobreza extrema que atinge um sexto da humanidade, localizada na periferia subdesenvolvida, que não pode satisfazer as mínimas necessidades de sobrevivência, sofrendo de fome crônica e sem acesso a saneamento básico, educação e saúde. Conforme dados fornecidos pelo Banco Mundial, localiza-se na África subsaariana a extrema pobreza que, nas últimas décadas, cresceu em números absolutos, associada ao pesadelo da aids e ao genocídio sistemático praticado por corruptos Estados ditatoriais. Os projetos localizados por Sachs se destinam às nações vítimas do que denomina “armadilhas da pobreza”: situação em que os países de baixíssima renda per capita (US$ 1 ou US$ 2 ao dia), sem acesso ao comércio internacional e aos mercados de financiamento, consomem praticamente tudo o que produzem, pouco sobrando para o Estado investir em serviços básicos e contribuir para a geração de investimentos produtivos e capital fixo.

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Partindo do pressuposto de que a ciência econômica aprendida nos centros universitários dos países ricos está longe de permitir a compreensão da dinâmica perversa da pobreza extrema, Sachs faz um mea-culpa teórico e propõe a retificação da economia do desenvolvimento, de modo que se assemelhe à Medicina moderna. Em lugar do conhecido receituário de austeridade e ajustes fiscais e orçamentários, são recomendados outros procedimentos para os países miseráveis em crise: os da “economia clínica”. Quando se refere à adoção da economia clínica, Sachs tem em mente a substituição das políticas neoliberais postas em práticas pelos organismos internacionais da “Era do Ajuste Estrutural”, período da virada conservadora de Ronald Reagan, nos Estados Unidos, e de Margareth Thatcher, na Grã-Bretanha. No lugar das avaliações generalizantes, que vêem sempre má governança, gastos públicos em demasia e excesso de propriedade estatal, propõe o “diagnóstico diferencial seguido de um tratamento apropriado”. Entre as categorias essenciais do diagnóstico diferencial, está a determinação das dimensões reais da miséria, o mapeamento dos principais fatores de risco que podem exacerbar a pobreza, o levantamento dos custos dos negócios em regiões afetadas pela falta de infra-estrutura, por barreiras comerciais e pela carência de investimentos em capital humano, os estudos sobre a estrutura fiscal e orçamentária, a investigação da interface da sociedade com o ambiente físico, a avaliação dos padrões de governança e das possíveis barreiras culturais ao desenvolvimento econômico e, também, a análise da geopolítica das relações econômicas e de segurança com o resto do mundo.

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O diagnóstico diferencial é apenas o ponto de partida, pois o aspecto central é a ajuda externa, uma rede global de cooperação coordenada pelos países ricos, que possibilite aos miseráveis colocar “um pé na escada do desenvolvimento”. As nações mais pobres precisam, basicamente, de cinco modalidades de capital: capital humano (saúde, nutrição e treinamento), capital empresarial (máquinas, instalações, transporte) e infra-estrutura (estradas, energia, água, saneamento), capital natural (terras cultiváveis, solos saudáveis), capital público institucional (leis comerciais, sistemas judiciais, serviços públicos) e capital de conhecimento (know-how cientifico e tecnológico). Para que isso se viabilize, o diagnóstico diferencial precisa, necessariamente, estar acompanhado por planos de investimento financeiro, de doadores e de gestão pública, do cancelamento das dívidas externas dos miseráveis e do indispensável esforço interno de combate à corrupção e melhoria da governança nacional. Quanto custaria aos países ricos ajudar a periferia a romper o círculo vicioso da pobreza? Segundo os cálculos de Jeffrey Sachs, nada além dos limites já empenhados pelo centro desenvolvido: 0,7% do produto nacional bruto do mundo de alta renda, meros US$ 0,07 de cada US$ 10 de renda, ou seja, menos de 1% da renda dos muito ricos. Jeffrey Sachs (2005, p. 29) tem uma resposta: Embora os manuais de introdução à economia preguem o individualismo e os mercados descentralizados, nossa segurança e prosperidade dependem pelo menos igualmente das decisões coletivas de lutar contra a doença, promover

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a boa ciência e difusão da educação, proporcionar a infraestrutura crítica e agir em uníssono para ajudar os mais miseráveis. Ficam alertados os desavisados defensores da exclusividade do mercado como fator de sociabilidade humana de que há riscos pelo abandono dos que perderam a corrida pela acumulação para aqueles que, na repartição da riqueza, ficaram com a abundância e com o desperdício. (Crítica do resenhista) A publicação não oferece dificuldades de compreensão para o leitor não especializado em economia. Apresenta linguagem simples e direta, em estilo jornalístico, o que permite que se avance na leitura sem dificuldade. Acompanha um índice remissivo, que facilita a consulta localizada de dados e informações.

Como podemos perceber, fazer uma resenha é um trabalho que exige certa dedicação de seu autor. Na vida acadêmica, a realização desse tipo de trabalho é de grande importância para impulsionar nosso desenvolvimento científico e crítico. Veja, a seguir, algumas observações que devem ser consideradas na redação de uma resenha.

Cuidados que devem ser tomados na hora de resumir um texto: a) nunca use a primeira ou segunda pessoa para redigir uma resenha. Sua opinião não deve atingir diretamente o leitor;

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b) organiza suas idéias e as escreva de forma que a pessoa que esteja lendo tenha uma visão geral da obra; c) leia obras anteriores do autor, se possível, ou pelo menos pesquise na Internet; d) não se preocupe com a quantidade, mas sim com a qualidade que irá apresentar. Não se esqueça de que, na resenha crítica, o autor deve ter: a) capacidade de juízo crítico para distinguir claramente o essencial do supérfluo; b) independência de juízo ― o que importa não é saber se as conclusões do autor coincidem com as nossas opiniões, mas se foram deduzidas corretamente; c) fidelidade ao pensamento do autor, não falsificando suas opiniões, mas assimilando com exatidão suas idéias, para examinar cuidadosamente e com acerto sua posição.

Estudo de caso (o método do caso) O estudo de caso, também conhecido como o método do caso, é um recurso pedagógico utilizado por alguns professores com o objetivo de expor sucintamente um “acontecimento” significativo, vivenciado por esse profissional, ou mesmo por outro que o redige, em forma de um “caso”, esperando que, dado o significado das informações coletadas e colocadas para estudo e discussão, possa se tornar um meio eficaz de transmissão de saberes, constituindo-se em uma excelente estratégia de ensino para determinados assuntos.

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Para aplicar essa metodologia, o professor responsável pela sua aplicação poderá utilizar estudos de caso preparados por ele ou por terceiros. Ela é aplicada especialmente em determinadas disciplinas dos cursos de ciências sociais. Os professores dos Cursos de Administração de Empresas, por exemplo, costumam utilizar, com alguma regularidade, esse tipo de metodologia. Outros cursos na área de saúde também costumam utilizar “casos”, pedagogicamente. Só que, nessas situações, os métodos de resolução são diferentes daqueles usados nas ciências sociais, já que demandam de soluções multidisciplinares. A apresentação dos resultados do estudo de caso, após sua resolução pelos alunos, pode ser de várias formas, ou seja, pode consistir em descrição, narração, dramatização, seqüência fotográfica, artigo jornalístico, entre outras. O importante é que, por meio dessas linguagens, possamos trazer um pouco da realidade à atividade proposta.

Como se resolve um estudo de caso Após o professor distribuir e discutir o caso com seus alunos, é preciso identificar quais são os objetivos que se pretendem alcançar com a resolução desse exercício. Neste caso, precisamos identificar se o objetivo do caso é analisar uma situação específica, resolver um problema levantado ou, simplesmente, oferecer uma ilustração de um acontecimento importante vivenciado pelo estudo de caso em pauta, em uma dada situação profissional. Por outro lado, cada um desses objetivos do estudo de caso vai implicar objetivos de aprendizagem diferenciados que vão incentivar a capacidade analítica do aluno, exercitando-o a tomar decisões em frente aos problemas materiais e humanos, fazendo uso na busca de soluções que viabilizem as perguntas solicitadas por esse tipo de exercício.

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Após o entendimento desta primeira etapa, o responsável pela condução do caso estipula se vai ser discutido e resolvido em grupos ou individualmente, quais as fontes de consulta às quais podem recorrer, como vai ser sua apresentação, como deve ser redigido e a data de sua exposição final.

Exemplo de Estudo de Caso O processo de comunicação interno e externo das organizações sempre é causador de vários problemas e a empresa X também enfrenta esse problema. Você foi contratado como gerente de Marketing daquela empresa há três meses. Em função das perdas de clientes externos e considerando a importância do saber ouvir/dialogar, o que pretende fazer para melhorar a comunicação interna no seu local de trabalho? Veja, a seguir, algumas observações que devem ser consideradas quando nos propormos a redigir um estudo de caso. Cuidados que devem ser tomados na hora de resolver um estudo de caso: a) definir os objetivos do estudo de caso; b) colocar-se no papel do protagonista, caso o problema levantado no enredo exija que ele tome algum tipo de decisão. Não se esqueça de que: a) no estudo de um caso, o professor poderá ou não levantar questões por escrito; b) o aluno tem maior espaço para apresentar soluções mais criativas.

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Relatório O relatório é uma das modalidades de trabalho escrito dos mais solicitados não só durante nossa vida universitária, como também em nossas atividades profissionais. O seu próprio nome já induz à idéia de relatar, descrever ocorrências e fatos durante um determinado trabalho. Pode assumir uma característica formal ou informal, variando de acordo com o assunto abordado e o destinatário. Nosso interesse é a discussão dos relatórios acadêmicos destinados à apreciação do professor. Esse tipo de documento pode ser solicitado em várias oportunidades dentro de uma escola de ensino superior. Por exemplo, o professor do primeiro período pede aos seus alunos que relatem o que observaram durante uma visita técnica a um local de interesse de sua disciplina. Por outro lado, durante e também ao final de um estágio, o aluno deverá apresentar ao seu supervisor um relatório do que viu, observou e aprendeu nesse período. Finalmente, ao aluno é solicitado apresentar um trabalho monográfico, o TCC, por exemplo, em forma de um relatório. Em linhas gerais, essas são as principais modalidades de relatórios exigidos dentro de uma universidade: relatórios de visitas, de estágios e monográficos. Estes últimos também conhecidos como técnico-científicos. Os relatórios de visita e de estágio são relatos de fatos e observações feitos durante essas atividades, ao longo do curso de graduação. Neste caso, o professor ou o supervisor do estágio solicita aos alunos que descrevam os resultados das atividades, conforme instruções e orientações antecedentes ao evento. Geralmente, esse tipo de relatório utiliza uma linguagem descritiva. Eventualmente, dependendo das solicitações feitas pelo professor, a redação do relatório poderá requerer uma formatação dissertativa. Por exemplo: solicita-se ao aluno, após visitar a linha de produção da empresa X, que redija um relatório, opinando sobre a organização geral de um dos setores produtivos visitados. Lembre-se de que sua opinião parte de uma afirmação feita por

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você. Sua afirmação, para ter validade, precisa, antes de tudo, servirse de argumentos convincentes e oferecer fontes de comprovações do assunto que você esteja abordando. Lembre-se de que dar opinião não significa “chutar” alguma coisa, sem maiores conseqüências. Por outro lado, os relatórios técnico-científicos, pela natureza dos assuntos tratados, sempre são redigidos dentro de uma linguagem dissertativa, pois, tratando-se de textos de opinião, é necessário que se faça uma apreciação, positiva ou negativa, do sujeito ou do objeto que observamos, expressando um juízo pessoal, um valor, um modo de ver determinado fato ou situação ocasional. Enfim, é o jeito como julgamos certos aspectos de uma realidade que estamos analisando.

Formatação dos principais relatórios acadêmicos

RELATÓRIO, segundo o Aurélio:

Apesar de algumas semelhanças, os relatórios utilizados na vida universitária seguem uma formatação mais ou menos padronizada, dependendo do fim a que se destina. Para facilitar esse entendimento, vamos ver, separadamente, as partes principais dos relatórios técnicocientíficos, de visita e de estágio.

Narração ou descrição verbal ou escrita, ordenada e mais ou menos minuciosa, daquilo que se viu, ouviu ou observou

Relatório acadêmico-científico É relativamente comum ouvirmos queixas de alguns universitários quanto às exigências formais solicitadas na apresentação dos relatórios para apreciação dos professores, inclusive no caso daqueles relatos considerados mais simples ou mesmo parciais. Coisas como “Puxa professor, precisa fazer capa para este trabalhinho?”; “Nossa, mas que coisa chata”, etc. Por outro lado, você já imaginou a grande dificuldade que traria à

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vida universitária, em geral, caso cada aluno ou professor-pesquisador apresentasse os resultados de seus trabalhos e estudos de formas completamente diferentes? Certamente, seria um caos! Já imaginou: um redator colocaria o título do trabalho no final do relatório, enquanto outro, por questões de gosto, optaria por colocar no meio do trabalho e assim por diante. Além disso, um outro redator poderia escolher a seguinte ordem de apresentação: anexos, bibliografia, conclusão, desenvolvimento e introdução. Imagine as dificuldades para os leitores e pesquisadores localizarem as informações que estão buscando. Assim, como qualquer outra instituição, razoavelmente organizada, a universidade estipula algumas regras para suas comunicações internas e externas, lançando mão desse expediente para melhor dispor e organizar sua produção acadêmica, de modo geral, representada por artigos, teses, dissertações, monografias, entre outros. Feitas essas ressalvas, passaremos a falar sobre algumas normas e princípios que regem a formatação de um relatório técnico-científico produzido dentro de uma universidade.

Estrutura de um relatório técinico-científico Os elementos componentes deste tipo de relatório são estruturados em três categorias: pré-textuais, textuais e pós-textuais. Elementos Pré-Textuais: encarregados, principalmente, de informar e facilitar ao leitor, para que ele saiba qual é o título do trabalho, como foram organizadas suas partes e quem é o seu destinatário, além de exibir o resumo do estudo. São representados pela: capa, folha de rosto, sumário e resumo, considerados obrigatórios. A estes podem ser juntados os elementos optativos

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ou circunstanciais: folhas de agradecimentos, dedicatória, aprovação, lista de figuras, imagens, etc. Elementos textuais: são os mais importantes dentro de um relatório. São representados pela introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, você anuncia o assunto que pretende desenvolver. Declara, também, o problema ou a questão norteadora do trabalho, seus objetivos, a importância do trabalho, como ele vai ser organizado. O desenvolvimento faz o papel de uma “ponte” que liga a introdução às conclusões do estudo realizado. Geralmente, o desenvolvimento começa por uma revisão bibliográfica ou referencial teórico, metodologia e análise dos resultados. Finalmente, a conclusão é uma síntese final que deve mostrar “o casamento” do objetivo proposto pelo trabalho com os resultados alcançados, dando um fecho final ao assunto discutido. Elementos pós-textuais: são aqueles que vêm na parte final do trabalho. Seus componentes são as referências, anexos e apêndices. Anexos são documentos de autoria de terceiros e servem para esclarecer, com maiores detalhes, alguns tópicos que exijam explicações mais pormenorizadas pelo autor do texto. Apêndices são informações produzidas pelo autor do trabalho e servem para ilustrar ou complementar informações veiculadas no desenvolvimento.

Para saber mais... VILLAS BÔAS FILHO, Mauro Arruda; PINTO, Sérgio Rocha. Facilitando o uso das normas da ABNT nos trabalhos acadêmicos na era da informática. Vitória (ES): Oficina de Letras, 2003.

Para finalizar este assunto, vale ressaltar que existem várias normas técnicas que regulam a redação de relatórios acadêmicos, procurando facilitar a comunicação entre os pesquisadores. São desenvolvidas e divulgadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, daí conhecidas como “Normas da ABNT”. Elas englobam desde a formatação gráfica das páginas do trabalho, passando pela divisão dos elementos

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que o compõem, incluindo citação e referências dos autores e obras utilizadas. No APÊNDICE A estão algumas informações das principais normas técnicas utilizadas neste caso. Lembre-se de que as normas técnicas, assim como muitos outros assuntos, não foram feitas para serem decoradas. Precisamos aprender a consultá-las, seja nos manuais disponíveis nas bibliotecas escolares, seja naqueles de nossa propriedade. Pelo seu uso constante, no cotidiano escolar, recomenda-se que todo aluno tenha sempre em seu poder um desses textos. É um investimento pequeno e que traz um retorno garantido para o aprendizado acadêmico.

Relatório de estágio Estrutura do relatório de estágio: Pré-texto: capa, folha de rosto, nome do participante, apresentação, sumário e listas (se necessário). Texto: introdução, desenvolvimento, resultados e conclusão. Pós-texto: referências, apêndices (se necessário) e folha de guarda (folha em branco).

Relatório de visita técnica O relatório de visita técnica deve conter: a) capa e folha de rosto; b) texto – introdução, desenvolvimento e conclusões. c) referências

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Redigindo um relatório: exemplos ilustrativos Apesar de algumas providências básicas serem comuns a todos os tipos de relatórios acadêmicos, como planejamento do trabalho, definição do tema ou assunto, levantamento de dados, entre outras, sabemos que, por outro lado, os relatórios de visitas e de estágio apresentam complexidade menor, no seu planejamento, elaboração e apresentação final, se comparado com o relatório acadêmico-científico. Este último vai requerer um número maior de detalhes e mesmo outros conhecimentos específicos sobre técnicas e metodologia de pesquisa. Para facilitar o entendimento dos nossos leitores, vamos mostrar, separadamente, alguns exemplos de redação referentes a cada um desses relatórios. Começaremos pelo relatório de visitas, estágio e acadêmico-científico. Iniciaremos do mais simples para os mais complexos.

Relatório de visita Suponhamos que você, junto com a sua turma, visitou uma empresa produtora de macarrão e, com as informações obtidas antes de realizar a visita, como o assunto da visita e o objetivo do trabalho, vocês deverão redigir um relatório comentando seus resultados. Com esses dados em mão, além daqueles que anotaram durante a realização desse evento, devem planejar a redação e execução do relatório. A seguir, apresentamos uma das formas que vocês poderão utilizar. O relatório de visitas técnicas deve conter: Depois da capa e da folha de rosto, na parte introdutória: a) data, estabelecimento e as partes (departamentos, se-

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ções, etc.) visitadas, acompanhado de um breve histórico da empresa. Esses itens respondem à questão o que vamos tratar na visita (o assunto); b) objetivo da visita. Aqui damos conta do porquê estamos fazendo tal visita e qual sua importância para nossa formação profissional; c) como foi desenvolvido esse relato. Exemplo: Capa (APÊNDICE B) Folha de rosto (APÊNDICE C)

Introdução No dia dois de junho de 2006, visitamos a área de produção da Indústria de Massas Alimentícias Santa Rosa, considerada uma das maiores fabricantes de massas do Estado. A Santa Rosa foi fundada em 1990, pelos irmãos José e Antônio Silva. Seu principal produto é o macarrão. Atualmente, conta com duzentos funcionários. A matriz localiza-se em Vila Velha. Tem escritórios de representação em Cachoeiro do Itapemirim, Colatina e Campos (RJ). Neste momento, a empresa está passando por um processo de automação do seu parque fabril com a introdução de vários equipamentos na sua linha de produção. Seu faturamento anual é da ordem de sessenta milhões de reais (aqui respondemos à questão: o que estamos visitando, situando o objeto de nosso trabalho). A visita foi proposta pelo professor da disciplina de Processos Produtivos e tem como objetivo levantar informações sobre au-

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tomação de processos industriais em diversas organizações para melhor compreensão do assunto. Para cumprir esse objetivo, fizemos uma visita de observação à linha de produção da empresa para poder entender o seu processo produtivo (estamos indicando o objetivo da visita). Após essa fase introdutória, falaremos sobre os departamentos e linhas de produção observadas em nossa visita, seguindo com nossas conclusões sobre os resultados alcançados no evento (estamos explicitando como nossas idéias foram desenvolvidas no relatório). No seu desenvolvimento - indicamos o que observamos e analisamos o que conseguimos aprender e entender durante a nossa visita.

Fomos recepcionados pelo engenheiro Antônio Silva, coordenador da produção das Massas Santa Rosa. Inicialmente, ele nos fez uma preleção sobre alguns aspectos gerais da empresa e, principalmente, o seu processo produtivo atual, quase todo automatizado, comparando-o com o processo semi-automatizado de um passado recente. Além de nos ter mostrado uma maquete da área de fabricação, utilizou um vídeo interno, para que pudéssemos entender melhor o processo de fabricação. Essa apresentação nos deu oportunidade de não só conhecer melhor alguns aspectos da automação do processo produtivo, como também compreender as vantagens sobre o sistema anterior, semi-automatizado. A exposição inicial nos indicou que a automação do processo produtivo teve, além dos aspectos técnicos da produção, mui-

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to a ver com a estratégia de crescimento e de permanência da empresa no mercado, dado que seus concorrentes, ao trilharem pelo mesmo caminho, estavam conseguindo ampliar e ocupar parte do mercado da Santa. Rosa. Quanto aos aspectos técnicos do processo, o coordenador nos falou sobre as modificações que foram feitas no arranjo-físico da fábrica para se adaptar à automação da linha, assim como a implantação de uma sala de comando centralizada, operadora dos softwares que comandam os novos equipamentos automatizados. Outro ponto importante levantado neste primeiro contato, que merece destaque, é o trabalho desenvolvido pelo assistente do coordenador de produção, engenheiro Paulo, na área de controle estatístico do processo. Utilizando-se de ferramental estatístico apropriado, ele nos mostrou como conseguiu ter um aumento de produtividade de aproximadamente 5% no macarrão talharim. Esse fato nos alertou para a importância do conhecimento de estatística que o profissional que for trabalhar nessa na área de processos industriais deverá ter. Após essas explicações, deu-se início à visita á área de fabricação industrial. O primeiro departamento a ser visitado foi a Central de Controle do Processo Produtivo. Tivemos oportunidade de conhecer e observar como são operados alguns dos softwares utilizados para controlar todas as fases da produção. Em conversa com os encarregados, eles nos explicaram os cuidados que devem ser tomados quando são identificadas falhas no processo. Essa Central de Controle tem sob sua responsabilidade todo o gerenciamento do setor produtivo. Com a automação do processo, o local passou a ser considerado o cérebro de todo o setor produtivo. A seguir, fomos visitar o depósito de matéria-prima. Pudemos observar os cuidados na recepção e saídas das matérias-primas

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utilizadas no processo de fabricação. Existem normas rígidas de qualidade a serem observadas no trato com esses materiais. Caso alguma matéria-prima seja recusada, emite-se um relatório detalhado para o fornecedor e pede-se providência para que a falha seja sanada. O responsável pelo setor nos explicou que essa análise garante não só a padronização do produto como também evita que uma matéria-prima com algum problema continue a ser processada até o final da linha de produção. Já aconteceu esse fato no passado, quando o controle inexistia. O gerente de produção nos explicou que essa medida e também outras, envolvendo qualidade e outros tipos de controle, foram aceleradas com a implantação da automação da linha de produção. Na sua conclusão - você deve expor o raciocínio que dê suporte às conclusões tiradas ao final da visita. Após realizarmos este balanço da visita, com o objetivo de melhor entender o planejamento e funcionamento de um processo de fabricação automatizado, observando as instalações de uma unidade industrial, podemos concluir que o aprendizado foi extremamente valioso, deixando-nos algumas lições, como: a importância do planejamento do arranjo-físico, a sintonia entre o departamento de qualidade e a linha de produção e, principalmente, um sistema de software adequado para esse tipo de produção, além de controles eficientes. Propomos que a próxima visita seja realizada em uma fábrica que utilize um sistema de fabricação artesanal — aquele em que o produto é feito um a um — para podermos observar como esse sistema funciona no seu dia-a-dia, bem como compará-lo com os demais sistemas de produção aprendidos em sala de aula.

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Referências Caso você faça a citação de um ou mais autores no corpo do relatório, deve referenciá-lo(s) neste momento.

Relatório de Estágio O relatório de estágio deve conter: a) descrição geral do local de estágio (histórico, descrição física, entre outros elementos); b) descrição das atividades desenvolvidas (informando o total de horas em cada atividade, detalhando cada fase do estágio); c) conclusão que deve incluir referência ao aproveitamento do estágio. Durante o período em que o aluno participar de algum tipo de estágio, em uma organização qualquer, ele deverá redigir relatórios, periodicamente, ao seu supervisor de estágio, prestando contas do que realizou e aprendeu durante aquele tempo, naquele local. Na fase de planejamento do estágio, prevê-se local, duração, área de interesse do estagiário, além das atividades principais que ele irá realizar e como apresentará o trabalho final. Em algumas oportunidades, deverá não somente redigir um relatório para o professor-supervisor, como também para a empresa onde realizou o estágio. Vamos ver como ficaria um relatório de estágio final de um estudante de Administração, Contabilidade ou mesmo de um Curso de Engenharia de Produção, que estivesse estagiando no Departamento Financeiro de uma organização qualquer, com o objetivo de entender qual o método de análise econômico-financeiro para decidir a favor, ou não, da liberação de verbas para o lançamento de um novo produto.

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A partir dessas observações e com suas anotações colhidas durante o período do estágio, nosso estagiário, após planejar e organizar as informações, poderá produzir um relatório do seguinte teor, contendo: Na sua parte introdutória: a) descrição geral do local de estágio (histórico, descrição física, período, entre outros elementos) ; b) objetivo do estágio; c) desenvolvimento do estágio Exemplo: Capa (APÊNDICE B) Folha de rosto (APÊNDICE C) Sumário (APÊNDICE D) Introdução O objetivo deste relatório é apresentar os resultados do estágio realizado na Empresa de Brindes Malacaia, durante o período de 15 de janeiro a 30 de março de 2007. Ele foi elaborado com dados do Departamento Financeiro, com a intenção de compreender a metodologia e outros procedimentos utilizados nas análises econômicas e financeiras procedidas nesse departamento, para fornecer as informações necessárias aos dirigentes da empresa, quanto à decisão de investir, ou não, em novos produtos sugeridos pela área de vendas da empresa (assunto e objetivo de nosso interesse). Tratando-se de uma organização empresarial que adota, como uma importante estratégia de negócios, a diversificação do que produz e vende, a prática de lançar novos produtos se faz com uma presença constante no seu dia-a-dia.

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Em frente a essas considerações, a adoção de uma metodologia eficaz para poder decidir, a favor ou contra, a liberação de verbas, é de grande importância para os dirigentes da Malacaia (justificativa da importância do assunto tratado no estágio). O estágio foi dividido em duas partes: na primeira, a preocupação foi conhecer as informações e os dados levantados pelas pesquisas de mercado, indicativos da justificativa de um novo lançamento; na segunda parte, objeto principal deste relatório, tomamos conhecimento de como o analista financeiro procede para calcular a viabilidade econômica e financeira do novo produto, informação fundamental na tomada de decisões dos diretores para liberar ou vetar os investimentos inerentes. Neste relato, procuramos mostrar, em primeiro lugar, um breve histórico da empresa, do mercado em que atua, bem como outras características peculiares. Numa segunda parte, falaremos sobre a metodologia utilizada, coleta de dados e informações de que o Departamento Financeiro lança mão para fazer suas análises de viabilidade, para aprovar ou não o lançamento de um novo produto no mercado (com este parágrafo completamos a nossa parte introdutória, apresentando como vamos desenvolver nosso relatório).

No seu desenvolvimento Relato do que observamos e analisamos durante o estágio. Procure dividir por partes, para facilitar o entendimento e incluir as atividades desenvolvidas durante sua permanência no local de estágio, assim como o total de horas em cada uma das principais atividades ou períodos de estágio.

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Breve histórico da Malacaia A Malacaia Brindes atua no mercado de brindes desde a sua fundação em 2000. Seus diretores e atuais proprietários, sr. Antonio Silva e Sr. Geraldo Almeida, têm uma longa experiência nesse ramo. A empresa atua em toda a Região Sudeste, com representantes em todas as Capitais desses Estados. Conta, atualmente, com 400 funcionários. Seu mercado é sazonal. A empresa possui três diretorias, de Produção, Comercial e Administrativo-Financeira (o histórico nos mostra a origem da empresa, seu passado e seu presente). Local do estágio – Departamento Financeiro O Departamento Financeiro é comandado pelo Sr. Flávio da Costa, subordinado ao diretor administrativo-financeiro. As atividades que envolvem Contabilidade, Análise de Investimentos, Contas a Pagar e a Receber ficam sob sua responsabilidade. Atualmente trabalham dez pessoas sob sua orientação. A área de Análise de Investimento, local do nosso estágio, conta com um analista responsável que, após receber as informações econômicas financeiras necessárias para fazer os cálculos pertinentes, encaminha-os aos dirigentes da área financeira e comercial, que, em forma de colegiado, tomam as decisões a respeito dos novos lançamentos de produtos. A importância da análise de viabilidade econômica (objeto de nosso estágio) Um dos principais motivos do atual sucesso empresarial da Malacaia foi a sua estratégia em lançar novos modelos de brindes com certa regularidade. Tal estratégia só é possível, se as decisões forem ágeis e eficazes, pois trata-se de um mercado ávido por

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novidades, especialmente com a invasão de produtos importados nesse setor. Por outro lado, tomar decisões, sem dados e informações adequadas, pode levar a empresa a aumentar, consideravelmente, seus riscos. Diante dessa situação, e depois de algumas experiências desastrosas, no passado, a Malacaia, adotou a política de só lançar um novo produto mediante pesquisas de mercado e análise da viabilidade econômica desse lançamento, visto que essa decisão envolve investimentos consideráveis, principalmente, em ferramental apropriado, mudanças de processo e folhetos publicitários. O trabalho desenvolvido durante o estágio Dividimos o trabalho realizado em duas fases: a primeira para conhecer e entender como o responsável pelo lançamento dos novos produtos recolhe as informações de campo para poder dar início ao processo decisório de lançar ou não um novo produto; a segunda fase foi o acompanhamento e participação, juntamente com o analista responsável, dos cálculos necessários para que os diretores, comercial e financeiro, pudessem tomar a decisão final quanto a esse lançamento. Breve descrição das atividades executadas pela área de lançamento de novos produtos (1a fase do estágio) De modo geral, o responsável pelo lançamento de novos produtos recebe sugestões dos vendedores ou de clientes interessados em negociá-los. A partir daí, encomenda uma pesquisa de mercado a uma empresa de consultoria especializada no assunto, que projeta o nível de aceitação do produto pelos seus consumidores.

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O próximo passo compreende uma análise do potencial do mercado para poder projetar as vendas do produto em questão. Com esses resultados em mão, o responsável pelo Setor de Engenharia de Produção da Malacaia faz uma previsão do custo de fabricação do novo produto e do ferramental necessário para sua execução. A seguir, sob a responsabilidade do gerente de vendas da empresa, é feito um levantamento dos custos comerciais envolvidos nesse processo. Todas essas informações coletadas são enviadas ao analista encarregado de proceder à análise de viabilidade econômica para o lançamento do novo produto. Após, concluílas, ele as submete ao diretor comercial e administrativo e ao financeiro para a decisão final. No APÊNDICE A, podemos visualizar melhor este fluxo de informações . Análise dos dados e informações: principais procedimentos (2a fase) Procuraremos mostrar, a seguir, as principais atividades envolvidas nas decisões de lançar ou não um novo produto, principal objeto de nosso estágio. Para melhor entendimento do que aprendemos nesta ocasião, vamos ilustrar nosso trabalho, tomando como exemplo os cálculos e análises envolvidos num caso real, a partir do lançamento do Porta Lápis Convexo, um dos mais novos lançamentos da empresa. Por tratar-se de informações confidenciais e estratégicas da Malacaia, os dados, quantitativos e qualitativos, foram omitidos. Todos os dados fornecidos pelos departamentos envolvidos são conferidos e aprovados pelos respectivos gerentes dos setores envolvidos e enviados ao analista financeiro, responsável pelos

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cálculos econômicos e financeiros envolvidos na decisão final de lançar ou não o novo produto. Para melhor compreender como é esse procedimento, no APÊNDICE B, podemos encontrar todos os cálculos necessários para determinar qual é a taxa de retorno prevista sobre o capital investido, caso seja lançado o Porta Lápis Convexo. Neste caso ilustrativo, a taxa de retorno calculada foi de apenas 0,5%. Diante desse cálculo e ponderando outras circunstâncias mercadológicas, os diretores encarregados pela decisão final concluíram pelo não lançamento do novo produto. Essa decisão é apoiada por vários outros indicadores, como tendências do mercado e produtos similares da concorrência. Procuramos, durante a realização deste trabalho, fazer uma comparação entre o que vimos na Malacaia Brindes e as teorias analisadas em sala de aula nas várias disciplinas que trabalham com os assuntos que tenham correspondência como o objeto de nosso estágio. Para isso, consultamos, além das notas de aulas, alguns dos autores nas áreas de finanças e marketing. Em Cobra (1998), encontramos muitas explicações que justificam a preocupação da empresa em renovar, constantemente, sua linha de produtos, pois aquele autor nos mostra que esse tipo de empresa, caso queira se manter lucrativamente no mercado, deve adotar uma política agressiva de renovação de sua linha, pois a concorrência é muito acirrada e o mercado consumidor está sempre a exigir produtos diferenciados. Por outro lado, Martins (2001) mostra-nos que os cálculos de retorno dos investimentos feitos para o lançamento de um novo produto, no caso de produtos de consumo de curta duração, como os brindes produzidos pela empresa, devem ser recuperados, no máximo, em dois anos ou menos, pois são produtos que, facilmente, podem ser substituídos por outros da concorrência (tratando-se de um exemplo ilustrativo, procuramos relatar, de forma bem concisa, as

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explicações referentes aos cálculos, assim como a utilização e discussão teórica. Numa situação real, esses conteúdos podem ser mais explorados. Pelo mesmo motivo, não estamos descriminando os conteúdos dos apêndices mencionados no texto). Resumo das horas envolvidas neste estágio: 1a fase – 50 horas 2a fase – 150 horas Na sua conclusão - você deve expor o raciocínio que dê suporte ao objetivo principal proposto pelo seu relatório de estágio. Não se esqueça de incluir referências ao aproveitamento do estágio. Com a apresentação deste relatório, alcançamos o objetivo proposto, de acordo com o que anunciamos na introdução deste trabalho, ou seja, apresentar os resultados de nosso estágio na Malacaia, mostrando como o executamos, desde a coleta de informações necessárias para alimentar os cálculos e análises inerentes à fabricação de um novo produto até como os cálculos são procedidos e enviados aos dirigentes para que possam tomar as decisões de aprovar ou não o lançamento. Além disso, conseguimos fazer uma confrontação entre a prática vista nessa organização, as teorias e outros ensinamentos vistos em sala de aula. Finalizando, queremos agradecer a atenção que nos foi dispensada pelos funcionários e dirigentes da Malacaia Brindes, especialmente o Sr. Antonio Silva, gerente-financeiro, e o Sr. José Costa, analista de investimentos, pela boa vontade e dedicação na transmissão das diversas informações e outras explicações necessárias para que tivéssemos tal êxito neste estágio.

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Referências COBRA, Marcos. Administração de marketing. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1992. MARTINS, Elizeu. Contabilidade de custos. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2003.

Folha de guarda É a última folha colocada ao final de um relatório. Deve ser em branco.

Relatório acadêmico-científico Esta modalidade de relatório é uma das mais requisitadas pelo público universitário, quando da realização de seus trabalhos escolares. Sua formatação e elaboração obedecem a uma linha de raciocínio que preenche requisitos que devem ser observados na produção de um trabalho acadêmico-científico. Para que isso seja possível, da mesma forma que existe uma gramática que orienta e regulamenta nossa escrita, existe uma outra, que nos orienta na elaboração e redação de um trabalho dessa natureza, conhecida como metodologia do trabalho científico. Assim, ao fazermos um trabalho escolar desse tipo, precisamos ter alguma familiaridade com a “gramática metodológica científica”. Essa observação é importante para um grande número de alunos que, ao elaborar o Trabalho de Conclusão de Curso, o “famoso TCC”, acredita poder ignorá-la. Certamente terão problemas. Por isso, antes de iniciar seu TCC ou qualquer outro trabalho dessa natureza, é importante compreender alguns desses pontos. Esse tipo de relatório, geralmente, é redigido em forma de monografia. Uma monografia é um trabalho em que você, a partir de um assunto

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ou tema, deverá propor um problema, que pode ser transformado ou não em uma pergunta, imaginar a melhor resposta e tentar convencer seus leitores de sua escolha, utilizando-se de uma argumentação bem fundamentada. Vamos ver um exemplo.

Tema/assunto, pergunta, hipótese, objetivo e justificativa Suponhamos que você tenha escolhido o tema: A cultura da leitura pelos universitários brasileiros. A primeira providência é delimitar esse tema em uma pergunta. Lembre-se de que um tema passa a ser interessante para a pesquisa após sermos capazes de “agregar” a ele uma pergunta. No caso do exemplo supracitado, várias perguntas poderiam ser feitas. Vamos ver algumas: a) Qual é a melhor forma de incentivar a leitura dos atuais universitários brasileiros? Estimulando-os a visitarem as bibliotecas ou consultando a internet? b) Deve haver participação dos alunos durante a fase de seleção prévia dos materiais de leitura indicados pelo professor? c) A cultura de leitura dos universitários brasileiros é apropriada para uma aprendizagem eficaz? d) O universitário do curso noturno deve receber tratamento diferenciado na quantidade de leitura exigida pelos professores? e) O que fazer para melhorar o gosto pela leitura dos universitários? Uma vez selecionada a pergunta, o tema já foi delimitado. O passo seguinte é procurar respostas possíveis para ela. Essas respostas recebem o nome de hipóteses. Ela representa o ponto de vista com o qual

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concordamos, por algum motivo plausível, e que vamos defender ao longo do trabalho monográfico. Algumas perguntas permitem um número praticamente ilimitado de hipóteses. A pergunta da letra e, por exemplo, possibilita inúmeras hipóteses, tais como: a) mudar a diagramação e cor de impressão dos livros didáticos; b) aumentar o número de livros à disposição dos alunos; c) introduzir concursos de leitura nos cursos universitários. Imagine se a pergunta em questão fosse: qual é a seleção musical ideal para animar o carnaval brasileiro? É óbvio que teríamos milhares de hipóteses. Algumas perguntas, entretanto, permitem apenas duas hipóteses, uma positiva, outra negativa. É o caso da pergunta referente à letra d: O universitário do curso noturno deve receber tratamento diferenciado na quantidade de leitura exigida pelos professores? As hipóteses podem ser: a) Sim, deve haver tratamento diferenciado para o universitário noturno. b) Não, não deve haver tratamento especial para o universitário noturno. Um balanço dessas atividades listadas até aqui nos indica que já temos: o tema e sua delimitação, a pergunta e a hipótese que selecionamos para ser a resposta “provisória” do estudo. Afinal, é uma hipótese que, dependendo dos resultados da pesquisa, poderá ser transformada em uma tese. Para completar as primeiras observações deste trabalho, a metodologia de pesquisa orienta que se deve estabelecer o objetivo da monografia, ou seja, o que se quer e onde se quer chegar com o estudo. Além disso, todo trabalho acadêmico-científico deve ter sua importância justificada. Afinal, se o assunto não for relevante, não merece ser realizado!

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Tema + pergunta + hipótese + objetivo + justificativa = partes que devem ser redigidas e comentadas na INTRODUÇÃO do relatório

Planejando a pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica é outro assunto que merece bastante atenção na realização desse tipo de relatório. Algumas pessoas, por falta de uma orientação adequada, muitas vezes, lêem muitas coisas desnecessárias, quando poderiam direcionar suas energias para aquelas leituras essenciais. Lembre-se de que o importante não é ler muito e, sim, ler aquilo que for mais conveniente e adequado para o tipo de trabalho que está sendo feito. Voltando ao exemplo anterior. Supondo que o tema A cultura da leitura pelos universitários brasileiros tenha sido delimitado com a pergunta d: O universitário do curso noturno deve receber tratamento diferenciado na quantidade de leitura exigida pelos professores? Você já tem as duas hipóteses, sim e não. É somente a partir desse momento que você deverá programar suas leituras. Agora, já pode selecioná-las, pois sabe que tratará dos assuntos, leitura, curso universitário noturno, assim como suas implicações. Caso contrário, você não teria condições de direcioná-las corretamente. É fundamental saber a importância reservada para a consulta bibliográfica num trabalho científico. Ela tem a incumbência de prover material teórico, produzido por terceiros, ou mesmo pelo próprio autor, para alimentar, com argumentos apropriados, a defesa da hipótese levantada por um pesquisador. Nessa atividade, envolvendo, basicamente, a leitura de textos escritos, é fundamental atentar para as observações anteriores sobre leitura, resumo e resenha. Esses conhecimentos serão muito úteis nesta fase do trabalho. Facilitarão o trabalho, e muito!

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Planejando a metodologia de pesquisa a ser empregada no trabalho A metodologia de pesquisa propõe variados caminhos para seguir com o trabalho. Assim, se você fizer um estudo sobre a ação das gorduras (ácidos graxos) na fabricação de sabonete e, ao mesmo tempo, seu amigo realizar um trabalho sobre o comportamento do consumidor no momento da compra desse mesmo sabonete, apesar de ser o mesmo produto, você estará trabalhando com experimentos relativos à química, enquanto seu amigo estará às voltas com os estudos de comportamento do consumidor, ou seja, comportamento de pessoas. Com certeza, o método (o caminho) utilizado por ambos os pesquisadores não pode ser o mesmo, por se tratarem de objetos de natureza distinta. O primeiro passo a ser dado, durante o planejamento da metodologia, é definir o tipo de pesquisa que será realizada e, a seguir, determinar o seu universo e amostra. Vamos procurar entender um pouco mais desse assunto.

Metodologia Metodologia é o estudo dos métodos, especialmente os métodos utilizados nos trabalhos científicos. Esse estudo é fundamental para definir, em função da natureza do trabalho, quais são os métodos, ou seja, os caminhos que serão escolhidos pelo pesquisador, para identificar e analisar os dados e informações necessárias à defesa dos pontos de vista, ou seja, das hipóteses que ele levantou. Esses caminhos deverão fazer parte das informações que o autor deve transmitir ao leitor do trabalho realizado. Assim, deve deixar claro, de acordo com Vergara (2000) e Santos (1999):

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a) tipo de pesquisa; b) universo e amostra; c) coleta de dados d) tratamento dos dados.

a) Tipos de pesquisa – critérios básicos (fins e meios) 1. Quanto aos fins, a pesquisa pode ser: Exploratória - realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Descritiva - expõe características de determinada população ou determinado fenômeno. Explicativa - torna algo inteligível, justifica os motivos.

2. Quanto aos meios de investigação Bibliográfica - estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, entre outros dados secundários. São materiais acessíveis ao público em geral. Documental - realizada em documentos de qualquer natureza, ou com pessoas, anais e outros. Pesquisa de campo - investigação empírica realizada no local onde ocorre/ocorreu um fenômeno ou que dispõe de

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elementos para explicá-la. Oferece dados primários para serem coletados, tratados e analisados. Experimental - investigação empírica em que o pesquisador manipula as variáveis (controla variáveis independentes e observa as variações ocorridas nas variáveis dependentes). Estudo de Caso - é circunscrita a uma unidade-caso, ou seja, a uma ou poucas unidades, entendidas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, ou mesmo um país. Importante: Os tipos de pesquisa não são mutuamente excludentes. Uma pesquisa pode ser de diferentes tipos, por exemplo, ser ao mesmo tempo: estudo de caso, bibliográfica, documental e de campo.

b) Universo e amostra Universo - toda a população representativa de um determinado conjunto de elementos, tais como: empresas, produtos, pessoas, por exemplo, desde que possuam as características que serão objeto de estudo. Amostra - população amostral é uma parte do universo populacional, escolhida de acordo com critérios de representatividade. Tipos de amostra - probabilística: calculada de acordo com procedimentos estatísticos; não probabilística: não segue procedimentos estatísticos formalizados.

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c) Coleta de dados A coleta de dados começa pela observação, seleção e aplicação do instrumento de coleta selecionada. São variadas as técnicas de coleta de dados que podem ser utilizadas: observação, entrevista, levantamentos... Cada técnica prevê a aplicação de instrumentos variados, escolhidos de acordo com as peculiaridades de cada população ou público amostral (roteiro de observação, roteiro de entrevista, formulários, questionário, história de vida, análise documental). Por exemplo, de que adianta aplicar um questionário se o público amostral é analfabeto? Neste caso seria melhor utilizar um formulário em que o pesquisador vai perguntando e registrado os dados.

d) Tratamento dos dados Após a coleta dos dados, o pesquisador vai tratá-la sob a: Forma quantitativa - os dados são tratados, utilizando-se procedimentos estatísticos correspondentes. Forma qualitativa - os dados, representados por um atributo qualitativo (percepção, crença, etc.), são tratados dentro de uma lógica analítica selecionada pelo pesquisador.

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Análise dos resultados Sem dúvida, esta parte do trabalho científico é um dos seus pontos altos. É o momento em que todos estão esperando: “Qual é o resultado de tudo isto que foi estudado e pesquisado?” Essa é a grande pergunta que se ouve nessas ocasiões. Dos familiares, dos amigos, e finalmente, dos participantes das bancas examinadores. O pesquisador, nesta fase, deverá, com os dados e informações levantados nas pesquisas de campo, de acordo com a metodologia escolhida, analisar os resultados, cruzá-los e confrontá-los com as teorias utilizadas como referência. É o momento de exteriorizar, de forma geral e/ou específica, as divergências ou convergências entre os resultados alcançados a partir das teorias utilizadas, durante a elaboração do estudo. Caso seja necessário, para ampliar a compreensão dos leitores, o redator do texto deve utilizar tabelas, gráficos e outras ilustrações semelhantes.

Pesquisa Bibliográfica + Metodologia + Análise de Resultados= DESENVOLVIMENTO

Conclusões Nesta parte, a metodologia de pesquisa científica recomenda que o autor do trabalho faça uma síntese dos resultados que alcançou em seu estudo. Na redação, deve ficar claro se o objetivo principal do trabalho foi cumprido ao final de sua realização. Costuma-se, também, nesta parte, apontar eventuais propostas e sugestões que o autor julgue importantes e oportunas para a ocasião.

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Referências Ao longo do trabalho acadêmico-científico, fizemos leituras de vários autores. Caso utilizarmos algumas de suas ideais para reforçar nossos pontos de vista, ajudando-nos em nossa argumentação, devemos referenciá-los neste espaço, de acordo com as normas técnicas previstas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (APÊNDICE A). Citaremos, a seguir, os dois autores mencionados no item metodologia: SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 2.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2000.

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Fase elaboração da redação Após tomar conhecimento das partes que compõem um relatório acadêmico-científico, sob o ponto de vista de alguns princípios metodológicos que devem ser observados, leia atentamente o exemplo que se segue.

Observações importantes para a redação de um trabalho acadêmico científico Partes da redação textual – introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução propõe a idéia-núcleo da dissertação, apresenta o tema para o leitor. O desenvolvimento apresenta os recursos argumentativos: citações, fatos, opiniões, exemplos, provas, dados estatísticos, alusão histórica, testemunhos, etc. A conclusão é a síntese clara da posição assumida no corpo do trabalho e já deve ser elencada no corpo do trabalho. Características do texto científico: O texto deve ter unidade, ou seja, girar em torno de uma temática. Deve apresentar também progressão discursiva a cada parágrafo redigido. Deve, ainda, pautar-se em recursos argumentativos que garantam a cientificidade do texto (exemplos, citações, dados estatísticos, etc.). Na linguagem científica, preste atenção nos seguintes itens:

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a) impessoalidade: uso da 3ª pessoa do singular ou 1ª do plural; b) coerência e coesão; c) clareza e objetividade; d) vocabulário técnico: explicitar os conceitos usados no texto; e) correção gramatical; f) recursos ilustrativos (tabelas, gráficos, dados estatísticos).

Redação de um trabalho acadêmico-científico A seguir, vamos redigir um trabalho acadêmico-científico a partir do tema “A cultura da leitura pelo universitário brasileiro”, que nos servirá de exemplo. Informações prévias Tema: Hábitos de leitura dos universitários Pergunta norteadora da pesquisa: será que os hábitos de leitura dos universitários brasileiros são apropriados para uma aprendizagem eficaz? Hipótese (suposição): os hábitos de leitura dos universitários brasileiros não são adequados ao processo de uma aprendizagem eficaz. Objetivo principal da pesquisa: identificar e analisar os hábitos de leitura dos universitários brasileiros.

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Justificativa do estudo: levantar os pontos importantes considerados na execução do trabalho (melhorar desempenho escolar, melhorar preparação profissional, etc.). (Esses itens vão compor a introdução)

1 Introdução Conhecer os hábitos de leitura dos universitários, assim como de outras categorias de estudantes, é um dos assuntos que atualmente vem merecendo atenção especial de muitos educadores. Apesar de algumas divergências teóricas circunstanciais, ao menos num ponto, todos que se dedicam a estudar esse tema parecem concordar: o hábito da leitura entre os universitários brasileiros deixa muito a desejar. Dimenstein (2001), comentando sobre os resultados pesquisados durante a aplicação do “provão”, informa que, mesmo entre os estudantes de Jornalismo, somente uma minoria, menos de 20%, lê jornal diariamente. Esse fato, aliado a outros apontados por estudiosos, entre eles, Bastos e Keller (1998), Villardi (1997), revelam a pouca importância da leitura entre nossos universitários. Por outro lado, tal constatação, sem dúvida, contribui para o baixo rendimento do processo ensino-aprendizagem dos universitários (apresentando e problematizando o assunto que estamos discutindo). Em frente a essa situação, o estudo procurará responder à seguinte pergunta: será que os hábitos de leitura dos universitários brasileiros são apropriados ao processo de uma aprendizagem eficaz? (pergunta norteadora, delimitação do nosso trabalho). Para melhorar a compreensão desse questionamento, o trabalho procurará construir um histórico da política universitária bra-

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sileira a partir dos anos 60, quando foram dispostas as bases educacionais do ensino superior que nos acompanham até nossos dias, procurando, sempre que possível, estabelecer relações entre essas políticas e a questão dos hábitos de leitura dos universitários. Aproveitamos para esclarecer que a metodologia de pesquisa adotada, para o levantamento dos dados e de outras informações, será bibliográfica. Para isso recorremos a uma literatura especializada, a partir dos trabalhos de Bastos e Keller (1998), Villardi (1997), Teixeira e Machado (1999) (aqui estamos declarando, resumidamente, a metodologia de pesquisa utilizada). O trabalho justifica-se, principalmente, pelos subsídios que pode oferecer aos alunos e aos professores universitários em geral, visando a melhorar os resultados escolares, tanto do corpo discente quanto do docente, visto que, sem hábitos de leitura adequados, é quase impossível melhorar o nível de nosso ensino superior (justificativas do nosso estudo). O objetivo principal deste trabalho de pesquisa é caracterizar e analisar os hábitos de leitura e sua adequação ao processo de aprendizagem, garantindo o bom desempenho escolar dos alunos (objetivo geral do trabalho). O trabalho está assim dividido: no primeiro capítulo, a introdução; no segundo capítulo, o referencial teórico, no qual serão apresentados alguns estudos teóricos referentes aos hábitos de leitura em geral e dos universitários, em particular; no terceiro capítulo, a exposição da metodologia utilizada na realização do estudo; no quarto capítulo, a análise dos resultados obtidos; finalmente, no último capítulo serão apresentadas as considera-

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ções e conclusões finais (aqui tratamos de como organizamos nossa pesquisa). Após essa parte introdutória, será apresentado um quadro teórico do tema abordado, com explicações inerentes ao desenvolvimento do trabalho. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA POLÍTICA UNIVERSITÁRIA BRASILEIRA A PARTIR DA LEI Nº 5.540/68 e 5.692/71. Para entender o que se passa na relação ensino-aprendizagem dentro de um curso de nível superior brasileiro, pelo ângulo do objeto de estudo, os hábitos de leitura e organização de estudos, ou por qualquer outro prisma, é preciso recorrer, inicialmente, às Leis nº 5.540/68 e nº 5.692/71, que, aprovadas e colocadas em vigor durante o regime ditatorial militar, mudaram estruturalmente o sistema de ensino superior, contribuindo para a sua proliferação e degradação. As reformas instituídas por esses instrumentos legais procuram, inicialmente, satisfazer às necessidades daquele momento, preocupando-se somente em aumentar a quantidade de técnicos e profissionais para atender a uma demanda crescente, por parte de um modelo econômico concentrador e a uma política desenvolvimentista baseada num modelo tecno-burocrático. Assim, a política educacional adotada, além de não privilegiar a qualidade do ensino, abriu espaços para intromissões governamentais, via Conselho Federal de Educação, nas decisões internas das instituições escolares. Segundo Bastos e Keller (1998, p.15), Esta política adotada, com grande interferência do C.F.E, nas

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decisões das instituições escolares (nada podia ser feita sem sua “bênção”), e a aplicação de modalidades de curso geram uma disposição de forças (docente e discente). Daí advém uma insegurança na atuação e conseqüente queda no nível no ensino brasileiro. Para esses autores, essa queda na qualidade do ensino do terceiro grau pode ser constatada por uma série de deficiências encontradas na formação dos alunos desses cursos. Entre elas, apontam uma grande imaturidade cultural, resultado, por exemplo, de produto de conteúdos reduzidos em termos de educação geral, para permitir a inclusão de programas profissionalizantes dotados de uma visão reducionista sobre educação, empobrecendo os aspectos crítico e cultural dos conteúdos escolares, seja via currículo, seja perseguição política. “Aliada a este universo cultural restrito, apresenta-se a gritante ausência do hábito de 2.1.1 O que é saber ler? A importância do ato da leitura Saber ler comporta várias interpretações. A princípio, consideramos que saber ler “[...] é reconhecer palavras, decodificar, ou seja, sabe ler quem é alfabetizado” (VILLARDI, 1997, p. 3). Entretanto, para essa mesma autora, esse enfoque é muito restrito. Ele se alarga a partir do momento que consideramos que a leitura só se realiza, efetivamente, no momento em que o leitor é capaz de atribuir sentido “[...] ao que foi decodificado” (VILLARDI, 1997, p. 4). Para Villardi (1997), apoiada nos estudos realizados por Paulo Freire, saber ler é construir uma concepção de mundo, ter capacidade para interpretar e posicionar criticamente aquilo que

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nos chega por meio da leitura, contribuindo para que possamos exercer plenamente nossa cidadania. Quanto aos universitários: em qual desses enfoques eles se enquadram como leitores? Será que, para eles, saber ler é apenas reconhecer ou decodificar palavras ou conseguem atribuir sentido ao que foi decodificado? Mais ainda: será que conseguem ter capacidade para interpretar e se posicionar criticamente diante do que chega por meio da leitura? CORTE T. 2.1.2 Criando o hábito de leitura Villardi (1997) tece comentários sobre a questão do hábito de leitura, partindo de pesquisas que realizou na rede de ensino público do Estado do Rio de Janeiro, quando estudou vários aspectos ligados à leitura e livros didáticos, entre outros. Como a palavra hábito significa uma disposição duradoura, adquirida pela repetição freqüente de um ato, uso, costume, é possível entender que, para a existência de um hábito, é necessária a incorporação de certos valores que o justifiquem para o sujeito que os incorpora no seu dia-a-dia. Entretanto, como frisa a autora, é comum verificar que, após o abandono dos bancos escolares “[...] seja em que nível for, muitas vezes até após o término de um curso superior” (VILLARDI, 1997, p. 10, grifo nosso), encontrarmos pessoas que não se interessam nem pela leitura de jornais, contentando-se em aceitar e repetir notícias já prontas e acabadas, publicadas, principalmente, pela mídia eletrônica. A autora conclui que, na verdade, a escola não consegue transmitir um mecanismo que faça com que se instale um verdadeiro hábito duradouro de leitura naqueles alunos formados em suas

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salas de aula. Ele existe enquanto representa uma necessidade de o aluno apresentar algo que precisa ser feito para dar cabo às suas obrigações escolares. Desaparece tão logo elas deixam de estar presentes no seu cotidiano. CORTE T. 2.1.3 Os fundamentos do método de estudo Salomon (200l, p. 34) defende que os fundamentos para instrumentalizar os alunos na utilização de métodos eficientes para estudar devem ter um caráter científico e não, simplesmente, serem indicadas “[...] normas de estudos baseadas apenas na própria experiência, no bom senso ou por julgamento de valor”. Dessa forma, esse autor, ao relatar vários estudos e pesquisas realizados por outros estudiosos (CHARTERS, 1925; BUTTERWECK, 1928; WILSON, 1932; ROSS; KLEISE, 1927), entre outros, reunidos por Kelly (l959), em sua obra Psicologia educacional, apontam alguns dados significativos de pesquisa sobre métodos utilizados por estudantes, entre eles, os universitários. Numa delas, feita entre 258 pré-universitários, Charters (1959) constatou que menos da metade usava o processo eficiente para preparar suas tarefas; Butterweck (1928), conclui que menos de 25% dos primeiranistas universitários usavam métodos necessários para um estudo inteligente; Wilson (1932) verificou que, entre os alunos de curso secundário, poucos progrediam em matéria de técnica de estudo, durante os anos de ginásio e colégio. Por sua vez, Ross e Kleise (1927, p. 36), concluiram que “[...] os inteligentes e os não inteligentes usam as mesmas técnicas de estudos e que o grupo mais capaz alcança êxito porque usa com habilidade o método, usado inadequadamente ou indiferentemente pelos que não obtêm o mesmo sucesso”. CORTE T.

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2.1.4 Procedimentos gerais para aumentar o hábito da leitura: as técnicas de leitura Sem esquecer os ensinamentos de Villardi (1997) e Freire (1998) sobre a importância do ato de ler, como fontes de prazer e de visão crítica e criativa sobre a leitura que fazemos não somente das palavras, mas, principalmente, sobre o mundo, “[...] a leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1998, p.11), passaremos, a partir de agora, a considerar algumas técnicas de leituras, que, utilizadas adequadamente, podem auxiliar os universitários a melhorarem seus hábitos de leitura. CORTE T.

3 METODOLOGIA 3.1 TIPOS DE PESQUISA Segundo Vergara (2004), as pesquisas se classificam: quanto aos fins e quanto aos meios. Nesse caso, trata-se de uma pesquisa descritiva, pois ela está expondo características de uma determinada população (estudantes brasileiros). Quanto aos meios de investigação, nossa pesquisa é bibliográfica, pois o estudo em pauta foi desenvolvido com base em materiais publicados em livros, jornais, redes eletrônicas, disponibilizados ao público em geral. 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA O universo representa toda a população a ser estudada que, no presente projeto, consiste na quantidade total dos universitários brasileiros. Por se tratar de pesquisa bibliográfica, não se justifica o cálculo amostral.

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3.3 TRATAMENTO DOS DADOS Após a seleção das fontes bibliográficas, a leitura e a elaboração de fichamentos para registro dos dados relevantes e citações, as informações e os dados foram discutidos qualitativamente com base nos recursos argumentativos pesquisados. CORTE T.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS A partir da leitura dos autores voltados para a pesquisa do significado da leitura no cotidiano universitário, especialmente quanto aos hábitos do corpo discente, observamos que Villardi (1997), em seus levantamentos realizados sobre hábitos de leitura, em uma pesquisa realizada na Rede Pública do Ensino Fundamental do Estado do Rio de Janeiro, constatou que muitas dificuldades dos nossos universitários nas questões de leitura, em geral, têm muito a ver com a falta de uma política educacional que privilegie uma preparação mais adequada dos professores sobre esse tema. Além desse aspecto, a autora aponta a importância de se criar condições que estimulem a criação de uma cultura da leitura, condição primeira para incentivar o gosto por essa atividade. A autora acredita que o não desenvolvimento do ato prazeroso pela leitura, o hábito, torna-se um ato mecânico, que sobrevive enquanto o aluno, em todos níveis, esteja freqüentando uma escola e por várias circunstâncias se sente com a obrigação de ler, para tirar nota, passar de ano e por aí afora. Assim, ao terminar seu curso ou sair da escola, por qualquer outro motivo, sua primeira providência é praticamente abandonar a leitura. A hipótese levantada (que os hábitos de leitura dos universitários

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brasileiros não são adequados ao processo de uma aprendizagem eficaz) está se confirmando a partir dos dados argumentativos analisados e apresentados pelo escritor do trabalho.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a análise de várias fontes bibliográficas, conclui-se que a falta de hábitos de leitura tem grande influência na aprendizagem do universitário brasileiro. Como vários autores apontaram, essa deficiência pode ser percebida pelo baixo rendimento intelectual desta parcela de estudantes, constatada nos exames de avaliação nacionais, além de outras pesquisas realizadas nesse sentido. Pelos resultados apresentados, observou-se que as suposições iniciais se confirmaram, contribuindo para que o objetivo principal deste estudo fosse cumprido a contento, ou seja, a falta de hábitos de leitura contribui para uma aprendizagem deficiente dos universitários.

6 REFERÊNCIAS BASTOS, Cleverson Leite; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. 11. ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 1998. DIMENSTEIN, Gilberto. Leitura e burrice. Folha de São Paulo, São Paulo, p. 21, 30 abr. 2001. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 36.ed. São Paulo: Cortez, 1998.

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SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. TEIXEIRA, Élson A.; MACHADO, Andréa Monteiro de Barros. Aprendizagem acelerada e leitura dinâmica. São Paulo. Makron Books, 1999. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. VILLARDI, Raquel. Ensinando a gostar de ler e formando leitores para a vida inteira. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.

Provas e exames: avaliação Os trabalhos acadêmicos examinados até aqui, de forma geral, são realizados fora da sala de aula, mediante instruções e orientações feitas pelos professores. A seguir discutiremos uma das formas, das mais tradicionais, entre os afazeres realizados pelos alunos em geral, feitas em sala de aula, sob o olhar cuidadoso dos solicitantes, conhecidos como provas e exames, utilizados para que sejam avaliados o desempenho parcial ou final dos estudantes. Para melhor compreensão e ampliação de nossa visão sobre eles, iremos discutir um pouco sobre o assunto. Essa atitude é importante para que possamos ter uma visão mais ampla e, ao mesmo tempo, ter condições de discutir criticamente tais tipos de trabalhos. Dada a especificidade das provas e exames a que somos submetidos, não iremos construir um exemplo, tal como fizemos no caso dos demais trabalhos acadêmicos.

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Ampliando nossa visão sobre provas e exames como instrumentos de avaliação Entre os trabalhos escolares, talvez as provas e exames sejam os que mais preocupação trazem para os alunos. Certamente, a ansiedade que toma conta dos estudantes nas famosas “semana de prova” é bastante conhecida no meio escolar. Muitas dúvidas pairam no ar nesse momento, do tipo: “Será que o professor vai nos ferrar”, “O que será que vai cair na prova?”. Dado o papel e a importância que provas e exames têm sobre nossa vida, é interessante conhecermos um pouco mais sobre o assunto, ampliando nossa visão para podermos discuti-lo com maior conhecimento de causa. Em geral, a avaliação de qualquer tipo de aprendizagem, seja a escolar, seja aquela a que somos submetidos pelos nossos pais, especialmente nos nossos primeiros anos de vida, em várias oportunidades, procura verificar, principalmente, o que aprendemos, ou seja, aquilo que, segundo Alves (2006, p.5), “[...] fica depois que o esquecimento fez o seu trabalho”. Em nossa importantíssima aprendizagem “das coisas da vida”, não somos submetidos a provas ou a exames regulares, assim como não precisamos estudar nenhum texto, formalmente. Por exemplo: aprender a atravessar a rua. Com certeza, seu pai e sua mãe lhe ensinaram como atravessá-la para ir até à padaria ou comprar figurinha na banca da esquina. Como acreditamos que, até então, você esteja vivo e não teve nenhum acidente de trânsito nas suas andanças pelas ruas da cidade, podemos deduzir que deve ter aprendido bem essa lição. Foi aprovado, mesmo se esquecendo de alguns detalhes do que aprendeu. Esse tipo de aprendizagem, por tratar de assuntos que nos interessam, além de percebermos, quase imediatamente, o significado que tem para o nosso dia-a-dia, não nos traz muitas dificuldades. A margem

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de esquecimento, depois do aprendido, é muito pequena. Quase todos nós tiramos nota dez nesse tipo de avaliação. Dificilmente, alguém fica reprovado ou em recuperação. Por outro lado, para um jovem índio, habitante de uma aldeia que não tenha ruas para serem atravessadas, a história pode ser diferente. Aprender a atravessar ruas não é importante para quem mora num lugar onde elas não existem. Agora, atravessar rios e montanhas, sem dúvida, é muito significativo para esse personagem. Disso depende, muitas vezes, sua própria sobrevivência. A partir desses comentários, deduz-se que o interesse que um dado objeto de conhecimento nos desperta, além do significado que ele representa, em nosso cotidiano, é fundamental não só para melhorarmos a nossa aprendizagem, como também para sermos bem avaliados sobre o que fazemos. E nas escolas, será que toda a aprendizagem é encarada como significativa pelos alunos? E o processo de avaliação por meio de provas e exames, como é percebido pelos universitários? Primeiramente, a aprendizagem dos assuntos da vida cotidiana é desenvolvida com poucos aprendizes e transmitida por poucos “professores”, facilitando, sobremaneira a compreensão entre as partes. Outro dado importante: a avaliação é realizada ao mesmo tempo em que esteja ocorrendo à ação de aprendizagem. “Muito bem, João, esta sua volta de bicicleta está ótima. Mais um pouquinho e estará andando sem o papai precisar segurar em você!”. Quem já não ouviu essa frase, enquanto criança, caso tenha aprendido a andar de bicicleta? Ao mesmo tempo em que o aprendiz faz a prova, já recebe a avaliação correspondente. Caso cometa algum tipo de erro, logo após novas explicações, volta a repetir o exercício correspondente. Ou seja, a avaliação é contínua. O avaliado também avalia o avaliador que, por sua vez, vai fazendo as correções metodológicas necessárias para que ele próprio e o aprendiz “acertem o passo”. Existe uma cumplicidade entre quem ensina e o aprendiz.

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Na escola, ao contrário do que vimos acima, as provas e avaliações são feitas sobre diversos assuntos, diferentes entre si e, geralmente, nem sempre, têm o mesmo sentido para todos nós. “Acertar os passos” é bem mais complicado. Independente das circunstâncias, os estudantes são praticamente obrigados a participar de todas as provas ou exames promovidos pelos professores. Essa situação, que traduz certa massificação do processo de aprendizagem e de avaliação, tem sido apontada, por alguns educadores, como um dos motivos do baixo rendimento escolar de nossos alunos em frente aos resultados alcançados, quando submetidos a exames do tipo “provão”. Enquanto essa situação perdurar, apesar das críticas, continuaremos a nos submeter às provas e exames ao longo dos nossos cursos universitários, tal como ocorre nos dias atuais. Apesar de tímidas, algumas medidas apontam mudanças na política de aprendizagem e na avaliação escolar. O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é um bom exemplo disso. A pergunta que podemos fazer, a nós mesmos, neste momento é “Como agir nessas ocasiões para, mesmo sob as atuais condições de aprendizagem, tornar o processo avaliativo mais eficaz e produtivo?”. Em primeiro lugar, saber questionar e perceber o significado que as matérias que estamos estudando têm para nós. Um bom diálogo com os professores ajuda-nos a esclarecer algumas dúvidas a esse respeito. Caso você já esteja trabalhando, ou mesmo fazendo um estágio curricular, procure conversar com os profissionais mais experientes, verifique como eles utilizam aqueles conhecimentos para os quais você não vê muito sentido no momento. Entretanto devemos chamar a atenção para o fato de que muito daquilo que estudamos e muitas das avaliações a que somos submetidos correspondem a conhecimentos que não podem ser vistos apenas como utilitários. Seus significados transcendem essa visão utilitarista, prática, objetiva. Por exemplo, ao estudar filosofia, não se pretende que o aluno saia dessa disciplina pronto para “aplicar este conhecimento” na prática, como muitos imaginam.

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A Filosofia é importante para ficarmos sabendo, entre outras coisas, da trajetória da construção do conhecimento humano, da importância do pensar, etc. Assim como essa disciplina, outras têm o mesmo papel. Além desse fato, devemos nos lembrar de que existem aquelas disciplinas, inclusive a própria Filosofia, que, conforme já vimos, neste nosso trabalho, têm a função de proporcionar saberes básicos necessários para que possamos avançar em outros campos do saber humano. São as disciplinas propedêuticas. Quanto mais procurarmos saber sobre o significado de cada disciplina que estudamos, mais importante ela será para nós. Esse talvez seja o caminho mais produtivo para que o objeto de nosso estudo e a própria avaliação a que nos submetemos passe a ser significativa para nós. Por outro lado, dentro de uma visão mais pragmática, devemos encarar a prova como um meio de que o professor lança mão para saber não só o que os alunos conseguiram reter do aprendido em sala de aula, como também para ele próprio perceber como a sua mensagem tem chegado até ao seu aluno. Nessas circunstâncias, para que você possa fazer uma boa prova, procure estudar diariamente, mesmo que seja por uma hora, procurando manter os assuntos das aulas em dia. Para isso, faça uso de sua documentação pessoal: notas de aula, resumos de leitura, listas de exercícios e lista de dúvidas (já resolvidas). Nesses momentos, veja como é importante o conhecimento sobre redação e leitura. Lembrase deles? Outra coisa importante: não se descuide da apresentação de sua prova. Mesmo manuscrita, ela deve ter uma letra legível e formatação funcional. Vão aqui algumas indicações importantes: • Deixe sempre uma margem esquerda. Isso permitirá ao professor fazer anotações, comentando o que você escreveu.

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• Use, preferencialmente, o “parágrafo blocado”, ou seja, pule uma linha, quando for iniciar um novo parágrafo. Isso torna o texto mais fácil de ser lido. • Quando estiver colocado um ponto final, dê um espaço maior entre ele e a letra maiúscula que inicia o novo período. Isso torna mais fácil perceber as mudanças de período. • Quando for utilizar exemplos, grife-os. Para isso, os professores podem utilizar três tipos básicos de prova que são: as objetivas (marcar “x” na opção correta), as discursivas (questões referentes ao conteúdo que serão respondidas pelo aluno) e as objetivo-discursivas (que mesclam os dois tipos em uma prova só). Existem também as provas de consulta, nas quais as questões a serem desenvolvidas poderão ser consultadas no material disponibilizado pelo professor. Não se engane! Esse tipo de avaliação parece mais fácil pela possibilidade da consulta, mas, na realidade, exige mais capacidade de síntese e argumentação do aluno. Também é bom atentarmos para o fato de que, nas provas objetivas, não teremos muitas chances de utilizar várias recomendações que fizemos sobre os cuidados a serem tomados na sua apresentação gráfica. Agora que já discutimos e dominamos a leitura e a redação dos nossos trabalhos e outras atividades acadêmicas, o próximo assunto a ser tratado é sobre o planejamento, organização e realização de uma apresentação oral no âmbito universitário.

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APRESENTAÇÃO ORAL A apresentação oral é uma das atividades mais presentes nos eventos universitários. O responsável pela sua elaboração sempre terá a intenção de atender de forma adequada seu público ouvinte. Sem uma preparação prévia, dificilmente alcançará o sucesso esperado.

É bastante comum, na vida universitária, o professor, após solicitar a elaboração escrita de algum trabalho acadêmico, complementá-la com a seguinte fala: “Este trabalho também deverá ser apresentado oralmente”. Primeiramente, espera-se que o tema que iremos expor seja de nosso conhecimento. Para conseguir esse intento, teremos que estudá-lo cuidadosamente, antes de pretender apresentá-lo. Muitas vezes, a nossa dificuldade não está em expor um assunto qualquer, mas, sim, na falta de conhecimento que temos sobre ele. Por outro lado, quando o professor solicita uma apresentação oral, geralmente, ele indica, dependendo da natureza e do objetivo do assunto a ser exposto, a forma que será utilizada pelo exposistor para essa apresentação. Rapidamente, pode-se dizer que a palestra é uma apresentação oral simples e tradicional. O palestrante discorre sobre o tema selecionado e os demais participantes se expressam, ao final, fazendo perguntas. A formatação conhecida como painel é desenvolvida a partir de uma mesa constituída por especialistas ou personalidades, quando apresentam seus pontos de vista a respeito de um tema, a fim de ser debatido

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pelo plenário. O professor, após solicitar que seus alunos estudem um tópico qualquer, pode transformá-los em “especialistas” que expõem e debatem o assunto em pauta. O professor também poderá solicitar a preparação de uma oficina ou laboratório, quando desejar que seja apresentado um problema comum, eminentemente prático, que interesse a todos os participantes. Assim, ele seleciona um assunto, dentro desses requisitos, e, após estudos individuais ou em pequenos grupos, discutem-se seus resultados em plenário. Outra forma de apresentação muito popular, na universidade, é o seminário, que pode ser apresentado por uma única pessoa ou por um grupo. Cabe ao professor o papel de coordenador e de moderador dos trabalhos. Tratando-se de tema com conotação científica, espera-se que seus apresentadores estudem exaustivamente o assunto escolhido, pois uma de suas principais finalidades é justamente introduzir o estudante na análise sistêmica de fatos, estruturando-os adequadamente para uma apresentação clara e documentada. Uma apresentação oral bastante utilizada nos cursos universitários refere-se aos trabalhos monográficos. O mais comum, nos cursos de graduação, é o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). O expositor deve se preparar para expor e defender um ou mais pontos de vista sobre um tema, objeto de pesquisa e redação de seu trabalho monográfico. Esse ponto de vista

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é conhecido como tese. Daí a expressão defesa de tese. Para isso, um grupo de especialistas no assunto pesquisado, podendo ser professores ou não, após terem lido, com antecedência, o relatório monográfico realizado, reúnem-se para debater, pessoalmente, com o autor do trabalho. É importante observar que, para fazer uma boa apresentaçao oral, é preciso preparar o material de exposição e praticar antes do dia da defesa, com antecedência, lembrando-se de que terá, em média, de 20 a 30 minutos para fazer sua exposiçao aos participantes da banca examinadora. Deve-se lembrar de que os participantes da banca receberam e já devem ter lido, com antecedência, o relatório que você redigiu. Por esse motivo, não esperam que você repita tudo aquilo que já está escrito em seu trabalho. Sem dúvidas, será quase impossível você fazê-lo em 20 ou 30 minutos. Por essa razão, esse tempo deve ser aproveitado da melhor forma possível. Procure fazer suas transparências ou slides de forma bem enxuta, apontando somente os tópicos de cada um dos capítulos do seu trabalho. Evite expor, visualmente, textos longos e cansativos. Isso só atrapalha sua apresentação oral. Terminada a sua exposição, tenha em mão caneta e papel, para, se for o caso, anotar as sugestões que a banca lhe oferecer. Após ter respondido aos questionamentos e ter sido liberado pela banca, ao final da exposição, saia do local onde está sendo feita a apresentação, assim que os membros da banca solicitar e espere ser chamado de volta para saber o resultado da avaliação do seu trabalho. Agora que já sabemos as formas que poderemos utilizar para fazer uma apresentaçao oral, nosso próximo passo é planejar as atividades e ações necessárias para o seu desenvolvimento. A partir do planejamento, estaremos aptos a organizar e desenvolver nosso trabalho. Vamos listar alguns dos itens importantes para o planejamento:

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1 Objetivos do trabalho Devem ser estabelecidos a partir de algumas respostas que damos às seguintes perguntas: qual é a mensagem que o ouvinte espera ouvir? Qual é o conhecimento que o professor espera desse grupo de alunos? Que habilidades precisarei desenvolver para fazer uma apresentação bem-sucedida? Que dados e informações precisarei dominar para atingir os objetivos propostos?

2 Identificação do público-alvo Vamos às perguntas: quantas pessoas vão assistir à explanação? Quantos grupos vão participar do evento? Qual é o nível de conhecimento dos participantes sobre o assunto a ser apresentado? Será necessário expor algum tipo de saber, tido como pré-requisito, para facilitar uma melhor compreensão do assunto discutido? Isso facilita a adequação do discurso às expectativas do público.

3 Conteúdo a ser exposto Deve ser selecionado e exposto de acordo com os objetivos.

4 Duração do evento Aqui se deve estabelecer o tempo de duração do evento. Ele pode variar, dependendo do assunto e disponibilidade do horário para tal.

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5 Materiais de apoio Planejar os recursos visuais, tais como, retroprojetor, flipe-chart, datashow, cartazes, quadro-negro ou quadro-branco. Encerrada a fase do planejamento, a próxima etapa é organizar todos os itens planejados. Assim, é recomendável: organizar o material de exposição pela ordem de apresentação; chegar com antecedência no local para deixá-lo arrumado de acordo com o que planejou; organizar e testar os recursos audiovisuais antes da apresentação; organizar textos a serem distribuidos, se for o caso. Lembre-se de que cada um dos recursos utilizados é a extensão de nossa fala. Planejou, organizou. Agora é a fase da execução. Seu sucesso ou insucesso vai depender de tudo isso visto até este ponto, incluindo o seu domínio discursivo e a qualidade do material, especialmente, dos audiovisuais que você utilizar durante a sua apresentação. À esquerda, a maneira de diagramar uma transparência corretamente; à direita, a maneira incorreta, que dificulta a leitura.

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Atenção aos seguintes itens:

A preparação do discurso Chama-se discurso a mensagem preparada para ser apresentada ao público. É nessa hora que será mostrado o resultado de tudo aquilo que se estudou e redigiu. Para que consigamos alcançar esse propósito, podemos começar pela compreensão e planejamento de como vai ser o desenvolvimento das quatro partes que compõem nosso discurso, compreendidas como: início, preparação, mensagem e conclusão.

O início É a parte responsável pela preparação do ouvinte para o restante do discurso. É quando vamos tentar conquistar a atenção e a simpatia do nosso auditório. Assim, adotar atitudes simples, evitar afetação ou frases rebuscadas é um bom começo. Nesse momento, é bom limitarse a cumprimentar o auditório, fazer sua apresentação pessoal, caso não seja conhecido pela platéia, esclarecer o tempo de duração da apresentação, além de explicar aos ouvintes como deseja que eles procedam, quando quiserem fazer algum tipo de pergunta (no meio ou no fim da apresentação), se elas devem ser escritas ou orais. Caso esteja programado, informar o horário do intervalo, assim como o tempo de sua duração. Outro item importante: é recomendável dar início ao discurso com frases e palavras motivadoras e inteligentes. Evite começar sua mensagem com a frase vou tentar! Pode parecer que não esteja seguro daquilo que se está propondo a fazer.

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A preparação Podemos informar ao auditório a abrangência do assunto que iremos tratar, autores e obras consultadas, enfim, vamos preparar nossos ouvintes para o que vai ser abordado na próxima parte do discurso, ou seja, do que trataremos na mensagem.

A mensagem É a parte essencial de um discurso. É aí que o apresentador fará todo o esforço possível para atingir seus ouvintes com argumentos convincentes, procurando defender seus pontos de vista.

Para saber mais... ABREU, Antonio Suarez. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 3.ed. Cotia(SP): Ateliiê, 2001.

Argumentos Servem para convencer e persuadir o auditório sobre nossas idéias. A boa argumentação começa a partir dos cuidados que tomamos quanto à própria apresentação e organização do local onde será realizado o evento. Segue pelas informações transmitidas ao auditório, tais como: as obras bibliográficas consultadas, os cuidados que você teve com o material da exposição, enfim, tudo aquilo que passe credibilidade aos seus ouvintes. Além disso, o apresentador deve tomar cuidado especial no planejamento de sua exposição, quanto à forma de colocação dos assuntos que esteja apresentando. Ela deve obedecer a uma hierarquia de valores intrínsicos à qualificação cultural e intelectual do auditório a que estamos nos dirigindo. Conhecer algumas técnicas argumentativas ajuda bastante nessas ocasiões. Uma indicação de leitura, nesse caso, é o livro de Antonio Suárez de Abreu (2001), A arte de argumentar: gerenciando a razão e a emoção.

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O bom desenvolvimento de sua mensagem facilitará a próxima e última fase de sua apresentação, ou seja, a conclusão de sua exposição. Ela é o ponto final do discurso. Ao desenvolver a sua fala, o apresentador expõe suas proposições e idéias, procurando, com isso, argumentar a favor de suas hipóteses e suposições. Utilizam-se, para tanto, leituras e de seu próprio aprendizado e de terceiros, transformando-as em argumentos. Todas as suas proposicões, no momento da conclusão, devem ser sustentadas, ou seja, elas devem ser aceitas como verdadeiras.

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FINALIZANDO

Este trabalho, como qualquer outro que nos apresenta, tendo a criação humana como sua marca, implica escolhas bem variadas. Essas escolhas, seja no campo das palavras, seja nos diversos atos, que nos ajudaram a viabilizar que este texto chegasse até você, dependeram dos pensamentos e conhecimentos que fomos adquirindo ao longo de nossas vidas. São os nossos pensamentos, assim como nossas palavras e emoções, que vão contribuir para modelar a paisagem de nossa existência e de outros. Além disso, eles preparam e fertilizam o terreno para que outros pensamentos, palavras e outras ações, cheguem até nós. Sem pretensões de adentrar em discussões filosóficas acaloradas sobre o poder que um pensamento pode nos oferecer, temos que reconhecer a sua importância na criação, pelo humano, dos seus artefatos materiais e espirituais, principalmente. Relembramos o que dissemos lá no início deste trabalho, que a escola e a educação, em geral, não devem ter a pretensão de ensinar alguém a pensar, mas, sim, ter a capacidade de criar as condições propícias para que alunos e professores possam pensar e, a partir do pensamento, sonhar, criar e realizar. Conseguir sua autonomia de expressão é a chave para o caminhar com suas próprias forças. Essa foi uma das principais contribuições que pensamos, quando iniciamos esta trajetória.

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Para que isso possa acontecer, lembre-se de que o conhecimento é um dos condutores responsáveis por esse processo. Os dois, pensamento e conhecimento, são nossos grandes companheiros, ao longo desta fantástica aventura humana, na qual somos os protagonistas principais. Ao final deste nosso trabalho, ficaremos muito felizes, se nossos leitores tiverem identificado indícios que os levem a pensar com mais autonomia e os estimulem a avançar em seus conhecimentos, pois, se o pensar vai propiciar ao homem conquistar sua liberdade, tornar-se senhor de si, da sua própria experiência, não aceitando passivamente o que lhe impõe o “mundo externo”, nas palavras do filósofo Pierre Lévy (2003), o conhecimento é um dos caminhos que pode facilitar essa atividade. D’Ambrozio (2001, p. 48) nos faz sentir a força deste último: “O conhecimento é a estratégia mais importante para levar o indivíduo a estar em paz consigo mesmo e com o seu entorno social, cultural e natural e a localizá-lo numa realidade cósmica”

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REFERÊNCIAS

ABREU, Antonio Suarez. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 3. ed. Cotia(SP): Ateliiê, 2001. ALVES, Rubem. Avaliação da performance das escolas. Folha de São Paulo. São Paulo, p. 2, 30 ago. 2006. D`AMBROZIO, Ubiratan. Educação para uma sociedade em mudança. Campinas: Papirus, 1999. DEMO, Pedro. Educação e qualidade. Campinas(SP): Papirus, 1994. MANGUEL, Alberto. Uma historia da leitura. São Paulo: Companhia das Letras: São Paulo, 1997. PIGLIA, Ricardo. Ler errado é muito produtivo. Entre Livros, São Paulo, n. 21, p. 14, jan. 2007.

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SCHOPENHAUER, Arthur. Sobre livro e leitura: a arte de escrever. Porto Alegre: L&M, 2005.

Apêndice A

Algumas normas técnicas da ABNT utilizadas no trabalhos acadêmicos:

Estrutura do trabalho

Para saber mais... ARRUDA, Mauro. Facilitando o uso das normas da ABNT nos trabalhos acadêmicos na era da informática. 2.ed. Vitória (ES): Oficina de letras, 2003.

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Formatação de uma página de um trabalho acadêmico

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Citação direta A citação com mais de três linhas (citação direta) deve ser afastada do texto normal com um espaço em branco (antes e depois da citação). Essa linha deve ter o espaçamento 1,5cm. Veja como fazer: bata a citação normalmente, como se faz com o texto normal. Apenas coloque as aspas, provisoriamente, para distinguir do restante do texto. Não mude o tamanho da fonte ainda. Após digitar toda a citação, volte ao início dela e dê um “Enter” para afastá-la do texto de cima. No final da citação, dê um “Enter” para separá-la do texto de baixo. Selecione toda a citação e arraste-a “4cm” de distância da margem esquerda. Toda ela, como indicado pela figura na página a seguir:

Citações: citação direta, indireta e citação de citação.

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A seguir, tire as aspas, mude o tamanho da fonte para “10” (com o texto selecionado) e o espaçamento entrelinhas para “simples” e pronto. Ufa! Seu texto está totalmente formatado de acordo com as normas da ABNT (NBR 10520:2002).

Citação indireta Agora, no caso de citação indireta (paráfrase ao texto do autor), devese digitar o texto normalmente, apenas comentando sobre o techo que se deseja utilizar, sem, no entanto, citá-lo literalmente, isto é, utilizando as suas próprias palavras, ao invés das do autor do texto, porém devendo-se permanecer fiel às idéias dele. Não se deve esquecer, também, de referenciar, no final do parágrafo escrito, o sobrenome e a data da parte do texto referenciado. Veja o exemplo abaixo:

Citação de citação Além das citações direta e indireta, vistas até aqui, em algumas oportunidades, teremos que fazer citação de citação. A transcrição do texto original, citado pelo autor que estamos utilizando naquele momento, poderá ser direta ou indireta, a partir de outra fonte. Nesse caso, cita-se o autor original seguido da expressão “apud” e da indicação do autor, data e página da obra diretamente consultada. Na parte de “Referências”, faz-se a identificação completa da obra consultada.

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Caso você faça a indicação de autoria ou título nas citações no decorrer da frase, a norma correspondente prevê que apenas a inicial deve ser maiúscula. No caso de indicação entre parênteses, esses elementos devem ser todos digitados com letras maiúsculas.

Referências Alguns exemplos:

Referência de livro com um autor

Ex.: 1) PRADO, Maurice. Psicologia aplicada. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1995. 243 p.

Referência de documentos on-line

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Ex.: 1 SILVA, Maria Antonieta Machado e; SILVA, Zenobio Agripa da Gama e; SILVA, Ecio Rodrigues da. De volta ao tempo dos patrões?: a manutenção da floresta em reservas extrativistas. Disponível em: <http://www.unicen.com.br/universoverde/TrabalhosCientificos/ TRABPatroesAntonieta.htm>. Acesso em: 22 fev. 2002. (Obs.: O endereço deve ser digitado todo junto, sem espaços.)

Referência de artigos em revistas periódicas

Ex.: 1 TOLEDO, Roberto Pompeu de. Sobre antiamericanismo e antibrasilismo. Veja, São Paulo, n. 16, p. 114, abr. 2003.

Referência de artigos em jornais

Ex.: 1 BRIDI, Rita. Grande Vitória já soma um milhão de subnutridos. A Gazeta, Vitória, p. 5, 20 fev. 1994.

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Capa

ApĂŞndice B

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ApĂŞndice C

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Folha de rosto


Sumário

Apêndice D

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