Filosofia - Aproximando a Filosofia ao Cotidiano

Aproximando a Filosofia ao Cotidiano | 1

Sumário Edição nº 01 - 2015

4

por Thiago Medeiros

6

Jean Jacques Rousseau: O contrato social

8

10 Immanuel Kant: pensando por si mesmo

12 Nietzsche e o filosofar a marteladas

14 Adorno e a Televisão

Epicuro: A felicidade é possível

por Alane Moraes

Thomas Hobbes: O Soberano

por Thiago Almeida

por Gabriela Coelho

por Rodolpho Rousseau

por Jair Araújo

16 Karl Marx e o Proletariado

por Gustavo Macedo

18 Referências

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Apresentação Edição nº 01 - 2015

O presente portfólio traz propostas de aulas que se configuram como releituras de textos filosóficos que envolvem tanto a História da Filosofia, quanto temáticas filosóficas. Este trabalho foi realizado pela equipe de bolsistas do Subprojeto PIBID de Filosofia/UFCG que atua na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Raul Córdula, localizada no Bairro do Cruzeiro da cidade de Campina Grande - PB. Por meio de observações e estudos a respeito dos materiais utilizados como recursos didáticos nas aulas de Filosofia, a equipe identificou a necessidade de criar um produto que pudesse auxiliar o estudante no seu relacionamento com a disciplina de filosofia.

Estes materiais visam proporcionar aos educandos uma possibilidade de apreender e utilizar os conteúdos filosóficos de modo apropriado e coerente com sua realidade. Nesta perspectiva, a equipe produziu (e continua produzindo) textos que almejam refletir sobre conteúdos da Filosofia e da realidade da comunidade escolar, de modo a corroborar com um modelo de ensino que possibilite uma melhor relação entre, o estudante, o conteúdo e o desenvolveimento de uma atitute filósofica.

Através desse trabalho podemos destacar a importância e a funcionalidade do respectivo material, haja vista a contribuição no desenvolvimento dos estudantes com relação a assimilação dos conteúdos em sala de aula, bem como a apropriação de uma atitude filósofica. Esta proposta metodológica possibilita inserir no cenário escolar uma maior participação dos estudantes, tendo em vista a contextualização dos conteúdos com suas realidades.

Buscando, deste modo, uma melhor interação, reflexão, aprofundamento dos conteúdos propostos e uma vivência dos conceitos filósoficos.

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EPICURO: A FELICIDADE É POSSÍVEL “Aquele que não se satisfaz com pouco, não se satisfaz com nada.” Epicuro “Quando se começa a beber um vinho caro, muito em breve acaba-se querendo beber vinhos ainda mais caros, o que gera uma armadilha de querer coisas que não se pode.”

Epicuro (341-270 a.C) viveu em uma época muito diferente da nossa, no entanto, seus ideias são extremamente atuais e sua filosofia pode nos ser bastante útil.

Epicuro dizia que a vida humana era pautada pela busca do prazer e pela fuga da dor, e não havia nada de pecaminoso nisso, o prazer é algo bom e positivo.

Nesta perspectiva podemos pensar que este filósofo estivesse defendendo uma vida totalmente boêmia e desregrada, na qual a pessoa deveria fazer tudo em nome do prazer, mas não era bem assim, para Epicuro o grande problema das pessoas é que elas procuram o prazer e a felicidade nos lugares errados.

Desde daquela época, Epicuro percebeu que as pessoas estavam iludidas com o consumo, ele pôde notar que quase todo mundo associava a felicidade ao prazer proporcionado pela compra de determinados objetos, o problema é que essa estrada não tinha um ponto de chegada, ou seja, quanto mais as pessoas compravam, mais o desejo de ter mais, aumentava. Além do mais as pessoas adotavam uma atitude pouco reflexiva, compravam quatro pares de sandálias quando só precisavam de uma ou duas, com isso precisam trabalhar mais, se preocupar mais, criando um tipo de prisão e dependência preocupante. Mas se o consumo e o excesso de coisas não trazem a felicidade, onde devemos procurá-la?

Para Epicuro os ingredientes da felicidade não estão nas coisas grandes, nem nas coisas caras. O primeiro ingrediente da felicidade é a amizade, ter amigos era algo extremamente valoroso, pois o prazer decorrente de uma boa amizade nos causava uma alegria singular e indispensável. Para viver essa ideia, Epicuro comprou uma casa espaçosa para caber seus alunos e amigos, ele nunca comia sozinho, pois dizia que “comer só é para lobos e leões. O segundo ingrediente da felicidade era ter liberdade, você deveria depender o mínimo possível de governantes e patrões, precisava ter uma certa independência financeira. Pra isso ele foi viver com um grupo de pessoas onde produziam seus próprios alimentos. O terceiro ingrediente seria ter uma vida bem analisada, ter um tempo só pra gente, um tempo livre para reflexão, para tentar encontrar soluções para nossos problemas existenciais.

Eis a fórmula Epicurista da felicidade: ter amigos, ter uma renda mínima que seja fruto do seu trabalho e ter tempo livre para pensar. Epicuro responsabilizava muito a publicidade de sua época, pois ele a considerava muito enganosa, prometia que a compra de determinadas coisas seria uma condição indispensável para uma vida feliz, mas isso era um erro. No fundo precisamos muito menos do que achamos que precisamos, criamos necessidades que não são necessárias.

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Epicuro também percebia que existia outro assunto que causava muito sofrimento às pessoas, isto é, a morte. Dentre todos os seres da natureza, o único que tem consciência clara de seu fim é o homem, e isso lhe causa muito aflição, pois a possibilidade de não mais existir, não é fácil. Sobre essa questão ele argumentava que tínhamos que ficar tranquilos, pois onde estamos, a morte não está, e onde ela está, não mais estamos, ou seja, você nunca vai se encontrar com a morte. Mas o que acontece depois da morte do corpo? Para Epicuro, nada, haverá apenas uma desintegração da matéria-átomos e você vai ser exatamente o que era antes de nascer: nada. Você passou milhares de anos sem ser, sem existir, por acaso veio ao mundo, viveu um pouco e depois passará mais outros milhares de anos sem existir, mas isso não importa, nascer já foi muita coisa. Para nós essa visão da morte pode ser sem graça, pois “acreditamos” na imortalidade da alma, mas Epicuro seguia outra linha de pensamento. Quem está certo? Não sabemos em absoluto.

Quanto aos deuses, o filósofo grego, achava que eles tinham coisas mais importantes, do que estarem se preocupando com os humanos.

Pra encerrar, Epicuro ainda aconselhava que sempre que estivermos diante de momentos difíceis, podemos usar a memória como paliativo para reviver os momentos bons do passado.

Apropriando-se dos Conceitos A partir da leitura do texto e com base nos conhecimentos construídos em sala de aula, redija um texto dissetartivo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema Consumo e Felicidade, apresentando uma proposta de intervenção correlacionada ao referido tema. Escreva INSTRUÇÕES: • Escreva com no mínimo 10 linhas e máximo 30.

• Necessária coesão e coerência com o tema.

• Obedecer à norma culta da língua portuguesa.

Epicuro de Samos foi um filósofo grego do período helenístico. Seu pensamento foi muito difundido e numerosos centros epicuristas se desenvolveram na Jônia, no Egito e, a partir do século I, em Roma, onde Lucrécio foi seu maior divulgador.

Sugestão Complementar

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JEAN JACQUES ROUSSEAU: O CONTRATO SOCIAL

“O homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado” Jean Jacques Rousseau.

O importante pensador e filósofo Jean Jacques Rousseau (1712-1778) contribuiu através de seu pensamento para o desenvolvimento da Revolução Francesa, a partir do conceito de contrato social, Rousseau dizia que os seres humanos podiam usar a razão para criarem condições necessárias para viverem em uma sociedade que respeitasse o interesse coletivo.

O filósofo Rousseau propunha uma vida familiar com simplicidade, na qual cada cidadão pudesse viver em igualdade por meio das leis. No plano político, ele pensava uma sociedade baseada na questão da igualdade e comprometimentos entre todos, como percebemos em sua defesa dos conceitos de Justiça, Igualdade e Soberania do povo, presentes na obra “O Contrato Social”.

O livro, o contrato social, foi publicado originalmente em 1762, num cenário onde o Estado era visto como opressor, os cidadãos eram obrigados a pagar altos impostos, a fome e a miséria prevaleciam, não havia uma garantia de direitos individuais para os cidadãos. Esse contrato pretendia, pois, defender a liberdade natural, a qual precisava ser recuperada, baseada esta num consenso, o qual deveria garantir o direito dos cidadãos.

O contrato desejava que a liberdade fosse garantida, que fosse proposto que o povo escolhesse o seu soberano, e através de uma convenção pudesse se discutir como o mesmo devia agir.

Em nosso regime político democrático, temos na mão o “voto”, através do qual possuímos o poder de escolha, somos nós quem escolhemos quem irá nos representar, de modo que este venha a defender não só seus interesses privados, mas representar a vontade geral do todo. Nesse sentido deve-se beneficiar toda a sociedade de forma mútua, não apenas uma minoria.

Assim como proposto no Contrato Social de Rousseau, vemos que na atualidade também devemos cobrar nossos direitos, temos que ir a luta, não podemos deixar o esquecimento tomar conta de todos, pois se o cidadão não cobra, não procura saber de seus direitos, conseqüentemente será prejudicado em todos os segmentos da sociedade: Saúde, Educação, Segurança e no Trabalho.

Diante de tais discussões será que somos merecedores da Liberdade e dos direitos que nos foi garantido? Será que tantas revoluções nos ajudaram? Será que hoje cumprimos ou gozamos dos direitos e da Liberdade que nos foi concedida?

Será que nossos representantes estão cumprindo seu dever para com os interesses públicos?

ROUSSEAU, Jean Jacques. Do Contrato Social. São Paulo: Martin Claret, 2007.

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Apropriando-se do conceito Relacione a letra da música sugerida com o que defendia o filósofo Rousseau na sua obra “O Contrato Social” Que país é esse - Legião Urbana Compositor: Renato Russo

Nas favelas, no Senado Sujeira pra todo lado Ninguém respeita a Constituição Mas todos acreditam no futuro da nação Que país é esse?

Que país é esse?

Que país é esse?

No Amazonas, no Araguaia iá, iá, Na baixada fluminense Mato grosso, Minas Gerais e no Nordeste tudo em paz Na morte eu descanso Mas o sangue anda solto Manchando os papéis, documentos fiéis Ao descanso do patrão Que país é esse?

Que país é esse?

Que país é esse?

Que país é esse?

Terceiro mundo, se for Piada no exterior Mas o Brasil vai ficar rico Vamos faturar um milhão Quando vendermos todas as almas Dos nossos índios num leilão Que país é esse?

Que país é esse?

Que país é esse?

Que país é esse?

Jean-Jacques Rousseau foi um importante filósofo, teórico político e escritor suíço. Nasceu em 28 de junho de 1712 na cidade de Genebra (Suíça) e morreu em 2 de julho de 1778 em Ermenoville (França). Ele é considerado um dos principais filósofos do iluminismo, sendo que suas ideias influenciaram a Revolução Francesa (1789).

8 | Edição nº 01 - 2015

THOMAS HOBBES: O SOBERANO

“O homem é o lobo do homem.” Thomas Hobbes Basicamente Thomas Hobbes acreditava que todos nós somos egoístas, movidos pelo medo da morte e pela esperança de ganhos pessoais. Apesar de buscarmos viver tranquilamente, mesmo inconscientemente desejamos de alguma forma, ter poder sobre os outros.

Hoje vivemos sob o regime de um Estado democrático, onde existem legisladores e leis, mas imagine se a sociedade se dissolvesse. O que aconteceria?

Provavelmente retornaríamos ao que Hobbes chama de estado de natureza, caracterizado por um tipo de vida primitiva, onde não existem leis nem legisladores. É provável que nesse estado de natureza o caos completo fosse se instaurar, o tempo todo teríamos gente roubando os outros, matando os outros, tomando suas moradias, etc. Estaríamos numa constante guerra de todos contra todos, onde venceria o mais forte, seja no sentido físico ou intelectual.

Neste clima de guerra ninguém se sentiria seguro, seria preciso estar sempre atento, e viver dessa forma, é cansativo. No entanto, será que mesmo vivendo em sociedade, não nos sentimos como se estivéssemos neste estado caótico, violento e bárbaro?

Para evitar que isso aconteça, a guerra de todos contra todos, Hobbes diz que os homens se desfazem de alguns de seus direitos e instauram um contrato social, que seria algo como: “eu deixo de lado parte da minha liberdade, de até mesmo, por exemplo, poder matar, roubar, etc., se você também fizer isso”. Aceitando esse contrato, os homens passam a criar as leis e assim surge um homem artificial, algo ou alguém que tem o poder para aplicar essas leis. Esse algo ou alguém pode ser chamado de Estado ou governante, que tem o poder de decisão acima de todos, para assim organizar a sociedade e permitir vivermos em paz e segurança.

Para Hobbes se não vivêssemos em sociedade e com leis, a vida seria “solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta”. Por isso, para que a vida em sociedade desse certo, precisaríamos desse algo ou alguém, ou seja, um soberano, que receberia o poder de impor severas punições a qualquer um que pisasse fora da linha. Pois as leis não servem para nada se não há alguém ou algo forte o suficiente para fazer com que todos a cumpram.

Em resumo, podemos dizer que Hobbes afirmava que valia a pena os indivíduos trocarem parte de sua liberdade, pela segurança de viver em sociedade, mas para que essa segurança fosse mantida seria preciso alguém (soberano) suficientemente grande e poderoso para garantir o direito a vida.

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Apropriando-se do conceito Organize as cadeiras da sala em círculo junto aos alunos e promova um debate.

Para isto, apresente a imagem do frontispício do livro Leviatã de Hobbes e peça que os alunos, individualmente, observem atentamente os elementos que compõem a imagem. A seguintes questões podem ajudar a encaminhar o debate.

• • • • •

Que elementos podem ser identificados na imagem?

Há alguma relação entre os elementos?

O que seria a figura central?

O que aconteceria se não houvesse leis?

Ou nenhum tipo de poder mediando e regendo as relações humanas?

Frontispício do livro Leviatã de Thomas Hobbes

Sugestão complementar Curta Metragem: O sonho de um homem ridículo é baseado num conto escrito por Fiódor Dostoiévski, em 1877. Dirigido por Aleksandr Petrov estreado em 1992. É dividido em cinco partes e contado por um narrador-protagonista, que teve uma revelação através de um sonho utópico. Ele encherga os homemens num estado simples de vida diante da natureza e em equilibrio com ela, até algo terrível acontecer, pois todos passam a guerrear entre si e disputar tudo que a mesquinharia humana quer angariar para si.

Thomas Hobbes nasceu em Malmesbury, em 1588 e faleceu em Hardwick Hall em 1679. Foi matemático, teórico político e filósofo. Foi um filósofo contratualistas, corrente que pensa a origem do Estado.

10| Edição nº 01 - 2015

IMMANUEL KANT: PENSANDO POR SI MESMO

"Ouse fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento."

Immanuel Kant Em seu ensaio “O que é Esclarecimento?” escrito no ano de 1783, o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) que viveu na época do Iluminismo, defendia o uso da razão (luz) para romper com o regime anterior, chamado de “idade das trevas”. Kant faz um percurso destacando os movimentos que não seriam próprios do esclarecimento para assim chegar a compreensão do que este seria.

O primeiro termo que nos aparece é o da menoridade, a compreensão desta se assemelha com aquilo que conhecemos atualmente na imagem de alguém que é tutelado, protegido ou amparado por outra pessoa. No contexto atual, essa tutela se dá até certa idade, mas na perspectiva kantiana, ela pode durar toda à vida, dependendo do indivíduo. No Brasil, a partir dos 18 anos o indivíduo nos torna capaz de responder por seus atos, não mais dependendo de outrem (seus pais ou responsáveis) para assumir, pensar ou responder por ele. Mas, e na perspectiva kantiana? Há um determinado momento no qual o indivíduo vai sair dessa menoridade e começar a pensar e agir por si só, e tornar-se esclarecido?

Para Kant, o processo de esclarecimento ocorre com a saída do estado de menoridade, em vistas da maioridade, isto é, autonomia do pensamento.

Diferentemente de nosso atual contexto, não há um momento no qual se diga: “a partir de agora você vai pensar por si só”, ou seja, não há um momento certo para que isso aconteça, pois pode ocorrer a qualquer momento, só depende da vontade do sujeito.

A permanência nesse estado de menoridade pode ser atribuída a vários fatores: preguiça, covardia, ou mesmo pelo simples comodismo de ter alguém pensando por você. Por exemplo, quando estamos estudando e nossos professores solicitam trabalhos, eles esperam que façamos uso de nosso pensamento para desenvolver tal trabalho e não que peguemos um pensamento pronto na internet e entreguemos como sendo nosso; isso é claramente característico do exercício da menoridade. E o que é preciso para atingir a maioridade?

O filósofo considera que o lema do esclarecimento é ousar saber (Sapere aude!), ter a coragem de fazer uso do seu próprio entendimento. Para que haja esclarecimento é preciso, antes de qualquer coisa, ter liberdade. Não há como fazer uso do próprio entendimento, se a preguiça, a covardia ou o comodismo nos empurra as respostas prontas que outros indivíduos formularam.

Em outras palavras, o estado de menoridade seria a heteronomia, isto é, a passividade, a aceitação da imposição de regras, seja por medo ou comodidade. Desse modo, a heteronomia se mostra totalmente contrária à autonomia, que seria a maioridade ou esclarecimento, caracterizado pela autodeterminação, isto é, fazer o bom uso da razão.

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Apropriando-se dos Conceitos Pesquise imagens, charge e/ou produza um desenho, que representem uma ideia de autonomia e liberdade. Para se inspirar veja um exemplo inverso e outro mais próximo a autonomia abaixo.

Sugestão complementar Filme: Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society) é um filme estadunidense de 19891, do gênero drama, dirigido por Peter Weir. O filme mostra que em certa altura da vida, as pessoas, em especial os jovens, deveriam opor-se, contestar, gritar e sobretudo ser "livres pensadores", e não deixar que ninguém condicione a sua maneira de pensar, mas também ensina esses mesmos jovens a usarem o bom-senso.

Immanuel Kant (1724 - 1804) foi um filósofo alemão, considerado um dos maiores da história e dos mais influentes no ocidente. Kant estabeleceu um sistema filosófico, operando uma resolução entre o racionalismo de Descartes e Leibniz e o empirismo dos filósofos David Hume e John Locke.

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NIETZSCHE: E O FILOSOFAR A MARTELADAS QUAIS SÃO OS SEUS VALORES MORAIS

“Tudo evolui; não há realidades eternas: tal como não há verdades absolutas.” - Friedrich Nietzsche O Filósofo alemão Friedrich Nietzsche era conhecido por desenvolver uma Filosofia feita a marteladas, isto é, para ele era preciso que nós tivéssemos o poder de destruição do martelo, assim como uma martelada tem o poder de destruir coisas físicas, a sua Filosofia também serviria para demolir valores que só atrapalham nossas vidas e influenciam negativamente em nossas relações com as pessoas e o mundo.

Segundo Nietzsche nossas vidas são direcionadas por regras de conduta, assim chamadas de moral, a moral é construída a partir de valores criados ou impostos por correntes intelectuais, religiosas entre outras. O grande problema para Nietzsche é que a moral do homem ocidental de sua época correspondia apenas a um tipo de moral, a moral cristã, uma moral baseada na idéia de resignação, usando a vida e os ensinamentos de Cristo como modelo.

No entanto, segundo Nietzsche, a moral baseada no modelo de homem resignado, fazia com que os governantes se aproveitassem dos mais humildes e religiosos, explorando e maltratando com a justificativa de que os humilhados seriam exaltados, embora os nobres e os religiosos não vivessem da mesma forma. Sendo assim, era vital para ele que houvesse uma mudança nos valores morais e no modo do homem agir diante a realidade.

Segundo Nietzsche, a criação de novos valores era fundamental para que a humanidade se libertasse de morais estabelecidas, a exemplo do cristianismo e platonismo que tanto oprimia e limitava os homens, impondo a moral dos fracos, justificando que as mazelas sociais não eram tão graves, já que o homem teria uma vida boa e plena num plano metafísico, ou seja, a idéia de vida após a morte e gozo no paraíso.

Este ideal de viver melhor numa outra vida, num plano espiritual fez com que os homens criassem um desprezo pelo mundo material e tudo que dele derivava, até mesmo o corpo passou a ser visto como uma coisa menor, já que na perspectiva platônica e cristã a vida espiritual e eterna era superior a vida mundana meramente temporária. Por causa destes valores os ideais passaram a ter mais importância que a própria vida humana.

O maior exemplo do desprezo a vida em nome de ideais foram as duas grandes guerras mundiais. Durante a segunda guerra mundial, sabemos que muitas vidas foram perdidas em nome do avanço das ciências e de ideais absurdos, seja usando homens como ratos de laboratório, nos campos de concentração ou até mesmo na morte de milhares com a bomba atômica.

Por bater de frente com forças tão grandes como a religião e os intelectuais, Nietzsche era adorado por alguns e odiados por muitos, suas obras só vieram ser lidas muito tempo depois de lançadas. Para Nietzsche viver exige do homem virtude, e não se curvar diante de uma moral que acovarda os homens e os torna em mero rebanho.

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Nietzsche defendeu o surgimento de um homem mais humanizado, sem vergonha de si mesmo e preocupado em viver a vida presente, que fosse fiel aos seus desejos e não os oprimisse como queria a religião e as ciências, que fosse corajoso ao ponto de derrubar os valores vigentes e que fosse capaz de criar novos, sob aspectos como: à coragem, a virtude e a nobreza.

Para ele não era vergonha alguma esforçar-se para ter uma vida melhor, será injusto viver bem? Reivindicar o que é seu por direito? Era este homem decidido e pleno que Nietzsche chamava de super-homem, o homem que propunha se superar a cada dia em vista de sua liberdade e a elevação de novos valores, valores justos e condizentes a uma vida melhor.

Apropriando-se dos Conceitos Você cria seus próprios valores morais ou você apenas faz parte do rebanho?

Aponte quais valores devem ser mantidos e quais devem ser questionados e caso necessário superados?

Desenvolva um debate com seus colegas, frente às noções de valores morais, levantando questões inerentes ao cotidiano, confrontando os diversos pontos de vista, explorando a capacidade de defender argumentativamente seus pontos e de vista ou mudando de posicionamento diante de argumentações mais consistentes.

Sugestão complementar Filme: A Onda (título original: Die Welle) é um filme alemão de 2008 dirigido por Dennis Gansel e estrelado por Jürgen Vogel, Frederick Lau, Jennifer Ulrich e Max Riemelt. É inspirado no livro homônimo de 1981 do autor americano Todd Strasser e no experimento social da Terceira Onda. O filme foi produzido por Christian Becker para a Rat Pack Filmproduktion.

Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um filósofo, escritor, poeta e filólogo alemão, um dos mais importantes do século XIX. Escreveu "O Anticristo" e "Assim Falava Zaratustra".

Soldado se recusa a fazer a saudação nazista.

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ADORNO E A TELEVISÃO “ existe uma espécie de função formativa ou deformativa operada pela televisão” Theodor Adorno

Nos dias de hoje a internet é o meio de comunicação mais utilizado, de modo que a televisão ficou em segundo plano. Mas na época do filósofo alemão Theodor Adorno (1906-1969) a televisão era o meio mais utilizado para a comunicação em grande escala. Sendo ela o instrumento mais importante, da chamada indústria cultural. Esse termo é usado para caracterizar a indústria que controla a mídia em geral (televisão, cinema, rádio, revista etc.). Neste sentido, a tevê detinha muita influência na vida das pessoas, no desenvolvimento de suas consciências e na formação dos indivíduos.

Adorno crítica a televisão pelo fato de ela expor uma ideologia, isto é, um conjunto de ideias, pensamentos e doutrinas que orientam as ações sociais e políticas de um indivíduo ou mais pessoas. Doutrinar consiste em promover uma falsa consciência diante das questões sociais e ocultamento da realidade cotidiana, por exemplo, a produção de valores inquestionáveis e a venda de uma imagem otimista do cotidiano. Nas palavras do próprio autor, isso "impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e decidir conscientemente".

Ao assistirmos tevê é comum percebermos a venda de uma “realidade” sempre feliz, harmônica e bela, proporcionada principalmente por propagandas ou programas sobre saúde, beleza e diversão. Mas, e na vida real? Será que a realidade corresponde ao mundo mágico da televisão?

Adorno defende que o papel da tevê não é somente passar novelas, filmes, propagandas, programas de auditórios e outros, mas deve dispor a formação cultural, promovendo uma educação e um tipo de informação, que seja o mais próximo da realidade. Ele defende o uso da televisão, como uma ferramenta para socializar a educação e o conhecimento.

Há uma colocação popular que diz: “a responsabilidade de assistir, ou não, um programa é de quem tem o controle remoto”. Adorno talvez concorde com essa frase, porém isso pressupõe que a emissora de tevê não tem responsabilidade com o seu conteúdo. No entanto o filósofo alemão discordava desse quesito, pelo fato de toda emissora ser uma concessão pública, ou seja, o governo autoriza sua criação, desde que, as emissoras disponham em sua programação, de conteúdo educativo e informativo, comprometidos com a formação social dos cidadãos.

A partir dessas colocações, o que podemos pensar da televisão nos dias atuais? Mesmo não sendo tão poderosa quanto na época do Adorno, ela ainda apresenta essas características apontadas pelo autor? A tevê se preocupa com a educação e a formação das pessoas? Essas questões devem ser refletidas para que não possamos cair nas armadinhas ideológicas desse meio de comunicação e que cobremos por uma maior qualidade e responsabilidade daquilo que é veiculado.

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Apropriando-se dos conceitos Apartir das discussões em sala de aula sobre texto Adorno e a Televisão, faça uma persquisa na internet sobre imagens, charges, quadrinhos ou tirinhas sobre o tema televisão e manipulação. E escreva um comentário relacionando a imagem com os conceitos do texto.

Sugestão complementar Música: Televisão - Titãs

Compositor: Arnaldo Antunes,Marcelo Fromer e Tony Belloto A televisão me deixou burro, muito burro demais Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais O sorvete me deixou gripado pelo resto da vida E agora toda noite quando deito é boa noite, querida. Ô cride, fala pra mãe Que eu nunca li num livro que um espirro fosse um virus sem cura Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura! Ô cride, fala pra mãe!

A mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu não faço nada A luz do sol me incomoda, então deixa a cortina fechada É que a televisão me deixou burro, muito burro demais E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais Ô cride, fala pra mãe Que tudo que a antena captar meu coração captura Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura! Ô cride, fala pra mãe!

A mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu não faço nada A luz do sol me incomoda, então deixa a cortina fechada É que a televisão me deixou burro, muito burro demais E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais Ô cride, fala pra mãe Que tudo que a antena captar meu coração captura Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!

Theodor W. Adorno (1906-1969): foi um filósofo e sociólogo alemão nascido na cidade de Frankfurt.

Junto com os pesadores Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Jürgen Habermas e outros; formarama famosaescola de Frankfurt.

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KARL MARX E O PROLETARIADO “O escravo romano era preso por grilhões; o trabalhador assalariado está preso ao seu proprietário por fios invisíveis.” – Karl Marx O pensamento do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) influenciou diversos campos do Conhecimento, em especial, na Sociologia e na Filosofia. Na perspectiva da Filosofia, nos propomos a discutir a relação proletariado x burguesia e sobre sua importância no desenvolvimento do pensamento deste filósofo.

No século XIX, auge da Revolução Industrial, temos uma época de grandes transformações sociais e econômicas no cenário europeu. Nesse período ocorreram grandes transformações nas áreas de produção industrial e da manufatura da sociedade européia, acontecendo modificações nos meios de produção, da economia e da organização social da época. Dentro desse contexto de mudanças é que surge o modelo de sociedade capitalista, e é com base nas contradições existentes nesse sistema que o filósofo alemão, Karl Marx, desenvolve alguns dos principais conceitos de seu pensamento filosófico, a exemplo, sua defesa pelos direitos igualitários, no qual ele expõe sua defesa a favor do proletariado.

Um dos aspectos destacados por Marx em defesa do proletariado diz respeito a abusiva jornada de trabalho dessa classe. Nessa época os trabalhadores trabalhavam em média quatorze horas diária, seus salários que eram extremamente baixos mal supriam suas necessidades básicas. A classe dos proletariados, trabalhava muito e ganhava pouco e em péssimas condições de trabalho. Em contrapartida temos a classe patronal, os burgueses, os quais enriqueciam cada vez mais, por causa dos altos lucros e dos baixos custos de produção. No contexto atual será que as coisas mudaram desde então?

Será que ganhamos o valor justo do que produzimos?

No pensamento do filósofo alemão é perceptível sua aversão ao sistema capitalista e as contradições presentes nele. Marx se coloca em defesa do povo e desejava que os trabalhadores percebessem a sua função e força social, que compreendessem que sem eles a produção cessaria, pois as máquinas necessitavam dos trabalhadores para manuseá-las. Somente assim, percebendo sua função e importância, eles, os proletariados, se tornariam conscientes do seu valor.

No ano de 1848 o filósofo Karl Marx ao lado de seu fiel amigo Friedrich Engels escreve uma de suas principais obras, o chamado Manifesto comunista. Nessa obra eles convidam e clamam aos trabalhadores a se unirem e a evoluírem ou superarem o sistema capitalista no qual estavam inseridos.

Neste sistema o trabalhador sempre sai perdendo, pois produz sempre mais do que recebe, montam carros que não podem comprar, constroem casas, que não podem morar, e fabricam coisas que não faz parte de seus desejos, de suas aspirações, trabalham em lugares que lhes roubam a vontade de viver e de criar algo com liberdade.

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A esta transformação do contexto da classe trabalhadora Marx chamou de filosofia da práxis, isto é, uma filosofia que utilize da junção entre teoria, prática e funções sociais, de modo a despertar o homem de sua autoalienação, ocasionada esta pela influência da religião e do Estado Absoluto.

Estes responsáveis por manter os homens alienados, isto é, sem consciência de si e de suas ações perante o mundo e sua realidade. Para Marx o Estado representava apenas as necessidades da elite, pois milhares de pessoas que vivem sob a tutela do Estado não possuem os direitos básicos para terem uma vida digna, como Segurança, Saúde, Educação e Moradia de qualidade.

Em seu pensamento filosófico percebemos que Marx enfatiza a necessidade de uma Revolução, da luta entre as classes (Proletariado X Burguesia), pois, somente após o reconhecimento da classe operária de seus direitos e deveres, poder-se-ia surgir meios de superar as dificuldades e injustiças sociais existentes na relação trabalho e renda.

Por fim, compreendemos que Marx desejava um mundo no qual as pessoas não fossem mais exploradas, que pudessem viver de modo cooperativo, onde cada um pudesse contribuir do seu modo para o desenvolvimento da sociedade, mas para isso ser possível era necessário a luta e o fim do Estado, construindo assim uma ditadura do proletariado.

Apropriando-se dos conceitos Com base na imagem ao lado elabore um questionário com perguntas e respostas que mostrem uma relação entre está imagem e os conceitos presentes no texto.

Segestão complementar Filme: Tempos Chaplin (1936)

Modernos

de Charles

Música: Fábrica de Legião Urbana composta por Renato Russo

Karl Marx (1818–1883) foi um filósofo e revolucionário alemão. Criou as bases da doutrina comunista, onde criticou o capitalismo. Sua filosofia exerceu influência em várias áreas do conhecimento, tais como Sociologia, Política, Direito, Teologia, Filosofia, Economia, entre outras.

18| Edição nº 01 - 2015

Referências ADORNO, Theodor W. Educação e Emancipação. Trad. Wolfgang Leo Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.

HOBBES, Thomas. Leviatã (1651). Trad. Eunice Ostrenky. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

KANT, Immanuel. Resposta A Pergunta: O que é o “Esclarecimento”?

(Aufklärung). IN: Textos Seletos. Trad. de Raimundo Vier. 6 ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. Trad. Rubens Enderle e Leonardo de Deus. São Paulo: Boitetempo,2005. _________. O Capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da Moral. Trad. Paulo César de Souza.

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