Kampai

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Cristina Dias A autora da serie de mangá cómico “Kuroneko” foi a entrevistada desta edição. Cristina Dias foi a primeira autora a chegar à única revista de mangá impressa em Portugal, a Banzai. Tem 23 anos, e diz: “Faço porque gosto!” Quando teve o primeiro contacto com com manga? Fui a França quando tinha 14 anos, e lá eles tinham expositores próprios que vendiam manga. Foi ai que descobri, mas como estava em francês não podia comprar. Quando houve cá um BOOM, e se começou a divulgar mais, passaram a existir eventos - cheguei a fazer osplay (imitação de personagem) em alguns – e ai comecei a ler mangá.

reuniões com a Ncreatures (Isto 5 anos antes da Banzai surgir). Andámos 5 anos a arranjar um meio de publicar o Kuroneko, pois como é uma banda desenhada fora do normal, tendo em conta o estilo, não havia uma maneira

Como chegou à Banzai ? Num desses eventos, andava eu com os meus desenhos as costas, quando ouvi um senhor a dizer “se quiserem trazer desenhos”. Na altura estava com um amigo que me encorajou, eu fui, e eles disseram “vamos ver isto e no fim do dia dizemos-te”. No fim do dia, disseram que gostaram e perguntaram se tinha feito manga alguma vez. Eu tinha lá uma banda desenhada reles e duas paginas da Kuroneko, e eles acharam um “piadão” àquilo.

de o publicar para que as pessoas sentissem interesse. Ao longo desses anos apareceu a Joana e a Rita, que era a minha argumentista mas entretanto fez uma banda desenhada só dela. Entretanto decidiram juntar numa revista todos os talentos que tinham até a altura: Surgiu então a Banzai.

Quando la cheguei estavam eles com um grande sorriso - “ olha queremos trabalhar contigo ” – A partir dai comecei a ter

Fale-nos um pouco da kuroneko A kuroneko apareceu porque tinha um amigo que a alcunha dele era “ovelha brava”, e como eu estava

muito ativa no estilo (mangá), comecei a visualizar mentalmente a figura e achei um “piadão” à ideia de uma ovelha com um aspeto “bueda” fofo, mas com dentes afiados (personagem principal). O meu “inner-self ” achou que tinha potencial, e decidi desenvolver a ideia. Depois como eu sou uma pessoa de gatos (todos gozam comigo pois arranjo personalidades para os meus animais) decidi representar isso, então juntei o meu gato á minha banda desenhada. Só que depois a BD não era tanto á cerca dos animais mas o convívio entre os amigos: A forma de lidar com eles, pregar partidas e brincar com a situação. Tentar jogar com a relação de amizade, e o facto de serem animais de quinta. Já pensou em adaptar a Kuroneko para anime ? Sim, é o que temos andado a fazer. Nos anos em que andávamos a arranjar os talentos para fazer a revista, experimentámos fazê-lo em animação mas como o Kuroneko são scketches de uma ou duas


Edição nº1 Pag. 5 paginas, que em animação daria cerca de 30 segundos por scketch (não 30/45 minutos como o habitual episódio de anime). Agora, no mesmo formato, estamos a tentar que o Kuroneko apareça como animação de telemóvel. É o mais próximo de anime que teremos, acho eu. Espero eu! Se tivesse 30 minutos, perderia a piada. Quais são os aspetos a ter em conta na realização de anime ? No manga és tu que fazes tudo. No anime são varias pessoas, e por isso tens de ter todas as questões de character sheet (tamanho e cor dos olhos, silhueta, tudo o que contribui para a ideia sub-consciente que o especator cria sobre uma personagem) definidas de ante-mão para que o anime seja fidedigno ao manga.

Muitos animes, como o Akira por exemplo, refletem exatamente isso. Na cultura ocidental não existe essa devoção aos antepassados. Por isso é que eu acho que um ocidental, quando começa a puxar por uma ponta da cultura, não se contem na curiosidade. Que mensagem deixa a quem se deseja iniciar na produção de manga ? Nesta altura para quem quer fazer manga, a única ancora que tem é a

pelo pais a fazer a apresentação da revista, apareceu uma rapariga na Fnac dos Armazens do Chiado, que decidiu levar os desenhos dela. Era impecável, tinha imensos trabalhos, mas havia um problema: Nos olhámos para o trabalho e só víamos as “perninhas” finas de Code Geass e as caras fofas de Chobbits. Eu ofereci-me para a levar na minha asa e leva-la a conhecer o seu próprio estilo. No manga os estilos não são todos iguais, cada um tem o seu estilo.

“Em Portugal esse é o espírito: Ninguém faz pelo que recebe, faz porque gosta”

Tem ou teve algum contacto com a cultura japonesa? Quando vês muito anime começas a saber as musicas de abertura de cor, sem sequer saber o que querem dizer, e interessas-te pela língua. Quando gostas da língua, começas a querer saber escrever em japonês, e a partir dai vem tudo “tipo” bola de neve. É interessante a maneira como eles se agarram aos antepassados: Eles tem imensas tradições e respeito pela historia deles.

Ncreatures. É a única editora que apoia os trabalhos mangá em Portugal. Ninguém está a receber pelo que faz: O conceito é divulgar novos talentos, dar-te visibilidade. Estamos a tentar lutar contra a ideia de tudo o que se faz, faz-se por dinheiro. Quando fazes o que gostas, fazes porque gostas! Em Portugal esse é o espírito: Ninguém faz pelo que recebe, faz porque gosta Que influencias têm ? Temos influencias muito ocidentais. Conheci pessoas demasiado fieis ao estilo, o que torna o manga menos interessante: Quando andávamos

Porque haveremos de fazer igual, se tem a estética do pormenor, característico do mangá? Não tem de ser navegantes da lua. Também no cubismo não vias todos a fazerem igual ao Picasso, e era cubismo na mesma. Vi um documentário que falava do porque de achar-mos algo fofo. Tudo o que é fofo tem de ter a cabeça maior que o corpo, por ser semelhante as nossas crias, o que nos dá vontade de tratar deles e abraçar. A figura do Mickey, por exemplo, foi modificada da original de forma a ser mais redonda e pequena.




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Bakuman

Depois de passar uma aula a desenhar, vai para casa, esquecendo-se do caderno na escola. Quando se apercebe volta á escola e depara-se com o caderno nas mãos do cromo da turma. Isto não seria algo de grave, se no caderno não estivesse desenhado o rosto da rapariga por quem ele está apaixonado.

Bakuman conta-nos a história

de Mashiro, um rapaz apaixonado por Azuik, que quanto tenta reaver o seu caderno, é alvo de chantagem: Para Akito lhe devolver o caderno, Mashiro terá de fazer um man-

ga com ele (escrevendo Akito a história e Mashiro desenhando). Mashiro recusa, recordando-se do tio, um fracassado mangaka (autor de mangá) que involuntariamente o desmotivou a seguir as suas pisadas. Entretanto, descobre algo que lhe faz mudar de ideias: A rapariga dos seus sonhos, a Azuki, sonha ser uma seiyuu (dobradora de vozes em anime), então propõe-se a casar com Azuki caso os sonhos dos dois se realize. Para tal, tem de realizar o manga com o Akito, para depois adaptar

o manga parar anime, e só quando for necessário uma seiyuu, encontra-se com a Azuki. Com a dupla formada, começam a enviar one-shots (histórias curtas, formato utilizado em concursos para futuros mangaka´s) para a Shueisha (editora japonêsa). Desenvolvem uma série publicada, chamada “Detective Trap” (ou Detetive Armadilha), que acabou por ser cancelada devido a uma queda da popularidade. Pouco tempo depois lançam “Go Daihatsu Tanto!”, um Gag mangá (Mangá de comédia), mas também


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não duraria muito tempo: Decidindo que a série nunca seria popular, desistem de Daihatsu Tanto, e começam um novo trabalho: PCP - Perfect Crime Party. Esta sim vira um grande sucesso, porém o tema era inadaptavel para uma seria de anime, então decidem adaptar a série para uma revista mensal e começam uma nova série: “Reversi”.

Criticia

Criticos do Anime News Network (web-site de referência de anime) elogiam os pontos de vista conflituosos dos protagonistas e fica surpreso que a série seja

bem-sucedida, não só por ser um mangá sobre mangá, mas também por abordar a vida e os sonhos da juventude. No entanto, referem que esta série poderia aprender com o anterior trabalho de Ohba e Obata (Death Note) visto o inicio não ser tão envolvente e as reviravoltas são “muito fracas”. Bakuman, mesmo sendo um battle shounen, elaborou um esquema prático de como contar uma boa história de batalhas/conflitos sem necessariamente usar a força física. A dupla de mangakas conseguiu outro grande “Hit”.

O primeiro volume da série foi quarto em 30 no numero de vendas de mangá no Japão durante a semana de 06-12 janeiro de 2009, vendendo 154.675 cópias nesse periodo. O segundo volume obteve a sétima posição vendendo 228.056 cópias. O terceiro volume continuou a tendência e ficou em quarto lugar na semana de 01-07 junho de 2009, vendendo 200.369 cópias. Bakuman foi setimo manga mais vendido de 2011, com quase 4,4 milhões de cópias vendidas


Introdução: Em 1889, foi declarada uma nova constituição japonesa, que re afirmou a divindade do imperador. Nos anos seguintes o Japão enfrentaria inúmeras batalhas, saindo sempre vitorioso, como a guerra Sino-Japonesa (Japão-China) que durou de 1894 a 1895, a guerra Russo-Japonesa, de 1904 a 1905, e a ocupação do território coreano, oficialmente anexada em 1910, através do Tratado de Anexação.

A primeiro longa-metragem animada tem como nome “Momotarō: Umi no Shinpei” (Momotaro, o Soldado Divino do Oceano), publicado em 1945 patrocinando a Marinha Imperial Japonesa. Em 1948, funda-se a Toei Animation que, em 1958, produz o primeiro anime a cores: Hakujaden (O Conto da Serpente Branca), muito

Todas estas operações militares contribuíram para um novo sentido de nacionalismo ao Japão. Nos anos 30 o governo japonês decidiu incentivar a cultura nacional, o que veio, em 1933, a dar os seus frutos com Kenzo Masaoka a realizar o primeiro anime falado.

inspirado na Disney, é considerado o primeiro anime “moderno”. Um ano mais tarde surge o ícone do Anime para os ocidentais - Astro-boy - depois do “pai do anime” (Osama Tezuka) atingir bastante sucesso com o manga (produzido de 1952 até 1968), e no mesmo ano (1962) conseguir criar a sua própria produtora de anime, a Mushi Productions. Em 1963 atravessou fronteiras e fez as delicias do publico americano.

As dificuldades do país no início do século XX e o processo de militarização que culminou na participação do país na Segunda Guerra Mundial atrasaram o desenvolvimento da indústria de entretenimento.

Nos anos 70 o mercado de anime sofreu uma queda graças a concorrência da televisão, o que levou ao declínio de estúdios, e empurrou jovens talentos para o novo meio de comunicação. Essa forçada introdução acabaria por resultar, em 1970, na criação de um anime de boxe icónico para os japoneses: Ashita no joe (Tomorrow´s joe, em inglês). Da mesma maneira surgiram duas das produções aclamadas de Miyazaki: Future Boy Conan (1978) e Lupin III: O Castelo de Cagliostro (1979).

Segunda Grande Guerra

A 7 de dezembro de 1941 o Japão ataca Pearl Harbor, levando o país para a Segunda Guerra Mundial. A 6 de Agosto de 1945 a América lança sobre Hiroshima a primeira bomba atómica, seguida de outra 3 dias depois, em Nagasaki.Depois dos bombardeamentos, o Japão apresentou a sua incondicional rendição


O conhecido género Mecha (robôs gigantes) surgiu nesta altura. Uchū Senkan Yamato (Patrulha Estelar) de Leiji Matsumoto, mudou os rumos da indústria do anime: Sem grande sucesso em 1972, resolvem publicar em cinema, o que atraiu imenso público. Iniciou-se um culto ao desenho: O design de Matsumoto passou a influenciar quase tudo o que foi feito depois e ocorreu o primeiro

Fukushima

grande “boom”, dando enorme impulso à industria. Toei lança grandes sucesso como Dragon Ball (1986) e Navegantes da Lua (1992). Um outro fenómeno cultural viria a surgir: Neon Genesis (Shin Seiki) Evangelion (1995) era uma poderosa aventura misturando tecnologia, citações bíblicas e personagens complexas num clima misterioso e sombrio. Em 1996 surge Rurouni Kenshin (Samurai X), e em 1999 outro fenómeno da década:

Pocket Monsters (Pokémon), que gerou uma onda de Merchandise (produtos relacionados com um anime) com a figura do Pikachu. As produções de anime do inicio do seculo XXI foram, em geral, adaptações de manga como Fullmetal Alchemist (2005), Shakugan no Shana (2005), Death Note (2006), Lucky Star (2007), Bakemonogatari (2009), entre outros. Em 2008, o governo japonês criou o cargo de Embaixador do Anime e nomeou Doraemon para o ocupar, a fim de promover o anime na diplomacia.

A 11 de março de 2011 ocorreu um sismo de 9.0 na escala de Richter que originou uma série de ondas tsunami com altura máxima de 40,5 metros. A magnitude de 9.0 converteu o sismo no mais poderoso já alguma vez registado no país e o quarto mais poderoso do mundo de todos os sismo medidos até à data.


Pag. 12 Kampai Inumeros são os cenários de anime existentes, como tal, para adicionar uma particularidade, esta selecção apenas inclui cenários de anime desenhados com base em cenários reais.


Edição nº1 Pag. 13 No ranking nacional de vendas, de jogos bishōjo (jogo com personagens femininas atraentes), a edição limitada de Clannad para PC ficou em primeiro lugar duas vezes. Dos oito DVDs feitos para a primeira temporada, seis ficaram em primeiro lugar durante a primeira semana de vendas de DVDs de anime no Japão.

Key anuncia data de lançamento de Clannad para 2002

Prototype produzu a versão para Playstation Portátil. Interchannel desenvolve o jogo para PlayStation 2

Clannad acaba por ser lancado só 2004 para computador, apenas em formato DVD-ROM

A melhor versão de Clannad PS2 foi lançada no “Key 3-part work Premium Box”, junto com as melhores versões de Kanon e Air para PS2

Para o futuro: Versão do jogo para Playstation 3


Pag. 14 Kampai Smbolo da perfeitura. ‘O’ de Osaka liga com três círculos acima que simbolizam prosperidade, esperança e harmonia.

Simbolos de Osaka

Desta vez viemos conhecer a segunda maior cidade do Japão: Situada na costa sul da ilha Honsu, Osaka, é um ponto de entrada de turistas pela sua localização central e fácil acesso a transportes (incluindo o comboio de grande velocidade). Osaka (que significa “Grande colina”) tem uma grande importância comercial para o país. A norte temos “Kita”, repleta de zonas de venda a retalho, que vão de centros comerciais a Shotengai’s. Shotengai é uma área comercial que percorre uma determinada rua, geralmente indo ao encontro de uma estação de comboio. Existem por todo o Japão e Osaka tem a mais longa (Tenjinbashi-suji) que percorre 2,6 km de norte a sul.

ifícios retro-modernos. O castelo de Osaka (construído por Hideyoshi Toyotomi, que unificou todo o Japão), é um famoso ponto turístico: Contém 13 estruturas que foram classificadas como “Importantes Bens Culturais” pelo governo japonês. As portas grandes e as torres ao longo do fosso exterior perfazem cerca de 30 metros de altura feitas de enormes blocos de pedra trazidos para Osaka a mais de 100 quilómetros de distância. A altura total das paredes e os fosso s largos dão uma vista esplêndida, que nenhum outro castelo poderia igualar. O edifício central possui cinco andares na parte exterior e oito na interior.

Perto de kita temos Nakanoshima com vários museus e galerias, e o bairro Kitasemba que dá um ar um nostálgico com os seus ed-

Foi construído por cima de uma alta fundação de pedra, para proteger os seus ocupantes dos ataques que pudessem surgir.

Minami, no sul da cidade de Osaka, é a cidade de “comer até cair” e do entretenimento. Minamisemba e Horie, ambas perto de Minami, oferecem varias lojas e cafés lotados de jovens, num lugar onde as novas tendências surgem. Mais a sul, em Sumiyoshi encontra-mos o santuário mais famoso de Osaka: Sumiyoshi-taisha. Matriz de 2000 templos Sumiyoshi em todo o Japão, é dedicado a consagração de três deuses que têm sido adorados por protegerem a nação, as viagens marítimas e promoverem a poesia waka (estilo de poesia japonesa). Por isso é um lugar de peregrinação para navegadores, estudantes das artes militares e poetas waka. Graças ao seu estilo bastante antigo, é considerado um tesouro nacional.


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Castelo de Osaka Continuando para sul, temos Tennoji que nos oferece uma zona de grande comercio que atrai um grande número de jovens, e ainda o mais antigo templo Budista do Japão: Shitennõ-ji, construido no ano de 593 para celebrar a vitória do príncipe Shotoku (grande herói na historia japonesa) que com apenas 16 anos enfrentou uma batalha que opôs o seu clã ao de Monobe (que queria manter no país a religião milenar japonesa) saindo vencedor, diz-se, rezando aos Quatro Reis Celestiais, os soldados de Buda. Considerado o altar budista de Osaka, foi construido perto da baía de OsakVa para demonstrar ao mundo, o poder do Japão, e é anualmente palco de vários eventos como Doya-Doya, Shoryo-e, e Wasso Shitennoji.

Templo Shitennō-ji

Templo Sumiyoshi-taisha



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