Festival "Além Mar" 2024 - BOOKLET

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DE 2 A 18 FEV 2024

SÃO MIGUEL FAIAL PICO FLORES


DIREÇÃO ARTÍSTICA


JOÃO FRANCISCO TÁVORA João Francisco Távora é licenciado em Música Antiga pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, Porto, na classe do Professor Pedro Sousa Silva. Atualmente, encontra-se inscrito no Mestrado em Música Antiga na Hochschule für Musik und Theater „Felix Mendelssohn Bartholdy“, em Leipzig, na classe do Professor Robert Ehrlich. Colabora com a Gewandhausorchester (Leipzig), o Lachrymae Ensemble (Leipzig) e com o Ensemble Arte Minima, grupo musical especializado na música renascentista portuguesa, com o qual gravou o seu primeiro disco em dezembro de 2021. Com o mesmo ensemble, participou na gravação de mais 3 discos, um com música de Francisco de Santa Maria e os restantes com música de Vicente Lusitano. Em 2022 foi vencedor da Bolsa de Criação Artística, promovida pela Câmara Municipal do Funchal, na categoria de Artes Performativas, com um projeto dedicado à criação de novas sonatas para flauta de bisel e baixo-contínuo a partir da obra musical do madeirense António Pereira da Costa. Em 2023 gravou o seu primeiro trabalho discográfico a solo, dedicado à música para flauta de bisel de G. P. Telemann, que será publicado durante o ano de 2024. É co-diretor artístico e membro fundador do Musurgia Ensemble, grupo musical destinado à interpretação e divulgação de música portuguesa e europeia dos séculos XVI a XVIII. É produtor executivo do Aurum et Purpura - Núcleo de Criação Artístico e responsável pela produção de diversos projetos artísticos e comunitários em Portugal, nomeadamente o Festival “Além Mar”.


MUSURGIA ENSEMBLE & QUARTO TOM Solfa Cantada

02 fev _ 21h00 Igreja de Santo André Ponta Delgada 03 fev _ 16h30 Igreja do Carmo Horta


MUSURGIA ENSEMBLE O Musurgia Ensemble, sob a direção artística de Helder Sousa e João Francisco Távora, é um grupo especializado na interpretação historicamente informada de música instrumental dos séculos XVI, XVII e XVIII. Desde a sua fundação, em 2020, o agrupamento tem-se apresentado em concerto com uma formação instrumental variável. Na sua atividade recente, destaca-se a co-produção da ópera Dapnhis et Églé, de J.-Ph. Rameau, que teve lugar no Teatro Diogo Bernardes (Ponte de Lima), e o projeto “Solfa tangida”, desenvolvido em residência artística na Universidade de Coimbra à volta da música instrumental proveniente de fontes musicais do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Em 2024, o Musurgia Ensemble participará no Festival “Além Mar” (Açores) e fará uma residência artística na Universidade de Coimbra, intitulada “Solfa cantada”, que tem por intuito a preparação de um programa de música para o Ofício das Vésperas.

QUARTO TOM O Ensemble Vocal Quarto Tom é constituído por uma formação base de quatro cantores profissionais com vasta experiência em performance a cappella, com destaque na interpretação de polifonia renascentista. A trabalhar juntos há mais de uma década, este quarteto vocal desenvolve o seu trabalho em torno de obras fundamentalmente provenientes de fontes originais transcritas pelo investigador Luís Toscano e pelo Prof. Doutor José Abreu (Universidade de Coimbra).


MUSURGIA ENSEMBLE João Francisco Távora - flauta de bisel Silvia Cortini - flauta de bisel Xurxo Varela - viola da gamba Helder Sousa - órgão QUARTO TOM Eva Braga Simões - soprano Gabriela Braga Simões - alto Luís Toscano - tenor Nuno Mendes - baixo

PROGRAMA Anónimo Deus in adjutorium João Lourenço Rebelo Salmo: Dixit Dominus Pedro de Cristo Dulce lignum João Lourenço Rebelo Salmo: Confitebor tibi João de Santa Maria 2º Tom concertado a 3 João Lourenço Rebelo Salmo: Beatus vir Pedro de Cristo Beata Dei genitrix João Lourenço Rebelo Salmo: Laudate pueri António Carreira [Tento do 2º Tom] João Lourenço Rebelo Salmo: Laudate Dominum Anónimo Hino: Ut queant laxis Duarte Lobo Magnificat do 1º Tom* Pedro de Cristo Benedicamus Domino *Alternatim com Versos do 1º Tom de Manuel Rodrigues Coelho


Entrar numa catedral ou numa igreja conventual no início do século XVII seria uma experiência bem diferente da que temos atualmente. Além de paredes mais preenchidas com quadros, frescos ou tapeçarias, e a iluminação ténue das velas, era possível escutar música em vários momentos do dia. Não se tratava de apresentações públicas, tal como as entendemos hoje em dia, mas sim do acompanhamento musical aos ofícios que compreendiam o ciclo diário e se repetiam em todos os dias do ano. Este acompanhamento musical assentava, sobretudo, no cantar dos textos de forma monódica, denominado por cantochão ou canto gregoriano. Se os dias correspondessem a festividades do calendário litúrgico, exigia-se celebrações com maior solenidade e, consequentemente, o recurso ao canto polifónico e à inclusão de instrumentos musicais. As Vésperas eram o ofício que se celebrava ao anoitecer e, em alturas de festa, o ofício que marcava o seu início. A estrutura consistia numa sucessão de secções cujos textos eram fixos (Deus in adjutorium, Magnificat, Benedicamus Domino) ou próprios do dia em que se celebravam (antífonas, salmos e hino). Quando se celebravam Vésperas solenes, cada secção podia ser realizada quer em cantochão, polifonia e/ou instrumentos musicais, quer na alternância entre estes três efetivos. A forma como se fazia a música em cada secção seria decidida pelo mestre de capela, que recorreria às fontes musicais ao seu dispor para construir um alinhamento musical para todo o ofício. O nosso concerto abre com a invocação Deus in adjutorium, aqui numa versão polifónica de um compositor anónimo, onde vemos utilizada a técnica de fabordão, uma técnica que consiste na harmonização de uma melodia de cantochão. Os cinco salmos que se seguem são de João Lourenço Rebelo (16101665), célebre compositor protegido do rei D. João IV e têm a particularidade de estarem todos escritos em compasso ternário. As antífonas que seriam intercaladas com os salmos são aqui substituídas por obras instrumentais, como seria prática nos séculos XVI e XVII. Estas obras são de Pedro de Cristo (1550-1618), João de Santa Maria (?) e António Carreira (c. 1520-c. 1592), algumas compostas especificamente para instrumentos (Santa Maria e Carreira) e outras adaptadas ao conjunto instrumental (Cristo). Continuamos com Ut queant laxis, um hino cantado nas festividades dedicadas a São João Baptista, na versão polifónica de um compositor anónimo, onde se observa a alternância entre cantochão e polifonia nas várias estrofes do texto do hino. O ponto alto do ofício das Vésperas ocorre com o cântico do Magnificat e aqui teremos o Magnificat de 1º Tom de Duarte Lobo (c. 1565-1646), célebre compositor que serviu como mestre de capela a Sé de Lisboa e cuja obra foi publicada em Lisboa e Antuérpia. A sua versão corresponde apenas aos versos ímpares do texto do cântico, sendo os versos pares substituídos por peças instrumentais de Manuel Rodrigues Coelho (c. 1555 – 1635), organista coetâneo que serviu a Capela Real de Lisboa. Para finalizar o ofício de Vésperas dá-se a bênção final com o Benedicamus Domino, aqui numa versão polifónica a 5 vozes de Pedro de Cristo, monge crúzio que serviu como mestre de capela o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.


ANTÓNIO PEDROSA

Gosto cosmopolita ou estilo nacional? 04 fev _ 19h00 Igreja de São José Ponta Delgada


ANTÓNIO PEDROSA António Pedrosa, natural de Nogueira da Regedoura, iniciou os seus estudos musicais na Academia de Música de Paços de Brandão onde concluiu o curso complementar de composição, bem como de órgão, com Rui Soares. Cursou os estudos superiores de órgão no Conservatorium van Amsterdam, com Pieter van Dijk. Conclui a licenciatura em 2020, e o mestrado em 2022. Estudou, na mesma instituição, também, com Matthias Havinga, e ainda com Menno van Delft (cravo e clavicórdio), Kris Verhelst (baixo contínuo),e Miklos Spanyi (improvisação). Estuda atualmente na Hochschule fuer Musiek und Theater Hamburg, onde frequenta o mestrado ‘Claviorganum’, sob a orientação de Wolfgang Zerer (órgão) e Menno van Delft (cravo). Ao longo do seu percurso académico participou em vários cursos de aperfeiçoamento com, entre outros, Louis Robilliard, Ton Koopman, Michel Bouvard, Andrés Cea Galán, Leo van Doeselaar, Arvid Gast. O seu interesse ativo em acompanhamento e na arte do Baixo Contínuo leva-o a colaborar frequentemente com diversos agrupamentos musicais, como La Sfera Armoniosa, Orquestra XXI, etc…. Neste âmbito, seguiu projectos sob a direcção de músicos tais como: Jos van Veldhoven, Mike Fentross, Charles Toet. Como solista e músico de ensemble tocou concertos em Portugal, Holanda, Espanha, França, e Alemanha. Em junho de 2023 venceu o terceiro prémio do concurso de órgão Schnitger, em Alkmaar. Em outubro de 2023 venceu com o Ensemble dall’acqua, um quarteto de música antiga, com 3 colegas do Conservatório de Amesterdão, o primeiro prémio no Förder Preis Alte Musik, em Saarbrücken. Atualmente é organista na Onze Lieve Vrouw van de Rozenkrans (Obrechtkerk) em Amsterdão, bem como organista assistente na Nicolaas Basiliek, na mesma cidade.


ANTÓNIO PEDROSA Órgão PROGRAMA Espanholetas de 1º tom - Anónimo, do Libro de Cyfra da Biblioteca do Porto Obra de 6º tom - Anónimo - Manuscrito M964 da Biblioteca Pública de Braga (ca.1699) Partita sopra la Aria della Folia da Espagna - Bernardo Pasquini (1637-1710) (Manuscrito M964 da Biblioteca Pública de Braga) Meio registo de 2º Tom de dois tiples e dois contrabaixos - Anónimo (Pedro de Araújo? (c.1640-c.1710)) (Manuscrito M964 da Biblioteca Pública de Braga) Obra de 5º Tom - Fr. Carlos de S.Joseph (? Séc. XVII/XVIII) - Livro de obras de órgão de Frei Roque da Conceição, 1695, Biblioteca Municipal do Porto Sonata- Andante K.87 - Domenico Scarlatti (1685-1757) Sonata K.92 - Domenico Scarlatti (1685-1757) Sonata K.208 - Domenico Scarlatti (1685-1757) Tocatta 2º - (sem indicação) - Adagio - Allegro Assai - José António Carlos de Seixas (1704-1742) Tocata 33º- Andante, Fuga Fuga 6ª, sobre Sacris Solemniis - José Lidón (1748-1827)

O período de 1620 a 1830 foi uma época particularmente rica para a música de órgão em Portugal. O século XVII viu florescer em toda a Europa várias escolas de organistas, os quais fomentaram o desenvolvimento de tendências musicais particulares à sua região e tradição, originando mais tarde os chamados ‘estilos nacionais’. De facto, as décadas de 1620/30 trouxeram um verdadeiro despontar de marcos na história da música de tecla: Flores de Música, Manuel Rodrigues Coelho, Lisboa, 1620; Facultad Organica, Francisco Correa de Araúxo, Alcaná, 1626; Tabulatura Nova, Samuel Scheidt, Hamburgo, 1624; Hymnes de l’Église, Jean Titelouze, Paris, 1623, Fiori Musicali, Girolamo Frescobaldi, Veneza, 1635; etc… Podemos verificar facilmente que este reportório circulava livremente alémfronteiras, inclusive em Portugal e vizinha Espanha, ao observar a presença de música estrangeira em fontes nacionais, e com certeza ao observar a riqueza e ecleticidade de algumas colecções musicais tal como a biblioteca musical do rei D.João IV.


Assim sendo, não é surpreendente a proximidade cultural da música de órgão em Portugal e Espanha, uma certa cultura ‘Hispânica’, com diferenças regionais que se foram intensificando em direcção aos séculos XVIII e XIX. As obras dos 3 manuscritos de música de órgão do norte de Portugal, o Livro de Frei Roque da Conceição, o Libro de Cyfra, ambos na Biblioteca do Porto, e o Manuscrito 964, na Biblioteca de Braga, demonstram claramente esta ‘variedade na unidade’. Entre as 5 obras incluídas neste programa há uma clara distinção entre dois grupos: formas de dança, baseadas em ostinatos, padrões rítmicos e harmónicos que se repetem esquematicamente, favorecendo a transparência de textura: as Espanholetas anónimas, e a Partita sopra la Aria della Folia, de Pasquini; formas contrapontísticas, imitativas, herdeiras do Tento, Ricercare, ou Fantasia, do séc.XVI e XVII, por sua vez herdeiros da polifonia vocal. No entanto, os estilos misturam-se sem qualquer conflito musical, as Obras e Tentos de Meio Registo são elas próprias impregnadas de elementos rítmicos e melódicos que denunciam um sabor mais ‘moderno’, e influência italiana, ou mesmo de algumas tradições musicais em Espanha. É precisamente nessa direcção que o percurso da música de tecla em Portugal seguirá no séc.XVIII. Domenico Scarlatti viveu em Lisboa de 1719 a 1727, onde foi professor de cravo da princesa Maria Bárbara. Para além de ter sido uma figura importante na vida musical oitocentista em Portugal, a sua música reflete exemplarmente o gosto galante e ‘italianizado’ em voga na época. Com efeito, este estilo Barroco tardio veio derrotar as formas típicas das escolas ‘organísticas’, as Sonatas destronaram os Tentos. É notável como uma Fuga tal como a de Carlos Seixas é muito mais orientada sobre harmonia vertical, isto é, sobre um esqueleto harmónico que determina o seguimento e contorno melódico das vozes, em contraste com a abordagem mais horizontal e linear da música mais contrapontística das décadas que haviam passado. As Fugas sobre cantus firmus de José Lidón são exemplos particularmente felizes de uma conciliação entre o estilo ‘post-Scarlattiano’ e o ‘contraponto aprendido’. Nestas Lidón combina de uma maneira hábil sons operáticos, dramáticos e teatrais, com riqueza harmónica e de textura. A Fuga sobre Sacris Solemniis consegue por estes meios criar uma trama dramática de enorme carácter, resultando numa obra de muita intensidade.


“MON CHIEN

ET LA LUNE” Trovas e Histórias Infantis de Francisco de Lacerda 06 fev _ 21h00 Igreja do Colégio dos Jesuítas Ponta Delgada 08 fev _ 21h00 Teatro Faialense Horta


JOANA RESENDE Premiada pela Fundação Eng. António de Almeida, concluiu a Licenciatura na ESMAE (Porto) com Jaime Mota. Na Hochschule für Musik und Theater de Leipzig, estudou com Gerald Fauth e Karl-Peter Kammerlander. Em 2009 concluiu o Mestrado em Performance na Universidade de Aveiro, trabalhando com Fausto Neves e apresentado papers / conferências por Portugal, Reino Unido, França e Brasil. Detentora do Mestrada em Ensino da Música pela mesma instituição em 2011, criou em 2015 ao seu Projecto pedagógico, MUSICOLORUM. Dedica parte especial do seu tempo ao acompanhamento de Lied, incluindo masterclasses com Hartmut Höll, Dietrich Fischer Dieskau, Graham Johnson, Dalton Baldwin, Malcolm Martineau, Jeff Cohen, Robin Bowman, Wolfgang Holzmair, Julius Drake, Robert Höll, Elly Ameling, Wolfram Rieger, incluindo Oxford Lieder Festival, Conservatori Liceu (Barcelona) e Internationaal Lied Zeist (Utrecht). Acarinha também a divulgação da Música Portuguesa, com obras dedicadas e/ou estreadas de Fernando Corrêa de Oliveira, Sérgio Azevedo, Rui Soares da Costa, Eduardo Patriarca, Francisco Monteiro, Berta Alves de Sousa, Mário R. Alves ou Fernando Lopes-Graça. Gravou para a Rádio/TV Antena2 e lançou em 2017, com Ana Maria Pinto, o CD Anterianas (Luís de Freitas Branco, Antero de Quental e Franz Schubert). Tem-se apresentado em concerto por Portugal (incluindo Açores), Alemanha, França, Reino Unido, Luxemburgo, Bélgica, Holanda e República Checa.


INÊS FLORES-BRASIL Inês Flores-Brasil concluiu a sua Licenciatura em Canto na ESMAE (Porto) na classe de Rui Taveira. De seguida, é na Haute Ecole de Musique de Genève que obtém um Mestrado em interpretação musical na classe de Maria Diaconu. Durante o seu percurso aperfeiçoou-se com Susan Waters, Sara Braga Simões, Pierre Mak e Rachel Bersier e especificamente no reportório contemporâneo com Luisa Castellani e Donatienne Michel-Dansac. Como solista e em ensemble vocal, Inês produziu-se em diversos festivais e produções passando por Portugal (continente e ilhas), Espanha, Inglaterra, Holanda, Croácia, França, Alemanha, Brasil e Suíça. No registo operático, ela tem já diversos papéis entre os quais podemos citar Pamina (Die Zauberflöte – Mozart), Dido (Dido & Eneias – Purcell), Venus (Orphée aux enfers – Offenbach) e Kristen na obra contemporânea Fernando de Rui Paiva. No reportório de concerto, as interpretações das Gurre-Lieder e o Pierrot Lunaire de Schönberg são de destacar tal como o reportório sacro de Zelenka e as missas de Mozart. Inês faz parte de diversos projectos de música de câmara como o Dualités Réminiscentes, as Trovadeiras assim como o Duo Borghetta de Canto e Piano com o pianista Mathis Calzetta. Inês tem uma afeição especial pelo reportório do século XX aos nossos dias, sendo frequentemente contactada para interpretar e estrear obras de diversos compositores, e tem também um compromisso artístico para com o reportório lusófono.

JORGE LUÍS CASTRO Nascido no Porto e com origens no Douro e no Minho, desde cedo se cativou pelos encantos da poesia, do teatro e da música. Após concluir o 8º grau de Piano e 5º grau de cravo no Conservatório de Música do Porto, ingressou na licenciatura em Estudos Vocais na Guildhall School of Music and Drama em Londres tendo estudado um ano no Conservatorium van Amsterdam. Fez também uma pós-graduação em Canto Barroco na ESMAE e o Mestrado em Ensino da Música na variante Canto, tendo-se especializado na áreas do Currículo e da inclusão social através das práticas de canto e coro. Na ópera estreou-se profissionalmente aos 19 anos no papel de Maestro Spinelocchio em Gianni Schicchi de Puccini com a companhia ÓperaNorte no Coliseu do Porto. Desde então, tem participado recorrentemente em recitais e produções de Ópera e Oratória em Portugal, Espanha, Reino Unido e Holanda. Como performer, encenador e compositor, criou e produziu, em parceria com a escultora e figurinista Marta Arcanjo o recital de Ópera de Instalação “Adamastor” no V Festival de Música Antiga na Casa Allen. Em 2023 criou o espectáculo “Chama-se a isto sonhar.” no Laboratório de Música em Cena do Quarteto Contratempus. É também director artístico do ensemble Estórias, Trovar o Povo, do núcleo de criação artística Aurum et Purpura e do Coro da Sala de Ensaios do Teatro de Ferro.


“MON CHIEN ET LA LUNE” Inês Flores-Brasil - soprano Jorge Luís Castro - barítono Joana Resende - piano

PROGRAMA Francisco de Lacerda (1869-1934) Les Oiseaux qui s’en vont pour toujours Ando triste como a noite O amor é como a sombra Ó minha alma tão ferida Le canard qui a mangé des Grenouilles La levrette russe Se eu soubesse que voando Mon chien et la lune A mulher do meu vizinho Não te rias de quem chora Pour endormir le dragon rouge De tantas dores sem razão Meu amor, quando morreres Oraison dominicale des Castors Quem tiver filhos pequenos Nem de chorar sou senhora Quando tu abres os olhos Tenho tantas saudades

“Mon Chien et la Lune” é um recital de canto, poesia e piano dedicado unicamente a autores Açoreanos do século XIX e XX. Um recital semi-encenado que une o universo passional e trágico das Trovas de Francisco de Lacerda com as suas Trente-six histoires pour amuser les enfants d’un artiste - obras pictóricas de carácter impressionista que descrevem o universo e o imaginário infantil tecendo uma narrativa introspectiva de viagem à infância perdida.


PROJETO 4.1

Quarteto de Clarinetes 09 fev _ 21h00 Auditório do Conservatório Regional de Ponta Delgada

10 fev _ 20h30 Auditório do Museu dos Baleeiros Pico


ANDRÉ SILVA André Silva (Trofa, 1988) é diplomado pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, pela Universidade Católica Portuguesa e pela Royal Danish Academy of Music, na Dinamarca. Com diferentes valências, André trabalhou com inúmeras formações de câmara, destacando-se o Vindtro Quintett (2020-22), com o qual ganhou o Nordic Wind Chamber Music Competition. Foi principal reforço da Danish National Symphony Orchestra, tendo colaborado com mais de uma dezena de orquestras ao longo da sua carreira. André Silva é membro da Banda Sinfónica Portuguesa e professor no Centro de Cultura Musical em Santo Tirso.

BRUNO SILVA Bruno Silva (Covilhã, 1986) é diplomado pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo tendo prosseguido estudos na Universidade de Évora. Após ser laureado no 14th International Clarinet Competition “Saverio Mercadante” em Itália, Bruno apresenta-se regularmente a solo, no âmbito de festivais de clarinete. Com uma forte vertente pedagógica na Escola Profissional de Artes da Covilhã e no Conservatório Regional da Covilhã, Bruno orienta regularmente masterclasses, apresentando-se igualmente em recital. Bruno Silva é D’Addario Artist e membro da Banda Sinfónica Portuguesa.


HORÁCIO FERREIRA Horácio Ferreira (Santa Comba Dão, 1988) atua regularmente como solista e integrado em diversos projetos de música de câmara. Diplomado pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, prosseguiu estudos na Escuela Superior de Música Reina Sofia, em Madrid e na Universidade de Aveiro. Apresentou-se a solo com mais de duas dezenas de orquestras e como “Rising Star” da European Concert Hall Organization, apresentou-se em concerto nas mais prestigiadas salas de espetáculos europeias. É membro da Banda Sinfónica Portuguesa, do Art’Ventus Quintet e do ensemble ars ad hoc. Horácio Ferreira é artista da marca Vandoren e desde 2018 tornou-se assessor artístico do Festival Internacional de Música de Marvão – FIMM.

JOÃO RAMOS João Ramos (Viana do Castelo, 1984) é um ativo clarinetista tanto a nível pedagógico como em diversos projetos de orquestra e de música de câmara. Diplomado pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, foi laureado no Prémio Jovens Músicos sendo atualmente membro da Orquestra Con Spirito e da Banda Sinfónica Portuguesa. Paralelamente desenvolve atividade pedagógica na ARTEAM – Escola Profissional Artística do Alto Minho e na AMCC – Academia Música Costa Cabral. João Ramos é apoiado pela marca D’addario.

PROJETO 4.1 André Silva Bruno Silva Horácio Ferreira João Ramos


PROGRAMA Luís de Carvalho (1974) QUARTETO I Prelúdio II Lamento III Finale Hélder Bettencourt (1973) A COR DA FOLHA Jean-Michel Defaye (1932) SIX PIÈCES D’AUDITION Pierre Max Dubois QUATUOR FOR 4 CLARINETS I. Allegretto II. Allegro III.Pastorale IV. Musette

O Projeto 4.1 junta quatro destacados clarinetistas portugueses com o propósito de divulgar a música erudita e o clarinete em geral. Com múltiplas possibilidades de formação desde o duo, trio, quarteto ou grande ensemble, este projeto propõe também a música de câmara como objeto de formação de jovens músicos mas também na criação de laços com os diferentes públicos, divulgando a música escrita para o clarinete com especial enfoque, nesta fase, para uma ponte entre a música portuguesa e a música francesa escrita para quarteto de clarinetes. Com percursos diferentes na música e no clarinete, os quatro elementos fundadores do projeto, André Silva, Bruno Silva, Horácio ferreira e João Ramos, juntam diferentes valências numa iniciativa que servirá toda a comunidade artística. Neste concerto propomo-nos a uma ligação entre Portugal e França através dos compositores Luís de Carvalho, Hélder Bettencourt, Jean-Michel Defaye e Pierre Max Dubois. Semelhanças e diferenças estéticas serão evidentes neste momento musical com a certeza que a música terá como protagonista o clarinete e todas as possibilidades tímbricas que o caracterizam.


KODA

“Um olhar sobre o passado pela lente do presente” 10 fev _ 21h00 Igreja do Colégio dos Jesuítas Ponta Delgada 11 fev _ 18h00 Museu da Horta


KODA O projeto KODA nasce em 2020 de uma enorme paixão pela música de câmara. Os músicos David Bento e Gabriela Peres apresentam recitais dedicados à música para violino e violoncelo, uma formação que promove um diálogo e expande os limites destes dois instrumentos. Na formação de duo, KODA contribui também anualmente para a expansão do repertório para violino e violoncelo encomendando e estreando regularmente novas criações de compositores contemporâneos. Nos seus três anos de existência contam com várias participações em festivais de relevo no panorama nacional. Promovendo o potencial da música de câmara a dois, e elevando as possibilidades harmónicas e melódicas de oito cordas.

DAVID BENTO David Bento conta-se entre os violinistas portugueses mais activos da sua geração, e tem atuado regularmente em recital e a solo com orquestra, tanto na sua terra natal como no estrangeiro. Como entusiasta apaixonado de música de câmara apresenta-se regularmente em festivais internacionais de destaque tais como Stockholm Kammermusik Festival, ProMusica Carynthia, Attergau Kulturtage, Styriarte Festival, Steirische Kammermusikfestival, Marvão International Music Festival entre outros. Colabora com músicos proeminentes e músicos jovens, tais como Tero Latvala, Varoujan Bartikian, Alexander Zemtsov, Franz Bartholomey, Eszter Haffner, Jevgēnijs Čepoveckis, Markus Schirmer, Boris Kuschnir. Nos últimos anos tem vindo a apresentar-se em alguns dos mais prestigiados salões internacionais, tais como, Salzburg Festspielhaus, Paris Philarmonie, Palau de la Musica em Barcelona, Wien Musikverein,


Mozarteum Salzburg e Graz Musikverein. Desde dezembro de 2021 é membro da Orquestra XXI e desde 2022 do Oberton String Octet, um grupo de música de câmara composto por 8 instrumentistas de 8 nacionalidades diferentes, que desenvolve uma atividade bastante prolífica em toda a Europa central, maioritariamente em performance, mas também em projetos educativos. Nascido em 1998 em Coimbra, Portugal. David recebeu as suas primeiras lições de violino aos seis anos de idade. Em 2020 obteve o seu Bacharelato com a maior distinção na ESART em Castelo Branco, ao que se seguiu a admissão para o programa de Mestre em Performance na Kunstuniversität Graz com os mestres Eszter Haffner e Giovanni Guzzo. Atualmente reside na Áustria onde desenvolve a sua carreira.

GABRIELA PERES Descrita pelo violoncelista Jed Barahal como sendo uma “altamente promissora e talentosa violoncelista”, Gabriela Peres, 22 anos, natural de Oliveira do Hospital, começou os seus estudos musicais na instituição local Ohphicina das Artes, ingressando mais tarde na Art’J onde terminou o seu percurso com um prémio de mérito e com uma bolsa de mérito excecional da câmara municipal de Oliveira do Hospital. Aos 16 anos realizou a sua estreia a solo com a Orquestra Sinfónica Art’J no Europarque. Tendo realizado um programa de Erasmus no Conservatório Real de Haia (Holanda) integrada na classe de Larissa Groeneveld e completado a sua licenciatura em violoncelo na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo na classe de Jed Barahal com máxima classificação, encontra-se atualmente a realizar o seu mestrado em performance na Universität für Musik und darstellende Kunst Graz na classe do violoncelista Johannes Krebs. Frequentou masterclasses com Daniel Grosgurin, Frans Helmerson, István Vardai, Jed Barahal, Larissa Groeneveld, Mikhail Nemtsov, Olaf Reimers, Paulo Gaio Lima, Varoujan Bartikian, Kyril Zlotnikov, Marko Ylönen, Pieter Wispelwey, Marc Coppey, Shunske Sato, OsirisTrio, RusQuartet, Diotima Quartet, Kuss Quartet, entre outros. Ganhou lugar de Academista na Orquestra Académica Filarmónica Portuguesa em 2020. É violoncelista na Orquestra XXI desde 2023. É membro fundador do Quarteto Cibele, sediado no Porto, que conta com inúmeros concertos em Portugal, Bélgica, França, Holanda e Itália. Destaca-se a participação do grupo no Orlando Festival 2021; International residency program for string quartets 2022, Itália; Quatour Diotima Residency for string quartet 2023 em França ; Festival Milano Musica 2023 em Itália. É membro da organização Live Music Now Yehudi Menuhin Steiermark desde 2023. Recentemente participou no Kammarmusikfestival em Estocolmo, recebeu o segundo prémio do Concurso Nacional de Cordas Vasco Barbosa e o primeiro prémio no Concurso Internacional de Música Paços Premium.


KODA David Bento - Violino e Direção Artística Gabriela Peres - Violoncelo Pedro Santos - Moderação PROGRAMA Pedro M. Santos (1976- ) - Impressões Bucólicas “Miniaturas sobre temas tradicionais portugueses” (2021/23) I. Scherzo II. Clamor III. A adormecida IV. Recordação V. Cantiga de romaria (variações sobre Senhora da Póvoa) VI. Oh, almas que estais dormindo VII. Noite de Natal VIII. Dança do fogo IX. Bailarico Zoltán Kodály (1882-1967)- Duo Op. 7 (1914) I. Allegro serioso, non troppo II. Adagio - Andante - Tempo I III. Maestoso e largamente ma non troppo lento - Presto

O concerto inicia-se com a obra de Pedro M. Santos dedicada ao duo KODA, um ciclo de Miniaturas sobre temas do Cancioneiro Tradicional iniciado em 2021 e expandido em 2023 no âmbito do Festival Além-Mar. Este programa está estruturado de forma a apresentar a influência da música tradicional na composição erudita. A segunda parte do concerto será dedicada ao Duo para violino e violoncelo do compositor húngaro Zoltán Kodály, um dos compositores que foi um dos principais protetores da música tradicional e da tradição folclórica. Escrito em 1914, numa altura particularmente difícil da história da Hungria, este emocionante e virtuosíssimo Duo representa toda a genuína liberdade do folclore húngaro. Os elementos e expressões idiomáticas populares abundam - por exemplo, a utilização de escalas de cinco tons e de escalas modais primitivas, mudanças abruptas de humor, ornamentação extravagante e longas passagens rapsódicas como se os dois instrumentos contassem uma história ou dissessem a um poema. O ouvinte poderá imaginar-se na praça de uma aldeia húngara, numa noite de verão, a ouvir o violinista e o violoncelista locais a improvisar.


QUARTETO CIBELE

“Ida e Volta”

16 fev _ 19h00 Casa Manuel de Arriaga Horta 17 fev _ 20h30 Museu das Flores 18 fev _ 18h00 Igreja do Colégio dos Jesuítas Ponta Delgada


QUARTETO CIBELE O Quarteto Cibele foi fundado em 2019 na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto (ESMAE). Este é formado pelas violinistas Catarina Barbosa e Inês Prado Costa, violetista Joana Silva e violoncelista Gabriela Peres. Desde o início da sua formação o Quarteto Cibele tem apostado em masterclasses , workshops e festivais internacionais com grandes personalidades do panorama musical, tendo-se apresentado em concertos em Portugal, Bélgica, Países Baixos, Itália e França. Em 2021 o Quarteto foi selecionado para participar no “Orlando European Summer Course for Chamber Music” ‘em Kerkrade, Países Baixos, onde tiveram o privilégio de ter Masterclasses com Shunske Sato, Peter Brunt, Henk Guittart, Anna Yanchishina, Peter Karetnikov, Xenia Gamaris, Larissa Groeneveld, Michael Gees e Mikhail Nemtsov. Já em 2022 participaram na “International Residency for young string quartets” organizado pela “Casa del Quartetto” em Reggio Emilia, Itália, onde estrearam “Sedimenti” de Giulia Lorusso e “Parsifal Vorspiel” de Luca Antignani. Aqui foram orientadas pelos ilustres quartetos “Kuss” e “Diotima”, tendo posteriormente sido convidadas por este último a fazer parte da “Diotima Academy” que teve lugar na Cité Musical de Metz, França, tendo estreado a obra “Streichquartett” de Johannes Burgert. Também neste ano tocaram no concerto inaugural do “Festival Milano Musica 2023” em Milão, Itália.


QUARTETO CIBELE Catarina Barbosa - Violino Inês Costa - Violino Joana Silva - Viola Gabriela Peres - Violoncelo PROGRAMA Gerson de Sousa Batista (1988 - ) Restauradas (2022) Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791) Quarteto de Cordas nº14 “Primavera” em sol maior, K. 387 (1782) I. Allegro vivace assai II. Menuetto III. Andante cantabile IV. Molto allegro Maurice Ravel (1875 – 1937) Quarteto de Cordas em fá maior (1903) I. Allegro moderato – très doux II. Assez vif – très rythmé III. Très lent IV. Vif et agité

Este concerto representa um trajeto entre o passado e o presente, fazendo o ouvinte colocar o tempo em perspetiva através de paisagens sonoras variadas. A primeira obra a ser interpretada é “Restauradas” de Gerson Batista, composta em 2022. É uma ode ao presente, a que o passado nos trouxe, que se desenrola através de um diálogo simbiótico entre elementos de diferentes épocas, que procuram transcender o tempo. Voltando ao passado, segue-se o Quarteto de cordas n.14 em Sol Maior K.387 de W. A. Mozart, entitulado de “Primavera”. Foi composto em 1782 em Viena e é um dos quartetos dedicados a Joseph Haydn, compositor considerado o “pai dos quartetos de cordas”. Terminamos este trajeto com o Quarteto de Cordas em fá maior de Maurice Ravel, composto em 1902 dedicado a Gabriel Fauré. Esta obra é caracterizada pelo uso de efeitos tímbricos e rítmicos ricos que culminam numa narrativa musical contrapontística complexa.


FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA Direção Artística João Francisco Távora Direção Executiva Aurum et Purpura - Núcleo de Criação Artístico Comunicação e Apoio à Produção Silvia Cortini Design Alexandre Laranjeira | Museu Carlos Machado

ORGANIZAÇÃO

PARCEIRO



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