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Nº 7 _ Julho 2010

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Fábrica do Outão em 2010

Uma Homenagem ao Passado, a Olhar Sobre o Futuro 80 Anos Secil

Fábrica do Outão nos anos 70

Valorização do Capital Humano Pág. 5 Desempenho Sustentável Pág. 11

Inovação, Tecnologia e Investigação Pág. 15

75 Anos de Responsabilidade


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editorial

80 Anos Secil

Homenagear o Passado com um Olhar Sobre o Futuro

A constituição da Secil – Companhia Geral de Cal e Cimento em 18 de Junho de 1930 deu forma jurídica definitiva a uma actividade industrial que já decorria na zona do Outão desde pelo menos 1904. Antes ainda, regista-se a exploração no mesmo local de pedreiras de calcário desde meados do Sec. XVIII, com existência de carregamentos marítimos de pedra destinada à reconstrução da Baixa Pombalina, para além da utilizada na reconstrução da cidade de Setúbal, que também foi seriamente afectada pelo terramoto de 1755. A fundação da Empresa, nos termos em que foi efectuada, entre empresários nacionais e empresas dinamarquesas que então construíam o Porto de Setúbal, foi um acto de confiança no futuro, uma vez que estes empreendedores anteviram o enorme potencial geológico e logístico que aquela localização encerrava, compreendendo a necessidade de produção nacional de um bem essencial ao conforto, segurança e património das populações – o cimento Portland – cujo consumo era, em 1930, de apenas 17 kg por habitante e que atingiu o seu máximo histórico de 1101 kg no ano de 2001. Desde essa já longínqua década de 30 do século passado até hoje, a actividade quotidiana da Secil tem sido preparar o futuro dos seus clientes, trabalhadores e da própria Empresa, garantindo a viabilidade da produção de um bem primário de elevada qualidade que perdure no tempo.

A história da Secil, é, assim, uma história de antecipação e preparação do futuro, investindo regularmente em novos fornos, formando gerações de trabalhadores, inovando na produção e comercialização de cimento e de clínquer – o produto de base que dá origem ao cimento – actuando com acrescida e sistemática responsabilidade social e estando na vanguarda da responsabilidade ambiental. Esta história é, também, a história de gerações e gerações de setubalenses e demais portugueses, que contribuíram com o seu engenho e o seu esforço para o crescimento e consolidação da Empresa, emprestandolhe o seu rosto e a sua alma, tecendo laços com a cidade e com a região.

Vista geral da fábrica Secil Outão

A relação da Secil com a Comunidade envolvente é longa e frutífera para ambas as partes, uma vez que a Empresa sempre beneficiou de paz social e elevada produtividade e a região angariou vantagens através de doações da Empresa a instituições hospitalares, aquisição de ambulâncias, construção da adução de água à zona do Hospital do Outão e da Praia da Figueirinha, apoio à construção do Estádio do Vitória Futebol Clube e patrocínio à sua equipa principal de futebol; mais recentemente, tem sido uma constante o apoio financeiro expressivo ao movimento associativo Setuba-lense e a iniciativas autárquicas de ordem cultural, social e ambiental. Ao longo destas décadas, a Secil contribuiu para centenas de projectos da comunidade Setubalense,


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alguns dos quais são marcas indeléveis no património do concelho, seja no Museu do Trabalho, em vários monumentos dispersos pela cidade, em instalações de Juntas de Freguesia ou em eventos culturais e desportivos regulares. A envolvente ambiental tem sido um factor permanente de enquadramento global da actividade fabril, sobretudo a partir da criação do Parque Natural da Arrábida em 1976. Desde os anos 80, a Secil tem levado a cabo um vasto plano de recuperação paisagística das pedreiras, que minimiza o impacto ambiental e visual da pedreira da Serra da Arrábida, através da reflorestação dos patamares explorados em simultâneo com a exploração de inertes, indispensável ao funcionamento da fábrica, evitando a habitual prática de recuperar as pedreiras apenas no final da exploração. Ao fim de 30 anos de aplicação desta inovadora metodologia, são já visíveis na serra os efeitos das acções empreendidas que levaram à colocação de cerca de um milhão de plantas autóctones da Arrábida criadas em viveiros próprios da Empresa.

Nos últimos anos, a Secil tem vindo a colocar em prática um Plano Ambiental de Recuperação Paisagística que engloba não apenas a componente de recuperação visual, mas também a recomposição de todo o ecossistema, estudando e valorizando as componentes flora e fauna de forma integrada. Ambientalmente, tem vindo a ser prosseguido um caminho consistente de aumento da eficiência energética da fábrica, consumindo menos combustíveis fósseis, incrementando o uso de combustíveis alternativos como a biomassa animal e vegetal, os pneus e CDR – Combustível Derivado de Resíduos, ao mesmo tempo que o duplo sistema de filtros de mangas e electrofiltro permitiu reduzir a níveis mínimos a emissão de partículas e outros poluentes nas chaminés. Em virtude da longa experiência na operação da maquinaria fabril, do perfeito domínio da tecnologia fabril e dos elevados investimentos efectuados em sistemas de controlo e medição das emissões, a Secil tem um enorme conhecimento acumulado sobre o processo de fabrico, as emissões dele resultantes e o impacto dessas emissões no ambiente, uma vez que efectua medições contínuas e pontuais de diversos poluentes, assegurando que todos eles se encontram

muito abaixo do limite legal estabelecido. Além disso, analisa o risco residual dessas baixas emissões, estuda a sua dispersão na região, mantém uma rede de estações de qualidade do ar e monitoriza os solos e os liquenes em dioxinas e metais pesados.Tudo isto lhe permite assegurar que os impactos negativos na região são mínimos, não havendo influências negativas da laboração da Fábrica a nível ecológico ou humano. O vasto conhecimento acumulado, em décadas de laboração, o excelente nível de formação dos colaboradores e responsáveis técnicos da Secil, as inúmeras parcerias estabelecidas com instituições de ensino superior e os elevados montantes investidos em tecnologia permitem assegurar que o desempenho ambiental da Secil se situa não só dentro de todos os parâmetros legalmente exigíveis como também melhor classificado do que a média do sector cimenteiro mundial. Herdeira desta tradição de conhecimento, tecnologia e responsabilidade, a Secil concebeu um caminho de futuro baseado na inovação dos seus processos produtivos e dos seus produtos, garantindo a sustentabilidade da sua actuação, a formação de capital humano de excelência e promovendo uma estreita ligação à comunidade envolvente às suas Fábricas.

É esta realidade que todos convidamos a conhecer melhor na Semana de Portas Abertas de 2010: homenagear um passado pleno de tradição de bem fazer e descobrir rumos de um futuro promissor e responsável.

Nuno Maia Silva Director de Comunicação Institucional Secil - Companhia Geral de Cal e Cimento, SA

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OUTRAS FÁBRICAS Para além da presença da Secil no Outão, a história não ficaria completa sem uma referência às suas fábricas ao longo do tempo. Em resposta ao desenvolvimento de Angola, na altura território português, surgiu, em 1957, a primeira unidade fabril no exterior, a Companhia de Cimento Secil do Ultramar. No entanto, na década de 70, quando da nacionalização do sector cimenteiro, a empresa acabaria por perder o seu controlo.

Somente nos anos 90 e após a Secil passar a ser uma empresa de capital inteiramente privado é que a sua expansão ocorre. Nessa altura, adquire a CMP – Cimentos Maceira e Pataias, S.A., passando a ser detentora das fábricas Maceira-Liz e Cibra Pataias, ambas na região de Leiria.

Vista aérea da fábrica SecilUltramar, inaugurada perto de Luanda, no final dos anos 50.

Na última década, a Secil reinicia a sua estratégia de internacionalização, possuindo, actualmente, fábricas na Tunísia (Gabés), Angola (Lobito) e Líbano (Beirute).


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80 Anos de Crescimento: Valorização do Capital Humano, Sustentabilidade e Inovação Uma localização singular, com possibilidade de expedição por mar e terra, próxima de Setúbal e junto ao rio Sado, e a riqueza do filão de calcários e margas foram argumentos mais que suficientes para que, em 1904, nascesse, na serra da Arrábida, num local onde já existia exploração de materiais desde o século XVIII, uma fábrica de cimento. Do resultado da fusão de duas empresas que operavam na região nasceu, em 1930, a Secil - Companhia Geral de Cal e Cimento, que comemora este ano o seu 80º aniversário. Ao longo de várias décadas muitas foram as transformações. As inevitáveis mudanças tecnológicas, o despertar de uma preocupação ambiental, na qual a Secil foi pioneira, e o investimento em responsabilidade social, têm sido as principais apostas desta empresa.

Evolução da Fábrica Secil Outão de 1930 a 2010


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Valorização do Capital Humano Numa fábrica em que já passaram várias gerações de trabalhadores, que chegou a ter cerca de 200 pessoas a viver permanentemente nas suas instalações, a preocupação com a sua qualidade de vida há muito que tem tido lugar na empresa. Escolas, jardins, salão de espectáculos, com sessões semanais de cinema, posto médico, campo de futebol, ringue de patinagem, refeitórios, balneários e até mesmo uma igreja eram algumas das facilidades que a fábrica colocava ao dispor dos seus trabalhadores. Ao longo do tempo, outras condições, como a justa remuneração, a segurança, os apoios na reforma e saúde e o desenvolvimento da instrução, têm sido proporcionadas. O pagamento de feriados e domingos aos seus trabalhadores, medida inovadora no final dos anos 60; salários acima da média na indústria; uma elevada taxa de antiguidade na empresa; e a inserção de mulheres como força de trabalho, algo muito pouco usual nos anos 70, são alguns exemplos do pioneirismo das acções sociais que a Secil tem vindo a realizar. Com a inovação tecnológica, as exigências da força de trabalho foram modificadas. Passou a ser necessário trabalhadores com maior qualificação mas em menor número. Esta alteração do perfil dos recursos humanos tem sido feita, por exemplo, com o programa Trainees, um dos

Aspecto parcial do bairro da fábrica, nos anos 60

FAMÍLIA BARROS QUATRO GERAÇÕES SECIL Com quarenta e dois anos, o engenheiro João Barros, actualmente responsável pelo departamento de Combustíveis Alternativos, no Centro Técnico Corporativo (CTEC), representa a quarta geração de uma família de trabalhadores na fábrica Secil Outão. Tudo começou quando, no início do século passado, os seus bisavós saíram do Algarve para fazer umas temporadas na fábrica. Mais tarde, os seus avós, tios e pai seguiram as mesmas pisadas, acabando por ficar igualmente na empresa. Apesar de nunca ter vivido na fábrica, passou grande parte da sua infância no antigo bairro da Secil, em casa dos seus avós, tendo estudado, inclusive, na escola primária que havia dentro do complexo fabril, a mesma que os seus pais haviam frequentado. Dos tempos de meninice, recorda o ambiente familiar que existia e o espaço que havia para brincar, desde os jardins ao campo de futebol, passando pelas hortas

João Barros com o pai, José Eleutério Barros

até aos eucaliptos, que usava como baloiços. Após se ter formado em engenharia e trabalhado noutra indústria, João Barros optou por ficar na Secil Outão. Uma das maiores mudanças que identifica na fábrica é a evolução ambiental, salientando a utilização de combustíveis alternativos e o projecto de recuperação da pedreira.


VALORIZAR modos de recrutar e desenvolver jovens recém-formados com elevado potencial que queiram fazer carreira no Grupo Secil. Actualmente, a fábrica do Outão é responsável por cerca de 300 empregos directos e por mais de 3000 empregos indirectos, provenientes de outras empresas de prestações de serviços que auferem o seu salário devido à sua actividade. O peso da empresa na região não se limita apenas a emprego, dado que cerca

Refeitório da empresa, nos anos 60

de 35% do volume do porto de Setúbal advém da actividade da Secil.

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JOSÉ LUÍS BRITO, O ROSTO DA EXPERIÊNCIA

O sentimento de segurança, motivo de orgulho de muitos trabalhadores, deve-se não só à estabilidade do grupo Secil, mas também aos benefícios, regalias e clima organizacional que se verifica no Outão. O desafio permanente é garantir que estas bases se mantenham no futuro, mesmo em situações de crise.

Após 43 anos de trabalho dedicados à fábrica do Outão, o actual encarregado de realização mecânica, José Luís Germano Brito, é um dos rostos mais experientes da Secil. Ao longo deste percurso de quatro décadas assistiu à mudança do processo de fabrico de via húmida para via seca, onde participou na montagem do moinho de cru da linha 8, ainda como serralheiro, e no arranque do forno 9, já como encarregado. Durante esta alteração testemunhou a laboração de oito fornos em simultâneo. Para além do pai, que trabalhou no Outão mais de 30 anos, os tios e primos também passaram pela fábrica. Nunca chegou a viver no bairro Secil mas frequentou a sua escola primária e participou na vida social da empresa, onde, por exemplo, assistia a sessões de cinema. Com a chegada de novas máquinas, o trabalho mudou bastante, referiu José Brito, tornando-se tudo mais automatizado, o que veio facilitar os duros serviços de então. A nível ambiental explicou que, embora os cuidados de antigamente não se comparem aos de hoje, também existiram algumas acções que tentavam minimizar impactes, destacando mesmo a existência de uma equipa que cuidava dos jardins da Secil, um funcionário que varria a zona da estrada nacional para retirar o pó e a existência de filtros em alguns fornos da via húmida.


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Formação Ao reconhecer que o sucesso da sua sustentabilidade está directamente relacionado com a qualidade de desempenho dos seus trabalhadores, a Secil tem efectuado um grande investimento na formação dos seus recursos humanos. Assim, através do desenvolvimento de programas de formação, da realização de seminários e da promoção do enriquecimento académico, conseguiu-se um aumento dos níveis de desempenho, polivalência, literacia e produtividade. Como complemento à formação interna, tem sido desenvolvido, desde os anos 80, uma política activa de criação de emprego de qualidade, através do recrutamento de profissionais por intermédio de está-

gios, programas e cooperação com entidades externas. A colaboração com o Instituto de Emprego e Formação Profissional de Setúbal tem permitido encontrar colaboradores, com a vantagem de estes já terem tido a oportunidade de trabalhar nos diferentes sectores da empresa. Este é também um investimento na componente social externa, já que permite a preparação de profissionais para outras entidades.

A formação interna é uma actividade constante.

CTEC - CENTRO TÉCNICO CORPORATIVO Para prestar apoio técnico de um modo estruturado às diferentes empresas do Grupo, a Secil criou, em 2007, no Outão, o Centro Técnico Corporativo (CTEC), uma estrutura inter-fábricas que visa aplicar o que de melhor se faz nas suas unidades operacionais. Este centro possui três grandes áreas de actuação: Investimento, Desenvolvimento Industrial e Formação Técnica. Assim, o CTEC passou a assegurar a coordenação técnica e económica dos investimentos fabris, com um apoio permanente e homogéneo na avaliação de eventuais oportunidades de negócio e na definição de objectivos a atingir. Por outro lado, contribui também para a harmonização dos procedimentos internos e redução das duplicações de serviços.

O aumento da capacidade de mobilidade e polivalência dos recursos humanos da Secil e a promoção e partilha do conhecimento são os grandes objectivos da formação.

Para além de actuar internamente, mantendo os seus trabalhadores actualizados, o CTEC passou também a agir externamente, formando os seus futuros profissionais.

Seminário sobre Combustíveis Alternativos


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SECIL E HOSPITAL ORTOPÉDICO DE SANTIAGO DO OUTÃO, UMA PARCERIA QUASE SECULAR A criação de um estabelecimento hospitalar no antigo Forte do Outão, em 1900, é praticamente contemporânea do início de funcionamento, em 1904, das primeiras instalações fabris de produção de cimento que vieram a dar lugar, em 1930, à actual Secil-Companhia Geral de Cal e Cimento, SA. Ambas as instituições evoluíram significativamente ao longo de todo o século XX e início do século XXI, contribuindo decisivamente, em distintos planos naturalmente, para a melhoria das condições de vida da população da região de Setúbal. Esta evolução tem sido, em muitos aspectos, um caminho singrado conjuntamente, na medida em que por razões geográficas e históricas, ambas as organizações se têm apoiado mutuamente, nas áreas da

sua especialidade. A Secil tem podido contribuir para a melhoria das condições de funcionamento do Hospital, através da contribuição para a aquisição de equipamentos médico-hospitalares, na realização de obras nas instalações, no fornecimento de água ou no apoio ao transporte de doentes e

pessoal. O Hospital tem actuado de-Lorem ipsum dolor cisivamente no apoio técnico-sanitá-sit amet, rio e na formulação de sugestõesconsectetur adipiscing para a melhoria do ambiente e daelit. saúde pública através da sua presença, desde a primeira hora, na Comissão de Acompanhamento Ambiental da Fábrica Secil Outão.

Saúde e Segurança A evolução em termos médicos também tem sido notável. À medida que a tecnologia ia sendo alterada e as condições de trabalho melhoradas, as patologias foram decrescendo e os acidentes diminuindo.

Entre as várias medidas implementadas no Outão, como o Posto Médico da empresa, que existe praticamente desde a fundação da Secil, destacase a criação, nos anos 60, do Serviço de Prevenção e Segurança do Trabalho. Através deste organismo, que incluía os serviços de medicina e um monitor de segurança, começou a desenvolver-se e a fomentar a Higiene e Segurança do Trabalho, tal como a conhecemos hoje em dia. Na mesma década surgem assim campanhas de informação sobre segurança, realizam-se cursos de formação para socorristas, exames médicos para trabalhadores, e procede-se, pela primeira vez, ao registo de acidentes e doenças profissionais. Em 2002 foi criado um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST), cujo objectivo é

eliminar ou minimizar o risco para os trabalhadores. A fábrica do Outão foi a primeira do sector em Portugal a obter a certificação OHSAS 18001/NP 4397, já em 2005. As condições de saúde, higiene e segurança no trabalho são uma preocupação presente e futura na empresa, preservando assim o seu activo mais importante, as pessoas.


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Responsabilidade Social Antes da responsabilidade social ser uma prática generalizada, já a Secil se destacava pelos inúmeros contributos à comunidade envolvente. A aquisição de uma ambulância para o Hospital do Outão e a oferta de cimento para as obras de construção do estádio do Vitória Futebol Clube na década de 60; a construção de um pavilhão desportivo em Setúbal nos anos 80 e o patrocínio da equipa de futebol da cidade no início deste novo século foram algumas doações marcantes ao longo da história da empresa. O apoio anual a cerca de 80 associações da região, nos últimos oito anos, através da lei do mecenato, bem como o patrocínio a provas desportivas, festas locais e concertos, são outras acções praticadas pela Secil, beneficiando assim milhares de setubalenses. O conjunto de todas estas contribuições tem correspondido a mais de 250 mil euros anuais.

Cerimónia de assinatura de Protocolos de Colaboração entre a Secil e associações culturais, desportivas e de inclusão social do concelho de Setúbal.

Entre as várias iniciativas de abertura ao público, encontram-se as visitas de milhares de estudantes à fábrica do Outão, a participação, desde 2006, no projecto de sensibilização ambiental Barco Évora e a Semana de Portas Abertas, evento que a comunidade setubalense tem aderido com grande entusiasmo. Com o intuito de analisar e discutir as diferentes actividades da empresa, informando a sociedade através dos seus representantes, a Secil Outão criou, em 2003, a Comissão de Acompanhamento Ambiental (CAA). Este organismo, um dos primeiros em Portugal, visa acompanhar a performance ambiental e social da fábrica.

A Secil foi uma das primeiras empresas portuguesas a constituir voluntariamente uma Comissão de Acompanhamento Ambiental em 2003

A realização dos prémios Secil, iniciativa com quase 20 anos, complementa as iniciativas relacionadas com a comunidade. O objectivo destes galardões é desenvolver a qualidade do trabalho académico e o reconhecimento público de jovens oriundos das Escolas de Arquitectura e Engenharia Civil portuguesa assim como da qualidade de obras feitas por engenheiros e arquitectos portugueses com a utilização do cimento. Tal como tem acontecido até hoje, pretendemos continuar a aliar o crescimento económico com os apoios à comunidade.


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Desempenho Sustentável Nas próximas páginas encontra-se, representada através de gráficos, a evolução da SECIL ao longo da sua história, nomeadamente em relação à evolução da produção de cimento, das emissões de partículas e dióxido de carbono (CO2), do consumo de energia térmica e da incorporação de clínquer no seu cimento, demonstrando-se a sustentabilidade da sua actuação.

Produção de Cimento ( Toneladas )

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Ao longo de mais de um século, a produção de cimento tem aumentado de uma forma gradual, acompanhando as evoluções tecnológicas e as necessidades do mercado. No entanto, na última década tem existido um decréscimo devido ao abrandamento económico. A Secil entende que é possível manter um perfeito equilíbrio entre indústria e ambiente

Para além do aumento de produção, a evolução tecnológica também permitiu aumentar o respeito pelo ambiente, como por exemplo, através da redução das emissões atmosféricas e da diminuição de consumos.

A fábrica Secil Outão encontra-se inserida na foz do rio Sado e no Parque Natural da Arrábida.

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Redução do Consumo de Energia Térmica

( Kcal/Kg clk )

Como pode ser visto pelo gráfico, o consumo actual de energia térmica no Outão, comparativamente aos anos 70, diminuiu bastante. A principal razão para este decréscimo deve1600 se à mudança do processo de via 1500 húmida para via seca, como é refe1400 rido no tema sobre a evolução do fa1300 brico de cimento. Nas últimas duas 1200 décadas, a energia térmica necessá1100 ria para fabricar o clinquer (o principal 1000 900 800 700 600 75

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componente do cimento) tem-se mantido estavelmente abaixo da média das cimenteiras da União Europeia. O facto de, nos últimos anos, o consumo de energia térmica ter aumentado ligeiramente deve-se à ultilização de combustíveis alternativos. Mas, por outro lado, esta alteração permitiu reduzir as emissões de CO2, tal como pode ser constatado no gráfico seguinte.

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O consurmo de energia térmica diminuiu consideravelmente devido à melhor tecnologia utilizada e com a passagem do processo de fabrico de via húmida para via seca.

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Média definida para os 27 Estados da União Europeia pelo CSI - Cement Sustainable Initiative - WBCSD


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As emissões actuais de CO2, face aos valores da década de 90, diminuíram devido à aplicação das melhores técnicas disponíveis. A partir de 2005, resultado da utilização de combustíveis alternativos, foi conseguida uma nova redução das emissões de CO2. Através dessa substituição de combustíveis já se evitou a emissão de cerca de 490.000 toneladas de CO2, como está representado no próximo

gráfico. A linha debaixo representa as emissões reais e a de cima, as emissões se não fossem utilizados combustíveis alternativos.

Emissões de CO2 Evitadas 400 390

( KgCO /tdk)

380 370 360

27 kg CO /tdkl

35 kg CO /tdkl

350 340 330 320 310 300 2003

35 kg CO /tdkl 20 kg CO /tdkl 40 kg CO /tdkl

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Emissões reais

O uso de combustíveis alternativos, como a biomassa vegetal, permite reduzir as emissões de CO2.

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Emissões de combustíveis tradicionais


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Redução da Incorporação de Clínquer A diminuição da percentagem de clínquer (que liberta CO2 durante a sua produção) no cimento é outra medida que permite reduzir a emissão de poluentes. ( Percentagem média)

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77% UE 27 (WBCSD)

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A incorporação de clínquer na Secil em 2009 foi apenas de 73,4%, abaixo do objectivo de 77% definido em 2010 para a União Europeia 27 previsto pelo WBCSD.

Redução da Emissão de Partículas 200 Ampliação electrofiltro

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Ano FORNO 8

A ampliação dos electrofiltros; a preparação para a certificação para a empresa e a instalação de novos filtros nos fornos permitiram uma eliminação drástica das emissões de partículas no Outão.

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LIMITE LEGAL

A comparação com as médias europeias ao longo dos anos permite concluir que a melhoria obtida não se deve apenas à natural evolução da tecnologia e dos processos, mas também a um grande esforço e empenho da fábrica. Só assim é possível obter valores melhores que a média europeia, revelando um desempenho de excelência.


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Inovação, Tecnologia e Investigação

Ao longo dos anos, a fábrica Secil Outão tem conseguido superar de forma responsável inúmeros desafios, inovando tecnologicamente. Ao pôr em prática as melhores técnicas e metodologias, a empresa garantiu assim um elevado padrão de qualidade em todas as suas acções.

Tal como outros aspectos do funcionamento da fábrica, a evolução do sistema de tranporte de cimento a granel em auto-cisternas, foi significativa.


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VALORIZAR Evolução do Processo de Fabrico A substituição dos dois fornos verticais, instalados em 1904, por dois fornos horizontais rotativos, nos anos 30 do século passado, foi a primeira grande inovação tecnológica no processo de fabrico de cimento no Outão, o que permitiu passar de uma capacidade de produção de 10 000 para 80 000 toneladas por ano.

PROCESSO DE FABRICO DE CIMENTO O processo de fabrico de cimento é feito através da extracção dos materiais provenientes da pedreira. Em seguida, a pedra passa por um britador que a parte, de modo a ficar mais pequena e fácil de ser transportada.

A estes dois fornos seguiram-se mais cinco até aos anos 70, todos utilizando o processo de fabrico por via húmida. Assim foi aumentando sucessivamente a sua capacidade de produção, até atingir, em 1973, 1 milhão de toneladas de cimento por ano, o que a tornou, à época, na maior fábrica de cimento em Portugal. Na procura da inovação e garantia de qualidade, a Secil criou, logo nos anos 50, um laboratório que lhe permitiu realizar um estudo aprofun-

Um dos marcos da empresa no aumento da eco-eficiência do seu processo produtivo ocorreu na passagem da produção de cimento de via húmida para via seca (um processo que prescinde da prévia diluição das matérias-primas em água). Esta medida levou a que, com a entrada em funcionamento do primeiro forno de via seca, em 1978, e com o arranque de uma segunda linha de produção da mesma tecnologia, em 1984, a antiga fábrica de via húmida fosse desactivada em 1985. Esta alteração conduziu não só a uma redução drástica dos consumos de energia eléctrica e térmica mas também ao aumento da produção de cimento.

Após estas etapas é necessário moer a pedra para que fique em pó e, se for necessário, corrigir quimicamente o material. Este processo chama-se moagem de cru. Posto isto, o cru (a pedra moída) passa pela etapa da cozedura, em fornos em que a chama atinge os 2 000ºC. O material permanece cerca de 10 segundos a altas temperaturas e atinge cerca de 1 450ºC. Daqui surge uma rocha artificial, chamada clínquer, que, depois de misturada com aditivos como o gesso e outros materiais, é moída (moagem de cimento), dando assim origem aos diferentes tipos de cimento. Por fim vem a embalagem e a expedição do cimento.

dado sobre o seu produto, complementado, na década de 70, com a introdução de sistemas automáticos de controlo do processo de fabrico, que passou a assegurar as condições de exploração durante 24h por dia.

Clínquer incandescente no interior do forno

As instalações da antiga fábrica foram alvo de um projecto de requalificação visual e paisagística, finalizado em 2005, através do desmantelamento das estruturas fabris e da recuperação de toda a área. Todas estas inovações tecnológicas contribuíram para que os cimentos Secil passassem a ser certificados, estando ao nível dos padrões internacionais mais exigentes.


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Recuperação Paisagística e Biodiversidade Em 1964, ainda a fábrica principal se situava junto ao cais do Outão, surgem os primeiros estudos com vista à recuperação das pedreiras. Mais tarde, em 1982, começou a ser executado o primeiro Projecto de Recuperação Paisagística, cujo principal objectivo era recriar o coberto vegetal existente no local de exploração.

ção dos degraus da pedreira de 20 para 10 metros, o que diminui o seu impacto. No entanto, a alteração mais significativa foi a introdução do conceito de biodiversidade, que procura a recuperação de todo o ecossistema, integrando a componente fauna e flora, e não apenas o aspecto visual da paisagem. Assim, a Secil iniciou um ambicioso projecto de estudo e valorização da biodiversidade, no qual se pretende, numa primeira fase efectuar o diagnóstico das espécies exis-

tentes e das condicionantes do seu desenvolvimento e, posteriormente, a elaboração de planos de acção destinados à valorização das espécies identificadas como mais relevantes. A periódica monitorização da biodiversidade (fauna e flora), em toda a propriedade da Secil, com cerca de 400 hectares, permite, não só avaliar o trabalho efectuado, mas também orientar as acções futuras. Para o sucesso alcançado muito contribuíram as colaborações, desde 1997, com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e,

Uma das novidades deste projecto foi permitir que se procedesse à recuperação da paisagem durante a exploração e não apenas no final, permitindo a plantação dos patamares superiores enquanto se explora os inferiores. As várias dificuldades relacionadas com a recuperação, quer ao nível do solo, do declive e da vegetação, têm sido ultrapassados graças à implementação de várias técnicas de revegetação, como a hidrossementeira, o muro ecológico e o polímero (substância que permite o aumento da retenção de água). Para além destas medidas, foi criado, em 1983, um viveiro próprio com multiplicação ao ar livre e em estufas, no interior das instalações do Outão. O Plano Ambiental de Recuperação Paisagística da Fábrica Secil-Outão actualmente em curso visa reconstituir integradamente o ecossistema de fauna e flora de toda a propriedade Secil, com mais de 400ha.

Com o passar dos anos, fruto da aprendizagem adquirida, algumas correcções foram feitas, como a redu-

Reflorestação das pedreiras prossegue a bom ritmo


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a partir de 2007, com a Universidade de Évora, que têm vindo a realizar o acompanhamento científico da revegetação e da componente fauna, respectivamente. Deste modo, o nosso Plano Ambiental de Recuperação Paisagística (PARP) prevê uma recuperação ambiental que supera em muito o exigido por lei. O investimento significativo, com a colocação, desde 1982, de cerca de um milhão de plantas mediterrânicas nas suas pedreiras, fez com que a Secil fosse distinguida por inúmeros prémios e certificações.

Reconstituição do ecossistema de fauna e flora

Investigação Científica O trabalho de investigação da Secil não tem a ver com o cumprimento de todas as leis e regulamentações, o que faz de modo claro e comprovado, mas sim a possibilidade de análise sistemática e controlada de todos os parâmetros da sua actividade.

Nova estação de monitorização de qualidade do ar, a juntar às quatro já existentes, instalada com base nos valores do modelo de dispersão, o que permite a comparação entre os valores de ambos.

Para além do mais, o nosso conhecimento é discutido regularmente com vários parceiros nacionais e internacionais (ATIC2, CEMBUREAU3, CEPAE/AIP4, WBCSD5 e ECRA6, entre outros).

Avaliação de uma série de bioindicadores (especialmente líquenes), que são considerados pela comunidade científica óptimos indicadores da qualidade do ar, obtendo, deste modo, mais uma fonte de informação.

A empresa entende que o contributo da ciência e dos melhores técnicos, aliada ao cruzamento de conhecimentos, é fundamental para a tomada de decisões futuras.

Deste modo, nos últimos anos, muitas acções têm sido efectuadas. Eis alguns exemplos:

Esta linha de trabalho implica a utilização de entidades externas altamente especializadas, como laboratórios e equipas de investigação, que utilizam técnicas avançadas de análise. Isto tem permitido desenvolver um conjunto de publicações e apresentações científicas que contribuem para o avanço da ciência e do conhecimento, como a que ocorreu, em 2009, no congresso internacional organizado pela Society for Risk Analisys – Baltimore Annual Meeting1.

Medição sistemática (muito superior ao exigido por lei) de metais pesados e dioxinas e furanos, onde se comparam o uso dos diferentes tipos de combustíveis em quantidade e qualidade. Modelos de dispersão de poluentes e análise de risco das emissões para o ambiente e saúde pública.

Avaliação da percepção de risco e do stress da comunidade.

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Ver http://www.sra.org/events_2009_meeting.php. Associação Técnica da Industria do Cimento Associação Europeia de Cimento Estratégico para o Ambiente e Energia/ Associação Industrial Portuguesa 5 World Business Council for Sustainable Development 6 European Cement Research Academy


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As nossas acções, esforços e preocupações nos mais diversos âmbitos reflectem-se em várias certificações, não só em termos de produto (EN 197-1), mas também em termos de sustentabilidade e de âmbito social, nomeadamente pelo Sistema de Gestão de Qualidade (ISO 9002), Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001 e EMAS) e Sistema de Gestão de Saúde e Segurança no trabalho (OHSAS 18001).

FICHA TÉCNICA Edição SECIL-Companhia Geral de Cal e Cimento, SA Fábrica Secil-Outão 2901-864 Setúbal Tel. 212 198 100 Fax 265 234 629 E-mail comunicacao@secil.pt Site www.secil.pt Concepção gráfica DRAFTFCB Impressão CPP

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE APLICAÇÕES DE CIMENTO (CDAC)

Tiragem 45.000 exemplares

Amostras de betões coloridos e texturados no showroom do CDAC.

De modo a ter uma estrutura de apoio ao cliente e ao desenvolvimento de novos produtos cimentícios, foi criado, em 2007, o Centro de Desenvolvimento de Aplicações de Cimento (CDAC), que veio dar continuidade ao antigo Laboratório de Betões, concebido na fábrica do Outão há 20 anos. Com o nascimento do CDAC foi possível apostar no estudo e desenvolvimento do cimento enquanto material, o que permitiu o lançamento de novas soluções inovadoras e o desenvolvimento de mercados potenciais. De modo a receber arquitectos, engenheiros e estudantes universitários, que vêm à procura de soluções e respostas, o CDAC criou, no ano passado, um showroom

com diversos materiais e produtos, de onde se destacam as amostras de betão com as mais diversas tonalidades, formas, texturas e acabamentos. Mais recentemente, para promover o intercâmbio entre as nossas competências técnicas e os conhecimentos académicos e científicos existentes em diversas instituições de ensino superior, visando a inovação, foram estabelecidos vários protocolos de colaboração, nomeadamente com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), com a Universidade Nova de Lisboa (UNL), com o Instituto Superior Técnico (IST) e com a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT).

Versão digital disponível em www.secil.pt E-mail da Comissão de Acompanhamento Ambiental caa.outao@webside.pt



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