Lenços dos namorados

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Artes têxteis tradicionais e contemporâneas no bordado

Lenços dos Namorados


Os Lenços de Namorados são também designados de lenços marcados, bordados ou de amor. A tradição dos Lenços de Namorados é significativa nas localidades de Viana do Castelo, Vila Verde, Telões, Guimarães e Aboim da Nóbrega que se localizam no Minho. Eram também usados no Douro Litoral, Trás-os-Montes, Beira Alta, Estremadura, Alentejo e Açores.


Era costume ensinar às raparigas a arte de bordar para que mal entradas na adolescência começassem a preparar o enxoval. O lenço era bordado nas longas noites de serão, nos momentos livres do dia ou aquando do apastoramento do gado, pela rapariga apaixonada que ia transpondo para o lenço os sentimentos que lhe iam na alma. A rapariga usá-lo-ia ao domingo na saia ou no bolso do avental; mais tarde oferecê-lo-ia somente ao rapaz que amava como compromisso de amor e este passaria a usá-lo ao pescoço ou no bolso do casaco do fato domingueiro.


HISTÓRIA A origem dos "lenços dos namorados“ é provável que esteja nos lenços senhoris do sec. XVII - XVIII, adaptados depois pelas mulheres do povo, dando-lhe consequentemente um aspecto característico.


MATERIAL Os lenços eram na sua maioria de algodão branco, dos chamados lenços da tropa, que as raparigas adquiriam na feira e não de linho caseiro por este não permitir um trabalho muito perfeito no acto de bordar, devido às imperfeições de acabamento. Geralmente são de formato quadrado com dimensões que variam entre os 50 a 60 cm.


PONTOS UTILIZADOS O ponto de cruz parece ter sido o ponto original destes lenços e por isso a sua confecção era muito morosa, levando por vezes semanas e até mesmo meses de serões pacientes no seu fabrico. Para diminuir esse tempo começaram a utilizar-se uma variedade de pontos mais fáceis de bordar, como o "ponto pé-de-flor" ou o "ponto de cadeia" entre outros. Como consequência, a traça originalíssima dos lenços iria sofrer alterações significativas, porém o espírito com que eram confeccionados era o mesmo.



DECORAÇÃO

A decoração é depurada, sendo curiosamente baseada toda a representação num modelo geométrico onde predomina a simetria. Assim um ângulo do lenço é igual ao outro ângulo, permitindo que os outros dois sendo iguais entre si possam ser diferentes dos dois primeiros.


SIMBOLOGIA

A fidelidade está presente na representação da pomba e do cão; a ligação amorosa, na representação variada do par de namorados, na silva que significa a prisão amorosa e na chave que une os dois corações; e finalmente o acto do casamento que está presente na representação de símbolos religiosos como a cruz, o vaso, o cibório, a custódia e o candelabro.


CORES

Apesar de poderem apresentar várias cores, como o verde ou o azul, os lenços de ponto de cruz limitam-se geralmente à utilização do vermelho e do preto obtendose deste modo uma grande sobriedade.


DIZERES E QUADRAS POPULARES Nos lenços de namorados encontramos poesia na forma de quadras populares, expressando o sentir da sua dona: amor, ternura, desejo, apreço, ansiedade, entrega, sinceridade, saudade, ciúme, desgosto… Raros são os lenços que não apresentam um ou dois dizeres, onde os erros de ortografia reinam, pois lembremos que a maioria das bordadeiras não sabiam ler nem escrever, limitando-se a copiar as letras e palavras de marcadores já elaborados.


CRÉDITOS

Apresentação elaborada por Fátima Pais. Conteúdos e imagens retiradas, em 01 de Fevereiro de 2009, de: Aliança Artesanal http://www.aliancartesanal.pt/ Aboim da Nóbrega http://lencosdenamorados.no.sapo.pt/ A ervilha cor de rosa http://www.aervilhacorderosa.com/


EB2, 3 de Luísa Todi,

Fátima Pais 01 de Fevereiro de 2009


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