Revisao bibliografica infeccao relacionada

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HILDETE SANTOS PORTO

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: INFECÇÃO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAÚDE x HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

FACULDADE MÉTODO DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO (LATO SENSU) MBA GESTÃO EM SAÚDE E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

São Paulo 2015


HILDETE SANTOS PORTO

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: INFECÇÃO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAÚDE x HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

Trabalho de MBA em Gestão em saúde e controle das infecções hospitalares apresentado à Faculdade Método de São Paulo, como requisito parcial para obtenção de grau de especialista. Orientador: Prof. Me. Antonio Tadeu Fernandes e Prof. Me. Thalita Gomes do Carmo.

SÃO PAULO 2015



AGRADECIMENTOS

A Deus, Autor e Consumador da nossa fé. Por ter nos dado força, coragem e serenidade para concluir mais uma etapa em nossas vidas.

As nossas famílias pelo apoio, compreensão e carinho que dedicaram em todos os momentos de nossas vidas.

A todos os professores em especial ao Prof. Me. Antonio Tadeu Fernandes e Prof. Me. Thalita Gomes do Carmo que com paciência, dedicação e conhecimento contribuíram para mais uma formação.

A Drª Dolores Fernandez Fernandez pela atenciosa colaboração e carinho que sempre nos dispensaram.

A todas as colegas da CCIH pelo apoio e incentivo ao nosso trabalho.

A concretização deste trabalho só foi possível porque contamos com a participação direta e indireta de pessoas muito queridas e amigas, às quais nós queremos expressar nossa eterna gratidão registrando UM MUITO OBRIGADA carinhoso.


“Por mais longa que seja a caminhada, o mais importante é dar o primeiro passo”.

Vinicius de Moraes


RESUMO

A Infecção Relacionada à Assistência á Saúde são definidas como aquela adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta quando puder ser relacionada com a hospitalização ou a qualquer procedimento hospitalar. As IRAS representam um sério problema de saúde pública no Brasil e no mundo, pois resulta no agravamento das doenças, no aumento da mortalidade e no tempo de internação dos pacientes como consequência a elevação dos custos hospitalares. Instrumentos normativos reforçam o papel da higienização das mãos como ação mais importante na prevenção e controle das infecções em serviços de saúde. Este estudo trata-se de uma versão bibliográfica que tem como objetivo correlacionar as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde com a Higienização das Mãos. Em termos metodológicos o estudo consiste de pesquisa exploratória descritiva, por meio de revisão da literatura, que tem como objetivo proporcionar mais familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Como resultados e discussão os programas que enfocam a segurança no cuidado do paciente nos serviços de saúde tratam como prioridade o tema higienização das mãos, a exemplo da “Aliança Mundial para Segurança do Paciente”, iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS). As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos microrganismos, que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies contaminados. Constatamos que a higienização das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das infecções nos serviços de saúde. Por ser uma conduta individual simples e menos dispendiosa. Porém para implantar e implementar consiste uma tarefa complexa e difícil, devido a falta de adesão dos profissionais da área de saúde. Palavras chaves: Infecção Relacionada à Assistência à Saúde, Higienização das mãos, ANVISA.


ABSTRACT

The Infection Related to health care are defined as infection acquired after the patient hospitalization and manifested during hospitalization or after discharge when it can be related to the hospital or any hospital procedure. The IRAS represent a serious public health problem in Brazil and in the world because it results in worsening of disease, increased mortality and length of stay of patients result in increased hospital costs. Regulatory instruments reinforce the role of hand hygiene as the most important action in the prevention and control of infections in health care. This study deals with a bibliographic version that aims to correlate Related Infections in Healthcare with Hand Hygiene. Methodologically the study is a descriptive exploratory study, through literature review, which aims to provide more familiarity with the problem, in order to make it more explicit. The results and discussion programs that focus on safety in patient care in health services treat as a priority the theme hygiene, such as the "World Alliance for Patient Safety" initiative of the World Health Organization (WHO). Hands are the main route of transmission of microorganisms during care provided to patients, because the skin is a possible reservoir of various microorganisms, which can transfer from one surface to another through direct contact (skin to skin), or indirect, through contact with contaminated objects and surfaces. We found that hand hygiene is the single most important action for the prevention and control of infections in health services. Because it is a simpler and less expensive individual conduct. But to deploy and implement is a complex and difficult task, due to lack of acceptance of health professionals.

Key words: Related Infection in Health Care, Hand hygiene, ANVISA.


LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária CCIH- Comissão de Controle de Infecção Hospitalar CDC- Centers of Disease Control E.U.A – Estados Unidos da America HM – Higienização das Mãos IC – Infecção Comunitária IH – Infecção Hospitalar IRAS – Infecção Relacionada à Assistência à Saúde NNISS- National Nosocomial Infection Surveillance OMS- Organização Mundial de Saúde OPAS- Organização Pan-Americana de Saúde PCIH – Programa de Controle de Infecção Hospitalar SCIH – Serviço de Controle de Infecção Hospitalar VE- Vigilância Epidemiológica


SUMÁRIO

RESUMO ABSTRACT LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS

1. INTRODUÇÃO...............................................................................

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2. BREVE HISTÓRICO: IRAS E HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS................

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3. METODOLOGIA...............................................................................

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................. 19 5. CONCLUSÃO...................................................................................

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6. REFERENCIAS ..................................................................................

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1. INTRODUÇÃO

O cuidado a saúde ao longo do tempo tem evoluído com o avanço cientifico e tecnológico, contudo é constantemente desafiado pelas Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) tradicionalmente chamada de Infecção hospitalar (IH) que representa um sério problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Pois resulta no agravamento das doenças, no aumento da mortalidade e no tempo de internação dos pacientes como consequência a elevação dos custos hospitalares. Fernandes et al, 2000,

conceitua infecção como: danos decorrentes da

invasão, multiplicação ou ação de produtos tóxicos de agentes infecciosos no hospedeiro, ocorrendo interação imunológica. A presença de sinais e sintomas caracteriza a doença ou a síndrome infecciosa. De acordo com a Portaria MS 2616/98 no seu anexo II, Infecção Hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste após 72 horas da internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. E as infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma transplacentária e aquelas associada à bolsa rota superior a 24 (vinte e quatro) horas. Também estão delineados os critérios gerais

para

diagnóstico

das

Infecções

Hospitalares,

incluindo

algumas

especificidades, como infecções pós-cirúrgicas; pacientes provenientes de outros hospitais que internam com infecção, bem como a classificação de cirurgias conforme potencial de contaminação são informações estas relevantes para a definição do diagnóstico. Segundo Mesiano (2007), a infecção hospitalar tem origem endógena ou exógena. A primeira está associada á doença de base ou agravos do paciente, onde os microrganismos da flora do paciente são responsáveis pela maioria das infecções hospitalares. As infecções exógenas estão relacionadas aos procedimentos cirúrgicos e a instalação de procedimentos invasivos, como cateter venoso central, cateter urinário, entre outros e, podem ser previsíveis. Evidentemente, o profissional de saúde ou o hospital não contamina voluntariamente seus pacientes, mas a inobservância, de princípios básicos do controle das infecções hospitalares pode ter consequências drásticas. Assim, é importante ter profissionais consciente, trabalhando em equipe respeitando cada um


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dentro de suas funções, atualizando-se com frequência e com capacidade de auto avaliarem-se. (ANVISA, 2000). Estima-se que no Brasil a taxa de infecção hospitalar atinja 14% das internações. Segundo dados da OMS, cerca de 234 milhões de pacientes são operados por ano em todo mundo. Deste, um milhão morre em decorrência da infecção hospitalar e sete milhões apresentam complicações no pós operatórios. (OPAS/ OMS e ANVISA, 2010). A Portaria MS 2616 de 12 de maio de 1998, que se mantém vigente até o dia de hoje, determina a implantação do Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) que é um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares. Para a adequada execução do PCIH os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção hospitalar. A Portaria citada acima define que a CCIH tem como função elaborar, implementar, manter e avaliar o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, adequado às características e necessidades da instituição e deve ser composto por membros consultores e executores. Os consultores devem ser profissionais representantes da medicina, da enfermagem, da farmácia, do laboratório de microbiologia e da administração. Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde. Um dos membros executores deve ser preferencialmente, um enfermeiro. Os autores Prade e Vasconcellos (2001), afirmam que o PCIH tem a função de diagnosticar e vigiar a frequência e distribuição do fenômeno entre os hospitalizados e egressos; intervir, por diversos meios, na padronização da qualidade de condutas profissionais invasivas nos pacientes e na orientação da escolha terapêutica; e, de maneira sistêmica, prevenir e controlar fontes e formas de transmissão de microrganismos entre clientes, trabalhadores e ambiente, de modo a manter em alto nível a qualidade assistencial prestada. A Lei Orgânica da Saúde nº 8080/90, capítulo I, título II em seu art. 6º, inciso 1.b), que trata da execução de ações de Vigilância Epidemiológica, menciona no parágrafo 2º “Entende-se por VE um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores


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determinantes e condicionantes de saúde individual e coletiva, com finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. Diante disso é que os estudos epidemiológicos na área de Infecção Hospitalar têm-se destacado e se tornado mais sofisticado nos últimos anos. Dentre esses estudos, os de prevalência de IH medem o status de uma população com relação ao evento ou doença de interesse. (MOURA et al, 2007). O anexo III da Portaria MS 2616/98 aborda “A CCIH deverá escolher o método de Vigilância Epidemiológica mais adequado às características do hospital, à estrutura de pessoal e à natureza do risco da assistência, com base em critérios de magnitude, gravidade, redutibilidade das taxas ou custo. são indicados os métodos prospectivos, retrospectivos e transversais, visando determinar taxas de incidências ou prevalências. São recomendados os métodos de busca ativos de coleta de dados para a Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares”. Pedrosa et al (2003) acredita que a prevalência de IH como a proporção da população que tem o evento ou doença de interesse em um determinado momento ou período de tempo específico também aponta algumas fontes que podem influenciar a taxa de prevalência de IH numa instituição. Esta pode aumentar com a maior duração da doença, com o aumento da sobrevida, com o aumento da incidência, com a imigração de casos, com a emigração de indivíduos sadios e com a mudança do método diagnóstico. Por outro lado, podem diminuir com a menor duração da doença, com a alta letalidade da doença, com a diminuição da incidência, com a imigração de indivíduos sadios e com a emigração de caso. A legislação brasileira, por meio da Portaria n. 2.616, de 12 de maio de 1998, e da RDC n. 50, de 21 de fevereiro 2002, estabelece, respectivamente, as ações mínimas a serem desenvolvidas com vistas à redução da incidência das infecções relacionadas à assistência à saúde e as normas e projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Esses instrumentos normativos reforçam o papel da higienização das mãos como ação mais importante na prevenção e controle das infecções em serviços de saúde. (ANVISA, 2007) A ANVISA conceitua-se a higienização das mãos como: medida individual mais simples e menos dispendiosa para prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência à saúde. Recentemente, o termo “lavagem das mãos” foi substituído por “higienização das mãos” devido à maior abrangência deste


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procedimento. O termo engloba a higienização simples, a higienização anti-séptica, a fricção anti-séptica e a anti-sepsia cirúrgica das mãos, que serão abordadas mais adiante. E outubro de 2004 a OMS lançou uma estratégia denominada “a Aliança Mundial para a Segurança do paciente”, que tem como objetivo Reduzir as consequências de saúde e socias da assistência insegura á saúde. O primeiro desafio visa Uma assistência limpa é uma assistência mais segura. A higienização das mãos tem ênfase, pois as infecções são consideradas o agravo mais comum o que interfere na segurança do paciente. A OMS instituiu outros programas para a redução das IRAS denominados de Desafios Globais são: 1º Higienização das mãos, 2º Cirurgia segura, 3º Resistência microbiana. A escolha desse tema é por entender a grande relevância no controle da infecção hospitalar e a importância da higienização das mãos, pois as IRAS podem causar vários impactos como: Doenças mais serias, aumento da permanência no hospital incapacidade a longo prazo, excesso de óbitos, grande ônus financeiros adicionais, alto custo pessoais com pacientes e suas famílias tangíveis e intangíveis. Assim a questão norteadora do estudo foi: Qual a importância da higienização das mãos no controle da infecção hospitalar. O presente estudo teve como objetivo:

Correlacionar as Infecções

Relacionada à Assistência à Saúde com a Higienização das mãos .


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2. BREVE HISTÓRICO: IRAS E HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

Durante séculos, as pessoas que adoeciam eram isoladas em locais sombrios, úmidos, sem luz natural, sem cuidados higiênicos e dietéticos. A exemplo dessa realidade destacam-se os sanatórios para hansenianos, da Idade Média, que viriam facilitar a difusão de doenças transmissíveis, podendo-se situar a origem das infecções hospitalares nesse período. No decorrer do tempo, apesar de ainda não se dispor dos conhecimentos da Microbiologia, foi-se percebendo a associação entre hospitalização e infecção. Na metade do século passado, surge a expressão “hospitalismo”,

para

designar

as

patologias

adquiridas

no

hospital.

As

transformações ocorridas, sobretudo no século XVIII, possibilitaram que os hospitais exercessem uma ação terapêutica mais efetiva, em comparação com as das épocas anteriores, pois, iniciou-se o questionamento sobre as condições insalubres, a promiscuidade e a mistura dos corpos em camas coletivas, o que favorecia toda ordem de contágio. Assim, o início das práticas de controle da transmissão das doenças contagiosas surgiu a partir desse século, período em que ocorre a mudança da concepção de hospital como um local onde as pessoas eram internadas para morrerem, para um local de cura e medicalização (Andrade e Angerami, 1999). Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865) nasceu na Hungria e graduou-se na Universidade da Escola Médica de Viena, em1844, com26 anos de idade. Três anos mais tarde, foi convidado para ser assistente no Departamento da Maternidade em Viena, que era o maior departamento de Obstetrícia da Europa. No Hospital Geral de Viena ele observou que a febre puerperal era muito comum na enfermaria da Maternidade, onde trabalhávamos estudantes de medicina, lugar este cujas taxas de morbidade eram altas. Ele acreditava que os estudantes contaminavam suas mãos quando dissecavam cadáveres e, em 15 de maio de 1847, ele exigiu que todos os estudantes lavassem, mas mãos com uma solução de água clorada, depois da dissecção, antes e depois de examinar cada paciente. A mortalidade, que chegou aos 18,27% em abril, caiu a partir de junho para uma média de 3,04% diminuindo visivelmente a morbidade, tornando evidente o efeito da medida profilática indicada por ele. No ano seguinte a mortalidade caiu para 1,33% (MESIANO, 2007). Em 1863, a criadora da enfermagem moderna, Florence Nightingale, estabeleceu os primeiros critérios para os cuidados ao paciente enfatizando a


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atenção com a limpeza no ambiente hospitalar. Demonstrou com o conhecimento que se tinha até aquele momento que as transmissões das doenças poderiam ser diminuídas com a melhoria das condições de higiene e limpeza. Proporcionando assim, ar puro, luz e a separação dos pacientes infectados dos não infectados (NICHIATA et al., 2004). Apenas com os estudos e o estabelecimento das causas microbiológicas das doenças que foram demonstradas pelos estudos de Pasteur e Koch, entre 1877 a 1897, que iniciou o reconhecimento dos agentes causadores das doenças que com o passar do tempo deu origem a bacteriologia, imunologia e epidemiologia. A partir desse estudo e de pesquisas posteriores é que se estabeleceram as causas e os agentes causadores das infecções (NICHIATA et al., 2004). A redução de mortes por infecção, baseada nas práticas sanitárias e de antisepsia, foi acelerada em 1935 com a introdução das Sulfonamidas, que foram usadas para curar graves infecções estafilocócicas e estreptocócicas. Em 1940, a mais importante descoberta foi à introdução da penicilina durante a Segunda Guerra Mundial, seguida pela descoberta e uso de outros antibióticos, o que favoreceu o tratamento de doenças infecciosas e a redução das infecções em pacientes hospitalizados. O aparecimento de bactérias resistentes, porém, logo levou um grande desencanto aos adeptos da ideia otimista de que drogas miraculosas resolveriam, definitivamente, o problema da infecção (FERRAZ, 1987). As infecções hospitalares começaram a se tornar preocupantes, a partir de 1950 quando, nos Estados Unidos e Europa, surge uma severa epidemia causada por Staphylococcus aureus e o aumento do número de amostras bacterianas resistentes a antibióticos, como por exemplo, Staphilococcus aureus, resistente à Meticilina. Esta bactéria infectava, com frequência, pacientes hospitalizados nas unidades cirúrgicas e pediátricas. Tais eventos já estavam, provavelmente, relacionados coma sua ampla utilização. Assim geraram-se duas necessidades: o controle epidemiológico rigoroso dos coeficientes de incidência de infecção e o manuseio adequado dos antimicrobianos – drogas de um valor terapêutico inestimável, porém de efeitos colaterais indesejáveis (FERRAZ, 1987). Nessa década foi criada, na Inglaterra, a primeira comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH). Essas comissões já tinham sido recomendadas pela Associação

Americana

de

Hospitais

dos

E..U.A

(AMERICAN

HOSPITAL

ASSOCIATION, 1982) desde 1958, e tinham como objetivo prover os hospitais


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daquele país de um sistema que lhes permitisse apurasse as infecções, eventualmente neles adquiridas, decorriam ou não de negligência ou de desobediência aos regulamentos de proteção ao doente. Tal apuração visava argumentações e provas necessárias contra possíveis ações legais, impetradas pela clientela, o que sensibilizou alguns hospitais, na época (MESIANO, 2007). O início das preocupações com a infecção hospitalar no Brasil acompanhou o processo de industrialização acelerado que se iniciou no governo de Juscelino Kubischek e também a ocorrência de surtos por estafilococo resistentes a penicilina, pelos relatos vindos de países com medicina tecnologicamente avançada. Estes trabalhos enfatizavam uma preocupação predominante com medidas ambientais, como o lixo e contaminação aérea, ou voltados para os procedimentos invasivos, como as técnicas assépticas, mas já encontrávamos referências ao isolamento de microrganismos

resistentes,

selecionados

em

decorrência

ao

emprego

indiscriminado de antimicrobianos. A partir de 1968 e principalmente durante os anos 70, juntamente com a implantação de um modelo altamente tecnológico de atendimento (chegamos até ao transplante cardíaco), surgiram as primeiras comissões de controle de infecção hospitalar do país. A década de oitenta foi a mais importante até o momento para o desenvolvimento do controle de infecção hospitalar no Brasil. Começou a ocorrer uma conscientização dos profissionais de saúde à respeito do tema e foram criadas várias comissões de controle nos hospitais. O Ministério da Saúde criou em 31/01/83 um grupo de trabalho integrado por seus representantes, ao lado de membros do Ministério da Educação e da Previdência Social, que elaborou um documento normativo, gerando a Portaria MS196/83, de 24/06/83 que recomendava aos hospitais brasileiros a criação de CCIH e dava orientações práticas sob a forma de anexos. Este mesmo grupo elaborou um manual e realizou em 1984 na Capital Federal, com financiamento da OPAS, um curso internacional que serviu de base para a elaboração do “Curso de Introdução ao Controle das Infecções Hospitalares”(ANVISA 2000). O drama do presidente eleito Tancredo Neves comoveu a nação, os projetos que estavam em andamento ganharam um novo impulso e o Ministério da Saúde pode desencadear uma atividade que iria mudar definitivamente os rumos do controle de infecção no Brasil. Ele optou por desenvolver uma política de capacitação de recursos humanos em controle de infecção ao invés de adotar postura fiscalizadora. Assim, em 1985 realizou um levantamento das instituições


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brasileiras que já tivessem CCIH em funcionamento e elaborou cursos macro regionais para capacitar multiplicadores. Foram credenciados 41 centros de treinamentos, que já nos seus quatro primeiros anos deram a mais de 8.000 profissionais de saúde as ferramentas básicas para atuação nesta área do conhecimento. Ganhando força no Ministério, o programa de controle de infecções acabou contribuindo em várias normas técnicas como: reaproveitamento de materiais descartáveis e esterilização por óxido de etileno. Organizou um curso de especialização em farmácia hospitalar, editou o “Manual de procedimentos básicos em microbiologia clínica” e várias publicações com levantamentos bibliográficos nacionais sobre infecção hospitalar; comunicados sobre a interdição cautelar dos desinfetantes e esterilizantes; legislação brasileira sobre infecção hospitalar; uma biografia de Semmelweis; além de manual e cartaz sobre lavagem das mãos (ANVISA, 2000). A Lei Federal 9.431 de 06/01/97 instituiu a obrigatoriedade da existência da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH). Em 13/05/98, o Ministério da Saúde editou a Portaria 2.616/98, com diretrizes e normas para a execução destas ações, adequando-as à nova legislação (ANVISA, 2000).


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3. METODOLOGIA

Em termos metodológicos o estudo consiste de pesquisa exploratória descritiva, por meio de revisão da literatura, que tem como objetivo proporcionar mais familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. A pesquisa bibliográfica vem sendo empregada com grande constância em estudos exploratórios ou descritivos, casos em que o objeto de estudo proposto é pouco

estudado,

tornando

difícil

a

formulação

de

hipóteses

precisas

e

operacionalizáveis. A sua indicação para esses estudos relaciona-se ao fato de a aproximação com o objeto ser dada a partir de fontes bibliográficas. Portanto, a pesquisa bibliográfica permite um amplo alcance de informações, além de consentir a utilização de dados dispersos em inúmeras publicações, auxiliando também na construção, ou na melhor definição do quadro conceitual que envolve o objeto de estudo proposto. (GIL, 1991). "[...] A pesquisa bibliográfica constitui o instrumento por excelência do pesquisador. [...] constitui, quase sempre, o primeiro passo de qualquer pesquisa científica" (LEITE, 2008). Segundo Marconi e Lakatos (2003) a pesquisa bibiográfica, ou de fontes secundária é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revertidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcrito por alguma forma, quer publicada, quer gravadas. As pesquisas bibliográficas exploratórias procuram oferecer uma visão preliminar sobre determinado fenômeno e constituem- se na primeira etapa de uma investigação mais profunda. O estudo descritivo favorece o entendimento, pela abrangência num contexto social e também por possibilitar melhor compreensão dos aspectos e elementos que interferem no fenômeno. As palavras-chave como indexadores da busca, registradas nos Descritores em Ciências da Saúde, foram: Comissão de controle de Infecção Hospitalar, Infecção Hospitalar, Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, Higienização das mãos, Vigilância Epidemiológica A base de dados informatizada foi a Scielo.


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Após buscar, identificar, localizar, selecionar e adquirir as publicações que atenderam aos requisitos exigidos foi realizado leituras sendo destacados os pontos centrais. Logo após realizamos o fichamento e arquivamento de cada arquivo de acordo com cada área temática, a fim de organizar os dados. Concluída a etapa de fichamento e arquivamento, partimos para a redação final da pesquisa.


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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Atualmente, programas que enfocam a segurança no cuidado do paciente nos serviços de saúde tratam como prioridade o tema higienização das mãos, a exemplo da “Aliança Mundial para Segurança do Paciente”, iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), firmada com vários países, desde 2004. Embora a higienização das mãos seja a medida mais importante e reconhecida há muitos anos na prevenção e controle das infecções nos serviços de saúde, colocá-la em prática consiste em uma tarefa complexa e difícil. (ANVISA, 2007). As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos microrganismos, que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies contaminados. A pele das mãos abriga, principalmente, duas populações de microrganismos: os pertencentes à microbiota residente e à microbiota transitória. A microbiota residente é constituída por microrganismos de baixa virulência, É mais difícil de ser removida pela higienização das mãos com água e sabão, uma vez que coloniza as camadas mais internas da pele. A microbiota transitória coloniza a camada mais superficial da pele, o que permite sua remoção mecânica pela higienização das mãos com água e sabão, sendo eliminada com mais facilidade quando se utiliza uma solução anti-séptica (ANVISA, 2007). A terminologia Higiene ou Higienização das mãos abrange: Água e sabão com antimicrobiano ou não; Fricção das mãos com produtos alcoólicos substitui a higienização das mãos desde que não apresente sujidade; Preparo cirúrgico das mãos com produtos antissépticos degermantes ou produtos alcoólicos (PVPI ou clorexidina). A Higienização das mãos tem como objetivos para realizar a higiene das mãos: Remover microbiotas transitória (40 a 60 seg clorexinina degermante); Remover microbiotas residentes (antisséptico cirúrgico das mãos /preparo préoperatório das mãos). Relacionamos os sítios das IRAS mais comum e seus fatores de risco: Infecção do Trato Urinário (ITU): Cateter urinário, procedimento urinário invasivo, idade avançada, doença de base grave, cálculo renal, gestação, diabetes. Infecção do Sitio Cirúrgico (ISC): Profilaxia inadequada de antibiótico preparo


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cirúrgico da pele incorreto, duração da cirurgia, tipo de contaminação da cirurgia, assepsia cirúrgica, diabetes, estado nutricional, imunodeficiência, falha treinamento e supervisão. Infecção Corrente Sanguínea: Cateter vascular, neonatos, cuidados críticos, doenças de bases graves, neutropenia, imunodeficiência, novas tecnologia invasiva, falha no treinamento e supervisão.

Pneumonias: Ventilação mecânica,

aspiração, sonda nasogástrica, depressão do SNC, antibióticos e antiácidos, permanência

prolongadas

no

SS,

desnutrição,

idade

avançada,

cirurgia,

imunodeficiência. As estratégias para prevenção e controle de infecções: Medidas Gerais são compostas de: Pesquisa do agente de infecção; Precauções padrões com inserção da higienização das mãos; Precauções baseadas em transmissão. Controle de antibióticos e Mediadas especificas (destinadas aos fatores de riscos): ITU, ISC, Infecção respiratória, Infecção da corrente sanguínea. Segundo as Recomendações do Manual do CDC: categoria I: Considerar como evento Sentinela todos os casos identificados de morte e perda permanente de funções atribuídas de IHs. Os patógenos hospitalares mais relevantes são: Staphylococcus aureus, Staphylococcus

epidermidis,

Enterococcus

spp,

Pseudomonas

aeruginosa,

Klebsiella spp, Enterobacter spp. e leveduras do gênero Candida. As infecções relacionadas à assistência à saúde geralmente são causadas por diversos microrganismos

resistentes

aos anti-microbianos,

tais como

S.

aureus

e

S.epidermidis, resistentes a oxacilina/meticilina; Enterococcus spp.,resistentes a vancomicina; Enterobacteriaceae, resistentes a cefalosporinas de 3ª geração e Pseudomonas aeruginosa, resistentes a carbapenêmicos. (ANVISA, 2010) Atualmente a ANVISA preconiza as cincos regras de ouro da HM: 1º A HM deve ser exatamente onde você estiver (no ponto de assistência), pacientes, profissionais de saúde, cuidados e o tratamento. 2º Deve-se dar preferência a fricção das mãos com álcool gel alcoólico com propriedade antimicrobiana (por que é possível fazê-la no local da assistência/tratamento, por que é rápido, mais eficaz e mais bem tolerada), promove menos ressecamento das mãos e mais econômico. 3º Deve-se higienizar as mãos com água e sabão apenas quando estiverem visivelmente sujas. 4º Deve-se higienizar as mãos usando a técnica adequada o


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tempo necessário. 5º São os cincos os momentos essenciais para a higienização das mãos (Antes do contato com paciente, antes da realização do paciente, assépticos, após contato com paciente, após risco de exposição a fluidos corpóreos, após contato com área próximo ao paciente). A Organização Mundial de Saúde complementa com os cincos componentes de uma estratégia MULTIMODAL de melhoria da higienização das mãos – OMS: Mudança do sistema (preparação alcoólica para HM no ponto de assistência, acesso á água corrente, sabonete e papel toalha), Treinamento/ Instrução, Observação e retorno, Lembrete no local de trabalho, Clima de segurança institucional (participação

ativa

individual/institucional).

na

instituição

e

individualmente,

autoeficácia


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5. CONCLUSÃO Constatamos que a higienização das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das infecções nos serviços de saúde. Por ser uma conduta individual simples e menos dispendiosa. Porém para implantar e implementar consiste uma tarefa complexa e difícil, devido a falta de adesão dos profissionais da área de saúde. A higiene das mãos quando não realizada ou realizada de forma inadequada, pode carrear grande quantidade de microrganismos entre pacientes, para equipamento

médico-cirurgicos ou

ainda para

medicamentos e

alimentos,

proporcionando condições favoráveis as Infecções Relacionada à Assistência à Saúde.


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