Jornal da FMB nº 47

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Adultos influenciam na alimentação infantil Nutricionista Roberta Gaino, em sua dissertação de mestrado, enfatiza que crianças percebem a importância de uma alimentação saudável. No entanto, precisam dos adultos na formação de tais hábitos, o que acaba não ocorrendo de forma balanceada. Página 12

Por carreira acadêmica, Câmara de SP homenageia prof. Saad

Professor Saad recebe o diploma concedido pela Câmara de SP. Acadêmico foi agraciado com a Medalha Anchieta

Após uma vida inteira dedicada à medicina e à vida acadêmica, o professor William Saad Hossne foi homenageado na Câmara de São Paulo com a Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da capital paulista. A honraria foi concedida inicialmente pelo ex-vereador Domingos Dissei, que deixou a Câmara para assumir cargo n o Tr i b u n a l d e C o n t a s d o Município. A pedido de Dissei, o vereador Gilberto Natalini (PV) aceitou dirigir a sessão solene. “O professor William é um nobre

da medicina, um acadêmico muito ligado ao ensino médico, ou seja, é um formador de profissionais. É o top de linha na medicina brasileira, que muito me inspirou. Então é com muito orgulho que entrego a ele essa medalha e o Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo”, disse Natalini. Formado em Medicina pela Universidade de São Paulo, Hossne é professor titular da Fa c u l d a d e d e M e d i c i n a d e Botucatu- Unesp e atualmente é professor emérito da mesma instituição. Página 3

Simpósio aborda violência sexual na infância

Laboratórios de Habilidades têm nova estrutura

Violência cada vez mais frequente dentro da sociedade, o abuso sexual foi um dos temas amplamente debatidos durante o Congresso de Saúde Mental na Infância, promovido pela Faculdade de Medicina da Unesp – Câmpus de Botucatu, dias 31 de julho e 1º de agosto e que reuniu aproximadamente 300 pessoas. Este assunto e também a assistência às vítimas de violência e doenças neurológicas, como o autismo, também foram temas importantes do evento realizado na FMB. Página 9

Alunos dos cursos de Medicina e Enfermagem passam a ter melhorias na estrutura de seu treinamento acadêmico com a adequação e reforma dos atuais Laboratórios de Habilidades. Recém transferido à antiga Casa do Servidor, o local abrigará ampla estrutura para o desenvolvimento de rotinas práticas dos graduandos. As obras tiveram início em abril e abrangem área total de 791,56m² e são realizadas em duas etapas. A reestruturação tem investimento de R$ 117.933 (proveniente da própria FMB). Página 8

Interatividade é usada em novo modelo do ensino

Alunos debatem reforma curricular e exame do Cremesp

Na semana de 13 a 17 de agosto, os estudantes do segundo ano do curso de Medicina tiveram uma pausa das tradicionais aulas, em que o professor passa o conteúdo e o aluno o assiste. Isso porque foi promovida pelo Conselho de Curso, que reúne representantes de todos os departamentos da FMB, a Semana de Integração Básica Aplicada. Realizada anualmente com os alunos do segundo ano da graduação, a Semana busca fazer com que eles passem a estudar e entender as disciplinas e matérias abordadas no curso de maneira integrada e não isoladamente pela Metodologia de Ensino Baseada em Problema. Página 12

Comissão vai cuidar da qualidade de vida dos funcionários Página 6

Alunos de Enfermagem e Medicina contam com local adequado para realizar aulas práticas e treinamentos

Adolescentes da Fundação CASA expõem na Biblioteca

Alunos do curso de Medicina da FMB/Unesp participaram, dias 8 e 9 de agosto, de mais uma edição do Simpósio de Educação Médica. Foram discutidos temas como: exame do Cremesp, a renovação das escolas médicas e ainda houve uma apresentação sobre o sofrimento mental dos estudantes de medicina. No dia 8, primeiro dia do evento, o foco foi o debate das atuais reformas curriculares de diversos cursos de medicina. A reflexão sobre o assunto aconteceu por meio das mesas de discussão “Reformas Curriculares” e “Renovando as Escolas Médicas”, com participação do professor Joelcio Francisco Abbade e do vice-diretor da escola José Carlos Peraçoli. Página 10

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HCFMB promove discussão sobre infecção hospitalar Página 11


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Faculdade de Medicina

agenda

Opinião

10/09/2012 - EVENTO 1ª FASE DO XXIV CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNESP Local: Central de Sala de Aula da FMB Horário: 8h00 contato: staepe@fmb.unesp.br informações: http://www.inscricoes.fmb.unesp.br/ 14/09/2012 - OFICINA DE TRABALHO RESGATE DE VALORES EM PROL DA PROMOÇÃO DA SAÚDE - 3 TURMA Local: Sala 17 - Central de Aulas da FMB Horário: 08:30 contato: gtdrh@fmb.unesp.br 17/09/2012 - CONGRESSO 21° CONGRESSO MÉDICO ACADÊMICO DE BOTUCATU Local: SALÃO NOBRE DA FMB Horário: 18:00 contato: cmab@fmb.unesp.br informações: http://www.inscricoes.fmb.unesp.br/ 26/09/2012 - CONGRESSO VIII CONFIAM - CONGRESSO DE FÍSICA APLICADA À MEDICINA Local: SALÃO NOBRE DA FMB Horário: 8 horas contato: viiiconfiam@gmail.com informações: http://www.inscricoes.fmb.unesp.br/ 02/10/2012 - EVENTO JORNADA DE SAÚDE MENTAL E CIRURGIA PLÁSTICA Local: Anfiteatro da Patologia FMB/HC Horário: 18h00 contato: staepe@fmb.unesp.br informações: http://www.inscricoes.fmb.unesp.br/

Já há sete anos o Conselho Regional de Medicina do Estado práticas são parcialmente avaliadas por provas práticas. de São Paulo (Cremesp) tem realizado um exame para avaliação Competência e ética profissionais não se avaliam em um exame dos médicos recém-formados no Estado. O exame, aplicado em – ainda que tenha uma parte prática. Uma boa avaliação do duas etapas, tinha caráter voluntário, sempre contou com baixa estudante se faz contínua e longitudinalmente ao longo do adesão e os resultados sempre indicavam um desempenho ruim. curso de graduação. Neste ano, de maneira surpreendente e repentina, a Um outro aspecto a se questionar é que muitos médicos resolução n.o 239/2012 tornou obrigatória a participação no com registro inicial em CRMs de outras unidades da federação exame para que os recém-formados tenham seu registro no poderão automaticamente se transferir para o Estado de São CRM. O desempenho não será considerado para obtenção do Paulo sem participarem do processo. Não é justo. registro. Médicos egressos de outros Estados não necessitarão Por fim, a proposta vigente é, indiscutivelmente mais um participar do exame se já tiverem registro em seu Estado de passo na direção da instituição de um exame de habilitação para origem. o exercício profissional – aos moldes do exame da Ordem dos Para o CRM as justificativas para instituir o exame são: o Advogados do Brasil. Então, algumas provocações que temos aumento indiscriminado de escolas médicas sem o compromisso feito continuam as mesmas e continuam sem resposta desde com a qualidade dos formandos, a necessidade de uma avaliação 2005, quando do início desta movimentação do Cremesp. A dos egressos externa à instituição e o aumento do número de saber: o que fará a massa de formandos reprovados? Passarão processos por infrações ético-profissionais. um ano estudando em cursinhos sem chance de qualquer Ainda segundo o Cremesp, os dados já obtidos com atividade remunerada? Afinal, no que pode trabalhar um sete anos de exame se somarão aos obtidos com os dados “bacharel em medicina”? No exercício ilegal da profissão? E entre de doravante fornecendo um diagnóstico estudantes do 6.o ano de graduação, qual a da formação médica no Estado. Esse repercussão? Aqui não tenho dúvidas: se já deve hoje se distanciam das atividades práticas “diagnóstico” deverá ser útil para pressionar esferas governamentais a que se tomem do internato para estudar para os exames de se movimentar medidas que qualifiquem a formação seleção para residência médica, muito mais profissional. para questionar o farão visando ao exame de habilitação! Cabe questionar a natureza do que o Com que se preocuparão muitas a resolução do remesp instituições de ensino? Com um ensino Cremesp propõe, bem como o impacto que trará na formação médica. Na verdade, já médico de qualidade, que preze pelas temos o diagnóstico de que a formação não atividades práticas de contato com o está boa. O Cremesp trará, na verdade, uma paciente, ou com a taxa de aprovação intervenção e, em assim sendo, precisamos de seus alunos no exame do CRM? Que refletir sobre a “eficácia” da intervenção e seus efeitos colaterais. efeito o exame terá no “mercado” de faculdades de medicina? Quanto ao diagnóstico da má qualidade com que muitas Aumentar o número de cursinhos que estigmatizam o estudo instituições ensinam medicina, já o sabemos de longa data: da medicina? Isso é desejável? Além disso, não fomentaria entre desde a década de 90 com as atividades da CINAEM (Comissão algumas instituições mercantis assertivas como: “A UNI... aprovou Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico) – mais alunos de medicina no exame do que a USP, a UNESP ou que culminaram com a publicação das Diretrizes Curriculares a UNICAMP”? Nacionais na área da saúde; passando pelos sistemas de O exame coibirá a abertura de novas escolas – ou mais avaliação do Ministério da Educação (o chamado “Provão” do auspiciosamente, incentivará o fechamento de vagas? Ou fará governo FHC e com o Exame Nacional de Desempenho de exatamente o contrário? Portanto, contribuirá com um melhor Estudantes, ENADE, parte do Sistema Nacional de Avaliação da ensino médico? Educação Superior, SINAES, do governo Lula). Aqui, aliás, convém Finalmente, para a nossa comunidade da UNESP, vale lembrar lembrar que foi durante as últimas duas décadas que o número que a Faculdade de Medicina de Botucatu, através de sua de escolas médicas aumentou drasticamente. Congregação, já se posicionou contrária à iniciativa do Cremesp, Com relação ao aumento de infrações ético-profissionais logo no começo das discussões há cerca de sete anos. À época o denunciadas e apuradas pelo Cremesp, é importante notar que Professor Emérito Joel Spadaro, então diretor da FM, teve papel não há dados disponíveis que correlacionem o aumento do destacado na Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), número de infrações com o número de registro dos médicos defendendo os interesses de uma formação médica de qualidade infratores (são realmente os médicos mais jovens os que têm e, por isso, fazendo ressoar protestos contrários ao exame do cometido erros?). Cremesp, entendendo seus malefícios ao ensino médico. Portanto a sociedade já dispõe de diagnósticos da formação A ABEM deve se movimentar para questionar a resolução médica atual. do Cremesp. E nós, Faculdade de Medicina de Botucatu, Passemos, então, a refletir sobre as repercussões da ratificaremos nossa posição? institucionalização do exame proposto. Inicialmente, é fundamental saber que um único exame aplicado ao estudante Pedro Tadao Hamamoto Filho ao término de sua formação não reflete bem a qualidade é médico residente (R3) em neurocirurgia profissional deste novo médico. Ter um bom desempenho no e Presidente da Associação dos exame demonstra bom domínio de conteúdos. Habilidades Médicos Residentes de Botucatu

A ABEM

04/10/2012 - EVENTO 2º ENCONTRO DOS COMITÊS DE ÉTICA EM EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL E 1º ENCONTRO DOS SECRETÁRIOS Local: Salão Nobre da FMB Horário: 18h00 contato: staepe@fmb.unesp.br informações: http://www.inscricoes.fmb.unesp.br/ 19/10/2012 - EVENTO VIII CONGRESSO DE ONCOLOGIA DE BOTUCATU Local: Salão Nobre da FMB Horário: 18h00 contato: congressooncologiabotucatu8@yahoo.com.br informações: http://www.inscricoes.fmb.unesp.br/

Informações detalhadas no site www.eventos.fmb.unesp

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Vice-Reitor no exercício da reitoria: Julio Cezar Durigan

Faculdade de Medicina de Botucatu

Diretora: Silvana Artioli Schellini Vice-diretor: José Carlos Peraçoli

Superintendente do HCFMB: Emílio Carlos Curcelli Chefe de Gabinete do HCFMB: Irma de Godoy

Jornal da FMB

O exame do Cremesp

Presidente da Famesp: Pasqual Barretti Vice-presidente: Antonio Rugolo Junior O Jornal da FMB é uma publicação mensal da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp e das fundações, unidades médico-hospitalares e de pesquisas a ela vinculadas. Sugestões, comentários e colaborações devem ser encaminhadas à Assessoria de Comunicação e Imprensa da FMB/Unesp pelo endereço imprensa@fmb.unesp.br. ou telefone (14) 3811-6140 ramal 116. Assessoria de Comunicação e Imprensa- Leandro Rocha (MTB-50357) Produção, editoração e impressão: G3 Gráfica & EditoraRua Jorge Barbosa de Barros, 163- Jardim Paraíso-Botucatu-SP Reportagens: Flávio Fogueral (MTB- 34927) Fotografia: Flávio Fogueral, Fotografia AG Unesp Botucatu e Arquivo ACI/FMB Estagiário: Sérgio Viana

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Os artigos publicados nesta página não refletem necessariamente a opinião do Jornal da FMB. Contatos para críticas, sugestões e envio de textos para publicações podem ser feitos pelo email: imprensa@fmb.unesp.br

Opinião 2 Já faz algum tempo que se obser va na educação brasileira, principalmente no ensino superior e na educação médica, uma crise sem proporções. Medidas governamentais que atendem a interesses externos e que, consequentemente, sucateiam a nossa universidade são cada vez mais comuns e têm submetido a educação brasileira a uma dura e silenciosa caminhada rumo a sua completa precarização. A a b e r t u r a d e s e n f re a d a d e escolas médicas no país, sobretudo no estado de São Paulo, sob a justificativa de que o problema da saúde brasileira é a falta de médicos; bem como a inexistência d e u m p r o c e s s o d e a va l i a ç ã o continuado e efetivo dentro de todas as escolas médicas cria um processo de formação tecnicista e alienado, colocando na sociedade um profissional de saúde que não reflete sobre o seu próprio trabalho, mas sim um mero cumpridor de protocolos. Se uma escola de medicina recebe autorização do MEC para admitir alunos nos seus vestibulares, deveria significar que a mesma está apta a formar um profissional que seja capaz de não apenas usar protocolos, mas, para além deles, que saiba enxergar o paciente como um ser social, que não olhe apenas para um corpo, para uma doença, proporcionando, dessa forma, nas devidas condições de trabalho, agosto

2012

O contrário do contrário atendimento integral e de qualidade à população. Contudo, obser vase que o MEC parece não cumprir bem sua função ou até cumpre, se analisarmos dentro da óptica de mercado, em que a importância do lucro de grandes empresários se sobrepõe a qualquer interesse da população. É dentro desse cenário que o CREMESP vem propor uma prova obrigatória aos recém-formados do curso de medicina do estado de São Paulo antes de conceder o CRM, acreditando, como já esclarecido pelo próprio Conselho, que este possa ser um protótipo de um futuro Exame da Ordem para a medicina. O Conselho tem como intuito impedir que “maus” médicos continuem a cometer erros e a prejudicar a população. Para quem lê parece até uma solução mágica, que resolverá pelo menos um (bastante grave, é preciso dizer) dos problemas enfrentados pela saúde no Brasil. Se estamos formando médicos ruins, então vamos testá-los antes de conceder-lhes o direito ao exercício da profissão para evitar o que se pode chamar de um mau exercício da profissão médica. Para desmistificar esta solução mágica, é preciso pegar uma lupa para se conseguir enxergar o que realmente está por trás dessa prova

e entender, de fato, a situação que nossa educação vive. Faz-se necessário deixar claro que não é função do CREMESP definir a obrigatoriedade de um exame, é preciso, antes de mais nada, que isso seja amplamente discutido entre os estudantes e a sociedade, o que ainda não aconteceu. Dessa forma, o exame obrigatório constitui-se num embrião do que será um exame de ordem para exercício da Medicina, s e m e l h a n te a o e x a m e d a OA B , realizado pelos advogados.

O CAPS entende que o exame do CREMESP não tem a capacidade de avaliar amplamente o recém-formado

O CAPS entende que o exame do CREMESP não tem a capacidade de avaliar amplamente o recémformado, pois se trata de uma prova teórica realizada num único período, que não avalia habilidades práticas, essenciais para o bom exercício da profissão, e que uma prova de algumas horas de duração não pode avaliar 6 anos de estudos

pelos quais o estudante passou. Além disso, o mau desempenho dos recém-formados não implica e m q u a l q u e r p l a n e j a m e n to d e educação continuada e assistida ao indivíduo, senão a sua culpabilização e desrresponsabilização das instituições de ensino superior. O alto índice de reprovação, que já vem sendo observado nesses anos de avaliação não obrigatória, será uma grande alavanca para o mercado de cursinhos preparatórios, como ocorreu com os cursos que preparam para a prova da OAB. Além de uma fábrica de gerar dinheiro, esses cursinhos não contribuirão de forma alguma para preencher os buracos na formação do aluno, senão treiná-lo para a realização de uma prova. O C A P S é te rm i n a n te m e n te CONT R A a ob r i g a tor i e d a d e d o Exame do CREMESP, pois acredita que cabe ao Estado a oferta de cursos médicos de qualidade e 100% gratuitos, bem como a fiscalização pelo MEC dos cursos já existentes como garantia da boa formação do profissional médico. Não estamos nos colocando a p e n a s c o n t r a u m a a va l i a ç ã o , mas sim contra um modelo de educação médica que está sendo proposto que não oferece uma plena formação ao individuo, e que

só será reforçado pela proposta do CREMESP. Assim, o Conselho acredita que sua prova vai contra essa lógica educacional já citada, mas muito ao contrário, ela só irá reforçá-la. Nota: O CAPS, por acreditar que o assunto deva ser amplamente discutido e difundido antes de tomar qualquer posicionamento que represente todos os estudantes da Faculdade de Medicina de Botucatu, já vem realizando espaços para tornar este debate próximo a todos. Podemos citar como grande exemplo a realização do Simpósio de Educação Médica, o qual ocorreu recentemente com a presença do Prof. Reinaldo Ayer de Oliveira (conselheiro do CREMESP) e da estudante Erika Plascak Jorge (representante da DENEM, Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina), com a finalidade de se expor o maior número de argumentos, fatores e variáveis referentes ao tema. Ainda que a discussão tenha sido extremamente qualificada e profunda, infelizmente a participação, tanto de docentes como alunos, não se deu na mesma direção. Esperamos que todos reflitam sobre a importância do tema e participem ativamente dos próximos espaços. A luta não pode se esgotar antes mesmo de se começar! * G e s t ã o A Ro s a d o Po v o Centro Acadêmico Pirajá da Silva


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Faculdade de Medicina

Nova Gestão

Silke Weber e Eliane Chaves assumem Departamento de Oftalmo e Otorrino As professoras Silke Anna Theresa Weber e Eliane Chaves Jorge assumiram oficialmente, dia 6 de agosto, a chefia e vicechefia, respectivamente, do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia d e C a b e ç a e Pe s c o ç o d a Fa c u l d a d e d e M e d i c i n a d e Botucatu/Unesp (FMB). O mandato será de dois anos. Ao empossar as novas gestoras, a diretora da FMB, professora Silvana Ar tioli Schellini – que também integra esse departamento - fez questão de elogiar a atuação do antigo chefe, professor Edson Nacib Jorge – que tinha Silke como sua vice. “Professor Edson sempre ofereceu um apoio importante à Direção da faculdade durante as reuniões da Congregação. Sempre se posicionou da forma como entendeu ser a melhor para o benefício do departamento e da FMB”, disse. Silvana também mencionou que o depar tamento já tem um plano de desenvolvimento e re c o m e n d o u q u e a n o va chefia se apoie nessa diretriz para conduzir suas ações. Ela também ressaltou a atuação do

grupo na assistência prestada aos usuários do Hospital das Clínicas. “Estando envolvidos com o atendimento aos doentes é mais fácil se envolver em projetos de pesquisa clínica e de extensão. Desejo garra e força para a nova dupla de chefes nessas e em outras questões”, colocou. Em sua última fala à frente do depar tamento, professor Edson ponderou que uma das t a refa s d e s uas sucessoras será trabalhar pela reforma do laboratório experimental vinculado ao depar tamento. Sobre sua experiência como líder do setor, o docente afirmou ter aprendido muito ao participar das reuniões da congregação da FMB. “A universidade está democrática e continuará assim se os mais jovens fiscalizarem o exercício da democracia”, enfatizou. P rof e s s o r a S i l ke a va l i o u que ocupar esse cargo pode ser considerado um marco em sua carreira. “Essa é uma p o s i ç ã o q u e e x i g e c l a re z a sobre qual caminho seguir para o desenvolvimento do departamento”, apontou.

As novas gestoras do Departamento, Eliane Chaves e Silke Weber

Saad tem a carreira profissional dedicada à pesquisa e também o desenvolvimento da ética na Saúde

Prof. Willian Saad recebe Medalha Anchieta da Câmara de São Paulo

Após uma vida inteira dedicada à medicina e à Formado em Medicina pela Universidade de São vida acadêmica, o professor William Saad Hossne Paulo, Hossne foi livre docente de Clínica Cirúrgica foi homenageado nesta quinta-feira na Câmara com da USP, Livre docente em Técnica operatória e a Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da Cirurgia experimental da PUC/SP, Professor Adjunto Cidade de São Paulo. da USP e PUC, Professor titular da Faculdade de A honraria foi concedida inicialmente pelo ex- Medicina de Botucatu- UNESP e atualmente é vereador Domingos Dissei, que deixou a Câmara para Professor Emérito da Faculdade de Medicina de assumir cargo no Tribunal de Contas do Município. Botucatu e Doutor Honoris Causa da Universidade A pedido de Dissei, o vereador Gilberto Natalini de Brasília, da Universidade Federal da Bahia e do (PV) aceitou dirigir a sessão solene. “O professor Centro Universitário São Camilo. William é um nobre da medicina, um No início da década de 1960, foi acadêmico muito ligado ao ensino indicado pelo Reitor da USP para integrar Homenageado disse que grupo multidisciplinar para elaborar o médico, ou seja, é um formador de a solenidade agracia plano da Universidade a ser incluído profissionais. É o top de linha na medicina brasileira, que muito me o esforço coletivo em no plano de Ação do Governo. Em inspirou. Então é com muito orgulho seguida transferiu-se para a Faculdade melhorar a saúde de Botucatu. Em 1964, integrou a que entrego a ele essa medalha e o Diploma de Gratidão da Cidade de lista tríplice e foi indicado pelo então São Paulo”, disse Natalini. Governador do Estado, para o cargo de Diretor O homenageado destacou o significado que Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa a solenidade teve para ele e disse que os motivos (FAPESP), em 1975 foi novamente indicado Diretor pelos quais está sendo homenageado não é fruto de Científico da FAPESP. Na FAPESP implantou, além um trabalho individual, mas coletivo, e por isso ele do sistema de bolsas e auxílios, o Programa de recebe essa homenagem ‘coletivamente’. “Eu creio iniciativas da FAPESP. que um dos fatores que levou a esse ato de gratidão Em 1994 foi Presidente da Comissão de Ensino da Câmara é o fato de nós termos participado e Médico, do Ministério da Educação. Em 1992 fundou encampado uma luta em prol da ética na pesquisa, e em 1995 implantou a Sociedade Brasileira de no sentido de termos feito diretrizes que protegem Bioética e 1994 foi indicado pelo Ministro da Saúde, os seres humanos. Mas tudo isso foi trabalho de um para compor o Conselho Nacional de Saúde. De grupo. Por isso, gostaria de dividir essa homenagem, 1996 a 2007 foi indicado pelo Conselho Nacional de que me toca profundamente, com todos aqueles que Saúde, Presidente da Comissão Nacional de Ética em são meus amigos, meus colegas e meus alunos”, disse. Pesquisa, dentre tantas outras atribuições.

Eleições Unesp

Durigan e Marilza lançam campanha para reitoria Dia 1º de agosto, na Casa da Arte da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, Câmpus Botucatu, ocorreu o lançamento, na cidade, da campanha da chapa Excelência Institucional. É a única inscrita junto à Comissão Eleitoral Central, para o processo de consulta à comunidade universitária visando a elaboração de lista tríplice para escolha do reitor e vice-reitor da Unesp no período 2013/2016. A chapa propõe o nome do engenheiro agrônomo Julio Cezar Durigan, professor da FCAV para o cargo de reitor e da médica Marilza Vieira Cunha Rudge, professora da Faculdade de Medicina (FMB), Câmpus de Botucatu, para o cargo de

vice-reitora. Dia 2 de agosto, o plano de gestão dos candidatos foi apresentado na FMB, em reunião extraordinária aberta da Congregação. A Comissão Eleitoral Central, em reunião realizada no dia 29 de junho, homologou a inscrição da chapa. A desincompatibilização das funções de vice-reitor no exercício da reitoria, no caso de Durigan, e de pró-reitora de pósgraduação, no que diz respeito à professora Marilza, deu-se no dia seguinte, em conformidade com a regulamentação aprovada pelo Colégio Eleitoral da Unesp, e prossegue até a homologação dos resultados da consulta. De 29 de junho até a homologação, o pró-reitor de Administração da Unesp, Ricardo

Samih Georges Abi Rached, estará no exercício da Reitoria, e Eduardo Kokubun ocupará a Pró-reitoria de Pós-graduação. Informações sobre as propostas da Chapa Excelência Institucional e seus integrantes, assim como a agenda de visitas às unidades da Unesp podem ser encontradas em www.unesp.br/excelenciainstitucional endereço disponibilizado dentro das normas estipuladas pela Comissão Eleitoral Central. Votação pela internet A Unesp terá, este ano, sua primeira votação eletrônica para reitor e vice-reitor. É o que estabelecem as normas do processo sucessório da Universidade, que foram elaboradas pela comissão

eleitoral central no final de maio e que foram apreciadas e votadas pelo Colégio Eleitoral. Eleitores fora dos câmpus da Unesp – até mesmo no exterior – poderão participar da votação. Isso porque será possível votar não somente por meio dos computadores ligados à rede da instituição, a UnespNET, mas também por VPN (sigla para “virtual private network”, ou rede privada virtual), que é uma extensão da rede da Unesp que permite que um computador, onde quer que esteja, tenha acesso aos sistemas da Universidade. O reitor e o vice- -reitor serão nomeados pelo governador de São Paulo, com base na lista tríplice de professores titulares da Universidade, com mandato de

quatro anos, vedado o exercício de dois mandatos consecutivos. A lista encaminhada ao governador é elaborada pelo Colégio Eleitoral a partir do resultado de consulta à comunidade universitária.

Confira o calendário eleitoral para reitor

17 a 20/9 eleições em 1º turno 21/9 apuração do 1º turno 1 a 4/10 eleições em 2º turno * 5/10 apuração do 2º turno * caso haja três ou mais chapas inscritas e os resultados do 1º turno não atenderem à regra de eleição em 1º turno agosto

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Faculdade de Medicina

Iniciação Científica é explorada em curso promovido por alunos FMB lança nova intranet, moderna e colaborativa Comunicação

No dias 7 e 8 de agosto, alunos dos cursos de graduação da Unesp, câmpus de Botucatu, e de quaisquer outras instituições de ensino superior puderam pa r t i c i pa r d o 2 º Cur s o d e Iniciação Científica da Liga do Rim e Hipertensão Arterial (LIRHA), formada por alunos de Medicina e Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB). A programação do evento se constituiu num total de seis palestras ministradas, no Salão Nobre da instituição, por pesquisadores e docentes da FMB e outras instituições. Todos abordaram de alguma forma o panorama atual da pesquisa científica no Brasil, as diferenças entre os métodos utilizados no processo de investigação, as expectativas de ampliação do fomento em iniciação científica e como se encontra a divulgação/ publicação hoje no país. O professor do Departamento de Clínica Médica da FMB, Carlos Antônio Caramori, ministrou palestra abordando o tema “Conflito de Interesse e Integridade Científica”, que na ocasião relembrou a necessidade de o pesquisador atrelar sua conduta, durante a pesquisa clínica e testes com pacientes, aos códigos de bioética. Citando que hoje em dia o jogo de interesses e o poder de indústrias farmacêuticas, por exemplo, são de grande impacto sobre várias

Prof. Caramori abordou o conflito de interesse na ciência linhas de estudo. Principalmente aos estudantes de Medicina, Caramori afirmou: “Quem se interessa por pesquisa clínica tem que ter o saber científico e a arte de lidar com os pacientes, de buscar o bem-estar de todos”. E ainda destacou os valores universais da pesquisa: Honestidade, Acurácia, Eficiência e Objetividade.Maria Cristina Pereira Lima, docente do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da FMB, ministrou a palestra “Reflexões sobre Pesquisa Qualitativa”, sobre as diferenças de métodos usados na investigação científica, organização e exposição de

resultados. “Pesquisa científica é algo que se diferencia de qualquer outro tipo de investigação por necessitar de método”, ressaltou. O encerramento, no dia 8, foi feito com palestra do professor Rui Seabra Ferreira Junior, médico veterinário e pesquisador do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap), que abordou o tema “Valor da Publicação Científica Nacional”. Rui comentou a relevância dos trabalhos científicos publicados no Brasil, sobretudo com base no nível de impacto das revistas brasileiras. Comparou o nível de impacto da publicação nacional em relação a outras globais.

AÇÃO- A SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – promoveu, em 8 de agosto, o Dia Nacional de Controle do Colesterol. A cartilha Brasil – Colesterol na Meta elaborada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia foi distribuída em praças, shoppings, estações rodoviárias e metroviárias, bem como nas Unidades Básicas de Saúde do SUS. A cartilha Brasil – Colesterol na Meta inclui, além dos cuidados com a saúde, orientação alimentar. A ação teve a participação da Liga de Cárdio da FMB - Unesp.

Desde o dia 15 de agosto de 2012 - data em que comemorouse o Dia da Informática - alunos, funcionários e professores da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) terão à disposição um novo modelo de intranet. Essa rede virtual, que se apresenta como uma das principais ferramentas de comunicação interna de nossa instituição, passou por um longo processo de reformulação e agora oferece conteúdos mais organizados que poderão ser gerenciados por representantes de todas as áreas acadêmicas e administrativas da FMB. Com apoio da Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI), o Serviço Técnico de Informática da FMB (STI) trabalha desde 2010 na reestruturação da antiga intranet. Vários projetos foram pensados e ideias debatidas até chegar nesse projeto final, que, com a indispensável colaboração dos usuários, continuará recebendo aprimoramentos. A modernização da intranet teve início a par tir de uma determinação da Diretoria de Divisão Técnica Administrativa, que almejava um novo ambiente digital para a comunicação interna da faculdade. Essa demanda partiu do anseio de se oferecer à comunidade interna um espaço onde fosse possível obter colaboração, integração, compartilhamento de ideias e que oferecesse de forma acessível e organizada todas as informações úteis para o dia-adia da instituição. A nova intranet foi concebida com o propósito de oferecer ao seu público um canal em que o fluxo de comunicação seja tanto vertical (com a Direção) quanto horizontal entre seus membros. Haverá uma área para notícias internas, onde estarão acessíveis conteúdos de interesse prioritário do público interno, além de seções onde ficarão as informações corporativas de uso

exclusivo de seus colaboradores, sendo todas criadas e atualizadas por representantes de cada setor, com apoio da ACI e STI. Na página principal, será possível encontrar links para os menus mais acessados, como o ADP online, requisição de serviços, entre outros. Todo o conteúdo da versão antiga foi mantido. O portal corporativo - como são chamadas as intranets - foi estruturado com o mesmo layout e sistema usados no site da FMB, denominado SGCD (Sistema Gerenciador de Conteúdo Dinâmico),que segue padrões determinados pela Reitoria. Essa plataforma, que permite o gerenciamento descentralizado de conteúdo, já é conhecida pelos representantes de todas as áreas acadêmicas e administrativas, que foram treinados para operá-la.

Rede Virtual oferecerá conteúdos mais organizados que serão de fácil gerenciamento

“A partir de agora, o desafio será que os usuários se adaptem com a nova intranet, usem seus recursos, sugiram melhorias, o rg a n i z e m s e u s e s pa ç o s e consolidem essa ferramenta como um instrumento indispensável para sua rotina de trabalho. Pedimos que você pense nesse canal como um ambiente “nosso”, onde deverão estar todas as informações importantes que interessem a nós.”, explica Leandro Rocha, assessor de Comunicação e Imprensa da FMB. Dados institucionais destinados aos públicos externos devem ficar no site da FMB, onde terão mais visibilidade e valor. Dúvidas e sugestões sobre a intranet podem ser enviadas para os e-mails: sti@fmb.unesp.br ou imprensa@fmb.unesp.br

Estrutura

Melhorias nos estacionamentos têm início pelo anexo verde Conforme anunciado em junho deste ano, tiveram, 17 de agosto, as melhorias nos estacionamentos dos anexos acadêmicos da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB). O primeiro a passar pela revitalização será o prédio verde, que teveo acesso de veículos interditado e liberado na primeira semana de setembro. Apesar dos possíveis transtornos, essas obras são fundamentais para ampliar a quantidade de vagas disponíveis aos usuários do anexo verde e dessa forma trazer mais conforto e praticidade. Durante a primeira fase da revitalização desse setor serão desenvolvidos trabalhos de terraplanagem, retirada de alguns jardins e compactação de solo para que, posteriormente, seja possível, em parceria com a Prefeitura de Botucatu, iniciar a nova pavimentação asfáltica. Por fim, será agosto

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implantada a nova sinalização. Equipes de trabalhadores se empenharão durante todo o próximo final de semana para agilizar as obras, de modo que não estão previstos atrasos. Nesse período, o estacionamento do anexo azul também passará por revitalizações, porém, o impacto será menor. Mesmo assim, pode haver dificuldade de acesso, por isso os motoristas devem trafegar com cuidado pelo local. Serão instalados batedores de rodas (dispositivo de segurança para evitar o contato da parte frontal do carro com obstáculos) e também haverá o plantio de mudas nativas para tornar o ambiente mais agradável. A Prefeitura fará a doação das mudas nativas e dos aneis de cimento onde elas serão plantadas; fornecerá os batedores de rodas; além de todo o maquinário

e mão-de-obra necessários para as pavimentações. O Poder Público Municipal também se responsabilizará pela sinalização de solo. As atuais guias, que serão recuadas nos estacionamentos, serão reaproveitadas.Os outros três anexos acadêmicos também passarão por melhorias. Em alguns estacionamentos, a ampliação de espaço para os carros chegará a 85% se comparado com o que existe atualmente. Graças às parcerias e ao reaproveitamento de materiais, o custo desse projeto não deve ser superior a R$ 20 mil. Em caso de dúvidas, por favor, entre em contato com a Diretoria de Serviços e Atividades Auxiliares (DSAA) - 3880-1453, com a Rosana ou Área de Segurança da FMB (Aseg) – 3880-1039, com a Gabriela. E-mail: segurancafmb@ fmb.unesp.br

Ampliação de espaço para carros chegará a 85% em todos os anexos


5 Internacionalização

FMB tem seu primeiro protocolo Cochrane aceito para publicação O grupo de Revisão Sistemática da Faculdade de seus levantamentos científicos. “Sem essa estrutura, Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) teve seu primeiro dificilmente seria possível produzir tanto em tão pouco protocolo aceito para que um de seus trabalhos de tempo”, afirma. Yoo ainda defende que a faculdade ganha muito ao revisão sistemática seja publicado, em agosto, na revista The Cochrane Database of Sistematic Review, oferecer esse apoio aos pesquisadores, pois especialistas que tem fator de impacto 6.18. O estudo é do médico de qualquer área podem contar com o apoio da unidade pneumologista e professor do Departamento de Clínica de revisão sistemática. Já professora Regina avalia que Yoo é um de seus melhores pesquisadores. “Ele é bastante Médica, Hugo Hyung Bok Yoo. Professor Yoo , cuja revisão é registrada no grupo dedicado e merece esse reconhecimento”, pondera. “Cochrane Peripheral Vascular Diseases”, tem outros Sobre o grupo de Revisão Sistemática dois trabalhos em andamento, que devem ser aceitos para publicação Ao todo, o grupo da Desde março de 2011 a FMB conta em breve. Ao todo, o grupo da FMB tem 14 revisões com uma profissional especializada FMB tem 14 revisões registradas na Colaboração Cochrane. registradas na em assessorar pesquisas utilizando as ferramentas da Medicina Baseada em O trabalho que será publicado Colaboração Cochrane Evidências. Professora Regina El Dib, que foi intitulado “Outpatient versus antes era contratada da Universidade impatient treatment for acount pulmonary embolism”, cuja pergunta central é “O McMaster, Hamilton, Canadá, atuaa juntamente tratamento ambulatorial é mais efetivo e seguro quando com a Comissão de Pesquisa da FMB para auxiliar comparado ao tratamento hospitalar na tromboembolia os pesquisadores especialmente na realização de pulmonar?”. Para o autor da revisão, ter uma pergunta revisões sistemáticas, metanálises de intervenções bem formulada influencia diretamente no impacto que e testes diagnósticos. Segundo ela, a Medicina Baseada em Evidências pode terá o resultado do trabalho na prática clínica. “Nas revisões que fiz com apoio da professora Regina ser considerada um elo entre a boa pesquisa científica e El Dib, responsável pela Unidade de Revisão Sistemática a prática clínica. Através de uma metodologia adequada, da FMB, foi possível combinar os conhecimentos da essa ferramenta propicia que o pesquisador tenha uma área clínica com o que temos disponível no campo visão crítica dos artigos publicados na literatura. “A revisão sistemática de intervenção pode ser metodológico. Hoje, tudo é baseado em evidências, não podemos tratar uma doença apenas por meio da usada para a seleção de artigos de interesse do experiência própria”, disse professor Yoo, que foca suas pesquisador, através da formulação de uma boa revisões em sua área de atuação: Doenças Circulares do questão clínica que é composta por 4 itens-chave (i.e., situação clínica, intervenção de interesse, grupo Pulmão (Embolia e Hipertensão Pulmonar). O médico pneumologista conta que sempre gostou controle e os desfechos a serem avaliados). Dessa de revisões sistemáticas, mas antes da estruturação da forma, ele consegue mapear o conhecimento sobre unidade especializada da FMB tinha que fazer cursos determinado assunto na área da saúde”, comenta à distância. Atualmente, segundo ele, a interação que professora Regina. “É um desenho de estudo que pode o aconselhamento dado pela professora Regina El ser usado para projetos de mestrado, doutorado e até Dib possibilita, tem ajudado significativamente em livre-docência”, acrescenta.

Primeiro estudo aceito no protocolo é do professor Hugo Hyung Bok Yoo

Equipe de Transplante renal com Walter Pereira, da UFMG

Atualização

Especialistas participam, nos EUA e Europa, de eventos sobre avanços em transplantes Os professores Juan Carlos Llanos e Maria Fernanda Carvalho, além do médico Luiz Gustavo Modelli, da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), participaram, nos meses de junho e julho, de dois dos mais importantes congressos científicos e de debates na área de transplantes do mundo. Com a presença dos especialistas nesses eventos, a instituição agrega conhecimento para o aprimoramento do ensino e pesquisas, além da assistência em saúde. De 2 a 6 de junho, os representantes da FMB estiveram no Congresso Americano de Transplante (American Transplant Congress), realizado em Boston. Especialistas de diversos países das Américas e de outros continentes puderam debater sobre os avanços no pós-cirúrgico em transplantes. Alguns dos pontos levantados no evento foram: a nova era da Hepatite C e a relação com transplantes - seu panorama mundial e a assistência dos diferentes sistemas de saúde-; as tendências contemporâneas em imunossupressão após o transplante cardíaco, entre outros pontos. Prof. Juan Carlos, na oportunidade, conheceu as dependências da Universidade de Harvard e através de contatos feitos na instituição, trouxe algumas intenções de parcerias com a FMB para pesquisas e intercâmbios acadêmicos. “Além das reuniões com especialistas do mundo todo, houve a possibilidade

de conhecer diferentes cenários de assistência em saúde e realçar possibilidades de parcerias“, frisou. Entre os dias 15 e 20 de julho, os professores Juan e Maria Fernanda participaram do 24º Congresso Internacional de Transplantes (International Congress of The Transplantation Society), realizado em Berlim. Mais de sete mil especialistas da área na Europa, Ásia e Américas estiveram presentes. Foram debatidos temas referentes ao uso de medicamentos para evitar a rejeição do órgão recebido. Também foi discutida a escassez de órgãos, as novas abordagens para campanhas de doação e respectivas alternativas. Segundo profª Maria Fernanda, os assuntos debatidos são fundamentais para a busca da qualidade tanto da captação quanto dos procedimentos de transplantes. “A atualização de conhecimento; do que ocorre no mundo quanto aos transplantes é essencial para a melhoria dos serviços e da formação acadêmica dos alunos em Medicina e Enfermagem”, realçou. Os professores também são responsáveis pela coordenação de alguns serviços de transplantes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), autarquia vinculada à Secretaria de Estado da Saúde. Prof. Llanos é o diretor do Núcleo de Transplantes da unidade e Maria Fernanda Car valho é responsável clínica pelo serviço de Transplante Renal.

Arte

Adolescentes da Fundação CASA expõem na Biblioteca do Câmpus Aconchego e outros sentimentos transmitidos por meio de cores variadas. Foi assim a exposição ‘Os Pincéis da Esperança’, promovida pela Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo (CASA) Botucatu, que esteve aberta à visitação no mezanino da Biblioteca do Câmpus, na Unesp, câmpus de Rubião Júnior. A mostra apresentou 12 quadros produzidos por adolescentes internados no centro de atendimento socioeducativo durante as oficinas de técnicas de pintura, realizadas em 2012. Os quadros são releituras das obras do artista pernambucano Romero Britto. No trabalho realizado nas oficinas

de técnicas de pintura, os educadores estimularam os adolescentes, com base nas imagens já criadas pelo artista, a manifestar seus sentimentos por meio das cores, compreendendo seus significados e criando releituras próprias. A exposição visa a sensibilizar a comunidade de Botucatu sobre o trabalho realizado pela equipe da Fundação CASA e do Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância (Crami), organização nãogovernamental que compartilha a gestão do CASA Botucatu. Por meio da arte e da cultura - entre outras atividades desenvolvidas no centro socioeducativo - busca-se fomentar

no adolescente o protagonismo e a criatividade, oferecendo acesso a várias linguagens. ‘O desenvolvimento humano também passa pela educação e pela arte e, na medida socioeducativa, ajuda na reflexão do jovem’, avalia a diretora do CASA Botucatu, Juliana Rosa. “Eu nunca tinha trabalhado com arte, nunca tive paciência. Nessas oficinas eu tive a oportunidade de aprender, desenvolver algo que estava dentro de mim e eu não sabia. Quem sabe quando eu sair de lá posso trabalhar com esse tipo de pintura”, declarou um dos adolescentes que participou da visita à exposição e que também participa das oficinas.

Jovens atendidos pela Fundação Casa observam trabalho de colegas agosto

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Geral

Comissão cuidará da qualidade de vida dos funcionários da FMB Foi instalada dia 18 de julho, na Faculdade de e energia elétrica, entre elas a manutenção preventiva Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), uma comissão dos aparelhos de ar condicionado; diagnóstico sobre voltada exclusivamente ao bem estar do funcionário. os riscos em cada área para a elaboração de um plano O grupo, denominado “Comissão Qualidade de Vida de prevenção; visita dos membros da Cipa da FMB aos e Saúde do Trabalhador”, terá foco em ações de setores e também a criação de canais de comunicação diagnóstico e prevenção dos riscos ambientais que para que os trabalhadores possam apontar suas possam prejudicar a saúde dos servidores. necessidades, que terá como slogan a frase “Conte para A equipe, que atuará em parceria com a Comissão a gente e conte com a gente”. Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) da FMB, Serão colocadas caixas de sugestões em nove pontos realizará um levantamento nas das dependências da FMB, por meio das áreas de trabalho para identificar Estão sendo planejadas quais os funcionários poderão apontar, possíveis riscos biológicos, químicos, anonimamente se preferirem, riscos de ações em conjunto acidentes ou adoecimento em seus setores ergonômicos e até de quedas. Segundo a professora Adriana com a Seção Técnica ou também sugerir melhorias. Uma página Polachini do Valle, vice-presidente no site da instituição e um e-mail também de Saúde da Unesp da comissão, os acidentes biológicos serão criados para facilitar a comunicação com perfurocortantes são os mais com a comissão. comuns e também os mais preocupantes.Na FMB, os As caixas de sugestões serão colocadas no prédio setores onde esse tipo de ocorrência pode ser registrada administrativo da FMB; anexos acadêmicos; nas duas são o Centro de Saúde Escola (Vila dos Lavradores e Vila unidades do Centro de Saúde Escola; laboratórios Ferroviária) e nos laboratórios experimentais. experimentais e seção de manutenção. Também estão sendo planejadas ações em conjunto com a Seção Técnica de Saúde, coordenada pela Atividades físicas professora Ludmila Cândida de Braga. “Por meio dessa parceria será verificado, por exemplo, se a vacinação dos Outra frente de trabalho da Comissão Qualidade trabalhadores está em dia e também teremos a estrutura de Vida e Saúde, da FMB, será a implantação, a partir necessária para, eventualmente, encaminhar funcionários do dia 1º de agosto deste ano, de um projeto que para acompanhamento médico. Outra atividade que será oferecerá, gratuitamente, atividades físicas para toda sua desenvolvida com apoio da Seção Técnica de Saúde é comunidade, sejam alunos, professores ou funcionários, um estudo sobre as principais causas dos acidentes de inclusive do Hospital das Clínicas. A autorização foi dada trabalho ou adoecimento dos servidores”, conta Adriana. pela diretora da FMB, professora Silvana Artioli Schellini Formas corretas de manuseio e descarte dos na tarde de 18 de julho. Os interessados poderão resíduos gerados pela FMB estão entre as atribuições optar por praticas esportivas, exercícios aeróbicos ou da nova comissão. “Vamos trabalhar com informação e localizados (musculação). normatização. Queremos pensar em maneiras racionais de Os interessados se reunirão na quadra poliesportiva armazenamento, descarte e até controle de aquisição de localizada no câmpus da Unesp em Rubião Júnior - atrás materiais para evitar gerar resíduos desnecessáriamente. do prédio da Administração Geral - e poderão escolher Outro foco será o reaproveitamento”, frisa a vice- entre três horários diários: das 7 às 8; do meio-dia às presidente do grupo. 13 horas ou entre 17 e 19 horas. Há possibilidade de Entre as atividades propostas para os próximos frequentar os treinos diariamente. meses estão a realização de duas oficinas (Ergonomia A coordenação da iniciativa ficará sob e Análise de Acidentes), sob coordenação do professor responsabilidade do professor de Educação Física Ildeberto Muniz, o Pará; ações de racionalização de água Waldomiro Rapello Filho.

Trabalho

GAC realiza palestras sobre qualidade de vida Realizado através do Grupo Administrativo do Campus (GAC) - Unesp/Botucatu, o Ciclo de Palestras 2012, sobre saúde do trabalhador, teve continuidade nos meses de agosto e setembro. As apresentações ocorrem na Casa da Arte da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ). As atividades, organizadas pela Seção Técnica de Recursos Humanos da AG, têm como público-alvo servidores e funcionários da Unesp – Câmpus de Botucatu – e visa à promoção da importância da qualidade de vida destes no trabalho.

Dia 7 de agosto, o tema abordado foi “Trabalho e Qualidade de Vida”, com o palestrante João Elias, instrutor de curso de oratória e escritor; sendo que na semana seguinte, no dia 14, o uso de álcool e suas consequências foi amplamente abordado pela professora do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da FMB, Maria Odete Simão. As palestras prosseguem dia 4 de setembro com os temas: “A função psicológica do trabalho”, com a palestrante Maria Dionísia Dias, docente do Departamento de Saúde Pública da FMB. Dia 18 de setembro – “Novos horizontes na vida laboral:

O processo de retorno ao trabalho”, com apresentação da equipe de Seção Técnica de Saúde (Unesp - Botucatu). Finalizando esse ciclo, Dia 20 de setembro – “A saúde mental de quem trabalha com saúde: historias de vidas que se cruzam”, com a palestrante Sandra Rosa Ribeiro, docente da Unesp – Campus de Presidente Prudente. Os interessados devem se inscrever pelo telefone (14) 38803109 ou pelo e-mail: rhag@btu.unesp. br, tratar com Rui Maia. Devem ser encaminhados nome completo, CPF, local de trabalho, telefone e e-mail, a fim de que todos os participantes recebam certificados.

Beneficente

Grupo Sempreviva doa 34 poltronas para o HCFMB O Grupo Sempreviva doou, nesta segunda-feira (13), 34 poltronas reclináveis às enfermarias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB). O presidente do Sempreviva, o médico cardiologista e professor emérito da FMB, Éder Trezza, fez a entrega das poltronas ao superintendente do HCFMB, professor Emílio Carlos Curcelli, e a dirigente da Gerência de Enfermagem, Karen Menozzi. Com a doação das 34 poltronas, serão beneficiadas agosto

2012

as enfermarias da Pediatria (7 poltronas), Pronto Socorro (5 poltronas), Cárdio-Torácica (3 poltronas), Of talmologia (5 poltronas), Cirurgia Vascular (3 poltronas), Gastrocirurgia (5 poltronas), Ginecologia (3 poltronas) e Unidade de Alta Hospitalar (3 poltronas). “As poltronas tornarão o ambiente hospitalar mais humanizado”, destacou a enfermeira Karen Menozzi. As poltronas doadas foram adquiridas e doadas pelo Grupo Sempreviva, que atua há mais de 10 anos em colaboração

com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), prestando auxílio às ações de humanização do atendimento à pacientes e melhorias estruturais. “Nosso trabalho objetiva beneficiar os pacientes do HC”, destaca o presidente do Sempreviva, Éder Trezza. M a i s i n f o rm a ç õ e s s o b re o Grupo Sempreviva podem ser obtidas através do e-mail etrezza@uol.com.br ou pelos telefones (14) 3882- 1651 e (14) 3882- 2274.

Simulações mostraram os desafios enfrentados por deficientes

Inclusão

Funcionários da FMB participaram de curso sobre acessibilidade Servidores da Faculdade de Medicina (FMB) e das demais unidades do câmpus da Unesp em Botucatu, participaram, dias 24 e 25 de junho, em Araraquara, do Curso de Educação Continuada e Certificação em Acessibilidade. O treinamento foi organizado pelo Programa de Gerenciamento de Resíduos (COTSA) em parceria a Coordenadoria de Recursos Humanos, inserido no Programa Permanente de Desenvolvimento do Corpo Técnico e Administrativo da Unesp. As aulas foram ministradas por representantes da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo. O evento apresentou informações práticas sobre conhecimentos específicos para eliminação de barreiras arquitetônicas do espaço público e preparar para adequar o exercício profissional, com reconhecimento oficial em acessibilidade. As atividades foram

voltadas aos diretores técnicoadministrativos, diretores de serviço e chefes das áreas de manutenção. Entre os principais aprendizados, os participantes puderam vivenciar algumas das dificuldades enfrentadas pelos portadores de necessidades especiais. Os funcionários foram incentivados a se locomoverem pelo prédio em uma cadeira de rodas, usando bengalas e até com os olhos vendados. Além disso, receberam informações atualizadas sobre como sinalizar adequadamente vias públicas do câmpus; acessibilidade aos prédios; sanitários adaptados; entre outras normas vigentes. Pela FMB participaram Rosana Maria Alves Barreto, diretora do Serviço de Atividades Auxiliares (DSAA); Milton Máximo de Carvalho, supervisor da Seção de Manutenção; Antônio do Prado Filho, responsável pela área de Gestão de Obras da Diretoria de Serviço de Atividades Auxiliares (DSAA).

Debates

Liga de Saúde Sexual e Reprodutiva realiza I Noite de Transtornos Sexuais No dia 17 de agosto, a Liga de Saúde Sexual e Reprodutiva – formada por estudantes dos cursos de Medicina e Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) – realizou a I Noite de Transtornos Sexuais, quando apresentará palestra com o professor Dr. Giancarlo Spizirri. Giancarlo Spizirri é psiquiatra e docente, que atua no Projeto Sexualidadade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas Universidade de São Paulo (Usp). O projeto congrega profissionais de diversas áreas da saúde, como psicólogos, urologistas, ginecologistas, terapeutas ocupacionais, médicos residentes em psiquiatria e educadores. Todos desenvolvem atendimento à pacientes com transtornos sexuais

e pesquisas sobre a sexualidade humana, educação sexual, entre outras linhas. Para a estudante de Medicina da FMB e membro da Liga de Saúde Sexual Reprodutiva, Laís Mazon, é importante a realização de um encontro como esse em Botucatu, pois muitas vezes profissionais e outras pessoas não sabem o que é um transtorno sexual e nem como tratar deste tipo de paciente. “Por não saber diferenciar exatamente um comportamento de transtorno sexual de outro normal, o encaminhamento de casos para a psiquiatria tornase mais demorado e complexo. Tivemos um evento como esse apenas em 2010 e, além disso, não é um tema que vemos tanto na nossa graduação”, destaca Mazon.


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Entrevista

Contra o sedentarismo na modernidade A atenção do mundo esteve, nos meses de julho e agosto, voltados a Londres com a realização dos Jogos Olímpicos. O efeito, como de praxe, foi o incentivo à prática esportiva. Esse sempre foi um dos objetivos primários do evento. No entanto, o outro lado da moeda aponta que a modernidade trouxe um paradoxo preocupante. Reportagem divulgads pela BBC de Londres mostrou que estudos realizados por diversos centros em todo o mundo apontou que um terço da população adulta é sedentário. Ou seja, pratica pouco ou nenhuma atividade física. Tal fator pode estar associado, ainda, a mais de 5,3 milhões de mortes, por ano, em todo o mundo. Especialistas realçaram que o problema pode ser considerado como uma pandemia mundial e necessita de políticas públicas de incentivo e estrutura para a prática de atividades não só em grandes centros, mas também em municípios menores. Os mesmos compararam a nocividade do sedentarismo ao vício em tabaco. A mesma repor tagem da BBC traça um panorama mais regional. No Brasil, o número de mortes por doenças relacionadas ao sedentarismo, como diabetes, câncer de mama e do cólon, é de 13,2% da população. Já na América Latina e Caribe, esse percentual é de 11,4%. A inatividade física na América Latina seria a causa de 7,1% dos casos de doenças cardíacas, 8,7% dos casos de diabetes tipo 2, 12,5% dos casos de câncer de mama e 12,6% dos casos de câncer de cólon. No Brasil, ela é a causa de 8,2% dos casos de doenças cardíacas, 10,1% dos casos de diabetes tipo 2, 13,4% dos casos de câncer de mama e 14,6% dos casos de câncer de cólon. Para Roberto Carlos Burini, professor da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) e coordenador do Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (Cemenutri), o sedentarismo é agravado, ainda, pelo avanço da tecnologia, que provoca o ‘conforto’ e a pouca preocupação da sociedade em intercalar atividades de trabalho com lazer e prática esportiva. Segundo ele, o ‘lazer saudável’ se tornou fundamental para a qualidade de vida dessa parcela da população. O especialista afirma ainda que não existe uma política real, por parte do Poder Público,

“As ocupações mais bem

remuneradas são as mais sedentárias, onde as pessoas passam grande parte do tempo sentadas

Roberto Carlos Burini quanto à mudança de postura da sociedade

em incentivar a prática esportivaem qualquer nível- e a estrutura urbana é considerada insuficiente para atender a população. Como pode ser caracterizado o sedentarismo. Quais os problemas à saúde pode provocar? O sedentarismo é caracterizado pelo estilo de vida. O indivíduo é tido como sedentário pela frequência com que adota hábitos como permanecer tempo prolongado deitado ou sentado quer seja dormindo, lendo, assistindo TV, manipulando computador, dirigindo etc, enfim, em atividades que demandam pouco esforço físico e gastos energéticos. Adicionalmente, o indivíduo adulto é considerado insuficientemente ativo (erroneamente também chamado de inativo ou sedentário) quando apresentar valores inferiores a dez mil passos por dia (o idoso 7500 passos), atividades físicas inferiores a 150 minutos por semana ou gasto energético com atividades físicas inferiores a 1500 kcal por semana. Primariamente, o problema de saúde associado ao sedentarismo é a obesidade pelo aumento do balanço energético decorrente do menor gasto com trabalho muscular. Consequentemente, a energia economizada é armazenada na forma de gordura, resultando no excesso de peso, com sobrecarga das articulações e sintomas de artrite, que cronicamente evoluem para artrose. Paralelamente, o baixo uso da massa muscular resulta em atrofia, fragilizando ossos e articulações levando a situações de desequilíbrio postural e quedas frequentes. Dor articular e desequilíbrios frequentes induzem a redução ainda maior da atividade física. Atrofia da massa muscular e expansão do tecido gorduroso (obesidade) constituem fatores de risco para diabetes tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemia predispondo os portadores às doenças cardiovasculares, principal causa de mortalidade nos dias atuais. Sedentarismo e ingestão dietética de má qualidade constituem a segunda causa de mortes evitáveis, perdendo apenas

para o tabagismo. Adicionalmente, constituem a principal causa do excesso de peso, que afeta hoje mais da metade dos brasileiros adultos e quase 20% das nossas crianças. O obeso apresenta custo adicional estimado em R$21 ao sistema de saúde, em relação aos não obesos, enquanto a criança obesa apresenta risco sete vezes maior de apresentar doença cardiovascular.

“ Sedentarismo e ingestão

dietética de má qualidade constituem a segunda causa de mortes evitáveis, perdendo apenas para o tabagismo.

que ocorrem contra o tabagismo.

Roberto Carlos Burini sobre o impacto O sedentarismo está presente do sedentarismo na saúde pública em um terço da população público ainda está lento nesse ponto, adulta e é apontado como causa de morte em 5,3 milhões a cultura popular ainda está longe de pessoas por ano. O que faz de aceitar que o estilo de vida ativa com que a população seja tão é o mais saudável. Falta política de incentivo, que vai mais do que sedentária? É o próprio estilo de vida e a adoção campanhas já que o povo sabe dos desse estilo sedentário, motivada benefícios dos exercícios. principalmente pela tecnologia do conforto. O chamado ‘lazer saudável’ A mesma pesquisa apontou que atualmente tem um significado de o sedentarismo é tão maléfico conforto. As pessoas não abrem mão quanto o tabagismo. Até que da comodidade, do automóvel, da ponto isto se torna preocupante? televisão com seu controle remoto. É uma comparação crítica e oportuna. O estilo de vida ativo é onde o Os efeitos prejudiciais do tabagismo sujeito tem que buscar o sustento, a sempre foram conhecidos, mas saúde por meio da atividade física. inexistia um aspecto biológico Nossos ancestrais gastavam em que comprovasse. Isso foi feito média, dezenove quilômetros diários recentemente quando se verificou para conseguir água e comida. Na que um dos componentes derivados modernidade, se consegue tudo isso da nicotina tinha ação cancerígena, por meio do telefone, da entrega em foi possível uma ação efetiva contra domicílio. Percorrer essas distâncias o tabagismo. Esse indicador ainda para obtenção do sustento foi não existe quanto ao sedentarismo. O que há são dados epidemiológicos substituída pela tecnologia. que associam os dois (sedentarismo e malefícios à saúde), mas não há um Faltam políticas públicas para efeito causal definitivo. Quando for a prática de exercícios físicos? Do lazer, sim. Existe uma parcela da possível definir que o sedentarismo população que continua tendo uma provoca danos ele será combatido atividade física laboral intensa com com campanhas públicas como as profissões que fazem com que o indivíduo gaste grande quantidade de energia. Mas hoje a sociedade prioriza as atividades sedentárias. As ocupações mais bem remuneradas são as mais sedentárias, onde as pessoas passam grande parte do tempo sentadas, em frente a um computador. Em termos de política, resta o lazer. E essa oferta é muito lenta. Hoje, por exemplo, todas as unidades de saúde deveriam ter academias ao ar livre, locais próprios a essas atividades. O plano de desenvolvimento urbano deveria ter academias ao ar livre, espaços propícios a caminhadas, ciclovias, entre outros. Se de um lado o poder

Como as pessoas, que hoje são sedentárias, podem mudar essa realidade? Basta começar a praticar uma atividade física. Toda caminhada se inicia com o primeiro passo. Esse é um bom exercício. Desde que seja agradável e que a pessoa obedeça as limitações do indivíduo e que esteja consciente de que o organismo dele, em função do número de músculos e da estrutura esquelética ele foi feito para andar. O ser humano caminha há milhares de anos. Mas tem que se ter cuidado, procurar um especialista. A intensidade do exercício tem que obedecer às limitações de cada pessoa. Além da prática de esportes, quais outras recomendações se faz para que a pessoa deixe de ser sedentária e tenha um equilíbrio maior para a saúde dela? A prática esportiva constitui apenas uma das recomendações ao combate ao sedentarismo. Obviamente é a mais convincente por veicular também disciplina, a boa alimentação e por abominar tabagismo e outras drogas adictas. Outras recomendações alternativas ao esporte incluem as caminhadas periódicas, individuais, em grupos, ou com animais; ciclismo externo ou estacionário; exercícios calistênicos (aquecimento), jogos recreativos, lavagem de carro, limpeza de casa, quintal, jardinagem etc, desde que impliquem em gasto energético igual ou superior a 300kcal/ dia ou 1500 kcal/ semana.

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Geral

Laboratório de Habilidades da FMB tem estrutura ampliada para aperfeiçoamento de práticas Alunos dos cursos de Medicina e Enfermagem da Fa c u l d a d e d e Med icina d e Botucatu/Unesp (FMB) passam a ter melhorias na estrutura de seu treinamento acadêmico com a adequação e reforma dos atuais Laboratórios de Habilidades. Recém transferido à antiga Casa do Servidor, no campus de Rubião Júnior, o local abrigará ampla estrutura para o desenvolvimento de rotinas práticas dos graduandos. As obras tiveram início em abril e irão abranger área total de 791,56m² e são realizadas em duas etapas. Com investimento de R$ 117.933 (proveniente da própria FMB), é feita a adequação do local- que ocupa o pavimento térreo da Casa do Servidor- para a acomodação dos equipamentos como manequins específicos, instrumentos cirúrgicos, entre outros, usados em atividades práticas. Tal adequação proporcionará maior distribuição do espaço para treinamentos específicos, por exemplo, em rotinas de consultas, atendimento em emergências e procedimentos, como colocação de sondas e reanimação cardíaca. O investimento, segundo professor Paulo Villas-Boas, coordenador dos Laboratórios de Especialidades, integra a gama de ações que a faculdade

Local recebeu diversas melhorias, propiciando que aulas práticas em Enfermagem e Medicina sejam desenvolvidas da maneira adequada tem promovido para a preparação de seu corpo discente em rotinas práticas. “A necessidade de proporcionar melhor estrutura ao local para treinamento acadêmico era antiga. Antes de inserir os alunos nas atividades práticas, até mesmo junto à comunidade, era preciso que tivessem bom embasamento

Evento

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ainda que, desde 2007, a FMB passou a investir maciçamente no treinamento e inserção dos alunos em atividades práticas. Através de verbas provenientes da Pró-Reitoria de Graduação, foram adquiridos nos últimos anos, material de apoio como os próprios manequins, mobiliário hospitalar e instrumentos cirúrgicos.

“Antes de inserir os alunos

nas atividades práticas, era preciso que tivessem embasamento das situações que poderão enfrentar

Pof. Paulo Villas-Boas sobre os investimentos nos laboratórios

Atualização

Medicina/Unesp promove 8º Congresso de Oncologia Dias 19 e 20 de outubro, no Salão Nobre da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB), será realizado o 8º Congresso de Oncologia de Botucatu. As inscrições online já podem ser feitas no site do evento. O primeiro lote, com desconto, está disponível até dia 28 de agosto. Estão programadas palestras de enfoque multiprofissional, abrangendo temas em câncer nas fases adulta e infantil, além de práticas cirúrgicas e o desenvolvimento de pesquisas. As apresentações serão direcionadas a alunos da graduação, pósgraduandos, médicos, residentes e demais profissionais da área. São esperados aproximadamente 200 participantes. Nesta oitava edição, o congresso contará com a presença de médicos e pesquisadores renomados dos principais hospitais, universidades e instituições do Estado de São Paulo. Entre eles: Hospital Sírio Libanês, Hospital Albert Einstein, Hospital do Câncer A.C. Camargo, Hospital Amaral Carvalho de Jaú, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Academia Nacional de Cuidados Paliativos, Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e também da FMB/Unesp. Entre os palestrantes convidados, estão o Dr. Gilberto de

das situações que poderão enfrentar”, ressalta. Os ambientes dos laboratórios irão simular consultórios, salas de emergências e de p r o c e d i m e n t o s . Ta m b é m centralizarão os manequins usados em treinamentos e terão espaço para aulas teóricas. Prof. Villas Boas salienta

Castro Junior, médico oncologista do Departamento de Cabeça e Pescoço do Hospital Sírio Libanês e membro da equipe médica que assiste ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também estará presente Dr. Vicente Odone Filho, professor titular do Depar tamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP, médico da equipe de oncopediatria do Hospital Albert Einstein e responsável pelo Serviço de Onco-Hematologia Pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP. Foram convidados ainda Dr. Fernando Augusto Soares, diretor do Departamento de Anatomia Patológica do Hospital do Câncer A. C. Camargo e Dr. Mair Pedro de Souza, medico hematologista e coordenador do Serviço de Transplante de Medula Óssea do Hospital Amaral Carvalho, entre outros. Inscrições e informações através do site do evento: www. cob.fmb.unesp.br. Há também o contato via email, pelo endereço: congressooncologiabotucatu8@ yahoo.com.br. A realização do evento é da Liga do Câncer de Botucatu, com o apoio do Serviço de Quimioterapia do Hospital das Clínicas de Botucatu e Departamento de Pa to l o g i a d a Fa c u l d a d e d e Medicina de Botucatu.

Especialista internacional enfatiza tratamento em pediatria pulmonar

Rotta aproveitou para conhecer os laboratórios de pesquisa da FMB

Nos dias 8 e 9 de agosto, a Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB) recebeu a visita do Dr. Alexandre Rotta, médico pediatra pulmonar brasileiro e que atua no Cardiac Critical Care Riley Hospital of Children, em Indianapolis/EUA, centro de referência no tratamento pediátrico de doenças cardíacas. Alexandre Rotta, que veio por intermédio de José Roberto Fioretto, cardiologista e docente do Departamento de Pediatria da FMB, aproveitou o dia 8 para conhecer as instalações dos laboratórios de pesquisas da instituição e avaliar os projetos de estudos desenvolvidos pelos pesquisadores da Unesp. Já no dia 9, o pediatra pulmonar deu sua contribuição à FMB ao ministrar aulas para a disciplina Tópicos Especiais, do Programa de Pós-Graduação de Fisiopatologia em Clínica Médica, coordenado por Fioretto. O visitante abordou dois temas em suas aulas: “Fisiopatologia da Lesão Pulmonar Induzida pela Ventilação Mecânica”, que se trata da comparação de estudos sobre as lesões provocadas pela ventilação mecânica, recurso fundamental durante a execução da Terapia Intensiva; e “Métodos de Estudo Experimental da Lesão Pulmonar Aguda”, discernindo sobre os procedimentos e experimentos realizados no estudo de tais lesões.


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Evento

Cuidados em saúde mental e violência contra crianças Violência cada vez mais frequente dentro da sociedade, o abuso sexual foi um dos temas amplamente debatidos durante o Congresso de Saúde Mental na Infância, promovido pela Faculdade de Medicina da Unesp – Câmpus de Botucatu, dias 31 de julho e 1º de agosto e que reuniu aproximadamente 300 pessoas. O assunto, ministrado pela professora da FMB, Joelma Martins, durante palestra dia 1º de agosto, traçou inicialmente o perfil tanto do paciente quanto do agressor até o aumento no número de casos, foram determinados como pontos a serem estudados com maior ênfase. Algumas obras da literatura médica são enfáticas e padronizam o agressor como sendo homens jovens (na faixa dos 20 aos 40 anos) e que estão no âmbito familiar ou proximidade social- como vizinhos ou amigos da família. Já a vítima é personificada como do sexo feminino (em grande parte dos casos), conhecem ou estão em situação de subordinação ao agressor. “Temos que identificar se a criança está exposta no dia-a-a-dia a alguma forma de agressão”, frisa a professora. Esse ponto foi citado pelo fato de que os agressores, em sua maioria, são pessoas próximas à vítima. Não há, conforme Joelma, distinção de classe social e um dos pontos mais preocupantes é que boa parte das vítimas podem passar a apresentar predisposição em cometer abusos na fase adulta. A violência sexual engloba comportamentos como exibicionismo, carícias e até a consumação do ato. Meninas são as maiores vítimas de violência sexual e, de acordo com a literatura médica, mais de 40% dos casos no mundo ocorrem em crianças acima dos 10 anos. “São situações em que a criança tem sua sexualidade invadida. E quem comete o abuso está próximo a ela; alguém em que ela (a vítima) tem confiança”, continua Joelma. Segundo ela, 10% das crianças que dão entrada no Pronto-Socorro do HCFMB, autarquia vinculada que a violência sexual na infância à Secretaria de Estado da Saúde, reflete no psicológico de quem sofrem de traumas físicos intencionais presta a assistência às vítimas. (desde agressões físicas como tapas, “Alguns casos chegam a surpreender socos ou empurrões ao abuso sexual as pessoas que estão preparadas consumado). Desse total, mais da para tais situações. Muitas vezes é metade evoluem a óbito. Grande necessário o apoio psicológico a parte dos casos tem reincidência em esses profissionais”, informou. Para a professora, o Sistema curto espaço de tempo. Ela frisou, ainda, que a assistência Público de Saúde ainda não possui multiprofissional em saúde deve estrutura que contemple a total centralizar primariamente no assistência às vítimas. Além disso, bem estar da vítima. A correta reafirmou a necessidade de se incluir conversa com a vítima se tornou, mais detalhadamente a questão do para a especialista, ponto crucial abuso sexual dentro dos planos de para o processo de identificação ensino em Medicina. Já a assistência psicológica às da violência. Também apontou a necessidade do exame físico crianças vítimas de violência sexual, completo para a confirmação do as repercussões para a criança e a estruturação da rede de assistência abuso sexual. É neste contexto que a presença foi amplamente abordada pelas da equipe de especialistas é crucial psicólogas do HCFMB, Juliana na detecção das diferentes marcas que a violência propiciou à vítima. “A visão de diversas especialidades é imprescindível Quem comete o abuso para avaliar o grau da agressão. está próximo a ela; É verificado, por exemplo, os alguém em que ela (a riscos e possibilidades de se contrair uma DST (Doenças vítima) tem confiança Sexualmente Transmissíveis) e também da gravidez, caso ocorra em meninas”, disse. Joelma Martins, sobre o perfil Joelma também lembrou característico de quem comete abuso

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“Quanto mais profissionais

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avaliarem a criança, maiores as chances de um diagnóstico correto

Lara Santos sobre a importância do exame por equipe multiprofissional

3 Martini e Paula Ranaldi. Nas primeiras considerações, Paula realçou os impactos nas características da personalidade da criança. Desde a parte física quanto sociais e psicológicas têm profunda mudança após o trauma. A vítima passa a apresentar distúrbios do sono, na alimentação; mudanças no comportamento, hostilidade ao sexo do agressor, sentimento de culpa, baixa autoestima, entre outros aspectos. “Quem sofreu esse abuso pode ficar mais quieto ou agressivo. Há a chance dela reproduzir essa violência em outras crianças”, relata. Juliana Martini ainda frisou a importância da estruturação e integração das redes básicas de saúde a outras unidades de saúde para o acolhimento dessas vítimas. Nesse contexto, é imprescindível a atuação de equipes multiprofissionais para a recepção, avaliação, orientação familiar e o apoio necessário caso seja constatado o abuso. “O empenho dos serviços de saúde é capacitar da maneira adequada para que as equipes possam fazer um diagnóstico coeso”, finalizou a psicóloga. O envolvimento dos pais, professores, médicos, além de vários outros profissionais

4 Especialistas debateram aspectos quanto à violência sexual e transtornos mentais que podem aparecer na infância. Carlos Eduardo Paula Leite (foto 1), Joelma Martins (foto 2), Lara Antunes dos Santos (foto 3) e Juliana Martini (foto 4) abordaram a assistência e seus impactos na Saúde Pública precisam estar envolvidos no acompanhamento de crianças com desvio de aprendizagem, em especial aquelas com os chamados Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) também foi amplamente discutido no congresso. Durante a palestra de abertura, dia 31, a professora da FMB, Lara Cristina Antunes dos Santos. Ao traçar um histórico da TEA, a neuropediatra lembrou que, no mundo, 130 a cada 100 mil crianças sofrem com o autismo e geralmente a incidência é maior em meninos. De acordo com ela, ainda não existe um exame para diagnosticar o autismo, cujos sintomas afetam de maneira significativa a capacidade de interação social, comunicação

e o comportamento do indivíduo. No entanto, Lara explica que alguns sinais podem ser observados, como: deficiências qualitativas na interação social; padrão de comportamento repetitivo e esteriotipado (sem sentido para os outros); além de um repertório restrito de interesses e atividades. Para a neuropediatra, é fundamental que a criança com sintomas de autismo seja avaliada por uma equipe multidisciplinar. “Quanto mais profissionais avaliarem a criança, maiores as chances de um diagnóstico correto”, destacou. Durante sua apresentação, professora Lara também explicou que a ciência ainda estuda quais são os fatores que desencadeiam o autismo. No entanto, frisa que a identificação precoce é fundamental e reflete no sucesso do tratamento. Entre 9 e 14 meses as crianças devem apontar as coisas que querem; brincam de faz de conta; reagem quando são chamados pelo nome e monitoram o olhar dos pais ao interagirem com eles. Caso não façam isso e ainda evitem olhar no rosto das pessoas; demonstrem não entender o que está acontecendo ao seu redor; não estranhem pessoas desconhecidas, pode ser um indicativo de que é preciso buscar ajuda de um especialista. A segunda palestra foi do médico psiquiatra Carlos Eduardo Paula Leite, ex-residente da FMB/ Unesp e atualmente professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Ao falar sobre o tema “Atualizações sobre o Autismo”, o acadêmico reforçou a orientação de que o diagnóstico, para resultar em um tratamento eficaz, precisa ser feito antes dos três anos de idade. Segundo ele, em um mesmo indivíduo os sintomas podem mudar ao longo da vida. Leite apontou que há influência do ambiente na expressão gênica do autismo, que é chamado de “epigenética”. Ele usou como exemplos a exposição intrauterina a medicações; agrotóxicos e tocotraumas (lesões produzidas no feto durante o trabalho de parto). Segundo ele, os empregos dessas pessoas, quando adultas, é quase sempre de níveis mais baixos e a maioria dos casos é grave. Podem, ainda, haver outras doenças relacionadas, como por exemplo: TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo); transtornos de humor; de sono, de ansiedade e de alimentação. “O tratamento precisa ser sempre individualizado, contextualizado e com o objetivo de levar o desempenho do paciente ao limite. Deve-se tornar o autista o mais independente possível”, colocou Leite, lembrando que o tratamento é oneroso, porém imprescindível. agosto

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Faculdade de Medicina

Simpósio de Educação Médica discute exame do Cremesp e reforma curricular do curso Alunos do curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp participaram, dias 8 e 9 de agosto, de mais uma edição do Simpósio de Educação Médica. Foram discutidos temas como: exame do Cremesp, a renovação das escolas médicas e ainda houve uma apresentação sobre o sofrimento mental dos estudantes de medicina. No dia 8, primeiro dia do evento, o foco do simpósio foi o debate das atuais reformas curriculares de diversos cursos de medicina. A reflexão sobre o assunto aconteceu por meio das mesas de discussão “Reformas Curriculares” e “Renovando a s E s c o l a s M é d i c a s ”, c o m p a r t i c i p a ç ã o d o p r of e s s o r Joelcio Francisco Abbade, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FMB, e do vice-diretor da escola José Carlos Peraçoli. Durante sua apresentação, Abbade voltou no tempo e abordou um histórico sobre o ensino da Medicina ao longo das últimas décadas. O professor mencionou, inclusive, o relatório Educação Médica nos Estados Unidos e no Canadá, elaborado por Abraham Flexner (1866-1959) para a Fundação Carnegie, que em 2010 completou 100 anos. Ao citar a Associação Brasileira de Medicina (ABEM) lamentou o fato de o órgão não ter conseguido ainda restringir a abertura de novas escolas de medicina e também apontou a Constituição de 1988 como um marco, pois, de acordo com ele, mudou o sistema de saúde pública no Brasil. O professor ainda comentou a respeito da Cinaem - Comissão Interinstitucional de Avaliação do Ensino Médico – criada em 1991 para avaliar a qualidade das escolas médicas brasileiras. Lembrou dos primórdios do Promed, criado em 2002 e que selecionou 20 escolas em todo o país. Trata-se de um programa do governo federal que oferece incentivo financeiro para que as faculdades de medicina renovarem seus currículos. Outro ponto que mereceu destaque foi a implantação, em 2009, do PET-Saúde, que tem

Alunos discutiram a obrigatoriedade da realização do exame do Cremesp e atual chapa gestora do CAPS se manifestou a respeito (leia mais na página 2). Vice-diretor, prof. Peraçoli traçou um panorama da Reforma Curricular em andamento como fio condutor a integração ensino-serviço-comunidade e disponibiliza bolsas para tutores, p r e c e p t o r e s ( p r of i s s i o n a i s dos serviços) e estudantes de graduação da área da saúde. Cada grupo PET-Saúde/Saúde da Família é formado por 1 (um) tutor acadêmico, 30 estudantes - sendo 12 estudantes monitores, que efetivamente recebem bolsas - e 6 (seis) preceptores. Mais recentemente, em 2012, foi criado o Pró-PET Saúde, com o objetivo de intervir no processo de formação dos médicos, de maneira

sintonizada com as necessidades sociais, considerando dimensões históricas, econômicas e culturais da população. A segunda palestra da noite foi do vice-diretor da FMB, professor José Carlos Peraçoli. Ele apresentou um resumo de tudo que foi feito até agora durante o processo de reestruturação do

Sofrimento psíquico do estudante de medicina será investigado O tema: sofrimento psíquico do estudante de medicina também ganhou espaço durante o Simpósio de Educação Médica. A professora do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da FMB, Maria Cristina Pereira Lima foi a palestrante. Não é difícil encontrar em muitos estudantes alterações no humor como depressão,

ansiedade e doenças relacionadas ao estresse. Esses comportamentos são fatores que podem afetar o desempenho na preparação ao vestibular e provocar até mesmo a desistência do ‘cursinho’. O estresse pode desencadear ainda doenças, obesidade, entre outros problemas. Para identificar e quantificar os principais tipos de sofrimentos

currículo do curso de graduação em Medicina. Todas as etapas tiveram a participação do Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP) e ao final de cada uma, um relatório era apresentado à Congregação da FMB para ciência. Os trabalhos tiveram início em 2009, quando, na primeira etapa, psíquicos mais comuns entre os estudantes do Ensino Médio e em fase de preparação ao vestibular, a Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB)- através de iniciativa do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria-, iniciou, em março, projeto junto a dois cursos preparatórios para o vestibular em Botucatu. Serão obser vados 120 vestibulandos ao longo do ano. Através da aplicação de questionários em três fases

foi feita uma avaliação do curso por professores e alunos. Já em 2010 e 2011, foi discutido qual o perfil do médico que deve ser formado pela FMB; prioridades de saúde; competências (gerais e por áreas); currículo; conteúdo; avaliação; metodologia; cenários de prática e semana padrão. Peraçoli lembrou que as principais alterações pelas quais o currículo de medicina já passou foram: no internato (2004), que agora é de 3 anos, e nas disciplinas (2006). O Ministério da Saúde entendia que o internato era fragmentado demais. Quanto às disciplinas, passaram de 37 – quando o curso foi criado, em 1963 – para 112. Em 2005, os avaliadores apontaram que a carga horária semanal de atividades assistenciais dos professores prejudicava a participação deles em pesquisa, ensino e extensão. Essa questão consta como um ponto a ser melhorado no currículo, além da valorização do ensino na carreira docente – que precisa, segundo a proposta de reestruturação curricular, de melhor remuneração e mais capacitação para o ensino. Outros aspectos a serem aprimorados na forma são: pouca participação dos alunos em atividades com a comunidade; atividades dos médicos não é reconhecida como de ensino. A proposta inicial era de o novo currículo ser implantado em 2012, porém, o projeto deve tramitar pelos órgãos da universidade em 2013 e passar a nortear o curso de Medicina da FMB em 2014.

distintas (início do cur so, metade do ano e véspera do processo seletivo), serão levantadas as condições gerais de saúde mental e os tipos mais frequentes de sofrimento psíquico entre os mesmos. To d o s o s pa r t i c i pa n te s são voluntários e fazem parte de dois cenários: um dos cursinhos é comunitário e voltado à população de baixa renda, enquanto o outro é particular.

Faculdade de Medicina

50 anos

Para os interessados na história da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB) e da própria Faculdade de Medicina de Botucatu e da Unesp podem conferir alguns momentos importantes da consolidação das instituições. Um deles é o painel instalado adjacente ao corredor central do Hospital das Clínicas, onde são retratados os primórdios da construção da instituição (fotos ao lado). Já o outro, próximo ao Anfiteatro do Departamento de Patologia, faz um panorama geral dos momentos políticos mais importantes da história da faculdade durante o Regime Militar (1964-1985). O anfiteatro, que no princípio era um laboratório, foi usado como palco para debates e assembleias entre os acadêmicos.

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Faculdade de Medicina

Incentivo ao desenvolvimento profissional do servidor De 6 a 8 de agosto, diversos ser vidores da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) e do Hospital das Clínicas (HCFMB) passaram pela terceira etapa do treinamento “Desenvolvimento de Gestores”, promovido pela Coordenadoria de Recursos Humanos (CRH) da Reitoria. Ao todo, o processo que teve a primeira etapa em 2011 e a segunda no início do deste ano, envolveu cerca de 110 gestores de ambas as instituições. A atividade faz par te do “ P r o g r a m a Pe r m a n e n t e d e Formação dos Ser vidores Técnicos Administrativos da Unesp”, que via à familiarização dos funcionários e gestores em todos os níveis hierárquicos com a ferramenta Avaliação de Desenvolvimento Profissional (ADP). É através dessa ferramenta que a FMB e a Unesp em geral buscam a otimização do desempenho de seus funcionários e o aprimoramento de suas atividades. A terceira etapa foi ministrada por Gustavo Falcão, consultor da MOT (Mudanças Organizacionais e Treinamentos). Por meio de dinâmicas, estudos de casos e jogos, os servidores

Servidores da FMB são incentivados a aprimorarem as capacidades técnicas como gestores participantes puderam interagir, trocar experiências e expor as mudanças já alcançadas em seus setores de trabalho. “Pode-se falar do que já mudou. Os servidores-gestores já têm mais consciência da ferramenta ADP, sabem como

usar. Persistem, orientam e acompanham a evolução dos funcionários”, destaca Falcão, que também faz questão de destacar o grande desafio do Programa Permanente, que é a conscientização de que o aumento do desempenho da

Aprimoramento

Departamento de Enfermagem inicia Planejamento de Desenvolvimento Durante todo o dia 13 de agosto, o Depar tamento de E n f e r m a g e m d a Fa c u l d a d e de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB) realizou atividades para elaboração do Plano de Desenvolvimento Departamental (PDD), articulado ao Plano de Desenvolvimento Institucional da Unesp (PDI). A capacitação do corpo docente contou com o apoio do Grupo Técnico de Recursos Humanos da FMB (GTDRH). Fizeram parte das atividades: docentes, servidores técnicos administrativos e representantes dos alunos do curso de Enfermagem da FMB. Ao inicio foram apresentadas pelo c o o rd e n a d o r d a C o m i s s ã o Permanente de Avaliação (CPA) da Unesp, professor Carlos Roberto Grandini, as bases e diretrizes de como os docentes devem executar o seu próprio planejamento, considerando o PDD, para que estes estejam em consonância com o plano da Universidade. “A importância de estar aqui é nortear a feitura das atividades. Assim como a Unesp tem o seu plano de desenvolvimento, os docentes devem seguir a mesma linha. O Departamento de Enfermagem da FMB é o primeiro, em toda Unesp, a desenvolver o PDD”, ressaltou o professor Grandini. O Departamento de Enfermagem, em 2008, havia iniciado as discussões sobre seu planejamento e o material produzido na época deu fundamentos ao trabalho atual. Alguns objetivos foram

Coordenador da CPA, prof. Grandini frisou as bases do planejamento alcançados, como: a Criação do programa de mestrado acadêm ico e doutorado; a oportunidade para realização de pós-doutorado; aumento dos intercâmbios estudantis; aumento da produção científica; adequação do quadro de enfer m e i r o s ; crescimento quantitativo e qualitativo dos projetos de extensão e reconhecimento nacional do curso. Em curto prazo (período de dois anos) estão previstas a proposição de um novo Projeto Político-Pedagógico ao curso de graduação em Enfermagem; a prom oçã o da i ntegração com o curso de Medicina e demais áreas da saúde; aumento das possibilidades de internacionalização e do número

de vagas para a graduação em 100%. Em médio prazo (cinco anos) está prevista a implantação da Faculdade de Enfermagem de Botucatu (FEB), o que daria maior autonomia aos docentes, ser vidores e alunos dentro do campus da Unesp/Botucatu. Para a chefe do Departamento de Enfermagem, Carmem Casquel Monti Juliani, a importância do PDD é que o mesmo irá orientar ações e metas em consonância com o PDI. “Sendo relevante toda essa articulação para nossos projetos, uma vez que essa coerência interna, inclusive, é um dos pontos c o n s i d e r a d o s n a a va l i a ç ã o do MEC e em qualquer outra avaliação”, completa.

Ação promovida pela universidade cumpre

determinações do Programa de Desenvolvimento

Institucional (PDI) da Unesp

Avaliação de Desenvolvimento Profissional deve ser contínuo. “O esforço tem de ser eterno. Compar tilhado com todos os servidores, para isso é necessário muita persistência dos líderes”, completa. Fernanda Silva, coordenadora de Recursos Humanos da Unesp, responsável pelas unidades de Botucatu, Sorocaba e Itapeva, acompanha todas as etapas do programa apoiando as atividades e frisa a grande importância da realização desse processo. “O programa trata-se de discussões e reflexões sobre a melhoria do processo de desenvolvimento dos servidores da Unesp. Isso, através de cursos e treinamentos para que haja prestação de serviços mais eficazes”, afirma. Essa espécie de ação promovida pela universidade cumpre d e t e r m i n a ç õ e s d o Programa de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Unesp, cuja missão, entre outros pontos, busca promover a formação profissional junto à qualidade de vida, inovação tecnológica, a sociedade sustentável, equidade social e direitos humanos com participação democrática de todos inseridos na instituição.

Evento

HCFMB recebe Simpósio Regional de Infecção Hospitalar Dias 10 e 11 de agosto, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), autarquia vinculada à Secretaria de Estado da Saúde, promoveu o 12º Simpósio Regional de Infecção Hospitalar ou Relacionada à Assistência à Saúde, que contou com 120 participantes entre alunos e professores da unidade. De acordo com o médico infectologista, Carlos Magno Castelo Branco For taleza, existem medidas que podem ser adotadas para diminuir as possíveis ocorrências de infecções. “Embora não seja possível eliminar a infecção totalmente, principalmente em pacientes que fazem procedimentos grandes, ou que tomam medicação que afetam a imunidade, há uma série de medidas que podemos adotar para diminuir o máximo possível a ocorrência dessas infecções”. Segundo o médico, “as discussões ao longo dos dois dias são exatamente quais as medidas mais importantes a serem adotadas, como estão as leis que regulamentam estas medidas, se as leis estão de fato funcionando, e também o uso de antibiótico principalmente no tratamento de doenças infecciosas hospitalares”.

O Simpósio Regional de Infecção Hospitalar ou Relacionada à Assistência à Saúde com o tema “O Controle da Infecção no mundo real”, realizado no salão nobre da Faculdade de Medicina, teve seu encerramento na manhã do dia 11, com extensa programação. Às 8h30 , ocorreu a mesa Redonda “Controle de IH em serviços com poucos recursos” – Rosely Morales de Figueiredo (UFSCAR) e “Uma proposta regional para Hospitais de Pequeno Porte” – Lilian Michalowski (GVS-Botucatu). Já às 9h30, a palestra com Debate “Os Hospitais deve ser obrigados a divulgar suas taxas de infecção hospitalar ” , ministrado por Denise Brandão de Assis (CVESP). Debatedores: Maria Clara Padoveze (USP), Lilian Michalowski (GVS-Botucatu) e Carlos Magno Fortaleza (UNESP) foi amplamente acompanhada pelos participantes. Os temas de encerramento deram a tônica em doenças que podem ocorrer no âmbito voltado à assistência em saúde. Desde a infecção de sítio cirúrgico; da corrente sanguínea até a tuberculose no hospital os temas deram maior subsídios ao conhecimento obtido pelos participantes durante o evento.

Gestores frisaram os cuidados contra a infecção no HCFMB agosto

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Adultos influenciam na alimentação das crianças De forma geral, as crianças percebem a importância da alimentação saudável, com frutas, hortaliças, cereais, fontes de carboidratos e de proteínas e sem excessos de açúcares e gorduras. Porém, como não escolhem as preparações que lhes são servidas nas principais refeições, esse entendimento, muitas vezes, não se reverte em alimentação balanceada, esclarece a nutricionista Roberta Alessandra Gaino, autora do mestrado “Concepção da criança em idade escolar sobre alimentação e nutrição”, apresentado em 2012 no programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da UNESP, Câmpus de Botucatu, sob orientação da professora Eliana Goldfarb Cyrino. O estudo permitiu identificar a compreensão dos estudantes sobre as diferentes funções dos alimentos, ou seja, para eles, vitaminas e minerais são reguladores das funções orgânicas e possuem propriedades antioxidantes, devendo ser preferidos em relação aos alimentos ricos em açúcares e gorduras. “Assim, comidas que fornecem energia somente foram vistas como prejudiciais à saúde”, completa a nutricionista, para quem tal concepção é consequência da forma como o tema é apresentado

à criança nos diferentes cenários de vivencia. Em entrevista com a professora dos escolares, esta disse ter abordado com eles os conceitos fundamentais com alimentos e nutrição, mas reconheceu a falta de tempo em sala de aula para os assuntos transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).

Os hábitos alimentares relatados pelos escolares são influências principalmente das mães

A educadora também relatou que, algumas vezes, o material didático é insuficiente e que não se sente plenamente capacitada para tratar todos os assuntos relacionados aos temas. “Percebe-se, na fala da professora, a ausência de uma educação nutricional que adote estratégias nas quais os estudantes possam participar ativamente da construção dos conhecimentos”, comenta a orientadora. Conflito entre a informação e as práticas alimentares – Para Eliana, as crianças estão abertas

Explorando o pensamento infantil O estudo foi realizado com 17 crianças do 5° ano do Ensino Fundamental, com idades entre nove a onze anos, de uma escola municipal do interior paulista. “Busquei estabelecer vínculo com os escolares para que conseguissem falar, de forma fidedigna, sobre o que pensam e sentem a cerca de alimentação e nutrição e também como fazem suas refeições e o que de fato comem”, comenta Roberta.

Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas; leitura de estórias infantis sobre o tema em questão; oficinas de desenho; prática culinária e observações em sala de aula e no intervalo. “Segundo diversos autores, estudos dessa natureza, permitem identificar no público alvo, sentimentos, crenças e concepções sobre determinado assunto”, esclarece a nutricionista, que realizou um estudo de perfil exploratório com

a novos conhecimentos sobre alimentação e nutrição, porém percebe-se que suas rotinas alimentares em família e na escola são repetidas, promovendo hábitos nem sempre condizentes com suas necessidades. “Eles vivenciam um conflito entre o que aprendem e o que consomem, em geral por escolha dos adultos”, comenta. Os entrevistados revelaram consumir poucas hor taliças e frutas. No entanto, frituras e

bebidas industrializadas estão diariamente presentes nas refeições, principalmente nos lanches, embora eles reconheçam que estes últimos são prejudiciais a saúde. Segundo Roberta, os hábitos alimentares relatados pelos escolares são influências principalmente das mães, presentes na compra e no preparo das refeições. “Fica claro que por motivos diferentes praticidade ou prazer -, as famílias estão trocando alimentos saudáveis

por industrializados, ou que podem ser adquiridos e preparados com maior facilidade”. Contudo, há casos em que a mãe também foi apontada como incentivadora da alimentação saudável e promotora da disponibilidade dos alimentos de qualidade nutricional, possibilitando, portanto, a mudança dos hábitos alimentares.

método qualitativo. Nessa pesquisa buscou-se ampliar a voz dos escolares sobre suas concepções a respeito de alimentos e nutrição, comenta a orientadora que coordena um grupo de estudos, no âmbito da linha de pesquisa “Desenvolvimento e análise de tecnologia e processos para formação de profissionais de saúde”, com financiamento da Capes, cujo foco é ampliar profissionais no campo da educação na saúde. “Frente aos desafios do aumento da obesidade

na infância e da mudança dos hábitos alimentares, nem sempre saudáveis, as falas das crianças ampliam o trabalho educativo nessa temática”, explica Eliana. Para a Roberta, os entrevistados possuem um repertório sobre alimentação e nutrição construído a partir do cotidiano, na vivência entre familiares e amigos, na escola com a contribuição dos meios de comunicação. No entanto, adverte a nutricionista, muitos conceitos são assimilados de forma

equivocada, comprometendo o entendimento mais amplo sobre o tema. A pesquisadora lembra que na idade escolar são estabelecidas as preferências e restrições alimentares, origens do comportamento de toda a vida. Para ela, a integração dos setores de educação e saúde poderia contribuir para ampliar e melhorar a transmissão do conhecimento sobre alimentação saudável.

(Da Assessoria de Imprensa da Reitoria da Unesp)

Educação e Tecnologia

Alunos experimentam metodologia de ensino diferente e interativa Na semana de 13 a 17 de agosto, os estudantes do segundo ano do curso de Medicina da Fa c u l d a d e d e Med icina d e Botucatu/Unesp (FMB) tiveram uma pausa das tradicionais aulas, em que o professor passa o conteúdo e o aluno apenas o assiste. Isso porque foi promovida pelo Conselho de Curso, que reúne representantes de todos os departamentos da FMB, a Semana de Integração Básica Aplicada. Realizada anualmente com os alunos do segundo ano da graduação, a Semana busca fazer com que eles passem a estudar e entender as disciplinas e matérias abordadas no curso de maneira integrada e não isoladamente pela Metodologia de Ensino Baseada em Problema. Nesse método, é apresentado um caso, ou doença, para que os alunos procurem compreendê-lo, debatam, e através da iniciativa própria de estudo e atividades práticas desenvolvam o conhecimento. A cada edição da Semana de Integração Básica Aplicada o tema agosto

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Semana incentivou o aluno a estudar as disciplinas de maneira integrada principal torna-se diferente. Em 2012, o problema abordado foi a Demência. Os estudantes foram expostos a exemplos de casos de demência e realizaram entrevistas com pacientes, atividades de desenvolvimento de habilidades com peças anatômicas, avaliação cognitiva

“Os alunos são estimulados a estudarem sozinhos, buscar sozinho o próprio conhecimento

Adriana Polachini do Valle sobre os objetivos do evento com os alunos

de portadores de demência e análise de neuroimagens. A coordenadora da Semana, professora Adriana Polachini do Valle, que ministra a disciplina de Semiologia, destaca que é importante aproveitar essa oportunidade de mostrar aos alunos uma metodologia de ensino que seja diferente da tradicional. “Durante a Semana de Integração Básica Aplicada os alunos são estimulados a estudarem sozinhos, buscar sozinho o próprio conhecimento”, afirma Polachini. A dinâmica toda é realizada separando os estudantes em grupos de até 10 membros, sempre liderados por professores tutores. Dessa forma o problema é debatido e as questões mais importantes são levantadas sobre o diagnóstico, desenvolvimento e tratamento da doença.Na quinta-feira, penúltimo dia, todos foram reunidos e puderam tirar dúvidas com especialistas em lidar com casos de demência,

como psicólogo, terapeuta ocupacional e geriatra. Tecnologia na EducaçãoEm 17 de agosto, o encerramento foi constituído de uma aula mais descontraída em que uma série de questões foi exposta sobre o tema da semana para avaliar o aprendizado dos alunos. De suas cadeiras os estudantes puderam escolher, por meio d e u m c o n t ro l e re m o t o , a alternativa mais adequada para cada pergunta, segundo sua concepção. As indicações foram computadas eletrônicamente. Houve apoio do Núcleo de Educação à Distância e Tecnologias da Informação em Saúde (NEAD.TIS) nessa aula de avaliação interativa. “O resultado alcançado é muito positivo. Foi possível perceber que com outra m e to d o l o g i a d e e n s i n o o s alunos também aprenderam e alcançaram um ótimo resultado n a a v a l i a ç ã o”, c o m p l e t a a professora Adriana.


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