Uma janela para Portugal

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Para dividir com vocês

Conteúdo Conteúdo...............................................................................................................................1 Texto de introdução...............................................................................................................6 Informações básicas...............................................................................................................7 O País.................................................................................................................................7 Dinheiro.............................................................................................................................7 Como Chegar......................................................................................................................7 Quando ir?.........................................................................................................................7 A Língua.............................................................................................................................8 Mini-mini-mini dicionário de tradução...........................................................................8 Gírias – algumas e poucas............................................................................................10 Algumas expressões, tratamentos e diferenças...........................................................10 Dicas.....................................................................................................................................12 Entradas Gratuitas...........................................................................................................12 Agenda Cultural...............................................................................................................12 Festas de Lisboa...........................................................................................................12 Hospedagem (boa e barata).............................................................................................13 Órgãos Públicos................................................................................................................13 Atendimento Médico...................................................................................................13 Transportes......................................................................................................................14 Ônibus..........................................................................................................................14 Metro...........................................................................................................................14 Trem.............................................................................................................................15 Aluguel de Carro...........................................................................................................15 Chegando ao aeroporto.......................................................................................................16 Companhias aéreas de baixo custo......................................................................................17 Comprando a passagem...................................................................................................17 1


Para dividir com vocês A Bagagem nas low-cost..................................................................................................18 A bagagem de mão......................................................................................................18 A bagagem de porão....................................................................................................19 Durante o Voo..................................................................................................................19 Uma Pegadinha................................................................................................................20 Link legal..........................................................................................................................20 As cidades............................................................................................................................21 Alcobaça...........................................................................................................................21 O Mosteiro de Alcobaça...............................................................................................22 Lista de Links................................................................................................................22 Alcobaça - outras tantas histórias................................................................................23 Aveiro...............................................................................................................................24 Lista de links.................................................................................................................25 Aveiro - outras tantas histórias....................................................................................25 Barcelos............................................................................................................................26 Lista de links.................................................................................................................27 Barcelos - outras tantas histórias.................................................................................27 Batalha.............................................................................................................................29 Lista de links.................................................................................................................30 Batalha - outras tantas histórias..................................................................................30 Cascais..............................................................................................................................31 Lista de links.................................................................................................................32 Cascais - outras tantas histórias...................................................................................33 Castelo de Vide................................................................................................................34 Lista de links.................................................................................................................35 Castelo de Vide – outras tantas histórias.....................................................................35 Douro, a região................................................................................................................36 Lista de links.................................................................................................................38

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Para dividir com vocês Região do Douro – outras tantas histórias...................................................................38 Évora................................................................................................................................40 Lista de links.................................................................................................................41 Évora - outras tantas histórias......................................................................................42 Fátima..............................................................................................................................43 Lista de links.................................................................................................................43 Guimarães........................................................................................................................44 Lista de links.................................................................................................................45 Guimarães - outras tantas histórias.............................................................................45 Lamego............................................................................................................................47 Lista de Links................................................................................................................47 Lamego - outras tantas histórias..................................................................................48 Litoral e praias..................................................................................................................49 Lista de Links................................................................................................................51 Litoral e praias – outras tantas histórias......................................................................51 Mafra...............................................................................................................................53 Lista de links.................................................................................................................53 Marvão.............................................................................................................................54 Lista de links.................................................................................................................55 Mértola............................................................................................................................56 Lista de links.................................................................................................................56 Mértola – outras tantas histórias.................................................................................57 Miranda do Douro............................................................................................................58 Lista de links.................................................................................................................59 Mirando do Douro – outras tantas histórias................................................................59 Monsaraz.........................................................................................................................60 Lista de Links................................................................................................................61 Monsaraz – outras tantas histórias..............................................................................61

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Para dividir com vocês Nazaré..............................................................................................................................63 Lista de Links................................................................................................................64 Nazaré – outras tantas histórias...................................................................................64 Óbidos..............................................................................................................................65 Lista de Links................................................................................................................66 Óbidos - outras tantas histórias...................................................................................66 Ponte de Lima..................................................................................................................68 Lista de Links................................................................................................................69 Ponte de Lima – outras tantas histórias.......................................................................69 Porto................................................................................................................................70 Pontos de interesse......................................................................................................71 Lista de Links................................................................................................................72 Porto – outras tantas histórias.....................................................................................72 Setúbal.............................................................................................................................74 Lista de Links................................................................................................................75 Setúbal – outras tantas histórias..................................................................................75 Sintra................................................................................................................................76 Os Edifícios Históricos..................................................................................................76 Dicas legais...................................................................................................................81 Lista de Links................................................................................................................81 Sintra - outras tantas histórias ....................................................................................82 Tomar...............................................................................................................................83 Convento de Cristo.......................................................................................................83 Lista de Links................................................................................................................84 Tomar – outras tantas histórias...................................................................................84 Vale do Côa......................................................................................................................86 Lista de links.................................................................................................................88 Vale do Côa – outras tantas histórias...........................................................................88

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Para dividir com vocês Valença do Minho............................................................................................................90 Lista de Links................................................................................................................91 Valença – outras tantas histórias.................................................................................91

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Texto de introdução Nós havíamos pensado em muitas coisas. Nossa viagem não foi (é) mérito só da Cláudia. Muitas pessoas (muitas mesmo!!) foram envolvidas neste “projeto” para que pudéssemos cruzar o oceano e viver, por um ano, em Portugal. Era um sonho “quase antigo”. A escolha do país foi fácil, uma vez que há grande afinidade entre o grupo de estudo no Brasil e o de Portugal. O difícil foi segurar a expectativa e a ansiedade durante 1,5 ano, período para conseguir a bolsa de estudo (ou vocês acham que viemos com dinheiro próprio?!). Quais foram as dúvidas pré-viagem? Muitas e variadas! Por exemplo: o que faríamos com nosso apartamento do Brasil? Alugaríamos? E nossos móveis, dá para levar, quanto custa? Paro de trabalhar no Brasil? E nossas contas bancárias, fechamos? Precisamos eleger um procurador, quem? Onde morar por lá? Enfim, detalhes que só poderiam ser resolvidos com ajuda de nossos familiares e amigos. Sem eles, impossível. Então, posso dizer que este foi (e ainda é) um projeto tocado a várias mãos, onde pudemos contar com o carinho enorme de todos vocês. Como agradecê-los? Lembrancinhas? Talvez, mas são comuns e temos um orçamento curto... Cartas? Talvez... Ah! tivemos uma outra ideia!! E foi assim que chegamos à proposta de fazer este “guia”, onde colocamos quase tudo o que aprendemos e conhecemos por lá. Fizemos ele com MUITO carinho! Pensamos em cada detalhe, em cada informação, para que vocês, uma vez por lá, possam aproveitar ao máximo e descobrirem um país que aprendemos a amar e admirar: pelo povo e pelas belezas arquitetônicas e naturais. Espero que se divirtam com a leitura e, muito além, que este guia seja útil para, quem sabe, viajarmos juntos fisicamente (porque de coração já o fizemos). Beijos mais que carinhosos Cláudia e Fabio

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Informações básicas O País Portugal é um país pequeno para nossos padrões, mas nem tanto para padrões europeus países como Andorra, Luxemburgo e Chipre são BEM menores. A população total portuguesa gira em torno de 10 milhões e, na capital Lisboa, estão ao redor de 650 mil.

Dinheiro A moeda circulante é o Euro (cujo símbolo é €). E não adianta tentar pagar em dólar, pois não aceitam. Portanto, será necessário comprar euro em casas de câmbio ou na própria agência do seu banco no Brasil. Outra opção são os Travelers’ checks, mas aqui eles cobrarão comissão para descontá-los. Além disso, é importante já saírem do Brasil com algum Euro no bolso (como vocês irão pagar o ônibus ou taxi do aeroporto?). E quanto trazer? Boa pergunta! Se puderem trazer €100 por dia por pessoa, excelente! Mas, via de regra, a conta é de €40 por dia por pessoa. Sem acomodação. Trazer parte em dinheiro e deixar o resto com o cartão também é uma estratégia válida. Porém, não se esqueçam que o cartão carregará taxas de compra internacional, além de fazer a conversão do câmbio...

Como Chegar Para chegar até lá, no estado de São Paulo pode-se sair de Guarulhos (Cumbica) ou, para nossa felicidade, de Campinas (Viracopos). Outras origens são: Rio de Janeiro, Recife, Brasília... A TAP (empresa portuguesa) é quem faz os vôos diretos. As passagens mais baratas são, via de regra, pela Iberia - mas é necessário trocar de avião (fazer conexão) em Madrid. Existem algumas companhias que vendem passagens bem mais baratas que a Iberia, como é o caso da Qatar, porém, é necessário fazer uma conexão em Doha (Emirados Árabes) – e não sei se vendem ainda. Como é de se supor, neste caso a viagem dura ao redor de 24h (isso mesmo, um dia inteiro!!) – haja tempo e paciência...

Quando ir? Se vocês forem felizardos e puderem escolher a época do ano, agradeçam aos céus e escolham a preferida. Caso contrário, se vocês dependem da escala de férias (se é que têm isso no contrato de trabalho, hehe), conformem-se com as datas. De qualquer maneira, podemos garantir que em qualquer época Portugal é lindo!

Informações básicas

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Abaixo colocamos alguns períodos de acordo com a quantidade de gente e a temperatura: •

Para quem gosta de casa cheia e calor intenso: Agosto

Para quem gosta de casa “vazia” e frio: Janeiro. Os outros meses de inverno também são relativamente mais calmos...

Para quem gosta de temperaturas agradáveis e com menos turistas que agosto: A partir de meados de Setembro até meados de Outubro; ou final de Maio até final de Junho (às vezes o início de julho também é tranquilo – às vezes...).

É sempre bom lembrar que as chuvas se concentram no inverno - para aqueles desavisados, o inverno no hemisfério norte é entre Dezembro e Março (durante o nosso verão...). O verão, que por aqui é entre Junho e Agosto, tem clima bem seco.

A Língua Nó falamos a mesma língua que eles, correto? NÃO!! Errado!! Se acham que sim, tentem conversar por telefone com qualquer “patrício”. Se entenderem 80%, você é nativo de Portugal, e não do Brasil! O problema é que eles têm várias expressões diferentes das nossas e, além disso, eles falam “para dentro” – quanto a isso, disse-me um lusitano que é mais fácil eles nos entenderem do que o contrário. Mas, não se preocupem, pois na hora do aperto conseguimos entendê-los e nos fazer entender.

Mini-mini-mini dicionário de tradução Para facilitar a vida, colocamos abaixo alguns exemplos de palavras que encontrarão no dia-a-dia (apesar de ter certeza (ou quase) que vocês já sabem algumas delas,e tantas outras): No Brasil

Em Portugal

Café da manhã

Pequeno-almoço

Ônibus Estação ou Ponto de ônibus Metrô

Autocarro Paragem

Bica

Café

Xícara

Chávena

Criança

Miúdo

Trem

Comboio

Papai Noel

Pai Natal

Carro

Viatura

Presente

Prenda

Freio (de carro)

Travão

Pirulito

Chupa-chupa

Bonde

Eléctrico

Sorvete

Gelado

Pegar carona

Pegar Boléia

Açougue

Talho

Celular

Telemóvel

Varal (roupa)

Estendal

Rotatoria / Balão (trânsito) Kiwi (fruta)

Rotunda

Gol

Golo

Camiseta

Camisola ou T-shirt

Polícia Militar (PM)

Presunto

Fiambre

Presunto Cru

Presunto

Policia de Segurança Pública (PSP) GNR (Guarda

Métro

Kivi

Polícia Federal

Informações básicas

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Sacar dinheiro

Nacional Republicana) Levantar dinheiro

Faixa de Pedestre

Passadeira

Pedestre

Peão

Calcinha

Cueca

Calça Jeans

Calça de Ganga

Vitrine (de loja)

Montra

Centavos

Cêntimos

Bilhão

Mil Milhão

De graça

De borla

Jogar fora

Deitar

Sujeira

Sujidade

Aposentar

Reformar

Senha

Palavra-passe

Isopor

Esferovite

Asfalto

Alcatrão

Cadarço

Atacador

Água sanitária

Lixívia

Descarga (banheiro)

Autoclisma

Durex

Fita-cola

Bacia

Alguidar

Tomada

Ficha

Furadeira

Berbequim

Hora do “rush”

Hora de ponta

Blitz (trânsito)

Operação Stop

Lixar

Afagar

Refogar

Estufar

Papel de cola (para colar na prova da escola) Monitor, vídeo

Cábula

Curativo (band Aid)

Penso rápido

Chiclete

Pastilha Elástica

Absorvente

Penso higiênico

Privada

Retrete

Registrar

Registar

Planejar

Planear

Entender

Perceber

Letra K

Pronuncia-se “Kapa” Pronuncia-se “Guê”

Letra G

Ecrã

Informações básicas

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Gírias – algumas e poucas E as gírias? Ah! as gírias também fazem parte da língua. Então, seguem algumas, as mais usadas: Gíria Boé Fixe (pronuncia-se fiche) Giro(a) Parvo

Significado Muito Legal Bom / boa Bobo, maluco

Algumas expressões, tratamentos e diferenças Sempre que se dirigirem a você, eles o farão na segunda pessoa. Por exemplo: consigo, para si (que são formais) e contigo, para ti (que são informais). Uma coisa interessante é que, por lá, o pronome “você” é um tratamento formal! Ao contrário, o tratamento “tu” é informal! Por isso, se quiserem ser educadinhos(as), trate-os sempre por senhor(a) ou “você”. Outro detalhe importante: as expressões “moça” e “moço” têm um caráter um pouco pejorativo. No lugar, eles usam “gaja” (ou rapariga) e “gajo” (mas nunca chamam alguém desta forma. Ou chamam pelo nome, ou por senhor(a)). Uma outra expressão comum é “puto” que usam para os meninos (é claro que não usam para meninas...). Para atenderem ao telefone não dizem “alô”. Dizem, tão e simplesmente, “estou” (ou “tô”). Logo a seguir, como se quisessem perguntar como você está, dizem “e então”. Não utilizam o “tchau” para se despedir, dizem “adeus”. E para dizer que gostaram muito de algo dizem: “gostei imenso”. O gerúndio, tão utilizado por nós (algumas vezes de maneira errada) NÃO faz parte do vocabulário dos lusitanos. No lugar de “estou andando” usam “estou a andar”; “estou falando”, “estou a falar”; “comendo”, “a comer”. E assim por diante. Outro ponto diferente é quanto aos verbos no futuro do pretérito ( gostaria, iria, pensaria etc.): eles não o utilizam. Apenas colocam o verbo no passado e você que se vire para descobrir se é uma coisa que eles gostariam ou gostavam... Numa conversa informal, você ouvirá muitos diminutivos, por exemplo: obrigadinha, adeusinho, beijinhos, um bocadinho etc. Não bastassem todas essas, a escrita também é diferente: acção, contacto, connosco, óptimo, facto, acto, projecto, actividade etc... Bacana, né? Também achamos...

Informações básicas

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Informações básicas

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Dicas Entradas Gratuitas Aos domingos, alguns dos principais monumentos de Portugal têm estrada gratuita. Sã eles: •

Convento de Cristo, em Tomar

Mosteiro da Batalha, em Batalha

Mosteiro de Alcobaça, em Alcobaça

Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa

Panteão Nacional, em Lisboa

Torre de Belém, em Lisboa

Parque arqueológico do Vale do Côa

Isso faz uma bela diferença no orçamento, apesar dos preços não serem abusivos. Destes todos, temos certeza que já ouviram falar no Mosteiro dos Jerônimos e na Torre de Belém. Porém, os demais deveriam ser tão, se não mais, conhecidos. Por quê? Quando forem à Portugal visitá-los, vocês mesmos se impressionarão de não os conhecerem! Confiram as informações atualizadas neste site.

Agenda Cultural Portugal possui uma agenda cultural de fazer inveja! Toda e qualquer cidade possui a sua, que pode ser verificada através do site da cidade ou na agenda do mês, que está sempre disponível no guichê de turismo. Em Lisboa, é possível retirar o seu no saguão de desembarque do aeroporto. Basta pegar e se programar. Via de regra, o verão concentra os espetáculos ao ar livre – nós e um casal de amigos assistimos a um concerto ao ar livre (e gratuito) que eles haviam pago para assistir. Todos os eventos que presenciamos foram de excelente qualidade! A estrutura montada impressiona: eles pensam até em quem não tem lugar para sentar (como foi o caso dos banquinhos de papelão que entregavam para aqueles que ficaram fora das arquibancadas, durante o desfile das marchas).

Festas de Lisboa Porém, cabe uma menção mais que honrosa às Festas de Lisboa, que acontecem desde meados de maio até meados de julho. A cidade é inundada por inúmeras festas e acontecimentos que, por acontecerem concomitantemente, não é possível participar de todos. Existem desde desfiles de rua (como as marchinhas) até shows dentro dos ônibus, metro e Dicas

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trens! Se aceitarem uma sugestão de data, este é o período para visitar Lisboa. Detalhe: a sardinha na brasa é onipresente e a cidade fica com o aroma dela no ar! Impossível não experimentar! Confiram nossas peripécias, lá no Peripécias: clique aqui

Hospedagem (boa e barata) Portugal é um dos poucos países que se pode dormir num hotel 5 estrelas por €150. Porém, como não frequentamos tais lugares, não podemos dizer sobre eles. Além disso, nosso perfil é outro... Por isso, a melhor dica de hospedagem boa e barata em Portugal, afora pesquisas em sites como Trip Advisor e Booking.com, são as Pousadas da Juventude (os famosos albergues). Experimentamos várias em nossas andanças, e nenhuma nos deixou na mão, muito pelo contrário! Para utilizá-las é necessário possuir a carteirinha de alberguista (acho que a carteira internacional de alberguista emitida no Brasil também vale. Repito: acho). As informações para isso estão neste site. Nossa experiência, contudo, mostrou que é possível fazer o cartão diretamente no balcão do albergue (é só chegar e fazer). Só será aplicada uma taxa extra a cada vez que se hospedar, porém, nada proibitivo. Para terem ideia, o custo foi de €6 por carteirinha, mais o custo da hospedagem, que varia de albergue para albergue, e também de acordo com a estação do ano (alta, média, baixa temporada). Tudo isso está lá no site deles... Ah! existem tanto quartos coletivos quanto privados (com e sem banheiro) e eles sempre estão muito bem situados. E é possível fazer a reserva antecipada, através do mesmo site da juventude (link acima).

Órgãos Públicos O que quero dizer com “Órgãos Públicos” é que, em qualquer departamento, setor ou autarquia governamental com a qual vocês necessitem tratar, tudo será conforme a pessoa que te atende acha que é. Ou seja, se você foi informado por alguém que precisaria levar um documento e, chegando lá, é atendido por outra pessoa, pode ser que ela exija outro. Entendeu? Pois é, filho de peixe, peixinho é... Exemplo: levei mais de 4 meses para tirar meu visto de residência porque eles ficavam “empurrando”, cada um pedia um documento. No final, quando fui pagar, a moça do caixa falou um valor maior do que haviam me dito. Reclamei e ela chamou a responsável pelo meu processo. E esta última aumentou ainda mais o valor! Não teve jeito: paguei... O mesmo vale para o consulado, a polícia etc. E não vale nem o argumento de que a informação estava no site: eles retrucam dizendo que está desatualizado...

Atendimento Médico Dicas

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O Brasil possui um convênio com Portugal para atendimento na rede pública, desde que devidamente comprovado através de um formulário que deve ser solicitado no órgão competente no Brasil, e antes da viagem (leva algum tempo, e existem algumas regras a cumprir...). De qualquer forma, é preciso lembrar que para vir à Europa, os países integrantes do tratado de Schengen exigem comprovação de uma cobertura de Assistência Médica de €30.000 (ou equivalente em dólares). Apesar de nunca terem nos pedido para apresentar, sempre adquirimos o seguro viagem. Não é o que fará desistirem da viagem, e é uma segurança, já que em caso de emergência basta ligar. Uma outra opção, para esta cobertura, são os cartões de crédito que, via de regra, fornecem-na se a passagem aérea for comprada através deles (mas isso depende do cartão que possui – verifique o seu antes de comprar a passagem!). Se possuírem e comprarem a passagem através dele, vocês economizarão a compra do seguro... Só não esqueçam de pedir para o administrador do cartão o comprovante da cobertura, pois podem exigir na imigração.

Transportes Os transportes públicos em Lisboa são bons e eficientes (nas demais cidades do país não podemos opinar, pois não utilizamos). Lá, vocês encontrarão ônibus, metro e os famosos eléctricos, que são usados até hoje no dia-a-dia.

Ônibus As linhas de ônibus chegam a praticamente todos os cantos da cidade, e é fácil utilizá-los. Confiram este site, da concessionária local (Carris). E, neste site aqui, vocês poderão conferir o mapa dos itinerários. O ticket é comprado diretamente com o condutor.

Metro As linhas de metro atendem tudo aquilo que vocês, turistas, necessitam. Desde o centro histórico (estações da Baixa-Chiado, Rossio, Restauradores e Terreiro do Paço), até o Jardim Zoológico (estação de mesmo nome) e o Parque das Nações (estação Oriente). À nossa época (faz tempo, né?!) o bilhete custava €0,85. Para ir ao site oficial clique aqui. Para ir direto ao mapa com as linhas, clique aqui. Importante: para comprar o bilhete, você pode ir ao guichê de venda (apenas nas grandes estações) ou adquiri-lo nas máquinas automáticas (em qualquer estação). Estas são fáceis de usar, bastando seguir as instruções no visor. Ao comprar pela primeira vez, marque o botão que NÃO tem cartão VIVA VIAGEM, pois é com ele que você passará a catraca. Depois de

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utilizá-lo a primeira vez, NÃO JOGUE FORA. Três motivos: ele vale por um ano; você terá que passá-lo novamente na catraca para sair; você utilizará novamente para comprar nova entrada para o metro. E, além disso, ele custa €0,50 para cada vez que for adquirido. Vejam todas as informações e regras de utilização neste link.

Trem Em Portugal, como em toda a Europa, é possível viajar de trem por todos os pontos mais importantes do país. A compra dos tíquetes pode ser feita, da mesma forma que no metro, através dos guichês ou nas máquinas automáticas e até pela internet. É só seguir as orientações do visor... Para o site oficial clique aqui. Para ver os itinerários em Portugal e colher informações, clique aqui.

Aluguel de Carro Esta era nossa opção preferida! Viva a “liberdade” de ir e vir. Mas, não só por isso, o aluguel de carro era, em muitas vezes, mais barato do que ir de ônibus ou de trem. Principalmente se fossem 3 ou mais pessoas. As variáveis que analisávamos eram: gastos com transportes públicos (não esquecer os gastos com a locomoção até (ou desde) as estações); gastos com o aluguel de carro (incluindo seguro total, combustível e pedágios). Depois, dividíamos pelo número de pessoas. Dica: se optarem pelo carro, um bom parceiro de viagem é o GPS. Se já tiverem, não se esqueçam de comprar o(s) mapa(s) do(s) país(es) que passarão. Caso contrário, podem alugar um na própria locadora. Outra vantagem do carro alugado é que vocês podem sair direto do aeroporto com ele, e voltarem também, evitando carregar malas para lá e para cá.

Dicas

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Chegando ao aeroporto Como nossa experiência é de chegar (e sair) de Lisboa, este relato será, obviamente, pautado sobre este viés. Dizemos isso, pois é possível viajar para a cidade do Porto. Mas, de qualquer forma, muito provavelmente vocês irão direto para Lisboa... Vocês chegaram, depois de uma longa viajem e, agora, depois de terem pegado a bagagem na esteira (o que demora uma eternidade, pois o avião estaciona longe do terminal), vão sair para o saguão de desembarque. E não tem ninguém à espera. Mas, não se desesperem! Temos a solução (ou parte dela...). Se vocês souberem qual transporte pegar, ótimo! Vão em frente... Agora, se não sabem para onde ir, existe um guichê de turismo oficial, à direita quando entrar no saguão, vindo do desembarque. Lá, poderão perguntar sobre o transporte mais adequado, pegar o mapa da cidade, a agenda cultural do mês, o mapa com as rotas do metro e dos ônibus, e se informarem de tudo o que necessitem (inclusive hotéis). Uma informação curiosa é que, do aeroporto de Portela (Lisboa – código LIS), só fazem ligação com o centro da cidade os táxis, os ônibus (autocarros) e duas linhas de Shuttle (ônibus exclusivos para passageiros do aeroporto) - não há metro nem trem. Nós pegávamos o Shuttle para o Cais do Sodré (ou a linha 44 de ônibus – que fica num ponto separado, mas bem sinalizado). Os Shuttles custavam €3,50 por pessoa, e o ônibus cerca de €1 por pessoa. Está em dúvida? Consulte este bom site da Carris (concessionária de transporte público em Libsoa). É só digitar de onde vem e para onde vai...

Chegando ao aeroporto

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Companhias aéreas de baixo custo Todo mundo (ou quase) já ouviu falar nas companhias de baixo custo ou as “low-cost”, que alardeiam passagens desde €1,00. Se a intenção de vocês é, além de conhecer um pouco de Portugal, se aventurarem em outras paragens do velho mundo, vale a pena utilizá-las. Porém, e aí é que está o “pulo do gato”, é necessário planejar com antecedência: existem regras quanto à bagagem, check-in etc. E cada Cia Aérea tem a sua... Além disso, faz-se necessário acrescentar os custos com traslados aeroporto/cidade/aeroporto, pois, exceção a poucas cidades1, elas não usam os aeroportos principais. Como nossa referência é Lisboa, abaixo colocaremos a lista das empresas que operam lá (com as duas principais encabeçando a lista): •

Easy Jet (www.easyjet.com)

Vueling (www.vueling.com)

Blue Air (www.blueair-web.com)

Air Berlin (www.airberlin.com)

Germanwings (www.germanwings.com)

Centralwings (www.centralwings.com)

Muito bem, diria um de vocês. E agora? O que faço? Pois bem, responderemos com base em nossa experiência.

Comprando a passagem Partindo de Lisboa, utilizamos apenas a Easy Jet. Fomos bem atendidos, o check-in foi rápido e tudo o mais. Mas, para isso, existem etapas a cumprir. Vamos a elas: 1. A passagem deve ser comprada diretamente no site da empresa, e é relativamente fácil fazê-lo, bastando seguir as instruções; a. Antes de finalizarem a compra, é necessário atenção às regras de bagagem 2 determinadas pela companhia aérea (e não adianta chorar, pois se sua bagagem não se enquadrar, ela não irá). b. Se suas bagagens excederem os limites, comprem “bagagem extra” antes de finalizarem a compra (sai metade do preço em relação ao balcão). No próprio site, durante a compra da passagem, vocês encontrarão o link para excesso de bagagem. 1 2

Nas cidades de Milão e Lisboa, por exemplo, a Easy Jet utiliza os principais aeroportos Vejam os detalhes no item A Bagagem nas low-cost

Companhias aéreas de baixo custo

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2. Feita a compra, é necessário também fazer o check-in - através do mesmo site, na página inicial, encontrarão o link para isso; 3. Depois do check-in feito, deve-se imprimir a passagem para apresentar no guichê da companhia antes do embarque3; a. Notem que a passagem não traz o número do assento. E isso funciona assim mesmo nas low-cost: quem chegar primeiro, pega o melhor lugar. b. Se vocês não querem ficar preocupados com a fila, poderão comprar o “speedboarding” (embarque rápido), para terem prioridade no embarque e passar à frente. Como adquirir isso? Adivinhem! Durante a compra da passagem, é claro (facilmente identificado, como sempre...).

A Bagagem nas low-cost Um dos itens mais importantes, se não o mais, quando optarem por viajar numa low-cost é a bagagem. Esse é um o principal “ganha-pão” deles. Por isso, não darão chance... Atenção maior ainda é necessária se voarem em duas companhias low-cost diferentes durante a mesma viagem – as regras são diferentes! Por isso, informem-se e estejam atentos. Fomos testemunhas do que isso pode fazer com uma pessoa: ao nosso lado, uma mulher foi proibida de embarcar com sua bagagem. Não tinha o que fazer. Mas fez. Antes de arcar com o custo da bagagem despachada, e do re-agendamento do voo, ela abriu sua mala, começou a vestir todas as roupas e... passou! Parecia uma pera gigante, mas passou... OBS: para efeitos de comparação, utilizaremos nossa experiência nas duas cias que voamos, para vocês terem ideia da criatividade deles...

A bagagem de mão Em todas as cias, os passageiros podem levar, “gratuitamente”, apenas uma bagagem de mão, também chamada bagagem de cabine. As regras das duas que já voamos estão na tabela abaixo: Regras de Bagagem de mão Dimensões máximas permitidas 4 Peso máximo permitido

Easy Jet 56 cm x 45 cm x 25 cm Sem limite

Ryanair 55 cm x 40 cm x 20 cm 10 Kg

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Para todos os cidadãos não europeus é necessária a apresentação do passaporte no guichê de check-in. Para quem é europeu, ou possui nacionalidade, basta ir direto ao portão de embarque, com a passagem devidamente impressa em mãos. Se possuir bagagem para despachar, é óbvio que será necessário ir ao balcão de check-in para despachá-la, qualquer que seja a nacionalidade. 4 Incluindo as rodas e as bolsas

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Em frente ao balcão do check-in, toda e qualquer empresa aérea disponibiliza um gabarito para verificar se a bagagem está dentro das medidas. Confiram a de vocês. Se ela estiver fora, pagarão pelo despacho (ou, se levarem só roupa, podem virar peras gigantes...). E o custo com o envio pode ser alto. Porém, como já dissemos acima, podem adquirir a bagagem extra no site, durante a compra da passagem (caso contrário, pagarão o preço do balcão). Dica: Nossa experiência mostra que é mais viável viajar com bagagem maleável (mochilas, sacos etc.) de tamanho médio, pois elas se adequam ao gabarito de todas as cias (desde que não estejam abarrotadas...).

A bagagem de porão Da mesma forma que nas companhias aéreas tradicionais, a bagagem de porão das lowcost tem limite de peso. Porém, ao contrário das tradicionais, o limite é bem menor... Colocamos, outra vez, numa tabela: Regras de Bagagem de porão Peso máximo permitido

Easy Jet 1 mala de 20Kg Acima disso, cobra-se por quilo. Permite-se mais de uma mala, porém, cobram por isso, e o peso somado de todas não pode ultrapassar os 20Kg

Ryanair Até 2 malas de 15Kg ou 20Kg cada uma (escolhe o limite no momento da compra)

Uma observação importante quando às regras da Easy Jet: se na passagem constar dois ou mais passageiros, é possível adquirir apenas uma bagagem de porão para todos, pois o limite da mala passa a ser de 32Kg. Ou seja, se na passagem houver duas ou mais pessoas, basta comprar apenas 1 bagagem extra, desde que o peso total não exceda o limite de 32Kg. Se exceder este limite, comprem uma bagagem extra para cada pessoa. Entenderam? Se tiverem dúvidas (e mesmo se não tiverem), acessem o site (elas adoram mudar as regras sem aviso): Para a Easy Jet: Regras de bagagem Easy Jet Para a Ryanair: Regras de bagagem Ryanair

Durante o Voo Vocês passaram pelo check-in, as bagagens também, conseguiram um bom lugar no avião, mesmo sem pagarem pelo “speed-boarding” e, agora, deu aquela fome! De repente, vocês veem as(os) comissárias(os) de bordo entregando um cardápio e, nele, vários produtos e respectivos preços. Bem-vindos às low-cost! Tudo, nelas, é pago (ainda não cobram pelo papel-higiênico, mas já pensaram nisso...). Pois é, se tiverem fome ou terão de esperar (para Companhias aéreas de baixo custo

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não pagar) ou pagarão. Os mais bem-humorados podem achar graça nisso, parece um mercado: oferecem não só comida e bebida, mas também cigarros, raspadinha (aquelas de loteria), artigos de free-shop etc. Pensando bem, é um mercado mesmo. Mas dura pouco. Os voos não duram mais de 2:30h. Então, preparem-se e divirtam-se! Vocês estão de férias!

Uma Pegadinha Ao efetuarem a compra e o check-in, receberão via email a passagem. Imprimam e levem! Na Ryanair, se não apresentarem a passagem impressa vocês pagarão, se não me engano, €40 para cada passageiro. Isso mesmo!! Sem choro, nem vela... Na Easy Jet, isso não ocorre, bastando apresentar o código e/ou o passaporte (mas é bom levar...). Portanto, atenção às regras! E, antes de saírem de casa, imprimam suas passagens.

Link legal Neste blog, encontrarão informações das cidades atendidas pelas low-cost que passam em Portugal (e não só em Lisboa).

Companhias aéreas de baixo custo

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As cidades Alcobaça Na primeira oportunidade que tivemos de desbravar as terras portuguesas de carro, livres, paramos nesta simpática cidade que nos impressionou pelo seu mosteiro – o mosteiro de Alcobaça - e sua história “shakespeariana”. Lá, na igreja do mosteiro, estão os túmulos de D. Pedro I (o primeiro deles, pois o nosso veio bem depois) e D. Inês de Castro, cuja história “saiu de um livro”. Ele, monarca, apaixonou-se por ela, aia de sua esposa. Este romance “proibido” começou a incomodar a corte e, inicialmente, o rei (pai de D. Pedro) mandou exilá-la. Mas, acham que a distância apagou tal “chama”? Não! O destino, utilizando-se das ferramentas que só ele conhece, os aproximou novamente, quando a esposa de D. Pedro faleceu. Sem perder tempo, ele mandou chamar de volta sua amada para viverem juntos.

Túmulo de D. Inês de Castro – detalhe com a representação do juízo final. Diz-se que D. Pedro intentou mostrar, com isso, que sua amada tinha seu lugar garantido no paraíso.

Para encurtar a história, alguns anos se passaram e, não contendo mais as pressões da corte, o rei exige a vida de D. Inês. E assim o foi... Ao se tornar rei, substituindo seu pai, D. Pedro afirmou ter se casado “secretamente” com D. Inês, e legitimou todos os seus filhos (sim, eles tiveram filhos). E para selar eternamente seu amor, D. Pedro exigiu que os túmulos dele e dela ficassem frente a frente, na igreja de Alcobaça. E assim o estão. E assim ficarão. Essa história consta, inclusive,

Túmulo de D. Pedro I – detalhe com a representação de roda da vida e a roda da fortuna

nos Lusíadas (de Camões)! Pois bem, vamos ao resto, que também interessa... Alcobaça, o nome, deve vir da junção dos nomes dos rios Alcoa e Baça, cujos vales ficam nesta região. É uma cidade bem antiga, uma vez que foi fundada por D. Afonso Henriques (o fundador de Portugal), lá nos idos do século XII (por volta de 1.150). Como nossa visita foi apenas ao mosteiro (que já consome meio dia), não podemos dizer sobre as outras atrações. Porém, para além dele podemos citar: •

Igreja da Misericórdia; e

Museu do vinho.

As cidades - Alcobaça

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O Mosteiro de Alcobaça Esse mosteiro foi fundado logo no início da cidade, ou seja, no século XII. Só por isso, já valeria a visita. Sua fachada alia elementos de alguns estilos (como o romântico, o gótico e o barroco). Dentro da igreja, o que impressiona é a simplicidade da ornamentação e o tamanho, a maior de Portugal! O claustro, também imenso e com várias alas/partes, nos reserva uma surpresa: o aspecto do prédio, com seus musgos nas paredes e suas pedras gastas pelo tempo, nos leva, imediatamente, ao tempo em que era habitado pelos religiosos. Tudo ali permanece original, e relativamente bem cuidado. Destacam-se, em nossa opinião, o quarto dos monges; a cozinha, que ainda conta com suas antigas pias; o claustro principal e seus salões. E tudo isso sem ninguém por perto, já que fomos no início de fevereiro (inverno)!

O interior da igreja

O antigo refeitório

Lista de Links •

Informações da cidade e etc.: Alcobaça na Wikipedia.

Mais informações sobre D. Inês e D. Pedro: clique aqui.

Tem também mais informações dos túmulos, que são duas obras de arte! Clique aqui para desvendá-las...

Tem alguma história no Peripécias? Sim! Vejam em Alcobaça no Peripécias

Também temos lindas fotos: Fotos de Alcobaça

As cidades - Alcobaça

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Alcobaça - outras tantas histórias A vida de estudante é boa: a gente maneja o tempo da maneira que nos convém, vamos para aonde acharmos que temos de ir... Enfim, temos certa liberdade. Porém, como tudo na vida, é necessária muita parcimônia... Acompanhem abaixo nossas outras pegadas em Alcobaça, e descubram o porquê... (dica: almoçar em restaurante ou comprar um lanchinho no supermercado? Qual é mais barato? hehehe)

A “intrépida trupe” numa das varandas do claustro principal: Eu, Cláudia, Dri e Clau. Foi a Dri que deu a dica de Alcobaça. Valeu Dri!

O nosso almoço parcimônico, num local privilegiado: em frente ao mosteiro. Estava muito bom!!

As cidades - Alcobaça

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Aveiro O que dizer de uma cidade que é conhecida como a “Veneza portuguesa”? Já disse tudo, então, não precisamos dizer mais nada... Brincadeiras à parte, Aveiro é uma cidade com bastante charme, acolhedora, surpreendente, cheia de histórias. Ela é o centro de uma região com bastante tradição na pesca do bacalhau - na cidade vizinha de Ílhavo, visitamos um excelente museu sobre este assunto, que chama a atenção para as condições miseráveis em que se praticava a pesca. É uma história muito bonita, que se pode conhecer um pouco no site do museu marítimo. Nossa primeira visita a Aveiro foi devido ao encontro da Cláudia, junto com o Guilherme e a Adriana, com uma professora da Universidade de lá. Sabíamos que teríamos muitas coisas para ver e conhecer, pois alguns amigos já haviam indicado alguns pontos. E tudo o que foi indicado, e mais outro tantinho, nos surpreendeu! A cidade é cortada em seu centro histórico pelas rias (rios de água salgada, provindas do mar), que têm um papel importante na economia local. Delas ainda se extrai o sal e, mais em outros tempos do que hoje, o moliço, usado como fertilizante. Os barcos que circulam por aquelas águas, chamados Aveiro – a ria, os moliceiros e os turistas. Fotografado por: Renata e Varlei.

moliceiros,

possuem

características únicas no formato e na ornamentação de seus cascos, com

pinturas remetendo ao cotidiano e fatos comuns do povo local. Viraram uma das principais atrações e, atualmente, fazem passeios turísticos. É de Aveiro, também, uma das iguarias portuguesas por excelência: os ovos moles. São doces, com recheio de ovos (óbvio) cuja massa, que o envolve, é bem fina e pode possuir vários formatos. Algumas pessoas são apaixonadas por eles! Em Costa nova do Prado, vizinha à Aveiro, existe uma das gratas surpresas da região: a coleção de fachadas listradas de suas casas. Isso mesmo! Vale a visita, até porque existem bons restaurantes... Costa Nova do Prado – as casinhas listradas.

As cidades - Aveiro

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Gostaram? Querem ir para lá? Então,

quando

chegarem,

entreguem-se ao passeio a pé pelo centro. Tropecem nas rias e curtam seu visual. Andem de moliceiros. Vão até o museu marítimo de Ílhavo. Passeiem entre as casas listradas de Costa Nova do Prado. Comam em bons restaurantes. E

Convento de Jesus – uma de suas salas.

guardem tempo para, se gostarem, visitarem o museu de Aveiro, que fica no antigo prédio do Convento de Jesus – vale a pena.

Lista de links •

Informações da cidade e etc.: Aveiro na Wikipedia e este outro Câmara Municipal

Se quiserem saber mais sobre os moliceiros: Os moliceiros na Wikipedia.

Tem alguma história no Peripécias? Sim! Vejam em Aveiro no Peripécias.

Também temos um “lindo” álbum de fotos: Fotos de Aveiro.

Aveiro - outras tantas histórias A visita à Aveiro foi planejada para que a Cláudia e a Dri se encontrassem com a Profa. Idália (e reencontrar com o Guilherme). Disso, vocês já devem saber. E sempre há um jeitinho de aliar o prazer ao dever – ninguém é de ferro! Mas, por incrível que pareça, esta foi a única cidade em que nós (eu e Cláudia) não visitamos tudo juntos: para aproveitar o máximo de tempo com a Idália, ela abriu mão de conhecer melhor a cidade. Assim, posso dizer que conheço mais Aveiro do que ela... hehe

Há um intruso na conversa, quem será?!

As cidades - Aveiro

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Barcelos Vocês já ouviram falar do galo de Barcelos, correto? Dizem, no Brasil, que é o símbolo de Portugal. E adivinhem aonde nasceu esta lenda... Pois é, foi nesta cidade (é lógico). A lenda conta sobre a absolvição de um rapaz que, ao ser condenado à forca, ouviu do juiz que ele só acreditaria em sua inocência se o galo que estava em frente a ele, já assado, cantasse. O que aconteceu? O rapaz não morreu... Não sabemos por que, nem alguns dos portugueses com quem conversamos, deste galo ter virado símbolo do país. Existem tantos outros símbolos por lá! Enfim... Fato é que essas lendas encantam pela sua aura mística e milagrosa, mesmo que soem um tanto exageradas. E a cidade agradece, afinal, traz uma boa quantidade de turistas. Descobrimos que essa mesma história, “sem tirar nem por”, existe em uma cidade da Galícia (noroeste da Espanha). Vai saber quem está com a razão. Já encontrei até uma mistura das duas: um livro menciona que o rapaz era peregrino em direção à Santiago de Compostela (que fica na Galícia). Mas, algumas linhas depois o próprio livro se entrega, dizendo que fora o pai

Paço

dos

Duques

de

Bragança - parte das ruínas

do rapaz quem pediu clemência ao juiz. Aí pensamos: como pôde, àquela época, um pai de peregrino receber a notícia que seu filho fora julgado e condenado e, antes do fato consumado, chegar

ao

local?

Existia

advogado,

telefone,

anistia

internacional, júri? Pois é, mistérios de outra lenda... Barcelos, além da riqueza de seu folclore, também possui um acervo arquitetônico e histórico importante. E a data de sua fundação confirma que vale a visita: por volta de 1.150. Um

“Muzeu”

arqueológico

placa também faz parte do acervo...

passeio descontraído a pé pelo centro colocará vocês perto dos prédios e locais históricos. Um destes locais são as ruínas do Paço dos Duques de Bragança (ou Condes de Barcelos). Possui uma vista muito bonita para o rio Cávado (que atravessa a cidade), e nele está, também, o Museu Arqueológico de Barcelos.

Outros locais que só encontrarão por lá são:

As cidades - Barcelos

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Igreja de Nsa. Senhora do Terço

Torre da Porta Nova

Ponte Medieval

Solar dos Pinheiros

Barcelos – ponte medieval onde passam até carros!

Lista de links •

Informações da cidade e etc.: Barcelos na Wikipedia e este outro Câmara Municipal.

Se quiserem saber mais sobre o galo de Barcelos: O galo na Wikipedia.

Tem alguma história no Peripécias? Exclusiva, não!

Temos um “lindo” álbum de fotos, onde aparecem outras cidades: Fotos de Barcelos.

Barcelos - outras tantas histórias Estivemos por duas vezes na cidade do galo. A primeira, chegamos (nós e a Dri) de “sopetão” ao final da tarde. Esbaforidos, fomos direto ao escritório de turismo para pegar o mapa da cidade e nos informar do que fazer. Ainda bem que corremos um pouco, pois o escritório estava fechando. Cansados, porém felizes e de mapa na mão, iniciamos nosso passeio pelas ruas do centrinho histórico. Uma hora e meia bastaram para conhecermos, sem pressa, o local. Antes de entrar no ônibus de volta, paramos na

Praça central (Jardim das Barrocas)

as

flores

estavam em alta!

praça central para admirar seu belíssimo jardim e, após alguns minutos, já embarcávamos de volta. Foi “vapt-vupt”. Na segunda vez, nosso encontro com a cidade foi mais emblemático: ela faz parte do caminho português de Santiago. Chegamos à hora do almoço, e foi com outros olhos que passamos nos mesmos locais que estivemos. Não sabemos se

Os peregrinos contemplam

por conta do que já havíamos passado, a verdade é que parecia

a chegada à Barcelos –

que fomos transportados à época daqueles prédios antigos, há

Ian,

Cláudia,

Sandra

e

Andrew.

muitos anos atrás – só faltou o galo. Um montão de coisas passou a fazer sentido, daquilo que nos pareceu, na primeira vez, sem sentido. O Paço dos Duques pareceu maravilhoso, bem

As cidades - Barcelos

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como seu museu (ou muzeu, como diz a placa). A ponte medieval não podia estar em outro local que não ali, e parecia ter sido inaugurada há alguns dias. As igrejas, o largo central, o jardim da praça estavam maravilhosos. Até a lenda do galo parecia real. E, como em todos os outros lugares que havíamos estado antes, as setas amarelas saltavam aos olhos! E não reparamos nelas antes! Como pode? Na campo da feira, estava acontecendo um dos principais eventos do ano: todos os Taméis (vilas próximas) levam seus produtos para vender. Como era há mais de 500 anos! Tinha de tudo, desde artesanato até comida, passando por animais, roupas etc. Porém, não pernoitamos ali. Decidimos ir um pouco mais para frente, até o Alto da Portela, para dividir a marcha do dia seguinte (se não o fizéssemos, seriam mais de 30 km). Enfim, conhecemos uma outra cidade.

Dois momentos diferentes na mesma cidade: à esquerda durante o caminho de Santiago; à direita, nossa primeira vez, com a Dri.

As cidades - Barcelos

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Batalha Visitamos a cidade de Batalha na mesma viagem que fizemos para Alcobaça. Portanto, estávamos nós, a Dri e o Clau. Rumávamos à cidade sem muita expectativa, pois éramos apenas passeantes por aquelas bandas, e íamos até lá porque nos disseram que valeria a visita... À medida que nos aproximávamos da cidade, as placas já indicavam o mosteiro da Batalha. E, sem dar conta, nós estávamos ao lado dele, ainda na estrada. E não olhamos para mais nada... A cena foi quase surreal: vindo por uma das estradas da região, mão dupla, natureza quase ao toque das mãos do lado de fora, quando, de repente, surge por trás das árvores um gigante! Um conjunto que, em minha opinião, tem pouquíssimos correspondentes em Portugal e na Europa – tanto assim que foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO. Ficamos

sem

palavras...

Nos

ativemos “apenas” a visitar o lugar, entrar na igreja, na capela contígua (capela do Fundador, onde está o túmulo de D. João I e Dna. Filipa – outra obra prima), no claustro e, ao final, sermos brindados com as Capelas

Imperfeitas

(chamam-se

assim pois não foram acabadas, faltando-lhe o teto), um dos prédios mais bonitos e pitorescos que vi na

Mosteiro da Batalha (ou de Nsa. Senhora da Vitória)

vida. Somente aí demos conta que o local estava fechando... O tempo passou muito rápido! Podemos apenas dizer que o Mosteiro de Santa Maria da Vitória (ou da Batalha) foi mandado erguer devido à promessa que D. João I fez à Virgem, caso vencesse a batalha contra os castelhanos. É claro que venceram, e o confronto ficou conhecido como batalha de Aljubarrota. Depois dele, os castelhanos não mais tentaram invadir terras portuguesas. Tudo isso nos idos de 1.385!

Vista interna do claustro

Capelas Imperfeitas - pórtico

As cidades - Batalha

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Lista de links •

Informações da cidade e etc.: Batalha na Wikipedia.

Se quiserem mais do Mosteiro clique aqui.

Tem alguma história no Peripécias? Sim! Vejam em Batalha no Peripécias.

Também temos um “lindo” álbum de fotos: Fotos de Batalha.

Batalha - outras tantas histórias Imagens valem mais que mil palavras...

Capelas Imperfeitas – sem teto

Capelas Imperfeitas – detalhe

Capelas Imperfeitas – detalhe

Pórtico de entrada

coluna da entrada

Claustro – um túnel do tempo

A Virgem da Vitória

As cidades - Batalha

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Cascais Tomaremos a liberdade de chamar Cascais de Vila, ao invés de município. Sim, porque o conceito de vila, pelo menos para nós, lembra um pequeno lugarejo, com praças bem cuidadas, árvores frondosas e, num canto ou outro, pessoas conversando e passeando vagarosamente, no ritmo que lhes convier. Enfim, um local para curtir a vida (e se esquecer dela). Assim é Cascais. Moramos, durante nossa estadia em Portugal, no Concelho (região) de Cascais. Portanto, viemos e voltamos muitas vezes de lá. Seu centro histórico lembra muito a cidade de Parati – guardadas as devidas proporções – com lojas, restaurantes, comércio local e a arquitetura

“portuguesa”.

Também

se

encontram barcos de pesca, ancorados na praia “do centro”, e que formam um lindo Cascais – vista para o centro

espetáculo, à medida que o sol se põe, com

Foto: Douglas

suas cores fortes. Encontrarão, também, uma

antiga fortaleza (Forte de Nsa. da Luz), que faz parte da chamada Cidadela de Cascais, que atualmente não tem nada mais do passado. Hoje em dia, no interior dela existem prédios mais “modernos” que sua muralha, devido às várias alterações que sofreu. Mas, pode ser visitada. Ao seu lado, está a marina de Cascais, cuja estrutura comercial contém alguns restaurantes, lojas de guloseimas e bebidas e, a atração principal (de graça), a vista que se tem dos barcos... Andando pela marina, aproveitem o “embalo” do passeio e cheguem ao parque Marechal Carmona: um lindo lugar para passear entre as altas árvores, entrar no Palácio dos Condes de Castro Guimarães (atualmente um museu), cruzar a Ribeira dos Mochos várias vezes, em diferentes “pontes”, permitir-se ouvir e ver as várias aves, deitar no gramado (no verão, é claro) e fazer um pic-nic, ficar admirando o

Cascais – barcos de pesca

pequeno lago rodeado por esculturas e repleto de patos selvagens e algumas gaivotas, que também sabem apreciar os momentos de descanso da água salgada (e “roubar” as guloseimas atiradas das mãos das crianças aos patos...). Quando se cansarem de fazer isso, podem continuar pela mesma rua (entre a marina e o parque) e alcançarem o Farol de Sta. Marta, aberto à visitação. Um pouco mais adiante, aproveitem a vista a partir das falésias, que têm na

As cidades - Cascais

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Boca do Inferno seu ponto mais visitado: vale a pena ver o por do Sol dali! Porém, existem outras coisas a fazer que não só junto à natureza. Existem três shoppings centres. O circuito de Estoril (onde o Ayrton Senna ganhou pela 1ª vez na Fórmula 1), fica lá. O Cassino de Estoril (maior da Europa) também. Os campos de

Cascais - Por do Sol na Boca do Inferno

golfe, quadras de tênis e uma falésia utilizada para escaladas também podem ser locais interessantes, dependendo do gosto do “freguês”. Cascais, enfim, é um local de várias alternativas: se quiserem deixar passar a vida; se quiserem fazer compras; se quiserem ir ao cassino; se quiseram praticar esportes. Em comum a todas estarão o charme e o encantamento, próprios da “vila”. Observação: não falamos sobre as praias pois estarão num tópico exclusivo.

Lista de links •

Informações da cidade e etc.: Cascais na Wikipedia.

Se quiserem saber mais da Cidadela de Cascais clique aqui.

Tem alguma história no Peripécias? Sim! Vejam em Cascais no Peripécias.

Não temos um “lindo” álbum de fotos.

As cidades - Cascais

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Cascais - outras tantas histórias Cascais é, como dissemos acima, uma espécie de refúgio. Vamos até lá para espairecer (do que, não sabemos, mas vamos...), para admirar a natureza, passear entre as ruas charmosas, ver os barcos “estacionados” na marina. E, é claro, levamos todos nossos amigos até lá, até porque queremos dividir o que gostamos com eles. Neste breve texto, gostaria de relatar dois momentos muito gostosos e únicos. E citaremos por ordem cronológica: o que aconteceu primeiro antes! Quando da visita do Gui, logo nos primeiros dias, perguntamos a ele se já havia visitado Cascais (ele já visitou Portugal outras tantas vezes...). Ouvimos um sonoro não! Nem quisemos entrar no mérito, mas, também não deixamos que a resposta continuasse a mesma. Saímos do trem, e iniciamos nossa caminhada despretensiosa por entre as ruazinhas da parte histórica. Passamos pelo casario avistando, aqui e ali, o mar, os barcos etc. Nosso destino final era a Boca do Inferno, para contemplarmos o por do Sol. Até lá, passamos pelo forte, pela marina, pelo farol, pelos charmosos hotéis à beira da avenida e, após algum tempo, chegamos – é óbvio que parávamos à medida que nos convinha. Foi um dos momentos marcantes daquele

Cascais – Fabio e Gui agradecendo

período. Estar, somente nós três (Fabio, Cláudia e Gui) naquele lugar. Mais ninguém! E o céu totalmente descoberto! Lembro-me até agora daquele instante. E como o sol “andou” rápido... Pôs-se em questão de segundos (pelo menos pareceu rapidíssimo!). Agradecemos, ali mesmo, ao Criador por aquilo. Mais do que justa homenagem!! Outro momento ímpar foi durante a visita da Fer e do Doug. Meses antes de chegarem, descobrimos que haveria um show da Norah Jones no hipódromo de Cascais. Ligamos para eles e toparam ir conosco, pois também apreciam a música dela. É claro que, além do show, fomos nós quatro contemplar os espetáculos que a “vila” reserva aos seus visitadores. E, durante o concerto, o cenário do hipódromo aliou-se à atmosfera cativante da cidade, ao clima ameno das noites de verão, ao céu que exibia suas Cascais – O local do show

estrelas, aos amigos... Tudo, enfim, colaborou para uma

das noites mais marcantes da viagem. Quem sabe não repetimos outras tantas, né?!

As cidades - Cascais

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Castelo de Vide Nossa visita a esta vila foi acidental. Ou quase isso... Ela é vizinha de Marvão, no alto Alentejo, e como estávamos naquela região, não a conhecer seria “um crime”. Segundo alguns, seria mais do que “um crime” não conhecer a “Sintra do Alentejo”! Castelo de Vide desde Marvão – não dá nem para ver...

Ainda no Castelo de Marvão, do alto da torre enxergávamos ao longe uma pequena cidade. Mas bem ao longe mesmo... De repente, chega um

casal ao lado dizendo: - Olha! É Castelo de Vide! Não tivemos dúvida, fomos até lá. Só a estrada valeria a pena: num dos trechos, ela é literalmente cercada por árvores. Impressionante! Chegamos, como de costume, pela parte de trás da vila (não sei por que, mas nosso GPS sempre leva

A estrada – só ela já vale a pena...

até a parte de trás das cidades...). Demos a volta e encontramos um dos portões de acesso ao centro histórico. E haja história! Ali, naquele lugar longínquo e esquecido do turismo em massa, há uma judiaria, ainda com resquícios de uma Sinagoga. Mais acima, depois de uma ladeira bem íngreme, chega-se ao burgo. Isso mesmo, um burgo: dentro das muralhas de um castelo, com torre e tudo o mais!

Centro histórico - as ladeiras que conduzem ao burgo

Passeando por entre as ruazinhas daquele pequeno feudo, percebe-se que a mão do homem moderno alterou pouca coisa. Algumas das fachadas, bem antigas, estão em ruínas; alguns prédios inteiros também. Ao contrário de “cidades-irmãs” (como Monsaraz, Óbidos e outras) não há recursos O burgo – maravilhosamente sem

financeiros para se manter a estrutura. E, para nós,

maquiagem

passear por ali foi MUITO marcante, exatamente por

As cidades - Castelo de Vide

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isso: a maioria é do jeito que é. Antropologicamente sem maquiagem! E a vida persiste! Nos gatos, nos pombos, nos moradores que ali ainda vivem, nos concursos de rua mais florida... Sinceramente? Perderíamos MUITO se não tivéssemos ido à Castelo de Vide.

Lista de links •

Informações da cidade e etc.: Castelo de Vide na Wikipedia

Tem alguma história no Peripécias? Não.

Não temos um “lindo” álbum de fotos.

Castelo de Vide – outras tantas histórias Depois de um tempo dentro da vila, conhecendo o burgo medieval, o castelo, as ruazinhas estreitas do centro histórico e toda a beleza do local, bateu a fome!! E, quando bate a fome em um de nós - Fabio - sai de baixo! Por isso, lá fomos nós em busca de um restaurante. E, acreditem, quase tudo estava fechado – isso acontece muito nas pequenas cidades europeias. Já havíamos desistido, e voltávamos para o carro, quando encontramos a Taberna Santo Amaro. Ainda bem! Para encurtar, diríamos que fechamos com “chave de ouro” a visita à cidade. É um lugar muito charmoso, cujo dono – Joaquim – foi mais do que gentil! Ele é bem jovem, trabalhava (ou ainda trabalha) com design de moda, e agora é “restauranter” (é assim que se escreve?). O ambiente, bem “modernoso”, usa o conceito de tapas (petiscos) nas refeições: o cliente escolhe as opções que mais lhe apetece e pronto... A nossa, foi uma salada de queijo branco com aspargos (uma maravilha!) e um prato de lombo de porco com uvas-passa e molho (outra maravilha!). Ao final, ele nos presenteou com um catálogo de vinhos Alentejanos (claro que trocamos, longamente, impressões sobre vinhos) e com um livro infantil (claro, também, que ele soube que a Cláudia é professora) escrito pela irmã dele! Simplesmente adoramos! Ah! aonde fica? Na rua Santo Amaro. Em Castelo de Vide.

As cidades - Castelo de Vide

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Douro, a região Neste capítulo, pedimos licença para tratar não de uma cidade, mas de uma região. E, mais ainda, tratar de uma região em seu viés vinícola – apesar de acharmos que seria difícil referirse ao Douro de outra maneira... Pois bem, vamos a ela. A região é chamada Douro devido ao rio, que emprestou seu nome a ela. E não é qualquer riozinho: ele tem sua nascente na Espanha e, após quase 1000 Km, deságua no mar, ladeado pelas cidades de Porto e de Vila Nova de Gaia. Daí, um interessado leitor pensará: Alto lá! cidade do Porto?! É ali que se faz o vinho do Porto? E, imaginando nossa conversa, diríamos: - Não! Não é lá que se faz o vinho do Porto.

Rio Douro – quase no final do trajeto

Inclusive, nem é na cidade do Porto que ficam as barricas de armazenagem (ficam em Vila Nova de Gaia – do outro lado da margem). - Mas, por quê tem esse nome? – perguntaria nosso interessado leitor. - Dizem que por conta do local d’onde o vinho saía para o exterior – a cidade do Porto. A história é longa: nos contaram que os ingleses, ávidos pelos vinhos franceses, tiveram sua fonte esgotada (leia-se embargo econômico Francês), devido a uma das brigas entre os dois países. Daí, procuraram outra fonte, e acharam duas: uma na Espanha (o Xerez) e outra em Portugal (o Porto) - um detalhe que poucos sabem é que, para desfrutar dos dois fornecedores, os ingleses propagaram apenas um tipo de cada vinho: o Xerez seria branco e o Porto seria tinto. Mas existe (e nós provamos) o vinho do Porto branco! Eles só não foram “alardeados” aos quatro ventos... Depois de todo esse “bate-papo”, fica claro que o vinho do Porto, em não sendo feito nem armazenado no Porto, é feito na... região do Douro! E esta região não fica tão próxima do Porto – fica aproximadamente à 100 Km. O vinho chegava até lá descendo o rio Douro nos Rabelos, os barcos característicos desta região, que foram especialmente projetados para este transporte, pois, como havia corredeiras, eram necessárias embarcações com fundo “chato”. Antes de fazermos a viagem, duas coisas haviam chamado nossa atenção, além do vinho em si: a região vinícola do Douro é a área demarcada de vinho mais antiga do mundo(!); a paisagem da região é Patrimônio da Humanidade pela UNESCO! E assim, com esses dois “problemas” (3, com o vinho) demos início à nossa viagem.

As cidades - Douro

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Contudo, antes do relato, queremos agradecer publicamente à Fer a ao Doug que, dentre tantas outras coisas, e com o maior carinho, nos “carregaram” para aquela região (e outras mais) - nosso orçamento (de estudante) estava apertado. Agradeceremos sempre a vocês! Saímos de casa com direção à cidade do Porto, onde pensávamos passar o dia, dormir e depois seguir em direção das vinícolas. Alteramos os planos ao chegar ao centro de informação ao turista, no Porto, e perguntarmos sobre a região do Douro. Ficamos fascinados com ideia de passear de carro por aquelas bandas. Passamos o dia em Porto, mas ao contrário do imaginado, decidimos dormir em Peso da Régua, a “porta de entrada” da rota do Douro. Já estava escuro quando chegamos lá, mas encontramos um bom hotel para ficar. Para jantar, sabíamos que não haveria problema, pois em Portugal, principalmente no norte, a boa comida (e barata) é regra. E assim o foi no lugar aonde comemos. Acordamos. Para onde ir? Fácil: em frente ao hotel havia um centro de informações. Lá, ficamos sabendo que se pode ir de Peso da Régua até a cidade de Pinhão por uma estrada que margeia o rio Douro, e que não se afasta mais que alguns metros do seu curso! A rota do Douro! Assim o fizemos. Passeamos, durante horas, em meio ao vale do Douro, sempre com ele (o rio) à nossa esquerda e, ladeando-o, os

Rota do Douro – paisagem Patrimônio da Humanidade Foto: Douglas

patamares de parreiras das inúmeras vinícolas. - Sim, os parreirais (e olivais) desta região precisaram ser construídos em patamares, pois os declives são acentuados. Paramos em uma delas (na maioria é preciso agendar) para conhecer de perto todo o processo e etc. Claro que degustamos! E, ainda por cima, nós quatro decidimos nos dar de presente uma garrafa para abrirmos daqui a dez anos (em 2020) – será uma viagem e tanto! Chegamos na cidade de Pinhão à hora do almoço e, como de costume, encontramos um restaurante com boa comida e Rota do Douro – os patamares

preço baixo (viva Portugal!). Passamos algumas horas preguiçosas por ali, e voltamos. Desta vez, escolhemos outro

caminho, por entre as montanhas, passando por outros locais que estarão neste guia. Confessamos a vocês que, ao escrever este texto, ficamos com uma baita vontade de voltar...

As cidades - Douro

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Lista de links •

Informações da região e etc.: o

A região vinícola na Wikipedia;

o

O rio Douro na Wikipedia;

o

O turismo no Douro (além de carro, a rota pode ser feita de barco ou de trem).

Se quiserem mais do vinho do Porto clique aqui.

Tem alguma história no Peripécias? Sim! Vejam em O Douro no Peripécias.

Também temos um “lindo” álbum de fotos: Fotos do Douro.

Região do Douro – outras tantas histórias Durante nosso passeio, não foram poucas as vezes que pensamos em parar nesta, ou naquela, vinícola para experimentarmos o vinho e conhecer mais o processo de produção. Na realidade, gostaríamos de conhecer algumas, mas não o fizemos. Logo após entrarmos na Rota do Douro, ainda “bobos” com tudo aquilo, decidimos parar numa das vinícolas. Uma pequena em meio às grandes. Uma escolha proposital, já que as grandes têm suas garrafas em qualquer prateleira... Paramos, descemos. Fomos atendidos pelo gerente da vinícola que nos disse ser difícil achar brasileiros por ali – ele havia iniciado nossa conversa

Nós na sala de degustação

em inglês. Como éramos os únicos, a visita se deu em bom português, e assim o foi até seu final. Passamos pelo local de prensagem das uvas, que ainda é o tradicional “pisoteamento”. Nosso guia nos descreveu cada etapa, com alguns detalhes, e a conversa foi prosseguindo. Saímos daquele recinto, para chegar até o porão, onde fica armazenado o vinho. Sem nos dar conta, começamos ouvir grunhidos, que pareciam de passarinho, vindo de um dos cantos do local. E não parava... De repente, nos viramos para ver o que acontecia. E vimos o que nunca havíamos visto (e provavelmente não vejamos mais): o exato instante em que uma cobra se arremessa para dentro do ninho dos ratos! Nosso guia também viu, e ficou MUITO sem graça - tanto que não quis dar importância ao fato, prosseguindo com a palestra. O porão onde tudo aconteceu...

As cidades - Douro

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Mas, não conseguiu: o ‘ruído’ dos ratos era demasiado alto, e até vimos um fugindo! Não dava pra esconder ou ignorar... Voltamos ao andar superior, para a degustação e, durante nossas provas, o gerente chamou um dos técnicos e deu uma BAITA bronca nele: os ratos já deveriam ter sido eliminados! A cobra, depois conversando entre nós, deveria estar ali para controlá-los...

As cidades - Douro

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Évora Évora foi nossa primeira viagem em Portugal. A oportunidade surgiu quando um colega de faculdade da Cláudia nos convidou para irmos juntos. Ele tinha pouco tempo para gastar aqui e, como não poderia dar-se ao luxo de aguardar um clima melhor (estávamos no inverno), não haveria outra oportunidade. E lá fomos nós... Para se chegar lá, partindo de Lisboa, tem-se de cruzar o rio Tejo (que o fizemos de trem, através da Ponte 25 de abril) e adentrar a região que chamam de Alentejo (entenderam o porquê do além Tejo?). É uma vasta região, com poucos acidentes (leia-se subidas e descidas) e onde encontramos as primeiras áreas de produção de cortiça: os sobreiros. Estas árvores são, atualmente, protegidas por uma lei nacional que proíbe o corte. Por isso, encontramo-las por todos os cantos do país. Após o corte da casca (cortiça) elas ficam parecendo ovelhas tosquiadas... Somente após 10 anos, fazem novamente a extração. Mas, vamos ao que interessa... Évora é, hoje, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Foi uma cidade muito importante na época de dominação Romana (há mais de 2000 anos). Por volta do ano 1.150 d.c., foi tomada dos Mouros para se integrar à “Portugal” que, àquela época, já tomava ares do país que é hoje. Foi reduto dos monarcas durante o século XV, e durante o século XVI foi eleita Metrópole Eclesiástica. Possui uma das mais antigas universidades de Portugal (Universidade de Évora, fundada em 1559)! Por isso, imaginem a quantidade (e qualidade) dos monumentos e dos lugares para se visitar!

Brasão da Universidade de Évora

Abaixo, citamos alguns deles. Entretanto, sendo o centro histórico pequeno, você irá “tropeçar” neles ao passear, descontraidamente, pelas ruas... •

Templo Romano (ou Templo de Diana)

Catedral (Sé)

Igreja de São Francisco

Igreja (ou Convento) de N. Sra. Da Graça

Capela dos Ossos

Igreja do Lóios

Templo Romano de Évora, testemunha da presença romana e da grande importância da cidade à época. É associado à Diana devido a uma lenda criada no século XVII

As cidades - Évora

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Descobrimos (ou relembramos, no caso da Cláudia) que Évora é cidade natal de uma famosa poetisa, com nome interessante (no mínimo): Florbela Espanca. Para saborear um pouco de sua obra, leia abaixo: “Os versos que te fiz Deixe dizer-te os lindos versos raros Que a minha boca tem pra te dizer ! São talhados em mármore de Paros Cinzelados por mim pra te oferecer. Tem dolencia de veludo caros, São como sedas pálidas a arder... Deixa dizer-te os lindos versos raros Que foram feitos pra te endoidecer ! Mas, meu Amor, eu não te digo ainda... Que a boca da mulher é sempre linda Se dentro guarda um verso que não diz ! Amo-te tanto ! E nunca te beijei... E nesse beijo, Amor, que eu te não dei Guardo os versos mais lindos que te fiz.” Por enquanto é isso...

Lista de links •

Informações da cidade e etc: Évora na Wikipedia

Se quiserem mais da Florbela (ou Espanca...), acessem este link.

Tem alguma história no Peripécias? Sim! Vejam em Évora no Peripécias.

Também temos um “lindo” álbum de fotos: Fotos de Évora

As cidades - Évora

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Évora - outras tantas histórias Quando do convite à Évora, não tínhamos ideia do que encontraríamos por lá. Porém, no caminho, descobrimos que o Cris (quem nos convidou para a viagem) é da área da história! Foi bacana, pois ele nos apresentou uma perspectiva diferente para algumas coisas. E nós, que gostamos de conhecer os lugares pelo viés de sua história, nos “acabamos”! Foi muito prazerosa a viagem e a companhia dele - Cris, se algum dia ler estas páginas, sinta-se abraçado por elas e receba nosso imenso agradecimento!

Eu,

Cris

e

Cláudia

(tirando

a

foto),

descobrindo a cidade

Invertendo os papéis

As cidades - Évora

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Fátima A cidade de Fátima, assim como algumas outras na Europa, são somente conhecidas pelo viés religioso. E nós, não conhecendo outro, só podemos dizer dela assim. Atualmente, Fátima possui um grande complexo (parecido com o de Aparecida do Norte) onde estão a Basílica, a Capela das Aparições e a igreja da Santíssima Trindade. É bem grande! Todo ele foi erguido em homenagem às aparições de Nsa. Senhora de Fátima aos pastorinhos - Jacinta e Francisco Marto (irmãos) e Lúcia (prima deles) - nos idos de 1917. Conta-se que foram entre duas datas: 13 de maio e 13 de outubro. Assim, no dia 13 de cada mês (em especial nos meses de maio e outubro) há uma grande movimentação de devotos e fieis que vão ao Fátima em dois momentos

Santuário em manifestação de fé.

O visitante não pode se queixar: há toda uma estrutura em volta do santuário, com restaurantes, hotéis, alguns “museus” temáticos (como de bonecos de cera), passeio de trenzinho e, óbvio, lojinhas e mais lojinhas... Não experimentamos nenhum deles, por isso, não podemos dizer. Mas, se precisarem, não custa perguntar para quem estiver por lá...

Lista de links •

Informações da cidade e etc.: Fátima na Wikipedia

Se quiserem mais dos pastorinhos: Pastorinhos na Wikipedia

Tem alguma história no Peripécias? Especificamente, não.

Não temos um “lindo” álbum de fotos...

As cidades - Fátima

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Guimarães A cidade de Guimarães é um museu a céu aberto. Disso não resta dúvida quando dizemos que ela foi o berço de Portugal. A partir dela, deu-se início, nos idos dos anos 1.100 de nossa era, a constituição do país. Portanto, esperem encontrar bastante coisas para ver, inclusive um castelo construído naquela época! Nossa viagem até lá se deu por conta da visita que faríamos à Escola da Ponte – fica a alguns quilômetros. Mas,

A praça central

por que especificamente em Guimarães? Não só pela história

que a cidade “carrega”, como também por um detalhe: temos uma grande amiga que abriu as portas de casa para nos receber. E ao dizer abriu, digo escancarou! Pois nos recebeu de braços abertos e com muito(!) carinho. Mesmo depois do acontecido, logo na chegada (leiam o texto do blog para entender – procurem-no na seção Links logo abaixo...) Como toda cidade europeia antiga, ela possui o centro histórico e, ao redor, a

cidade

“moderna”.

Porém,

em

Guimarães parece que houve uma simbiose,

onde

o

contemporâneo

convive, muito bem, com o passado. O Paço dos Duques gentilmente rodeado pela cidade

Talvez por não existir mais a muralha,

como outrora - há apenas trechos, alguns em quintais de prédios e casas. Os principais edifícios históricos (O Castelo e o Paço dos Duques) estão inseridos na cidade: não há cercas, nem alto de colina, separando as construções. A cidade abraçou-os, gentilmente, preservando sua história e, mais que isso, sua “alma”. É realmente uma simbiose. Mas, mesmo assim, basta um mergulho por entre as ruas do centro histórico para voltar ao passado! As edificações antigas ainda estão lá: praça, paço municipal, comércio, igreja matriz e tudo o mais. E vale a pena observar as fachadas. Elas possuem traços diferentes dos encontrados na maioria das cidades portuguesas. O passeio pelo centro também reserva outras surpresas, como as capelas dos Passos da Paixão de Cristo que, nos idos do século XVII eram sete - atualmente são Uma das capelas

cinco. Além disso, também encontrarão a primeira bandeira do

país (antes de ser o Portugal que conhecemos hoje), hasteada nas sacadas.

As cidades - Guimarães

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Ah! em 2012, a cidade sediará o maior evento cultural da Europa: será a Capital Europeia da Cultura, ao longo de todo o ano! Mais um motivo para conhecê-la...

Lista de links •

Informações da cidade e etc.: Guimarães na Wikipedia

Se quiserem mais informações sobre o evento de 2012, clique aqui

Tem alguma história no Peripécias? Sim! Vejam em Guimarães no Peripécias

Também temos um “lindo” álbum de fotos: Fotos de Guimarães

Guimarães - outras tantas histórias No passeio pelo centro histórico, acompanhados (ou sendo conduzidos) pela Elvira, nossa anfitriã, descobríamos a antiga cidade, seus costumes e etc. Perguntávamos sobre quase tudo, e tínhamos a resposta na hora. Soubemos, então, da importância de Guimarães na fundação de Portugal. De Mumadona, a governadora da região, antes mesmo de se pensar em formar Portugal (lá nos idos do século X d.c.) – foi ela quem mandou erguer o mosteiro de Guimarães (de São Mamede) e, para protegê-lo, o Castelo de Guimarães. E assim foi, até que, próximo ao fim do passeio histórico-antropológico, nos deparamos com uma escultura, relativamente pequena, num canto da praça. Perguntamos: o que representa? – Trata-se de uma escultura de D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal. - Diferente daquela que se encontra em frente ao Paço dos Duques, não?! – disse eu -

Sim.

Na

realidade,

foi

encomendada

para

as

comemorações do feriado de 24 de junho de 2001. Neste dia houve uma luta, armada, entre as tropas de D. Afonso e as de sua mãe(!). Afonso venceu e alicerçou o que seria, no futuro, Portugal.

Eis o “pomo da discórdia”

- Ah! a obra é interessante. Tem alguns detalhes diferentes... - Interessante é como ela foi encomendada, disse nossa anfitriã. - Como assim? - Diz-se que, após acertados os pormenores do que deveria representar a escultura, o artista pediu 11.000.000,00 de euros! - O que? - Onze MILHÕES de EUROS!

As cidades - Guimarães

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E diz-se que pagaram! No dia da inauguração, depois de desvencilhada a obra, toda população iniciou um protesto. Um assalto aos cofres públicos? Não sei... Fato é que ela está por lá até hoje. Sem um arranhão. Seria outra lenda urbana?...

As cidades - Guimarães

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Lamego Estávamos na rota do vinho do Douro, já retornando, quando entramos em Lamego. A princípio, entramos porque a estrada conduzia para ali. Porém, bastaram alguns metros para chamar nossa atenção: o casario, os edifícios, as praças bem cuidadas, as padarias(!) e, lá no alto, a igreja de Na. Senhora dos Remédios, com sua escadaria de mais de 600 degraus, que dá acesso a ela (claro que se pode chegar de carro...). Deveríamos passar pouco tempo por lá, pois tínhamos que devolver o carro no dia seguinte, bem cedo. E foi intenso! Paramos o carro e, ao lado, já surgiu uma placa indicando o caminho de Santiago (sim, um deles passa por ali...). Depois, rumamos ao alto, à igreja. No caminho, fomos abraçados pelo bosque que vai circundando o complexo. Ao chegar, paramos ao

A Igreja de Na Senhora dos Remédios

lado da igreja que não ostenta nem tamanho nem decoração – apesar de não ser “simples”. A verdade é que, aos olhos, tudo parecia estar no lugar que deveria estar. Nem mais, nem menos. Pena que precisávamos ir embora... De cima do escadario, em frente à igreja, a vista é magnífica: logo abaixo fica o último patamar (ou primeiro, depende se sobe ou desce...), muito bem planejado e executado, que abre a paisagem para o resto da cidade. Vontade de ficar não faltou... Mas, ficamos satisfeitos. E fomos embora. Já em casa, pesquisamos sobre o local e O patamar, o bosque e a vista

descobrimos que está no coração da região demarca

do Douro. Foi ali, segundo consta, que se realizaram as primeiras Cortes de Portugal (entre 1.142 e 1.144 d.C.). Além disso, reza-se que a culinária é riquíssima, baseada no presunto cru, no cabrito assado e nas trutas recheadas – acho que vamos voltar! E que, além da igreja que visitamos, há outros prédios históricos como a Sé e o Castelo... Enfim, um local para se passar uns dias. Se vamos voltar, não sabemos. Vontade, como temos!

Lista de Links •

Informações da cidade e etc.: Lamego na Wikipedia

Se quiserem mais informações sobre a igreja, clique aqui

Tem alguma história no Peripécias? Não!

Também NÃO temos um “lindo” álbum de fotos

As cidades - Lamego

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Lamego - outras tantas histórias Visitamos Lamego durante a viagem que fizemos com a Fer e o Doug. Já estávamos alguns dias fora de casa, e um bom pão fazia falta. Na saída da cidade, após sermos quase “aliciados” por algumas padarias (ou pastelarias como se costuma falar aqui), não resistimos e paramos. Exatamente naquela onde, Felizes

segundo moradores, faz-se o mais gostoso pão da

cidade. E não é que era bom mesmo? Não só o pão, como também uma espécie de pizza que compramos para levar. Aquela viagem teve muito disso: não marcamos nada, não preparamos nada. Só sabíamos onde gostaríamos de passar. Nada mais. Os locais (restaurantes, hotéis, prédios históricos) e as vivências foram se encadeando de tal maneira, que pareciam ter sido escolhidos a dedo... Foram momentos realmente mágicos.

As cidades - Lamego

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Litoral e praias Nós moramos numa cidade litorânea. Então, nada mais fácil do que escrever sobre o litoral e as praias de Portugal. Porém, não é bem assim... Portugal possui a maior costa marítima da Europa. Nenhum outro país do continente o supera em extensão. E fez juz a isso quando lembramos que, a partir do litoral, nos idos dos séculos XV e XVI, se tornou o país mais poderoso do mundo (junto à Espanha). Hoje em dia, os pescados são grande parte da renda do país – o bacalhau não nos deixa mentir – e suas belezas atraem muitos turistas, principalmente ao sul do país – o Algarve. Por mais incrível que possa parecer, não fomos ao Algarve durante nossa estada. Por que, não sabemos. Vontade não faltou, mas estudante tem de priorizar... Então, nosso testemunho será baseado nas vivências “litorâneas” na península de Setúbal (logo abaixo de Lisboa), na região de Cascais e, um pouco mais acima, nas praias das Maçãs, Azenha e Guincho. Ir à praia em Portugal não é a mesma coisa que ir à praia no Brasil (pelo menos, àquelas que conhecemos nos dois países). Primeiro por que eles aproveitam qualquer espaço entre a água e o seco: pedras, bancos de areia, falésias etc. Segundo, porque a água é FRIA DEMAIS!!! A corrente que chega até aqui vem do norte, de regiões polares... Terceiro: venta “PRA CARAMBA”!!!

Carcavelos no verão e o Forte S Julião ao fundo Foto: Douglas

A praia mais parecida com as do Brasil, em nossa opinião, é a de Carcavelos (primeira praia após a foz do Tejo): uma larga faixa de areia e vários bares e restaurantes de frente para o mar. Porém, as coincidências param aí: a água, como dissemos acima, é geladíssima (até a areia molhada pela água é gelada!). Além disso, durante o verão existe uma estrutura como poucas no Brasil: esteiras para os pedestres transitarem por entre os guarda-sóis; barracas de voluntários para cuidarem da limpeza e organização; cadeira especial para os deficientes físicos entrarem no mar; cinzeiros portáteis; salva-vidas (no Brasil tem também...). Enfim, uma bela estrutura. Nesta praia, também existem várias escolas de surf, já que as ondas não são tão pequenas assim. Mas, o pico da estação dos surfistas é, acreditem, no outono/inverno. Gosto é gosto...

Cinzeiro de praia Foto: Douglas

As cidades - Litoral e praias

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Uma das coisas que mais fazíamos, era andar ao longo do calçadão da praia até o forte de São Julião da Barra (fronteira entre Carcavelos e Oeiras). Depois, descompromissadamente, sentar na

Marina

de

Oeiras

e

ficarmos

observando os veleiros. Eram horas a fio neste percurso, ouvindo as ondas, as gaivotas, os barcos indo e vindo. Ah! e

Os barcos... Um santo remédio

durante o verão, ver as águas-vivas “voando” por entre os barcos da Marina... Experimentem isso quando estiverem estressados. Um santo remédio! Há duas notas antropológicas sobre os frequentadores desta praia. A primeira é em relação ao surf: vários deles vêm após o trabalho, estacionam seus carros e vestem-se fora dos carros, cobertos com uma toalha própria (tipo um vestido enorme). Depois de saírem, tomam uma ducha (disponíveis na praia toda) e trocam-se novamente. Tudo isso, no meio de todos, sem “frescura” alguma – mulheres e homens (de qualquer idade). A segunda é em relação à paisagem: é comum, mesmo com o tempo quente, estacionarem o carro de frente para o mar e... ficarem no carro. Assim, sem sair, sem fazer nada. Só dentro do carro. Achamos bem interessante... Falando em surf, pouco depois de sair da vila de Cascais, margeando a costa, fica a praia do Guincho. Ela é “point” dos praticantes de kytesurf e windsurf. Não é à toa, já que todas as vezes que estivemos lá, ventava demais! E a água é mais gelada que a de Carcavelos... Outra praia com uma “baita” estrutura é a das Maçãs. Um pouco depois do Guincho, em direção à Azenhas, ela conta até com quadras de tênis! E um belo restaurante, onde nós, junto com a Camila e o Thiago, aproveitamos o que se tem de melhor: os peixes. E se estiver aberta, experimentem os pães feitos no forno à lenha da padaria que existe ali mesmo, acima das quadras de tênis. Muito bom! Um pouco mais adiante, está a praia das Azenhas: um belíssimo visual, com direito ao mirante. Ali, também vale a pena estacionar o carro e curtir a paisagem. Nesta região (um pouco afastado da praia) fica um dos restaurantes que mais gostamos: a Adega da Azenha. Fomos lá com a Fer e o Doug: a entrada fica na “beira da estrada”, mas, é dentro do salão (não tão pequeno assim) que poderão ver que a fama do lugar é grande. O cardápio é variado e, de acordo com os críticos locais, todos são excelentes. Os que comemos estavam muito bons (só não lembramos o que era...). Tentamos voltar com a Camila e o Thiago, mas, como eram quatro da tarde, estavam fechados. Só no jantar... As cidades - Litoral e praias

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Toda essa orla é possível se fazer de carro. A partir de Cascais, circunda-se todo o “cotovelo” da foz do Tejo e se inicia a subida, praticamente SulNorte, da costa atlântica portuguesa. Além disso, as vilas, as praias e as paisagens que encontrarão valerão o “esforço”. E ainda podem curtir o visual no ponto mais ocidental da Europa continental: o Cabo de Roca, que fica entre as praias do Guincho e das

Cabo da Roca – vista esplêndida

Maçãs.

Lista de Links •

Informações das praias e etc.: tem este site aqui com um pouco de tudo.

Se quiserem mais do Cabo da Roca clique aqui

Tem alguma história no Peripécias? Tem essa aqui, e essa outra

Fotos? Várias, mas espalhadas por entre os álbuns.

Litoral e praias – outras tantas histórias Leiam abaixo um “apanhado” das curiosidades litorâneas: Curiosidade 1: Um dado interessante fornecido, mais uma vez, pelos locais, é em relação à qualidade da água do mar durante o verão (no inverno, não sabemos bem como deve ser...). Segundo informações, o governo local tapa as saídas de esgoto durante toda a estação. Isso mesmo: fecha os esgotos para não afetar a qualidade da água do mar na alta temporada. E ficou a pergunta: e como ficam os esgotos? Resposta: não sabemos. Porém, não fomos surpreendidos na rua por fossas que vazavam... E ao fim da temporada, lá estavam os “rios” de volta à praia. Curiosidade 2: pelo menos na praia de Carcavelos, era comum as escolas levarem os “miúdos” para passarem o dia na praia. De tanta criança, a praia parecia um formigueiro. E isso aconteceu por semanas seguidas. Interessante ver. Curiosidade 3: Há mulheres que fazem o topless. Porém, somente em algumas praias e, mesmo assim, em alguns pontos. Curiosidade 4: Em um de nossos passeios na praia de Carcavelos, vimos escrito numa faixa: Associação Portuguesa de Fut-volei. Adivinhem a cidade do presidente da associação? Rio de Janeiro, claro.

As cidades - Litoral e praias

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Curiosidade 5: Os portugueses (e quem mais frequenta a praia de Carcavelos no verão) têm mania de fazer a famosa “farofada”: levam sanduíche, bebida, guloseimas, barraca, etc. Enfim, uma enorme farofada... (não conheço termo melhor para descrever). Curiosidade 6: Importante: parece que aqui o sol é mais “agressivo”. A pele queima mais rápido e a claridade é intensa (não dá para ficar sem óculos escuros, nem protetor solar).

As cidades - Litoral e praias

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Mafra Mafra é uma cidade próxima a Lisboa, e menos procurada por turistas brasileiros do que Sintra. Na realidade, eu acredito que eles têm razão, pois, escolher entre uma e outra é fácil: Sintra “na cabeça”... A grande atração de Mafra é o Palácio Nacional. Trata-se de um prédio ENORME que O Palácio não cabe na foto... Foto: Douglas

encerra o palácio e o convento de Mafra,

mandado erguer nos idos de 1717 por algum monarca português (não me lembro o nome...). A verdade é que se tentou criar um palácio magnífico, estupendo, gigante. Porém, em nossa opinião, conseguiram apenas o gigante... É claro que o edifício é digno de visita, pois encerra uma “monumentalidade” que não se conhecia nos prédios em Portugal. É MUITO grande mesmo... Destacam-se a biblioteca, que é realmente muito bonita, e a enfermaria do convento, que está muito bem preservada e decorada. A Basílica – incrustada no meio do edifício – também é digna de uma A enfermaria

“olhadela”. Na passagem pelos outros aposentos, acreditamos que ficarão

com a sensação de que vocês são pequeninos (tudo é grande!).

A biblioteca

E adivinhem de onde veio o ouro que financiou o projeto? Nem preciso dizer. Se quiserem dormir de graça, basta apresentar o passaporte... (brincadeira, claro!) Como, em nossa passagem por Mafra, não descobrimos nenhuma outra “atração” – que acredito existir – após nossa visita ao complexo, que deve ter durado pouco mais de 1h, rumamos (nós, a Fer e o Doug) para outras bandas. Mas isso fica para outro momento...

Lista de links •

Informações da cidade e etc.: Mafra na Wikipedia

Se quiserem mais informações sobre o Palácio, clique aqui

Tem alguma história no Peripécias? Não!

Também NÃO temos um “lindo” álbum de fotos

As cidades - Mafra

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Marvão Este local é outra pérola do Alentejo. Próxima à Portalegre, um das capitais da região,

Marvão

foi

utilizada

como

fortaleza contra os Espanhóis, já que fica na fronteira. Hoje, a mesma vila e a mesma fortaleza recebem os visitantes de braços abertos. Nada mais de canhões e armas. Somente belíssimas paisagens, construções que fazem pensar em “como construíram isso aqui em cima?” e a vontade de ficar mais do que o programado. O tempo é relativo em Marvão. Chegamos ali, novamente devido à indicações de nossos amigos portugueses (nenhum brasileiro nos falou a respeito dela). Saímos de Nazaré para ir exclusivamente à Marvão. Porém, como era tarde, e no inverno escurece bem cedo, decidimos passar a noite em Portalegre, onde existe uma pousada da Juventude. No dia seguinte, rumamos pelas estradas típicas do Alentejo – um rastro de asfalto que corta plantações de uvas, bosques de sobreiros e de olivais. Ao longe já conseguimos avistá-la: fica bem no topo de uma colina, a mais alta da região. Os contornos das torres do antigo Castelo são inconfundíveis! Entramos na vila a pé, pois, a maioria das cidades históricas da Europa proíbem veículos, e seguimos as indicações para o escritório de turismo. Andamos, andamos, andamos... e nada do escritório. Nisso, fomos conhecendo a pequena cidade, e sendo agraciados com as paisagens a partir dos mirantes. O escritório de turismo, só fomos achá-lo quase na entrada do Castelo. Ali, não precisávamos mais: já havíamos passado por toda a vila... O Castelo é incrível! As muralhas e a torre principal ainda estão em pé. O resto (leia-se estruturas interiores) não existe mais. Mas,

As cidades - Marvão

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mesmo assim, é de tirar o fôlego! A grandeza e a vista que se tem dali são “de outro mundo”. Guardadas as importâncias históricas, não deve em nada para o Castelo de São Jorge (que fica em Lisboa). Infelizmente, tínhamos apenas uma manhã para visitá-la... Ficamos com saudades!

Lista de links •

Informações da cidade e etc.: Marvão na Wikipedia

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Também NÃO temos um “lindo” álbum de fotos.

As cidades - Marvão

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Mértola Com esse nome, se perguntasse para qualquer pessoa aonde fica esta cidade, diriam qualquer outra país, menos Portugal (a não ser que soubesse). Mas é em Portugal sim. Mais especificamente, no Alentejo, parte sul. Havíamos conhecido grande parte do Alentejo, mas o sul ainda não havia sido A vista do Castelo: os dois rios

explorado por nós. Então, aproveitamos o início

de Janeiro de 2011 e fizemos a viagem. Junto com a Inez, o Pedro, o Lucas, a Socorro e a Cintia. Todos num carro só! Uma verdadeira “excursão”... Mértola, como o próprio nome sugere, tem uma história milenar. Foi povoada por romanos, visigodos, mouros e, só depois, pelos portugueses. A cidade guarda ainda alguns traços destes períodos: bem ao lado do Castelo – que já é prova das várias primaveras desta cidade - a igreja matriz, que foi construída sobre uma mesquita, ainda preserva, em alguns cantos, a arquitetura característica; vizinha a ela, estão as ruínas de uma Acrópole Romana e do bairro Islâmico. E isso se encontra dentro das muralhas que cercava o antigo burgo medieval que, como em muitas cidades deste tipo, ainda

Igreja matriz: detalhes que “entregam” o passado

possui vida! Existem restaurantes, lojas, casas... Quanto ao Castelo, não é possível ir à Mértola sem conhecê-lo. Suas muralhas erguem-se acima de qualquer outro ponto, e ficam exatamente na confluência de dois rios. A vista é maravilhosa! Pode-se subir na Torre, depois de pagar o ingresso, mas, vale a pena. Vê-se toda a cidade e a região em torno, com suas colinas e estradinhas. É muito bonito!

Lista de links •

Informações da cidade e etc.: Mértola na Wikipedia

Mais sobre o Castelo de Mértola? clique aqui

Tem alguma história no Peripécias? Uma breve menção sobre a viagem clique aqui

Mas, NÃO temos um “lindo” álbum de fotos.

As cidades - Mértola

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Mértola – outras tantas histórias Quando chegamos à cidade, fomos direto ao hotel – que já havíamos reservado – e em seguida à parte histórica. Fizemos todo o centro medieval, incluindo visitas ao castelo, ruínas, igreja e etc. Já era tarde, quando “descobrimos” que estávamos com muita fome! - Um restaurante, por favor! E lá fomos nós encontrar um... E quem disse que ali, no centro histórico, eles estavam abertos? Nenhum! Somente os cafés, mais parecidos com butecos-bem-sujos, eram a opção. E agora? – é difícil pensar com o estômago. Para resumir, depois de muita procura, e de um restaurante que disse servir comida somente após determinado horário (que demoraria a chegar...), achamos um! De fora, não demos nada por ele. Mas, depois de ver a comida, ficamos felizes! Era um banquete! Um detalhe do jantar foi quando o dono do local ainda tentou tirar-nos do hotel onde estávamos, dizendo que ele possuía instalações mais baratas... Imaginem se comentamos isso com o pessoal do hotel! Numa cidade pequena (minúscula, no caso), isso vira caso de polícia! “Muy amigo”!

As cidades - Mértola

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Miranda do Douro Este pequena cidade, no nordeste do país, mais precisamente na famosa região do Trásos-montes, foi uma das grandes surpresas que tivemos. Não estava, confessamos, em nossos planos, nem em nosso repertório. Mas, numa conversa rápida com um senhor, lá em Castelo Melhor (Foz do Côa), decidimos arriscar conhecê-la. Ainda bem! Para variar, fomos de carro e, mesmo não procurando outro meio de transporte, acredito ser um pouco demorado (e complicado) ir direto até lá. A cidade mais conhecida, próxima dali, é Bragança, que fica a 75 Km, percorridos em mais de 1h (de carro...). Ou seja, não há autoestradas e só vai quem conhece. Prato cheio!! E o que nos chamou a atenção? Duas coisas, a princípio: •

O Mirandês, 2ª língua oficial da cidade (a primeira, claro, é o português);

A carne vermelha que, segundo as indicações, é muito boa. Quanto à primeira, quando estivemos lá, não ouvimos ninguém conversando neste dialeto (ou não percebemos). Perguntamos para alguns locais, que nos disseram ser nas aldeias vizinhas aonde mais se fala a língua. Entretanto, no centro

Placa em Mirandês: Rua do Convento

histórico todas as placas de ruas estão em Mirandês, e as informações sobre os prédios históricos também. Consegue-se

ler, sem muitos problemas, já que parece uma mistura de português, castelhano e alguma outra língua. Mas, ainda estamos com vontade de conhecer a pronúncia/fonética. Quem sabe ao voltarmos. Quanto à carne, não nos resta menor dúvida: é a melhor carne que comemos em todo Portugal e, arriscaria dizer, em TODA A EUROPA! Foi paixão à primeira garfada! Imaginem, já estava convencido de que, carne como a nossa, só na volta ao Brasil. Mas, eis que, na primeira mordida na Posta Mirandesa (o nome do prato), nos apaixonamos! Não deve em nada à nossas melhores carnes. Só ela valeria a visita. Mas, como numa cidade sempre há mais do que se imagina encontrar, também ficamos chateados de termos apenas um dia para ficar ali. Na manhã seguinte ao jantar inesquecível (a Posta Mirandesa), fomos caminhar pelo centro

O Douro cercado pelos paredões de rocha

histórico e descobrimos, por exemplo, que Miranda nunca fora invadida por nenhum outro povo. Ou seja, não houve intervenção externa na arquitetura ou cultura local. Daí, com

As cidades - Miranda do Douro

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certeza, existir o Mirandês. Além disso, a região é a porta de entrada do Douro em Portugal, depois de percorrer alguns quilômetros na Espanha. E o cenário é magnífico: ele serpenteia por entre paredões, que chegam a mais de 150 metros de altura! Essa é uma das vistas a partir do centro histórico: os paredões com o Douro lá embaixo. Lindo! Não bastasse, próximo à cidade existem resquícios de povoação da idade do Ferro (por volta de 1.000 a.c.) – o Castro de Aldeia Nova. Vale a visita, não só pelo valor histórico e antropológico, mas pela paisagem que se tem a partir dos mirantes: alguns ficam na beira do paredão que encerra o Douro, lá embaixo.

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Informações da cidade e etc.: Miranda na Wikipedia o

Vejam este também: À Descoberta de Miranda do Douro

Que tal um dicionário de Mirandês-Português? clique aqui

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Mas, NÃO temos um “lindo” álbum de fotos.

Mirando do Douro – outras tantas histórias Chegamos à Miranda já escuro. Como não conhecíamos nada, e o escritório de turismo com certeza estaria fechado, paramos no primeiro hotel que vimos. Estava dentro dos padrões, e nele ficamos. Bom preço e excelente quarto (enorme!). Nos instalamos e, depois do banho, fomos direto ao restaurante indicado pelo nosso amigo de Castelo Melhor. Como a cidade é pequena, não houve problema em encontrá-lo: em frente ao hotel... O frio estava intenso, o termômetro da pracinha nem marcava a temperatura (acho que havia congelado...). Entramos no salão, que estava quase vazio, e nos sentamos. Imaginávamos que, naquele fundão do país, a chance de encontrar algum patrício (do Brasil) seria baixa. Porém, adivinhem de onde era a garçonete que nos atendeu? Pois é... Depois de muita conversa (ela ficou mais tempo ao nosso lado do que atendendo às mesas) soubemos um pouco de sua vida. Perdeu os pais bem cedo e, como a irmã já morava em Portugal, veio para cá “tentar a sorte”. Sempre morou na região de Miranda e, na única vez que esteve no Porto, ficou tão aturdida com o ritmo da cidade grande, que voltou correndo! São histórias que devem se repetir aos montes. Não só de brasileiros, como de todos os imigrantes que decidem passar por isso. E não é fácil!! Depois disso, ficamos pensando na questão de Miranda nunca ter sido invadida por outra cultura. Será, mesmo?!

As cidades - Miranda do Douro

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Monsaraz Chegamos aqui por indicação de uma grande amiga que, desde que soube que viríamos para cá, nos contou sobre ela. Mal sabíamos o que nos esperava, pois não estávamos preparados para chegar àquele local. Motivo? Só indo lá para saber... Nossa primeira visita (fizemos duas) foi de “surpresa”. Para nós e para a vila. Estávamos voltando da Espanha – do Congresso de Málaga – nós e a Márcia. Verificamos no mapa que passaríamos ao lado e cogitamos parar. Assim o foi... Para quem não conhece a região, tentaremos traduzir a paisagem: uma extensa planície, pontilhada aqui e ali por pequenos morros, aonde, via de regra, assentam-se aldeias, e pequenas vilas medievais, rodeadas por bosques de sobreiros (cortiça). Este é o Alentejo. É esta a vista que se tem de Monsaraz. Impressionante!!! A própria vila é estupenda: típica vila medieval. Muralha circundando, casas e estruturas todas dentro dela. Até uma praça de touros existe por ali. As ruas, calçadas com pedra, foram formadas pela disposição das casas no terreno acidentado. As casas, por sua vez, todas de fachada

As casinhas brancas e o chão de pedras

branca, levam o visitante à imaginar que aquele lugar foi construído só para isso: a visita, o passeio, o descanso. Mas, se engana quem pensa assim, pois há MUITA vida dentro daquele lugar. Ao lado da cidade, na parte mais baixa, há o maior lago artificial da Europa, resultado da construção de uma barragem. Ali, aproveita-se a ampla superfície para a prática de esportes d’água. Quase todos! Nosso segundo encontro com Monsaraz foi proposital. Combinamos com a Ale e o Antonio (nossos vizinhos) passar um final de semana pela região. E assim fizemos. Hospedamo-nos na cidade de Reguengos de Monsaraz, que atualmente é a capital do concelho (região) de Monsaraz – até os idos de 18XX era a própria Monsaraz. Foi mais do que antropológica nossa segunda vez! Primeiro, por ser aquela região riquíssima em vestígios da pré-história, como os Menires e Dolmens, encontrados “em qualquer canto” – muitos deles estão ao lado da estrada: você passa e nem dá atenção. Se fosse na França, ou na Itália, cobrariam uma “nota”

As cidades - Monsaraz

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só para passar ali... Segundo, por ser a região pouco frequentada por forasteiros, imergimos na cultura local, assistindo até de um espetáculo de bonecos – os Bonecos de Santo Aleixo – em Rosário, cidadezinha próxima. Destacamos, ainda, a culinária: em qualquer cantinho há boa comida, e barata. As especialidades

Um dos Dolmens

são a carne de porco e de vaca alentejanos – só

provamos a de porco, pois a de vaca é mais difícil de achar. Disseram que é igual (ou melhor) que a carne de Miranda do Douro. Só acredito comendo! E os vinhos: Monsaraz faz parte da rota do vinho Alentejano. Isso significa que em qualquer adega, haverá sempre bons, ou excelentes, vinhos. A Adegas ficam, via de regra, no entorno de Reguengos de Monsaraz – peguem o mapa com a localização delas no escritório de turismo. Outra experiência interessante é a “visita” às olarias em São Pedro do Corval, próximo à Monsaraz é o maior centro oleiro de Portugal. Há peças de todos os tamanhos e utilidades: vasos, bonecos, ânforas, etc.

Uma das Olarias

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Informações da cidade e etc.: Monsaraz na internet

Se quiserem mais dos Bonecos de Santo Aleixo clique aqui

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NÃO temos um “lindo” álbum de fotos.

Monsaraz – outras tantas histórias Foi na segunda visita que quase tivemos um contra-tempo. Passaríamos o final de semana na região e, como “passeadores profissionais”, fizemos uma mala bem trivial. Colocamos apenas uma troca de roupa e nenhum calçado a mais. Enfim, levamos uma mala pequena, o que geralmente fazemos em deslocamentos curtos. Tudo estava correndo bem quando, ao visitarmos um dos monumentos pré-históricos, notamos que havia outro deles nas proximidades. Eram, aproximadamente, duzentos metros até lá, através de um terreno com mato rasteiro. A Ale e o Antonio haviam retornado ao carro, mas nós decidimos seguir. Péssima ideia... Começamos a andar pelo terreno quando, de repente, a terra começa a ficar fofa... E cada vez mais fofa, até que... Afundamos nossos pés na lama! Foram instantes de apreensão, pois,

As cidades - Monsaraz

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era mais fácil o tênis ficar preso na lama do que tirá-lo de lá... Saímos com muito custo e fomos “contabilizar” o estrago. Calçados quase inutilizados... E sem nenhum outro para trocar. E, ainda por cima, frio e sem sol... Nossa sorte é que, já antevendo algum problema, Os tênis. Depois da primeira limpeza

levamos nossos tênis impermeáveis. Ainda bem! A única dificuldade foi secá-los. Mas, com a criatividade

em alta, depois de devidamente limpos (ainda no local aproveitamos a água nas poças), usamos o ar condicionado do quarto... Se vamos aumentar nossa mala? Jamais!!

As cidades - Monsaraz

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Nazaré Esta cidade foi um dos bônus que tivemos aqui em Portugal. Mal fazia parte do imaginário, e muito menos das indicações de amigos. E como fomos parar lá? Em Novembro, estivemos pela última vez no Porto para uma reunião da Cláudia com a Profa. Rosa. De lá, seguimos para o Vale do Côa e Miranda (isso vocês já sabem...). Porém, nesta reunião, a própria Profa. Rosa Insistiu para que passássemos um final de semana em sua casa, que fica em Nazaré. E assim o fizemos. Quase um mês depois do primeiro encontro. Fomos recebidos pela querida Profa. e toda sua família. Nazaré atualmente deixou de ser uma vila de pescadores para se dedicar aos turistas. Existe uma boa estrutura para isso, com vários restaurantes, hotéis, eventos etc. Como uma cidade litorânea, está mais cheia durante o verão e, por isso, se quer conhecê-la mais intimamente, vá fora desta época. Em nossa passagem, não havia ninguém, só os “locais”, incluindo algumas “figuras” típicas de Portugal – as senhoras de preto.

As senhoras de preto

A orla é relativamente extensa e com bom aproveitamento, dividindo-se em duas praias: a do sul (ou do centro) e a do norte. Esta última é separada do centro da cidade pelo promontório que citamos, e é bem mais “brava”. As ondas, segundo nos informaram, podem chegar a mais de 5 metros!! O que mais nos impressionou, foi a vista

que

se

tem

a

partir

do

promontório! É uma das mais belas paisagens litorâneas de Portugal (e de vários outros lugares também...). Ali no alto, está a Capela da Memória, que foi construída por volta de 1.200, como agradecimento a um milagre atribuído à Nossa Senhora de Nazaré. Aliás, a cidade

A vista do promontório

de Nazaré possui muitas lendas e “causos”. Vale a pena pesquisar sobre eles... Ah! não poderíamos nos esquecer de mencionar que, entre o alto do promontório e o centro da cidade, há um elevador de ligação. Porém, quando lá estivemos, estava em reforma (segundo nossa anfitriã, não terá prazo para voltar a funcionar).

As cidades - Nazaré

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Informações da cidade e etc.: Nazaré na Wikipedia

Se quiserem mais sobre a Capela da Memória clique aqui

Tem alguma história no Peripécias? Não.

Também NÃO temos um “lindo” álbum de fotos.

Nazaré – outras tantas histórias Tivemos uma acolhida muito especial da Profa. Rosa e de sua família. Parecia que éramos amigos de longa data, e isso nos marcou bastante. Nos deixaram à vontade em sua própria casa. Agradecemos muito por isso! Mas, antes de chegarmos lá, ficamos numa grande dúvida! Nenhum dos contatos que a professora nos deixou funcionava. A única vez que alguém atendeu ao telefone, disseram que não era da casa dela! Olhamos um para o outro e pensamos: e agora?

A querida Profa. Rosa

Tentamos uma última vez e... ela atendeu! Na realidade, foi seu marido que atendeu e passou a ligação à ela. Com muita gentileza, ela veio até nós, que estávamos no centro da cidade, e nos acompanhou ao restaurante que iríamos almoçar. Mais à tarde, já em sua casa, conhecemos toda a família: marido, duas filhas, respectivos genros e cinco crianças! Foi muito gostoso passar este tempo junto a eles. E agradecemos o enorme carinho com o qual nos acolheram! Ao final, outro fato inusitado: o vizinho de trás é colombófilo. Em outras palavras: cria pombas! E, todas as tardes, solta-as para que possam exercitar o vôo. Impressionante é que respondem aos comandos, como se fossem cachorros! Bem “giro”.

As pombas amestradas...

As cidades - Nazaré

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Óbidos No início de nossa vida em Portugal, tentávamos colher o máximo de informações possível, sobre tudo. Costumes, meios de vida (ou sobrevivência...), comidas típicas, supermercados, lojas e, também, locais a visitar. Foi assim que ouvimos falar em Óbidos. E ouvimos muito: de cada dez pessoas, sete a mencionavam! Porém, não foi “logo de cara” que fomos visitá-la. Primeiro, porque não fica tão perto assim. E, segundo, porque gostaríamos de aproveitar a vinda de amigos para irmos juntos. Assim o foi, por três vezes! Sim, fomos à Óbidos por três vezes... A

primeira

visita

(e

impressão,

por

consequência) foi durante o festival “Mercado Medieval de Óbidos”, que acontece todos os anos. E o festival estava muito bem localizado: a cidade é uma vila medieval até hoje! Saímos do estacionamento e iniciamos nosso passeio. De início, entramos por uma rua pavimentada com pedras, ladeada do início ao

O Castelo e o Festival

fim por barraquinhas e tabuleiros de vendedores. Ao final, um desvio: para direita, vai-se ao centro “novo”. Reto, entra-se na vila. Adivinhem... Entramos. Não na vila, mas numa máquina do tempo! A principal entrada (essa que utilizamos) compõe-se de dois pórticos, em extremidades opostas de um átrio – não se vê o interior da vila a partir do primeiro pórtico. Neste átrio, em cima, há uma varanda de onde os soldados de antigamente (muito antigamente) podiam controlar a passagem. Passamos pelo segundo pórtico e a vila, totalmente medieval, se abriu para nós. Ruas, calçamento, fachadas, pelourinhos, igrejas, becos, gatos, pombos, cafés, bares, restaurantes, lojinhas, Torre, Castelo e, àquela noite de festival, os trajes. Tudo, simplesmente tudo, remetia há mil anos! A partir desta entrada, em frente, tem-se acesso à rua principal. À direita para a parte baixa e, à esquerda, pode-se subir a escada para chegar ao alto da muralha que circunda TODA a vila – e se tiverem estômago para alturas, podem dar a volta. Até hoje, Óbidos tem vida no interior da muralha (claro que existe vida para fora...): as lojas, os cafés e o hotel (estabelecido dentro

Medieval

do antigo Castelo) são prova disso – não sei quanto custa a diária, mas deve ser “barata”.

As cidades - Óbidos

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Nas outras duas visitas, uma com a Camila e o Thiago, e a outra com a Márcia, conhecemos ainda mais a cidade, e descobrimos um pouco mais de sua “alma”: um “feudo” quase intacto, com ares modernos e toques contemporâneos, mas (e este é o ponto), aonde ainda se pode viver dentro da muralha, sem ter que sair... Ah! Apesar de vocês poderem descobrir por si mesmos, precisamos falar do produto mais “explorado” da cidade: a Ginja, que é um licor à base desta fruta (Ginja, parente da cereja), também conhecida como Ginjinha de Óbidos. Como se mudasse alguma coisa da cidade...

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Informações da cidade e etc.: Óbidos na Wikipedia

Se quiserem mais do Mercado Medieval clique aqui

Tem alguma história no Peripécias? Não especificamente!

Também NÃO temos um “lindo” álbum de fotos.

Óbidos - outras tantas histórias Em nossa primeira aventura, com a Fer e o Doug, Óbidos estava um pouco “fantasiada”, mas não menos charmosa. Chegamos em pleno evento Mercado Medieval, onde tudo (tudo mesmo) era medieval: podiam-se alugar trajes de época, as comidas e bebidas eram servidas em pratos e copos de barro, as barracas estavam armadas à moda da época (pelo menos achamos que sim), os trabalhadores todos vestidos à

Mercado Medieval – roupas, apetrechos e comida: tudo à moda antiga. Foto: Douglas

caráter. Até a moeda corrente era da época (trocavamse euros por ela nos caixas). Enfim, tudo ainda mais medieval... Na segunda, com a Camila e o Thiago, ela já estava “vazia”. Sem adereços, sem as barracas, com as ruas desimpedidas. Vimos a cidade sem maquiagem, desnuda. E muito mais interessante e charmosa – não precisava de tudo aquilo... Nesta oportunidade, descobrimos que se pode subir no passeio da muralha, que existem cafés e restaurantes convidativos, que há vida, de fato, dentro da vila. Na terceira, com a Márcia, passamos por outras ruas, antes inexistentes para nós: outras fachadas antigas-medievais, outras ruas de calçamento gasto pelo passar do tempo, outros lugares acessíveis apenas a quem se aventura por ali, outros restaurantes e cafés idem... Nesta vez, assistimos a um concerto de música barroca: Cravo, Baixo e Voz (soprano), na igreja principal. Música de época numa cidade de época... Que combinação!

As cidades - Óbidos

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Todas as nossas passagens por lá, apesar de “bate-e-volta”, foram intensas. Em cada uma descobríamos uma parte da história/arquitetura/alma da vila. Se perguntarem, digam que voltaremos. Com certeza!

As cidades - Óbidos

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Ponte de Lima Uma das mais agradáveis surpresas que tivemos em Portugal, o primeiro contato com esta cidade foi durante “nosso” Caminho de Santiago. Chegamos lá, depois de um dia duro de caminhada através do trecho mais íngreme de todo o percurso. E o descanso não poderia ter sido em melhor lugar... Voltamos, meses depois, com a Re, o Varlei e o João Pedro. Só confirmamos o que havíamos sentido/visto: uma cidade cheia de história, muito bem cuidada, recheada de boa comida e com um povo acolhedor. Nas conversas que tivemos com os locais, incrementadas por informações de vídeos e livros, conhecemos um pouco mais da história. A cidade empresta o nome da ponte que cruza o rio Lima que, há muitos anos atrás, era o único meio de atravessar o rio, em quilômetros. Seu crescimento foi alicerçado no comércio de A ponte sobre o Lima

mercadorias vindos do norte da Espanha

(Galizia) e do norte de Portugal que, lógico, precisavam cruzar o Lima. Além disso, havia uma lenda de que, as pessoas que cruzassem as águas do rio a nado, teriam a memória apagada na margem oposta... Viva a ponte, gritavam os habitantes daquela época!! Houve uma muralha que cercava a cidade, construída devido à sua posição estratégia. Hoje, contudo, estão somente alguns trechos e uma ou outra torre. Mas, ao chegar à vila, a impressão deve ser a mesma de séculos atrás: a ponte domina a paisagem e convida a atravessá-la. Como não fazêlo? Impossível resistir... Pois o façam e surpreendam-se com os Jardins do Parque do Arnado: um jardim público do outro lado da margem, cujos Alguns trechos da muralha ainda existem, e a vida segue seu rumo

passeios, parreirais,

cobertos

por

serpenteiam

“tapetes” de grama que exibem suas macieiras, castanheiras,

Os passeios no jardim do Arnado: cobertos pelos parreirais

laranjeiras, limoeiros e romãzeira. Para nós, o mais bem-projetado jardim de todos os que conhecemos em Portugal. Se puderem visitá-lo entre o final de setembro e o início de outubro,

As cidades - Ponte de Lima

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serão brindados com os aromas das uvas e das frutas de época. E, se quiserem, podem colhêlas... Um espetáculo!

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Informações da cidade e etc.: Ponte de Lima na Wikipedia

Se quiserem mais dos Jardins do Parque do Arnado clique aqui

Tem alguma história no Peripécias? Tem essa, mas não é grande coisa...

Também NÃO temos um “lindo” álbum de fotos. Algumas fotos estão no álbum de Santiago

Ponte de Lima – outras tantas histórias Já fazia alguns dias que estávamos andando juntos com a Sandra, o Ian e o Andrew, nossos amigos australianos do Caminho de Santiago. Ponte de Lima já anunciava a fronteira com a Espanha (mais um ou dois dias e “voila”...), e estávamos felizes por estar junto com eles. Depois

de

instalados

no

albergue

para

peregrinos, fomos à cozinha ver o que havia disponível: era praticamente uma cozinha industrial! Nos olhamos e falamos quase ao mesmo tempo: vamos fazer um jantar para nossos amigos? Corremos ao mercado (já eram quase seis horas), compramos macarrão, vinho e

Chegando a Ponte de Lima – a amizade se aprofundou ali

molho de tomate. Tudo simples, como deveria ser... Comemos, bebemos, dividimos. Foi um momento singular: ali selamos, de fato, nossa amizade...

As cidades - Ponte de Lima

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Porto Quando se fala sobre Portugal, no Brasil, têm-se Lisboa como referência e, logo a seguir, Porto (“brigando” com Fátima). E não é para menos: é a segunda maior cidade do país, recheada de histórias. A mais conhecida é, sem dúvida, seu vinho. Interessante, contudo, é saber que ele não é nem produzido, nem armazenado ali... O que aconteceu então? Por que vinho do Porto, se não é de lá? “Lenda urbana”? Talvez... Mas, há uma pista quando sabemos que a divulgação do vinho foi feita pelos ingleses e que, para exportá-lo, usavam a cidade: – O vinho é de onde? – pergunta um comerciante inglês – Do Porto, responde outro. Inclusive, em algumas línguas, referemse à cidade como O Porto (o artigo “O” faz parte do nome). É claro que essa não deve ser uma explicação plausível, mas, que sabe... Acreditamos que a ida ao Porto deveria ser obrigatória quando se está em Portugal. O país não seria o mesmo sem ela. Há um eterno desentendimento entre ela e a capital,

Lisboa.

Ambas

A cidade, o barco e a ponte famosa, a partir da outra margem - Vila Nova de Gaia Foto: Douglas

referem-se

amorosamente à outra da seguinte forma: quem vive no Porto é tripeiro; em Lisboa é alfacinha. E há até quem carregue faixas com dizeres “amorosos” em relação a isso... O que soubemos, através de nossas conversas com os locais (como é bom estar de fora!), é que designam os moradores do norte por tripeiros, devido ao comércio de carnes (leia-se açougue) ser uma importante fonte de renda 5. E alfacinha? Lisboa era um importante produtor/entreposto de hortaliças... Segundo nossas “conversas de botequim”, historicamente a elite dominante (leia-se família real) sempre deu privilégio à Lisboa. Porto ficara sempre na segunda opção, e teve seu desenvolvimento graças, principalmente, aos investimentos ingleses (já explicamos sobre os vinhos) - algumas casas de vinho do Porto têm nomes como Sandeman, Taylor, Churchill’s, etc. Tão forte foi o poderio econômico da região que foram criadas a Associação Industrial e a Bolsa de Valores de Porto, cujo prédio é, atualmente, ponto de grande interesse ao turismo.

5

Existem algumas versões, mas, oficialmente conta-se que se deve ao episódio em que os habitantes da cidade ofereceram toda a carne que dispunham aos navegadores que partiriam, ficando com as tripas. As cidades - Porto

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De fatos sentidos e presenciados, podemos confirmar que a atmosfera da cidade é bem diferente da de Lisboa: tivemos um maior sentimento de liberdade, de progresso, de expansão. Mesmo na arquitetura de suas ruas e fachadas, hoje bem mal-tratadas devido à falta

de

investimentos,

percebem-se

as

diferenças com a capital. O ponto máximo é a

O “paredão” de casas da Ribeira

Ribeira, com as fachadas das casas formando um verdadeiro paredão e, rasgando o rio de uma margem à outra, a ponte Maria Pia, concebida pelo arquiteto da torre Eiffel: Gustave Eiffel. Detalhe: o centro histórico foi declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. E foi em frente à igreja da Sé que iniciamos nosso Caminho de Santiago: há um pelourinho de onde partem os peregrinos. Se chegarem de trem (comboio) à Porto, desembarcarão numa das mais bonitas estações de trem da Europa. Antes de entrar na cidade, parem no hall e reparem nas paredes decoradas com azulejos. Se não chegarem de trem, procurem ir até lá. Vale a pena. E, na prática, como podem conhecer a cidade? Damos a dica: ao lado da igreja da Sé há um posto de turismo. Vão até lá, peguem o mapa e saiam para passear a pé. O centro histórico reserva surpresas medievais para quem o fizer! Além, é claro, do passeio pela margem do Douro e, quem sabe, uma bela refeição mirando o

Estação de trem do Porto Foto: Douglas

rio e a ponte famosa... É possível, também, passear nos barcos típicos – os rabelos (ou cópias aumentadas deles). Ah! se puderem dar uma esticadinha até a foz do Douro, vale a pena. É lá que poderão encontrar os “locais”, caminhando, fazendo ginástica, conversando, etc. A hospedagem? Para nós foi a mais simples possível: o albergue da juventude. Dentre todos os que experimentamos, é um dos melhores: limpo, organizado e com uma maravilhosa vista para a foz do Douro. O único “porém” é a localização: fica um pouco afastado do centro – mas há um ponto de ônibus (autocarro) e um supermercado em frente.

Pontos de interesse Para facilitar a vida, nomearemos a seguir alguns dos pontos que achamos dignos de uma “espiada”, mas não precisam ser tímidos, podem (e devem) espiar mais... •

Igreja da Sé;

As cidades - Porto

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• • •

Torre dos Clérigos – a torre mais alta de Portugal brinda aos visitantes com uma estupenda vista da cidade; Ribeira – as fachadas, os passeios de barco (tem até cruzeiro pelo Douro); O centro histórico – trechos que remetem à idade média; Livraria Lelos: percam-se nesta pequena jóia da arquitetura Portuense.

A pequena jóia

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Informações da cidade e etc.: Porto na Wikipedia

Se quiserem mais do Vinho do Porto clique aqui

Tem alguma história no Peripécias? Têm várias, mas nenhuma específica...

Fotos? Várias, mas todas espalhadas por entre os álbuns. Esperamos fazer um álbum específico para ela...

Porto – outras tantas histórias Uma cidade grande, às vezes, reserva menos surpresas do que uma pequena. Talvez, por estarmos acostumados ao ritmo ou, talvez, por estar tudo tão “domesticado” e dentro dos padrões “normais” da vida, que não há espaço para o inesperado. Verdade é que, mesmo após três ou quatro visitas à Porto, conseguimos recordar apenas uma história fora dos padrões – é claro que temos várias passagens, mas nenhuma “fora da curva”. E qual é ela? Foi em nossa última visita à cidade, na noite anterior ao passeio à Foz do Côa. Noite fria, saímos do albergue – opção boa e barata – e rumamos para o centro da cidade, na parte alta. A Cláudia havia combinado com a Profa. Rosa de nos encontrarmos à noite para jantarmos. Mas, como tínhamos todo tempo do mundo, decidimos correr as ruas, passar por lugares familiares, e outros nem tanto... Compramos o livro para um amigo, que só existe na livraria da Universidade do Porto. Lá – na livraria – podíamos observar um aglomerado de pessoas em frente a um bar, na lateral do prédio onde estávamos. Apesar de outros bares abertos, aquele era o único com tantas pessoas. Saímos da loja, quando toca o celular (telemóvel) da Cláudia: a profa. Rosa precisou desmarcar nosso encontro. O que fazer? Escuro, frio (gelado, na realidade), céu estrelado e nós no centro do Porto. – Ah! vamos ali, naquele “boteco”. – Ok.

As cidades - Porto

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Entramos. Parecia um bar à brasileira: falatório, garçons equilibrando bandejas, o barman tirando um chop (imperial) atrás do outro... A cozinha batendo naquele “sininho” avisando o prato que acabou de sair... Enfim, bem diferente daqueles que acostumamos entrar por aqui. Até que enfim! Mas, não era só isso: tratava-se dum reduto de estudantes, professores e exestudantes da Universidade do Porto! As paredes estavam forradas com placas comemorativas que se referiam às reuniões de turmas antigas da universidade. Algumas, com mais de 40 anos de formatura! Bacana ler seus textos: parece uma competição da melhor ode à turma, ou até ao próprio bar! O local, conhecido como “Piolho”, recebe de calouros à reformados. E havia de tudo um pouco mesmo! Em determinada altura, atrás de nós encostam (literalmente) quatro estudantes, com um violão. Começam a cantar coisas inteligíveis (para nós, pelo menos). O garçom, com toda a “delicadeza”, berrava com eles, para nos deixar comer em paz – estavam escorados em nós. Mas, quem disse que conseguiu tirá-los dali? A gente, curtindo aquilo, dava risada a cada refrão, que era a única parte que todos cantavam juntos – só um deles sabia toda a letra... A plateia do bar não ligava a mínima. Mas, eles insistiram por alguns minutos. E, quando cansaram, pararam. E assim foi, com tantos outros espetáculos durante nossa permanência. Menção honrosa aos preços dos pratos e bebidas: baratos. Por que piolho? Basta dizer que um sinônimo de piolho, por aqui, é chato e lembrar que, naquele bar, convivem professores e alunos. Portanto, adivinhem o que os professores fazem quando encontram um aluno...

As cidades - Porto

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Setúbal Para variar um pouco, não havíamos planejado a ida à Setúbal. Não por que não nos interessava, mas sim pelo total desconhecimento da região. Porém (sempre há um “porém” na vida...), eis que surge a oportunidade. E, para variar novamente, veio através das atividades “claudianas” A intrépida trupe: Pedro, Cláudia e Inez

de além-mar (leia-se: reunião com alguém que valesse a pena). E assim o foi...

Nesta viagem, “surgiram” em nossas vidas a Inez e o Pedro, seu filho, que estão aqui pelo mesmo propósito: estudos. Quer dizer, a Inez está para estudos; o Pedro, para acompanhá-la (o que faz muito bem!). São dois grandes amigos que fizemos! Fomos juntos à Setúbal e, para mudar um pouco, de carro... A opção mais barata, se dividida entre nós. Não tínhamos muita expectativa quanto à cidade, pois o objetivo não era turismo. Mas, chegamos um pouco antes do encontro e tivemos tempo de nos impressionar com a cidade: em nada lembra uma cidade com resquícios do período neolítico, ao contrário. Apesar de existirem edificações mais antigas, da época “colonial”, ela nos envolve numa atmosfera moderna e progressista com suas ruas e avenidas largas e (acho) planejadas. O largo da misericórdia, no centro

Largo da Misericórdia – Bocage no alto

antigo, nos revelou que ali nascera Bocage (aquele escritor “boca suja”, de contos e poesias avançados demais para a época): há uma estátua no alto de um pedestal enorme, bem no meio da praça. Próximo ao largo, na principal avenida (acho que é, pelo tamanho e largura), pode-se passear admirando alguns dos edifícios mais bonitos da cidade e, numa de suas extremidades, comer em um restaurante. E foi o que fizemos... Pratos bem servidos e baratos: a regra em praticamente todo território nacional. Lá também! E ainda provamos o vinho da região: Moscatel de Setúbal – um vinho licoroso muito bom! Logo em seguida, partimos para o encontro. Terminado,

ainda

houve

tempo

para

sermos

surpreendidos pelo forte de São Felipe: uma antiga fortaleza de defesa que, pelo que contam, servia mais para

A vista do Hotel/Forte de S. Felipe

fins políticos do que militares, e que hoje abriga um hotel! Sim, pode-se dormir lá e aproveitar

As cidades - Setúbal

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a vista de toda a orla. Vê-se, inclusive, a praia de Tróia do outro lado da península, tida por muitos como uma das melhores praias do país.

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Informações da cidade e etc.: Porto na Wikipedia

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Tem alguma história no Peripécias? Não

Fotos? Também não.

Setúbal – outras tantas histórias Na volta, decidimos ir pela estrada que contorna toda a península. A estrada serpenteia as escarpas e vales das montanhas, ora ao nível do mar, ora mais alta. Mas, sempre cercada de muito verde e paisagens bonitas. Certa altura, uma indicação nos chamou a atenção. Entramos no sentido da placa e seguimos por uma estrada estreita. À frente, havia um semáforo de controle de tráfego: só havia espaço para um sentido de circulação por vez. Aberto o sinal, “invadimos” o território escondido por trás da colina. Resultado? Paisagens espetaculares e mais um cantinho descoberto: o Portinho da Arrábida. Uma praia protegida pela montanha, que reserva aos

Portinho da Arrábida – o primeiro contato visual

visitantes, além da paisagem inesquecível, uma sensação de aconchego e tranquilidade. Deu vontade de morar lá...

As cidades - Setúbal

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Sintra Temos um caso de amor com Sintra. Não por qualquer motivo, mas, basta vocês visitarem-na para entenderem. Antes escrita com “C” no lugar do “S”, Sintra (ou Cintra) foi reconhecida pela UNESCO como patrimônio da Humanidade. E não foi só por um ou outro prédio. Foi POR TODO O CONJUNTO paisagístico. Patrimônio da Humanidade

Ou seja, não há para

onde vocês possam olhar e dizer: que feio aquilo!

Podem dizer que não gostaram, sem dúvida, mas que é feio, que está desarrumado ou fora do lugar, jamais! Fizemos cinco visitas para conhecer o que gostaríamos. Mas, confessamos que é necessário bem mais para absorver por completo o significado daquele lugar. Podemos dizer que o básico são os Palácios e Castelos que estão encravados na serra ou no meio da vila (caso do Palácio Nacional). São eles: Palácio da Pena, Castelo dos Mouros, Convento dos Capuchos, Palácio Monserrate, Quinta da Regaleira e o Palácio Nacional. Além deles, há o Palácio Nacional de Queluz, um pouco mais afastado, de onde a família real portuguesa saiu para ir ao Brasil (nos início de 1800). O centro histórico também possui um charme próprio, com suas ruas estreitas, pavimentadas com pedras portuguesas, os restaurantes, os cafés, as lojinhas que os turistas adoram... Há alguns museus também, como o Museu do Brinquedo que, de brincadeira, não tem nada (dêem uma olhada no site dele). Mas, como provavelmente não terão muitos dias para curtir tudo na cidade, talvez não tenham tempo para isso... Se puderem, não percam tempo e se empanturrem com tudo da cidade!

Os Edifícios Históricos Palácio da Pena Vamos começar pelo mais popular deles. O Palácio Nacional da Pena está na lista dos cinquenta castelos mais bonitos do mundo. Precisamos dizer mais alguma coisa? Sim... No início era apenas um convento, mas, após o terremoto que devastou Lisboa (e o convento) D. Fernando (que se tornaria o Rei Fernando II) adquiriu a

Palácio da Pena

propriedade e construiu este palácio. Dá para verificar várias vertentes de arquitetura, fruto da As cidades - Sintra

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imaginação e gosto do dono. Ele é o maior exemplo da arquitetura Romântica não só em Portugal, como no mundo! Não bastasse tudo isso, há o bosque que circunda o prédio, repleto de espécies raras de árvores e plantas. Um santo remédio para o stress... Não deixem de visitar a parte mais baixa dos jardins, onde poderão encontrar uma fonte de arquitetura mourisca, bem como uma sequência de pequenos lagos, que guardam uma das mais belas aves: o cisne negro. Nossa primeira visita foi com a Fer e o Doug. Gravamos até um testemunho, bem curtinho, sobre a sensação de ter passado por lá (antes, inclusive, de visitar os jardins. Imaginem depois...). Levamos para lá, posteriormente, a Camila e o Thiago, a Re e o Varlei, e a Márcia (a Cintia talvez vá - escrevemos antes da visita dela). Ninguém reclamou... Mas, como nossa grana é curta, apenas os orientamos na entrada, e esperamos do lado de fora (claro que não ficávamos plantados na porta...). Para informações mais precisas, visitem: Palácio da Pena na Wikipedia

Castelos dos Mouros Falar do Palácio da Pena significa ter de falar também no Castelo dos Mouros. Por que?! Um está na frente do outro, podendo ser vistos mutuamente. Além disso, o Rei Fernando comprou não só a área do Palácio da Pena, como também essa em que está o castelo. Testemunha secular da presença mourisca na região, as ruínas são alvo de estudos arqueológicos até hoje. Para chegar ao castelo, primeiro tem-se que percorrer um caminho de terra por entre o bosque. Depois de uns 500 metros, chega-se ao portão de entrada, num dos cantos da muralha. Porém, pouco antes de acessar o interior, vocês provavelmente quererão perder uns minutos nas ruínas da igreja de São Pedro e verificar os estudos

Mouros – a Muralha

arqueológicos que são feitos nos seus arredores, ao vivo! No interior do Castelo, uma parte das edificações ainda é visível, ao lado da porta de acesso. Depois, “só” existe a muralha de vigia, que fica na beira do precipício, e que propicia uma das mais fantásticas vistas que conhecemos. Se vale a pena 6? É claro que sim! Para informações mais precisas, visitem: Castelos dos Mouros na Wikipedia 6

O trocadilho é intencionalmente colocado aqui, e não no texto do Palácio da Pena. Por quê?! É menos óbvio... hehe As cidades - Sintra

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Palácio Nacional de Sintra O prédio que menos chamou nossa atenção. Tanto que, dos maiores, foi o último que visitamos. E, após a visita, comprovamos estarmos certos... Para o nosso gosto, é claro! Fruto

de

várias

intervenções

e

reformas,

atualmente o Palácio conta sobre os costumes e gostos da antiga monarquia portuguesa. É um prédio enorme, mas que ficamos com a impressão de não visitá-lo totalmente. A decoração segue vários estilos, todos moldados no gosto da respectiva época. Porém, no nosso gosto, trata-se de mais um palácio, parecido

Palácio Nacional – as chaminés dominam o perfil do prédio

com tantos outros, sem sal e sem açúcar. De qualquer forma, precisamos citar aquilo que mais chama a atenção nele: as duas chaminés da cozinha. O teto foi todo modelado para que, no forma de dois cones imensos, levasse a fumaça para o alto. Ou seja, todo o teto transformouse em chaminé. Confessamos: apesar da unicidade do artifício, o senso estético não nos agradou... De qualquer forma, quem somos nós para discutir algo que é o símbolo da cidade? Para informações mais precisas, visitem: Palácio Nacional na Wikipedia

Palácio Nacional de Queluz Já que estamos falando de Palácios grandes, vamos falar deste. É um pouco afastado de Sintra e, portanto, pouco visitado por aqueles que só têm em mente os Palácios da Pena, os Mouros e algum outro. Existem ligações de ônibus, mas, dependendo do tempo disponível, o ideal seja ir de carro (se quiserem visitá-lo, óbvio). Sua fama o precede, e falar no Palácio de Queluz é ter em mente o “Versailles” português. E é essa a sensação que se tem durante a visita. Já estivemos nos dois... Diferenças existem, como algumas salas decoradas com azulejos (a que mais gostei, por sinal),

Queluz ou Versailles?

e outra dedicada a Dom Quixote! Além do tamanho: é menor. Os jardins são baseados no mesmo estilo dos de Versailles (há, até, um riacho que foi transformado para que a família real passeasse de barco dentro da propriedade). Caminhar por ele é um belo remédio anti-stress. E também vale a pena! Só um detalhe: adivinhem quem financiou a construção? Nem precisamos dizer... Para informações mais precisas, visitem: Palácio de Queluz na Wikipedia

Palácio de Monserrate

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Este palácio fora uma propriedade privada. De arquitetura singular, chama atenção pela existência de motivos mouriscos com elementos de outras escolas. No todo, trata-se de um prédio em harmonia com o local, cercado por um jardim que o dono fazia questão de plantar árvores de várias partes do mundo. Um verdadeiro jardim botânico! Ao longo do passeio pelos jardins, encontrarão algumas

das

excentricidades

pensadas

pelo

proprietário, mas muito bem inseridas no contexto: uma pequena estrutura referindo-se a um cromeleque (estrutura de pedras feita pelos homens na pré-

Monserrate – harmonia entre prédio e natureza

história) e uma ruína de uma capela (propositadamente construída). Para informações mais precisas, visitem: Palácio de Monserrate na Wikipedia

Quinta da Regaleira Também antes propriedade privada, esta quinta reserva algumas surpresas para os visitantes. Primeiro, porque seu dono era carioca e tinha como hobby caçar borboletas! Segundo, porque quem conheceu o Parc Guell em Barcelona (uma das obras de Gaudí) vai achar algumas das estruturas e soluções dos jardins muito semelhantes! Estas “excentricidades” talvez tenham explicação no fato do dono ser um iniciado “nas ciências ocultas”. Verdade é que é possível entrar numa gruta e, por um túnel que atravessa parte da propriedade, chegar ao fundo de um poço e depois subir por uma escada em caracol que circunda a sua

Quinta de Regaleira – visionário?

parede. Ou entrar por dentro de uma parede de pedras e sair embaixo da capela. Há até uma gruta com um nome sugestivo: Gruta do Labirinto. Não nos aventuramos nela... Fora o Palácio em si, que por sua arquitetura e elementos, já vale a entrada. Enfim, o passeio é bem interessante e sui generis! Para informações mais precisas, visitem: Quinta da Regaleira na Wikipedia

Convento dos Capuchos

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Não à toa, deixamos o que mais nos emocionou para o fim. Totalmente diferente dos demais, este lugar reserva, até hoje, as mesmas estruturas utilizadas pelos monges há mais de dois séculos atrás. Nossa visita ocorreu num momento de total tranquilidade: não havia ninguém, além de nós e os funcionários (que eram muito poucos). E não estávamos

procurando

algo

suntuoso

Um lugar mágico

arquitetonicamente, ou luxuoso em sua decoração. Estávamos apenas procurando algo diferente. E foi exatamente isso que encontramos. Local de simplicidade e rusticidade extrema, devido ao voto de pobreza dos monges Capuccinos, o prédio está inserido por entre as rochas, cujas paredes utilizam-nas como base e, na maioria das vezes, como a própria estrutura. O respeito à natureza é mais que evidente. E o respeito às tradições deles também: a altura das portas é tal que, só se acessa os quartos de joelhos. Propositadamente feitas, a genuflexão necessária para adentrar aos quartos, lembravam aos monges o caráter humilde que a vida deveria trazer. Apenas os quartos das visitas eram “normais”. Tudo simples, rústico e humilde. Nenhum luxo, nada... Tivemos a feliz oportunidade de ficarmos totalmente sozinhos, por mais de uma hora, conversando e meditando no claustro, em cujo centro há uma fonte e, ao redor, as estruturas básicas: herbolário, cozinha, capela, ferraria, etc. Realmente um lugar mágico! Se visitarem, não esperem mais do que isso: um lugar extremamente simples, sem luxos e cercado (e introduzido) de natureza. O local perfeito para transpor barreiras materiais... Para informações mais precisas, visitem: Convento dos Capuchos na Wikipedia

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Dicas legais Ingressos Combinados Quando forem visitar os Palácios, imaginem que conseguirão fazer, no máximo, dois por dia. Depende, é claro, do ritmo, mas essa é a média para curtir bem o local. Um detalhe que economizará algum dinheiro é que se pode comprar ingressos combinados: para dois ou mais locais (exemplo: Palácio de Pena + Castelo dos Mouros)

Queijadinhas e Travesseiros e Sintra Sintra é conhecida também pelos seus doces: as queijadinhas de Sintra e os travesseiros de Sintra. Onde comê-los? Em qualquer lugar, mas foi na Queijada da Sapa e no café Piriquita que encontramos os mais gostosos.

O caminho até o alto da serra Para chegar ao Palácio Nacional da Pena, ao Castelo dos Mouros ou ao Convento dos Capuchos, é necessário subir a serra desde o centro antigo. Se puderem, e tiverem pique, façam-no a pé: serão contemplados com um dos mais bonitos cenários naturais e paisagísticos do país!

Passeio pelos parques da vila Com tempo, poderão percorrer os parques da cidade, que merecem a visita, quer seja pela bela jardinagem, quer pela tranquilidade que transpiram. E ficam bem ao lado do centro antigo.

Como chegar Imaginamos que saiam de Lisboa. Se não tiverem comprado aqueles famosos pacotes, podem ir até Sintra de trem (comboio) ou ônibus (autocarro). Lá chegando, peguem a linha que leva até o Palácio da Pena e Mouros – o ticket dá direito à ida e volta. Porém, para duas ou mais pessoas, é mais barato alugar um carro!

Lista de Links •

Informações da cidade e etc.: Sintra na Wikipedia

Acessem este site aqui. Tem informações preciosas sobre os atrativos!

Tem alguma história no Peripécias? Existem várias referências a ela, mas nenhuma específica. Temos um lindo álbum de fotos? Específico, não. Mas, encontrarão boas fotos neste link.

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Sintra - outras tantas histórias O “eremita” Um dos “causos” que passamos por lá, foi durante nossa primeira visita ao Castelo dos Mouros. Havíamos saído (nós a Fer e o Doug) do Palácio da Pena e, por entre o bosque, chegamos ao passeio que leva até lá. Fomos sendo envolvidos pelo clima do local e, logo após as ruínas da igreja, bem em frente à entrada do Castelo, estavam alguns arqueólogos em volta de algo. Ficamos interessados, afinal a conversa estava “acalorada”. E foi imediatamente após que percebemos o que era: ali, ainda incrustado no solo, um esqueleto humano! Sem placa, nem manual (só faltava ter...). Nem tumba. Foi legal presenciar isso. Tempos depois, quando a Camila e o Thiago estiveram por lá, disseram que restava somente as fotos, o esqueleto fora retirado.

Conseguimos!

O Eremita Foto: Douglas

Outro ponto “fora da curva” em Sintra foi o acontecimento do ano! Conseguimos, depois de quase um ano tentando, tirar nosso amigo Rafael da toca! Explicamos: perto de casa há um café MUITO simpático – o Capuccinos – onde frequentamos e cujos donos são brasileiros (de Dourados – MS). Como ficamos muito amigos deles, tivemos tempo suficiente para perceber que o Rafa, irmão mais novo e solteiro, nunca saía de casa, mesmo nas folgas. Ou seja, ele vivia para trabalhar. Perguntávamos todas as vezes se queria ir conosco, mas nada. Até a Dri o apelidou de “árvore”! Daí que,

Saiu da toca!

no início de dezembro de 2010, o impossível aconteceu: fomos nós três à Quinta da Regaleira! E ele disse ter gostado muito e já pediu para sairmos outra vez. Com certeza iremos, até o final de nossa estada!

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Tomar Tomar é a cidade dos Cavaleiros Templários. Isso já indica o que pode ser encontrado por lá. Sua historia remonta ao século XI, quando o rei de Portugal ofereceu as terras aos templários que, por sua vez, edificaram ali sua sede em Portugal (pelo menos, acho que foi isso). De qualquer forma, foi muito interessante e simbólica nossa primeira visita à cidade: depois de passarmos por Alcobaça, Fátima e Batalha, tentamos chegar a tempo de entrar no Convento de Cristo (principal edifício histórico da cidade). Mas, não deu. Já eram cinco da tarde, e como estava no inverno, tinha fechado. Ficamos (nós, a Dri e o Clau) só com a vontade... Planejamos a volta que, como todo bom e pobre estudante, deveria se encaixar com a vinda dos próximos visitantes. E foi com a Fer e o Doug que o fizemos. Pensávamos gastar umas duas horas e partir para outro local. Acabamos gastando mais de quatro(!!) e não vimos tudo... Depois, tentamos com a Camila e o Thiago, mas aconteceu o mesmo que da nossa primeira vez: fechado. E, de tão sensacional que é, entramos novamente com a Márcia - foi o único local que fizemos questão de entrar novamente. A cidade é bem agradável, com o centro histórico exibindo sua praça central com a Igreja matriz e o casario. O rio Nabão (belo nome, não?!) separa o centro do lado mais “moderno” da cidade, onde está a igreja de Sta. Maria dos Oliviais, construída na mesma época do Convento de Cristo (século XI ou XII).

Convento de Cristo Só para começar, é classificado como Patrimônio Mundial pela UNESCO. O prédio (ou prédios) do complexo encerra o antigo castelo de Tomar e o Convento propriamente dito. Do castelo, restam apenas a muralha e o pórtico, bem como algumas estruturas, ao lado esquerdo É bonito até com tempo fechado...

de quem entra (vale a pena passear por elas).

Já o convento é o ponto alto do local. Em resumo (bem resumido mesmo), existem quatro claustros, sendo um o principal. Nenhum igual ao outro. Na parte inicial da visita, entra-se pela igreja, onde está a estrutura mais antiga de todas: a Charola. Trata-se de uma nave circular (cilíndrica se considerar-se as 3 dimensões) com uma outra nave de mesma forma dentro. É

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uma coisa de “outro mundo”. Toda ornamentada e decorada, encerra um legado histórico, arquitetônico e cultural ímpar no país e no Mundo! Cada claustro reserva suas surpresas e, nos edifícios que os conectam, encontram-se estruturas impressionantes, como a enorme cozinha, a não menor sala de refeições, o enorme corredor dos dormitórios, e assim por diante... Se forem até lá, deixem-se envolver pela atmosfera e pela beleza da obra. Mas, também, envolvam-se na sua poesia: as formas das escadas; o gramado, no chão da igreja

A Charola – impressionante!

em ruínas, ao lado da entrada; a vista para a janela manuelina a partir de uma das celas... O prédio é fruto de várias intervenções ao longo do tempo, mas, parece que ele não poderia ser diferente. Tudo é harmonioso, mesmo naquela “loucura” arquitetônica.

Lista de Links •

Informações da cidade e etc.: Tomar na Wikipedia

Mais sobre o Convento de Cristo? Acessem este link

Tem alguma história no Peripécias? Para variar tem uma num resumão que fizemos quando viajamos com a Fer e o Doug: aqui está Temos um lindo álbum de fotos? Específico, não. Mas, encontrarão boas fotos neste link (também da viagem com a Fer e o Doug...).

Tomar – outras tantas histórias O primeiro dia que fomos até lá, estávamos (nós, a Dri e o Clau) todos entusiasmados para conhecer o local. Saímos como um “foguete” de Batalha para, ao chegar em Tomar, “dar com a cara na porta”! E, para completar o “moído”, começou a chover. O jeito, foi abrir a sacola e comer os sanduíches que ainda estavam “vivos” e secos... Outro acontecido foi com a Camila e o Thiago. Saímos direto de casa para lá, sempre por estradinhas secundárias (como adoramos elas!) e chegamos por volta do almoço. Que

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surpresa tivemos quando chegamos à praça central: uma feira medieval, comemorando a data da cidade! E tudo era como naquela época, incluindo os produtos (frutas, hortaliças, coelhos na gaiola, ovos no cesto, etc.). Até as balanças eram da época! Sem contar os grupos de dança e músicas tradicionais. Todos vestidos à caráter (como em Óbidos)! Lembramo-nos que o Thiago comprou um monte de frutas. Foram tantas que, ao irem embora para o Brasil, deixaram algumas aqui em casa... Um outro “causo” foi a passagem pela cidade de Dornes. Foi na volta de Tomar, junto com a Fer e o Doug. Uma conhecida nossa indicou-nos a vila, pois sempre vai lá para relaxar um pouco. Claro que não estávamos precisando de relaxamento, mas, é sempre bom saber onde podemos fazê-lo. E assim, chegamos até Dornes... Logo de início, ninguém. Banhada pelas águas represadas do rio Zêzere, ela fica numa península, ou seja, só há uma entrada e uma saída. As águas do rio isolaram-na... É uma vila bem pequena. O visual é realmente relaxante: no alto da colina vê-se o rio circundar toda a vila, até perder-se por trás de outra montanha – tive a impressão que, se lançasse um barquinho de papel no montante, ele contornaria toda ela até desaparecer mais para baixo... Tempos depois, lendo uma revista, soubemos que Dornes é considerada, por alguns esotéricos, como um centro de energia vital... Vai saber, né?!

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Vale do Côa Quando aqui chegamos, ficamos logo sabendo do Vale do Côa, que empresta o nome do rio Côa, afluente do Douro. Fica para além da região vinícola principal (do Douro, claro), nordeste de Portugal, e é conhecido como um dos mais importantes sítios de arte rupestre da Europa. Estas inscrições foram O vale do rio Côa no encontro com o rio Douro

achadas até em território espanhóis, onde

também foram encontrados vestígios da ocupação dos povos do paleolítico (por volta de 20.000 anos antes de Cristo). Para quem quer conhecer, é um prato cheio! As gravuras (incisões e pinturas) encontram-se ao longo das margens do rio Côa, principalmente no município de Vila Nova de Foz Côa. Existem vários sítios com este tipo de arte, no total são mais de 50 (!), mas somente alguns podem ser visitados. E todas as visitas devem ser agendadas, pois somente com os guias é possível chegar aos locais – é preciso jipe! Nossa visita aconteceu assim: Agendamos com uma semana de antecedência. Iríamos à aldeia de Castelo Melhor, por indicação (imposição, na realidade) do responsável. Como sairíamos de Porto (motivos claudianos), teríamos mais de 4 horas de viagem até lá. Acordamos cedo e fomos (estávamos de carro, claro). Depois de passarmos pela rota dos vinhos do Douro novamente (Peso da Régua – Pinhão) e sermos agraciados com paisagens magníficas (incluindo neve), chegamos com 1 hora de antecedência. Nada, nem ninguém, estava por lá. Até que, para nossa sorte, um senhor sai por uma porta e nos convida a entrar: era uma pequena loja-café-museu (e o que mais o cliente quiser). Ele, muito bem vestido, parecia ser o dono, e começamos a conversar. Pedimos um café e, entre um gole e outro, nos contou sobre a história do lugar e região. Primeiro, quanto ao nome do lugar, disse-nos que devido às antigas guerras, foi necessário construir um Castelo mais forte, que defendesse a cidade: um Castelo Melhor. E assim está ele, no alto da colina no centro da aldeia. Depois, quanto à região em si: a diferença de temperaturas no verão e inverno, segundo nos contou, é enorme. No verão, chega-se a quase 50 graus (isso mesmo, cinquenta graus!) e, no inverno, abaixo de zero, às vezes. Daí, ainda segundo ele, a região possuir produtos de qualidade inigualável quanto aos sabores e aromas: azeites e amêndoas principalmente. Verdade é que provamos as amêndoas cobertas com canela e açúcar e tivemos de concordar com ele: não comemos nada igual! Quanto ao azeite, compramos um, mas ainda não podemos dar nosso testemunho – até agora (dez/2010) não o

As cidades - Vale do Côa

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abrimos. Mas, deve ser excelente: ganhou alguns prêmios internacionais. Depois de tudo isso, chegou a “equipe” de guias: dois, cada um com seu jipe. Haviam outras pessoas que agendaram para a mesma hora, por isso, fomos divididos em dois grupos: um iria à frente, composto por 7 ou 8 “Aula particular”

pessoas. E o outro iria depois, com duas

pessoas: só nós e a guia! Ou seja, fizemos uma visita “particular”. A guia – Cristina – conduziunos pelos 6 Km iniciais com o jipe e, depois, através da área com as inscrições, explicando rocha por rocha. Muito simpática, respondeu a todas as nossas perguntas e deu outra porção de informação sobre os costumes das pessoas à época. Ela foi quem nos disse sobre a quantidade de locais com este tipo de arte, além de saber por que fomos “forçados” a vir à Penascosa – Castelo Melhor: respeita-se a luz do sol. Em outras palavras: a incidência da luz é fator principal na visualização da arte rupestre (tanto que existem visitas guiadas à noite, onde é possível utilizarem iluminação dirigida). À tarde, o sol incide sobre as rochas de Penascosa. Porém, pela manhã, incide em outros sítios. Abaixo, colocamos todos os locais/roteiros que podem ser feitos, e respectivos períodos:

Uma pedra repleta de inscrições

Durante a manhã •

Canada do Inferno (link com a descrição)

Ribeira de Piscos - Muxagata (link com a descrição)

Fariseu - Muxagata (link com a descrição) o

Esta visita é diferente das demais, pois, se exige que o visitante tenha seu próprio jipe para fazer o percurso. Além disso, é sazonal (para saber mais, acesse o link na sessão Lista de Links, mais abaixo)

Visita temática: No Rasto dos Caçadores Paleolítico (link com a descrição) o

A intenção é ter uma ideia da ocupação de território dos povos da época.

Durante a tarde •

Penascosa - Castelo Melhor (link com a descrição)

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Se vale a pena? Para responder a isso, faço outras duas perguntas: qual é a importância de uma obra de arte com mais de 20.000 anos? E de várias delas, agrupadas num mesmo lugar, ao qual o acesso é restrito?

Lista de links •

Informações da região e etc.: Vale do Côa na Wikipedia

Se quiserem mais sobre a arte rupestre da região, acessem este link.

Tem alguma história no Peripécias? Ainda não!

Não temos, até o momento, um “lindo” álbum de fotos.

Vale do Côa – outras tantas histórias A região onde está a foz do Côa é daquelas onde entramos em contato com a realidade do país: extremamente rural e simples. As maiores cidades, não possuem mais que 20.000 habitantes, e as aldeias se tiverem 1.000 é muito. Foi assim que chegamos à Castelo Melhor. Carregando conosco a felicidade de estarmos conhecendo aquele tipo de lugar e convivendo com seus moradores. Neste cenário, voltávamos da visita às inscrições, com nossa guia dirigindo o jipe, quando atravessamos um campo de oliveiras. Em determinado ponto, vimos duas senhoras fazendo a colheita das azeitonas, que, naquela região, ainda é feita manualmente: bate-se na oliveira com um cabo de madeira, estreito e longo, para que as azeitonas caiam sobre uma cobertura colocada no solo, ao redor do tronco. Não tive dúvida, pedi para a Cristina parar. Mais do que depressa, ela parou e, para nossa surpresa, começou a conversar com as senhoras: ela mora na região e costuma participar da colheita também. - Não vem ter conosco, na colheita? – disseram as senhoras para Cristina. - Agora não posso. Semana que vem. Pedimos, então, para tirar uma foto delas. - Claro. Esperem, vamos fazer de conta que estamos colhendo. Depois

disso,

ficamos

calados.

Tiramos a foto, óbvio, mas, continuamos

“Aula de humanidade”

calados sobre o assunto. Por quê? O cuidado das duas senhoras, em pensarem na “realidade” da foto, diz alguma coisa para vocês? E ainda por cima para dois desconhecidos, visitantes

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anônimos da região, que atrapalharam o trabalho delas, faz algum sentido? Talvez, a humildade e o carinho com o próximo expliquem... Outro acontecido foi enquanto percorríamos a trilha da visita, na parte mais próxima do rio. Nesta parte, a água do rio forma uma piscina natural, onde as lontras aproveitaram para construir suas “moradias”. Mas, quem disse que nossa guia, a Cristina, já havia visto elas. Trabalha há anos ali, mas, nunca vira. E, quando estávamos quase de saída, o segurança do parque chama nossa atenção. Resultado: não só a guia pode dizer que já viu as lontras (era um casal), como também nós. A foto, infelizmente, não conseguimos tirar. Até tentamos, mas, elas são MUITO ariscas...

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Valença do Minho Possuímos uma ligação muito especial com essa cidade! Ela marca a passagem do solo português para o espanhol, encerrando um longo trecho do caminho de Santiago. E mal sabíamos a saudade das paisagens portuguesas que teríamos dali para frente... Chegamos a Valença, como de costume, sem conhecimento algum sobre a cidade. A muralha e a cidade

Havíamos sido conduzidos pelas flechas

amarelas até ali. Sabíamos, apenas, que havia uma enorme fortaleza construída para a defesa da fronteira – na margem oposta do rio Minho, a menos de 100 metros, fica Tuy, cidade espanhola. A primeira coisa que fazíamos era encontrar o albergue de peregrinos. E assim tentamos. Por duas vezes! Acontece que, as flechas amarelas, ao contrário do que geralmente acontece, não passavam pelo albergue... Em determinado ponto, achamos verdadeiramente estranho: a placa já indicava a saída da cidade (e país), mas nada do albergue. Perguntamos aos “transeuntes”. Havíamos, de fato, passado o ponto. Voltamos e encontramos, enfim. Acomodados e após um banho, reparamos na parede da sala, um mapa da cidade. - Estranho, a cidade é cercada pela muralha, e não cruzamos com nenhuma... - Verdade. Mas, pela posição, este albergue fica bem em frente à muralha. Dito e feito. Saímos e rumamos para o outro lado da avenida. Lá estava ela. E, dentro dela, conforme havíamos notado, estava a cidade de Valença propriamente dita. Imaginem uma cidade moderna que, até hoje, “vive” dentro de muralhas. Guardem os ares medievais para outras: Valença conseguiu, não sabemos como, unir a arquitetura militar medieval com a maneira moderna de ser. Há trânsito de automóveis, com semáforos inclusive(!), parques, escolas, hotéis, igrejas, lojas, restaurantes, câmara municipal, museus... Tudo dentro da muralha! E é bem grande (comparando, por exemplo, à Óbidos). A mistura de culturas (portuguesa x galega) contribuiu para isso, com certeza: na cidade falam-se as três línguas (português, espanhol e galego). As placas nas lojas não nos deixam mentir! Deixamos o interior com um único objetivo: comer. Olhamo-nos e pensamos quase em uníssono:

Dentro da muralha? Sim.

vamos comemorar a saída de Portugal e a entrada na

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Espanha (Galizia)?! E foi aí que, mesmo saindo do orçamento de peregrinos, fizemos uma refeição magnífica, num dos restaurantes ao lado do albergue e na companhia de nossos amigos Andrew, Sandra e Ian. Com cardápio exclusivo para peregrinos (leia-se mais barato) e vinho! Voltamos à cidade, meses depois, com a Renata, o Varlei e o JP. Estávamos também em direção à Santiago, porém, agora estávamos “motorizados”! E como a noção de distância muda! À pé são por volta de cinco dias; de carro, nem duas horas... A impressão que tivemos da cidade, na primeira passagem, foi reforçada. Aumentamos nossos laços “afetivos” com ela, conhecendo outros cantinhos e entendendo algumas das soluções de trânsito utilizadas. Como os semáforos para entrar e sair da muralha: pedestres e carros disputam a vez de passar... Porém, não se enganem: não é uma cidade

Carros e pedestres disputam a entrada.

tranquila e sossegada. O turismo em massa é regra e, não será difícil encararem pela frente uma “orda” à procura da “melhor loja”, da “melhor comida”, da “melhor pechincha”, da “mais bonita foto/pose”, do lugar “mais secreto”... Enfim, coisas de turistas. Mas, lembrem-se que todo esforço será recompensado pela beleza e pela unicidade da arquitetura, da história, das paisagens, e pela atmosfera da cidade que é resultado de seu passado, de sua modernidade e de sua fronteiridade.

Lista de Links •

Informações da cidade e etc.: Valença na Wikipedia ou mais sobre de Valença

Como funciona um albergue no caminho de Santiago? Vejam o regulamento do albergue de São Teotônio (não confundir com a pousada de São Teotônio – que é “chic”); Tem alguma história no Peripécias? Nada específico... Temos um lindo álbum de fotos? Algumas “fotinhos” espalhadas, mas nada específico.

• •

Valença – outras tantas histórias Uma história que precisamos re-contar é a do restaurante. Já mencionamos no Peripécias, mas, descobrir pelas fotos que, na segunda vez, comemos na mesma mesa que havíamos utilizado na primeira visita (enquanto peregrinos), foi demais! Coisa de destino? Ou nossos gostos são tão fortes que nada muda? Vai saber...

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À mesma mesa

O caminho de Santiago

Motorizados

A outra história, referente ao Caminho de Santiago, é mais “antropológica”. Valença é, depois do início em Porto, a única grande cidade do caminho ainda em Portugal. Estávamos a mais de quatro dias em contato direto com o meio rural. “Respirávamos” terra, sentíamos a natureza, acompanhávamos o movimento do sol. Ou seja, estávamos inseridos numa realidade inversa à de uma grande cidade. Inclusive mentalmente, pois, o movimento moral-introspectivo que se segue é impressionante (assunto, longuíssimo, para os psicólogos...)! Porém, ao por os pés nas cercanias, onde o trânsito de carros, caminhões e pessoas retoma o ritmo “normal”, processou-se algo incrível: parecia que nossa mente “reconstruía” toda uma rede de conhecimentos necessários para se viver naquela situação. É como um “reload” de um software! Ali, percebemos o quão afastados estamos de nosso “equilíbrio”. Impressionante!!!

As cidades - Valença do Minho

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- como usar as low-faires (inlcusive bagagem) - Bagagens – podem virar o mico da viagem - supermercados Falar mais das cidades que ninguém conhece (Lisboa e Porto todo guia fala...) - tipos de turismo em Portugal - religioso - histórico - natureza - arqueológico - gastronômico - Cidades e locais a visitar • Lisboa o Monumentos:  Castelo de São Jorge (falar do “periscópio”)  Mosteiro Jerônimos – incluir o museus da Marinha e o Planetário  Padrão dos Descobrimentos  Centro Cultural Belém – lembrar do jardim atrás do café  Sé – Catedral (onde Sto Antônio foi batizado)  Igreja do Carmo  Panteão Nacional  Palácio da Ajuda  Teatro Romano  Basílica da Estrela  Jardins Botânicos  Oceanário  Zoológico o Por região  Bairro alto – para ir a bares e casas de Fado - mirante  Alfama – para visitar a arquitetura antiga e para ir a shows de Fado  Baixa-Chiado / Rossio / Praça do Comércio – o centro da cidade, os cafés mais antigos,  Parque Eduardo VII – a estufa (que não fomos). O alto do parque, com a vista, o café na esplanada (“escondido” atrás da elevação)  Graça – Igreja da Graça e mirante – eléctrico nº 28 ou 28E  Belém – onde ficam os monumentos mais conhecidos  Parque das Nações – o mais moderno o Gastronomia  Pastéis de Nata: os de Belém e os do Martinho da Arcada. Qualquer lugar tem...  Bacalhau: Cervejaria Trindade (não podemos dizer sobre outros porque não fomos...)  O restaurante/lanchonete do Pingo Doce  A cervejaria Trindade  A Pizzaria Casanostra e a Capricciosa  Os cafés (quantos e tantos!)  Café Cappucino  Sushi brasilero em la EXPO, Origami • Évora • Alcobaça • Aveiro • Barcelos • Batalha As cidades - Litoral e praias

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Cascais – deixar as praias de lado Carcavelos - item praias Cabo da Roca – item praias Douro o Paisagem que é patrimônio da humanidade o A rota do vinho – pode ser feita de barco ou de carro – Peso da Régua à Pinhão. Degustação Fátima Foz do Côa Guimarães Mafra Lamego Óbidos Ponte de Lima Porto – esperar nossa ida à Foz do Côa para escrever outras tanta histórias o Sé – Catedral o Livraria Lelos o Torre dos Clérigos o Beira Rio: as fachadas, os passeios de barco (tem até cruzeiro pelo Douro) o A arquitetura do centro histórico – trechos que remetem à idade média o Os Rabelos o O vinho – que não fica lá nem é feito lá... Ficou famoso devido às richas com a França, e precisavam consumir vinhos (substituíram por Portugal e Espanha). Falar que existe o Porto branco seco Praia do Guincho, Azenha (lembrar da Adega da Azenhas), Praia das Maças, Carcavelos (dizer que não temos conhecimento do Algarve) Setúbal Sintra Tomar – em outras histórias falar de Dornes Valença do Minho Miranda Monsaraz Nazaré Marvão Castelo de Vide Mértola

- Gastronomia e vinhos - Não esquecer de falar nos principais monumentos (conforme item das dicas) - melhor época para visitar

Amor, segue o que anotei na viagem à espanha: carro: colocar sobre combustível (forma de abastacer e saber quanto põe de combustível, como chama...) carro: uso do GPS estradas: pedágio, acostamento, paisagens, 'todas as direções'

- Roteiros - traçar roteiros (por período curto, médio e longo) - colocar histórias em cada cidade As cidades - Litoral e praias

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- pedir para os que vieram o que mais gostaram - sites úteis - comboio / metro / pousadas da juventude / vôos / carros etc. - Evidenciar nosso viés em algum texto de introdução ao guia? Nosso viés é antropológico... - Extras: - Caminho de Santiago - Itália - Espanha

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