Da Letra de Mao à Letra de Forma

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nos primeiros livros impressos: podemos ir buscar a Villard de Honnecourt, famoso arquitecto francês do século XIII, a técnica desse risco da página, cujo traçado se exemplifica e deduz geometricamente. Ou a construção do tipógrafo argentino Raul Rosarivó, que deduziu o traçado regulador da empaginação usada na Renascença, identificando-o com as medidas usadas por Gutenberg na Bíblia de 36 linhas. Da preparação da folha seguia-se complementarmente a composição das tintas quer de escrita, quer de iluminura, bem como todo o instrumental, a régua, a pena, a raspadeira, antepassada da borracha e todo o instrumental de pintura, bem conhecido e estudado hoje em dia. A preparação das tintas de escrita obedecia a um verdadeiro receituário, quase iniciático e frequentemente secreto, em que intervinha o mais das vezes como base a noz de galho e o negro de fumo, a par com óleos e resinas; da sua preparação, da fluidez ou consistência obtida dependia o bom resultado da sua aplicação, sob a forma manuscrita ou impressa, com diferentes soluções para o pergaminho, o velino ou para o papel, na sua absorção, secagem ou na durabilidade pretendida. Em tudo isto, o papel do copista-calígrafo associado ao do iluminador, era fundamental pela arte que utilizavam e pela disciplina a que estavam sujeitos. Nos scriptoria monásticos coexistiam as diferentes especializações aproveitando os meios humanos existentes ou incorporando elementos laicos cuja valia e perícia se impunham. Dá-se a sua laicização quando a importância dos burgos próximos aumenta, sutentada por uma burguesia cada vez mais activa e libertária, ou pelo letrado, clérigo ou não, o qual se emancipa do protector mundo conventual e se realiza no liceu aristotélico ou na universidade.

Fig. 2 - Formato segundo a projecção de Raul Rosarivó.


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