Guerra e Paz, de Portinari | Projeto Portinari

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Guerra e Paz representam sem dúvida o melhor trabalho que já fiz… … Dedico-os à humanidade… Portinari para a Agência Reuters, 1957


“A luta pela paz é uma decisiva e urgente tarefa. É uma campanha de esclarecimento e de alerta que exige determinação e coragem. Devemos organizar a luta pela Paz, ampliar cada vez mais a nossa frente antiguerreira, trazendo para ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças, para assim unidos, os povos do mundo inteiro, não somente com palavras mas com ações, levar até a vitória final a grande causa da Paz, da Cultura, do Progresso e da Fraternidade entre os povos.” Candido Portinari Em 1949, Portinari foi convidado a participar da Conferência Cultural e Científica pela Paz Mundial, em Nova York, mas os EUA negaramlhe o visto. Impossibilitado de comparecer, ele enviou sua mensagem por telegrama. 4

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A pedido do Ministério das Relações Exteriores, a ONU entregou a guarda dos painéis Guerra e Paz ao Projeto Portinari até 2014. Encomenda do governo brasileiro para presentear a sede da ONU, em Nova York, os painéis foram instalados em 1957 no hall de entrada da Assembleia Geral. Em área de máxima segurança e acesso restrito, só podem ser vistos por funcionários da ONU e delegados dos países-membros. Por esse motivo, o Projeto Portinari sempre sonhou expor Guerra e Paz ao grande público. Em 2007, a divulgação de uma profunda reforma no edifício sede da ONU motivou o Projeto Portinari a solicitar à Presidência da República o indispensável apoio visando o empréstimo dos painéis para exposição no Brasil e no exterior. Foram três anos de empenho e articulações envolvendo o Governo Federal, organizações internacionais, empresas estatais e privadas.

Inauguração dos painéis Guerra e Paz, na Sede da ONU. Nova York, 6 setembro de 1957. FOTO ASSOCIATED PRESS

… a mais importante obra de arte monumental doada à ONU.

Finalmente, com o apoio financeiro do BNDES, o Projeto Guerra e Paz tornou-se realidade.

Dag Hammarskjold, Secretário-Geral da ONU, 1957 Prêmio Nobel da Paz 6

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Pela importância do tema e a dimensão política e cultural do projeto, Guerra e Paz tem amplo potencial de gerar mídia espontânea nos principais veículos de comunicação, para diferentes públicos.

Mídia Espontânea

retorno financeiro calculado em mais de

R$ 83 Milhões

Período > novembro de 2010 a novembro 013. Fonte > PRNewswire, Videoclipping e LinktV, topclip, Árvore Comunicação e Icone Informação.

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HISTÓRICO DOS PAINÉIS Presente do Governo Brasileiro para a sede da ONU, em NY, os painéis Guerra e Paz foram encomendados no final de 1952 ao pintor. Durante 4 anos, Portinari trabalhou com afinco na confecção de quase 200 estudos, esboços e maquetes para os murais. E em nove meses cobriu, pincelada a pincelada, dois monumentais painéis de 14m de altura e 10m de largura (cada) no galpão dos estúdios da TV Tupi. Em 5 de janeiro de 1956, Portinari entregava os painéis Guerra e Paz ao Ministro das Relações Exteriores Macedo Soares, para a doação à ONU.

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FOTO RENATA FRANK

Encomenda entregue. Mas ninguém havia visto ainda os painéis em sua plenitude, nem mesmo o próprio artista. Foi então que começou um movimento de opinião pública, e um grupo de artistas e intelectuais apelou ao Itamaraty para que os painéis fossem expostos no Brasil antes do embarque para os EUA, para que fosse dada uma chance ao público brasileiro de vê-los, pela primeira e derradeira vez.

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Assim, Guerra e Paz foram montados lado a lado ao fundo do palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em fevereiro de 1956 e inaugurados solenemente pelo Presidente da República Juscelino Kubitschek. Na ocasião, Portinari recebeu do Presidente a Medalha de Ouro de Melhor Pintor do Ano (de 1955) concedida pelo International Fine Arts Council de Nova York.

Painéis Guerra e Paz no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, 1956.

Logo depois de desmontada a exposição, os painéis foram enviados à ONU. E em 6 de setembro de 1957 Guerra e Paz foram finalmente doados em cerimônia oficial. Devido ao envolvimento com o Partido Comunista, Portinari não foi convidado a comparecer à cerimônia, sendo representado pelo chefe da delegação brasileira na Organização, o Embaixador Cyro de Freitas-Valle, que afirmou: “Com pesar não o vejo hoje entre nós”. E acrescentou: “Desejo salientar um ponto: o Brasil está oferecendo hoje às Nações Unidas o que acredita ser o melhor que tem para dar”.

O presidente Juscelino Kubitschek e sra., junto com Portinari, na inauguração da exposição dos painéis no TMRJ, 1956.

… era estranha e devota aquela pequena multidão de vultos negros, assombracionais, de pé, imóveis, absortos, magnetizados, em frente à dupla labareda que se alastrava por todo o campo visual (…). O deslumbramento inicial da visão ainda me habita, e não sei de outras palavras com que lhes fale da exposição de Guerra e Paz no Teatro Municipal… Carlos Drummond de Andrade, 1956 12

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ETAPA > DESMONTAGEM ONU, Nova York > Novembro, 2010 FOTOS UNITED NATIONS, LÉO ÁVILA, PROJETO PORTINARI

280m2 28 partes 16 caixas 3 embarques 22.800Kg 140m3 14

2,52 x 5,06 x 0,69m cada caixa


ETAPA > MONTAGEM INAUGURAL Theatro Municipal do Rio de Janeiro > Dezembro, 2010 a Janeiro, 2011 FOTO LÉO ÁVILA

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FOTOS LÉO ÁVILA

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FOTO LÉO ÁVILA

Sob a direção artística de Carla Camurati, o espetáculo de inauguração reuniu artistas consagrados em apresentações inéditas para homenagear Guerra e Paz. A OSB Jovem se apresentou sob a regência do Maestro Roberto Minczuk.

Quando eles montaram (Guerra e Paz) no Theatro eu não acreditei no tamanho. É de uma grandiosidade…

Ana Botafogo, bailarina FOTOS CRISTINA GRANATO

Portinari era e é um pintor emblemático nosso. Assim como temos Villa-Lobos como um referencial na música, Machado de Assis na literatura, Nelson Rodrigues no teatro, Portinari é uma figura dessa dimensão.

Fernanda Montenegro, atriz

Quando vi Guerra e Paz achei aquilo tão forte que chorei.

Milton Nascimento, músico

É uma honra para o BNDES poder apoiar o restauro desta obra, uma potência plástica na denúncia à bestialidade, à crueldade, à estupidez da guerra e, de outro lado, a doçura, a alegria da vida que representa a paz. É uma obra extraordinária pela densidade da mensagem à humanidade para a promoção da paz. Luciano Coutinho,

É uma obra que serve de inspiração na busca de soluções diplomáticas para a guerra. Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil 21


ETAPA > ATELIร ABERTO DE RESTAURO Palรกcio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro > Fevereiro a Maio, 2011 FOTOS PROJETO PORTINARI, LACICOR / ILAB

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A vinda dos painéis Guerra e Paz para restauração no Brasil ofereceu a oportunidade de apresentarmos a estudantes, estudiosos e ao público interessado os modernos procedimentos e técnicas de restauro usados no Brasil. O trabalho de restauração possibilitou ainda a documentação científica dos painéis, por meio de uma parceria estabelecida com a Universidade Federal de Minais Gerais e a Universadade de Perúgia, na Itália. A conservação e restauração de Guerra e Paz foi discreta e minimalista e adotou procedimentos e materiais que respeitaram a integridade física e estética das obras.

FOTOS STEFAN HESS, LACICOR / ILAB, PROJETO PORTINARI

Amostras microscópicas para a identificação dos estratos que compõem a pintura: luz refletida e radiação ultravioleta.

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ETAPA > ITINERÂNCIA SÃO PAULO Memorial da América Latina > Fevereiro a Maio, 2012 FOTO MARCIA ALVES

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Sob a direção artística de Luis Carlos Vasconcelos, o espetáculo de inauguração reuniu diferentes artes em torno de Guerra e Paz, de Portinari. Milton Nascimento e Hamilton de Holanda compuseram músicas inspiradas na obra; os bailarinos Ana Botafogo e Alex Neoral apresentaram coreografia do americano David Parsons, ao som de Adágio para Cordas, de Samuel Barber. O evento apresentado em 6 de fevereiro de 2012, aniversário de 50 anos de morte do pintor, contou ainda com a participação da atriz Beatriz Segall e da Orquestra de Câmara Portinari, especialmente composta para o evento, sob a regência do Maestro Elias Moreira.

FOTOS ELIANA RODRIGUES

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No Salão de Atos Tiradentes, 8 projetores sincronizados compunham uma única imagem projetada em uma tela de 13x8 metros situada entre os dois painéis. A projeção apresentou uma seleção dos estudos preparatórios para Guerra e Paz e uma

FOTOS DANIELA AGOSTINI, MARCIA ALVES E ELIANA RODRIGUES

iluminação cênica sincronizada mostrava os detalhes nos painéis.

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Pela primeira vez na história, uma coleção expressiva com 74 estudos preparatórios de Portinari para Guerra e Paz foi apresentada junto aos painéis, incluindo obras de coleções internacionais – Los Angeles, Caracas e Milão. Completavam a exposição uma centena de documentos históricos, como cartas, recortes de jornais e fotografias, e objetos pessoais do pintor, que contavam, em detalhes, toda a trajetória de criação dos monumentais painéis Guerra e Paz.

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FOTOS LUIGI STAVALE

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Carroussel Raisonné: um sistema de projeções com tecnologia inovadora ofereceu a visão do conjunto da obra completa de Candido Portinari. Mais de 5 mil obras desfilavam em ordem cronológica, em 9 horas de projeção ininterrupta. FOTOS MARCIA ALVES, LUIGI STAVALE

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Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin Embaixadora da Noruega no Brasil, Turid Bertlsen Rodrigues Eusébio

Uma visita histórica: Presidenta Dilma Rousseff e Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhados de cinco Ministros de Estado, do Presidente da Câmara dos Deputados, de parlamentares e demais autoridades em comitiva para visita à exposição Guerra e Paz, de Portinari, em São Paulo. 18 de maio de 2012. FOTOS ROBERTO STUCKERT FILHO / PR, MÁRCIA ALVES

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ETAPA > ITINERÂNCIA BELO HORIZONTE Cine Theatro Brasil Vallourec > Outubro a Novembro, 2013 FOTO SYLVIO COUTINHO

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FOTOS SYLVIO COUTINHO, BRUNO LAVORATO

FOTO ALBUQUERQUE FOTOSYURI SYLVIO COUTINHO

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FOTOS YURI ALBUQUERQUE

FOTOS SYLVIO COUTINHO

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FOTOS NEREU JR., YURI ALBUQUERQUE

FOTOS NEREU JR., YURI ALBUQUERQUE

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PROGRAMA EDUCATIVO PROJETO GUERRA E PAZ Durante a realização do Projeto Guerra e Paz, o Projeto Portinari desenvolve um amplo programa educativo que atua por meio de visitas guiadas às exposições, além de oficinas e atividades, propostas ao público escolar, especialmente a alunos a partir do 6º ano do Ensino Fundamental.

Dança de Roda, 1955 Desenho a grafite, crayon, crayon colorido, sanguínea e sépia/cartão 35,5 x 35,5 cm

O programa impulsiona a programação da itinerância de Guerra e Paz em todas as suas etapas, desde o ateliê aberto de restauro. A proposta é proporcionar o conhecimento do público sobre quem foi Portinari – sua obra, vida e pensamento –, os monumentais painéis – contexto histórico, técnicas, visão do pintor – e, principalmente, promover questões em prol de uma cultura de paz. Para orientação dos professores em sala de aula, foi estruturado um Caderno do Professor, para o desdobramento das ações pedagógicas deflagradas pela visita ao ateliê de restauro e às exposições. A primeira parte deste Caderno contém informações básicas sobre o artista e sua obra, bem como sobre a história dos painéis Guerra e Paz. A segunda parte oferece propostas de atividades discentes, de caráter interdisciplinar, abrangendo Língua Portuguesa, Artes e História. FOTOS STEFAN HESS, LUIGI STAVALE

Menino com Diabolô, c.1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel 21 x 15,5 cm

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ETAPA > ITINERÂNCIA INTERNACIONAL 2014 FOTO RENATA FRANK

Neste momento, o Projeto Portinari planeja com o Governo Brasileiro a itinerância internacional da exposição em Paris, no Grand Palais, em maio de 2014, bem como a devolução de Guerra e Paz à Sede da ONU no segundo semestre de 2014, em grande evento intitulado “The Second Unveiling”. O Governo Brasileiro entende que, além da excelência e universalidade intrínsecas a Guerra e Paz, a oportunidade única de apresentar ao mundo os painéis deve integrar as ações de promoção da imagem do Brasil no exterior, sob uma nova ótica, com foco na identidade, na cultura e na arte brasileira.

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Portinari durante a execução dos painéis da ONU, no galpão da TV Tupi. Rio de Janeiro, RJ [c. 1955].

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Senhoras e Senhores, Ao entrar neste prédio, os delegados podem ver uma obra de arte presenteada pelo Brasil às Nações Unidas há 50 anos. Trata-se dos murais Guerra e Paz, pintados pelo grande artista Candido Portinari. O sofrimento expresso no mural que retrata a guerra nos remete à alta responsabilidade das Nações Unidas de afastar o risco de conflitos armados. O segundo mural revela que a paz vai muito além da ausência da guerra. Pressupõe bem-estar, saúde e um convívio harmonioso com a natureza. Pressupõe justiça social, liberdade e superação dos flagelos da fome e da pobreza. Não é por acaso que o mural Guerra está colocado de frente para quem chega, e o mural Paz, para quem sai. A mensagem do artista é singela, mas poderosa: transformar aflições em esperança, guerra em paz, é a essência da missão das Nações Unidas. O Brasil continuará a trabalhar para que essa expectativa tão elevada se torne definitivamente realidade. Muito obrigado. Encerramento do discurso do Presidente Lula na abertura da 62ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, 2007.

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A montagem de Guerra e Paz, de Candido Portinari em Paris consta como parte da Declaração Conjunta da Presidenta da República Federativa do Brasil e do Presidente da República Francesa, assinada no dia 11 de dezembro de 2012:

“...Os Presidentes manifestam a firme convicção de que o Brasil e a França atravessam momento de forte efervescência cultural, com numerosas possibilidades de cooperação entre as instituições dos dois países, e apoiam o projeto de apresentar em Paris a exposição “Guerra e Paz”, de Candido Portinari, no primeiro semestre de 2014…”

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Presidenta Dilma Roussef presenteia o Presidente François Hollande com um exemplar do Catálogo Raisonné da obra completa de Candido Portinari por ocasião de sua visita ao Brasil em dezembro de 2013. FOTO ROBERTO STUCKERT FILHO/PR

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Criança Morta, 1944 Óleo sobre tela 179 x 150 cm Fundo Nacional de Arte Contemporânea Centro George Pompidou, Paris, França

Descobrimento, 1941 Pintura mural a têmpera 316 x 316 cm Library of Congress, Washington, D.C.,USA

Candido Portinari nasceu em 30 de dezembro de 1903 no interior do Estado de São Paulo. Viveu sua infância na pequena cidade de Brodowski e, aos 15 anos, saiu de sua terra natal para o Rio de Janeiro, com papel e cores em punho para a imensa aventura de pintar uma pátria. Sem curso primário completo, e à custa de muita obstinação e talento, tornou-se um dos mais famosos pintores das Américas. Com sua morte prematura, aos 58 anos, Portinari deixou um legado de mais de 5 mil obras murais, afrescos e painéis, pinturas, desenhos e gravuras que representam uma síntese crítica de todos os aspectos da vida brasileira de seu tempo.

Primeira Missa no Brasil, 1948 Painel a têmpera/tela 266 x 598 cm Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ Lavrador de Café, 1934 Pintura a óleo/tela 100 x 81 cm Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo, SP

Café, 1935 Pintura a óleo/tela 130 x 195 cm Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ

Portinari faleceu em 6 de fevereiro de 1962. FOTO FRANCESCO FLORIAN STEINER

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Candido Portinari nos engrandeceu com sua obra de pintor. Foi um dos homens mais importantes do nosso tempo, pois de suas mãos nasceram a cor e a poesia, o drama e a esperança de nossa gente. Com seus pincéis, ele tocou fundo em nossa realidade. A terra e o povo brasileiros — camponeses, retirantes, crianças, santos e artistas de circo, os animais e a paisagem — são a matéria com que trabalhou e construiu sua obra imorredoura. Jorge Amado, escritor

… Tem-se a impressão que nele se salva a tradição, a tradição dos grandes ciclos de afrescos do Quattrocento, a tradição de Michelangelo; a tradição romântica e também a tradição romana, sem a qual a Renascença não teria sido mais do que um passatempo do espírito, mas por meios atuais, aqueles que em vão emprega Picasso, os que o Surrealismo inventou. Com efeito, nossa escola contemporânea do Ocidente, diante do Enterro na rede, da Criança morta, das Lavadeiras, nos parece apenas com um laboratório. Com Portinari eis que ela entra na vida... Michel Florisoone, historien et critique d’art

Portinari é um homem emocionado. Emocionaram-no os homens e as mulheres do Brasil, trabalhadores e sofredores. Otto Maria Carpeaux, escritor

Quando nós, intelectuais brasileiros, desanimamos de fazer alguma coisa que atravesse a grande muralha de silêncio atrás da qual vivemos confinados, devemos pensar em Portinari. Ele sozinho, à força de talento e trabalho, conseguiu irromper a crosta de isolamento, de ignorância, de desconhecimento que nos envolve, mostrando em Paris e New York qualquer coisa de realmente valiosa feita aqui. Machado de Assis, Villa-Lobos, Portinari. Pelo menos esses três já nos deixam tranqüilos, pois à sombra deles podemos ficar certos de que há alguém para representar o Brasil.

Rachel de Queiroz, escritora

Considero Portinari um dos maiores pintores do nosso tempo. Sua força é enorme. Na manhã em que vi o conjunto de suas telas experimentei tal emoção que fiquei possuído de uma verdadeira fadiga nervosa. Nessa tarde não pude trabalhar, achava-me realmente cansado. René Huyghe, historiador e crítico de arte Conservador-Chefe do Museu do Louvre 56

Nestes dias de desorientação, de funambolismos e de anemia, o exemplo da arte poderosa de Candido Portinari, tão rica de significado, de matéria e de sólida técnica, chega a nós como um bom vento vivificante, a demonstrar-nos que a grande veia latina não se exauriu, mas, ao contrário, enriquecida de novos temas, continua viva, também pelo mérito de um filho de emigrantes que ainda acredita que a pintura seja um ofício sério, árduo e útil aos homens. Eugenio Luraghi, poeta, escritor e crítico de arte

A exposição de suas obras, que se realiza atualmente em Paris (1946), mostra a diversidade, a liberdade e a força de seu gênio. Portinari é certamente o maior pintor da América Latina e um dos maiores pintores contemporâneos. Jean Cassou Diretor do Museu de Arte Moderna de Paris

Eis um artista que faz pintura, não só por pintar, mas para libertar uma força lírica e dramática que contém em si aprisionadas. Sua obra não é especulação de “ateliê”, própria às discussões estéticas sem fim dos amadores e críticos. … esse pintor brasileiro alcança espontaneamente o sentido social, cuja inquietação começa a despontar entre nós. Nele todas as forças de expressão se defrontam como se seu coração encerrasse a virgindade de um mundo. Germain Bazin, historiador e crítico de arte Diretor do Museu do Louvre

Portinari marcou, com seus Retirantes, seus Meninos de Brodowski, seus quadros de lavradores o abismo que ainda existe entre a natureza brasileira, entre o País brutalmente grandioso que nos surge à mente quando dizemos, como se disséssemos palavra mágica, “Obrasil”, e a vidinha que montou no Brasil o homem imitador da Europa e dos Estados Unidos. Sua pintura daqueles tempos é um protesto contra essa falta de intimidade que existe entre nós e aquilo que se chama realidade brasileira. É um clamor contra o fato de ainda estarmos tão superpostos à paisagem e não vitoriosamente fincados nela, como estão os pés dos pretos, dos caboclos, dos tapuias, dos cafusos, dos curibocas e dos imigrantes. Antonio Callado, escritor 57


Desde 1979, sob a direção geral de João Candido Portinari, o Projeto Portinari vem reunindo um dos mais importantes arquivos multimídia existentes sobre a história e a cultura brasileiras do século XX. O acervo do Projeto Portinari é resultado do levantamento e catalogação de mais de 5.000 obras e 30.000 documentos relacionados. Entre estes documentos, encontram-se correspondências, recortes de periódicos, livros, fotografias de época, depoimentos, catálogos de exposição e de leilão e textos. No Programa de História Oral, foram registrados 74 depoimentos, totalizando 130 horas gravadas. Carlos Drummond de Andrade, Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Luís Carlos Prestes, Jorge Amado, Afonso Arinos, Raul Bopp, Antonio Callado, Clarival do Prado Valladares, Celso Antonio, Radamés Gnatalli, Francisco Mignone, José Olympio, Carlos Scliar, Maria Clara Machado, Alfredo Ceschiatti, Enrico Bianco, Augusto Rodrigues, José Paulo Moreira da Fonseca, Pietro Maria Bardi, além de amigos e parentes do pintor, estão entre os depoentes que, com seu testemunho, contribuíram para aprofundar a compreensão da vida e da obra de Portinari, bem como das preocupações estéticas, artísticas, culturais, sociais e políticas de sua geração. Em 1997, o Projeto Portinari deu início a um amplo programa de arte-educação, que já atingiu mais de 500 mil pessoas em todos os estados brasileiros. Para Portinari, o pincel era uma arma a serviço da não violência, da justiça social, da cidadania, da liberdade, do espírito comunitário e da fraternidade. São estes os valores que pulsam na sua obra e que o Projeto Portinari tem levado às crianças e aos jovens de todo o país. No biênio 2003-2004, em que se comemorou o centenário de nascimento do pintor, o Projeto Portinari realizou um conjunto de ações e eventos comemorativos, tendo como marco a publicação do Catálogo Raisonné de Candido Portinari.

A publicação da obra completa de Candido Portinari constitui um dos maiores acontecimentos culturais do novo século, no Brasil e na América Latina. O maior pintor brasileiro é o primeiro artista latinoamericano a ter um catálogo raisonné. Sua edição é um dos mais expressivos resultados de um dos mais extraordinários trabalhos culturais realizados no nosso país e no mundo, pelo Projeto Portinari, dirigido por seu único filho, João Candido Portinari. CANDIDO DO BRASIL Emir Sader Jornal do Brasil, 5 de setembro de 2004

Trabalham discretamente os executantes do Projeto, mas deve cercá-los a confiança e o carinho dos que pensam no Brasil de amanhã nascendo do espírito e das mãos dos brasileiros de hoje. Carlos Drummond de Andrade Jornal do Brasil, 10 de maio de 1980

Les prémiations (Prix remis) du Projeto Portinari : > Prêmio Clio de História, 2004 (ACADEMIA PAULISTANA DE HISTÓRIA) > Prêmio Sérgio Milliet, 2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRÍTICOS DE ARTE) > Prêmio Jabuti, 2005 (CÂMARA BRASILEIRA DO LIVRO) > Prêmio Rodrigo Mello Franco de Andrade, 2005 (INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL)

> Ordem do Mérito Cultural, 2008 (MINISTÉRIO DA CULTURA DO BRASIL) > Ordem do Mérito Militar, 2010 (ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA) > Ordem do Mérito da Defesa, 2010 (MINISTÉRIO DA DEFESA DO BRASIL) > Prêmio Trip Transformadores, 2011 (TRIP EDITORA) > Prêmio Ciccillo Matarazzo, Personalidade do Ano, 2012 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRÍTICOS DE ARTE)

> Prêmio Aberje de Comunicação, Regional São Paulo, 2012 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL)

> Prêmio Paulo Mendes de Almeida – Melhor Exposição, 2012 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRÍTICOS DE ARTE)

O PROJETO PORTINARI TEM O PATROCÍNIO DA QUEIROZ GALVÃO EXPLORAÇÃO, BEM COMO DA EMPRESA MEGADATA, E CONTA COM O APOIO DO MINISTÉRIO DA CULTURA, DA PUC-RIO, DA PORTINARI LICENCIAMENTOS E DA GALERIA DOM QUIXOTE.

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Da última vez que vi Portinari, seus olhos estavam rasos d’água. Se não me engano, foi no Castelo; eu ia em busca de uma condução e ele vinha com sua Maria. Foi muito pouco o que dissemos. Estava magro; abraçou-me profundamente e disse: “Imagine, não posso pintar mais, estou proibido pelo médico”. Era a hora da tarde em que as coisas são iluminadas de través e os olhos azuis de Portinari com as lágrimas que não queriam descer me apareceram como se contassem também sobre sua obra imortal. Maria não deixou muito tempo para conversa; ele não deveria comover-se. Tive vontade de sair atrás dele e dizer: “ — Você já nos deu tanto. Você já nos deu a obra mais grandiosa que um pintor pode oferecer à sua terra, já nos acumulou de uma riqueza que vai varar os tempos, por isso, pode descansar sem preocupação por não estar mais pintando.” Eles já estavam longe e as palavras morreram no meu pensamento. Só depois da morte de Portinari que eu estive na ONU e vi, no deslumbramento do apogeu de sua arte, o painel Guerra e Paz. Cada figura me apareceu facetada: astro ou pedra preciosa, com luz própria e eu tive vontade de dizer àquela gente toda que passeava pelo saguão, homens e mulheres vindos de todas as partes do mundo: “Vejam vocês aí está nossa glória, aí está o painel de nosso maior pintor. Eu também nasci no Brasil como ele, Portinari… Dinah Silveira de Queiroz, escritora 60

CONTATOS DIREÇÃO GERAL João Candido Portinari portinari@portinari.org.br DIREÇÃO EXECUTIVA Maria Duarte maria@portinari.org.br REALIZAÇÃO E DIREÇÃO Projeto Portinari ENDEREÇO Rua Marquês de São Vicente, 225, | Solar Grandjean de Montigny Andar térreo Campus da PUC-Rio | Gávea, Rio de Janeiro, RJ CEP 22451-900 TELEFONES +55 21 3527 1438 | 3527 1439 | 3527 1440 | 3527 1441

FOTO ACERVO JORNAL ÚLTIMA HORA

Nada disso seria possível sem o envolvimento de uma extensa e dedicada equipe de profissionais e de empresas parceiras, entre as quais gostaríamos de mencionar a Expomus, responsável pela coordenação da exposição em suas itinerâncias.

Além da fundamental parceria com o BNDES, outras empresas e instituições nos dedicaram especial confiança e apoio para a concretização da itinerância brasileira do Projeto Guerra e Paz. A todos os nossos mais sensibilidados agradecimentos. APOIO

AGÊNCIA

ASSESSORIA DE IMPRESA

PATROCÍNIO PRATA SP

PATROCÍNIO OURO SP

REALIZAÇÃO

PATROCÍNIO PRATA BH

PATROCÍNIO DIAMANTE

APOIO FINANCEIRO

www.portinari.org.br www.guerraepaz.org.br


Uma pintura que não fala ao coração não é arte, porque só ele a entende. Só o coração nos poderá tornar melhores é essa a grande função da arte.


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