Capítulo 27 | Novas Alianças

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Secretaria Municipal da Cultura de Novo Hamburgo, apresenta:

Pela Voz de um Gato Pardo de Maurício Fülber Parte III O Arsenal Mágico de Rubicântigo

Capítulo 27

Novas Alianças

Capítulos completos disponíveis em:

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Capítulo 27

Novas Alianças - Vocês ainda precisam de mim? - perguntou o Grande Livro de Lendas de Rubicântigo, esperando uma oportunidade de continuar trazendo informações relevantes de forma dramática. - Sim, por favor, fique conosco mais um pouco respondeu a Coruja, de forma alegre e simpática. - Eu tenho muitas perguntas ainda - interveio Lundra, de forma curiosa e sutil. - Eu também preciso de algumas explicações mais detalhadas - complementou Menphis, de forma contemplativa e suspirante. - Ansiosa pra conversar mais com vocês - disse sorrindo Kyrily, de forma fofa e interessada. - Então vamos começar de uma vez? - tentou organizar Hermessim. - Vamos! - concordaram todas ao mesmo tempo, percebendo sua já estabelecida conexão pessoal. Após um milésimo de segundo se olhando, sincronicamente cada uma delas iniciou uma tarefa diferente para preparar o momento que se seguiria de uma forma agradável. Foram produzidos biscoitos achocolatados, chás, café, um bolo de frutas, a iluminação foi melhorada e um som ambiente acalmantemente musical foi iniciado a partir de um aparelho que as salamandras haviam desenvolvido no período de estudos no ano em que se conheceram. A música que tocava agora havia sido composta, executada e gravada pela dupla musical formada por Hermessim e Kyrily que ainda não havia -2-


oficializado um nome, visto que não haviam lançado seu primeiro álbum, algo que pretendiam assim que conseguissem ter um pouco menos de censura vindo dos órgãos de regulação musical. Mas esta história deixaremos para um outro momento. Quando os preparativos estavam encerrados e elas já haviam iniciado uma conversa descontraída sobre assuntos aleatórios, a Coruja chegou trazendo um novo tipo de doce, uma mistura de waffle com limão que agradou a todas, fazendo-as seguir mais um tempo nesse ambiente agradável, de música agradável, com alimentos agradáveis e um bate-papo agradável onde havia muita escuta ativa e respostas educadas. - Eu percebi que vocês não tinham uma tendência maligna quando adentraram minha biblioteca - disse a Coruja. - Eu fiquei me perguntando isso durante um bom tempo também - respondeu Menphis. - Em poucos momentos me pareceu que vocês eram criaturas malignas como nos foi induzido a acreditar quando chegamos aqui. - Bom, teve um momento bastante vilanesco do qual eu me lembro no telhado de uma casa ainda em Palasita rememorou Lundra. - Verdade - concordou Menphis. - Eu levei um tempo pra me recuperar daquele impacto. - Eu mais ainda, visto que tive um impacto literal ao despencar do telhado propriamente dito - complementou Lundra. - Aiai, o Corvo e sua teatralidade dramática - comentou a Coruja. - Ele tem essa coisa com as artes cênicas, com o espetáculo, com criar esse clima e essas ilusões todas, mas é tudo fingimento. - Fingimento? - indagou Lundra. -3-


- Sim, preciso dar a ele créditos por manter tão bem a personagem, mas fora disso ele é um queridão - continuou a Coruja. - E pra além da encenação há um motivo prático pra ele tentar esse caminho vilanesco, visto que se conseguir retirar dos oponentes a vontade de lutar, menos gente se machucaria. É até engraçado dizer isso, mas ele odeia a violência. Se ele pudesse evitar todos os conflitos, ele evitaria. Se ele pudesse lutar todas as lutas pra que nós não precisássemos lutar, ele lutaria. Ele é realmente muito forte, ele treina muito e tem muita disciplina (e ensaia muito também essa cara de mau dele), mas ele prefere aterrorizar o inimigo até que ele desista de lutar pra que nem mesmo o oponente se machuque. Percebem como ele tem uma arena com toda uma produção audiovisual? É pra transmitir suas vitórias e inibir a vontade de outrens de lutar contra ele. Vencer sem lutar é a melhor vitória. Só não é melhor que não haver, em nenhum lado, a vontade de lutar. Se uma guerra começou, todos já estão derrotados. - Então é isso, nós já estamos derrotadas? Não há mais nada a se fazer nesse ponto de vista? - seguiu Lundra em seus questionamentos, buscando conhecer um pouco mais daquelas que ali se encontravam. - Na verdade - interveio Kyrily -, partir desse pressuposto ético e moral de que iniciar um conflito é sempre uma derrota coletiva, podemos manter nossa vontade de seguir lutando para encerrar o conflito e dar as próximas gerações a possibilidade de não iniciar um novo. - O que, historicamente - retomou a Coruja -, não é o que acontece, mas a gente segue tentando. Eu realmente espero que, em algum momento da história do mundo, possamos simplesmente pensar coletivamente na manutenção da existência de uma forma altruísta, pensando no planeta e nas -4-


gerações futuras e não egoisticamente na obtenção e manutenção de poder político e social. - E pra isso precisamos destituir o pensamento absolutista baseado na hereditariedade e na conquista de território através de poder bélico - acrescentou Hermessim. - Parece razoável, mas confesso que isso ainda está bastante confuso - disse Lundra. - Vocês precisam lembrar que nós viemos de outra terra e que a história deste lugar é bastante nova pra nós. - Na verdade ela tem inúmeros paralelos com a história da terra de onde vocês vieram, mas acredito que um resumo possa ser bastante útil de toda forma - apontou Hermessim. Ao ouvir isso, o Grande Livro de Lendas, que estava descansando num dos sofás do local, deu um salto e retomou a personalidade energética narrativista: - Chegou minha hora de brilhar novamente? - Por favor, meu querido - disse a Coruja, apontando para o centro da sala. - Nos rememore um pouco sobre a história do Arquipélago de Pedra.

...continua… -5-


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