Revista divulgar escritor

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EXPEDIENTE Revista Divulga Escritor Revista Literária da Lusofonia Ano I Nº 01 setembro 2013 Publicação: Mensal Editora Responsável: Shirley M. Cavalcante TRT: 2664 Projeto gráfico: EstampaPB Diagramação: Ilka Cristina N. Silva Para Anunciar: smccomunicacao@hotmail.com 55 – 83 – 9121-4094

Os artigos de opinião são de inteira responsabilidade dos colunistas que os assinam, não expressando necessariamente o pensamento da Divulga Escritor.

SUMÁRIO Entrevistas Portugal Entrevista escritor José Sepúlveda..................................................................03 Entrevista escritor José Carlos Moutinho.......................................................07 Entrevista escritor Jorge Nuno........................................................................10 Entrevista escritora Bernardina Pinto.............................................................14 Entrevista Escritora Maria Mamede...............................................................17 África Entrevista escritor João Videira.......................................................................20 Brasil Entrevista escritora Adriana Freitas.................................................................23 Entrevista escritora Adriana Vargas................................................................27 Entrevista escritora Ana Stoppa.....................................................................30 Entrevista escritor Dilson Macedo.................................................................34 Entrevista escritor Fábio Antônio Gabriel......................................................37 Entrevista escritor Francisco Mellão Laraya – Tito...........................................41 Entrevista escritora Joyce Cavalccante............................................................44 Entrevista escritor Manoel Lago....................................................................47 Entrevista escritor Romulo Netto...................................................................50 Entrevista escritor Zé Sarmento.....................................................................57

Colunas Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa - Amy Dine.............................................06 Solar de Poetas – José Sepúlveda....................................................................09 O escritor e a Midia – Carlos Souza Yeshua...................................................16 Pense Fora da Caixa – Pense Literatura...........................................................19 Dicas Literárias – Adriana Vargas.....................................................................26 Mercado Literário – Leo Vieira........................................................................29 Panorama Cultural – Ana Stoppa.....................................................................33 Literatura Filosófica – Marconi Pequeno........................................................40 A Vida em Partes – Francisco Mellão Laraya..................................................43 Literatura Online – Rodrigo Capella...............................................................54


Entrevista escritor José Sepúlveda José Sepúlveda Nascido em Delães, Vila Nova de Famalicão. Hoje mora em Póvoa de Varzim – Portugal, exfuncionário Público, amante da literatura, administrador do grupo Solar de Poetas, no facebook, apoia vários projetos literários, organiza e participa com regularidade em Saraus e Tertúlias. Algumas de suas coletâneas: Arca de Quimera, Cantar de Amigo, Exaltação, Intimidades, Auto de Cera Fina, O Canto do Albatroz. “Ao autor cabe-lhe e escrever, ao editor editar, o distribuidor distribuir e ao leitor ler. Enquanto não for assim, tudo estará distorcido, Há que mudar mentalidades. Mudar é sempre uma forma de crescer” Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Grande mestre José Sepúlveda, para nós é uma honra tê-lo conosco no Projeto Divulga Escritor. José conte-nos como começou sua paixão pela escrita? José Sepúlveda (Sepúlveda) - Quem me dera ser poeta, Shirley. Comecei a ter contacto com a poesia ainda de tenra idade, quando o meu pai, na sua oficina na de alfaiataria, nos confins da aldeia onde nasci, improvisava com os amigos algumas quadras

populares, em forma de cantiga popular. Quando entrei para o ensino primário, deparei-me com os primeiros poemas do Cancioneiro recolhido por Almeida Garrett: A Nau Catrineta, A Bela Infanta… Lembro bem a avidez com que lia a Moleirinha ou a Balada da Neve de Augusto Gil; O lavrador da Arada, do cancioneiro tradicional português. Depois, com o decorrer dos anos, já no segundo ciclo de ensino, fui a incursão na poesia trovadoresca, com Garcia de Resende e oos mestres de então e a penetração nos malabarismos poéticos que Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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nos ofereciam., entre eles os acrósticos, ainda hoje tão do agrado de muitos poetas. A partir daí, o gosto pela poesia foi sempre crescendo, começando com as minhas produções tão insípidas pelos doze anos. Cerca dos dezesseis anos – nessa altura já escrevia poesia de forma mais regular – colaborei num ou noutro jornal ou revista, tendo tido uma coluna num dos semanários poveiros de então. É por essa altura que surge a primeira coletânea: Musa Perdida. O período até cerca dos 23 anos foi de grande produção poética. Jazem na Arca de Quimeras (uma arca guarda da religiosamente no sótão) muitas dezenas de manuscritos ainda por tratar. Foi nesse período que aperfeiçoei a técnica pelos versos de sete sílabas e outras técnicas estruturadas de escrever poesia, sobretudo o soneto. Você hoje é uma referência em projetos literários em Portugal, principalmente para os Poveiros, é responsável pela publicação de coletâneas, conte-nos um pouco como foi seu primeiro projeto Literário? Sepúlveda - Para falar no primeiro projeto literário, teria que recuar aos meus dezoito anos, altura em que com alguns amigos organizamos um pequeno grupo de tertúlia – Convíviu, que se reunia regularmente nas antigas instalações do Posto de Turismo, na Póvoa. Aí divagávamos sobre poeta e escritores e desenvolvíamos alguns temas de interesse cultural. Foi por essa altura em que tive contacto com José Régio que com os amigos João Marques e Luís Amaro se reunião aos sábados de tarde no Diana-Bar, hoje, Biblioteca da Praia, em pequenas tertúlias deliciosas, frente ao mar. É nesse espaço místico que hoje o grupo Poetas Poveiros 4

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e Amigos da Póvoa organiza os seus mais marcantes eventos. A partir daí, o gosto pela formação de grupos de interesse pela poesia nunca mais desapareceu. Mas reactivou duma forma incontornável em 2011, com a formação do grupo Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa, que se dedica à promoção de saraus e tertúlias, divulgação de autores escondidos por aí e apoio â publicação dos seus trabalhos, através de parcerias com uma ou outra editora. Esse trabalho é um desafio constante e cria em nós um sentimento de realização pessoal imenso. Apesar do pouco tempo de existência, são já diversas as obras publicadas e as que estão em vias de o ser. Musa Perdida, Kay, Anjo Branco, Pastorinha, Arca de Quimeras , O Canto do Albatroz, ... são alguns de seus trabalhos, em que você se inspira para desenvolver seus trabalhos? Sepúlveda - Alguns dos temas de inspiração de quem escreve são recorrentes e variados. Mas a amizade, o amor, o mar são temas usados por quase todos os poetas . Eu não fui diferente . Mas o amor teve e tem sempre um lugar cativo, bem presente, naquilo que escrevi e escrevo. Com excepção de O Canto do Albatroz, mais generalista , todas as colectâneas mencionadas tem como pano de fundo o amor e as suas musas. Quais são as suas referências literárias? Que autores influenciaram em sua formação como escritor? Sepúlveda - Na minha juventude tive poetas e escritores que marcaram de forma quase irreparável a minha forma de escrever: Luís de Camões, Antero de Quental, Flor bela Espanca, António Nobre, sonetistas de excelência; mas Fernando Pessoa, essencialmente através do

heterónimo Álvaro de Campos, José Régio, Guerra Junqueiro, Miguel Torga, António Gedeão e tantos outros, marcaram-me duma forma muito acentuada, quase irreversível. Depois, uma incursão curiosa pelos grandes clássicos: Homero, Virgílio, Shakespeare e noutra área, Tolstoi, Gorky. Há três livros que me deliciaram e marcaram: O Músico Cego de Vladimir Korolenko; A Aparição, de Virgílio Ferreira; Olhai os Lírios do Campo, de Erico Veríssimo. Depois, poemas marcantes: O Mostrengo, de Pessoa; o Cântico Negro, de Régio: O Operário em Construção, de Vinícius. Quantos mais!... Você criou o Grupo Solar de Poetas, como foi que surgiu a ideia de criar um grupo Literário? Quais os projetos que temos hoje no Solar? Sepúlveda - A ideia de formar um grupo literário, em que a poesia fosse rainha surgiu logo que tive acesso ao facebook e comecei a mergulhar em alguns dos grupos que então começavam a proliferar no ciberespaço. Daí que a formação do Solar de Poetas surgiu quase de forma natural. Antes dele, já o Albatroz cantava na sua página – O Canto do Albatroz, através do Blogue que criara e no qual estão publicadas algumas das minhas coletâneas. Quais os principais desafios que encontras como gestor do Grupo Solar de Poetas? Sepúlveda - Os desafios são sempre grandes. Há uma espécie de sede insaciável que nos empurra e nos leva a cada dia querer mais, novos projetos, novas iniciativas. Daí, as parcerias que vamos estabelecendo com Rádios, com outros espaços cujo objetivo se identifique com o nosso – divulgar cultura.


Nem sempre é fácil a gestão dum grupo assim, dado a necessidade de presença contínua e do aparecimento de aliciantes que tornem o espaço vivo e atraente. Para isso, o contributo assíduo e dedicado de ilustres administradoras que com carinho dedicam tempo precioso no acompanhamento e comentário dos trabalhos que vão surgindo, num espírito de dedicação que não pode deixar de ser exaltado. A todas elas, as que aqui já deram o seu contributo e as que ainda mantém essa coragem e perseverança de estar presentes, a minha gratidão. Daí, a necessidade sistemática de recurso a desafios e eventos, e iniciativas como esta – Divulga Escritor, que veio valorizar de forma significativa o nosso espaço. Você esta publicando um livro no segundo semestre de 2013, o livro já tem um Titulo? fale-nos um pouco sobre seu livro, como esta sendo os processos para publicação? Sepúlveda - O livro chamar-se-á Um Céu de Anil e a curiosidade surge pelo facto da maioria dos seus poemas terem sido escritos no bloco de apontamentos do telemóvel, ao longo dos últimos meses. Nele será incluída também uma súmula de poemas inseridos numa ou noutra colectânea. Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal? Sepúlveda - Um dos objetivos dos grupos que dirijo – Solar de Poetas e Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa, é sem dúvida apoiar e divulgar as obras escritas por autores mais ou menos iniciados e que tem guardado os seus poemas nas gavetas à espera de oportunidade de divulgação. Acho que o mercado começa a perceber que um autor não terá que es-

crever, pagar pela impressão das suas obras e ainda por cima ter que ser ele a divulga-las, quase a mendigar a sua compra dos seus livros. Há que alterar todo esse status e cada um dos componentes assumir as suas responsabilidades. Ao autor cabe-lhe e escrever, ao editor editar, o distribuidor distribuir e ao leitor ler. Enquanto não for assim, tudo estará distorcido, Há que mudar mentalidades. Mudar é sempre uma forma de crescer.

cia que muitos terão como desafio a seguir. Uma mensagem de confiança para os autores. Os tempos irão mudar. Surgirá o dia em que cada auto poderá divulgar as suas criações sem necessidade de mendigar para que as criações atinjam o seu alvo – o leitor. Quando assim acontecer, poderemos gritar: A Poesia vive, viva a Poesia. Obrigado, Shirley , pelo teu empenho na divulgação da poesia e dos seus criadores de sonhos.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação, muito bom conhecer melhor o Escritor José Sepúlveda, que mensagem você deixa para nossos leitores? Sepúlveda - É para mim um grande privilégio poder participar neste projecto, que providencial e generosamente surge no ciberespaço e que será., com certeza uma referên-

Participe do projeto Divulga Escritor https://www.facebook.com/DivulgaEscritor Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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Amy Dine

Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa

T

udo começou em Fevereiro de 2011 quando quatro poetas se reúnem para uma noite de poesia na Filantrópica (cooperativa cultural da Póvoa de Varzim).Esta sessão talvez por deficiente divulgação não teve grande comparência de público, isto porem em vez desanimar os poetas fez com que começassem a pensar seriamente em formar um grupo maior para começarem a trazer a público os poemas que uns e outros tinham na gaveta. Vão então realizando com sucesso pleno suas apresentações, lançamentos de livros de outros poetas, tanto na Filantrópica como no emblemático Diana Bar e até na Biblioteca Municipal. Em Agosto, no Diana-Bar, o grupo de Poetas Poveiros e amigos da Póvoa é oficialmente apresentado ao público. Uma vez mais casa cheia! Porquê este nome? Este grupo não só é formado por poetas oriundos da Póvoa de Varzim mas também por aqueles que de certo modo adotam a Póvoa como sua segunda casa ou aí residem. Desde então tem participado e levado a cabo tertúlias, lançamentos de livros e uma vez por ano para comemorar o dia mundial da poesia em Março realiza o MAR á Tona em poesia no qual participam poetas inscritos no Solar de Poetas e Poetas Poveiros e amigos da Póvoa. O primeiro realizou-se a 24 de

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Março de 2012 com o tema “ um mar de poemas” e o segundo em 23 de Março deste ano com o tema “A sinfonia do mar”.Ambos programas bem-sucedidos. Gostaria ainda de salientar que nestes dois anos e meio já foram lançados três livros de Poetas Poveiros: Fátima Veloso, José Pedro Marques e Maria Carolina de Sá, tendo ainda o grupo colaborado e promovido o lançamento do livro de Maria Morais de Sá poetisa do Solar de Poetas. Recentemente a 10 de Agosto os Poetas Poveiros lançaram a sua primeira antologia Os poetas Poveiros estão em fase de oficializar seu grupo e pensam em breve lançar uma nova antologia com poetas que compõem o seu grupo no facebook.

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Entrevista escritor José Carlos Moutinho José Carlos Moutinho nasceu no Sobralinho, Vila Franca de Xira, em Junho de 1944. Com 13 anos partiu para Angola, aonde concluiu os seus estudos secundários. Em 1973, saiu de Angola, para o Brasil, de onde veio definitivamente para Portugal em 1980. Foi Delegado de Informação Médica. Nos últimos anos, Empresário na área da restauração. Está aposentado. É membro dos “Confrades da poesia”, “Horizontes da Poesia”, “Luso-Poemas”, “Varanda das Estrelícias”, “Academia Virtual Sala dos poetas e escritores”- Brasil. É presença regular em vários locais de tertúlias poéticas: É membro da ACLAL (Academia de letras e artes plásticas lusófonas) O seu blog de poemas: http://zemoutinho.blogspot.com/

“Não deixem de ler e apoiar a literatura, sem vós, a nossa mensagem em forma de palavras poéticas, não passará, e sem a literatura, em especial a poesia, o mundo será menos culto e menos sensível aos sentires da alma.” Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor José Carlos Moutinho, é um prazer tê-lo conosco no projeto Divulga Escritor, conte-nos quando decidiu publicar seu primeiro livro? O que o motivou a publicação? José Carlos Moutinho - É com muita satisfação e uma pontinha de orgulho sentir o interesse da parte de ilustre figura do jornalismo, como é o caso de Shirley M.. Cavalcante, por tal facto, os meus agradecimentos e passo a responder: A oportunidade de publicar o meu primeiro livro, surgiu do improvável. Na verdade, nunca me ocorrera, nem vagamente que um dia teria um livro editado. E aconteceu, quase como por brincadeira, com amigos do Facebook, quando eu respondia com versos, especificamente quadras rimadas ao que os outros me enviavam. Aos poucos fui ganhando coragem e atrevendo-me a tornar essa minha poesia pública, através dessa Rede Social. A aprovação por parte dos amigos e, muito especialmente pelos poetas, alguns já consagrados, levaram-me a um incentivo tão profícuo, que me levou corajosamente à edição do meu primeiro livro “Cais da Alma”, que felizmente teve enorme sucesso. Quais, escritores, são as suas referências literárias? Por que eles se tornaram uma referência para você? José Carlos Moutinho - Devo admitir, sem qualquer veleidade de presunção, que jamais me referen-

ciei em alguém para me levar a criar a minha própria e genuína poesia. Obviamente e, muito em especial nos meus tempos de jovem, li bastante e de quem sou admirador, Fernando Pessoa, Luis Vaz de Camões, Florbela Espanca, Manuel Bandeira, na área da poesia. Em prosa, sempre gostei muito de Eça de Queiroz, Alves Redol, Aquilino Ribeiro, Miguel Torga, Camilo Castelo Branco, Ernest Hemingway, Leon Tolstoi, Erich Maria Remark, Érico Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado. Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas? José Carlos Moutinho - Não tenho em mente um público específico para que me leiam. Dirijo a minha escrita para todos, que tenham o gosto pela poesia. Afinal o que eu escrevo, não é para mim. Se o fosse, tudo o que eu criasse, ficaria a amarelecer no fundo de uma gaveta. Quero cheRevista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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será no fundo a continuidade do “Angola do Tejo ao Kwanza”, que desta vez, contará as minhas vivências por Angola, Brasil e Portugal. Tenho imensos poemas, que poderiam proporcionar a edição de pelo menos mais 3 livros. Todavia, porque o momento econômico não é propício, ficarão a aguardar melhores oportunidades. Gostaria muito editar no Brasil, país a que me liga grande afectividade, por lá ter vivido alguns anos e aonde nasceu a minha filha.

gar o mais longe possível. Sendo imodesto e neste caso, assumo-me como tal, gostaria que a minha poesia se eternizasse, para além de mim. Conte-nos, quais os principais hobbies do escritor José Carlos Moutinho? José Carlos Moutinho - Quando havia tempo para se viver, como se o amanhã fosse hoje, frequentava muito o cinema. Sou fã da 7ª arte. Lia muito, porque vivi os meus tempos de passagem da adolescência para a maturidade em Angola e como lá não havia, na época, Televisão, os passatempos eram, praia, cinema, música e leitura. Actualmente o meu hobby para além da escrita é a fotografia. Que temas abordas em seu romance “Angola, do Tejo ao Kwanza”? Em quanto tempo você escreveu este livro? José Carlos Moutinho - “Angola do Tejo ao Kwanza”, é um pequeno romance, que retrata o mais fielmente possível, as minhas vivências em Angola, para onde fui viver com 13 anos de idade. Eu senti a necessidade de entrar por caminhos da prosa e, por curiosidade, na tentativa de o conseguir, iniciei a escrita desse livro e como já haviam muitas páginas escritas, decidi não desistir e continuei até terminar. Escrevi-o em 15 dias. Você, hoje, tem 3 livros de poesia publicados, “Cais da Alma” “Da inquietude das palavras” e “Cantos da eternidade”, conte-nos, o que diferencia um livro do outro? José Carlos Moutinho - Respondendo a essa difícil pergunta, apraz-me unicamente dizer o seguinte: “Cais da Alma” o meu primeiro livro de 8

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poesia contém a pureza, quase ingénua do meu sentir, aonde se abrigam os momentos mais importantes da minha vida, em carinhosas palavras, abraçadas pela poesia. Os seguintes livros, serão um aperfeiçoamento, que o tempo e a prática me foram dando e ensinando. Digamos que contêm uma poesia mais elaborada, sem contudo deixarem de ter toda a emoção da alma. Referencio o meu último livro “Cantos da eternidade “ que é o ninho aonde se aconchegam poemas de amor, especificamente de amor. Amor sofrido, feliz...enfim Amor. Onde podemos comprar os seus livros? José Carlos Moutinho - Os meus livros encontram-se em algumas livrarias pelo país. Podem ser encontrados online nas Livraria Bertrand e Wook. Ou pedidos a mim próprio, que os enviarei com todo o gosto, desde que encaminhem o pedido para este meu email: zemoutinho@ hotmail.com Quais seus próximos projetos literários? Pretendes publicar novos livros? José Carlos Moutinho - Tenho em fase de conclusão um romance, que

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal? José Carlos Moutinho - Tornar os livros mais acessiveis em termos de preços, maior divulgação dos pequenos e desconhecidos autores portugueses, que perdem em detrimento dos estrangeiros. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escritor José Carlos Moutinho, que mensagem você deixa para nossos leitores? José Carlos Moutinho - Deixo uma mensagem simples, como simples é a minha pessoa: Não deixem de ler e apoiar a literatura, sem vós, a nossa mensagem em forma de palavras poéticas, não passará, e sem a literatura, em especial a poesia, o mundo será menos culto e menos sensível aos sentires da alma.

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José Sepúlveda

Solar de Poetas O meu Spectrum Pelos meus vinte anos, começaram a surgir os primeiros computadores de uso pessoal, os saudosos Spectrum, uma nova era nos caminhos da comunicação. O pequeno aparelho, então com uma memória de 48k parecia abrir-nos horizontes que nunca antes tínhamos imaginado. Recordo a avidez, o entusiasmo com que, através da sua linguagem Basic, de conceção e execução fácil, partimos a descobrir um novo mundo. Com o Luis, o meu primogénito, desde muito novo entusiasta por estas tecnologias, partilhei loucuras inimagináveis…Quando os o que queríamos atingir parecia difícil, berrávamos com o monstrinho como que exigindo o que ele nos negava. E gritavamos: - Tem que dar! Pobre Spectrum, aos poucos lá ía anuindo às nossas exigências! A vontade com que passámos a utilizar essa nova ferramenta, criando, inovando, partilhando, levou-nos a voar além da fantasia e a levar atrás muitos outros que, como nós, queriam inovar, inovar, inovar. A ciência informática evoluiu vertiginosamente. Pouco tempo depois o Spectrum era substituído por um inovador Amstrad. Vento e trinta megas de memória. Que máquina!!! Agora, sentiamo-nos com asas para voar! Puro engano. Em pouco tempo, tornara-se obsoleto. A ciência – conforme a Profecia - multiplicou-se… e num instante apareceram as novas máquinas e se construíram as novas estradas de comunicação, sobretudo, após a revolução imparável da Microsoft. Surgem as redes sociais… Uns aderiram de imediato, outro, receosos, preferiram ver para crer. A máquina não podia controlar o homem. E eis que

surge o facebook para aos poucos dominar todo o espectro da comunicação e transformar o mundo na tal Aldeia Global que muitos, profeticamente, vinham anunciando. E vimo-nos parte integrante deste submundo de surdos-mudos, que comunicam entre si como se conhecessem há muito mas que na prática nunca se viram ou falaram a quem confidenciamos coisas que, no dizer de Régio, teríamos pudor de contar seja a quem for. Surgem no facebook os chamados Grupos …e pouco a pouco, todos fomos mergulhando nesse lago infinito de águas turvas onde mal sabemos nadar. E ali se fala de literatura, arte, amizade, ciência, do bem ou do mal… E nesta teclomania desenfreada, eis-nos a formar as nossas próprias comunidades, primeiro, com os amigos, depois, alargando a quem conosco queria partilhar os mesmos ideiais. No corolário de todo este processo, surge o Solar de Poetas, apenas um entre as centenas de grupos que promovem e incentivam à criação e divulgação da poesia no seu todo, colocando lado a lado aprendizes e veteranos que convivem entre si, abraçando os mesmos ideais. Sobre este projeto, e os desafios que se nos oferecem, falaremos ao longo dos próximos artigos. Nos próximos números falaremos do Solar de Poetas. Sejam bem-vindos a este novo mundo que se nos abre com a Revista Divulga Escritor.

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Entrevista escritor Jorge Nuno Nasceu em Coimbra [Portugal]. Cedo mostrou tendência para as Artes e para a Poesia . Atualmente residi em Bragança é aposentado como docente desde 2011, dedica agora mais tempo aos atos criativos, tanto na pintura como na escrita. Tem usado a escrita criativa de forma distinta, com incursões pelo conto, romance e poesia. Quanto às Artes, os primeiros trabalhos surgiram em 1972, sob a forma de desenho a carvão, passando em 1983 para tintada-china e, a partir de 2000, evoluíram para a pintura a óleo, posteriormente com algumas experiências com pastel a seco e óleo, sanguínea e técnicas mistas. Jorge Nuno é membro da Associação Portuguesa de Poetas, da SCALA – Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada, da Galeria Aberta Associação e de várias redes sociais dedicadas à poesia e às artes. “Mas acreditem, acima de tudo, nas vossas potencialidades, na vossa capacidade criativa e na vossa capacidade de entrega ao projeto que abraçarem, desenvolvendo-o com entusiasmo. O resto virá por acréscimo.” Boa Leitura! 10

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Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Jorge para nós é um prazer tê-lo conosco. Conte-nos como surgiu o gosto pela escrita e o gosto pela pintura? O que veio primeiro? Jorge Nuno - O gosto pela escrita e pela pintura surgiram muito cedo. Lembro que ainda adolescente criei uma “revista”, escrita e ilustrada manualmente, que intitulei “Real Kágada”, contendo brejeirices e que enviava para um amigo no Navio-Hospital Gil Eanes, para delícia da tripulação que andava pelos mares da Terra Nova, no apoio à pesca do bacalhau. Na juventude, escrevia poemas que musicava. Como já referi, os primeiros tarabalhos artísticos, dignos desse nome, foram realizados em 1972. Nunca tinha pensado no conteúdo da pergunta, mas concluo que o gosto pela escrita evidenciou-se primeiro. O que diferencia a inspiração literária da inspiração artística (pintura)? Jorge Nuno - Dizia George Bernard Shaw que “A imaginação é o início da criação. Imagina aquilo que deseja, deseja aquilo que imagina, e finalmente cria aquilo que deseja”. Em relação à pergunta, nesta perspetiva, não vejo diferenças. Imaginei o que seria pintar uma mandala, atirei-me ao trabalho sem uma ideia concreta definida e passado algum tempo tinha a tela pronta, agradado com o efeito, mas sem conseguir responder como foram ali parar os elementos que compõem a obra artística. Simplesmente, deixei fluir a imaginação e o ato criativo

realizou-se [tenho um poema sobre “O Ato da Criação e a Genialidade” que aborda este assunto]. Desejei uma mandala e ali estava. Do mesmo modo, entendi que depois de muitos poemas e vários contos, era chegada a hora de escrever um romance. Não é só precisa inspiração, mas também “transpiração”. Escrevi o primeiro terço do livro junto a Lisboa. Como havia muitas solicitações e me dispersava, os dois terços de “As Animadas Tertúlias de Um Homem Inquieto” foi escrito na região de Trás-os-Montes, em Bragança, constituindo-se como um ato solitário, porque me isolei da família para o poder escrever serenamente e sem as contantes interrupções anteriores. Quais são as suas referências literárias? Que autores influenciaram a sua formação como escritor? Jorge Nuno - Com 14, 15, 16 anos já lia clássicos da literatura, como: “Os Irmãos Karamazov”; de Dostoievski; “”Guerra e Paz”, de Leão Tolstoi; “Grandes Esperanças”, de Charles


Dickens; “O Vermelho e o Preto”, de Stendhal; “Os Miseráveis”, de Victor Hugo; “O Crime do Padre Amaro”, de Eça de Queiroz [que li durante uma noite]; “Esplendores e Misérias das Cortesãs”, de Honoré de Balzac; “Doutor Jivago”, de Boris Pasternak, entre muitos outros. Não tenho dúvidas da importância destes autores na minha forma de encarar o mundo, de crescer como pessoa e mais tarde como escritor. O que aborda em seu livro “As Animadas Tertúlias de Um Homem Inquieto”? Para quem indica a leitura de seu livro? Jorge Nuno - Partilho convosco parte do texto elaborado pela Editora, contendo a recensão crítica da obra: “Estas “tertúlias” representam uma reflexão sobre a condição humana em tempos conturbados. A verdade desassossega, mas por vezes a sua busca pode ser ainda mais inquietante. Em torno da mesa do café, ou na associação “Estrela Vermelha”, sempre rodeado dos mais próximos, Filó procura as cogitações que podem voltar a instalar a quietude na sua alma. Da solidão máxima da introspeção do seu ego, esta é uma rica demanda que não deixará ninguém indiferente. Entre a solidão dos seus pensamentos e a convivência com a comunidade que o rodeia, Filó procura, num ato de suprema coragem, pensar em tempo de crise juntando o questionamento à ousadia de projetar na sua ação as dores da criação artística...” Creio que é uma obra dirigida a qualquer público. Se eu li clássicos da literatura universal, com aquela idade, também entendo que os mais jovens podem (e devem) ler este romance e quanto mais cedo melhor, pois está cheio de mensagens de grande utilidade. Creio que

será também uma obra de autoajuda e que poderá ser sintetizado na frase de William James: “A grande revolução da nossa geração é a descoberta de que seres humanos, modificando as atitudes interiores das mentes, podem modificar aspetos exteriores das suas vidas”. Jorge estou sabendo que está vindo novos projetos, inclusive, o lançamento de um novo livro para o segundo semestre, já tem um titulo para o livro? O que será abordado neste seu novo projeto literário? Jorge Nuno - É verdade, trata-se de um livro de poesia. Comecei agora a compilar muitos dos meus trabalhos de poesia para os transformar em livro e fazê-lo chegar às estantes das livrarias e da casa de cada um. Tenho três títulos em mente, mas a ideia do título anda à volta do conceito de “Amanhecer ao Entardecer”, como se desse, aos outros, estímulos para um envelhecimento ativo, tal como a ideia lançada por mim numa Universidade Sénior em Portugal, durante os seus primeiros quatro anos de vida, onde fui professor. Quanto ao conteúdo, aponta para quatro capítulos (podendo ser alterado), onde inclui. “Espiritualidades”; “Leveza de Escrita”; “Causa Maldita” e “Um Toque de Humor”. Mais uma vez, é um livro cheio de mensagens de forte utilidade. Estou curiosa, você comentou em uma de nossas conversas que faz exposições individuais de pintura+poesia, como são estas exposições? Jorge Nuno - É simples e eficaz: elaboro uma obra de pintura e faço um poema adequado a essa pintura ou, sem ser com essa intenção, que se adapte à pintura (ou vice-versa).

Aquando da exposição, junto ambos, poema e pintura e, pelos relatos no meu “Livro de Honra” e comentários pessoais, tem o efeito esperado, ou seja, agradável aos sentidos. Acredito ser do interesse de alguns promotores culturais ter sua participação como escritor e pintor, em alguns eventos literários, que tipo de espaço físico você precisa para viabilizar sua participação nestes eventos? como estas pessoas devem fazer para entrar em contato com você? Jorge Nuno - O espaço físico depende do número de obras expostas. Já o fiz com 30 obras de pintura e 30 poemas e com 15 obras de pintura e 15 poemas. Umas das questões que se coloca sempre é evitar-se a exposição à luz natural direta e outra questão prende-se com a segurança dos materiais expostos no espaço, por razões óbvias. Poderei ser contactado através de: Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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Sítio da Escrita Criativa: http://jorgenuno.wix.com/letras Facebook: www.facebook.com/jorgenuno.art E-mail: jorgenuno.art@gmail.com Onde podemos adquirir seu livro? Jorge Nuno - O livro está à venda nas livrarias portuguesas, na própria Pastelaria Studios Editora e nos catálogos on-line de livrarias como: Wook; Bertrand; Book.it, … Basta, no Google, indicar “As Animadas Tertúlias de Um Homem Inquieto” seguido de uma destas livrarias virtuais portuguesas. [ ISBN: 9789898629258 ]. Portanto, pode ser adquirido em qualquer Continente. Em julho espero ter o e-Book disponível, a custos mais baixos. Darei essa informação, oportunamente, no meu blogue e no meu sítio da Internet. Que dica você pode dar às pessoas que estão iniciando carreira como escritor? Jorge Nuno - Recomendo que façam como eu. Antes de iniciarem a carreira de escritor, tentem documentar-se sobre a própria carreira. “É possível viver-se só da escrita?” perguntava uma minha amiga jovem escritora. Deixo a pergunta no ar. No meu entender, a resposta será diferente para pessoas diferentes. É evidente que aqueles que tiverem as qualidades exigidas a um escritor terão maior hipóteses de sucesso. Pelo sim, pelo não… recomendo a leitura de “Como Não Escrever Um Romance”. Acreditem que esta leitura tem muita utilidade. Mas acreditem, acima de tudo, nas vossas potencialidades, na vossa capacidade criativa e na vossa capacidade de entrega ao projeto que abraçarem, desenvolvendo-o com entusiasmo. O resto virá por acréscimo. Quais as melhorias que você ci12

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taria para o mercado literário em Portugal? Jorge Nuno - Escrevi, recentemente, um artigo para a nova revista de poesia “A Chama” , n.º 2, de maio/ junho.2013 [como colunista], e o artigo intitula-se “Publicar em tempos de crise?”. Abordo a problemática das pequenas editoras, o mercado livreiro e as dificuldades em publicar, precisamente perante uma crise económica e social que atinge muitos países, incluindo Portugal. Gosto muito de livros, de os manusear em suporte de papel e receio que dentro de pouco tempo seja um produto em vias de extinção. Vingarão, por algum tempo, os e-Book, tal como as editoras discográficas quase que desapareceram para dar lugar a outros negócios relacionados com a música em fomato digital, descarregada através da Internet. As pequenas editoras de livros tenderão a desaparecer, a menos que se lancem no mercado digital, já com uma expansão assinalável, nesta área de negócios, pelas grandes editoras. Também às pequenas editoras não é fácil obter parcerias com as distribuidoras, para colocar o produto nas prateleiras das grandes superfícies, mesmo que o produto literário seja de qualidade. Logo, quem publica através de uma pequena e até média editora vê a sua obra muito condicionada no mercado livreiro. Acredito, por exemplo, na possibilidade de colocar produtos deste tipo no Brasil e do Brasil em Portugal, com vantagem para todos. Basta, como sempre, a adapção de estratégias conjuntas que apontem nesse sentido. Até lá, vai crescendo o mercado literário digital e diminuindo o mercado em formato de papel. Pois bem, estamos chegando ao fim

da entrevista, agradecemos sua participação, muito bom conhecer melhor o Escritor/Poeta/Pintor Jorge Nuno. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Jorge Nuno - Deixo a mensagem de um homem que admirei (e continuo a admirar, mesmo depois da sua partida) – Mahatma Gandhi: “Precisamos de nos tornar na mudança que desejamos ver no mundo”. Mas acrescento, para isto, é necessário procurarmos, cada um por si, modificar as atitudes interiores das suas mentes, passando, naturalmente pela leitura e pela reflexão, tendo em vista um melhor autoconhecimento. Agradeço esta oportunidade de expor a minha obra e algumas das minhas ideias, numa procura de ajudar a construir e viver num mundo melhor.

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Entrevista escritora Bernardina Pinto Bernardina Maria Fragoso Borrecho Pinto, conhecida como Bernardina Pinto, nasceu em Benavente - Portugal. Desde cedo, foi para o Alentejo, em Benavila, numa freguesia do Concelho de Avis concluiu o Ensino Básico. Em Lisboa concluiu o Curso Superior de Serviço Social. Trabalhou em vários locais, mas, há cerca de oito anos trabalha no Munícipio de Avis, como Técnica Superior de Serviço Social. Casada, tem um filho e reside numa linda freguesia do Concelho de Avis-Stº António do Alcórrego em Portugal. Desde a juventude que faz poemas como forma de exprimir os seus sentimentos. Em Dezembro de 2011 publicou seu primeiro livro “ Sorrisos da minha Poesia”. Em entrevista a escritora Bernardina Pinto, conta-nos sobre sua trajetória literária, fala de suas atividades profissionais e nos dá dicas de melhorias para o mercado literário em Portugal. “Com vista a melhorar o mercado literário no nosso país considero que era necessário existir mais iniciativas de divulgação dos escritores e dos poetas, quer na rádio, na imprensa, mais tertúlias e encontros de sensibilização/ informação sobre a literatura e poesia. Devia haver um maior intercâmbio entre os vários países em que “a nossa língua mãe” nos une; entre Portugal, Brasil e alguns Países Africanos.” Boa Leitura! 14

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Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Bernardina Pinto para nós é um prazer tê-la conosco no Projeto Divulga Escritor. Conte-nos quando você começou a escrever? Em que momento decidiu publicar seu primeiro livro? Bernardina Pinto - Sempre gostei muito de ler e, principalmente livros de poesia e romances, e comecei a escrever os meus próprios poemas quando tinha 15 anos, era uma forma de transmitir aos outros o que sentia. Só mostrava esses poemas aos meus melhores amigos que me elogiavam bastante. Era uma forma de expressar o que sentia em relação ao que me rodeava. Muitas vezes, levantava-me de noite para escrever pensamentos e poemas. Fui continuando e fazia, e ainda hoje faço poemas para vários eventos e para pessoas amigas. Só pensei em publicar um livro quando comprei um livro de poemas de um amigo meu que me incentivou e ajudou-me com a Editora. A Publicação do meu Livro “ Sorrisos da minha Poesia” foi a realização de um sonho, em que tive a colaboração de familiares e amigos, a quem agradeço toda a força e amizade que gentilmente me prestaram. Como assistente Social hoje você participa de vários projetos sociais, quais os principais projetos que você, hoje, participa? Bernardina Pinto - Atualmente, como Assistente Social participo em projetos sociais relacionados com as crianças que frequentam a escola em colaboração com os seus professores; sou a técnica responsável pela doação de vestuário e calçado para as famílias mais carenciadas do Concelho de Avis. Através de um Roupeiro Social que o Município de Avis possui, este encontra-se duas vezes, por semana aberto para suprir essas necessidades. Também, pertenço a uma equipa de melhoria das condições de habitabilidade de algumas casas, através de um Regulamento de Apoio Á Recuperação da Habitação no Município de Avis, em que a Câmara paga os materiais necessários às obras solicitadas por famílias carenciadas e que são aprovadas em Reunião de Câmara. Para além disso, faço atendimento e encaminhamento para ajudar as pessoas a resolverem os seus próprios problemas. Também participo em eventos promovidos pelo Município, como a Feira do Livro, Feira Medieval, Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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entre outros. Como Assistente Social, tento que as pessoas e famílias sejam mais autónomas, informadas dos seus direitos e a serem mais participativas na comunidade. Bernardina, ficamos sabendo que além de participar de vários projetos sociais você participa de vários eventos literários, na sua opinião, qual a contribuição dos eventos literários para o desenvolvimento social? Bernardina Pinto - Como apreciadora da leitura e da poesia, tento participar nos diversos eventos literários e culturais do Concelho de Avis. Sou sócia da “Associação Cultural dos Amigos de Aviz” que promove muitas iniciativas nesse âmbito: encontros de poesia, sessões de divulgação da leitura através de debates com os próprios autores de livro, que veem falar sobre as suas obras. Anualmente, há um concurso designado “Jogos Florais, onde participam várias pessoas nas seguintes modalidades: Quadra Popular, Poesia obrigada a Mote, Poesia Livre e Prosa - Contos sobre um tema. Saliento, também a Feira do Livro, promovida pelo Munícipio de Avis, em que são convidados vários autores de obras. É uma boa forma de divulgar a leitura e há sempre a conjugação de espetáculos musicais. Considero que todos esses eventos culturais e literários permitem um enriquecimento quer a nível pessoal, cultural e de convívio social que vai contribuir para um maior desenvolvimento cultural e social na comunidade. Esta, torna-se mais participativa e dinâmica, existindo mais envolvimento e informação e fomentam-se mais iniciativas de índole literário e cultural ao nível das várias faixas etárias da população.

Quais são as suas referências literárias? Que autores influenciaram em sua formação? Bernardina Pinto - Desde muito cedo que tenho uma paixão pela leitura e os autores que destaco como minhas referências literárias foram e continuam a ser: Paulo Coelho, Eugénio de Andrade, Florbela Espanca e Pablo Neruda. Na minha formação literária destaco obras de Almeida Garret, Eça de Queirós, José Saramago, Jorge Amado e Fernando Pessoa que enriqueceram minha personalidade e a maneira de eu encarar as coisas. Que temas você aborda nas poesias publicadas em seu livro “Sorrisos da minha Poesia”? Bernardina Pinto - O meu livro aborda variados temas como o amor, a amizade, a natureza e a paz. Pretendo transmitir mensagens com energia positiva e de alegria de viver para as pessoas que leem a minha poesia. Você pretende publicar um novo livro? Quais são seus novos projetos literários? Bernardina Pinto - Gostava ainda de publicar mais livros porque tenho muitos poemas guardados. No entanto, estou numa fase de reflexão e quando aparecer uma oportunidade irei publicar outros livros. Atualmente, os meus projetos literários passam pela participação em eventos de divulgação da Poesia, quer a nível das crianças como das pessoas mais idosas no Concelho de Avis e continuar a participar nos eventos do Solar de Poetas, onde sou uma das Administradoras. Irei continuar a participar nos eventos literários e culturais da “Associação Cultural dos Amigos do Concelho de Aviz” . Onde podemos comprar o seu livro?.

Bernardina Pinto - O meu livro pode ser comprado na própria Editora Vieira da Silva, em Lisboa, na FNAC e por contato pessoal. Podem enviar mensagem para a minha página do Facebook ou para o meu e-mail: dinaborrecho@live.com.pt Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal? Bernardina Pinto - Com vista a melhorar o mercado literário no nosso país considero que era necessário existir mais iniciativas de divulgação dos escritores e dos poetas, quer na rádio, na imprensa, mais tertúlias e encontros de sensibilização/ informação sobre a literatura e poesia. Devia haver um maior intercâmbio entre os vários países em que “a nossa língua mãe” nos une; entre Portugal, Brasil e alguns Países Africanos. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação, muito bom conhecer melhor a Escritora Bernardina Pinto, que mensagem você deixa para nossos leitores? Bernardina Pinto - Gostaria de deixar uma mensagem de esperança a todos os escritores e poetas para que não desistissem dos seus sonhos porque como diz Paulo Coelho: “ as decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para nos mostrar a estrada”. Agradeço a disponibilidade e a gentileza da jornalista Shirley M. Cavalcante e da sua equipe na realização e publicação desta minha entrevista. Bem hajam e continuação do excelente trabalho que estão a desenvolver para a divulgação de escritores e no desenvolvimento literário, tanto no Brasil como em Portugal. Participe do projeto Divulga Escritor https://www.facebook.com/DivulgaEscritor Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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CARLOS SOUZA YESHUA carlossouzamkt@hotmail.com

O escritor e a mídia

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e analisarmos a história dos grandes escritores brasileiros, dos mais antigos aos contemporâneos, vamos observar algo em comum entre eles: quase todos eram ou são presenças constantes nas páginas dos jornais, alguns como colunistas, outros como cronistas ou articulistas. Os do passado publicavam romances inteiros em jornais, o que atualmente não é mais possível, no entanto os artigos são a forma mais presente que se vê nos dias atuais. Se os mais consagrados autores estão presentes nos jornais – a mais tradicional das mídias – é porque isso lhe proporciona duas vantagens: primeiro, é uma forma de ganhar um dinheiro, pois acredito que a maioria deles deve receber por essa função, afinal, certamente, isso atrai leitores para o veículo. E, segundo, porque sua presença neste lugar de destaque também ajuda a reforçar sua imagem, e, consequentemente, o resultado disso vem através da venda de livros nas livrarias. Quem vai perder seu tempo comprando obra de autores desconhecidos, de que nunca ouviram falar? Dificilmente alguém faz isso. Na hora em que vamos ao supermercado escolhemos o sabão em pó, o refrigerante, o creme dental ou outro produto qualquer, das marcas que já conhecemos, ou seja, aquela que não sai da tela da TV, do jornal ou de qualquer outra mídia de que estamos acostumados a ser espectadores. Com o escritor não é diferente. Assim como o cantor precisa veicular sua música no

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rádio para se tornar conhecido, atrair pessoas para os seus shows e vender seu trabalho musical, o artista da palavra também precisar estar presente na mídia, principalmente no jornal. E, agora, não pode deixar de lado a mais democrática das mídias, a internet – blogs, sites, redes sociais etc. Há diversas maneiras para ganhar a simpatia da mídia, entre as quais escrever crônicas e artigos para jornais, participar de eventos, fazer palestras, lançamentos, sessão de autógrafos, visitar escolas, feiras, bienais, ou seja, é preciso circular e virar notícia. O escritor da torre de marfim está em extinção, pois na contemporaneidade é preciso se comunicar com os leitores das mais diversas maneiras que a mídia pode proporcionar. Parafraseando Chitãozinho e Xororó na canção Nascemos para cantar –que declara “Disse o poeta: O artista vai onde o povo está” – o escritor não pode esquecer-se dessa premissa: estar acessível aos olhos do seu público alvo, o leitor. Caso contrário, dificilmente será lido, pois reza o ditado popular que o que não é visto não é desejado, muito menos procurado. Quer saber como se tornar um escritor badalado, tipo um artista de cinema? O referencial nesta área é Paulo Coelho – o escritor brasileiro recordista de venda de livros no exterior –, um autor com mais de 100 milhões de livros vendidos, publicados em 66 idiomas e 160 países. É o artista da palavra, vivo, mais traduzido em todo mundo.

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Entrevista escritora Maria Mamede MARIA MAMEDE, pseudônimo literário de Maria do Céu Silva Fernandes. Nasceu em 1947, na aldeia (hoje cidade) de S. Mamede de Infesta. É membro da Associação Portuguesa de Escritores (APE), desde 1984, onde teve como Padrinhos os Escritores Egipto Gonçalves e Nelson Ferraz. Criou e participa em várias tertúlias poéticas e tem obra dispersa por revistas e jornais, incluindo Jornais Virtuais e Sites de Poesia nacionais e estrangeiros e ainda, por alguns Blogs Nacionais e Internacionais. Com mais de 12 livros publicados, a escritora Maria Mamede, em entrevista exclusiva para o projeto Divulga Escritor, conta-nos sobre sua carreira literária, alguns de seus livros e nos dá algumas dicas. “Penso que uma das soluções possíveis será a proporcionada por este seu projeto, este intercâmbio, que poderá crescer e estender-se a outros Países de Língua Portuguesa, dando a conhecer seus Escritores/as, bem como criando meios para que os livros cheguem a todos, a preços mais acessíveis. Boa Leitura!

Maria do Céu Silva Fernandes, hoje, escritora Maria Mamede, é um prazer para nós tê-la connosco no projeto Divulga Escritor, conte-nos porque “Maria Mamede”? Maria Mamede - Olá Shirley; antes de mais quero agradecer-lhe o convite para esta conversa, agradecimento esse que se estende ao Poeta José Sepúlveda, pois foi através dele que pude conhecê-la e conhecer o Projeto Divulga Escritor, que considero de grande valia para Autores deste e do outro lado do Atlântico, que nos separa e nos une. Muito Obrigada por isso! Escolhi este pseudónimo Maria Mamede, pelo afecto que nutro pela minha terra natal, S. Mamede de Infesta.

Quando você publicou seu primeiro livro já tinha planos para escrever outros? Como vem sendo planejada sua carreira literária? Maria Mamede - O meu primeiro livro foi publicado somente em 1977 e o segundo em 1978 e ambos foram edições de autor. Antes disso houve algumas, poucas, publicações em jornais regionais. Ao publicar estes dois livros, era minha intenção ter a possibilidade de vir a ser aceite na Associação Portuguesa de Escritores, o que veio a acontecer em 1984. Não posso dizer que a minha carreira literária tenha tido, ao longo do tempo, algum plano especial. Apenas procurei “crescer” literariamente, lendo muito e escrevendo muito, nunca ficando satisfeita com o trababalho realizado e tentando sempre ir, ir mais além, experimentando novos desafios poéticos; e por falar em desafios posso dar como exemplo, o repto que um dia me foi lançado por um Amigo. Esse Amigo tinha feito o serviço militar em Timor, terra pela qual ficou apaixonado. Anos depois escreveu uma história de amor passada naquela Ilha e pediu-me para fazer dessa história o “libretto” de uma Ópera… fi-lo e o resultado foi uma alegria imensa!

Escritora Maria Mamede, quando iniciou seu gosto pela escrita? Maria Mamede - Foi acontecendo. Já em muito pequena tentava inventar uns versinhos, para os dizer de cor, porque ainda não sabia escrever; contudo posso afirmar que escrever poesia, embora coisinhas simples , pueris, começou por volta dos 13/14 anos.

Quais são as suas referências literárias? Que autores influenciaram em sua formação como escritora? Maria Mamede - De algum modo, todos os livros que li e leio, sejam eles de prosa ou de poesia, ou mesmo de teatro, todos deixam em mim algo: - a beleza de uma imagem poética, de uma paisagem, ou o som especial de alguma palavra, que mais

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tarde se podem vir a transformar nalgum poema. Dos poetas, homens e mulheres de maior importância na minha vida, escolho - Florbela Espanca, Augusto Gil, António Aleixo, António Nobre, António Gedeão, Pedro Homem de Melo, Miguel Torga, mais tarde Cesário Verde, Casimiro de Abreu, Vinícius de Morais, Fernando Pessoa, Eugénio de Andrade, Cecília Meireles e tantos, tantos outros, maiores ou menores estrelas do céu da Poesia da minha língua Mãe, e alguns/algumas mais, doutras línguas, das poucas que sei, que continuam, cada vez que os/as leio, a surpreender-me, a afagar-me, a inspirar-me e a incentivar-me. Conte-nos qual seu objetivo ao publicar o livro “ E por falar em olhos”? Que mensagem você leva através desta maravilhosa obra literária? Maria Mamede - Este livro foi outro desafio; depois de ter lido o livro “DIBAXU”, do Poeta Argentino Juan Gelman, publicado pelo Amigo e Editor, Jorge Castelo Branco, em três línguas, sefardita, castelhano e português, o mesmo desafiou-me a escrever um livro naquele género, onde, com um mínimo de palavras se faz um poema inteiro, completo de ideias e de sentido. Foi um livro extremamente burilado, mas cujo resultado me deu um imenso prazer. Tem um livro que você publicou recentemente chamado “Sensualidades” este livro é indicado para que público? Quais os temas que você aborda nesta obra? O título é muito sensual. Maria Mamede - Acho que este meu livro “SENSUALIDADES” é, a exemplo 18

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de todos os outros, um livro de poemas de Amor. Nele não há erotismo, somente uma doce sensualidade que a vida me foi oferecendo, e que por esse motivo poderá ser lido por jovens e menos jovens, sem qualquer problema e com algum deleite, espero! Escritora Maria Mamede, vimos que você já tem um áudio livro “ Por Amor as Palavras” Como foi a publicação deste áudio livro? você o tem impresso? Já tem novos projetos para publicações em áudio livro? Maria Mamede - O livro “POR AMOR ÀS PALAVRAS” faz parte duma colecção, em que várias poetisas escrevem e também dizem a sua poesia. Assim, a obra é composta por um livro impresso, onde vai incluído um CD, com os mesmos poemas ditos pela autora, sobre fundo musical. Para já não tenho outros projectos do género, embora tenha sido uma experiência que me deu enorme prazer e que gostaria de repetir. Onde podemos comprar os seus livros? Maria Mamede - Os livros estão à venda numa livraria da Cidade do Porto, UNICEPE-Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, CRL. – www. unicepe.pt/ e pode ser comprado online na Editora EDIUM, tal como todos os anteriores. Somente o “SENSUALIDADES” poderá ser encomendado à VERSBRAVA Editora ou adquirido na mesma livraria. Que dica você daria para as pessoas que estão iniciando carreira como escritor? Maria Mamede - A mesma que Pedro Homem de Melo me deu um dia, era eu muito jovem… “leiam muito e escrevam muito”!

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal? Maria Mamede - Penso que uma das soluções possíveis será a proporcionada por este seu projeto, este intercâmbio, que poderá crescer e estender-se a outros Países de Língua Portuguesa, dando a conhecer seus Escritores/as, bem como criando meios para que os livros cheguem a todos, a preços mais acessíveis. Sei contudo, que o futuro está nos livros digitais; esses sim serão a solução verdadeiramente mais econômica. Mesmo assim, e apesar das novas tecnologias, que admiro e uso, quanto a mim nada se compara ao livro impresso, que se compra, se cheira e abraça, se oferece a pretexto de tudo e de nada, e traz consigo a magia e a força das palavras dos autores/as, que são alimento para a alma. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação, muito bom conhecer melhor a Escritora Maria Mamede, que mensagem você deixa para nossos leitores? Maria Mamede - Eu é que tenho um oceano de agradecimentos para lhe fazer Shirley, pela sua delicadeza e pela beleza desse projecto. Quanto aos leitores, o meu conselho é que leiam, leiam muito, poesia ou prosa, porque, ler faz crescer o Sonho e como dizia Pessoa: - “Sonhar é preciso!”

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Lima Barreto UM ESCRITOR ÁCIDO DA LITERATURA BRASILEIRA

Pense Literatura

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Por Jonatan Santos

e estivéssemos prontos a destacar um escritor brasileiro que se tornaria a voz cáustica que reduziria às mínguas os velhos costumes de uma sociedade arrivista, apresentaríamos sem dúvida um poeta que conviveu ao tempo das produções barrocas, Gregório de Matos e Guerra, mas além dessa grande voz satírica, não podemos se esquecer do grande romancista que deixou legado não só na ficção mas em seu trabalho jornalístico, e este é o nosso alvo. Afonso Henriques de Lima Barreto, escritor carioca nascido no ano de 1881, às vésperas da República que se tornaria alvo de sua sátira. A sátira limabarretiana constrói a acidez, é essa acidez que corrói a imagem dos burocratas arrivistas ligados aos políticos dessa Nova Ordem Republicana. O escritor produz uma narrativa que contenha personagens dotados de atitudes ridículas, como o General Albernaz contando feitos heróicos inventados da Guerra do Paraguai e que sequer nunca vira uma guerra de perto; ou Policial Doutor Chaveco, com seu jeito simples e inofensivo, a trazer segurança ao Rio de Janeiro inteiro. São obras que se destacam para construir o melhor da acidez satírica: Numa e a Ninfa, Triste Fim de Policarpo Quaresma, Os Bruzundangas, Recordações do Escrivão Isaías Caminha e mais contos como Histórias e Sonhos. As personagens

tomam atitudes até absurdas, o narrador descreve-as reduzindo passo a passo e detalhe a detalhe sua forma, a ponto do leitor sentir o ridículo ou sentir vontade de rir. A obra literária de Lima Barreto carrega recursos especiais que dá a sátira elementos fundamentais para a destruição de personagens cujo tais imagens são constituídas a partir de figurões respeitados pelo povo. Sendo assim, esses tipos são doutores, funcionários públicos (convocados por confiança e ligação de amizades em níveis de afeto), políticos, jornalistas e literatos. Tais estes que vão se desdenhando na narrativa, e o satírico narrador vai desmoronando suas parecidas “qualidades” para mostrar seus “defeitos”. Quando o escritor, em Triste Fim de Policarpo Quaresma, relata o encontro do Major com Floriano, descreve este com um exame sagaz, mordaz, efetivamente cáustico, isto é, ácido. Trata-se do herói republicano brasileiro, cuja imagem heróica se destrói por tal descrição, fazendo transparecer até comportamento de preguiça, desleixo com o compromisso nacional. Isso é exemplo da sátira literária em Lima Barreto, presente em grande parte de sua obra, marcada pelo engajamento, um certo caráter de militarismo literário, isto que veremos no próximo artigo.

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Entrevista escritor João Videira Escritor João Paulo Videira mora hoje em Maputo, na África, Filho de pais portugueses, nasceu em outubro de 1967 na localidade de Gabela, Angola, onde viveu até 1975, altura em que se mudou para Coimbra, Portugal, terra natal de seu pai. Formouse em Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em 1990 e viria a defender a tese de mestrado na mesma faculdade em 2006 com o título de “Escrita Intimista e Discurso do Eu: Perfil Autobiográfico de Manuel Laranjeira” Casou em 1988 e desde 1990 que é professor de Língua Portuguesa no ensino básico e secundário. Em entrevista ao projeto Divulga escritor, João Videira compartilha conosco um pouco da sua trajetória literária e de vida, desvendando um pouco dos encantos da Cultura Africana que tanto o inspira, desejamos a todos uma Boa Leitura! “A diversidade cultural, étnica e religiosa. O pensamento livre. A possibilidade de realização. E, claro, o sonho. Em África ainda é possível sonhar e perseguir um sonho. Há uma força que brota vida e alegria e nos contagia.” Boa Leitura! 20

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peram personagens que viveram aventuras africanas. Por fim, com a minha vinda para Moçambique, as “Crônicas de África” irromperam o ano passado na minha escrita e em somente 10 meses produzi cerca de 70 textos. O que mais te atrai nesta cultura tão rica que é a cultura Africana? João Videira - A diversidade cultural, étnica e religiosa. O pensamento livre. A possibilidade de realização. E, claro, o sonho. Em África ainda é possível sonhar e perseguir um sonho. Há uma força que brota vida e alegria e nos contagia.

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Prezado escritor João Videira para nós é um prazer ter você conosco no projeto Divulga Escritor, conte-nos em que momento/de que forma a África tornou-se um ponto forte de inspiração para sua escrita? João Videira - Antes de mais, obrigado pelo convite para esta entrevista. África esteve sempre presente em mim. Sou angolano e essa é uma marca cultural forte na minha vida. Na escrita, penso que surgiu em dois momentos diferentes. Primeiro na série de crônicas que dão nome ao meu blogue: Mails para a minha Irmã. Essas crônicas refletem a África cristalizada na memória do menino que veio a ser homem. Depois, no romance “De Negro Vestida” irrom-

Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas? João Videira - Todas as pessoas que gostem de três coisas: ler, pessoas e relacionamentos. O meu público são as almas sensíveis, capazes de amar e de se comoverem, as almas que olham para a vida e veem o milagre que ela é e se interessam por ela, as almas capazes de amar. Não se trata de transmitir uma mensagem. Trata-se de contar histórias, de procurar revelar os caminhos da mente humana, das relações entre as pessoas. Se houver uma mensagem a transmitir que seja a do livre arbítrio e a da coragem e do amor... De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho? João Videira - Exclusivamente no meu blogue, Mails para a minha Irmã, onde publico tudo o que escrevo e no Facebook onde divulgo o que escrevo.


Fale-nos sobre seu livro “ A Paixão de Madalena” que mensagem você quer levar ao leitor através deste livro? João Videira - Paixão tem diversos significados. Dois deles são muito fortes e sintetizam o que pretendo com a obra: sofrer e amar. Eu penso que temos de ter capacidade de sofrimento uma vez que o sofrimento a ajuda a moldar caracteres fortes, que resistem à adversidade e à frustração. Mas, esse estoicismo, de nada serviria se não o temperássemos com amor. O Amor é o único caminho para a redenção do Homem. Não sendo um livro religioso, é um livro que coloca a personagem central, uma Madalena dos nossos dias, a par e passo com o percurso de Cristo e, nessa medida, uma mulher que há de triunfar na vida, conquistando a tranquilidade, pela sua capacidade de suportar o sofrimento e abraçar o amor. Você hoje tem 3 romances escritos: “Estórias ao Acaso - Noite Fria”, “De Negro Vestida”, “Com Amor,”. De forma resumida o que diferencia uns dos outros?

João Videira - “Estórias ao Acaso Noite Fria” é uma novela que nos mostra destinos diversos que acabam por cruzar-se. Não tem uma personagem central. Vive de cruzamentos. “De Negro Vestida” é um romance que assenta nas peripécias de uma protagonista feminina. Todo o Romance gira em torno dessa mulher, Maria de Lurdes. Primeiro casada, depois divorciada, depois agnóstica dos homens e depois caçadora deles através de um plano intrincado que haveria de surpreendê-la. “Com Amor,” é diferente na sua concepção. É um romance sem narrador nem narrativa. São 102 cartas e e-mails trocados entre pessoas. À medida que vai lendo os documentos, aparentemente desligados uns dos outros, é o leitor quem reconstrói uma trama amorosa repleta de personagens e peripécias sentimentais. Escritor João Videira, onde podemos comprar os seus livros? João Videira - Não podem. Os meus romances foram publicados, capítulo a capítulo, no meu blogue, tiveram um significativo público de seguidores, mas nunca foram publicados em livro/papel. Infelizmente. Que dificuldades você encontra para a publicação de livros? O que você acredita que deve ser feito para amenizar estas dificuldades? João Videira - A maior dificuldade é encontrar alguém que aposte num escritor desconhecido. Ser um bom escritor (e nem estou a cometer a imodéstia de dizer que sou) não ajuda nada. Hoje em dia se você for treinador de futebol, estrela do Big Brother, apresentador de jornal das oito, criminoso, político ou qualquer outra condição que lhe dê visibilidade, publica mais facilmente do que um bom escritor. O que deveria ser feito era

ler com atenção os novos escritores e apostar na sua publicação. Quais os seus principais objetivos como escritor? Conte-nos quais são seus próximos projetos literários? João Videira - O grande objetivo é publicar os meus romances e um livro de poesias escolhidas. Quanto a projetos, para já estou a escrever e a publicar “A Paixão de Madalena”. Depois segue-se um romance histórico para o qual já estou a fazer alguma investigação. Que diferenças você cita entre a cultura do mercado literário de Portugal e o da África? João Videira - O mercado português está mais organizado, é mais competitivo, mas, paradoxalmente (ou não), tem menos horizontes, menos margem de progressão. Em África, penso que há mais possibilidades de traçar um plano de publicação e conseguir executá-lo. Contudo, seja em África, seja em Portugal, à dificuldade da publicação acresce a da distribuição. Esse é um ponto em comum. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação, muito bom conhecer melhor o Escritor João Videira, que mensagem você deixa para nossos leitores? João Videira - Que vejam em cada livro uma oportunidade, uma janela para libertar a imaginação, um poderoso veículo de informação cultural e, consequentemente, que leiam e tenham prazer na leitura de cada página, cada frase, cada palavra. Muito agradecido pela oportunidade de poder expressar alguns pontos de vista através da sua entrevista. Participe do projeto Divulga Escritor https://www.facebook.com/DivulgaEscritor Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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Entrevista escritora Adriana Freitas Escritora Adriana Freitas, mora em Recife – PE - é graduada em Licenciatura em Ed. Artística, hab. Artes Cênicas (Teatro) pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Pósgraduada em Jornalismo Cultural pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Autora dos livros: Naquela Praia e Essa Noite. Em entrevista a escritora conta-nos sobre seus projetos e trajetória literária, nos dá dicas de melhoria para o mercado literário brasileiro. “O gosto pela leitura vem através do incentivo. Quanto mais os brasileiros se interessarem por livros, maior será a procura. No Brasil existem grandes autores que ainda são desconhecidos pela maioria dos brasileiros. Umas divulgações mais abrangentes, um maior apoio, assim como vocês estão proporcionando irá ajudar bastante o mercado literário.” Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Adriana Freitas para nós é um prazer tê-la conosco no projeto Divulga Escritor, você poderia falar um pouco sobre sua trajetória literária? Adriana Freitas - Eu sou uma escritora iniciante. Demorei um pouco para escrever um romance. Apesar de sempre ter ideias, eu nunca as colocava no papel. Escrevi a primeira história para um trabalho que realizei com os meus alunos, juntamente com outra professora, a história chama-se “No Verão”, fala sobre uma adolescente que engravida. Esta obra tornou-se um vídeo produzido por mim, a professora de Português e os alunos. E se tornará uma revista de mangá feita por outro aluno da minha escola. O meu primeiro livro publicado se chama “Naquela Praia” romance adolescente que mostra o ponto de vista do garoto e da garota no mesmo relacionamento. Júlia e Fernando se conheceram na escola e juntos descobrem o amor e todas as inconveniências e surpresas que vem com esse relacionamento.

Escritora Adriana quando você começou a escrever? Em que momento decidiu ser escritora? Adriana Freitas - Eu comecei a escrever desde cedo, mais ou menos aos treze anos. Não eram histórias, eram poemas, pensamentos. Mas antes disso, eu já inventava histórias na minha cabeça com começo, meio e fim. Só não sabia como passá-las para o papel. Na faculdade, juntamente com alguns colegas, fiz pequenos textos de teatro. A vontade de ser escritora surgiu mais ou menos há cinco anos, mas somente em 2010 que passei a escrever histórias. Quando sentiu que estava pronta para publicar seu primeiro livro? Alguém a incentivou, como foi esta iniciativa? Adriana Freitas - A minha família sempre me incentivou. Principalmente a minha irmã que sempre falava para eu mostrar o que fazia. Eu me senti pronta quando comecei a desenvolver a história de Júlia e Fernando na minha cabeça. Passei meses pensando sobre isso, desenvolvendo a história do inicio ao fim. Até que finalmente parei em frente ao computador e desenvolvi o que já habitava os meus pensamentos. Como você se sente sendo escritora? O que sente quando escreve? Adriana Freitas - Escrever pra mim faz parte da minha personalidade. Sempre falo que sou melhor escrevendo do que falando. É mais fácil escrever do que falar. Pode até parecer clichê, mas a escrita às vezes funciona pra mim como uma válvula Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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de escape. Eu chego a esquecer do mundo quando estou escrevendo. Eu sempre me sinto melhor, mais aliviada e mais feliz. Adriana o que mais lhe inspira a escrever? Adriana Freitas - Fatos do cotidiano. Os sonhos que tenho. Pessoas na rua. A minha própria imaginação. Uma música. Conversa com amigos. Tudo é motivo. Quais são as suas referências literárias? Que autores influenciaram em sua formação como escritora? Adriana Freitas - Eu tenho um gosto bem variado, leio desde autores brasileiros como Machado de Assis, Paulo Coelho, Marcelo Rubens Paiva, Luis Fernando Verissimo, André Vianco, como Sthephen King, J.D Salinger, Aghata Christie. Como foi publicado o seu primeiro livro? Quais as dificuldades para conseguir publicar sua obra? Adriana Freitas - O meu primeiro livro foi publicado com recursos próprios através de uma editora. A maior dificuldade que eu enfrento é na publicidade da obra. “Naquela Praia” foi seu primeiro livro, como se sentiu quando pegou o livro em suas mãos pela primeira vez? Fale um pouco sobre ele, quando você o publicou já sabia que ele faria parte de uma coletânea ou a ideia de dar continuidade a história veio depois? Adriana Freitas - A sensação que eu tive ao pegar o meu primeiro livro com as mãos foi a de um sonho realizado. Eu já vinha sentindo vontade de escrever, mas nada me vinha à cabeça. Foi então que eu tive um sonho de apenas uma cena dessa história. 24

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Aí eu fui completando com o passar dos meses. A princípio o título seria “Júlia e Fernando”, e seria apenas um livro. Eu já tinha a história completa com começo, meio e fim, mas as ideias me vinham à cabeça e quando percebi, ficou grande demais. Negociando com a editora, resolvi dividir a história em três livros. E tive que criar títulos para cada um. Só não sabia qual. “Naquela Praia” e “Essa Noite” (o segundo livro) foram retirados de poemas que já tinha escrito. Adriana fale um pouco sobre “Essa Noite” Adriana Freitas - Essa Noite é continuação de Naquela Praia. Conta sobre o rompimento do relacionamento dos personagens. O que levou a eles se separarem. A visão de cada um sobre esse novo momento, as maneiras que cada um agiu a partir de então. As tentativas de reconciliações. Os novos sentimentos que surgiram e que ainda eles desconheciam.

O terceiro livro já tem um Titulo? Fale um pouco sobre seu terceiro livro. Que mensagem você quer transmitir para o leitor que deseja lê esta maravilhosa coletânea? Adriana Freitas - O Terceiro livro se chama “Praia Nova” está em fase de produção. Os personagens, cada um a sua maneira, aprendem a se adaptar as mudanças e as consequências das suas escolhas. Descobrem novos sentimentos e novos amores. Descobrem que o amor nem sempre é vivido da maneira que sonham e que este pode vir de diversas formas, é só questão de consentimento. Essa coletânea fala que nenhum relacionamento é perfeito. As pessoas têm defeitos e qualidades. Nem sempre as coisas funcionam da forma que desejamos, às vezes machucamos e somos machucados. Às vezes fazemos escolhas erradas. Mesmo com todos os percalços, sempre vale a pena amar e permitir ser amado. Quais os formatos em que encontramos o seu livro: impresso, e-book, áudio-livro? Adriana Freitas - Os livros estão no formato impresso. Onde podemos comprar o seu livro? Adriana Freitas - Eles estão disponíveis no site da Livraria Cultura. Ou através do email adrianamfreitas@ hotmail.com De que forma você divulga o seu trabalho? Adriana Freitas - Ainda estou aprendendo a melhor maneira de divulga-los. Já apresentei o primeiro livro em uma feira literária na praia de Porto de Galinhas, onde a aceitação foi muito boa. E o principal meio é a internet. Que dica você daria para os outros Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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escritores com relação à publicação? Adriana Freitas - Pesquisar muito antes. Achar a forma que melhor se adeque a sua realidade. Participar de concursos literários. Entrar em contato com editoras que fazem parcerias. Quais os seus principais objetivos como escritora? Adriana Freitas - O meu principal objetivo é colocar pra fora tudo o que habita os meus pensamentos. Expressar minhas ideias, levar entretenimento para as pessoas. Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil? Adriana Freitas - O gosto pela leitura vem através do incentivo. Quanto mais os brasileiros se interessarem por livros, maior será a procura. No Brasil existem grandes autores que ainda são desconhecidos pela maioria dos brasileiros. Umas divulgações mais abrangentes, um maior apoio, assim como vocês estão proporcionando irá ajudar bastante o mercado literário. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, a Divulga Escritor agradece sua participação, muito bom conhecer melhor a escritora Adriana Freitas, que mensagem você deixa para nossos leitores? Adriana Freitas - Eu agradeço a oportunidade da entrevista. E falo que não importa o gênero, sempre vai existir um livro que nos identificamos e fará o nosso tempo passar mais depressa. A leitura proporciona um mundo novo. Podendo ser fantástico, dramático ou cheio de aventuras. Não importa. A gente sempre vai encontrar ou ser encontrado por um livro que nos fará viajar sem sair

do lugar, fará nos apegar aos personagens e quando a história acabar nos deixará com aquela sensação de quero mais. Às vezes nos sentimos órfãos e o bom é isso. A leitura

é um vício bom. Terminado um livro e iniciando outro sempre teremos boas histórias para contar. E nunca ficamos sozinhos quando temos um bom exemplar como companhia.

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Adriana Vargas

10 dicas para publicar seu livro Para publicar um livro não basta apenas escrevê-lo, ele precisa se adequa. Trouxe umas dicas funcionais que te ajudará no momento de enviar seu manuscrito. 1 – a linha editorial de sua obra tem que estar em consonância com a linha que a editora costuma publicar, portanto, antes de enviar seu original, dê uma passada de olhos nas sinopses dos livros até então publicados. Não espere enviar seu conto ou poesia para uma editora que só publica Literatura Fantástica. 2 – conheça o tema abordado em seu livro. Pesquise, estude sobre o que irá escrever. Se for sobre uma determinada região, saiba pelo menos sobre a vegetação, clima, costumes. Seu texto precisa ser verossímil, pois se assim não o for, o examinador o abandonará antes de concluir a leitura. 3 – Um autor desconhecido deve ter em mente que seu primeiro livro não deve passar de 400 páginas. Serviços gráficos para um livro deste tamanho, sai caro e, consequentemente, sairá caro o preço de capa, dificultando a venda, tornando-se inviável publicar um livro vindo de novo autor com custos altos para editora. Portanto – enxugue seu texto! 4 – Não fique toda semana enviando emails cobrando um resultado. Se a editora se interessar pelo seu livro, ela irá entrar em contato. 5 – Jamais envie um livro sem revisão de um profissional, para análise. Além de ser um tanto quanto indelicado e desrespeitoso com quem estiver analisando, dificulta a transmissão da mensagem do li26

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vro. O analisador perderá mais tempo reparando os erros, do que atento à trama. 6 – Não exagere! Muita ênfase, além de tornar o texto pesado, torna-o repetitivo, quase um fardo. 7 – Transmita sentimentos. Um texto vazio e sem alma torna-se desinteressante. 8 – Coloque conteúdo e criatividade em seu livro. Ler sobre as mesmas coisas, cansam. 9 – Não ultrapasse um parágrafo para mais de sete linhas. Escreva sem rodeios. 10 –O título é muito importante, ele precisa ser impactante, curioso e perturbador.

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Entrevista Escritora Adriana Vargas Adriana Vargas, formada em Direito pela UCDB, abandonou a carreira jurídica para se dedicar à escrita. Escreve desde os sete anos de idade e teve participações com menções honrosas em diversos concursos literários. É autora de romances sobrenaturais: O oitavo pecado, O voo da estirpe, O segredo de Eva, Vozes do Silêncio, Túnel do Tempo, Lilith, meu amor da escuridão e Inocence. Coordenadora do Clube dos Novos Autores e autora do projeto Letras brasileiras. Agente Literária e assessora da Editora Modo; Beta Reader da Studio Editorial. Ganhou o prêmio INTERARTE 2012 com seu romance O Oitavo Pecado. “Abandonem o modismo! Deixem esta bandeira! Vamos juntos descobrir talentos que ainda não conhecemos. Vamos criar o nosso próprio gosto de literatura, e não permitir que a mídia ou o mercantilismo faça isso para nós.” Boa Leitura!

para as pessoas através de seus escritos? Adriana Vargas -eu já tenho um público cativo, que ao decidir ler meus livros, compram todos os que já estão publicados, e continuam comprando os que vão lançando. Este público não tem denominação, creio que se identificam apenas com meu trabalho, e em sua maioria são pessoas adultas ou jovens adultos. Não escrevo para adolescentes, mas estou tentando escrever algo para este público na linguagem gótica.

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Adriana Vargas para nós é um prazer tê-la conosco no projeto Divulga Escritor. Conte-nos em que momento decidiu publicar seu primeiro livro? O que a motivou a publicar? Adriana Vargas -Olá, prazer em estar prestando esta entrevista a vocês. O momento em que decidi tirar meu texto da gaveta foi quando estava disposta a abandonar a carreira jurídica para me entregar de corpo e alma para meu maior legado – a escrita. O fator que mais me levou a crer que havia chegado o momento foi a angústia em ser lida; de provar a mim mesma de que minha intuição literária estava certa. Eu escutei o chamado do meu eu interior para esta estrada e aqui estou. Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir

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De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho? Adriana Vargas - Divulgo meu trabalho na forma de ação criativa. Não sigo um padrão, o que for me dando vontade, faço. Gosto muito de divulgação pela internet, pois quase não vou a eventos, a não ser, os imperdíveis como as bienais. Moro afastada dos grandes centros e meu trabalho não me permite ausência por muito tempo, por isso aproveito tudo que tenho em mãos, e mais recentemente fundei uma campanha que está dando resultados muito positivos que é – compre um livro diretamente com seu autor. Esta campanha tem por finalidade retirar os 40,50 e 60% das vendas de nossos livros das mãos das livrarias e aproximação do público leitor com o escritor. As pessoas não adotam, porque preferem o status ainda e o anonimato. Eu adoto porque gosto deste contato e foi através dele que consegui hoje tudo que tenho no mundo literário. Escritora Adriana Vargas, você hoje Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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tem vários livros publicados, conte-nos qual o livro que demorou mais tempo para ser escrito e publicado? Que temas você aborda neste livro? Adriana Vargas -Foi O Voo da Estirpe. Foi o primeiro livro que escrevi e o que mais escondi debaixo do colchão. Eu não me sentia segura com a obra, primeiramente porque a escrevi para mim, para um momento trágico que eu vivia, paralisada por uma AVC. Segundo, porque a linguagem é tão solta, que se tornou até “libertina”, e terceiro porque a maioria das pessoas que leem o livro não entendem o que ele quer transmitir, e creio que isso acontece justamente pelo fato de minha ânsia em tê-lo somente para mim no momento em que mais precisei de alguma ajuda, uma força, um amparo. Porém, ao publicar, foi um sucesso com resenha até mesmo no blog da MTV. Demorei muito para escrevê-lo devido à dificuldade emocional que tive para atravessá-lo, com medo da vida e da morte, já que ele encara ambos de frente, sem modéstia e preconceito.

semana muito frio e angustiante. Fiz o chocolate quente, em lágrimas, me sentei de frente ao computador e só saí dele quando escrevi a última linha – sem dormir até terminar o livro. Quando acabei, chorei muito por várias horas e dormi por dois dias. Esgotei-me. Fiz questão de fazer deste ex-relacionamento, um marco em minha vida através da escrita deste livro.

Qual o livro que demorou menos tempo para ser escrito e publicado? O que a motivou a escrever de forma mais intensa que os demais livros escritos? Que temas você aborda neste livro? Adriana Vargas -O Segredo de Eva foi escrito num final de semana. O motivo de sua intensidade foi a descrição do sentimento que estava vivendo naquele momento – friso: não é uma autobiografia, pois os personagens passam longe de minha história, mas o sentimento gerado no livro, a ânsia, o desespero, a dor, a decepção, o tesão, a paixão – tudo isso era ingrediente do que estava vivendo, amando loucamente alguém que tinha rompido naquele exato final de

Você estará lançando um novo livro na Bienal Internacional do Rio de Janeiro? Qual o dia em que podemos encontrá-la na Bienal? Adriana Vargas - Estarei lá do dia 28 de agosto a 09 de Setembro no Estande. Porém, meu lançamento será dia 08 de Setembro às 18 horas.

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Quais seus próximos projetos literários? Adriana Vargas -Como havia citado, ainda não tenho um público juvenil, e estou escrevendo uma obra gótica, com o cenário sombrio, linguagem e clãs característicos, vamos ver no que dará. Paralelamente, estou me dedicando a coletânea de pequenas histórias dos personagens de meus livros publicados. Estou gostando bastante deste trabalho, pois me sinto construindo um elo muito forte com meus personagens, e gostando bastante do fato de meus leitores já estarem na expectativa para ler um pouco mais sobre aqueles que lhes cativou.

Onde podemos comprar os seus livros? Adriana Vargas - Meus livros podem ser encontrados, principalmente, nesses links: -https://www. facebook.com/AdrianaVargasAguiar/ app_305990076116431 e http:// adrianavargasaguiar.blogspot.com. br/p/loja.html Email – adrianavargas. ocadv@gmail.com

Que dica você dá para as pessoas que estão iniciando carreira como escritor? Adriana Vargas -Não esperem nada cair do céu. Acreditar que uma editora fará por você, aquilo que você não fará é decepção na certa. Estamos na era do autor independente em todos os sentidos. Corra atrás do seu sucesso, porque isso é sua obrigação acima de todos os seus direitos. Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil? Adriana Vargas -Menor percentual nas vendas de nossos livros para as livrarias; maior experimento dos blogs literários comprando nossos livros para realizar promoções em seus sites, ao invés de nós, escritores, termos que doar nossos livros para eles comprarem os estrangeiros; Escritores serem mais independentes quanto à divulgação e vendas de seus livros; Editoras adotarem um ideal para sua empresa, que deveria ser menos empresarial, e mais nacionalistas; que a literatura deixasse de ser vista como um negócio gerador de dinheiro, e passasse a ser mais uma necessidade cultural emergente. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a Escritora Adriana Vargas, que mensagem você deixa para nossos leitores? Adriana Vargas -Abandonem o modismo! Deixem esta bandeira! Vamos juntos descobrir talentos que ainda não conhecemos. Vamos criar o nosso próprio gosto de literatura, e não permitir que a mídia ou o mercantilismo faça isso para nós.

Participe do projeto Divulga Escritor https://www.facebook.com/DivulgaEscritor


Leo Vieira

Mercado Literário Foco

O

mercado literário é escorregadio, disputado e também decepcionante, se você realmente quer saber mais, antes de se aventurar nele. Pode ser que essa classificação não seja muito agradável logo de início, mas é o mais importante que você descubra até mesmo para que saiba o que realmente espera conseguir através dele. Você escreveu, tem o seu livro e decide enfim publicá-lo. Sua mãe e seus amigos elogiaram e disseram que você devia se tornar escritor. Isso aí não basta. Preste bem a atenção nesses momentos, se você realmente quer se aventurar ou apenas massagear o seu ego com uma publicação. Os críticos literários não vão passar a mão na cabeça de ninguém, ainda mais quando se é um autor iniciante. Se a carreira literária que você escolheu é apenas “vamos ver no que vai dar”, então será muito simples;

é só providenciar o registro na Biblioteca Nacional, revisão, diagramação, capa e encomendar um tiragem pequena em uma gráfica ou editora por demanda, com ISBN, código de barras e ficha catalográfica. Faça uma reunião com amigos em uma biblioteca ou pizzaria e convide um fotógrafo de um jornal para fazer uma foto e uma nota no jornal local. Você venderá uns quinze exemplares no dia (o que já é ótimo, porque garantirá o retorno do que investiu na impressão). O resto você poderá vender nos anúncios no blog. Agora, se você quer construir uma carreira literária, o caminho será mais espinhoso. Você terá que adotar alguns métodos e o investimento será maior também.Nas postagens seguintes, apresentarei métodos essenciais para que seu nome fique realmente reconhecido e respeitado no mercado cultural literário. Não tenha pressa e seja sábio na caminhada, porque o sol ainda ilumina espaço para todos.

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Entrevista escritora Ana Stoppa Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Ana Maria Stoppa, natural de Santo André/SP. Ítalo/Brasileira, Advogada, Pós Graduada em Direito e Processo do Trabalho, PUC/SP, Escritora, Ambientalista, Ativista Cultural. Obras Publicadas: “Diagnóstico”, 1989, “O Silêncio dos Porta-Retratos”, 1º Edição 2012. No prelo: Publicações bilíngues: português/italiano:, 2º Edição “O Silêncio dos Porta Retratos”, 2013, “Mosaicos de Sabedoria 2013”. Prêmios: 1º. Lugar, Concurso de Literatura Infantil Secretaria de Educação e Cultura de Barueri/SP, com a obra “Lelé, o Navegador dos Sonhos”, 5º lugar - VIII Concurso Literário: Poesias Sem Fronteira, com o poema “Varal dos Enlutados”, 2º. Lugar- I Concurso de Poesia Infanto30

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-juvenil “Mãos que Falam” Salvador/BA, Projeto Alma Brasileira com o conto “ Cristal, A Corujinha Cantora”. “Deixo como mensagem para todos os queridos leitores a última que pedi para minha saudosa mãe, quando em janeiro deste ano ao pedir-lhe uma mensagem de Ano Novo ela fitou-me serenamente e disse-me: - É simples Ana Maria..... Perdoar.....Sempre!!!! Mais que poesia, mais que inspiração, mais do que livros, porque apenas conseguimos nos fazer entender nos versos se estamos em paz, sob todos os aspectos.” Boa Leitura!

Escritora Ana Stoppa para nós é um prazer tê-la conosco no projeto “Divulga Escritor”, conte-nos, em que momento você começou a escrever seu primeiro livro? Qual a sensação de ter seu primeiro livro em mãos? Ana Stoppa -Escrevo desde a adolescência, época em que sequer imaginava publicar um livro. Entretanto, nos anos 80 quando comecei a publicar esporadicamente artigos e poemas em jornais nasceu a ideia de escrever o primeiro livro. Com os poemas prontos decidi oferecer a renda da edição para um projeto de cunho social. Assim nasceu em 1989 ” Diagnóstico”, meu primeiro livro. Duas edições totalizando 2.000 exemplares com a renda totalmente revertida para o Projeto Polio Plus do Rotary Internacional destinado a erradicar a paralisia infantil da face da terra. A sensação de uma imensurável felicidade pude sentir na noite de lançamento, quando mostrei ao meu saudoso pai que mesmo adoentado esteve presente. No olhar dele banhado de lágrimas pela emoção ao ver seu sobrenome estampado na capa, em seguida muitas lágrimas e tomada de forte emoção pude compreender que um novo caminho nascia em minha vida. Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas? Ana Stoppa -Escrevo para adultos


e crianças. Acredito na esperança tudo é possível quando nos propomos a seguir os objetivos. Vejo o conhecimento como algo libertador e a importância dos valores morais, da solidariedade, da família, do amor ao próximo, da simplicidade, do perdão e da compreensão como essenciais para trilharmos o breve existir. Penso também que não viemos a este mundo apenas para viver a própria existência, não teria sentido. Recebemos o dom da vida, para de alguma forma fazermos algo pelo semelhante, a escrita é uma grande possibilidade, pois através dos textos compartilhados podemos ser o alento, a esperança ou a felicidade, dentre tantos sentimentos a tocar a alma do leitor. Nesta direção pauto o caminhar na seara das letras. Fale-nos um pouco sobre o seu livro “O Silêncio dos Porta-Retratos” ? Ana Stoppa -Meu segundo livro, publicado em 2012 nasceu do poema que deu o título à obra., ao observar porta-retratos com as imagens estáticas, amareladas pelo tempo, das pessoas queridas que se foram veio a imagem de o quão bom seria na magia da inspiração libertá-las das molduras, dever-lhe a vida para viver o que não foi vivido… Saudade…Sonhos… A segunda edição está no prelo – uma triagem limitada, capa dura, edição bilíngue, português/italiano. Ana, você estará lançando agora em setembro um livro bilíngue “Mosaicos de Sabedoria” ou “MosaicidiSapienza”. Que temas você aborda neste livro? Ana Stoppa - Sim será lançado na cidade de Taranto, na Itália. O projeto nasceu a partir de um encontro com poetas italianos do qual participei em junho passado na cidade de

Roma. Como recebi o convite para estar em setembro em outro evento veio a ideia de lançar um livro bilíngue português/italiano. Também pesou bastante o fato de minha família ser de origem italiana, na obra presto homenagem póstuma aos meus antepassados, ao patriarca, ( meu bisavô paterno) GiacintoStoppa que desembarcou no Brasil aos 08 de junho de 1886. Neste livro que publico selecionei poemas cujas mensagens são de esperança, coragem e alegria. O lançamento no Brasil ocorrerá na Feira do Livro de Porto Alegre em novembro próximo. Onde podemos comprar os seus livros? Ana Stoppa -Disponível no momento ” O Silêncio dos Porta Retratos”, R$ 35,00 (os demais ainda no prelo). Para adquirir: anamstoppa@hotmail.com Escritora Ana Stoppa você, hoje, participa de várias Academias literárias, na sua opinião, quais os principais trabalhos que são desenvolvidos pelas Academias no Brasil? Ana Stoppa - Quando somos acadêmicos correspondentes a atuação limita-se ao envio regular de textos para publicar. No entanto, considero bastante válido pois é uma forma de divulgação do trabalho. Mas na Academia Nacional do Portal do Poeta Brasileiro, onde ocupo a Cadeira n. 43, temos atividades constantes, dentre elas a criação de núcleos de poetas nas regiões dos respectivos acadêmicos. Participamos de movimentos sociais, como caminhadas poéticas, realização de saraus, publicação de antologias ou obras individuais, e a diretriz de nossa Presidente é a valorização do poeta vivo.

Ana Stoppa -Conte-nos qual o principal objetivo do projeto “Primavera Plante, o Planeta agradece”? Quais as principais atividades desenvolvidas pelo projeto? Quem pode participar? Ana Stoppa -Shirley, tenho três sites, um deles www.ambientalistaanastoppa.org o qual tenho a honra de estar como link no blog do Solar dos Poetas no Planeta Azul onde publico sobre meio ambiente. Há seis anos desenvolvo um trabalho voluntário em prol do meio ambiente na base, ou seja na comunidade estudantil do ensino fundamental e médio através da realização de concursos de redação e cartazes e plantio de árvores. è um trabalho pequeno, apresento os temas e as escolas segundo o regulamento indicam um de cada classe para receber o Certificado de Honra ao Mérito, entendo isso como essencial para desenvolver o civismo. Até o ano passado a OAB Mauá participou apoiando. Neste ano o projeto sai com apoio da ANLPPB e REFEMA. Será viabilizado por ocasião da primavera na cidade de Mauá/SP com cerca de 10 escolas estaduais. Mas aqueles que quiserem aplicar o projeto desde que mantenham o crédito da Autora está liberado. Ana, quais seus próximos projetos literários? Tens plano para publicação de novos livros? Ana Stoppa -Assim que concluir o projeto dos livros bilíngues trabalharei para a publicação de literatura infantil, algo bem mais dispendioso, pois, temos que contar com o trabalho do ilustrador, o que encarece a obra. Além dos livros está em andamento um projeto para a produção de uma peça infantil e a musicalização de poemas para o mesmo público. Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil? Ana Stoppa -Um trabalho de valorização para a importância do hábito da leitura na comunidade escolar. O mundo virtual mostra tudo em um simples click mas estamos muito longe de descartar o livro convencional. Entretanto não podemos fechar os olhos para a realidade e nesta esteira vejo como uma grande possibilidade de expansão do mercado literário a produção de livros eletrônicos, a exemplo dos jogos de computador, pois esta forma reduz o custo possibilitando o acesso para maior número de leitores. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto “Divulga Escritor”, muito bom conhecer melhor a Escritora Ana Stoppa, que mensagem você deixa para nossos leitores? Ana Stoppa -Prezada Shirley Cavalcante, parabenizo-a pela criação deste importante projeto, muito bem elaborado por sinal, ao tempo em que agradeço pela oportunidade ímpar que me foi concedida para aqui registrar um pouco da minha carreira literária. Deixo como mensagem para todos os queridos leitores a última que recebi da minha saudosa mãe, quando em janeiro deste ano ao pedir-lhe uma mensagem de Ano Novo ela fitou-me serenamente e disse-me: – É simples Ana Maria….. Perdoar…..Sempre!!! Finalizo compartilhando o pensamento de que na poesia, mais que inspiração, mais do que livros, ou títulos, é essencial para a criação dos textos estamos em paz, sob todos os aspectos.Recebam todos o meu fraternal abraço. Ana Stoppa. site: www.anastoppa. prosaeverso.net 32

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Participe do projeto Divulga Escritor https://www.facebook.com/DivulgaEscritor


Ana Stoppa

Panorama Cultural A Arte de Educar Educar é dom, é missão divina. Educar é deixar a própria existência renegada a um segundo plano, para fazer do magistério a razão maior da vida. Educar carece de fé, amor, perseverança e paciência. Educar, se assemelha a semear -o momento exato de preparar a terra, de adubar, de aguar, de verificar o tipo de solo, as possíveis pragas, os defensivos. Educar é esperara semente germinar - umas se apressam em brotar, nascem viçosas, crescem, quase que sozinhas, florescem e frutificam à vista do agricultor, sem perigo de pragas, sem perdas na colheita. Outras, demoram, precisam de cuidados constantes, de olhos atentos quanto às possíveis infestações. Os frutosnascem aos poucos, tímidos e mirrados. Educar exige principalmente o exercício diário da compreensão e do perdão. Educaré repentinamente perder o chão, ante uma atitude imatura do educando, ante à afronta – quando no fundo tais comportamentos revelam por assim dizer um pedido de socorro. Educar exige o pulso firme, como o dohomem do campo, que mesmo penalizado se vê obrigado à po dar, à aparar a planta para florescer. Educar é missão, e como tal conduzida pelo desíg-

nio divino, pela Providência. Educar é oferecer a mão amiga, a palavra de acalanto, é saber apreciar o perfume da rosa, apesar de tantos espinhos. Educar é abraçar, é exercitar diariamente a compreensão. É regar a planta que teima emnão germinar, com a água da vida, a água do perdão, a água do amor. Educar é preparar a geração futura na transitoriedade da breve existência, é ter a certeza que pelo viver cotidiano, dia a dia o mundo fica melhor. Educar é ter sempre no coração, mesmo nos momentos mais difíceis, quando a seca de incompreensão teima embrotar, a certeza do dever cumprido. Educartraduz em felicidade o mínimo progresso do educando, revigorando a paz interior, quando se encontra frente à frente com o Pai maior nos momentos de oração. É sentir na almaa superação das barreiras, a compreensão do incompreensível, o revigorar das forças. A terra é árida, as sementes são muitas. Educar é saber que, não importa o tempo,mas as sementes germinarão, ainda que lançadas sobre pedras, posto que o amor atinge a mais resistente das rochas. Afinal, somos parte do mesmo Universo!

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Entrevista escritor Dilson Macedo Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Dilson Macedo, escritor espírita, palestrante, e educador como professor universitário há 25 anos no centro universitário de Barra Mansa – RJ, autor de dois livros: O Orvalho Sob a Luz e O Alvorecer Espiritual. Escritor Dilson Macedo revela como começou a psicografar, em entrevista o escritorfala um pouco sobre seus livros e sobre seus próximos trabalhos Literários, trazendo para o leitor uma agradável leitura no caminho da espiritualidade. “Um trabalho que requer muito amor em nossos corações, pois somente através dele, podemos atingir as pessoas, respeitando e ajudando em todos os momentos que somos acionados para prestar a nossa caridade ao próximo.” Boa Leitura! 34

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Escritor Dilson, para nós é um prazer ter você conosco no projeto Divulga Escritor, conte-nos, quando começou a escrever? Em que momento decidiu ser escritor? Dilson Macedo - Devido a minha mediunidade,desde criança, teve um desenvolvimento e somente a partir de 2004, foi que psicografei a primeira mensagem, 03.09.2004, através da Espiritualidade Maior – O Alvorecer Espiritual. Daí em diante foram inúmeras mensagens que sempre foram passadas para os meus amigos na Rede Sociais e por sugestão de muitos amigos, que aceitavam as minhas mensagens, resolvi tornar-se um escritor espírita com os livros que estou psicografando, tendo já dois editados. O que mais lhe inspira a escrever? Dilson Macedo - Na verdade, é passar as mensagens sempre de auto-ajuda que vem brotar da Espiritualidade. Com isso estou sempre pronto a psicografar e conforme orientação espiritual na divulgação para todas as pessoas do meu círculo de amizade. Isso na verdade tem me ajudado muito a crescer em todos os sentidos, seja moral, emocional, educacional, material e espiritual. Quais são as suas referências literárias? Que autores influenciaram em sua formação como escritor? Dilson Macedo - Sempre baseadas

nas obras básicas de Allan Kardec – num total de 5 livros que foram a base para a Doutrina Espírita. O Livro Dos Espíritos, O Livro Dos Médiuns, O Evangelho Segundo O Espiritismo, A Gênese e o Céu e o Inferno, em que foram mais de 15 anos de estudo sobre todas essas obras. Na verdade, foram sempre os médiuns que no decorrer desse tempo foram me influenciando com as suas obras literárias espíritas, como Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco, José Raul Teixeira, Richard Simonetti entre outros, com os seus mentores espirituais Emmanuel, Scheilla, André Luiz, Joanna de Angelis e muitos outros espíritos que sempre estão trazendo suas mensagens do além. Você hoje ministra várias palestras, Quais os principais temas que abordas? Como vem sendo a realização deste trabalho? Dilson Macedo - De modo geral, sempre estou me baseando no Evangelho de Jesus, onde tem os maiores ensinamentos da Doutrina Espírita, pois são passagens em que os Evangelistas Marcos, Mateus, Lucas e João, nos fazem tantos relatos da vivência de Jesus nos seus 3 anos de pregação doutrinária e da sua volta ao plano espiritual, com a certeza que teríamos sempre um retorno dos espíritos no decorrer dos séculos. Os temas de modo geral são sobre Deus, influências dos espíritos, Reforma Íntima, a Fé e a Prece,


O Evangelho no Lar, Reencarnação, Causas atuais e anteriores de nossas aflições, Caridade e amor ao próximo, Maria mãe de Jesus, mas tudo dentro dos ensinamentos do Evangelho de Jesus. De modo geral, sempre tenho uma palestra mensal nas casas espíritas em que trabalho em Barra Mansa e Volta Redonda – RJ, em um agendamento que as casas espíritas fazem para todo o ano – de Janeiro e a dezembro de cada ano. Sobre o que trata seu livro O Orvalho Sob a Luz? Que mensagem você quer transmitir ao leitor, a que publico é destinado o livro? Dilson Macedo - Na verdade, o primeiro livro pensava eu que seria o Alvorecer Espiritual do meu mentor espiritual Caio Cezar que foi a primeira mensagem psicografada em 03.09.2004, mas após a chegada da minha mentora Scheilla, trouxe um novo contexto em que abordaram vários temas da atualidade sobre família, perdão, amor ao próximo, paciência, saber viver e tem sido destinado a todos público, não existindo essa questão de religião, pois tenho amigos que são católicos, evangélicos e outras religiões que compram o livro, pois falam somente da vida no seu cotidiano. Nós espíritas, não temos discriminação com nenhuma crença e mesmo nas palestras é um universo de muitas pessoas que fazem parte de outras crenças. Seu segundo livro o Alvorecer Espiritual tem alguma ligação com o primeiro livro, o que diferencia um do outro? Dilson Macedo - Como disse anteriormente, veio somente complementar o que no primeiro livro O Orvalho sob a luz, com outras mensagens do meu mentor Caio Cezar, em que no

20 capítulos,logo a seguir Marcas do Passado, Horizontes Espirituais, Nossos Horizontes Espirituais e Mediunidades e as fases de nossas vidas, todos do Caio Cezar. Em 20 capítulos. Que estão prontos para serem editados no momento certo. Da Scheilla já tem um título a ser psicografado em 20 capítulos: A Realeza da felicidade do amor verdadeiro.

principio psicografada muito em forma de poemas, mas que com o tempo foi mudando e agora tem outra forma de transmitir suas mensagens. É bem mais da vivência de um mundo atual, com todas essas formas de violências, mudanças constantes que está acontecendo em todo o nosso planeta, preparando muitos de nós para essa grande mudança de um mundo de Provas e Expiações para um mundo de Regeneração. Creio que somente complementa as mensagens. Bem como o novo livro que está no prelo que chamar-se-á As Rosas Perfumadas no Céu da Scheilla que novamente irá nos trazer outras formas que buscamos para melhor o nosso interior e nos sentirmos, mas confortados com todos os problemas que estamos vivendo atualmente. O Professortem projetos para publicação de novos livros, quais são estes livros? Eles estão prontos para serem publicados? Dilson Macedo - Como já disse acima, o livro seqüencial será as Rosas Perfumadas no Céu da Scheilla, em

Escritor Dilson, onde podemos comprar os seus livros? Dilson Macedo - Pela Editora Livro Pronto, pela Livraria Cultura está à venda em S. Paulo e Rio de Janeiro. Em Barra Mansa e Volta Redonda em duas livrarias que tenho convênio. Livraria Veredas (Sider Shopping e Pontual Shopping ) em Volta Redonda e em Barra Mansa na Folhetim Livraria no Shopping Figorelle. Acabei de fechar com a Cia do Livro de Vassouras, Valença, Pirai, Barra do Pirai também para a venda. Algumas casas espíritas também têm os livros à venda em Barra Mansa e Volta Redonda, Mas a maior venda tem sido pelo Facebook em que vendo para todo o Brasil e também particularmente em que muitos me procuram para comprar os livros. Facebook: https://www.facebook. com/dilson.macedo.1 Que dica você dá para as pessoas que estão iniciando carreira como escritor? Dilson Macedo - Na verdade, nada é fácil, pois depende do nosso próprio financiamento e é bastante difícil nesse mercado, mesmo sendo espírita, que tem muitos adeptos, mas ainda não tem a prática de leitura constante. Todavia, vale a pensa ser persistente em todos os sentidos, seja através de divulgação das Redes Sociais, como o Facebook e Orkut, Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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como também através de e-mails para grupos de amigos. Confesso que o retorno é razoável, mas a gente na tem prejuízo. Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil? Dilson Macedo - Como educador, sinto que os alunos são bastante preguiçosos em questão de leitura, mas a gente tem trabalhado muito nesse sentido para que todos leiam pelo menos uns 4 a 5 livros por ano, mas é um trabalho demorado, pois a nossa Educação atravessa um momento bem difícil, devido também termos a concorrência da Internet que é um foco de grandes novidades, mas a leitura de um livro traz muitos benefícios do que a gente imagina. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, o projeto Divulga Escritor agradece sua participação, muito bom conhecer melhor o Escritor Dilson Macedo, que mensagem você deixa para nossos leitores? Dilson Macedo - Acredito muito que todos nós temos uma missão que nos dá o nosso Criador. Cada um de nós tem um dom que precisa ser burilado e ter o amparo do Divino Mestre Jesus e principalmente a nossa mudança interior, com mudanças constantes em nosso modo de ver, ouvir e falar com as pessoas. Um trabalho que requer muito amor em nossos corações, pois somente através dele, podemos atingir as pessoas, respeitando e ajudando em todos os momentos que somos acionados para prestar a nossa caridade ao próximo. Apesar das inúmeras crenças, creio que trabalharmos dentro do Evangelho de Jesus, tem condições de nos mostrar com todos os atributos 36

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de que tanto Jesus nos ensinou, em toda a sua pequena trajetória aqui na Terra, prestando caridade, amor do próximo, curando e principalmente na ajuda a todas as pessoas que estavam doentes da alma que realmente precisavam de ajuda para encontrar o caminho da paz, da saúde, do equilíbrio emocional e principalmente o espiritual, onde todos nós um dia estaremos no Reino de Deus após fazermos a nossa parte aqui na Terra, sob o corpo físico.

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Entrevista escritor Fábio Antônio Gabriel Fábio Antonio Gabriel, nascido em Quatiguá, PR, 1982, após dez anos na vida religiosa e faltando um mês para ser ordenado padre, renunciou ao ministério diaconal e passou a dedicarse ao ensino de filosofia e ao estudo da psicanálise. Possui formação em filosofia, teologia e psicanálise, com ênfase em estudos em ética, ressentimento, depressão, filosofia política, teoria dos valores. Entre outras atividades, atuou como professor de filosofia na Universidade Estadual do Norte do Paraná e professor no Colégio Rio Branco de Santo Antonio da Platina, PR, colaborador titular da Revista Ciência e Vida da Editora Escala, membro titular do Conselho Editorial do Instituto Diálogos em Mercosur, membro titular da ABRAFP – Associação Brasileira de Filosofia e Psicanálise. “O autor iniciante deve buscar uma editora que seja rigorosa na aceitação de originais, que tenha processo de seleção e que não cobre dos autores para publicar. A persistência talvez seja a melhor arma para quem deseja amenizar as dificuldades. Mas, quem realmente gosta de escrever, as dificuldades que se abrem, na verdade, são encaradas como desafios.” Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Fábio Antônio Gabriel, para nós é um prazer ter você conosco no projeto Divulga Escritor. Conte-nosem que momento decidiu publicar seu primeiro livro? Fábio A. Gabriel - O primeiro livro Filosofando, noções introdutórias, surgiu no momento inicial em que comecei a trabalhar com o ensino de filosofia no ensino médio e percebi as dificuldades dos alunos em assimilar conteúdos básicos de filosofia porque o material muitas vezes apresentava-se em linguagem hermética. Primeiramente, parecia um sonho difícil de ser realizado, mas foiconcretizado paulatinamente. Você deixou a Igreja faltando um mês para sua ordenação sacerdotal, poderia nos falar o motivo? Sofreu críticas por conta da sua atitude? Fábio A. Gabriel - Eu diria que a experiência do ministério diaconal me fez repensar as opções para minha vida e seguir um novo caminho. No caso, diante da dúvida, não hesitei em ser honesto comigo mesmo e lembro que meu bispo, na época, tentou dissuadir-me da idéia de desmarcar minha ordenação sacerdotal, mas se tivesse sido padre, naquele momento, não estaria sendo honesto comigo mesmo. Quanto às críticas, foram as mais diversas possíveis. Pessoas ligadas à Igreja, de diversas formas se manifestaram, até tomaram atitudes para complicar minha vida, uma espécie de retaliação, mas tenho como princípio ético que devemos ser autênticos. Quando ingressei no

seminário, realmente desejava ser padre, mas, ao aproximar-se o dia da ordenação, percebi que não me sentia tão convicto e não me arrependo de nada. Se fosse hoje, teria tomado exatamente a mesma decisão. Enfim, devemos ser autênticos, sinceros e que Deus continue nos amando sempre. O Papa aceitou meu pedido de dispensa e fui reduzido ao estado laical. Procuro, com a graça de Deus, ser um bom cristão. Que temas você aborda em seu livro: Filosofia e Educação: Um Diálogo Necessário? Fábio A. Gabriel - O presente livro tem como objetivo principal apresentar, por um conjunto de textos, diferentes visões e necessárias reflexões sobre o mundo da Filosofia e da Educação. Essas reflexões tiveram origem no mundo grego. Foram os filósofos gregos os precursores do diálogo em torno da Filosofia e da Educação na busca do verdadeiro sentido do mundo. O livro foi co-organizado com Cláudia Battestin e Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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reúne artigos internacionais sobre a temática. A apresentação do livro é do professor Silvio Gallo (UNICAMP) e conta com a participação dos autores: Angélica Silva Costa (UFU), Antonio Carlos de Souza (UENP), Aurélio Bona Júnior (UFPR), Carlos Willians Jaques Morais (UEPG), Cláudia Battestin (UFPel), Fábio Antônio Gabriel (UENP), Fernando de Brito Alves (UENP), Fernando Lopes de Aquino (Unicamp), GomercindoGhiggi (UFPel), Jorge da Cunha Dutra (UFPel), José Carlos da Silva (UENP), Kátia Cunha (UFU), Luciana Brito (UENP), Roselaine Bolognesi (Unicamp), Mauro Augusto Burkert Del Pino (UFPel) e Maria Eliane Rosa de Souza (PUC-GO). Em seu livro, Filosofando, Noções Introdutórias,segunda edição, publicado em 2010, vimos que lhe foram acrescentadas algumas páginas e a participação da escritora Karina Gaspar. Conte-nos o que diferencia a segunda edição da primeira? Fábio A. Gabriel -Na segunda edição de Filosofando, noções introdutórias, incluindo a contribuição da professora Karina Gaspar, mestre em filosofia pela UFRJ, trabalhamos aperfeiçoando o texto, revendo conceitos e também nesse período já estava atuando na UENP- Universidade Estadual do Norte do Paraná, no curso de filosofia, com a disciplina Ensino de Filosofia, e pude rever aquilo que havia escrito na primeira edição. Em breve pretendemos realizar uma nova edição aperfeiçoada. É sempre importante procurar melhorar. Escritor Fábio, de que forma você, hoje, divulga o seu trabalho? Fábio A. Gabriel - Aos poucos fomos ganhando espaço nas lojas das Livrarias Cultura, depois nas Livrarias 38

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Fábio A. Gabriel - As dificuldades para o escritor brasileiro são diversas; a principal é fugir de editoras que não são profissionais. O autor iniciante deve buscar uma editora que seja rigorosa na aceitação de originais, que tenha processo de seleção e que não cobre dos autores para publicar. A persistência talvez seja a melhor arma para quem deseja amenizar as dificuldades. Mas, quem realmente gosta de escrever, as dificuldades que se abrem, na verdade, são encaradas como desafios.

Curitiba, em algumas livrarias da rede Saraiva e também contamos com diversas outras iniciativas, sites que publicam o que colocamos. Hoje, quando divulgamos nosso nome no Google, podemos perceber o quanto se encontra presente em diversos sites que têm gentilmente divulgado o nosso trabalho, seja em relação aos nossos livros, seja em relação a artigos que publicamos mensalmente nos jornais. Em setembro estaremos com um novo site que possibilitará aos nossos leitores novos recursos de interatividade. Não tenho grandes pretensões de ser um escritor reconhecido, mas nos esforçamos para que nosso trabalho esteja disponível para quem desejar conhecê-lo. Vimos que você já publicou por diferentes editoras. Conte-nos: que dificuldades você encontra para a publicação de seus livros? O que você acredita que deve ser feito para amenizar essas dificuldades?

Onde podemos comprar os seus livros? Fábio A. Gabriel - Sobre a aquisição dos meus livros, sugiro visitar meu site que tem links para aquisição e dados sobre os livros. De modo geral, eles podem ser encontrados, no Brasil, nas livrarias Cultura, LivrariasCuritiba, Livraria Travessa e, em Portugal, na Distribuidora Coimbra. O leitor que desejar receber o livro autografado, na medida do possível, atenderemos a todos os emails pelos endereços: Fabio.gabriel@uenp. edu.br ou fabioantoniogabriel@ gmail.com Site: www.fabioantoniogabriel.com Quais seus próximos projetos literários? Fábio A. Gabriel - Na Bienal do Rio, no final deste mês de agosto, lançaremos Reflexões filosóficas sobre o amor, EditoraIntelectus. É uma coletânea de reflexões sobre o amor. Meu primeiro livro de poemas. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação, muito bom conhecer melhor o escritor Fábio Antônio Gabriel. Que mensagem você deixa para nossos leitores? Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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Fábio A. Gabriel - Deixo um poema que se encontra no novo livro. Por uma ética do respeito Fábio Antonio Gabriel A ética do respeito começa pelo você, não pelo eu. São tantas as manifestações éticas, são tantos os códigos morais, mas a verdadeira ética é a do respeito humano. É necessário respeitar o sentimento alheio, É importante respeitar as crenças do outro. O “Outro” é sempre “Outro”. A ética do respeito passa pelo entendimento de que nossos valores não são universais, por mais que os apreciemos. Não podemos nos valer da pretensão de acreditar que uma religião é a verdadeira, tão somente porque é aquela que professamos. Não precisamos converter o Outro, basta respeitá-lo e respeitar as convicções que movem esse Outro! Entendamos e respeitemos que cada um escreve a sua história, cada um tem seus amores, cada um tem seus caminhos. Esforcemo-nos por não magoar as pessoas. Amemos... Respeitemos... E o resto é resto

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Dr. Marconi Pequeno

Literatura Filosófica

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latão (427-347a. C.) nasceu em Atenas e pode ser considerado como um dos mais importantes filósofos do pensamento ocidental. Sua obra aparece, sobretudo, sob a forma de diálogos nos quais ele utiliza a dialética e a maiêutica como procedimentos metodológicos herdados de seu mestre, Sócrates. A reflexão de Platão envolve os dominios da teoria do conhecimento, psicologia, moral, política e estética. Para ele, o homem está imerso em duas realidades : a inteligîvel e a sensível. Está noção é conhecida como a Teoria das Idéias ou Teoria das Formas. Tal postulado é considerado como uma das mais importantes contribuições de Platão à filosofia. Com efeito, o filósofo sugere que o mundo sensível é o mundo das aparências, dos simulacros, sendo ainda uma cópia do mundo das ideias, o qual é constituido por formas puras, fixas e imutáveis que só podem ser conhecidas por meio de um exercício intelectual de reminiscência baseado na razão (logos). Platão, com isso, instaura um dualisto entre o mundo das formas perfeitas (reduto do ser) e o mundo das coisas perecíveis, provisórias (realidades mundo físico). As ideias (ou formas) são as essências eternas que podemos conhecer mediante o uso da razão. O conhecimento pode ser tomado como toda crença verdadeira justificada. Platão afirma que a verdade seria obtida mediante o procedimento dialético destinado a revelar a verdade antes escondida no interior do indivíduo. Para tanto, ele elege aquele que seria a o mais apto a adquirir esse conhecimento e, consequentemente, governar a pólis: o filósofo. Em sua República, Platão

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demonstra as virtudes e atribuições do que ele chama de rei-filósofo. Segundo Platão, a alma existia antes de se deixar aprisionar pelo corpo, continuando a existir após a morte até voltar a habitar um outro corpo preste a nascer. A alma, por meio de uma exercício de reminiscência, contempla a verdade que reside no mundo das formas. Conhecer, em Platão, significa relembrar. A alma, diz o filósofo, se encontra temporariamente aprisionada no corpo material, alienando-se da verdadeira realidade. O indivíduo deve, então, transcender esse estado e tornar-se livre das inclinaões, apetites e paixões que constituem o corpo e, com isso, admirar as formas inteligíveis, dentre as quais se destaca a ideia de Bem. O pensamento platônico influenciou decisivamente a cultura ocidental, tendo ainda repercussões sobre a matemática, as ciências, as artes e a religião. A sua filosofia se faz presente em nossa cultura, de modo que muitas de suas ideias continuam a servir de referencias teóricos aos estudos de psicologia, ética, teoria política e sociologia.


Entrevista escritor Francisco Mellão Layara O Escritor Francisco Mellão Laraya, conhecido como Tito,mora em São Paulo, nasceu com 100% de surdes no ouvido direito e 70% de surdes no esquerdo, graças a uma cirurgia aos 14 anos, recuperou a audição só do ouvido esquerdo, é apaixonado pela leitura. Quando começou a escutar iniciou o curso de violão clássico no Conservatório Beethoven, aonde se formou, fez pós em interpretação no Mozarteum, Direito na USP no Largo São Francisco, especialização em Mercado de Capitais na Pace university. Fez a faculdade de direito por que queria ser escritor, mas é muito difícil se manter como tal, só depois de mais velho é que assumiu o gosto pelo dom. Livros editados: Textos Barrocos, Exames, Tito e o pé de Sonho, A Descoberta: O não tempo, O Grão de Areia. “Eu gostaria que houvesse um incentivo maior a popularização da cultura, mais livros sendo entregues em bibliotecas, o saber é universal, não pode ser sempre poder de uma elite. Um povo mais culto, é um povo mais consciente e mais difícil de ser dominado por inescrupulosos.” Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Francisco, é um prazer tê-lo conosco no projeto Divulga Escritor, conte-noscomo começou seu gosto pela escrita? Francisco Mellão Laraya – Tito - Primeiro gostava de contar estórias, desde pequeno, minha mãe guardava consigo, depois me entregou, as estórias que aos 2 anos contava a ela, sempre tinham um fundo moral. No primário ganhei um prêmio do Governo do Estado de São Paulo de redação, era a melhor daquele ano, aí a gostar de me exprimir escrevendo, esta paixão tomou conta de mim no início do colegial. Quando escolhi a faculdade, tinha que ser a de Direito do Largo São Francisco, berço de

escritores, poetas, etc... Não queria ser advogado, queria ser escritor. Este sonho, abandonei por anos, só com a maturidade, fazendo uma limpeza no meu passado que me auto descobri, aí me reinventei. O que mais lhe inspira a escrever? Tito - O quotidiano, meu escrever é o rito do eterno desabafo, por que meu papel não chora, não me repreende, apenas compreende, conto e choro a ele as minhas coisas mais íntimas, e ele vai clamando a cada espaço em branco por mais palavras, vou escrevendo o que falta, ora fácil, às vezes aos trambolhões, como o meu pensar, o meu sentir. Quais são as suas referências literáRevista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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rias? Que autores influenciaram em sua formação como escritor? Tito - Nasci surdo, meus amigos eram os livros, achava, desde cedo, bonita a palavra escrita, lia tudo o que me vinha na mão, minhas avós também eram apaixonadas pela leitura, e meu pai também, de modo que tinha uma coleção de clássicos para ler, e era ali que eu deliciava o meu intelecto. Aos 15 comecei, graças a uma cirurgia a escutar, aí sinto vontade de transmitir meu mundo, e a forma, palavras escritas. Asinceridade e forma de escrever de Fernando Pessoa, muito me influenciou, achava ele o máximo, e se tem alguém que me levou a escrever da forma com que faço: foi ele. Também me influenciou o romance do Drácula e sua escrita impressionista, bem como Simon Tigel no Jornal de Um amante, e esta é a minha forma, escritor impressionista, aonde precisa de uma cor, eu ponho a que completa e o leitor que imagine. O livro “Tito e o Pé de Sonho”e “Exames” foi publicado em Portugal, o que diferencia um livro do outro? Tito - Enquanto Tito e o pé de sonhos, conta um mundo meu, e com queria que ele fosse, Exames, de uma certa forma é meu auto retrato, conto a estória de um amor, para falar de mim, para me definir e me explicar como ser humano, já o primeiro é um grito de liberdade de atenção sobre o mundo como está. Quais seus novos projetos literários? Vem novos livros? Tito -Tenho , em Portugal, o lançamento de uma antologia, Palavras de Cristal, os meus textos são sobre espelhos, depois este ano ainda “A Descoberta: O não tempo”, a descoberta da divindade nas pequenas 42

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ror, foi o mesmo para retirarem ele de circulação, aí, apesar de brasileiro, me voltei para Portugal e Comunidade Européia. Onde podemos comprar os seus livros?. Tito - No site da Wooks,e da Bertrand, em Portugal se acha para vender, são vendidos online e são entregues pelo correio na casa de quem comprar. Meu e-mail é larayaescritor@hotmail.com

coisas da vida. Duas Antologias na Itália, uma fala de Amor, e a outra uma recontagem de contos de fada. Uma curiosidade, porque Tito, podemos dizer que este é seu nome artístico? Tito - Tito, é o meu apelido, trago ele desde a mais tenra idade, aspessoas me conhecem mais por Tito. Cheguei, um dia escrever, em um poema que queria ser apenas um Tito de quatro letras e só. Tito como foi publicado o seu primeiro livro? Quais as dificuldades para conseguir publicar sua primeira obra? Tito - A publicação foi fácil, havia alguns textos auto biográficos, artigos, e um trabalho de forma resumida sobre o mais controvertido julgamento da história, o Julgamento de Jesus, este livro teve até artigo falando sobre ele em jornal, havia um texto que chamava atenção dos evangelhos apócrifos e como foram escolhidos os 4 bíblicos,o motivo para tanto fu-

Que dica você dar as pessoas que estão iniciando carreira como escritor? Tito - Ler muito para ter assunto e se encontrar como escritor, e escrever muito, para ter uma maior empatia com o escrever, no começo é difícil , depois flui. Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil? Tito - Eu gostaria que houvesse um incentivo maior a popularização da cultura, mais livros sendo entregues em bibliotecas, o saber é universal, não pode ser sempre poder de uma elite. Um povo mais culto, é um povo mais consciente e mais difícil de ser dominado por inescrupulosos. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação, muito bom conhecer melhor o Escritor Francisco Mellão Laraya (Tito), que mensagem você deixa para nossos leitores? Tito - Eu vou deixar como mensagem, a minha maneira de pensar, “A literatura tem cunho social e moral, é assim que ela se justifica como arte”.

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Francisco Mellão Laraya

A Vida em Partes Eu sou a voz que clama no deserto!

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voz de um rosto perdido na multidão, que como ela tem clamores de justiça, de ser reconhecida como ser humano, de ser tratada de um modo mais humano! Enquanto o deserto das aparências, representado pelas vontades das classes dominantes, que se caracterizam pelo ar ides de pensamentos e sentimentos. Lá uma vida, uma individualidade não tem sentido; estático fica transformando cada ser humano em um número. Números que aparecem nas estatísticas dos manifestantes, dos necessitados, dos injustiçados, dos desolados... Homens e mulheres desolados, por passarem a ser uma massa sem rosto, manipulada ao bel prazer das pesquisas, servindo sempre ao nefasto interesse das minorias que dominam o mundo. Poucos imaginam que aquela face que aparece nas

fotografias que ilustram a reportagem, muitas vezes distorcida, representa uma vida, com amores, dissabores, verdades, conquistas e derrotas. Verdades estas distorcidas ao favor de um falso bem estar, vivido conforme o falar da mídia, deixando toda humanidade daquele rosto, daquele ser, de lado. Pretendo ser, sempre, a voz de cada um em sua individualidade, em um mundo que o ser humano foi excluído da grande festa dos números, onde deixou de ser um, para ser mais um. Mais um que fala mais um que pensa, mais um que sente... E a vida se desenrola, desabrochando em partes, nas folhas do meu escrever, na forma do meu ser. O primeiro a falar assim foi João Batista, que teve sua cabeça entregue ao capricho das classes dominantes. Pretendo que tal fato não aconteça comigo, mas se tal acontecer, que o meu escrever sirva para honrar cada um, para valorizar cada ser, para individualizar a massa, para conscientizar o ser e para diminuir o sofrer!

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Entrevista escritora Joyce Cavalccante Joyce Cavalccante é uma atuante escritora do nosso tempo. Autora de dez livros de ficção. Participante de mais de uma dezena de antologias. Suas obras estão traduzidas em cinco idiomas. É presidente daREBRA-Rede de Escritoras Brasileiras. Nasceu em Fortaleza, Ceará, Brasil. Mora em São Paulo há alguns anos, cidade aonde vive em estado de permanente criação. Em entrevista ao projeto “Divulga Escritor” a escritora nos conta sobre sua trajetória literária, seus novos projetos e algumas curiosidades bem interessantes sobre alguns fatos que fazem parte da sua vida. “A minha pretensão é interagir com o leitor. Que ele se aposse do livro e seja co-criador da minha criação. Pois para que a magia se realize são necessários dois seres, assim como no ato do amor.” Boa Leitura!

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mance “De Dentro Para Fora”, meu primeiro livro publicado. Acariciei-lhe a capa e foi como se eu estivesse adquirindo permissão para seguir adiante com essa aventura sagrada, essa licença para imitar Deus. Mas o mais incrível é que essa mesma emoção costuma se repetir em todas as vezes que seguro o primeiro exemplar de cada uma das minhas dez publicações, acaricio-lhe a capa e o céu se abre em bandas para me receber.

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Joyce Cavalccante para nós é um prazer contar com a sua participação no projeto “Divulga Escritor”. Conte-nos em que momento você se sentiu preparada para publicar seu primeiro livro? Joyce Cavalccante - Desde sempre eu já pressentia algo estranho em mim. Coisa assim como se soubesse que eu iria ser escritora. Ainda muito pequena já demonstrava um fascínio inusual pelo exercício das pequenas composições infantis. Posso até dizer quando tudo começou. Foi quando apontei meu primeiro lápis. Como foi ter seu primeiro livro em mãos? Joyce Cavalccante -Como você pode imaginar, fiquei em estado catatônico quando pude ter em mãos o ro-

O que mais lhe inspira a escrever? Joyce Cavalccante -Tudo. O próprio ato de viver já é uma inspiração que pode, a qualquer momento, desatar dentro de mim a cascata criativa. Daí não tem mais volta. Sem outra opção, sento diante do teclado e faço o que tenho que fazer: Aprisiono as palavras numa folha de papel. Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas? Joyce Cavalccante -Eu, particularmente, não me preocupo com isso. Querer atingir as pessoas propositalmente é o mesmo que querer colonizá-las. Não foi para isso que me inventaram. A minha pretensão é interagir com o leitor. Que ele se aposse do livro e seja co-criador da minha criação. Pois para que a magia se realize são necessários dois seres, assim como no ato do amor. Escritora Joyce, você hoje tem diversos livros publicados, conte-nos qual o livro que você demorou mais


tempo para escrever? Que temas você aborda neste livro? Joyce Cavalccante -Como a maioria de meus livros são romances, eu levo muito tempo para concluí-los. Depois de prontos, ainda os guardo para reler uns meses mais tarde e avaliar o que fiz. Só depois mando para a editora. Creio que o mais demorado foi o “Inimigas Íntimas”. Sentei para escrever um conto, e esse conto não tinha fim. Foi assim que se transformou em um romance de mais de 400 páginas. É interessantíssimo. Ganhou o prêmio APCA. Se passa nos anos 50 e é a história de um fazendeiro nordestino que vivia maritalmente com quatro mulheres. Qual o livro que você demorou menos tempo para escrever? O que motivou você a escrever este livro de forma mais intensa que os demais? Joyce Cavalccante -Foi “Retalhos Místicos”. É um livro erótico. Está então explicado o entusiasmo? Onde podemos comprar seus livros? Joyce Cavalccante -Eu sempre aconselho www.amazon.com. Lá você encontra edições em papel, e-book, audiolivro e algumas traduções. Também pode encontrar em www. americanas.com.br ou www.saraiva. com.br . E se quiser edições mais baratas tem o espetacular sebo: www. estantevirtual.com.br. Nas livrarias tradicionais, provavelmente, você não os encontrará, porque nelas só vendem café. Quais são os próximos projetos literários da escritora Joyce Cavalccante? Joyce Cavalccante -Está no prelo um livro infanto-juvenil para ser lançado na Feira de Bologna, Itália, em março de 2014; quando o Brasil será o

proposta, acesse o site: www.rebra. org. E se considerar que poderemos agregar valores ao seu talento, sinta-se convidada a juntar-se a nós, pois: “A chama de uma tocha, se utilizada para acender uma outra tocha, irá multiplicar a luz em vez de roubá-la”.

país homenageado. E, atualmente, debruço-me sobre um lindo romance que está me tirando o juízo. Você, hoje, é presidente da Rebra – Rede de Escritoras Brasileiras, quais os principais objetivos da Rebra? Que tipo de trabalhos são desenvolvidos por esta Organização? Joyce Cavalccante -A REBRA-Rede de escritoras Brasileiras é uma organização sem fins lucrativos, cuja missão é divulgar a literatura feminina do Brasil. No cumprimento dessa missão ela foi criada para ser uma potente ferramenta de divulgação dos nossos valores literários de autoria feminina. Foi fundada no último ano do século passado. Sua primeira ata foi lavrada em 08/03/1999. E nesses quase 14 anos de incansável exercício, podemos contabilizar mais de 4000 associadas, cobrindo todo território nacional e mais representações em 10 países nos cinco continentes. Entre os nossos inúmeros serviços, estamos em vias de publicar nossa décima primeiraantologia pelo SER-Selo Editorial REBRA, em parceria com a Scortecci Editora. E jápublicamos duas antologias em francês em parceria com a DivineÉdition. Preparamos nossa presença na Feira Internacional de Frankfurt 2013, quando o Brasil será o país homenageado. E vem por ai muito mais. Se você é uma escritora está interessada em saber mais sobre a nossa

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil? Joyce Cavalccante -Só precisamos continuar caminhando. Acho que já encontramos o caminho certo. Sinto que deslanchamos. Chegou a nossa vez. Tudo isso não seria possível sem a Internet. A auto publicação chegou para revelar os talentos que estavam sufocados pelo gargalo das grandes editoras. E a distribuição está deslizando na ponta dos nossos dedos. Além de ser uma pessoa otimista, estou entusiasmada com esse momento. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação, muito bom conhecer melhor a Escritora Joyce Cavalccante, que mensagem você deixa para nossos leitores? Joyce Cavalccante -Nunca deixem de expandir suas almas, e a melhor maneira de fazer isso é lendo. Deixo também meus agradecimentos pela atenção e um convite para conhecerem mais e melhor o meu trabalho: www.joycecavalccante.com.br

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Entrevista escritor Manoel Lago MLLAGO(Manoel Luiz Lago Pereira) nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul em 1952. Formado em Direito e Sociologia, especializou-se em Administração de Recursos Humanos Públicos e Privados. Em função da sua atividade profissional veio para o Rio de Janeiro em 1983, onde assumiu a Diretoria de Recrutamento e Seleção da FESP/RJ – Fundação Escola de Serviço Público. Em 1986 foi convidado pelo eminente Professor Darcy Ribeiro, então Vice-Governador do Estado, para assumir a Diretoria de Desenvolvimento de Recursos Humanos da FAPERJ – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado, onde realizou a seleção do pessoal de apoio do 1º PEE – Programa Especial de Educação. Além de escritor é artista plástico, e atua como Consultor de Relações Humanas e Empresariais. Atualmente, assessora o Secretario de Municipal de Cultura de Maricá. “Um escritor é um pequeno empresário deve ter apoio financeiro para levar adiante as suas idéias. As editoras deveriam ter uma cota obrigatória para publicarem livros de escritores iniciantes. Literatura e arte em geral não devem ser encaradas como passatempo. O Brasil precisa ler mais.” Boa Leitura!

Mágico – Um Conto de Amor Incondicional.”

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Manoel Lago, para nós é um prazer tê-lo conosco no projeto Divulga Escritor. Conte-nos o que o motivou a escrever? Em que momento decidiu publicar seu primeiro livro? Manoel Lago -- Escrevo desde os 12 anos de idade, mas meu primeiro registro tem data de 29 de agosto de 1967. Tinha 15 anos à época. Foi um poema dedicado à minha avó Maria José, mãe de meu pai que havia falecido recentemente, a quem eu era muito apegado. Mais tarde, em função da minha atividade profissional, escrevi um manual de orientação para a busca do primeiro emprego. Tímido, preferia escrever em vez de falar. Um dia consultando um amigo escritor, ouvi o conselho: ”Queres ser escritor? Então dedica no mínimo 2 horas do teu dia para isto.” Comecei a praticar e quando chegou a hora, estava preparado para publicar o meu primeiro livro que foi Riacho

Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas? Manoel Lago -- Meu trabalho não é dirigido à um público específico. A inspiração vem e começo a escrever seguindo o que o coração vai ditando. Escrevo sobre a necessidade de nos amarmos para que possamos amar ao próximo e à Deus. Este é o único caminho para a transformação da humanidade. Creio que é esta a mensagem que tento transmitir através das palavras impressas no papel. De que forma você divulga, hoje, o seu trabalho? Manoel Lago -- Divulgo através de doações dos meus livros, pela internet e através de palestras quando solicitado. Escritor Manoel Lago, você hoje tem vários livros publicados, conte-nos qual o livro que demorou mais tempo para ser escrito e publicado? Que temas você aborda neste livro? Manoel Lago -- O livro que demorou mais foi Vontade Lógica. Não sei ainda se gosto deste livro. É pragmático demais. Mesmo assim, resolvi publicá-lo para me livrar dele(rs). O livro é de ajuda. Até porque, Auto Ajuda não existe. (Quem quiser saber por que leia o livro). SMC - Qual o livro que demorou menos tempo para ser escrito e publicado? O que o motivou a escreRevista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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ver de forma mais intensa que os demais livros escritos? Que temas você aborda neste livro? Manoel Lago -- Riacho Mágico sem dúvida. Escrevi-o em 25 dias. Estava em Recife. Como faço sempre, orei à Deus pedindo orientação para a minha vida. Acordei às 3 horas da madrugada com o livro na cabeça. Não parei de escrever um dia sequer até terminá-lo. Foi uma experiência fascinante e o resultado tem feito muita gente feliz. E a mim também, como a letra daquela belíssima musica de Adolph Green, Betty Comden e JuleStyne – MakeSomeoneHappy “Faça alguém feliz, faça apenas uma pessoa feliz e você será feliz também.” - O livro fala de transformação pessoal e do amor incondicional que devemos nutrir por nós e pelo próximo. Que dificuldades você encontra para a publicação de livros? O que você acredita que deve ser feito para amenizar estas dificuldades? Manoel Lago -- Um escritor iniciante tem muita dificuldade para publicar seus trabalhos. Vivemos num mundo capitalista aonde o lucro sempre vem em primeiro lugar. Hoje existem algumas formas de publicar sem muitos custos, virtualmente, por demanda. Mas vemos bons escritores desistirem de escrever porque não conseguem viver da literatura. As editoras são imediatistas, apostando apenas nos autores consagrados pela mídia. É uma questão de sistema. Além disto, em nosso país o público leitor é muito pequeno. Não existem estímulos efetivos para a formação desta clientela. Tem a ver com a personalidade de base da nossa classe política. Povo que lê é povo que sabe discernir, é povo que pensa, que sabe o que quer. - Preci48

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adiante as suas idéias. As editoras deveriam ter uma cota obrigatória para publicarem livros de escritores iniciantes. Literatura e arte em geral não devem ser encaradas como passatempo. O Brasil precisa ler mais.

samos de apoio financeiro do governo para fomentar mais a leitura para expandir o mercado e proporcionar maior investimento nas publicações nacionais. Onde podemos comprar os seus livros? Manoel Lago -- - Através do facebook, (Manoel Lago) no site http:// w w w. c l u b e d e a u to re s . co m . b r / books/search?utf8=%E2%9C%93&w hat=mllago&sort=&commit=BUSCA e também através do meu e-mail = malulape@bol.com.br. Quais seus próximos projetos literários? Manoel Lago -- - Estou escrevendo 4 livros atualmente. A continuação de Riacho Mágico; um romance surrealista; um livro de comentários bíblicos e um livro devocional. Tenho ainda a me cutucar a mente uma peça teatral tragicômica. Pretendo terminar tudo isto até o final deste ano. Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil? Manoel Lago -- - Além da acima citada formação de público, o fomento através de financiamento público, das publicações independentes. Devemos acabar com a hipocrisia de dizer que não devemos pensar em dinheiro quando se trata de arte! Um escritor é um pequeno empresário deve ter apoio financeiro para levar

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escritor Manoel Lago, que mensagem você deixa para nossos leitores? Manoel Lago -- - Em primeiro lugar quero agradecer à você a oportunidade de falar sobre o meu trabalho. O que você está fazendo é um passo muito importante para o futuro da literatura neste país tão carente de cultura. - Aos leitores deixo uma reflexão: Nesta vida nada possuímos a não ser aquilo que está em nossa mente. A nossa existência será lembrada pelas nossas palavras e elas são decorrentes do que aprendemos de uma maneira ou de outra através da leitura. Leia mais, aconselhe as pessoas que você conhece a lerem, façam os seus filhos soldados da leitura e a humanidade será mais feliz! Obrigado.

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A Carlini&Caniato Editorial atua no mercado brasileiro há 15 anos, pro¬duzindo livros nas áreas de Litera¬tura, Direito, Economia, Sociologia, Antropologia, História, Fotografia, Artes, Turismo e Biologia. Suas obras são criteriosamente elaboradas, sempre primando pelo ineditismo e pela qualidade editorial de conteúdo e de acabamento. Em 2003, a Editora lançou o selo in¬fanto-juvenil “TantaTinta”, que atua nos gêneros de Literatura, Didáticos, Paradidáticos e Quadrinhos. Os editores, Ramon Carlini e Elaine Caniato, conduzem uma equipe de profissionais qualificados em produção editorial, engajados em viabilizar o conhecimento, pro¬duzindo livros com bom gosto e inteligência. Pode-se também considerar um diferencial da Editora o atendimento aos autores, com total transparência e proximidade no desenvolvimento das etapas de produção de um livro, além do profundo respeito à criação intelectual. Como resultado de um trabalho tão cuidadoso, os livros da Carlini & Caniato vêm sendo muito bem aceitos pelo mercado editorial, por professores, críticos literários, acadêmicos e público leitor em geral.

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Entrevista escritor Romulo Netto Escritor Romulo Carvalho Netto, com mais de 10 livros publicados, residente na cidade de Cuiabá – MT, jornalista. Foi servidor da Universidade Federal de Mato Grosso onde exerceu por vários anos a Presidência da Comissão Permanente de Concurso Vestibular. Posteriormente exerceu a Supervisão da Imprensa Universitária, chegando a ser Presidente da Comissão Editorial, que na realidade era a Editora Universitária. Foi um dos criadores da Revista Universidade. Aposentado, trabalhou por um ano e seis meses na Assessoria da Superintendência de Política Indigenista, órgão da Casa Civil do Governo do Estado de Mato Grosso. Coautor do livro Universidade Ameríndia – a moderna política indigenista de Mato Grosso. Por diversos anos escrevia, diagramava e imprimia artesanalmente seus livros de poesia. Atualmente dedica seu tempo à literatura buscando mostrar ao Sul Maravilha (eixo RioSão Paulo) que nos estados periféricos há bons escritores, falta-lhes a boa vontade de críticos e editoras em garimpá-los nos mais diversos estados. Em entrevista ao projeto Divulga Escritor o escritor Romulo Netto, conta-nos sobre sua trajetória literária, nos dá dicas e cita melhorias para o mercado editorial no Brasil. “A criança que cresce num lar onde ninguém lê, dificilmente adquirirá o hábito da leitura. Embora meus pais não lessem romances ou poesias, eles nos incentivaram a ler e ler. Éramos leitores vorazes. Hoje, os pais não mais compram livros para seus filhos, desde cedo dão a eles smartfones, ifones, ipads e a imensa parafernália tecnológica existente no mercado.” Boa Leitura!

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Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Romulo Netto é um prazer tê-lo conosco no projeto Divulga Escritor, conte-nos quando começou seu gosto pela escrita? Em que momento decidiu publicar seu primeiro livro? Romulo Netto - Meu gosto pela escrita iniciou no exato instante que tomei gosto pela leitura. Isto ocorreu quando tinha nove anos de idade. Venho de uma família humilde. Meus pais eram semianalfabetos, porém não descuidavam da educação dos livros. Papai era guarda-fios dos Correios, assinava o jornal Correio da Manhã, que demorava quatro dias até chegar em nossa cidade. Vendo meu interesse pela leitura permitiu que eu comprasse na Casa Rocha (armazém de secos & molhados), em Paracatu-MG, a maravilhosa coleção de livros infantis publicada pela da Editora Melhoramentos. Aos onze anos pulei para A Carne, de Júlio Ribeiro, Iracema, de José de Alencar, Dom Casmurro, de Machado de Assis e a fabulosa coleção Viagem Através do Brasil. Depois me enfiei na leitura de Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Carlos Drmummond de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral


de Melo Neto, Ariano Suassuna Érico Veríssimo, Aníbal Machado, Jorge Amado, Hemingway, Dostoievsky, Faulkner, Robert Frost e JerzyKosinski entre tantos outros. Da leitura para a escrita foi um passo. Meus poemas iniciais aconteceram quando tinha doze anos. De lá para cá apenas dei continuidade à vontade nata de escrever, razão pela qual escolhi o curso de Comunicação Social. Inicialmente publiquei meus trabalhos no mimeógrafo. Livro impresso mesmo só aconteceu em 1980, com Ameríndia. Tive a honra de receber em Cuiabá, o embaixador do Peru, no Brasil, RoccaZella, a embaixatriz e o adido cultural para o lançamento. Você hoje é autor de vários livros de poesia: Transitoriedade Palavra; Cidades Ciudades e Os Deserdados da Sorte que temas você aborda em suas poesias através de seus livros? Romulo Netto - “Cidades Ciudades” é um livro que escrevo sobre diversas cidades do mundo, mas das quais apenas conheço Brasília, Belo Horizonte, San Juan de Teotihuácan e México. Em “Transitoriedade Palavras” há um misto de poesia romântica (poemas escritos quando ainda era jovem) e poemas sobre um índio que sai do Xingu e vai morar debaixo de um viaduto em São Paulo, sua tristeza com a cidade grande e a saudade

da selva. “Os Deserdados da Sorte”, que eu tive o prazer de receber a seguinte mensagem do poeta Manoel de Barros; Recebi Os Deserdados da Sorte. Li com agrado seus poemas. Acho que quem apresenta o poeta é a poesia que o poeta apresenta. E nisso você está apresentado. Afetuoso abraço Manoel de Barros. Este livro está dividido em três partes. Na primeira os poemas versam sobre a dor da perda irreparável, da agonia de um rio. Na segunda, apresento um sobrevivente de um mundo desprovido de sonhos. A última parte: Um Chão de Quase Coisas, surgeFilisberto das Âncoras, pobre sertanejo, sem heranças e sem família, até que surge em sua vida HemengardaEpifânia e dá-lhe um Norte, doutrinando politicamente, fazendo ver e acreditar que para o faminto a cegueira de um olho é pior que a cegueira das letras. De forma geral qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas através de seus escritos? Romulo Netto - Escrevo para o público adulto, principalmente, mas estou trabalhando textos infanto-juvenis, tais como: O Mundo Encantado de Serapião Fala Mole, A Menina Sem Tranças, O Menino e a Peroba-Rosa e

É Proibido Ler, todos ainda inéditos. A mensagem que procuro transmitir é a da igualdade social, da luta do bem contra o mal. Nos inéditos abordo temas como racismo e bullying. Em que você se inspira para escrever seus livros de Contos: “Contos dos Gerais”; “As Jagunças”, “Filisberto das Âncoras”, “TatãoMalemais, o Capador de Anjos”, “Tarenço, o Capanga de Lata”, “Não Fala Comigo!” A História de um Autista; O Infinito Desespero de Ementério e Serapião Fala Mole? Tem algum livro que você destaca como o que mais se aproxima de uma história real? Romulo Netto - Na verdade livros de contos são apenas dois: Contos dos Gerais e Serapião Fala Mole. Os outros, exceção para Não Fala Comigo! A História de um Autista e O Infinito Desespero de Ementério, são romances.. Cada capítulo é como se fosse um conto e pode ser lido em sequência ou alternadamente, o leitor não sentirá nenhuma dificuldade ou embaraço na leitura. Em todos eles há um pouco de realidade, pois que descrevo muito da minha infância. Sou sertanejo e o sertão do Gerais das Minas está presente em cada página de meus romances e contos. Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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Escritor Rômulo, você é Coautor do livro: Universidade Ameríndia a moderna política indigenista de Mato Grosso, conte-nos um pouco sobre este livro, como surgiu a ideia de escrever sobre este tema? Romulo Netto - Quando trabalhava na Superintendência de Política Indigenista, órgão da Casa Civil do Governo do Estado de Mato Grosso, por força do ofício, mantive contato com índios de diversas etnias e senti a necessidade de tentar ajudá-los. Enveredei na pesquisa sobre indígenas em outros países e fiquei fascinado com o grande número de Colleges existentes nos Estados Unidos destinados aos chamados “peles vermelhas”. Então pensei, porquê não criar no Brasil, especificamente uma universidade onde somente os indígenas fossem seus alunos? Daí juntamente com os ex-indigenistasIzanoel Sodré, Idevar Sardinha e o cacique Aritana Yawalapiti, escrevi o livro Universidade Ameríndia – a moderna política indigenista mato-grossense. Seria uma universidade ímpar, cuidei de idealizar o câmpus em formato de uma aldeia indígena, apta a receber índios das mais diversas etnias brasileiras, latino-americanas, norte-americanas, o aborígene australiano e o negro tribal africano. Nessa universidade teríamos apenas quatro cursos: Cooperativismo, Administração de Empresas Rurais Indígenas, Gestão Ambiental e Turismo. Os cursos das universidades regulares seriam feitos através de intercâmbio. A universidade contaria com um Festival Interétnico de Música e Dança, uma Feira Interétnica de Artesanato, um Programa de Etnoturismo eum Fórum Permanente de Medicina no qual faríamos constantemente o encontro dos cientistas, médicos e pesquisadores brancos 52

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com os pajés para uma constante troca de conhecimento. Contaria com a participação de observadores de laboratórios farmacêuticos, que se comprometeriam em destinar um percentual dos ganhos obtidos com patentes de remédios os quais tenham o princípio ativo originado das plantas usadas pelos indígenas. A construção da estrutura física seria financiada pelos grandes empresários do agronegócio que possuíssem seus empreendimentos em terras contíguas às reservas. Criaríamos, também, a Bienal Internacional do Livro e da Literatura Indígena, a ser realizada, pela primeira vez em Mato Grosso e depois nos outros países que se dispusessem a sediar o evento. Infelizmente não houve vontade política por parte do governo para que a ideia prosperasse. Onde podemos comprar os seus livros? Romulo Netto - Pela internet na Livraria Cultura, Livraria Saraiva e na própria editora Carlini&Caniato Editorial, pelo e-mail comercial@tantatinta.com.br ou carmen@tantatinta. com.br Escritor Romulo, conte-nos sobre seus próximos projetos literários?

Quais os seus objetivos como escritor? Romulo Netto - Minha prioridade é tentar publicar os inéditos que são: Torturados – tempos de bullying, O Mundo Encantado de Serapião Fala Mole, O Último Minuto, Simplesmente Gerais, O Menino e a Peroba-Rosa, A Menina Sem Tranças, Bernardo, o Meu Cão-guia, É Proibido Ler, A Revolta dos Livros e Buritis. Enquanto escritor meu principal objetivo é furar o bloqueio imposto pela crítica e, os poucos programas de televisão que tratam da literatura, mostrando que nos estados periféricos existe vida literária. A literatura brasileira não é feita apenas no Sul Maravilha (leia-se eixo Rio-São Paulo). O Divulga Escritor tem tudo para ser nosso porta-voz. Você já trabalhou como presidente da Comissão Editorial na Universidade Federal de Mato Grosso, de acordo com sua experiência literária, quais as principais dificuldades que você destaca para os escritores no mercado literário brasileiro? Romulo Netto - Não tecerei comentários sobre os escritores do Sul Maravilha. Atenho-me apenas a situação em que me encontro enquanto escritor que reside em um estado perifé-


rico e só aparece quando o assunto é o agronegócio ou desmatamento. Acho um absurdo as livrarias abocanharem de quarenta a cinquenta por cento do preço de capa do livro, enquanto o autor fica apenas com dez por cento. As editoras dos estados periféricos são pequenas e quase nunca dispõem de recursos para investir na divulgação e distribuição. Ademais o público não quer saber da produção local, quer ler o que vem de fora, não se importando com a qualidade. Estrangeiro é sinônimo de bom para a grande maioria dos leitores. Enquanto um livro de renomado autor estrangeiro começa com tiragem de até 500.000 exemplares, os nossos têm apenas 2.000. Best-seller nacional é quem vende tão apenas 10.000 exemplares. Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil? Romulo Netto - Não é que o livro seja um produto caro, nas maioria das vezes não o é. É preciso uma mudança radical na educação de base, e, principalmente familiar. A criança que cresce num lar onde ninguém lê, dificilmente adquirirá o hábito da leitura. Embora meus pais não lessem romances ou poesias, eles nos incentivaram a ler e ler. Éramos leitores vorazes. Hoje, os pais não mais compram livros para seus filhos, desde cedo dão a eles smartfones, ifones, ipads e a imensa parafernália tecnológica existente no mercado. Lembro-me de que participei de uma única feira de livro no interior de Mato Grosso. A criança estava vidrada num livro do estande da editora que me publica. Ela agarrou o livro e insistiu para que a avó o comprasse. Eis que surge a mãe e aos berros diz: não é para comprar

nada. Lá em casa tem um montão de livros e ele não lê nada. Calou a pergunta: será que os livros que ela disse ter em casa foram escolhidos pelo filho ou imposto por ela? Deixemos nossas crianças, sob nossa supervisão, escolher o que querem ler, vamos incentivá-las, somente assim a médio prazo formaremos milhões de leitores. As pequenas e médias editoras deveriam receber tratamento diferenciado por parte do governo federal, principalmente. Elas deveriam unir forças e criar um sistema próprio de divulgação e distribuição, esperar que o governo acuda é utopia. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação, muito bom conhecer melhor o Escritor Romulo Nétto, que mensagem você deixa para nossos leitores? Romulo Netto - Antes de tecer minha mensagem quero agradecer a você Shirley M. Cavalcante a oportunidade que deu a este velho jornalista e escritor fazendo a presente entrevista. Não posso deixar de agradecer a Ramon Carlini, meu editor e incentivador, pela oportunidade que me deu abrindo as portas da Carlini&Caniato Editorial, bem assim à sua sócia Elaine Caniato, sem os dois parceiros e amigos jamais teria conseguido publicar qualquer dos meus livros. A minha mensagem é calcada na esperança de que os leitores se multipliquem. Através da literatura podemos viajar para lugares inimagináveis. A mente nos leva através do tempo a qualquer região do planeta Terra. Cultivem a leitura como um bem precioso. Trate o livro com carinho, dele só recebemos boas lições.

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Rodrigo Capella

Literatura Online Facebook, Twitter, LinkedIn, Robo.to, Google +. Ufa! Quantas redes sociais nós utilizamos em um período curto de 10 horas? Várias, não é? Agora, prolongue, este período para 10 dias. Provavelmente, muitas outras redes serão utilizadas. Algumas em inglês, outras em português e algumas outras em idiomas que não conseguimos sequer traduzir. Neste contexto, uma pergunta se faz necessária: e o Orkut? (Calma, não me chame de louco!). Com o objetivo de ajudar pessoas a se conhecerem, trocarem informações e estabelecerem um relacionamento, esta rede social foi criada em 2004 por Orkut Büyükkökten. Em abril deste mesmo ano, o Orkut ganhou uma versão em português. Rapidamente, a rede social se espalhou pelo Brasil, devido, principalmente, à força das comunidades. Pessoas se juntavam para dizer: eu gosto disso, eu odeio aquilo, eu não vivo sem isso etc.

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O livro, assim como o cinema, o teatro e as outras artes, também ganhou espaço nesta rede social. Era comum amantes da literatura se reunirem em comunidades sobre este tema para trocar informações, dar dicas, comentar os últimos lançamentos literários, falar sobre eventos. Ah! Escritores aproveitavam também para falar sobre seus livros, para divulgá-los, para postar trechos das obras etc. Isso ainda ocorre – é verdade -, mas com menos frequência. Mesmo assim, a divulgação de um livro no Orkut ainda é válida, principalmente porque esta rede social conseguiu fazer o que nenhuma outra faz com eficácia: reunir pessoas em comunidades. Pense nisso! E, antes de qualquer postagem, não esqueça de pedir autorização para os líderes das comunidades. Pratique a política da boa vizinhança também nas redes sociais.



Entrevista escritor Zé Sarmento José Marques Sarmento (Zé Sarmento) morador da periferia da zona sul de São Paulo. Cresceu nos campos entre irrigados e de secura secular na cidade de Sousa, PB. Trabalhou como boia fria até aos 19 anos. Por ter pais analfabetos e falta de escolas, alfabetizou-se somente aos 14 anos e de lá pra cá nunca mais parou de ler e escrever. São Paulo foi à saída para fugir da pobreza quase miséria e fazê-lo sonhar com vida mais digna, onde se fez profissional de iluminação de cinema em longa-metragem, curta e publicidade. Casado, pai de quatro filhos. É graduado/ licenciado em História com bolsa do PROUNI, depois de voltar a estudar quase aos cinquenta anos. É escritor de seis romances publicados em papel que anda por aí em sites de literatura. Publicados: Um Homem Quase Perfeito; A Revolução dos Corvos; Urbanóides-Um Caos Paulistano; ParaisópolisCaminhos de Vida e Morte; O Sequestro do Negativo Exposto e Bixiga-Um Cortiço dos Infernos. Frequenta saraus da periferias e centro, onde fala

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seus textos que escreve para tal e o chama, de PROSIA. Dar aulas de história pra cursinho pré-vestibular e Enem para alunos carentes da periferia. Faz palestras em bibliotecas públicas e outros para alunos do ensino fundamental, médio e EJA. Em entrevista ao projeto Divulga Escritor o escritor Zé Sarmento, apresenta uma verdadeira lição de vida a todos que acompanham sua trajetória literária. Uma entrevista repleta de dicas para você leitor da Divulga Escritor. Boa Leitura! “Esse personagem chega a São Paulo num caminhão fugindo de algum lugar do Brasil tentando ser menos explorado na sua luta pela sobrevivência. Chega fugindo da escravidão branca das fazendas que usam muito mão de obra desse tipo. Muitas vezes são presos de um sistema ingrato e cruel que produz pessoas como ele que, para deixar estes espaços do latifúndio, tem que fugir deixando tudo parar trás.” Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Zé Sarmento, estou muito feliz em entrevistar um escritor, que hoje mora em São Paulo, mas que é Paraibano, nobre escritor Zé, filho de pais analfabeto, hoje autor de 6 livros, já podemos dizer 7, conte-nos em que momento você decidiu publicar seu primeiro livro? Como foi o momento em que recebeu seu primeiro livro em mãos? Zé Sarmento - Degusto a resposta dessa pergunta fazendo uma analogia entre uma mãe esperando um filho produzido dentro das normas de um romance com proposta de futuro, cujo desejo de tê-lo faz ser esperado com muito entusiasmo, e o escritor produzindo seu livro a partir das primeiras páginas. O escritor como amãe vai se perguntando, será como vai ser, terá capa bonita, conteúdo agradará, o leitor aceitará, onde irei lançar, venderei um milhão de livros? Então quando nasce um livro e um filho estes chegam com uma norma estabelecida em encher de gozo o seu criador. Dessa forma


recebi meu primeiro livro que nasceu justamente ao momento de estar gestando um dos meus quatro filhos, por isso da analogia. São uma carga de sentimentos, muitos abstra tos, outros reais, porque o livro está em suas mãos como objeto de fato, de um sonho que se realizou, e que, possivelmente, vai ganhar a atenção de algumas pessoas. Primeiro, as pessoas do seu relacionamento, porque não é fácil fazer um livro ganhar asas e sair por aí ocupando espaço entre tantas feras que também querem voar e cair nas mãos dos leitores, depois ser lisonjeado. Muitas vezes os autores se frustram por razões do sonho ter atingido muito pouco a meta que estava nos sonho do primeiro livro. É pela dificuldade em fazer o livro chegar atéo leitor. É uma frustração que com o tempo vai esmaecendo e ainda trás com ela a bondade da vontade de começar escrever outro livro, só de “raiva” ou pela vontade inerente a quem se sente bem escrevendo, dizem especialistas, quando vem da alma. Quando você publicou seu primeiro livro já tinha plano de escrever novos livros? como surgiu a necessidade de publicação de novas obras? Zé Sarmento - Minha criação literária felizmente é extensa, romances. Quando edito um livro, tenho outros prontos para publicação. Fiz que a minha vida profissional me desse tempo de viajar na escrita e leitura, sem desarranjar as necessidades básicas como provedor da família. Sou ‘frila’ de cinemana área de iluminação em longas, curtas-metragens e publicidade. Apesar de não ganhar dinheiro com literatura, (de vez em quando entra algum dinheiro de palestras que faço em bibliotecas públicas tendo como público leitor jovens

estudantes de escolas públicas) levo a vida quase como um escritor profissional, com dedicação a escrita e a leitura com assiduidade. É a vontade de escrever e de ser participante e ilustrador de um tempo em que vivo. Faz-me dedicar quase que o tempo todo a escrever e ler. No passado, às vezes, achava que era uma fuga, mas descobri que era a vontade de deixar algo nesse mundo cujo o fortuito é a bola que gira tentando fazer gols com bola quadrada. Há mais de dois anos, quando comecei a frequentar os saraus da cidade de Sampa, vendo e ouvindo os poetas criando sempre e recitando ao som a toda voz, uns para mais, outros para menos, mas todos com o mesmo intuito, a fim de se expressar na sua arte, me fez produzir bem mais textos, agora mais curtos que os chamo de PROSIA, textos queleio tentando interpretar nos saraus. “Bixiga, um cortiço dos infernos”, este é um dos títulos de seu livro, que temas você aborda neste livro? Que mensagem você quer transmitir para o leitor através desta obra? Zé Sarmento - Essa obra é um romance social que chamo de literatura do sofrimento, muitos autores contemporâneos chamam de literatura marginal. Como o escritor e meu vizinho Ferréz diz: “Zé Sarmento, você não conhece? Deve ser porque ele é um cara muito reservado, que ficou muitos anos escrevendo e agora nos deu a oportunidade de conhecê-lo, eu já tinha alguns livros e, portanto, indico a leitura, são vários, pura literatura marginal, bem feita, bem escrita e contundente, autor real que sabe muito bem o que escreve”. Esse personagem chega a São Paulo num caminhão fugindo de algum lugar do Brasil tentando ser menos

explorado na sua luta pela sobrevivência. Chega fugindo da escravidão branca das fazendas que usam muito mão de obra desse tipo. Muitas vezes são presos de um sistema ingrato e cruel que produz pessoas como ele que, para deixar estes espaços do latifúndio, tem que fugir deixando tudo parar trás. Foi o que aconteceu com o personagem do livro que o chamo de Sujeito Oculto, de Zé Ninguém. Justamente por ser visto pela sociedade só quando as pessoas estão interessadas em explorá-lo. A vida de cortiço é revelada nesse livro de ficção, bem como algumas ruas do Bixiga e centro, pelas andanças do personagem tentando algum trabalho. A mensagem é a que para viver nos dias de hoje, e muito mais no futuro o cidadão deve se preparar, se encher de conhecimento. Fale-nos um pouco sobre seu livro “Paraisópolis, caminhos de vida e morte”, para que público esta voltado esta obra? Zé Sarmento - Outro livro que escrevi de forma a torna-lo híbrido contando o lado histórico de Paraisópolis com muita ficção. Esse gesto e gosto de escrever livros centrados em ambientes geográficos específicos me veio através das leituras dos livros do conterrâneo, Jose Lins do Rego com os seus romances do ciclo da cana de açúcar. É um ciclo que imaginei escrever para narrar um tempo de permanência nas áreasonde vivi desde que cheguei a São Paulo. Bixiga nasceu porque morei num cortiço no bairro do Bixiga no inicio dos anos oitenta. Como escreveu Marcelo Rubens Paiva em resenha para o livro “Urbanóides, um caos paulistano”: ”Contrariando os caminhos traçados por alguns escritores, que escrevem sobre o que não conhecem e se atraRevista Divulgar Escritor • setembro de 2013

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palham com pesquisas (já aconteceu comigo), Sarmento vive aquilo que está em seus livros”. Verdade. Apesar de não ter morado em Paraisópolis fui à comunidade muitas vezes e senti a necessidade de por um personagem para viver ali, naquele ambiente de becos, vielas pinguelas, estreitas ruas e ser uma das lideranças das investidas das primeiras invasões nos anos setenta. Escritor Zé Sarmento, fale-nos um pouco sobre seu novo livro que esta para ser publicado “Ângela - Um Jardim no Vermelho” Zé Sarmento - Esse livro fecha minha fase de escrever livros híbridos centrados em historias de bairros de São Paulo cujos personagens vivem, atuam socialmente, constroem suas moradias depois de muita luta das invasões, dos loteamentos populares feitos por espertos agentes imobiliários. Personagens sempre retirantes de algum lugar inóspito que para fugir da miséria absoluta, ou quase, escolheram São Paulo para fazer suas vidas. Esses personagens acompanham o desenvolvimento da cidade, suas mazelas e são eles agentes que proporcionam o crescimento desordenado da cidade pelas invasões de áreas de riscos, de mananciais, córregos, tornando a cidade o que é hoje a sua periferia. “Ângela, um jardim no vermelho” é o terceiro livro, e o que aborda mais

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esse tema. Centrado na história do Jardim Ângela que a partir de 1970 começou correria desenfreada de trabalhadores empregados e sem empregos para essa região da zona sul pela casa própria. Desta forma nasce à personagem Ângela que se entrega a luta para trazer benefícios para o bairro que, simplesmente nasce primeiro pelas moradias paupérrimas, barracos que vão ganhando seus puxadinhos com o tempo. Nascem dessa forma as lideranças comunitárias, geralmente na casa de alguém que, por natureza, acaba virando a líder da associação de moradores. Foi o que ocorreu com Ângela. Zé Sarmento -Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas? Zé Sarmento - O público é aquele que gosta de ler livros que mescla realidade histórica com ficção, de conhecer a luta de cidadãos comuns para se colocar perante uma sociedade discriminadora. Conhecer a história de cidadãos que não se entregam fácil, que tem amparado nas diversas possibilidades de progresso pessoal, material, intelectual e humano uma forma de crescer como pessoa participante de um país que não deu chance nenhuma a seus antepassados. Um povo de luta, sofrido, que pega ônibus lotado para ir

trabalhar, que carrega dentro de si um sonho de melhorar de vida, mesmo tendo que se doar por inteiro a qualquer trabalho, já que a grande cidade como São Paulo foi à saída para fugir de onde nenhuma possibilidade existia. De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho? Zé Sarmento - Saraus da cidade, nas palestras que faço em bibliotecas, escolas públicas, nas aulas de história que leciono pra cursinho para o Enem, vestibular, concursos. Não consigo, como muitos escritores, poetas e agitadores de literatura, ficar oferecendo meus livros para as pessoas os levando na mochila. Sou tímido pra isso, como vendedor iria morrer de fome. Onde podemos comprar os seus livros? Zé Sarmento - Em algumas livrarias dessas grades, Nobel, Siciliano, Saraiva, Submarino, Cultura, pelos sites delas. No google se acha também onde vende. Na livraria suburbano convicto do Alessandro Buzo, nas lojas 1dasul do escritor Ferréz, na Zouk editora, na editora do Bixiga que também vai editar Ângela, a LPbooks. Todas mandam entregar pelo correio. Email: josemarquessarmento@gmail.com Face book: Zé Sarmento Blog: jmsarmento.blogspot. com.br


Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil? Zé Sarmento - A primeira questão a ser revolvidaé que os livros barateassem, fossem subsidiados mais do que são, que as três esferas de governos, federal, estadual, e municipal incentivassem bem mais a literatura. Que deixasse de ser viciada olhando somente para aqueles autores de sempre, cujos editais de incentivo a literatura, basicamente, estão quase sempre endereçados aos mesmos nomes. Levar os autores para um “entrevero, papo” direto com o público, cara a cara para o leitor, principalmente o leitor iniciante, jovem, saber que o escritor, autor dos livros existem de fato, que ainda não morreram. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, o Projeto Divulga Escritor agradece sua participação, muito bom conhecer melhor o Escritor Zé Sarmento, que mensagem você deixa para nossos leitores? Zé Sarmento - Continuem lendo, escrevendo, editando. Não mandem os vossos originais pra editoras, nem pequenas nem grandes. Recebi muitas cartas de negativas de grandes editoras. Eu na simplicidade sonhadora de um escritor que não

conhecia como funciona o mercado, tentando editar com grande editora. Que loucura! Só se eu fosse o Pelé, mas é oPelé mesmo, o verdadeiro, que se escrevesse um livro, mesmo com todas as páginas em branco, todas as grandes queriam assinar contrato com ele, ( com muito respeito ao Pelé, é só uma comparação, porque sei que o Pelé não vai se dispor a escrever livro, a cantar vá lá). O que vale para as editoras capitalistas é o nome, e não o conteúdo que tem o seu livro. Vai à luta, edita com tiragem reduzida, com produção através de demanda, vai vendendo, vai dando, doando, logo mais pedindo novos livros, 50, 100, assim se vai trabalhando o livro. Hoje é barato editar, várias editoras já trabalham assim, por demanda, até as grandes, dependendo do nome que tenha conseguido construir no mercado editorial o autor, já trabalham assim. Onde tiver uma aglomeração pondo fogo na panela fervendo arte, esteja presente com o seu livro e não um projeto de livro, de projeto o mundo tá cheio. As pessoas querem tocar, folhear o livro em seu formato tradicional. Amigo, boa sorte na sua empreitada como escritor do primeiro livro.

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Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba Grande A Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba Grande é Instituição Cultural Artística, Científica e Literária, sem fins lucrativos, políticos ou religiosos. É pessoa jurídica de direito privado, fundada em 11 de fevereiro de 2008, registrada em Cartório e no CNPJ. Fundada nos moldes da Academia Brasileira de Letras, a Instituição tem finalidades mais abrangentes e ecléticas que somente a cultura da Língua Portuguesa. 1. Constituir-se em Parlamento Acadêmico, composto de personalidades autoras de obras publicadas de reconhecido destaque e mérito no campo das Artes, Ciências e Letras em todas suas manifestações éticas. Seus integrantes, observadas as regras estabelecidas no Estatuto, no Regimento Interno e no Livro de Registro de Posse, receberão o titulo de Acadêmicos Imortais e Patronos Perpétuos de Cadeiras Patronímicas, para, em conjunto, e através atividades coordenadas, elevar o Município de Iguaba Grande à referência cultural da Região dos Lagos. 2. Promover eventos culturais literários, artísticos, científicos, sociais, recreativos e esportivos. 3. Pesquisas nos mais diversos campos do conhe-

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cimento humano; preservação da memória histórica e folclórica de Iguaba Grande e de seus Personagens Ilustres do passado e do presente, de forma que seus exemplos de vida e de virtudes sirvam permanentemente de fonte de inspiração e caminho. 4. Preservação de monumentos históricos; 5. Proteção ao Meio-Ambiente; 6. Constituir-se em fonte de referência e consulta aos estudantes e pesquisadores; 7. Apoio na divulgação das Obras de seus Membros; 8. Apoio às entidades culturais congêneres e beneméritas e com elas estabelecer laços culturais e fraternos. 9. Incentivar nos jovens o gosto pelo Saber.idealizada nos moldes da Academia Brasileira de Letras.




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