Relatório de Estágio 2010

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Pólo de Três Cachoeiras

RELATÓRIO DO ESTÁGIO

SHIRLEY DE OLIVEIRA BORGES

Supervisora do Estágio

Gabriela Brabo Tutora do Estágio Graciela Rodrigues

Julho/2010 1


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................03 1.1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO.................................................................................03 1.2. APRESENTAÇÃO DA ESCOLA..............................................................................04 1.3. DESCRIÇÃO DA TURMA DE ESTÁGIO...............................................................05 2. SÍNTESE DO PROJETO DE ESTÁGIO.......................................................................06 3. RELATO REFLEXIVO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.....................................07 3.1. DESCRIÇÕES COMENTADAS DAS AULAS........................................................07 3.2. RELATO-SÍNTESE PROJETOS/ATIVIDADES/TEMÁTICAS..............................08 4. PROPOSTA DE INVESTIGAÇÃO PARA O TCC: SEMESTRE.............................23 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................24 6. MEU SONHO PARA O FUTURO..................................................................................26 7. REFERÊNCIAS................................................................................................................27 8. APÊNDICES E ANEXOS................................................................................................28

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1. INTRODUÇÃO

O presente Relatório Final do Estágio Curricular apresenta o trabalho que realizei, durante o meu estágio curricular, neste primeiro semestre de 2010, e tem por finalidade proporcionar uma avaliação das ações pedagógicas que desenvolvi com a minha turma de Educação de Jovens e Adultos, etapa II (EJA II) da Escola de Educação Especial João de Barro – APAE do município de Três Cachoeiras. Para tanto, foram necessárias a reflexão e a análise dos materiais desenvolvidos no estágio curricular – o projeto de aprendizagem, os planejamentos semanais, os diários de bordo, os relatórios semanais, os comentários realizados pela supervisão escolar e as reflexões no Portfólio de Aprendizagens – oportunizando, assim, a elaboração e execução deste trabalho, possibilitando um novo olhar sobre minha práxis pedagógica de forma ativa, reflexiva e comprometida com a construção do conhecimento do aluno, numa aprendizagem significativa e consciente.

1.1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Sou professora há 22 anos e iniciei minha vida profissional no Colégio Dom Bosco de Porto Alegre, no ano de 1985, como professora de Educação Infantil, onde permaneci por quatro anos. Foi minha primeira experiência em sala de aula com alunos entre cinco e seis anos de idade. Nesse mesmo ano, fui chamada também para trabalhar no Colégio Kennedy de Porto Alegre com uma turma de 1ª série, durante dois anos. No ano de 1990 passei a lecionar no Colégio São Manoel no mesmo município, em uma turma de reforço pela manhã e uma turma de 1ª série à tarde, durante dez anos. Recordo que em minha prática pedagógica, quando iniciei profissionalmente, predominava a exposição de conteúdos; exigia silêncio, pois ter domínio de classe era quando os alunos estavam quietos, copiando do quadro, com pouca participação nas aulas e, principalmente, cumprindo os programas preestabelecidos. Foi no ano de 1990 que comecei a observar as aulas de uma colega de trabalho que 3


desenvolvia projetos com seus alunos, e pude perceber que eles participavam ativamente das atividades, com entusiasmo e interesse em aprender, pois queriam contar as novidades e descobertas que estavam fazendo nas aulas. Nesse momento, revi os meus conceitos sobre ensino-aprendizagem e decidi tomar outro rumo para a minha prática pedagógica: comecei a pesquisar alguns autores, principalmente Paulo Freire, e com a ajuda dessa colega de trabalho, tornei as minhas aulas mais participativas; contudo, ainda havia momentos em que realizava atividades tradicionais, como cópia de textos prontos etc.

1.2. APRESENTAÇÃO DA ESCOLA

A Escola de Educação Especial João de Barro está localizada na região do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, na Zona Urbana do município de Três Cachoeiras. A APAE de Três Cachoeiras tem como finalidade prestar atendimentos diretos, articular e defender os direitos da Pessoa com Deficiência, o apoio e orientação à família do educando e prestação de serviços, tais como: Ensino Fundamental – Escolarização Inicial e Educação de Jovens e Adultos; Educação Profissional – Nível Básico; Apoio Pedagógico; Ludoterapia; Esporte, lazer e cultura – proporcionando atividades esportivas e de lazer que oportunizam a participação em eventos culturais. A escola oferece também Atendimento especializado nas áreas de: Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Neurologia, Psicopedagogia, Terapia Ocupacional e Assistência Social, direcionados à melhoria da qualidade de vida das Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais e à construção de uma sociedade justa e solidária, respeitando a diversidade dos alunos em seu processo de conhecer, aprender, reconhecer e produzir sua própria cultura, favorecendo assim, sua independência pessoal. Em média são 100 alunos matriculados; destes, 40 frequentam a escola e 60 recebem apenas Atendimento Educacional Especializado, estudando em escolas regulares. A faixa etária varia de 0 a 50 anos. A maioria dos alunos apresenta deficiência intelectual e múltipla, são carentes e em situação de vulnerabilidade. Quanto à escolarização, a APAE, fundamentada na nova LDB nº 9.394/96, estruturase em duas fases, II e III. Essas fases compreendem o Ensino Fundamental. A Fase II abrange 4


a Escolarização Inicial de 6 a 14 anos, e a Fase III abrange a Escolarização de Jovens e Adultos a partir dos 15 anos, Educação Profissional – Nível Básico, Programas Pedagógicos Específicos e outros Programas Educacionais. A avaliação é diagnóstica, contínua e cumulativa, ressaltando os aspectos qualitativos e valorizando o interesse, a participação e a individualidade do educando. Ela será elaborada em forma de parecer descritivo, considerando as habilidades e competências alcançadas ao longo dos semestres. Deverá também, oportunizar a retomada dos aspectos e objetivos que não foram totalmente atingidos.

1.3. DESCRIÇÃO DA TURMA DO ESTÁGIO

A turma da Educação de Jovens e Adultos, EJA II, na qual realizei o meu estágio, é constituída por alunos com deficiência intelectual moderada. Dentre eles, um aluno possui dislalia, devido à possível lesão neurológica secundária à Sindrome Hemolítico-Urênica; outro apresenta defasagem entre a idade cronológica e a idade mental motriz; outro aluno possui Síndrome de Klippel-Trenaunay-Weber; outro apresenta alteração na fala com trocas fonêmicas e omissão do fonema /r/; outro ainda apresenta quadro compatível com paralisia cerebral, com defasagem no desenvolvimento psicomotor. Todos os alunos recebem atendimento

especializado,

como

fonoaudiológico,

psicológico,

psicopedagógico

e

fisioterápico. Dessa turma, dois alunos moram na sede de Três Cachoeiras, quatro moram no interior do município e dois no município vizinho, pois a escola possui convênio com outros municípios próximos. Os alunos fazem uso do transporte escolar para irem à escola. A maioria dos alunos é oriunda de famílias carentes, de nível sócio-econômico baixo, possuindo de três a quatro irmãos. Os pais, com algumas exceções, participam da vida escolar dos seus filhos; além de comparecerem às reuniões de pais, demonstram interesse nas atividades e projetos propostos pela escola.

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2. SÍNTESE DO PROJETO DE ESTÁGIO

O projeto de estágio que desenvolvi com a turma de Educação de Jovens e Adultos, Etapa II, iniciou com o objetivo de ampliar os conhecimentos dos alunos relacionados ao tempo e espaço, a partir das relações sócio-histórico-culturais, de forma contextualizada, considerando o seu município, comunidade e escola. Assim, abriu-se um leque de oportunidades para novos conhecimentos, como meio ambiente, meios de comunicação, o desenvolvimento de valores, através da boa convivência em todos os grupos sociais de que fazem parte, cálculos de adição, subtração e noções de divisão e multiplicação etc., envolvendo todos os conteúdos propostos. O que despertou muito o interesse nos alunos foi conhecer o turismo rural do município, pois reconheceram pessoas do seu dia a dia, tornando o assunto mais prazeroso e enriquecedor, visto que alguns alunos moram nessas localidades rurais. Sobre isso, Santomé afirma: A utilidade social do currículo está em permitir aos alunos e alunas compreender a sociedade em que vivem, favorecendo para tal, o desenvolvimento de aptidões, tanto técnicas como sociais, que os ajudem em sua localização na comunidade de forma autônoma, crítica e solidária (SANTOMÉ, 1998, p. 187).

A visita à rádio Plenitude FM de Três Cachoeiras foi um momento inesquecível, onde puderam conhecer como ela funciona e qual a sua função para o município. Participaram desde o processo de elaboração das perguntas até o momento da entrevista com o radialista. As interações sociais na perspectiva sócio-histórica permitem pensar um ser humano em constante construção e transformação que, mediante as interações sociais, conquista e confere novos significados e olhares para a vida em sociedade e os acordos grupais (VYGOTSKY, 1989 apud MARTINS, 1997, p. 116).

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3. RELATO REFLEXIVO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

3.1. DESCRIÇÕES COMENTADAS DAS AULAS

Durante o meu estágio curricular, a maioria dos meus objetivos foi alcançada, principalmente com relação a autoconhecimento, ao pensar socialmente, ao trabalho em grupo, à autoestima, ao contato com as tecnologias, à expressão oral, ao desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático etc. Os alunos participaram de todas as atividades propostas, muitas vezes manifestavam curiosidades em determinados assuntos abordados, o que proporcionou um maior envolvimento e participação de forma prazerosa e consciente, como ocorreu durante a atividade dos meios de comunicação, na qual eles organizaram e elaboraram perguntas para fazerem com o radialista da rádio local, cuja sede visitamos para eles conhecerem o seu funcionamento e a sua função para a nossa comunidade. A realização dos trabalhos em grupo foi importante, pois envolveu a colaboração, socialização, atenção e respeito com o colega, uma interação importante com o outro, tornando as situações de aprendizagens mais produtivas. Os autores que fundamentaram a minha prática pedagógica foram Paulo Freire e Vygotsky, que consideram a aquisição do conhecimento do homem uma manifestação, partindo dos aspectos de interação do seu “eu” com o mundo exterior. Assim, o processo de construção do saber acontece de maneira consciente, no qual o educando é levado à condição de questionador em todas as instâncias do processo educativo. De acordo com a concepção sócio-histórica ou sócio-interacionista, o sujeito se constitui e constrói seu conhecimento a partir de suas interações com o meio e com o outro. Essas interações são fundamentais para o desenvolvimento da inteligência, assim como para o amadurecimento do indivíduo. Desta maneira, ambos os estudiosos foram fundamentais para a realização das ações pedagógicas no meu estágio curricular, pois proporcionaram reflexão e análise das atividades propostas. 7


3.2. RELATO-SÍNTESE DOS PROJETOS/ATIVIDADES/TEMÁTICAS

A primeira semana de estágio foi bem interessante, produtiva e cansativa, pois para envolver os alunos nas atividades propostas, com sugestões e ideias que eles trazem para pesquisarmos e conhecermos, é necessário que o professor esteja atento a todas as situações que ocorram durante o planejamento semanal. Precisei desenvolver minha percepção para saber quando devia avançar ou retomar as atividades anteriores, com novas estratégias de trabalho, pois sabemos que esses alunos constroem seu conhecimento através de hipóteses, “errando” e “acertando”, fazendo assim com que procurem soluções para as dúvidas que iam surgindo, durante as etapas do planejamento. Foi importante a realização dos trabalhos em grupo, pois a participação envolveu colaboração, socialização, atenção e respeito com o colega. Às vezes, algum componente queria fazer tudo sozinho. Nesse momento, eu conversava com grupo e questionava sobre a participação de todos nas atividades.

Fig. 01 – Relacionamento

Fig. 02 – Atividade em grupo

A integração entre os conteúdos e a realidade dos alunos é fundamental para que eles construam relação com o seu cotidiano e a comunidade de que fazem parte. Por exemplo: os cálculos de matemática envolvendo as datas de nascimentos, classificação e comparação (Matemática); produção de texto a partir de reflexões diárias e textos coletivos (Português); entrevista com a família, estudo de suas origens (Estudos Sociais); confecção de maquete e planta da escola (Artes); jogos de percepção visual, jogos motores (Educação Física). 8


Algumas atividades previstas para a primeira semana não foram realizadas, devido algumas modificações que ocorreram durante o trabalho diário, mas que também foram importantes, já que envolveram toda a escola, como por exemplo, o desenho em comemoração aos 20 anos da escola. Foram atividades que demoraram além do tempo previsto para serem concluídas, mas que não podiam ser interrompidas. Por isso, aquelas planejadas que não foram executadas tiveram sua continuidade no planejamento posterior. Na segunda semana de estágio, percebi que os alunos estavam bem animados com as atividades que estavam realizando, como a maquete, a planta da escola, os passeios pelo bairro, os horários no LABIN, as pesquisas na biblioteca da escola e para conhecer as profissões dos funcionários da APAE. As atividades que envolvem fatos do cotidiano da escola e da família oportunizam um aprendizado mais prazeroso e significativo, pois são situações reais em que o aluno vivencia na prática, trazendo sua experiência e conhecimento prévio dos assuntos para poder, assim, confrontar com as novas descobertas. Através da atividade da maquete e da planta da escola, os alunos tiveram de pesquisar, investigar, localizar, ouvir o colega, dividir, calcular, produzir e fazer escolhas, como materiais, cores, tamanho etc. Essa atividade realizada em grupos proporcionou a participação de todos. Mesmo os mais quietos tiveram de colaborar com a tarefa, como procurar caixinhas, empacotar, escrever o nome das salas, contornar as linhas, colar e pintar.

Fig. 03 – Apresentação da maquete

Fig. 04 – Apresentação da Planta da escola

Na apresentação para os colegas das outras turmas, eles explicaram os passos para a confecção dos trabalhos, o que serviu para se localizarem na escola, visto que a mesma possui muitas salas e lugares diferentes. 9


Os horários no LABIN foram importantes não apenas para usarem e conhecerem as novas tecnologias, fazerem pesquisas, mas também para a integração com os alunos da escola regular. Às vezes, usávamos o laboratório de informática juntamente com os alunos da escola e sempre nos recebiam bem. Fiquei impressionada com a capacidade de alguns alunos em dominar e conhecer muitas das ferramentas do computador, como digitar no Word, usar a internet, pesquisar imagens no Google, salvar documentos e procurar jogos on line. Gostaram muito de encontrar no mapa virtual o nosso município, a escola e as ruas que fazem parte do bairro da escola. Realizar atividades que estimulem o desenvolvimento dos processos mentais: atenção, percepção, memória, raciocínio, imaginação, criatividade, linguagem, entre outros; fortalecer a autonomia dos alunos para decidir, opinar, escolher e tomar iniciativas, a partir de suas necessidades e motivações; propiciar a interação dos alunos em ambientes sociais, valorizando as diferenças e a não discriminação (ALVES e GOTTI, 2006).

Fig. 05

– LABIN na Escola Felipe Scheffer

Os questionamentos e reflexões foram realizados constantemente, pois acho importante o conhecimento que eles trazem sobre os diversos assuntos, opiniões, dúvidas e perguntas. Por exemplo, no dia do índio, procurei conhecer o que eles sabiam sobre os índios, como vivem hoje; eles pesquisaram na biblioteca e conversaram com as pessoas da escola. As aulas de Educação Física oportunizaram um crescimento significativo quanto às habilidades motoras de muitos alunos, pois demonstraram segurança, destreza, criatividade, coordenação nos jogos e exercícios no pátio, respeitando o ritmo e a individualidade de cada um, como foi o caso de dois alunos que possuem dificuldades em pular, coordenar movimentos e segurar objetos, mas não deixaram de fazer e já estão melhorando aos poucos. 10


Alguns imprevistos aconteceram. Por exemplo, as chuvas intensas que nos obrigaram a adiar alguns trabalhos que realizaríamos fora da escola, como o passeio pelo centro de Três Cachoeiras e do Passeio Ciclístico no sábado, mas que foi transferido par o dia 1º de maio. O nosso Blog Coletivo nos deixou na mão, pois não estávamos mais conseguindo acessá-lo, mas solucionei o problema, criando uma nova senha para postar os trabalhos salvos dos alunos. Na semana seguinte eles puderam digitar direto no blog. Na terceira semana de estágio, pude perceber através das reflexões realizadas durante as aulas, que os alunos identificaram a profissão de cada funcionário da escola, sua função e sua influência para todos que trabalham na escola, como a fisioterapeuta Aline, que ajuda a corrigir a má postura, através de exercícios. Além, das profissões que pesquisamos e entrevistamos, o que despertou muito o interesse também foi conhecer o turismo rural de Três Cachoeiras, onde reconheceram outras pessoas do seu dia-a-dia que trabalham divulgando a história dos primeiros colonizadores do nosso município para outros municípios, tornando assim o assunto mais prazeroso e enriquecedor. Alguns alunos moram nessas localidades rurais, mas não sabiam que era local de turismo. Então, trouxeram relatos sobre situações de pessoas que iam visitar, em algumas casas antigas da comunidade. Por isso, acho interessante e importante dar continuidade a esta proposta de reconhecimento do turismo rural, pois a maioria dos alunos faz parte dessa realidade e podem futuramente, eles ou suas famílias, se engajarem nesse projeto da comunidade. A utilidade social do currículo está em permitir aos alunos e alunas compreender a sociedade em que vivem, favorecendo para tal, o desenvolvimento de aptidões, tanto técnicas como sociais, que os ajudem em sua localização na comunidade de forma autônoma, crítica e solidária (SANTOMÉ, 1998, p. 187).

Reconhecer e localizar o município e as suas localidades no mapa virtual proporcionou aos alunos uma nova maneira de ver além do mapa ou visitas a esses locais, tornando a aprendizagem divertida, criativa e interessante. Alguns alunos tiveram dificuldades em localizar sua comunidade no mapa virtual, mas os colegas que entenderam o manejo da ferramenta do Google maps ajudavam os outros quando necessário. 11


Fig. 06 – Digitação no Word

Fig. 07 – Atividades no Blog Coletivo

Nessa semana não foi possível irmos ao LABIN, pois o nosso horário na escola municipal é na quinta-feira, e nesse dia foi feriado municipal em Três Cachoeiras. Eles perguntaram no início da semana se iríamos, e eu expliquei o porquê de não irmos. Senti que eles ficaram tristes, pois gostam muito de trabalhar digitando ou pesquisando na internet. Conversamos com o responsável pelo Tele centro (laboratório de informática do município, Sandro) e conseguimos um horário todas as sextas-feiras, a partir da próxima semana. Mais um horário no LABIN, mesmo não sendo no mesmo local, vai ser muito importante, pois irá proporcionar aos alunos maior contato e conhecimento com as novas ferramentas da internet, além de oportunizar novos conhecimentos, através da pesquisa de diversos assuntos. Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho; intervindo, educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 1997, p. 33).

A quarta semana de estágio proporcionou uma visão sobre as atitudes e as ações dos alunos com os seus familiares no seu convívio diário com os pais e seus irmãos, e também o seu autoconhecimento frente a diferentes situações vivenciadas no seu cotidiano, na escola, família e comunidade. A partir das regras que os alunos construíram para um bom convívio com as pessoas, puderam refletir e questionar sobre as sua atitudes, como a do colega que relatou que dependendo da situação, ele conversa ou briga. Os outros colegas não concordaram com a 12


resposta dele, dizendo que briga só traz tristeza e violência. Segundo Freire (1997), “O que se precisa é possibilitar, que voltando-se sobre si mesmo, através da reflexão, sobre a prática, a curiosidade ingênua, percebendo-se como tal se vê tornando crítica” (1997, p. 43).

Fig. 08 – Regras de Boa Convivência

Fig. 09 - Painel “Boa Convivência”

Com relação à família, a maioria disse que em casa os pais conversam e algumas vezes não concordam com eles, mas obedecem aos pais, pois são mais velhos e tem de respeitá-los. A preparação para a homenagem às mães foi muito interessante, pois foi a primeira vez que realizei uma atividade numa data especial, em que os alunos participaram da organização da festa do início ao fim, com idéias, sugestões e montagem das mesas e cadeiras no refeitório. Os alunos se envolveram com entusiasmo e comprometimento em todos os momentos da organização da festa, oportunizando o desenvolvimento e a intedisciplinariedade dos conteúdos de Matemática: cálculos de adição e subtração, histórias matemáticas e sistema monetário; Português: produção textual, leitura e escrita; Artes: confecção do presente para as mães e cartão; Educação Física: ensaio das apresentações, noções de espaço, ritmo e coordenação.

Fig. 10 – Confecção do presente para as mães

Fig. 11 – Homenagem às mães

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Essa semana foi a primeira vez em que fomos ao Tele Centro, LABIN, que fica no centro de Três Cachoeiras, um novo espaço que teremos para ampliar os nossos conhecimentos tecnológicos. Os alunos, nesse dia, digitaram e imprimiram uma mensagem para as mães. Após o trabalho no Tele Centro, realizamos o passeio pelo centro da cidade para conhecermos e localizarmos a Igreja, Salão Paroquial, Rodoviária, Posto de Saúde etc. Percebi que o nome das ruas não faz parte do convívio dos alunos, que disseram que os pais também não falam o nome das ruas, e sim, referências como: “O Posto de Saúde fica na frente do Laboratório de tirar sangue”, “A loja ... fica ao lado da Igreja” etc. Mas começaram a entender a importância de conhecer o nome das ruas, e poder localizar o que estão procurando com mais facilidade. Finalizamos a semana com o Café Especial em homenagem às mães no sábado, no turno da manhã. Mesmo com o tempo chuvoso, quase todas as mães compareceram à escola e se emocionaram com as apresentações e os trabalhos que eles realizaram para esse dia especial. Na quinta semana, realizamos várias atividades diversificadas que proporcionaram questionamentos e reflexões importantes aos alunos com relação a valores para uma boa convivência nos grupos sociais em que participam. Os alunos expressaram-se, demonstrando significativa superação e crescimento nos relatos diários em sala de aula, como no caso do aluno U.S., que agora se expressa com mais de duas palavras. Percebo seu esforço em expor oralmente o que pensa com clareza. O aluno F.V. relatou com entusiasmo fatos do seu dia a dia em casa ou em passeios com a família. Observei que ele já está começando a elaborar suas opiniões, mas às vezes, ainda precisa de ajuda para organizar seu pensamento. As alunas R.L. e D.R. comentam sobre os temas propostos e se expressam demonstrando boa compreensão. Os alunos R.S., R.G. e A.C. já se expressam com mais clareza e criticidade sobre os assuntos abordados. Por isso, o trabalho sobre Solidariedade, juntamente com os outros valores de cooperação,

respeito,

amizade,

carinho,

companheirismo,

honestidade

etc.

foram

fundamentais, não só para o conhecimento das palavras acima, mas para que pudessem refletir sobre as suas ações e atitudes a este respeito. Foram momentos de auto-avaliação, onde cada aluno relatou suas próprias vivências pessoais. Um deles disse que estava na rodoviária e uma 14


pessoa pediu dinheiro para comprar sua passagem para ir para casa, e ele deu. Outro disse que ajudou o pai a cortar grama; outro colega falou que conversou com um amigo que estava com problemas na família. A pesquisa em jornais, referente a ações e atitudes de solidariedade, oportunizou aos alunos conhecerem e identificarem notícias sobre o tema abordado em que leram, recortaram e montaram um mural que denominaram “Ações Solidárias”. Alguns alunos tiveram dificuldades na realização desta atividade, pois não conseguiam ler a frase por completo, mas não desistiram de realizar a leitura, pedindo ajuda para a professora ou para os colegas, o que achei muito importante.

Fig. 12 – Pesquisa em jornais

Fig. 13 – Painel “Ação Solidária”

As atividades no LABIN da escola municipal e no Tele Centro foram bem agradáveis e interessantes, onde os alunos conseguiram acessar o Blog Coletivo da turma http://ejaestudando.blogspot.com/ e postaram mensagens sobre Solidariedade. Esse trabalho foi realizado em duplas, o que proporcionou uma cooperação e respeito entre os alunos. Até nos momentos livres em que eles pediam para jogar livremente, os que tinham mais conhecimento ajudavam o outro a acessar os jogos online. Na produção de cartões para os idosos, cada um se responsabilizou em fazer dois cartões, onde criaram suas mensagens através de frases de incentivo, motivação e agradecimento. No início não sabiam o que escrever, apenas um disse que deveriam ser coisas boas, de saúde, paz, felicidades, o que ajudou na construção de frases e mensagens para serem escritas nos cartões. A visita ao lar dos Idosos foi muito importante, pois proporcionou aos alunos conhecerem as pessoas e o ambiente em que os idosos do nosso município vivem. Perceberam 15


que os vovôs e vovós, como eles chamam, mesmo convivendo com outros idosos, gostam de receber visitas de outras pessoas. Colaboraram na realização das atividades desenvolvidas no Lar, como no momento que fizeram alguns exercícios com eles, todos participaram com entusiasmo e respeito.

Fig. 14 – Visita ao Lar dos Idosos

Fig. 15 – Atividades físicas com os idosos

As atividades que envolvem ações e reflexões sobre algum assunto tornam as aulas mais dinâmicas e atraentes, oportunizando aprendizagens mais significativas, principalmente quando contextualizadas ao dia a dia dos alunos. "Quando a prática é tomada como curiosidade, então essa prática vai despertar horizontes de possibilidades. [...] Esse procedimento faz com a que a prática se dê a uma reflexão e crítica" (FREIRE; NOGUEIRA, 1993, p. 40). As atividades realizadas durante a sexta semana envolveram os alunos em todos os momentos, principalmente com relação ao Correio da Amizade, onde escreveram uma carta, procuraram o endereço do colega sem que ele percebesse e levaram ao correio da cidade, para que o colega recebesse em casa. A partir dessa atividade, passamos a trabalhar a importância dos meios de comunicação em suas vidas. Através dos questionamentos e reflexões que realizaram, demos início aos conhecimentos prévios dos alunos referentes aos meios de comunicação, como o aluno R.S, que acrescentou a vídeo conferência, pois ele disse que viu na casa de um amigo. Perceberam que a televisão e o rádio é o que mais está presente em suas vidas, mas somente como diversão e não como informação. A conversa que alguns tiveram com os pais, levou-os a identificarem os meios de comunicação da época em que seus pais eram adolescentes. Um aluno ainda disse que a avó contou que eles só tinham rádio, na sua época de “guria nova” e que ouviam as novelas pelo 16


rádio. Os alunos descobriram que hoje há outros tipos de meios de comunicação como o celular, jornais, a internet, onde se pode conversar com pessoas de outros países.

Fig. 16 – Vídeos Educativos

Fig. 17 – Digitação no Word

O filme “A Corrente do Bem” oportunizou uma reflexão a respeito de vivermos em um mundo melhor para todos, a partir de atitudes e ações de solidariedade com o próximo. Alguns alunos expressaram suas experiências de ações solidárias que tiveram com outras pessoas e se comprometeram em ajudar três pessoas que conhecem na família, na escola ou na sua comunidade. Segundo Vygotsky: “o ser humano cresce num ambiente social e a interação com outras pessoas é essencial ao seu desenvolvimento”. (DAVIS e OLIVEIRA, 1993, p. 56) As atividades acima foram realizadas individualmente, onde cada aluno relatou sobre situações que vivenciaram e após registraram os compromissos que assumiram para fazer algo de bom a três pessoas conhecidas do seu convívio diário. É importante proporcionar momentos em que eles possam expressar opiniões pessoais sobre determinados assuntos, pois permite que eles desenvolvam o pensamento crítico, tornando-os assim, mais participativos, críticos e confiantes. As atividades no LABIN da escola Felipe Schaeffer e do Tele Centro já fazem parte das nossas aulas, pois quando chega o dia, eles perguntam se está na hora. Percebo a satisfação dos alunos nessas idas ao laboratório de informática. Alguns já demonstram mais segurança e destreza na realização das atividades de digitação no Word, pesquisas, no conhecimento de algumas ferramentas do computador como delete, acentos, fonte de letras, tamanho e negrito. Nas atividades de Educação Física, os jogos motores e de raciocínio lógico são momentos em que os alunos mais gostam de participar, principalmente quando são jogos em equipes, onde cooperam com os componentes do grupo na realização das atividades. 17


A sétima semana de estágio foi muito especial e iniciou com a visita da supervisora professora Gabriela Brabo que durante aquele dia, observou as nossas turmas de EJA I e II, no turno da manhã, almoçou conosco e no turno da tarde observou a turma do Ciclo II. Nesse dia, apenas um aluno veio à aula; os outros não compareceram, devido ao mau tempo com chuvas e ventos fortes. Fiquei frustrada num primeiro momento, porém realizei as atividades previstas para aquele dia com o aluno R.S, pois independente do número de alunos, ele merece a mesma atenção e comprometimento do trabalho que realizo diariamente em sala de aula. Esse aluno gosta de conversar, expor suas ideias, sugestões e criticar quando acha algo errado e, ao conversar com a professora Gabriela, demonstrou conhecimento sobre determinados assuntos e satisfação em relatar oralmente suas experiências vividas na escola e nos passeios, teatros e no esporte do qual ele participa. Para dar continuidade aos temas trabalhados na semana anterior, através do correio da amizade, com atitudes e ações de companheirismo, solidariedade etc., iniciamos o trabalho com os meios de comunicação, após reconhecerem a carta como um dos meios de comunicação mais antigos e que permanece até hoje, na sociedade. A visita à Rádio Plenitude FM 98.1 de Três Cachoeiras foi um dos momentos inesquecíveis, pois a maioria dos alunos, não conhecia a rádio, como ela funciona e qual a sua função para o nosso município. Desde o processo de elaboração das perguntas até o momento da entrevista com o radialista Junior, os alunos participaram com entusiasmo, atenção e interesse por este meio de comunicação em que a maioria ouve em suas casas, mas não conheciam ao vivo. As interações sociais na perspectiva sócio-histórica permitem pensar um ser humano em constante construção e transformação que, mediante as interações sociais, conquista e confere novos significados e olhares para a vida em sociedade e os acordos grupais (VYGOTSKY, 1989 apud MARTINS, 1997, p. 116).

Os comentários sobre a visita à rádio repercutiram em toda a escola, pois os alunos e funcionários estavam sintonizados na rádio, o que deixou a nossa turma orgulhosa e contente com o trabalho sobre os meios de comunicação que realizamos naquele dia.

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Fig. 18 – Entrevista com o radialista

Fig. 19 – Visita à Rádio Plenitude FM

Com os horários freqüentes no LABIN da escola Felipe Scheffer e do Tele Centro, os alunos estão adquirindo a cada semana destreza, segurança e habilidade no manuseio e conhecimento das novas tecnologias. Quando entram no laboratório de informática, alguns alunos, já tomam a iniciativa e começam a acessar as páginas da internet, o Word etc. Dois alunos ainda precisam de atenção para realizar os trabalhos propostos, mas já percebo que não é tão freqüente, como da primeira semana de estágio, o que me deixa muito feliz. O Dia do Desafio em que os alunos participaram, juntamente com as escolas do município e do estado, através de exercícios físicos, na praça da matriz, proporcionaram a integração com os alunos das outras escolas, incluindo-os em todas as atividades propostas. Para finalizar a semana, demos início ao trabalho de pesquisa em jornais, onde os alunos entraram em contato com diferentes textos, além da importância desse meio de comunicação, que traz informações da nossa cidade e do mundo. Continuamos esse trabalho com o jornal na semana seguinte, pois ainda havia muitas atividades que não foram possíveis serem realizadas nessa semana. Na oitava semana continuamos com os trabalhos da semana anterior sobre meios de comunicação e interligamos aos temas sobre meio ambiente e Corpus Christi. Trabalhar com o jornal em sala de aula permitiu a exploração e conhecimento de vários tipos de textos como notícias, reportagens, entrevistas, artigos etc., proporcionando uma integração com os conteúdos de português, matemática, história, artes e ciências. Através dos jornais e revistas os alunos leram, pesquisaram, refletiram e recortaram notícias sobre Corpus Christi e Meio Ambiente, pois durante esta semana, havia muitas atividades que a prefeitura de Três Cachoeiras oportunizou para as escolas do município

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relacionadas a esses assuntos, como a Feira da Biodiversidade e a apresentação Teatral da Cia. Luz e Cena: “A história de todas as coisas”. Os alunos participaram de todas as atividades relacionadas ao meio ambiente. De acordo com as pesquisas em sala de aula, nos jornais e revistas, a história da “Nina e Erê”, eles conseguiram relacionar com a peça teatral que tratou dos cuidados que devemos ter com o meio ambiente e que dependemos dele para sobreviver. O processo de internalização, com todas as suas particularidades, caracteriza-se como uma aquisição social onde, partindo do socialmente dado, processamos opções que são feitas de acordo com nossas vivências e possibilidades de troca e interação (VYGOTSKY,1989 apud MARTINS, 1997, p. 117).

Fig. 20 – LABIN em duplas

Fig. 21 – Trabalho em grupo

Com os questionamentos e reflexões diárias, os alunos puderam expor suas opiniões sobre os assuntos; percebi que começaram a ampliar seu vocabulário e adquirir mais conhecimentos. O aluno F.V, que não participava oralmente com suas ideias, começou a opinar e até criticar quando acha errado o que o seu colega está fazendo ou falando. Os alunos ficaram empolgados com o trabalho do jornal, principalmente quando tiveram de procurar notícias de acordo com a matéria solicitada para as duplas. Houve momentos em que interferi na atividade, conversando com os alunos, no sentido de colaborarem com o outro na realização do trabalho em grupo, pois alguns colegas queriam que a sua opinião prevalecesse, sem deixar o outro falar. Como essa semana foi curta, apenas três dias de aula, não conseguimos montar e produzir o nosso jornal informativo, apenas separamos três notícias que os alunos acharam importante para colocarmos no jornal. Por isso, demos continuidade a esse trabalho na semana posterior. 20


A última semana de estágio foi muito produtiva, pois resgatamos todas as experiências e aprendizagens adquiridas durante os dois meses, através de atividades interessantes e que culminaram com a exposição dos trabalhos na sexta-feira com pais, professores e comunidade escolar. A partir do jornal que construíram, os alunos escolheram e pesquisaram nas produções realizadas nos cadernos de aula, blog coletivo e internet, temas de que mais gostaram de trabalhar para digitarem e postarem no jornal. Percebi que eles ficaram empolgados e satisfeitos quando viram pronto o jornal “Fatos em Ação”, nome escolhido entre outros sugeridos, na semana passada.

Fig. 22 – Exposição dos trabalhos

Fig. 23 – Jornal “Fatos em Ação”

A interdisciplinariedade foi constante em todas as semanas trabalhadas, mas na última semana foi possível interligar os conteúdos de português, matemática, história, ciências e artes em diferentes momentos como nas produções textuais que envolveram todos os conteúdos acima citados. É importante estarmos atento a todas as manifestações dos alunos, tanto oralmente como no seu comportamento nas atividades que estão realizando, pois permite conhecermos as necessidades e curiosidades dos alunos, possibilitando a intervenção do professor para novas aprendizagens, como no caso dessa última semana, com relação à Copa do Mundo que alguns alunos relataram situações que ouviram nos jornais e com os seus pais em casa. A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de esclarecimento, como sinal de atenção que sugere alerta faz parte integrante do fenômeno vital. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fizemos (FREIRE, 2001 p.53).

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Percebi o interesse sobre o referido assunto, questionei o que eles já sabiam a respeito, e decidiram pesquisar e produzir um pequeno texto envolvendo a seleção brasileira na Copa do Mundo de Futebol para colocarmos no nosso jornal como o país que vai sediar o grupo que o Brasil faz parte, os países e os dias em que ele vai jogar. O turismo rural também foi um ponto importante e não podia faltar no jornal. Nessa última semana, conhecemos de perto na localidade do Morro Azul o Vale do Paraíso, principalmente por fazer parte da vida de alguns alunos, pois seus pais trabalham nesse segmento, ao qual eles também podem dar continuidade.

Fig. 24 – Visita a Morro Azul

Fig. 25 – Visita a Morrinhos do Sul

Foi muito gratificante desenvolver o projeto “O mundo a sua volta”, que iniciou com o objetivo de ampliar os conhecimentos relacionados ao tempo e espaço, a partir das relações sócio-histórico-culturais,

de forma contextualizada, considerando o seu município,

comunidade e escola, onde se abriu um leque de oportunidades para novos conhecimentos como acima citados, meio ambiente, meios de comunicação, valores através de boa convivência em todos os grupos sociais de que fazem parte, cálculos de adição, subtração e noções de divisão e multiplicação, etc., envolvendo todos os conteúdos propostos.

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4. PROPOSTA DE INVESTIGAÇÃO PARA O TCC: SEMESTRE

As questões que se destacaram durante o meu estágio foram com relação à vida social dos alunos com deficiência. A maioria dos alunos, praticamente, não participa de atividades culturais, somente quando a escola promove momentos de integração social, como teatro, festas dançantes, jantares, passeios turísticos etc. “A participação social da pessoa com deficiência na sociedade, visando a sua auto-realização, aprendizagem, autonomia e independência”. Outras questões que observei foi sobre a aprendizagem que deve envolver uma dinâmica pessoal, diariamente e de forma coletiva. “A aprendizagem é um processo de construção coletiva, a partir das relações interpessoais, promovendo o desenvolvimento integral do aluno na sociedade de forma atuante em todos os segmentos”. “Como os meios de comunicação auxiliam na aprendizagem dos alunos, na busca de um sujeito crítico e participativo na sociedade”.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo Vygotsky (1989), o desenvolvimento humano depende da interação que ocorre entre as pessoas e da relação com os objetos culturais, uma vez que com a presença do outro – neste caso, o professor mediador –, dar-se-á a evolução das formas de pensar da criança, ao mesmo tempo em que esta estará se constituindo como sujeito. Com esse pensamento, realizei o meu estágio com a turma da EJA II da Escola de Educação Especial João de Barro APAE de Três Cachoeiras, proporcionando momentos de interação grupal como uma situação privilegiada para a aprendizagem, possibilitando aos alunos interagirem com o objeto de estudo e construindo hipóteses e conceitos, através de ações pedagógicas criativas, conscientes e dialógicas. A interdisciplinariedade foi constante em todas as semanas trabalhadas, mas na última semana foi possível interligar os conteúdos de português, matemática, história, ciências e artes em diferentes momentos, como nas produções textuais que envolveram todos os conteúdos acima citados. É importante estarmos atento a todas as manifestações dos alunos, tanto oralmente como no seu comportamento nas atividades que estão realizando, pois permite conhecermos as necessidades e curiosidades dos alunos permitindo a intervenção do professor para novas aprendizagens, como no caso desta última semana, com relação à Copa do Mundo que alguns alunos relataram situações que ouviram nos jornais e com os seus pais em casa. A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de esclarecimento, como sinal de atenção que sugere alerta faz parte integrante do fenômeno vital. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fizemos (FREIRE, 2001 p.53).

Foi muito gratificante desenvolver o projeto “O mundo a sua volta”, que iniciou com o objetivo de ampliar os conhecimentos relacionados ao tempo e espaço, a partir das relações sócio-histórico culturais,

de forma contextualizada, considerando o seu município,

comunidade e escola, onde abriu um leque de oportunidades para novos conhecimentos como 24


acima citados, meio ambiente, meios de comunicação, valores através de boa convivência em todos os grupos sociais que fazem parte, cálculos de adição, subtração e noções de divisão e multiplicação, etc., envolvendo todos os conteúdos propostos.

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6. MEU SONHO PARA O FUTURO [...] o aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação com seus companheiros. Uma vez internalizados esses processos torna-se parte das aquisições do desenvolvimento independente das crianças (VYGOTSKY, 1984, p. 101).

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, P.; NOGUEIRA, A. Que fazer: teoria e prática em educação popular. Petrópolis, 1993. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997 SANTOMÉ, J. Globalização e Interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. MARTINS, João Carlos. Vygotsky e o Papel das Interações Sociais na Sala de Aula: Reconhecer e Desvendar o Mundo. Série Idéias, n. 28. São Paulo: FDE, 1997, p. 111-122. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2001. ALVES, Denise de Oliveira & GOTTI, Marlene de Oliveira. Atendimento Educacional Especializado – concepção, princípios e aspectos organizacionais. In: Ensaios pedagógicos. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006, p. 75-80. DAVIS, Claudia. OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez, 1993. VYGOTSKY, Lev.S. A formação Social da mente. São Paulo: M. Fontes, 1984.

http://shirleyestagio.pbworks.com/ http://peadportfolio156860.blogspot.com/ http://ejaestudando.blogspot.com/

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8. ANEXOS E APÊNDICES

APÊNDICE A – CARTA DE APRESENTAÇÃO / PROJETO DE ESTÁGIO “O mundo a sua volta” Introdução O projeto “O mundo a sua volta” foi elaborado para ser desenvolvido durante o estágio do curso de pedagogia. Este projeto é fundamentado teoricamente na concepção sóciohistórica ou sócio-interacionista, o sujeito se constrói a partir de suas interações com o meio. Essas interações são fundamentais para o seu desenvolvimento, favorecendo a sua autonomia e independência.

Princípios Orientadores Os princípios orientadores adotado para a minha prática pedagógica estão embasados numa visão sócio-histórica, onde valoriza o ser humano, suas interações sociais e suas produções. De acordo com a concepção sócio-histórica ou sócio-interacionista, o sujeito se constrói a partir de suas interações com o meio. Essas interações são fundamentais para o desenvolvimento da inteligência, como para o amadurecimento do indivíduo. Destaco os estudiosos Vygotsky e Paulo Freire, que consideram a aquisição do conhecimento do homem uma manifestação, partindo dos aspectos de interação do seu “eu” com o mundo exterior. Assim, o processo de construção do saber acontece de maneira consciente, no qual o educando é levado à condição de questionador em todas as instâncias do processo educativo. Vygotsky procura mostrar que o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre o sujeito e o mundo exterior. Tais relações estão imersas em um processo histórico. Seus escritos ressaltam a importância da mediação como idéia central para a compreensão do desenvolvimento humano. A criança, desde o seu nascimento, é imersa em um mundo social, onde toda a atividade humana é mediada pela linguagem. Através de sua interação com o mundo, a criança, gradativamente, vai apropriando-se da linguagem em suas relações com os objetos e com o 28


outro, seja criança ou adulto. [...] o aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação com seus companheiros. Uma vez internalizados esses processos torna-se parte das aquisições do desenvolvimento independente das crianças (VYGOTSKY, 1984 p. 101).

A relação do sujeito com a realidade se faz sempre mediada pelo outro, através da linguagem. Vygotsky considera a linguagem como constituidora das funções mentais superiores, sendo que o conhecimento é adquirido nas relações entre as pessoas, através da linguagem e da interação social. As interações sociais na perspectiva sócio-histórica permitem pensar um ser humano em constante construção e transformação que, mediante as interações sociais, conquista e confere novos significados e olhares para a vida em sociedade e os acordos grupais (VYGOTSKY, 1989 apud MARTINS, 1997, p. 116).

Para Paulo Freire, é importante estabelecer o máximo de relações entre os conhecimentos prévios dos alunos, para entendermos o educando como um ser pensante, que está em interação com o mundo, construindo conhecimentos. Ele sempre defendeu a construção de uma nova consciência social que fosse capaz de modificar não apenas a realidade daqueles que estão aprendendo, mas a sociedade como um todo: “O educador precisa partir do seu conhecimento de vida e do conhecimento de vida do educando, caso contrário, o educador falha” (FREIRE, 1994). Para Vygotsky o conhecimento é uma construção social, pois é através do grupo cultural, onde o indivíduo se desenvolve que lhe vai fornecer um universo de significados que ordena o real nomeado por palavras. “O ser humano cresce num ambiente social e a interação com outras pessoas é essencial ao seu desenvolvimento” (DAVIS e OLIVEIRA, 1993, p.56) É uma construção histórica e social que para Vygotsky não há diferença quanto aos princípios de desenvolvimento, mas existem particularidades na forma como essas pessoas aprendem e na forma como se desenvolvem, assim como são distintos os recursos necessários para a sua aprendizagem. Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho; intervindo, educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 1997, p. 33).

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Segundo Vygotsky (1989), o desenvolvimento humano depende da interação que ocorre entre as pessoas e da relação dos objetos culturais, uma vez que, com a presença do outro, neste caso o professor mediador, dar-se-á a evolução das formas de pensar das crianças, ao mesmo tempo em que esta estará se constituindo como sujeito (p.11-122)

Justificativa A construção dos conhecimentos relacionados ao tempo e espaço, somente acontecerá através da realidade do aluno, onde o mesmo aprenderá a situar-se no mundo e no meio em que vive, conhecendo a relação existente entre ele e as pessoas, desenvolvendo assim, a sua capacidade de pensar historicamente, permitindo-lhe localizar-se dentro do contexto histórico, isto é acompanhar as mudanças históricas e relacionando-as com o presente. O Respeito o tempo, o ritmo e o nível de cada aluno no processo de construção da leitura e da escrita, estimulando a todos com a mesma intensidade.

Objetivo Pessoal de Aprendizagem Aplicar os conhecimentos adquiridos nos estudos do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, durante o estágio com a turma da EJA II da Escola de Educação Especial João de Barro, oportunizando situações de aprendizagem que possibilitem ao aluno assumir o papel de agente na construção do próprio saber, respeitando o ritmo e a individualidade dos alunos.

Objetivo Geral Ampliar os conhecimentos relacionados ao tempo e espaço, a partir das relações sócio-histórico culturais, comunidade e escola

de forma contextualizada, considerando o seu município,

Objetivos Específicos •

Perceber que o espaço é organizado e transformado pelo homem, de acordo com os interesses e as necessidades dos diferentes grupos e que a dimensão temporal se faz presente através do movimento histórico das transformações;

Desenvolver sua capacidade de expressão, analisando fatos, dados, situações, de sua realidade (família, escola e comunidade); 30


Resgatar a história de vida do aluno, tendo como fator principal elevar a sua autoestima possibilitando que ele se identifique como sujeito da história;

Identificar e reconhecer aspectos que o caracterizam e ao grupo ao qual pertence (características físicas, culturais, costumes e valores);

Reconhecer a existência de diferentes modos de ser e viver, tanto na sociedade em que

vive (diferenças étnicas, sociais, de gênero como em outras culturas); Reconhecer-se como sujeito nas relações de estudo, trabalho e lazer que são

estabelecidas no espaço em que vive; Compreender os diferentes tipos de relações, harmoniosas ou conflitantes, na família, na comunidade e na escola;

Conhecer a própria história como um processo que se constrói a partir das relações estabelecidas pelas pessoas, no tempo e no espaço;

Desenvolver o gosto pela leitura e escrita, ouvindo e produzindo histórias;

Participar das atividades em grupo, expondo suas idéias e colaborando com os colegas na resolução das atividades propostas;

Reconhecer os meses e estações do ano, através das datas comemorativas; Identificar as profissões existentes na nossa escola e na comunidade, onde pertence;

• •

• • •

Registrar as novidades e reflexões das aprendizagens da semana no Blog Coletivo da turma; Resolver as situações problemas de adição e subtração; Localizar a escola e sua casa, no mapa virtual, através da pesquisa na internet; Localizar o município de Três Cachoeiras e a sua prefeitura, no mapa virtual, através da pesquisa na internet; Conhecer os pontos turísticos de Três Cachoeiras, através de saída de campo e de documentários em vídeo;

Identificar as comunidades, onde os alunos moram, e que fazem parte do nosso município;

Elaborar textos coletivos e individuais, a partir de situações do seu contexto escolar e familiar; Reconhecer e identificar os meses do ano, a partir do número correspondente de cada

mês, relacionando-os as datas comemorativas dos profissionais da escola; Construir e representar graficamente histórias matemáticas e da conta armada dos

• •

cálculos de adição e subtração; Identificar as profissões existentes na nossa escola e na comunidade, onde pertence; Participar das atividades em grupo, expondo suas idéias e colaborando com os colegas 31


na resolução das atividades propostas; Desenvolver valores de boa convivência na escola, família e na sociedade;

Identificar os sinais de pontuação: final, vírgula, interrogação e exclamação;

• •

Reconhecer e se apropriar do endereço tanto da escola quanto o de sua casa; Possibilitar a compreensão da utilização dos diferentes recursos, de comunicação

como carta, e-mail, telefone, televisão, jornal, rádio, etc; Conhecer os diferentes tipos de meios de comunicação, bem como sua função e a sua

importância em nossas vidas; Criar um jornal informativo abordando assuntos da escola, família e comunidade; Perceber a necessidade de uma nova postura frente ao meio ambiente, garantindo uma

melhor qualidade de vida; Organizar exposição com os trabalhos desenvolvidos no estágio, blog coletivo e jornal

informativo;

Estratégias

Questionamentos sobre a vida do aluno, o lugar e as pessoas com que vive. Observação por parte dos alunos sobre as relações que as pessoas desenvolvem entre

si, tais como a relação de parentesco amizade e outros. Situações de identificação das ações de manhã, de tarde e de noite (nos diferentes

locais, as diferentes tarefas em diferentes horários). Entrevistas com familiares e profissionais da escola, para responder aos questionamentos dos alunos.

Construção de uma linha de tempo com as idades das pessoas que compõe a família, da mais velha a mais nova.

Criação de um blog Coletivo da Turma com fatos que marcaram a vida dos alunos na família, na escola e na comunidade. Passeio turístico pelas comunidades, onde os alunos moram , situando-se no espaço da

escola e a sua casa. Exploração e representação coletiva do espaço da sala de aula, da escola e de outros

ambientes (casa, igreja, clube e outros). Mapas virtuais, maquetes, desenhos, delimitando a área da sala de aula, localizando o grupo, seus componentes e os objetos que existem nela (oportunizando atividades semelhantes em outros espaços como casa, igreja e outros). Pesquisa e coletas de dados relacionados à sua casa, escola e comunidade, localizar-se e orientar-se mais facilmente. 32


Aula-passeio na rádio e na gráfica local do município de Três Cachoeiras.

Avaliação A avaliação será sistemática e, em todos os momentos do projeto, onde serão registrados os avanços, desempenhos e dificuldades encontrados, a fim de aprimorar as etapas posteriores. Os resultados servirão de ajuda no processo educativo, fornecendo elementos que permitirão identificar os conhecimentos prévios dos alunos e as condições em que promoverão avanços na construção do conhecimento.

Cronograma de Estágio Período de Estágio: 12/04 a 11/06 de 2010 Feriados: 21/04 – Tiradentes 29/04 – Emancipação do município 03/06 – Corpus Christi Sábados letivos: 24/04, 08/05, 15/05

Referências Bibliográficas FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: Um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997. DAVIS, Claudia. OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez, 1993. MARTINS, João Carlos. Vygotsky e o Papel das Interações Sociais na Sala de Aula: Reconhecer e Desvendar o Mundo. Série Idéias n. 28, São Paulo: FDE, 1997. p. 111-122.

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