Jornal Entreposto | Março 2014

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Um jornal a serviço do agronegócio

Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento

Diretora Geral: Selma Rodrigues Tucunduva | ANO 15 - No 166 | março de 2014 | Circulação nacional | Distribuição autorizada no ETSP da Ceagesp | www.jornalentreposto.com.br

Água |

FUTURO

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Embrapa envia amostras de feijão para o Banco Global de Sementes. Os exemplares compõem parte da riqueza genética brasileira que ficará armazenada para o futuro na construção conhecida como a ‘caixa forte do fim do mundo’.

Uso sustentável da água para agricultura

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Faltou diálogo na Ceagesp Não houve acordo para se chegar a uma solução pacífica sobre o estacionamento CAROLINA DE SCICCO

Entrevista |

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Bruno Costa, coordenador da Netafim Brasil Ceasas |

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Ceasa RS completa quatro décadas de abastecimento Artigo | PÁGINA 3 praça de guerra. Caminhões e prédios da administração foram incendiados. Os lamentáveis acontecimentos colocam em evidência a escassez de diálogo entre permissionários e

a direção do entreposto. A falta de negociação e uma multidão com ânimo exaltado resultaram em drásticas consequências. Anunciada desde 2013, a cobrança do estacionamen-

Sai o primeiro Novos ministros ganhador do Concurso prometem acelerar Cultural Femetran projetos da cadeia PÁGINA 2

Índice Ceagesp - fevereiro 2014

Geral Alta

9,07%

Frutas Alta

1,67%

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Legumes

Alta

33,89%

Verduras

Alta

58,20%

to teve início na quartafeira (12). De acordo com a C3V, concessionária contratada para administrar o estacionamento e outros projetos de reestruturação no entreposto.

CQH conta a história da uva niágara e a expansão do cultivo

Flores e FLV: relações comerciais no segmento “Um país se faz com homens e livros”

Monteiro Lobato

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Diversos

Pescado

Alta

Baixa -4,62%

6,63%

As ações de vandalismo durante o protesto contra a cobrança de estacionamento que aconteceu na manhã do dia 14 prejudicou a movimentação do mercado atacadista. O local virou uma

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Aqui tem um livro esperando por você!


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Dia Mundial da Água

março de 2014

Água e Energia será o tema do Dia Mundial da Água 2014 A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu nesta semana o tema do Dia Mundial da Água a ser celebrado em 22 de março de 2014: Água e Energia. A escolha se deu porque água e energia estão intimamente interligadas e são interdependentes, já que a geração hidrelétrica, nuclear e térmica precisa de recursos hídricos. Segundo dados da Agência Internacional de Energia, por exemplo, um aumento nominal de 5% do transporte rodoviário no mundo até 2030 poderia aumentar a demanda por água em até 20% do recurso utilizado na agricultura, devido ao uso de biocombustíveis. Outro dado da ONU aponta que cerca de 8% da energia gerada no planeta é utilizada para bombear, tratar e levar a água para o

consumo das pessoas. Além disso, os recursos hídricos são utilizados para a geração de energia geotérmica, que é uma alternativa para energia em países com escassez de água. Segundo o Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil – Informe 2012, da Agência Nacional de Águas (ANA), o País possui cerca de 1.000 empreendimentos hidrelétricos, sendo que mais de 400 deles são pequenas centrais hidrelétricas (PCH). Até 2011, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), aproximadamente 70% dos 117 mil megawatts (MW) da capacidade instalada da matriz energética brasileira eram gerados por PCH, usinas hidrelétricas e centrais de geração hidrelétrica. Dia Mundial da Água

Celebrado mundialmente desde 22 de março de 1993, o Dia Mundial da Água foi recomendado pela ONU durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco-92. Desde então as celebrações ao redor do mundo acontecem a partir de um tema anual, definido pela própria Organização, com o intuito de abordar os problemas relacionados aos recursos hídricos. Em 2013, a ONU definiu o tema “Cooperação pela Água” para marcar as celebrações e o Brasil, que instituiu seu Dia Nacional da Água em 2003, aderiu à proposta, como forma de incentivar a troca de experiências e a busca por soluções. Entre os temas já escolhidos para a data estão: água e segurança alimentar,

águas transfronteiriças, saneamento, água limpa para um mundo saudável, lidando com a escassez de água e água para as cidades: respondendo ao desafio urbano.

Águas de Março Para celebrar o Dia Mundial da Água, entre outras ações, a ANA criou, em 2007, o hotsite Águas de Março. A ideia é trazer informações institucionais sobre o tema anual definido pela ONU, um calendário de eventos nacionais, estaduais e locais que tenham como mote a celebração do dia 22 de março, bem como informações sobre o tema das celebrações de cada ano.

Sai primeiro ganhador do Concurso Cultural Femetran Joel Marx foi o vencedor da primeira fase do Concurso Cultural Femetran “Sou Mais Brasil”, com a frase:

“Vou de carro, a pé, no meio da rua pra maior arquibancaba, porque sou mais Brasil.” Ele foi premiado com uma camisa oficial da Seleção Brasileira. Parabéns Joel. Participe você também!

http://bit.do/concursoculturalfemetran

PauloFernando FernandoCosta Costa//Carolina Carolinade deScicco Scicco// Paulo Letícia Doriguelo Benetti / Paulo César Rodrigues Letícia Doriguelo Benetti / Paulo César Rodrigues

Anita Gutierrez/ Gabriel Bitencourt / Hélio Junqueira e Marcia Peetz/ Manelão

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março de 2014

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Editorial

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Vandalismo na Ceagesp prejudica abastecimento

CAROLINA DE SCICCO

As ações de vandalismo durante o protesto contra cobrança de estacionamento na Ceagesp que aconteceu na manhã do dia 14 prejudicaram a movimentação do mercado no dia seguinte, sábado. Embora tenha sido anunciado o não funcionamento do Entreposto neste final de semana, o portão 3 abriu normalmente. Funcionários ainda recolhiam cacos de vidros e resíduos do local. Poucos boxes foram abertos. E o abastecimento ficou defasado. “Não tive como procurar o melhor preço. Com poucas opções o jeito foi levar o que deu”, conta o feirante Éric Ishimoto. As vendas no varejo também foram prejudicadas e poucos consumidores apareceram. Frequentadora do varejão, Elizete Dias arriscou. “O movimento está muito abaixo do normal. Consegui comprar algumas verduras, mas vou voltar para casa sem fruta nenhuma”, disse.

Tumulto

A confusão começou por volta das 10h da manhã quando alguns manifestantes invadiram o local e atearam fogo em caixas de frutas e passaram a depredar as cabines de cobrança e respectivas cancelas. As ações dos vândalos durante o protesto deixaram o local como uma praça de guerra, caminhões e prédios da administração foram incendiados. Quatro seguranças ficaram feridos e um homem foi baleado. Ninguém foi detido.

Os lamentáveis acontecimentos expõem a escassez de diálogo entre permissionários e a direção do entreposto. A falta de negociação e uma multidão com ânimo exaltado resultaram em drásticas consequências.

Estacionamento

Anunciada desde 2013, a cobrança do estacionamento teve início na quarta-feira (12). De acordo com a C3V, concessionária contratada para administrar o estacionamento e outros projetos de reestruturação no entreposto. A cobrança do estacionamento faz parte de um processo de modernização da companhia, que visa organizar o espaço de carga e descarga de mercadoria. Desde a fundação do mercado, veículos de transporte de carga podem entrar e permanecer no local o tempo que quiserem. Entretanto, o crescimento do setor gerou um grave problema logístico. Desde o início, o Sincaesp (Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo) é contra essa cobrança. As tarifas variam de acordo com o tipo de veículo. Motocicletas pagariam a diária de dois reais. Enquanto carros, quatro reais por uma hora, chegando a 50 reais por um período maior que dez horas. Para caminhões os preços variam de acordo com os eixos.

NOTA ENVIADA PELO SINCAESP

Entidades da Ceagesp são contra o pedágio O Sincaesp, Acapesp, Apesp, Sindicar e varejões reunidos no dia 11 de março reafirmaram sua posição, contrária ao projeto de controle de portarias e circulação, que mantem desde 2012. Não porque achem desnecessário um controle de acesso e monitoramento interno, mas sim pelo modelo que foi apresentado. Por diversas vezes as entidades apresentaram sugestões alternativas para este controle, mas a diretoria da Ceagesp nunca aceitou uma sequer. A implantação de um novo sistema viário de circulação interna, a partir de setembro do ano passado, causou grandes transtornos, fazendo com que até triplicasse o tempo de carga e descarga de mercadorias para alguns setores. Este novo sistema dificultou o acesso dos compradores aos diferentes setores do entreposto fazendo com que muitos deixassem de fazer suas comprar aqui. Neste sistema preocupou-se apenas com a circulação, esqueceram que

os caminhões entram no entreposto para descarregar ou carregar mercadorias. Torna-se urgente um trabalho conjunto para reorganizar o sistema viário de circulação interna de acordo com a dinâmica do mercado, permitindo uma redução do tempo de permanência dos veículos. Que agilize o fluxo interno e não prejudique o transito no entorno da Ceagesp. A cobrança do pedágio é desnecessária, os novos serviços de monitoramento de transito e segurança através de câmaras eletrônicas poderão ser viabilizados de outras formas, sem esta cobrança. Os permissionários já pagam em seus boletos mensais, por segurança, fiscalização e portaria. A cobrança de um pedágio, que tem uma função puramente arrecadatória, prejudica os comerciantes aqui instalados e não traz nenhum benefício a este mercado que precisa ser revitalizado. A redução de tempo como benefício a ser auferido pela

cobrança de pedágio/permanência é uma falácia, a dinâmica do mercado na recepção das mercadorias, bem como nas retiradas pelos compradores determina esse tempo. A simples cobrança de acesso e estadia não contribui para essa redução de tempo. As injustas tarifas cobradas serão pagas pelos produtores e consumidores. Não se pode, através de uma aritmética simples, mostrar que isso corresponde a frações de centavos no quilo dos produtos. A cobrança do pedágio afasta os compradores de nosso entreposto, especialmente os pequenos e consumidores finais, o ETSP não precisa desta medida que apenas aumenta os custos sem trazer reais benefícios para a cadeia produtiva. Sincaesp – Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo.


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Entrevista

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Irrigação para agricultura familiar Netafim oferece kit para pequenos agricultores que dispensa uso de energia elétrica Fundada há mais de 45 anos e com cerca de 30 subsidiárias em todo o mundo, a Netafim oferece soluções para a redução do uso de água na agricultura. Os sistemas completos de irrigação por gotejamento, microaspersão, controle e monitoramento automatizados prometem redução de até 50% do recurso hídrico. Com produtos e serviços que atendem produtores rurais de todos os portes, a empresa israelense também procura proporcionar aos pequenos agricultores a oportunidade de inserção social e econômica através da geração de empregos e do fortalecimento das economias locais, de forma a tornar o negócio sustentável não só para eles mas também para a comunidade que os cerca. O coordenador de produtos e mercado da Netafim Brasil, Bruno Costa, conversou com o Jornal Entreposto e explicou as técnicas usadas pela empresa para a irrigação localizada e as vantagens do uso da água de forma parcelada.

Jornal Entreposto – Qual é a principal solução que a Netafim oferece para a redução do

uso de água na agricultura? Bruno Costa - A Netafim, empresa de origem israelense, criou a tecnologia de gotejamento justamente porque em um país com pouquíssima água, não é aceitável existir desperdício. Desde então a tecnologia foi aprimorando-se e hoje a nossa solução abrange desde componentes básicos de um sistema de irrigação até produtos para monitoramento e controle de alta precisão na aplicação de água, fertilizantes e outros produtos químicos. Podemos atender todos os perfis de produtores, desde pequenos agricultores familiares até grande empresários do agronegócio. JE - Além do gotejamento, quais são as outras técnicas que a empresa oferece aos produtores rurais para o uso sustentável da água? Existe alguma mais indicada para a agricultura familiar? BC - Oferecemos soluções em irrigação localizada, a qual consiste basicamente em dois métodos: o gotejamento e a microaspersão. Em ambos os casos, é possível aplicar água, fertilizantes e outros produtos com altos

A agricultura irrigada sustentável e o ciclo hidrológico

índices de eficiência e uniformidade, reduzindo as perdas, os custos operacionais e também o impacto ambiental. Em especial para a agricultura familiar, a Netafim oferece a linha de kit de irrigação por gotejamento, o KifNET, que possibilita a irrigação de diversos cultivos e sem utilização de energia elétrica (a água é aplicada com a força da gravidade). Este produto trouxe resultados no mundo todo e é, realmente, um caso de sucesso que nos orgulha muito. JE - Quais são as principais vantagens da irrigação por gotejamento? BC - A técnica do gotejamento consiste na aplicação de água em baixa intensidade, ou seja, baixas vazões, e em alta frequência. Aplicamos água de uma forma parcelada, possibilitando a absorção pela planta durante todo o dia, minimizando assim efeitos do ambiente como a lixiviação, o escoamento superficial e evaporação.

JE - Como se dá a manutenção do sistema? E a reposição de peças? BC - Todo sistema de irri-

gação necessita de cuidados preventivos que garantam seu desempenho por muitos anos, como por exemplo a abertura das extremidades dos tubos gotejadores para limpeza por arraste e a aplicação de cloro, mas todas estas instruções são fornecidas por nós e por nossos parceiros. Além deste serviço, os parceiros são distribuidores de produtos Netafim e podem fornecer peças de reposição caso sejam necessárias. JE - E o consumo de energia elétrica? BC - Os sistemas de irrigação localizada consomem menos energia em comparação com outros sistemas de irrigação por utilizar sistemas de bombeamento de água menores.

JE - Que região do Brasil mais utiliza este tipo de irrigação? BC - Possuímos clientes em todo território nacional e em diversos cultivos. No entanto, o sistema de gotejamento é amplamente conhecido e utilizado nas regiões sudeste e nordeste. JE – As soluções Netafim po-

dem ser aplicadas no cultivo de orgânicos? BC - As soluções de irrigação da Netafim atendem cultivos orgânicos da mesma forma que a agricultura convencional. JE - Existe algum lançamento previsto para 2014? BC - Em 2014 lançaremos um novo gotejador com características que elevam o patamar de resistência a entupimento, garantindo a longevidade e a confiabilidade do sistema de irrigação por gotejamento.

JE - Como você avalia a conscientização do produtor rural em relação à preservação da água e do solo? BC - Hoje, de forma geral, não vemos no Brasil a preocupação com a utilização correta e sustentável dos recursos hídricos, sendo que práticas recorrentes aqui são consideradas ilegais em outros países. A demanda de alimentos no mundo cresce anualmente e isso gera a necessidade de elevar a produtividade. Sendo os recursos necessários para produção escassos não haverá solução que não envolva a conservação de água e solos.


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Agricultura é o setor que mais gasta água no Brasil e no mundo A irrigação é o setor que mais desperdiça água. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que aproximadamente 70% de toda a água disponível no mundo – que já não é muita – é utilizada para irrigação. No Brasil, esse índice chega a 72%. A agricultura é vista pelo organismo internacional como alvo prioritário para as políticas de controle racional de água. De acordo com a Organização as Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), cerca de 60% da água utilizada em projetos de irrigação é perdida por fenômenos como a evaporação. Ainda segundo o órgão, uma redução de 10% no desperdício poderia abastecer o dobro da população mundial dos dias atuais. A Agência Nacional de Águas (ANA) informa que a irrigação é em disparado a maior usuária de água no Brasil, com uma área irrigável de aproximadamente 29,6 milhões de hectares. “Apesar da agricultura irrigada ser o principal uso no país e por isso requerer maior atenção dos órgão gestores, visando ao uso racional da água, ela resulta em au-

mento da oferta de alimentos e preços menores em relação àqueles produzidos em áreas não irrigadas devido ao aumento substancial da produtitivade”, pondera o Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil. O tema tem sido debatido na Subcomissão de Segurança Alimentar da Câmara dos Deputados. Em recente reunião, a presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Conseas), Maria Emília Pacheco, ressaltou que o Brasil precisa de uma agricultura que tenha harmonia com o meio ambiente. “A chamada revolução verde não é baseada na especificidade de uma agricultura tropical. Ela usa água em quantidade demasiada, desperdiça água”, comentou. Em 20 de agosto de 2012, a presidenta Dilma Rousseff publicou o decreto nº 7.794, que instituiu a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica e tem o objetivo de “contribuir para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da população, por meio do uso sustentável dos recursos naturais e da oferta e consumo de alimentos saudáveis”.

Biotecnologia reduz uso de água na agricultura Plantas geneticamente modificadas (GM) favorecem o uso racional do recurso natural no campo e novas pesquisas apontam para ganhos de eficiência ainda maiores. Garantir que mais pessoas tenham acesso à água potável está entre os Objetivos do Milênio (ODM) da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o último relatório conjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) quase 800 milhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso a de água própria para beber. A aplicação de tecnologia em diferentes atividades é uma das maneiras de contribuir para racionalizar e distribuir este recurso natural. De acordo com levantamento feito pelo Water Resources Group, a agricultura é responsável por aproximadamente 71% do consumo de água em todo o planeta (o equivalente a 3,1 bilhões de m³). Por essa razão, muito se investe no aperfeiçoamento de técnicas agrícolas para preservar não somente os recursos hídricos, mas também os naturais. A biotecnologia pode ajudar nesse uso sustentável por meio do desenvol-

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Ambiente

vimento de variedades de plantas geneticamente modificados (GM) resistentes à seca ou cujas características diminuam o uso de defensivos químicos e, consequentemente, de água. No Brasil, os atuais eventos transgênicos disponíveis já trazem esse benefício. Segundo um estudo da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM) e da Céleres Ambiental, os atuais eventos podem representar uma economia de aproximadamente 134 bilhões de litros de água entre 2010 e 2020. Essa quantidade seria suficiente para abastecer as cidades de Recife e Porto Alegre por um ano. Adicionalmente, já existem no País pesquisas com cana, soja e trigo geneticamente modificados (GM) para serem resistentes a estresses hídricos. Sem o uso de tecnologia para aumentar a eficiência do uso de água no campo, em 2030 o setor primário será responsável pelo consumo de 4,5 bilhões de m³ de água, um aumento de 45% em relação a o qu e é gasto hoje. Adicionando a este número o uso industrial e doméstico, o total será de aproximadamente 7 bilhões de m³.

USO DA ÁGUA NO MUNDO 8% 22% 70%

USO DOMÉSTICO USO INDUSTRIAL USO NA IRRIGAÇÃO

De acordo com o gráfico acima que utiliza dados da ONU e do Programa de Avaliação Mundial da Água, a irrigação é a principal responsável pelo uso do recurso.

50% Porcentagem de aumento no gasto da água até 2025 em países em desenvolvimento.

60% Porcentagem de cidades europeias que utilizam água do subsolo em velocidade maior do que ela pode ser reposta.

2 milhões

Número aproximado de pessoas que viverão em regiões de abasoluta escassez de água até 2025.

USO DA ÁGUA NO BRASIL 1%

7% 9% 11%

IRRIGAÇÃO ANIMAL RURAL

72%

URBANO INDUSTRIAL

A vazão consumida total no Brasil é de 1.212 m³. Desse valor, 72% corresponde ao ramo de irrigação na agricultura. Os dados são da Agência Nacional de Águas (ANA) em relatório de 2012.

29,6 milhões

Número de hectares irrigáveis no Brasil.

1,8

milhão

Número de hectares da região hidrográfica do Paraná, a maior neste aspecto.

20% Porcentagem de crescimento do valor da área irrigada em 2010 em compraração com 2006.

10%

De acordo com a ONU, essa é a porcentagem de redução necessária do usoi de água na agricultura para abastecer o dobro da população mundial.


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Qualidade

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A receita da produção de água limpa No solo sem proteção de palha, sem mecanismos de quebra de força e de velocidade da água, a chuva arrasta a parte mais fértil do solo, faz buraco, polui os rios e causa inundações Anita de Souza Dias Gutierrez Centro de Qualidade em Horticultura Ceagesp A conservação do meio ambiente é tema dominante nas escolas e na mídia brasileira. A fiscalização ambiental chega a aterrorizar o agricultor – que tem suas lavouras destruídas por capivaras e lebres e não pode fazer nada. A legislação ambiental impede até o controle de pragas urbanas importantes como os pombos, conhecidos como transmissores de doenças importantes e pela sujeira que fazem. Parece que a conservação do solo e da água não faz parte da legislação ambiental brasileira. Os estados de São Paulo e do Paraná possuem leis próprias de conservação do solo e da água e fiscalização do cumprimento dessas leis é responsabilidade das suas secretarias da agricultura.

Nos anos 50 existiam agrônomos conservacionistas na Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, campanhas de conservação do solo e prêmios para as propriedades melhor conservadas. Algumas das frases utilizadas nas campanhas ainda são lembradas: ‘A erosão rouba a herança do paulista de amanhã’, e ‘Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil.’ A erosão já era responsável, naquela época, pelas ‘Cidades Mortas’ escritas no livro de Monteiro Lobato – regiões inteiras em que o cultivo errado de café destruiu a fertilidade do solo e exigiu a mudança da cultura para outras regiões. O plantio direto começou timidamente nos anos 70 e se expandiu para as grandes culturas como soja e milho. Infelizmente, na produção de frutas e hortaliças frescas, o plantio direto ainda é muito pouco ou nada utilizado.

O raciocínio é muito simples

Fazendo uma conta rápida

No solo protegido, cheio de canalículos de raízes, bem drenado, o impacto da água de chuva é absorvido pelo solo coberto e toda a água penetra no solo. Uma parte da água é perdida para a atmosfera por evapotranspiração, uma parte é utilizada pela planta e uma outra parte infiltra no solo e abastece o lençol freático – cerca de 20% segundo estudos feitos pelo CENA – Centro de Energia Nuclear na Agricultura – ESALQ/USP. No solo sem proteção de palha, sem mecanismos de quebra de força e de velocidade da água, a chuva arrasta a parte mais fértil do solo, faz buraco, polui os rios e causa inundações. A água da chuva não chega ao lençol freático que abastece as minas d´água e pereniza e estabiliza o volume dos rios.

Tomemos uma região em que o volume pluviométrico é de 1.500 mm. Cada mm de chuva representa 1 litro de água por metro quadrado. Vamos considerar o que acontece 10.000 metros quadrados de terra – um hectare de terra bem conservado, qual é a sua capacidade de produção de água. Um hectare em um região que recebe, por ano, uma precipitação de 1.500 mm (comum no Estado de São Paulo), que equivale a 15 milhões de litros e que 3 milhões de litros (20% do total) chegarão ás fontes de água e aos rios, através do lençol freático, ao longo do ano e permitirão o abastecimento de água para o consumo da população, a produção de energia e a irrigação

das lavouras. A falta de conservação do solo nas propriedades rurais é muito agravada pela ação das construtoras das estradas federais, estaduais e municipais, pavimentadas ou não. Elas canalizam a água das chuvas e as despejam nas propriedades rurais sem nenhuma preocupação com os danos ambientais que estão causando e com os seus prejuízos para a propriedade rural. As cidades com suas imensas áreas impermeabilizadas, que impedem a infiltração da água de chuva no solo, são grandes causadoras de enchentes e da escassez de água, que prejudicam os seus habitantes e a área rural. Estamos num momento de grande escassez de água. É o momento de investir forte na produção de água limpa, através da Conservação do Solo e da Água.


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Agricultura Familiar

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Apesar da

seca,

alimento biofortificado rende mais que a média nacional

P

equenos agricultores rurais do município de Magé (RJ), que receberam da Embrapa Agroindústria de Alimentos ramas de batata-doce biofortificada para plantio, obtiveram colheitas acima da média, apesar da estiagem que se estendeu por cerca de 40 dias na região, no início deste ano. O cultivar enriquecido pode representar nova opção de renda para esses agricultores. Fazendo uma projeção pela área que foi plantada “e pelo rendimento” alcançado, o pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, José Luiz Viana de Carvalho, disse que o resultado “deu acima da média nacional”, que são oito toneladas por hectare, de acordo com a Embrapa Hortaliças. Segundo Viana, se plantada em uma escala maior, a produtividade atingiria em torno de dez toneladas. “É sinal que, se a gente der um tratamento, um carinho na criança, a gente vai conseguir, e muito, melhorar o que fez”, externou. O município de Magé integra o grupo de cidades do Rio de Janeiro que recebem cultivares biofortificados, dentro da Rede BioFORT. Os outros

municípios fluminenses parceiros do projeto são Pinheiral e Itaguaí. A biofortificação é um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, também conhecido como melhoramento genético convencional, que gera cultivares mais nutritivos. O objetivo é diminuir a desnutrição e propiciar maior segurança alimentar por meio de maiores níveis de ferro, zinco e pró-vitamina A na dieta da população, sobretudo a mais carente. A Rede BioFORT abrange 59 municípios de nove estados: Maranhão, Piauí, Minas Gerais, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Rondônia e Pará. Os alimentos cujo valor nutricional vêm sendo enriquecido pelos técnicos da Embrapa Agroindústria de Alimentos englobam hortaliças, grãos e raízes. Ao todo, são oito culturas no Brasil: arroz, feijão comum e feijão-caupi (fradinho), milho, trigo, batata-doce, mandioca e abóbora. Para ser viabilizado, o projeto deve contar com a participação de outros atores, além da Embrapa Agroindústria de Alimentos, destacou Carvalho. No caso de Magé, por exemplo, o

plantio da batata-doce biofortificada pôde se tornar realidade graças a acordo firmado entre a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a prefeitura de Magé, por meio da secretaria municipal de Agricultura Sustentável e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-RJ). Carvalho acredita que Magé tem todas as condições para apoiar a agricultura familiar. A cidade já é um polo produtor de hortaliças. Ele disse que a ideia é continuar atuando para melhorar a produtividade de alimentos enriquecidos na região. O secretário municipal de Agricultura Sustentável de Magé, Aloísio Sturm, quer dar continuidade à parceria com a Embrapa Agroindústria de Alimentos nesse projeto de biofortificação. “Tudo que a Embrapa trouxer para nós é bem-vindo, porque a gente conhece a Embrapa, sabe da importância de suas pesquisas, e a gente está aqui para multiplicar os resultados que a Embrapa faz acontecer”, manifestou Sturm. Ele disse que, para os pequenos produtores, novidades como essa podem significar oportunida-

des boas de mercado; inclusive quanto à merenda escolar, porque “o nosso foco com essa batata biofortificada é a merenda escolar”. A batata-doce biofortificada tem polpa de cor alaranjada e casca vermelho-arroxeada, de superfície lisa. O agricultor Matheus Cardoso Teixeira, que participou do projeto em Magé, na Fazenda Pau Grande, disse que “a batata-doce é muito boa porque, com as 15 ramas que recebi da prefeitura, em convênio com a Embrapa, plantei o equivalente a 2 metros de canteiro e colhi 8 quilos”. Se tivesse plantado uma batata-doce comum, Matheus informou que não teria colhido mais que 4 quilos do alimento. O produtor Laerte Luiz da Rosa, de 54 anos, dedicou toda a sua vida à agricultura familiar e quis participar do projeto. Ele colheu 15 quilos de batata-doce enriquecida na primeira vez que plantou. ”Achei a batata-doce biofortificada muito boa”, disse ele, e adiantou que na segunda safra, que deve colher no início de março, espera retirar em torno de 60 caixas para comercializar no mercado. Em relação ao paladar, foi categórico: “É muito bom. Está aprovado”.


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Qualidade

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História da uva niágara

LEITURA

Obra aborda o cultivo da uva Niágara rosada

Hélio Satoshi Watanabe Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp

A uva Niágara Branca, resultado do cruzamento das variedades labruscas: Concord e Cassady, foi obtida nos Estados Unidos em 1868, e introduzida no Brasil, em 1894, inicialmente no Estado de São Paulo, no município de Louveira, região tradicional de fruticultores produtores de uva de mesa, vinho e sucos. A uva Niágara Rosada, segundo relatos de alguns autores, surgiu em 1933, no município de Louveira, através de mutação somática em uma planta de uva Niágara branca na parreira do produtor Antônio Carbonari e descoberta pelo viticultor Aurélio Franzini. A cor rosada, sabor característico, doce e aroma foxado, conquistaram rapidamente os consumidores, e o seu cultivo expandiu-se rapidamente substituindo pomares antigos de variedades tradicionais destinadas à produção uva de mesa, suco e vinho. A grande aceitação pelos consumidores fez com que surgissem novos viticultores, principalmente os produtores de café que passavam por uma forte crise mundial. Outros fatores que contribuíram para a rápida expansão estão relacionados ao relevo acidentado, ao pequeno porte da maioria de propriedades, ao clima adequado para o cultivo de uva e à proximidade de grandes centros consumidores. A expansão de novos plantios em municípios vizinhos (Jundiaí, Indaiatuba, Campinas) ocorreu rapidamente tornando a região como um dos principais polos de produção da Niágara do Estado de São Paulo e do Brasil, que permanece até hoje. O sucesso da Niágara Rosada foi tão grande que muitos produtores tradicionais da Niágara Branca optaram pela substituição gradativa, a ponto do quase desaparecimento de cultivos comerciais de Niágara Branca. Até a década de 1990, predominantemente o cultivo da Niágara se dava nos municípios de Indaiatuba, Jundiaí, Louveira, Valinhos, Itupeva, Jarinu, Monte Mor, Itatiba e Campinas, região de clima ameno e agradável, próximo da Grande São Paulo, fez com que muitas pessoas procurassem essa região para adquirir terrenos para lazer/moradia. Surgiram muitas chácaras, condomínios

de alto padrão e o crescimento acelerado das cidades invadiu as propriedades rurais, valorizando os terrenos, criando uma forte pressão imobiliária, fazendo com que muitos produtores vendessem suas áreas, migrando para outras regiões relativamente próximas, para terrenos de menor valor, clima adequado para a viticultura, disponibilidade de mão de obra e não muito distantes dos grandes centros consumidores. A uva Niágara requer agilidade na comercialização pela cur-

ta vida de prateleira. Uma das regiões que tem crescido bastante é de São Miguel Arcanjo com produção um pouco mais tardia em relação às demais regiões tradicionais e Jales que produz na entressafra. Recentemente, com a evolução tecnológica para produção de uva Niágara em regiões de clima tropical possibilitou o cultivo com sucesso como a região de Jales – SP, Primavera do Leste - MT, Marialva e Bandeirantes - PR Janaúba - MG produzindo na entressafra das

regiões tradicionais, aumentando a oferta por todo o ano, os produtores estão obtendo ótimos resultados produzindo no período de menor oferta, possibilitando aos pequenos produtores de regiões tropicais investirem na cultura. O plantio de uva Niágara na região de Janaúba-Mg, já é uma realidade. Vale ressaltar que a uva Niágara é destinada na sua maioria para consumo “in natura”, mas uma parte da produção é destinada para produção de vinhos e sucos.

Os principais estados produtores de uva Niágara são: São Paulo, Minas Gerais e Paraná Evolução da área de cultivo da Uva Niágara Região Campinas São Miguel Arcanjo Jales

Plantio Novo - hectares 1983 1993 214 182 0 0,2

0,11

18,9

2003 80,6 20

2013 80 0

2,75

6,5

Área em Produção - hectares 1983 1993 2003 5.224 5.146 5.498 9 306 328

0,23

15,7

44,8

2013 4.003 936

224,9

Fonte: IEA – Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, com área em hectares estimada pelo CQH da Ceagesp

Conforme dados da tabela fica claro que está havendo decréscimo na Região de Campinas e aumento de área na Região de São Miguel Arcanjo e Jales no período de 1983 a 2013, ou seja, Campinas foi de 5.224 para 4.003 hectares, São Miguel Arcanjo de 9 para 936 hectares e Jales de 0,23 para 224,9 hectares, uma demonstração clara da migração de áreas tradicionais para outras regiões.

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A cultivar niágara rosada tem se apresentado como uma alternativa em relação às cultivares finas, para a produção de uvas nas regiões tropicais do Brasil. Por ser menos suscetível às doenças fungicas e apresentar menor custo de produção, possibilita melhor renda ao pequeno produtor, além de atingir preços compensadores no período de junho a novembro, entressafra nas regiões vitícolas tradicionais. A Embrapa Uva e Vinho tem desenvolvido, ao longo de sua história, diversas pesquisas na área do melhoramento genético da videira, que culminaram no lançamento de várias novas cultivares de uvas para mesa e processamento, entre elas, a cultivar niágara. Paralelamente, trabalhos foram conduzidos visando o manejo das novas cultivares resultantes dessas introduções, buscando sua adaptação às diferentes condições brasileiras. O livro “O cultivo da videira niágara no Brasil”, da Embrapa, apresenta orientações para implantação de vinhedos, poda, nutrição, controle de pragas e irrigação das videiras, bem como informações históricas acerca da origem e do melhoramento da cultivar Niágara. Vendas pelo site: http://vendasliv.sct.embrapa.br.


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Novos ministros prometem Governo estabelece acelerar projetos de logística, novo preço mínimo para agricultura e pesca a uva industrial PREÇO

Valor da fruta usada em vinhos, sucos e derivados fica 10,5% maior O preço mínimo da uva industrial (Isabel) para o ano de 2014 nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste será de R$ 0,63, alta de 10,5% sobre os R$ 0,57 definidos pelo governo federal no ano passado. O valor foi aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no final de 2013, mas só foi publicado em 20 de fevereiro no Diário Oficial da União. “Esta é a primeira alta no preço mínimo do produto desde 2012 e será de fundamental importância para os produtores”, explicou o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller. A Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) faz parte das ações governamentais para a

aquisição de produtos excedentes do mercado, corrigindo distorções de preços ao produtor. O objetivo é permitir o sustento da renda no campo, garantindo uma remuneração mínima pela colheita. Além da PGPM, o auxílio do Ministério da Agricultura ao setor da vitivinicultura tem sido por meio de linhas de crédito para custeio e investimento, além da subvenção ao prêmio do seguro rural. No ano passado, a estimativa é que tenham sido processadas 611 mil toneladas de uva Isabel apenas no Rio Grande do Sul, estado responsável por cerca de 90% da produção nacional. A utilização é para a elaboração de vinhos, sucos e outros derivados.

Após assumir o Ministério da Agricultura, o ex-secretário de Política Agrícola da pasta, Neri Geller, disse ter o apoio do setor e do PMDB. O novo ministro disse ter ligação “forte” com o Congresso Nacional e obter apoio de “praticamente todo o setor do país”. Já o recém-empossado ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, quer melhorar a execução das políticas da pasta, que já tiveram “enorme crescimento” nos últimos dez anos. Neri Geller foi indicado por seu antecessor, Antônio Andrade, em apoio liderado pelo senador Blairo Maggi, ex-governador de Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil. Filiado recentemente ao PMDB, Geller diz ter “forte” ligação com o Congresso Nacional. “Eu sinto por parte da grande maioria dos deputados, se não todos, inclusive do PMDB, que tive apoio sim. A nossa relação com o Congresso Nacional vai ser muito forte, no sentido de implementar política de resultado no setor”, afirmou. Miguel Rossetto volta ao comando do Ministério do De-

MARCELO CAMARGO/ABr

senvolvimento Agrário com o objetivo de ampliar os programas atualmente em execução pela pasta. “Vamos dar continuidade, melhorando crédito, assistência técnica, melhorando preços agrícolas, avançando na política de reforma agrária com qualidade e quantidade”, observou. “Lá em 2003 ajudou a implantar este ministério, e, além disso, traz para ele uma bem-sucedida passagem pela presidência da Petrobras Biocombustíveis”, disse Dilma durante discurso na cerimônia de posse. Para Dilma, o senador Eduardo Lopes assume o

Ministério da Pesca e da Aquicultura com a tarefa de “continuar fortalecendo a pesca e a aquicultura, de transformar a pesca em um setor agregador de valor e gerador de renda”. O novo ministro da Pesca e da Aquicultura pretende conhecer os projetos em execução pela pasta, principalmente no que diz respeito aos resultados atuais do Plano Safra da Pesca. “Quero manter a média da produção que foi alcançada. No ano passado houve crescimento de 70%, passamos de 1,5 milhão para 2,5 milhões de toneladas de produção anual”, disse Eduardo Lopes.

APAS 2014 trata da confiança na cadeia supermercadista Há menos de dois meses para a APAS 2014 – 30º Congresso e Feira de Negócios em Supermercados, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) se prepara para o maior evento mundial do setor supermercadista, que acontece entre os dias 5 e 8 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo. São esperados 68 mil visitantes, entre empresários do setor de supermercados e executivos do varejo de todo o país e do exterior. A entidade estima gerar negócios da ordem de R$ 5,5 bilhões. Este ano, o tema é “CONFIANÇA – Fundamento do Time Campeão”. “A confiança é a base de tudo e a transparência e responsabilidade do setor com o consumidor são os reflexos do crescimento. Em época de Copa do Mundo de Futebol e de eleições, o tema

não poderia ser mais propício, afinal, sabemos que pequenas atitudes positivas, realizadas em equipe, podem construir uma relação de confiança mais duradoura”, afirmou o presidente da APAS, João Galassi. Custo Zero até 25 de abril E quem é associado conta com vantagens exclusivas: mais uma vez, é oferecido custo zero para os associados que inscreverem seus colaboradores na APAS 2014 até o próximo dia 25 de abril. A ação é válida também para não associados: quem se associar até esta data poderá inscrever toda a equipe de funcionários para participar dos quatro dias da Feira, gratuitamente. Além do custo zero para a Feira, os supermercadistas associados da APAS e das as-

sociações estaduais de supermercados do País têm descontos especiais no Congresso de Gestão. O pacote de palestras é adquirido por dia: ao escolher a data de preferência, o supermercadista terá acesso a todas as palestras do Grande Auditório e dos Auditórios Temáticos, com temas diversos como Marketing, Capital Humano, Tecnologia, Comercial, e Estratégia e Gestão. Mais informações sobre o custo zero e a programação completa podem ser obtidas no site.

www.feiraapas.com.br. Sessão Solene de Abertura: 5 de maio às 14h Feira de Negócios: 5 a 7 de maio, das 14h às 22h / 8 de maio, das 14h às 20h Congresso de Gestão: 6 a 8 de maio, das 8:30h às 14h


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Artigo

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As vendas de flores para o dia internacional da mulher em 2014 Antonio Hélio Junqueira * Marcia da Silva Peetz ** O Dia Internacional da Mulher, celebrado a cada ano no dia 8 de março, foi oficialmente instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1977. Contudo, a iniciativa de homenageá-las data do início do século XX, quando nos EUA e Europa elas foram, em diferentes ocasiões, destacadas por suas lutas por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito ao voto. Essa data vem conquistando, a cada ano, maior expressividade no calendário anual de vendas de flores no mercado interno brasileiro. Representa, hoje, uma das ocasiões mais importantes para o comércio setorial, sendo superada apenas pelos tradicionais campeões de vendas – Dia das Mães e dos Namorados – porém, eventualmente, ultrapassando os valores de vendas em outras relevantes ocasiões como Finados, Natal e Réveillon. Cabe destacar que a data comemorativa dedicada às mulheres marca a efetiva abertura anual do mercado nacional de flores, a partir da qual se observam importantes acréscimos nos fluxos de produção e comercialização setorial, já que nos meses de janeiro e fevereiro o consumo sofre importantes níveis de queda, por virem após as festividades de final de ano e constituírem-se em período de férias. Menores resultados financeiros do comércio para esta data costumam ocorrer em anos em que a sua celebração coincide com o Carnaval – como ocorreu em 2011 –, ou se apresenta muito próxima dele (como em 2012 e agora, em 2014). As vendas de flores para celebrar a data também são prejudicadas quando a data cai em um final de semana, uma vez que, entre os principais compradores para os presentes femininos, encontram-se os clientes institucionais de estabelecimentos que não trabalham aos sábados e domingos (bancos, escritórios, escolas e outros). Em 2014, desafortunadamente, esses dois fatores ocorreram simultaneamente. Neste

Cestas 7% Vasos diversos 6%

Outras flores 3%

Buquês mistos 11%

Orquídeas 7%

[NOMEvermelhas DA CATEGORIA] Rosas [PORCENTAGEM] 66%

Produtos de maior saída

Produtos de maior saída Rosas vermelhas Orquídeas Buquês mistos Vasos diversos Cestas Outras flores

66 7 11 6 7 3

contexto, todos os segmentos do comércio brasileiro de flores e plantas ornamentais, tanto em nível de atacado, quanto de varejo, ficaram bastante apreensivos com as vendas para esse Dia Internacional da Mulher e, efetivamente, contabilizaram piores resultados do que no ano passado. Para avaliar o impacto desses fenômenos no resultado das vendas, a empresa de Inteligência de Mercado, Hórtica Consultoria, em parceria com o Sindicato do Comércio Varejista de Flores e Plantas Ornamentais do Estado de São Paulo, realizou pesquisa via e-mail, redes sociais e telefone com floriculturas e empresas varejistas do segmento de todo o Brasil. A pesquisa foi realizada entre os dias 26 de fevereiro e 6 março de 2014, e ouviu técnicos especialistas das principais Centrais de Abastecimento, atacadistas e distribuidores, cooperativas de produtores, importadores de flores e plantas ornamentais, responsáveis pelas compras do departamento de jardinagem do setor

supermercadista, floriculturas e empresas de comércio eletrônico e de distribuição de cestas e de telemensagens. Os resultados obtidos permitiram constatar que 63% das empresas do varejo consultadas apostaram que em 2014 venderiam menos do que na mesma data do ano anterior. Uma parcela de 10% delas avaliou que obteria o mesmo montante, enquanto 27% declararam acreditar que os resultados seriam menores do que os de 2013. Observou-se que 92% das floriculturas e outras lojas ou empresas varejistas pesquisadas afirmaram concordar que a proximidade do Carnaval prejudicaria as vendas, enquanto outras 76% acreditavam que a data ter caído em um sábado também faria com que a procura por flores para presentear as mulheres seria negativamente afetada. Como sempre, as rosas lideraram majoritariamente as intenções de compra para presentear no Dia Internacional da Mulher, com uma participação relativa de 66%. Essas flores costumam ser compradas pelo consumidor como buquês de 6 a 12 botões, mas também vem se tornando cada vez mais importante o ato de presentear com apenas um botão solitário de rosa, especialmente no caso da demanda corporativa. Neste caso, o valor do botão preparado para o presente oscila, em todo o Brasil, na faixa de R$

5,00 a R$ 10,00. Em segundo lugar na preferência das compras, com 11% das respostas, vieram os pequenos arranjos ou ramalhetes de flores diversificadas, aos quais se seguiram: orquídeas e cestas com chocolates (com 7% cada uma das opções), vasos floridos, especialmente begônias, kalanchoes, violetas e outras (6%) e outras flores de corte, tais como gérberas e alstroemérias (3%) (Ver figura)

BRASIL. Produtos preferidos para presentear no Dia Internacional da Mulher de 2014 Fonte: Hórtica Consultoria/ Sindiflores, pesquisa de campo, fevereiro/março de 2014.

Enfim, contabilizados todos os resultados efetivamente apurados pelo mercado e que infelizmente comprovaram as previsões baixistas apontadas pela pesquisa, cabe-nos discutir estratégias possíveis de enfrentamento da questão apontada. Em realidade, durante todo o tempo o setor trabalhou como em uma “crônica da morte anunciada”. Ou seja, todos sabiam de antemão que a coincidência da data com o Carnaval e o sábado trariam consequências ruins para as vendas. No entanto, o que faltou foi a capacidade de articulação de soluções para a mitigação do risco previamente identificado. Neste sentido, é válido apontar para ações comerciais

e de marketing que poderiam ter sido antecipadas ao problema, induzindo à pré-programação de compras e encomendas, ou até mesmo o incentivo à celebração da data no dia anterior ao final de semana. Para que isso tivesse sido possível, claramente deveriam ter sido articuladas ações coletivas de propaganda, marketing e comunicação institucional. Mas, fica aqui o recado: jeito há de se antecipar aos problemas e soluções podem ser encontradas para a mitigação ou eliminação dos riscos. Basta mirar o problema com determinação e organizar-se para enfrentá-lo. Afinal, o Dia dos Namorados está chegando e todos sabem que ele caiará no dia de abertura dos jogos da Copa do Mundo de Futebol. O que fazer, antão?

A pesquisa completa pode ser acessada no endereço: http://www.hortica.com.br/ artigos/2014/Boletim_perspectivas_vendas_flores_Dia_Internacional_%20Mulher_2014.pdf * Engenheiro agrônomo, doutorando em Ciências da Comunicação (ECA/ USP), mestre em Comunicação e Práticas de Consumo (ESPM), pós-graduado em Desenvolvimento Rural e Abastecimento Alimentar Urbano (FAO/PNUD/CEPAL/IPARDES), sócio administrador da Hórtica Consultoria e Treinamento. ** Economista, pós-graduada em Comercialização Agrícola e Abastecimento Alimentar Urbano, sócia-administradora da Hórtica Consultoria e Treinamento.


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PROMOÇÃO

Voluntários da Copa do Mundo

receberão kits com produtos da agricultura familiar

Chamada pública para associações e cooperativas que produzem alimentos orgânicos e sustentáveis prevê a compra de itens como castanha de caju, barra de cereal, mel em sachê e sucos de diversos sabores

Os 20 mil voluntários que atuarão nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo Fifa 2014 receberão kits para lanches com produtos da agricultura familiar. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) publicou, no início deste mês, uma chamada pública para comprar produtos de agricultores familiares. “O objetivo é estimular o consumo consciente, gerar oportunidades de negócios e promover a inserção de produtos orgânicos e sustentáveis da agricultura familiar no mercado turístico em grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014”, afirma a assessora da secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Laura

Souza. Ela ressalta ainda que o legado dessa ação é criar uma cadeia produtiva mais estruturada para o setor, com inserção social, geração de emprego e renda e preservação ambiental. Esta compra institucional – realizada por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) – dispensa licitação e é voltada para associações e cooperativas que produzem alimentos orgânicos e sustentáveis. As propostas e os documentos para habilitação poderão ser entregues entre os dias 10 e 21 de março. Cada kit será formado por 10 itens: castanha de caju (100g), abacaxi desidratado (100g), banana desidratada (100g), barra de cereal (50g),

biscoito integral (350g), biscoito sequilho (350g), castanha de baru (100g), castanha do Brasil (100g), mel em sachê (60g) e suco de diversos sabores (1,8 l). Cada organização (cooperativa ou associação) da agricultura familiar poderá concorrer a um ou mais de um item. As organizações habilitadas também deverão apresentar uma prova dos produtos em quantidade equivalente a um kit, para avaliação quanto à sua apresentação e qualidade, podendo, inclusive, passar por testes laboratoriais. Depois da divulgação do resultado, previsto para o início de abril, os produtos deverão ser entregues em São Paulo (SP), entre os dias 13 de abril e 3 de maio.

Entreposto do Livro inspira concurso cultural O projeto cultural Entreposto do Livro serviu de inspiração para o Grupo de Mídia Entreposto criar a Promoção da Feira dos Meios de Transporte, Movimentação e Logística de Produtos Hortifrutícolas (Femetran 2014). O evento acontece entre os dias 20 e 23 de maio e apresenta aos usuários da Ceagesp os lançamentos das principais montadoras de caminhões, além de veículos comerciais leves, im-

plementos e outros produtos e serviços do segmento. Neste mês, o bolsão de livros contabiliza mais de 600 obras literárias disponíveis para empréstimo e a feira pega carona no sucesso do projeto cultural: para participar da Promoção Femetran 2014 e ganhar camisas da seleção brasileira, os visitantes devem preencher o cupom anexo ao Jornal Entreposto e escrever uma frase com o tema

“Sou mais Brasil”. Os autores das três frases mais criativas serão os vencedores. Com o objetivo de disseminar o hábito da leitura entre os frequentadores do ETSP, o Grupo de Mídia Entreposto continua agregando livros em seu acervo e a biblioteca não para de crescer. São diversos gêneros disponíveis. Visite o Entreposto do Livro e amplie suas ideias para participar da Promoção da Femetran.

CONCURSO CULTURAL FEMETRAN DEPOSITE ESTE CUPOM NA URNA LOCALIZADA NO EDSED II - LOJA 14A


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Artigo

Relações comerciais no segmento de Flores e FLV: desafios e oportunidades

Por Roberta Bongers*

As relações de consumo na contemporaneidade vêm se modificando em velocidade surpreendente. Na atual “Sociedade da Informação”, os papeis dos agentes envolvidos nessa dinâmica se transformam de tempos em tempos, ganhando pesos e funções diferentes. No mercado de Flores e FLV (frutas, legumes e verduras) não poderia ser diferente, e as relações comerciais nesse segmento também passam por um processo de transformação, fazendo com que a cadeia inteira – da base produtiva até o consumidor final – precise se reinventar constantemente. Na época em que a gestão de Pontos de Venda (PDV) e a leitura do consumo ainda estavam em fase inicial de exploração, os intermediários, que atuavam basicamente como agentes de comercialização, identificaram uma série de necessidades e oportunidades de crescimento para o setor, e trabalharam diretamente em seu desenvolvimento junto aos produtores e ao mercado de varejo. Com o passar do tempo, esses processos foram dominados tanto pelas grandes redes como pelos produtores, o conhecimento foi internalizado pelas organizações com capacidade de criar e manter tal estrutura, e as negociações passaram a ser realizadas diretamente entre as partes, “eliminando” gradativamente os intermediários desse ciclo de compra e venda. No entanto, essa é uma realidade quando se fala de “gigantes”: grandes produtores e grandes

redes varejistas. Quando falamos em pequenos produtores, que correspondem a boa parte dessa base produtiva no País, a figura do intermediário como agente de comercialização ainda é essencial: o grande varejo não possui estrutura nem mesmo tempo para negociar com uma série de pequenos produtores, e concentrar esse processo é sinônimo de eficiência operacional para os dois lados. Além dessa reorganização estrutural no setor, chegamos a um patamar em que o conceito do intermediário como apenas um agente comercializador foi superado. Esse profissional passa a ter também a função de um consultor, capaz de condu-

zir processos que vão da análise de tendências à formulação de estratégias de posicionamento no mercado, desta vez, tanto para os pequenos quanto para os grandes players. O varejo atual demanda novas abordagens para empresas e produtos perante o consumidor, o que pressupões inovações constantes. Logo, manter-se atualizado é uma premissa não somente para crescer, mas para sobreviver neste ambiente. A identificação das principais tendências e movimentações de consumo e mercado, que podem ser influenciados por fatores como a mídia, por exemplo, é o ponto de partida dessa trajetória. Para se ter destaque de for-

ma sustentável, é preciso adotar uma série de práticas, como entender os desejos do consumidor e os traduzir em conceitos e projetos adequados a cada empresa do segmento de Flores e FLV, desde a apresentação do produto - padronização, embalagem, customização - até seu posicionamento no ponto de venda, além de precificação e dimensionamento de volumes. E isso demanda uma estrutura complexa, além de uma rede de relacionamentos da qual não se pode descuidar! Pesquisa, observação, análise, estreito relacionamento com produtores e varejistas, gestão de perdas técnicas e comerciais, além de capacitação e

treinamento, são algumas das formas de contribuição dos agentes intermediários para essa dinâmica. Como podemos ver, o desafio é enorme. Assim como são as oportunidades. *Roberta Bongers é especialista no mercado varejista de flores, no qual atua como consultora e pesquisadora de tendências desde 2001. Formada em Relações Públicas pela UNESP – Universidade Estadual Paulista, é pós-graduada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, e em Administração de Varejo Internacional pela FIA – USP. Contato: www.floralies.com.br / roberta.bongers@floralies.com.br.


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Futuro

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PATRIMÔNIO GENÉTICO

Embrapa envia amostras de feijão para o Banco Global de Sementes Junto com as variedades de arroz e milho encaminhadas em 2012, as sementes de feijão agora compõem parte da riqueza genética brasileira que ficará armazenada para o futuro na construção conhecida como a ‘caixa-forte do fim do mundo’ A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) enviou, no dia 11 de fevereiro, 514 acessos de feijão (Phaseolus vulgaris), para o Banco Global de Sementes de Svalbard, situado na cidade de Longyearbyen, Noruega. Acessos são amostras de sementes representativas de diferentes populações de uma mesma espécie. A iniciativa é decorrente do acordo assinado entre a companhia e o Ministério de Agricultura e Alimentação norueguês, em 2008, e as sementes enviadas compõem Coleção Nuclear de Feijão da Embrapa, que, em setembro de 2012, já havia enviado ao banco nórdico 264 acessos de milho e 541 acessos de arroz. Segundo o pesquisador Paulo Hideo, responsável pelo Banco de Arroz e Feijão da Embrapa, o termo coleção nuclear, também conhecido no meio

científico como core collection, é utilizado para definir um grupo limitado de acessos derivados de uma coleção vegetal, escolhido para representar a variabilidade genética da coleção inteira. Tradicionalmente, as coleções nucleares são estabelecidas com tamanho inferior a 10% dos acessos de toda a coleção original e incluem aproximadamente 70% do acervo genético. “São coleções pequenas, mas estratégicas. Apesar do número reduzido de acessos, representam grande parte da variabilidade genética das espécies vegetais e normalmente não contém duplicatas”, explica a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Marília Burle. A seleção dos acessos para a coleção nuclear de feijão enviada ao Banco de Svalbard é resultado de diferentes modelos biométricos de amostragem. Esses

modelos deram origem a várias coleções que foram comparadas entre si e escolhida a mais robusta, ou seja, a mais representativa. Na verdade, as coleções nucleares são recomendadas pelo Banco de Svalbard, como deixou claro o coordenador de operações, Ola T. Westengen, visto que garantem a conservação das espécies e ocupam menos espaço no banco, que tem capacidade para quatro milhões e quinhentas mil amostras de sementes de todas as partes do mundo. Antes de seguir viagem para o banco da Noruega, a coleção nuclear de feijão passou pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, DF, onde as amostras foram conferidas, organizadas e etiquetadas. Depois, foi submetida ao trâmite regular de intercâmbio exigido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


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Agrícola CRÉDITO RURAL

Mais segurança

para a conservação das sementes brasileiras

A conservação das espécies vegetais de importância alimentar é uma preocupação da Embrapa desde a sua criação em 1973. Prova disso é que a empresa possui hoje o maior banco genético vegetal do Brasil e da América Latina, com mais de 120 mil amostras de sementes de cerca de 670 espécies agrícolas de importância socioeconômica conservadas a 20ºC abaixo de zero na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O envio de amostras para Svalbard é mais uma garantia de segurança, já que o banco nórdico é o mais seguro do mundo em termos físicos e ambientais. Além de estar situado dentro de uma montanha na cidade de Longyearbyen foi construído com total segurança para resistir a catástrofes climáticas (enchentes terremotos, aquecimento gradual, etc.) e até mesmo a uma explosão nuclear. O acordo prevê cooperação contínua entre as duas instituições e, por isso, “futuramente, sementes de outras espécies serão enviadas ao Banco Global”, como explica pesquisadora Marília Burle, lembrando que a prioridade será a mesma, ou seja, sementes de importância para a alimentação da população brasileira.

A caixa-forte

Feijão, arroz e milho:

importância alimentar e cultivo secular no Brasil

A escolha das culturas agrícolas enviadas a Svalbard – feijão, arroz e milho - atende a uma das recomendações do Banco quanto à relevância para a segurança alimentar e agricultura sustentável. Além disso, elas são culturas que, apesar de não serem originárias do Brasil, são cultivadas no País há séculos e, por isso, possuem características de rusticidade e adaptabilidade às condições nacionais.

da Noruega

A caixa-forte norueguesa tem capacidade para quatro milhões e quinhentas mil amostras de sementes. O conjunto arquitetônico conta com três câmaras de segurança máxima situadas ao final de um túnel de 125 metros dentro de uma montanha em uma pequena ilha do arquipélago de Svalbard situado no paralelo 780 N, próximo do Polo Norte. As sementes são armazenadas a 20ºC abaixo de zero em embalagens hermeticamente fechadas, guardadas em caixas armazenadas em prateleiras. O depósito está rodeado pelo clima glacial do Ártico, o que assegura as baixas temperaturas, mesmo se houver falha no suprimento de energia elétrica. As baixas temperatura e umidade garantem a baixa atividade metabólica, mantendo a viabilidade das sementes por um milênio ou mais.

Agricultura empresarial contrata R$ 98,2 bi em financiamentos Resultado é 48,2% superior ao obtido nos primeiros sete meses da safra 2012/13 Os financiamentos da agricultura empresarial apresentaram alta de 48,2% nestes primeiros sete meses do Plano Agrícola e Pecuário 2013/14, em relação ao mesmo período da safra passada, alcançando R$ 98,2 bilhões. Os produtores rurais contrataram R$ 71,1 bilhões pelas modalidades de custeio e comercialização e R$ 27,08 bilhões pelas de investimento. Ao analisar os resultados, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, destacou os avanços dos recursos disponibilizados pelo plano de construção e ampliação de armazéns (PCA), que já obteve R$ 2,18 milhões aplicados, um desembolso relativo a 62,5% dos recursos programados. Segundo o secretário, isto demonstra os avanços do setor com o intuito de buscar o apoio do governo em assegurar os produtos a serem armazenados. Ao todo, a agricultura empresarial contratou R$ 2,79 bilhões dos R$ 4,5 bilhões em recursos disponibilizados para ampliação e reforma de armazéns privados – outros R$ 500 milhões foram alocados para a agricultura familiar.

Entre as linhas de crédito para custeio e comercialização, o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) chegou a um total de R$ 6,27 bilhões em empréstimos – alta de 6,8% sobre os meses de julho a janeiro da safra passada. Entre os programas referentes aos investimentos, outro destaque vai pra o Programa de Sustentação de Investimento (PSI-BK), que financia máquinas e equipamentos, em que se observou maiores níveis de aplicação nesses sete primeiros meses do Plano Agrícola e Pecuário. Foram aplicados R$ 9,2 bilhões, 57,8 % a mais que o volume observado em igual período do ano passado. “Os produtores estão cada vez mais preocupados em modernizar suas propriedades para obterem resultados ainda melhores em relação à produtividade no campo”, destacou Geller. A avaliação, atualizada mensalmente, das contratações do crédito agrícola é realizada pelo Grupo de Acompanhamento do Crédito Rural, coordenado pela Secretaria de Política Agrícola do Mapa.


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Notícias do site

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www.jornalentreposto.com.br PESCADO

DIVERSOS

FLORES

LEGUMES

FRUTAS

Hasegawa: tradição em pescados

Ervas e temperos na feira de flores

DiBaraldi oferece flores permanentes

Gramado tem FLV mini e baby

Frutiminas e as uvas chilenas

Todos os finais de semana, desde 1979, a barraca dos Pescados Hasegawa, que funciona no entreposto desde o início do varejão, oferece todos os tipos de frutos do mar ao gosto dos clientes e conta com uma grande equipe para atendê-los e fazer os melhores cortes na hora. “Enquanto pego outros produtos, eles vão limpando e cortando do jeito que eu quiser”, comprova a dona de casa Lúcia Pavão. “É tudo sempre fresquinho”, completa. Na banca você pode encontrar peixes como bagre, tilápia, bacalhau, atum, truta e robalo, além de outros frutos do mar: vongoli, lula, camarão e lagosta.

Mais de 100 espécies de mudas de ervas e temperos são cultivadas no sítio da produtora Fujino, em Arujá, interior de São Paulo. “As pessoas querem sempre vender o que é comum. Aqui tem de tudo. Nossos clientes são fiéis por saberem que oferecemos essa diversidade”, explica Karen que, além de vendedora, é responsável pela atuação da empresa na Ceasa, junto com o marido, filho dos fundadores. Entre os temperos mais populares e com maior saída estão o alecrim, manjericão, salsa, cebolinha, orégano e tomilho.

Há 25 anos, Domingos Baraldi é permissionário na feira de flores da Ceagesp. Sua empresa, DiBaraldi Ornamental Floral Desing, comercializa flores permanentes. Atualmente, é a única do segmento no local. “Antigamente as chamavam de flores artificiais, mas com a evolução na produção hoje elas se assemelham muito mais com as naturais, conquistando essa designação”, elucida Domingos. O catálogo da empresa contabiliza quase dois mil produtos. São réplicas de amarílis, orquídeas, vitória régia, bromélias, frutas, árvores e muito mais.

Atenta as mudanças nos hábitos de consumo dos brasileiros, a atacadista Gramado, que atua no setor alimentício desde 1993, oferece produtos diferenciados e inovadores. O extenso catálogode frutas, legumes e verduras tem garantia de qualidade, sabor e maior durabilidade. A seção de hortifrutis gourmet contribui no toque final da alta gastronomia. As versões baby ou mini de produtos frescos como folha de beterraba, alface, agrião, abóbora, abobrinha, tomate e até mesmo mini pitaya, fazem a diferença nos pratos sofisticados.

A Frutiminas iniciou suas atividades no Terminal Entreposto de São Paulo na década de 90. Hoje, a empresa familiar está entre as maiores importadoras de frutas no País, com produtos vindos do Chile, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Itália e Argentina. A uva de mesa – Thompson, Crimson e Red Globe – é o carro chefe da atacadista. De acordo com o vendedor Dário Henrique, a especialização da importadora no comércio de uvas chilenas foi uma caixa de surpresas. “Nós começamos a fazer e deu certo”, conta.

Empresa inova com frutas para presente

Samar incentiva produção em MG

Fórum sobre tomates de mesa

Manéfrut utiliza QR Code

Descask evolui em manuseio

A arrojada Love Fruits, loja virtual em atividade há seis meses, comercializa frutas para presente na Grande São Paulo. O principal parceiro da Love Fruits é o grupo NK, há mais de 20 anos atuando no setor de hortifruti. De acordo com Lisa Aoki, que acompanha o projeto desde o início, os produtos da linha Mimo têm sido os mais comercializados. Com preços atraentes, que variam entre R$ 31,49 e R$ 122,39, os acessórios expressam o conceito essencial da marca: despertar os cinco sentidos. Os presentes são destinados para variadas ocasiões, como aniversário, maternidade, desculpas, amizade e networking.

A Samar comercializa todos os tipos de alho disponíveis no Brasil, mas o seu forte é o alho roxo nacional, variedade mais apreciada. “95% dos nossos produtos vêm da região de São Gotardo, em Minas Gerais, que fornece o melhor alho do país”, explica o permissionário enfatizando o recebimento de mercadoria dos 25 produtores da região. “Somos os únicos do mercado a trabalhar com todos os melhores produtores de alho”, comemora. O entusiasmo do permissionário tem fundamento. São Gotardo produz um bulbo de excelente qualidade, coloração e sabor.

Entre os dias 8 e 9 de abril, a cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo, será palco para a 5ª edição do Seminário Nacional de Tomate de Mesa. O evento especializado acontecerá no Teatro da UNIMEP e reunirá fóruns voltados para todos os elos dessa cadeia produtiva, tratando avanços tecnológicos, tendências e desafios da cultura do tomate de mesa. Além de trazer especialista de países como Estados Unidos, Canadá e Chile, que possuem alta tecnologia no segmento, o “Minicurso sobre tecnologia da produção de tomate em ambiente protegido” foi agregado à programação e será ministrado por profissionais ligados a EACEA.

Com quase 25 anos de atuação no mercado hortifrutícola a atacadista Manéfrut conta com três lojas - duas no Mercadão e uma na Ceagesp. Desde meados dos anos 2000, vem se destacando no mercado de trabalho nordestino. O caju, um dos destaques da empresa é, atualmente, produzido na região. Além do caju, a atacadista oferta uma vasta diversidade de frutas, como abacate, carambola, graviola, A rotulagem das frutas embaladas é efetuada no próprio box. Além disso, a atacadista já utiliza o QR Code, um código de barras bidimensional que pode ser escaneado usando a maioria dos celulares equipados com câmera.

Referência quando se trata de laranja, a atacadista Descask está baseada na Ceagesp desde 2004. Também produtora, a empresa conta com plantações localizadas nas cidades de Altinópolis e Franca - ambas no interior do estado de São Paulo - que somam cerca de 500 mil pés produzindo. A maior parte deles já possui contrato estabelecido, ou seja, é destinado à indústria. A Descask conseguiu cumprir a exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, que estabelece normas para a utilização de caixas descartáveis e retornáveis na comercialização de produtos hortifrutícolas “in natura”.

FRUTAS

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Agrícola Cá entre nós

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Lá vem o outuno Por Manelão Março! Muito calor. O corpo necessita de chuchu, suco de frutas a vontade, bastante sombra e água de coco fresca. No dia 09 realizamos o Sarau Cultural Nossa Turma. A Laura, gerente da Ciesp – Oeste, na companhia do poeta José Daniel, homenagearam todas as mulheres e declamaram poemas de Cecília Meireles, Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles. A parte musical ficou com o cantor de rock country Luigi, que empolgou a todos ao interpretar Raul Seixas, Cazuza, Elvis Presley e Renato Russo, além de mostrar a balada country que ele está terminando de compor e vai cantá-la em primeira mão na próxima Queima do Alho. A Iguape, para o bingo, mandou uma geladeira, o Alemão da AJM Sacolão, uma lavadoura, a Nata Frutas, um tablet e a Frugal, uma cafeteira elétrica. O SESI Leopoldina enviou uma camisa autografada por todo

o time masculino de vôlei. O Santos Futebol Clube nos deu a camisa oficial autografada pelo craque Arouca e todo o plantel santista. O prêmio de mil reais foi ofertado pela Comercial Campo Vitória. Foi um sucesso! Na quinta feira, dia 13, após o almoço, as crianças estavam na hora do soninho quando fomos alertados por gritos de que havia incêndio na comunidade. Avisamos a segurança que comunicou a gerência, as nossas educadoras acordaram a garotada e os convidaram para realizar uma atividade externa e, assim, todos saíram da escolinha e foram levados para um local seguro. Os caminhões pipas da companhia chegaram. A brigada de incêndio foi comandada pelo gerente Edson Inácio e os funcionários da Seção da Medicina do Trabalho ligaram as mangueiras nos hidrantes, escalaram o muro e a grade de proteção e todo o pavilhão próximo da escolinha ajudou

a segurar a mangueira e controlar o fogo até a chegada dos bombeiros. Após uma batalha intensa, as chamas foram debeladas. A comunidade agradece a solidariedade de todos. Houve perda material. Mais de

60 famílias ficaram sem lar. Mas não houve feridos. No domingo, dia 16, foi a primeira etapa do Circuito Queima do Alho e a vencedora foi a nossa querida Comitiva Capiau que vai disputar no

Barretão em agosto. E no dia 18 de maio, na Arena da Ceagesp, você vai poder saborear a comida tropeira: 40 comitivas confirmaram presença na Queima do Alho da Nossa Turma.

Principais Sapindaceas comercializadas na Ceagesp Ilustração: Bertoldo Borges Filho Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp


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Ceasas do Brasil

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ECONOMIA

Índice de preços da Ceagesp sobe 9,07% em fevereiro Altas excessivas nos preços dos legumes e verduras impulsionaram a elevação do indicador. Estiagem e altas temperaturas prejudicaram a produção de hortaliças

Uva Niágara 40,1%

geira williams (-21,6%), jaca (-19,6%), abacate (-13,9%) e limão (-10,1%). O setor de legumes registrou elevação de 33,89%. Principais altas: tomate (67,4%), vagem (67,1%), pimentão verde (60,2%), abobrinha italiana (49,2%) e chuchu (46,3%). Principais quedas: abóbora seca (8,5%), batata doce rosada (7%), maxixe (6,5%) e pimentão amarelo (-6,7%). O setor de verduras apresentou alta de 58,20%. Principais altas: coentro (125,6%), alface crespa (118,5%), alface lisa (107,4%), repolho (105,2%), agrião (73%), escarola (60,6%) e Rúcula (50,7%). Não houve produtos que registraram queda de preços no setor de verduras em fevereiro. O setor de diversos subiu 6,63%. Principais altas: ovos vermelhos (22,7%), ovos brancos (21,3%), coco seco (9,6%), cebola nacional (5,8%), batata

Tomate 67,4%

PAULO FERNANDO

lisa (2,7%). Principais quedas: amendoim (-6,2%), milho pipoca (-2,4%) e batata comum (-1,1%). O setor de pescados caiu 4,62%. Principais baixas: atum (-34,1%), cavalinha (-32,7%), tainha (-28,7%), lula congelada (-19,1%) e robalo (-17,7%). Principais altas: cação congelado (23,4%), polvo (5,6%) e sardinha congelada (4,5%).

Alface Crespa 118,5%

Tendência As elevações acentuadas de preços, ao que tudo indica, não deverão se repetir em março. Em patamares elevados, os preços de legumes e verduras deverão perder fôlego e registrar ligeira queda durante o mês de março. Nesta faixa elevada de preços, muitos consumidores diminuem o volume de compras ou, simplesmente, deixam

Ovos Vermelhos 22,7%

de consumir, fazendo com que os preços não se sustentem em patamares tão elevados. As condições climáticas, com temperaturas mais amenas também deverão ser mais favoráveis à produção. Há que se atentar, no entanto, ao volume de chuvas que pode, caso ocorra em níveis elevados, novamente prejudicar a oferta e a qualidade das hortaliças.

Em fevereiro, o Índice Ceagesp de preços de frutas, legumes, verduras e pescados registrou alta de 9,07%. Nestes primeiros dois meses de 2014, o indicador acumula elevação de 7,87%. Nos últimos 12 meses a elevação foi de 8,77%. Do lado da oferta, a estiagem e as altas temperaturas prejudicaram a produção de hortaliças, notadamente as mais sensíveis. Com a demanda aquecida em razão principalmente da busca por alimentos mais leves e saudáveis, houve elevação acentuada de preços nos setores de legumes e verduras. O setor de pescados foi o único que registrou queda dos preços praticados em fevereiro, O setor de frutas subiu 1,67%. Principais altas: uva niagara (40,1%), melancia (32,1%), manga Tommy (30,7%), melão amarelo (26,2%) e abacaxi havaí (17,2%). Principais quedas: Figo (-22,8%), pêra estran-

Robalo -17,7%


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Ceasas do Brasil

ABASTECIMENTO

Ceasa-RJ tem novo presidente Por Ciro Cavalcante Uma gestão de continuidade ao trabalho desenvolvido nos últimos três anos, que teve como principal foco a criação de condições adequadas para o bom funcionamento do mercado. Tudo isso visando manter um ambiente onde produtores, comerciantes e consumidores bem interajam, em um processo que equilibra o desenvolvimento econômico com responsabilidade social e ambiental. Esses são os objetivos - e desafios - do novo presidente das Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa-RJ), engenheiro Sérgio Marcolini. Entre suas metas, Marcolini destaca o apoio à agricultura familiar e a ampliação do Banco de Alimentos, prosseguindo com o projeto iniciado pelo advogado Leonardo Brandão, à frente da Ceasa nos últimos três anos, período em que a Central registrou o crescimento mais expressivo de todos os seus 40 anos. Segunda maior unidade de abastecimento

da América Latina, a Ceasa-RJ é agora referência até internacional no ramo. “É notável o avanço da Ceasa nesses três anos, com progressos no campo operacional e no institucional. Um exemplo é a segurança jurídica proporcionada pela regularização dos contratos de ocupação, marco na história da Central, atrelada ao apoio permanente ao produtor rural e ao programa de segurança alimentar. E seguimos com os trabalhos

pautados pela transparência, dedicação e criatividade do secretário Felipe Peixoto, à frente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca, a Sedrap. Criada há exatos três anos, a Secretaria absorveu a Ceasa, que não para de dar ótimos frutos - disse Marcolini. Agora, além de presidir a Ceasa-RJ, Marcolini responde pela presidência da Companhia Central de Armazéns e Silos do Rio de Janeiro, a Caserj.

A Ceasa/RS entregou oficialmente, no dia 18, as obras de revitalização e modernização do complexo, nas quais foram investidos recursos superiores a R$ 8 milhões, provenientes do Tesouro do Estado, outros R$ 300 mil com recursos do Fundo de Investimento da central, além de aporte financeiro obtido junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social). O ato contou com a presença do governador do Estado, Tarso Genro, e o secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, que na ocasião também prestarão homenagens a 75 mu-

lheres e homens, a maioria oriundos da Feira da Praia de Belas e que foram transferidos, no final de 1973, para o novo entreposto comercial na zona norte da Capital, e ao longo dessas quatro décadas contribuíram com o fortalecimento da central, tornando-a reconhecidamente como a Cidade do Abastecimento. Atualmente, a Ceasa tem cadastrados mais de dois mil produtores gaúchos de hortigranjeiros e 300 atacadistas. A iniciativa integra as comemorações de 40 anos de inauguração do complexo, por onde passam 35% do total de hortigranjeiros consumidos no Rio

Grande do Sul. “No ano internacional da agricultura, a Ceasa reconhece institucionalmente o trabalho realizado, ao longo desses 40 anos, dos permissionários que são o elo entre os produtos da terra e a mesa dos gaúchos, ofertando qualidade alimentar”, afirma o presidente da Ceasa, Paulino Donatti. A inauguração oficial da Ceasa/RS ocorreu no dia 08 de março de 1974.

Ceasa Campinas abre inscrições de concurso público A Centrais de Abastecimento de Campinas (Ceasa) abriuno dia 27 de fevereiro, as inscrições de concurso público para o preenchimento de 36 vagas. Os cargos são para todos os níveis de escolaridade e os salários variam entre R$ 1.314,83 e R$ 4.023,96, mais benefícios como transporte, vale refeição e alimentação, assistência médica e odontológica. A seleção será realizada para trabalho e formação de cadastro reserva. São 5 vagas previstas para operador de carga, 4 para motorista de caminhão, 3 de assistente administrativo I, 4 para técnico de mercado I, 2 para técnico de mercado II, 4 de analista contábil, 4 nutricionistas e 2 técnicos em nutrição. Há ainda 1 vaga para cada um dos seguintes cargos: almoxarife, conferente, técnico em edificações, auxiliar de departamento pessoal, advogado, analista fis-

cal, analista de custos e orçamento e engenheiro agrônomo. Para as pessoas com deficiência é assegurado o percentual de 5% das vagas existentes. Os interessados podem se inscrever até o dia 6 de abril exclusivamente pela internet pelo endereço eletrônico www. shdias.com.br, da empresa responsável pela realização das provas. No site da SH Dias e da Ceasa (www.ceasacampinas. com.br) também está disponível o edital completo do concurso. A taxa de inscrição varia de R$ 33 a R$ 90, de acordo com o nível de escolaridade exigido para o cargo. A realização das provas está prevista para o dia 27 de abril. O concurso público foi publicado na edição desta quarta-feira, 26 de fevereiro, do Diário Oficial do Município - www.campinas.sp.gov.br/diario-oficial e no Jornal Folha de São Paulo.

Ceasa/RS comemora quatro décadas de abastecimento

Revitalização e Modernização Entre as obras de revitalização e modernização está o maior pavilhão do Estado de comercialização de hortigranjeiros dos

produtores gaúchos, com 32 mil metros quadrados, que passou por uma restauração completa. Além do bloco do GNP (Galpão Não Permanente), foram recuperadas as coberturas de mais quatro pavilhões e do pórtico da entrada do complexo. Na área da segurança, visando coibir arrombamentos, furtos e roubos no interior do complexo, foi instalado um novo gradil de pré-concreto armado vazado junto à divisa oeste, substituindo à antiga cerca de ferro, que apresentava corrosão em vários pontos. Além da ferrugem no gradil de ferro, a iniciativa se fez necessária devido à imple-

mentação do projeto Anchieta, para a urbanização da área, com a criação de lotes e ruas nas imediações da empresa. Como as cotas de nível dos lotes e arruamento estavam acima da cota de nível da Ceasa, com a urbanização do local e liberação da circulação de veículos na rua que corre paralelo à cerca, a segurança no local poderia ficar muito fragilizada. O custo total da obra foi R$ 294.849,87. Também foram instaladas mais câmaras de videomonitoramento, bem como houve um aumento no efetivo de segurança privada, tanto no turno do dia quanto da noite.


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