Entender a mulher #1

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Colegas de classe Tamirys Vigo Furquim de Campos, 19 anos, e Sônia Vigo, 47 anos, de São Paulo (SP)

O primeiro filho, Felipe, veio aos 20 anos; Tamirys nasceu sete anos depois. E diante da infância deles, Sônia, que já trabalhava fora o dia inteiro, teve que escolher entre estudar ou passar as noites com as crianças. “No impasse, escolhi tentar ser uma mãe mais presente”, conta. O sonho de fazer faculdade ficou guardado para o dia em que os filhos estivessem crescidos. E eles cresceram. Sônia estudou, fez vestibular e, há dois anos, entrou no curso de gestão de marketing, feliz da vida em retomar os estudos. Mas os filhos não a deixaram. E este ano, por iniciativa própria, começaram a estudar na faculdade da mãe. Tamirys, a caçula, fez mais: escolheu a mesma carreira e virou caloura de Sônia. “Quando alguém me pergunta como é estudar com a própria mãe, brinco que agora tenho mais é que andar na linha”, diz Tamirys. Para a

Sônia, ser colega de classe da filha é a chance de exercer novas trocas. “Os amigos acabam se misturando, as aulas também. Mas o melhor é que, toda vez que surge alguma dúvida, posso ajudá-la – e vice-versa”, diz. As lições que Sônia e os filhos compartilham são das aulas e da vida. “Eles aceleram meu ritmo, o que é muito bom. E eu tento ensiná-los sobre a prática da tolerância e da paciência, qualidades que, convenhamos, vêm somente com o passar do tempo”, diz Sônia. Tamirys já lamenta que essa fase tenha data para acabar. “Daqui a pouco ela se forma. Vou sentir saudade de vê-la na faculdade”, conta. Mas a mãe continua por perto – ao menos simbolicamente. “Como pacto de amor, fizemos a mesma tatuagem no ombro, um pentagrama de proteção. É como se estivéssemos sempre juntas. Onde vou, minha mãe está comigo.” set/out 2010 << entender a mulher

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