EMBANEWS Nº 397 - Abril 2023

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ANO 33 | EDIÇÃO 397 | ABRIL 2023 ACESSE A EMBANEWS TV P.08 #IndústriaDeEmbalagem COMO FOI EM 2022, COMO SERÁ EM 2023 P.06 #EconomiaCircular ESTRATÉGIAS PRÁTICAS PARA UM DESIGN CIRCULAR COMPETITIVIDADE P.30 CRESCER! CRESCER? Abeaço comemora 20 anos Uma construção da cadeia de embalagens de aço, por Thais Fagury P.16
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SUMÁRIO

ENTREVISTA

20 ANOS DE ABEAÇO;

FUNDADOR: ROBERTO HIRAISHI (1942 • 2006)

Diretor Responsável: Ricardo Hiraishi

Administração: Rejane Doria

Redação: Elizabeth Keiko Sinzato editorial@embanews.com; redacao@embanews.com

Publicidade: comercial@embanews.com

Colunistas desta edição: Ana Paula Nolleto, Antonio Cabral, Assunta Camilo, Fabio Mestriner, Tiago Dantas

Projeto Gráfico: FlyJabuti Design

Realidade Aumentada: Massfar, empresa autorizada Zappar Brasil e Portugal

A Revista EMBANEWS é uma publicação mensal da NEWGEN COMUNICAÇÃO LTDA. registrada segundo a Lei de Imprensa no 2º Ofício de Registro de Títulos e Documentos sob nº 31.881 em 17 de julho de 1990.

Dirigida ao segmento de alimentos, bebidas, brinquedos, cosméticos, embalagens, farmacêuticos, químicos, e afins. Dirigida aos profissionais: consumidores, fabricantes e fornecedores de embalagens; fornecedores de matérias-primas e de insumos para a confecção de embalagens; fabricantes de máquinas e equipamentos e periféricos para envase e embalagem; cadeia de supply chain e logística; e prestadores de serviços de apoio, associações, universidades e instituições ligadas ao ramo de embalagem.

As opiniões dos artigos assinados e dos entrevistados não são necessariamente as mesmas da Revista EMBANEWS

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4 ABRIL 2023 06 #EconomiaCircular 08 #IndústriaDeEmbalagem 12 #ReciclagemQuímica 14 EMBALAGEM NO MARKETING 22 PESQUISA 24 FRONTEIRAS 30 COMPETITIVIDADE 16
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CRIAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA DA CADEIA DE EMBALAGEM DE AÇO É PONTO ALTO COM PROLATA, POR THAIS FAGURY
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ESTRATÉGIAS PRÁTICAS PARA UM DESIGN CIRCULAR

AFundação Ellen Mac

Arthur lança seu primeiro relatório:

“Da ambição à ação: uma estratégia adaptativa para o design circular”, com o objetivo de ajudar as empresas a fazerem a transição para um modelo de economia circular, desenvolvendo os processos, condições viabilizadoras e mentalidade que vão permitir uma transformação completa. A mudança para energia reno-

vável pode resolver apenas 55% das emissões globais de gases do efeito estufa. Para lidar com os 45% restantes das emissões, também precisamos transformar a forma como projetamos, fabricamos e usamos produtos e alimentos. Por isso, a transição para uma economia circular tem se mostrado cada vez mais essencial para o enfrentamento de desafios globais, como a poluição por plásticos, as mudanças climáticas, e a

perda de biodiversidade, além de ser uma oportunidade para as empresas prosperarem no longo prazo.

Hoje, a discussão sobre como implementar a economia circular nas empresas se centra nas novas práticas ou atividades, como o desenvolvimento de produtos reutilizáveis e reparáveis, de modelos de produto como serviço, o uso de recursos duráveis ou de biomateriais. No entanto, muitas dessas es-

#EconomiaCircular
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tratégias são desconhecidas pelas organizações, ou as tentativas de implementá-las dentro dos processos atuais de inovação frequentemente falham. Para mudar esse cenário, é preciso se perguntar quais são as novas formas de pensar e fazer para conseguir resultados mais regenerativos e alinhados a uma economia circular?

Esse novo relatório oferece seis estratégias de design circular (uma prática baseada nos três princípios da economia circular: eliminar resíduos e poluição; circular produtos e materiais; e regenerar a natureza), com ações tangíveis, práticas e adaptáveis a qualquer tipo de organização, desenvolvidas com base em experiências de líderes de design circular de uma ampla gama de setores e empresas, como IKEA e H&M. As estratégias são:

1. Observar e interpretar o sistema

2. Imaginar futuros circulares

3. Criar as condições para a colaboração

4. Desenvolver habilidades em design circular

5. Reformular as normas

6. Desenvolver ferramentas para projetar e avaliar

“Há uma necessidade urgente de fazer a transição de nossa economia linear e perdulária para uma economia circular regenerativa. Hoje, mais pessoas entendem “por que” o design é a chave para essa transformação, mas não temos uma visão completa de “como” os designers podem contribuir. Essa estratégia adaptativa destaca áreas tangíveis que designers de todas as disciplinas podem influenciar. Ela usa exemplos práticos que podem ser perso-

nalizados e contextualizados para diferentes organizações e situações. Para evitar simplesmente consertar nosso sistema linear defeituoso, devemos imaginar algo diferente. Destinado a designers e inovadores, esta peça ajuda as organizações a aproveitar todo o potencial do design para explorar as oportunidades que um futuro circular pode oferecer, incluindo

os papéis que todos podemos desempenhar na jornada para chegar lá”, diz Joe Iles, Líder do Programa de Design, Fundação Ellen MacArthur.

O relatório está em: https://bit.ly/41wxlWT

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COMO FOI 2022, COMO SERÁ 2023

OBrasil apresentou crescimento em 2022 de 2,9%, abaixo da economia mundial com 3,4% e da América Latina e Caribe, com 3,9%.

Ao se olhar para os dados trimestrais em 2022 nota-se sinal de desaceleração a partir do início do ano, quando chegou a crescer 1,3% no 1º trimestre, decrescendo e terminando o 4º trimestre com queda de 0,2%, desempenho que se mostrou disseminado pelos vários segmentos: indústria de transformação, comércio e serviços (quadro 1).

E quais foram os fatores que contribuíram para essa desaceleração no 2º semestre de 2022? A análise foi feita durante a apresentação do Painel Econômico da ABRE – Associação Brasileira de Embalagem, com dados do IBRE- FGV, apresentados por Aloisio Campelo e Rodolpho Tobler. Entre os fatores, apontados por Tobler, está o efeito dos juros reais mais altos para segurar a inflação – IPCA atingiu patamar de 12% no 2º tri/2022, voltando a cair no 2º semestre. E o aumento da inadimplência e do endividamento das famílias, impactando o consumo. Isso apesar da queda do desemprego em 2022, puxada pelo segmento formal e pelo setor de serviços. Porém, o nível de renda ainda não se recuperou; houve uma queda da massa salarial ampliada, mesmo com a injeção de recursos do Auxílio Brasil, liberação de FGTS e antecipação do 13º salário, que elevou a massa salarial no 1º sem/2022, mas ela voltou a cair no

2º sem/2022 para (-2,8%), quando findaram os recursos. Há também o aumento da afluência, na população ocupada, da categoria de trabalhadores por conta própria (com CNPJ), baixando a renda.

O QUE ESPERAR PARA 2023

De acordo com Aloisio Campelo, parte das motivações para a desaceleração ocorrida no 2º sem/2022, podem persistir em 2023. O ano se mostra desafiador em seu início, com a mudança de governo, porém ainda sem uma mudança na conjuntura herdada de 2022. O nível de atividade dos setores cíclicos da economia, continua em desaceleração no 1º tri/2023. A inflação ainda preocupa, mesmo que os preços da cesta de alimentos tenham caído, pois os

preços administrados, como os de eletricidade, combustível, aluguel, plano de saúde, medicamentos, etc. puxaram a alta. A política monetária apertada com taxa Selic na casa dos 13% está provocando desaceleração na oferta de crédito, queda no setor de bens duráveis, tanto no comércio quanto na indústria, além do aumento do endividamento das famílias.

O setor agro, porém, está indo muito bem, e pode chegar a crescer 8% em 2023, puxando o crescimento do PIB, que pode alcançar até 1%, contra os desempenhos da indústria de transformação, com previsão de queda, e dos serviços, de estabilidade.

O SETOR DE EMBALAGEM

A indústria brasileira de embalagem registrou um valor bruto da produção física de embalagens de R$ 123,2 bilhões em 2022, um crescimento de 3,9% em relação ao ano de 2021, motivado mais por preço do que por quantidade. Em volume de embalagem produzida, houve queda de 4,5%, o segundo ano consecutivo de redução. Em 2021, o recuo foi de 2,7%.

Mas segundo Campelo, essa queda deve ser colocada em contexto. Em 2020, o volume da produção física de embalagem cresceu enquanto o da indústria de transformação teve queda de quase 5%. Foi o ano da pandemia e o aumento do comércio online e do delivery elevaram a demanda por embalagem, ao ponto de pressionar o mercado com a falta de

#IndústriaDeEmbalagem
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embalagem já no final de 2020. Isso levou empresas a aumentarem o estoque de embalagem, o que acabou influenciando o mau desempenho do setor de embalagem em 2021 e 2022, pois quando a indústria de transformação começou a recuperação pós-pandemia, havia estoque de embalagem.

A participação dos materiais de embalagem no valor bruto da produção (quadro 2) não tem variado muito ao longo dos anos, segundo a pesquisa, mas nota-se nos últimos anos que a embalagem metálica –aqui sem diferenciar entre embalagem de aço e de alumínio, vem perdendo market share, enquanto a de papelão ondulado aumentou.

Entre os fatores apontados para a queda das metálicas estão o verão menos intenso e o retorno da frequência a bares e restaurantes, onde o consumo de bebidas em embalagens de vidro é maior.

Reforçando essa perspectiva, o segmento de embalagem de vidro foi o único que teve crescimento expressivo em 2022, tanto em valor bruto da produção quanto em volume.

Entre os segmentos de mercado que consomem embalagem, tiveram desempenho positivo o varejo de não duráveis, além das bebidas e alimentos, estes com desaceleração no 2º sem/2022.

Já entre os segmentos que influenciaram negativamente o setor de embalagem estão o de alimentação fora do lar, com crescimento de 24%, marcando a saída da pandemia; os farmoquímicos e produtos de limpeza; e os duráveis, devido à alta dos juros.

O setor emprega quase 245 mil trabalhadores, o que representa 3,3% dos empregos da indústria de transformação. Em 2022 houve alta de 2% no número de empregos do setor, sendo o maior empregador a indús-

tria plástica com 54% de participação, seguida do papelão ondulado com 14%.

PREÇOS DE INSUMOS E DE EMBALAGENS

Houve uma pressão muito grande sobre os custos devido à alta no preço dos insumos de embalagem durante o período de pandemia, culminando no início de 2021 em um aumento de quase 80%, considerando a média em todos os setores, quando teve início um período de descolamento significativo entre o preço dos insumos e preços de vendas de embalagens praticados, que durou por mais de um ano. A boa notícia é que atualmente o preço dos insumos está estabilizado.

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

As exportações de embalagens movimentam em torno de 3% a 3,5% do valor bruto da produção, e em 2022, representaram um faturamento de US$ 738,1 milhões, uma

alta de 15,4% em relação a 2021. As embalagens metálicas corresponderam a 41,1% do total exportado, seguidas pelas embalagens plásticas com 27,4%. Quanto ao crescimento das exportações por segmento, todos apresentaram variação positiva na comparação com o ano de 2021.

As importações de embalagem em 2022 registraram um total de US$ 648,4 milhões, um decréscimo de 8,0% em relação ao ano anterior. O setor de embalagens de vidro é o que mais importou, com uma fatia de 39,0% do total importado, seguido por embalagens de plástico (31,2%) e metal (21,8%).

Interessante notar que o vidro representa 5% do valor bruto da produção de embalagens, no entanto é o setor que mais importou, o equivalente a cerca de 20% do valor bruto da produção, calcula Campelo.

O CENÁRIO PARA O SETOR DE EMBALAGEM EM 2023

Considerando as projeções para a economia em 2023, os juros elevados continuarão a limitar as vendas de duráveis; a desaceleração de preços dos alimentos pode impulsionar as vendas neste segmento; a desaceleração do preço dos insumos de embalagem deve aliviar a pressão sobre os custos das embalagens, mas é preciso ficar de olho nos preços administrados; o setor industrial como um todo deve enfrentar dificuldades ao longo do ano, mas não se acredita em choques e, sim, desaceleração cíclica tradicional; também é preciso ficar de olho nos riscos externos. No mais, trabalhar para impulsionar a economia, gerar emprego e renda, e fazer o país entrar na rota de crescimento novamente.

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#IndústriaDeEmbalagem

BISNAGAS PLÁSTICAS PRODUZIDAS COM RESINA RECICLADA PÓS-CONSUMO (PCR)

MENOR IMPACTO AMBIENTAL COM REDUÇÃO DO USO DE RECURSOS NATURAIS

Na Globoplast, sabemos da responsabilidade pelo impacto ambiental durante todo o ciclo de vida de nossos produtos. Por isso, nossos esforços são contínuos em tecnologia para ampliar, cada vez mais, o volume de resina reciclada utilizada em sua produção.

Nesse sentido, lançamos a bisnaga plástica produzida com resina reciclada pósconsumo (PCR) A utilização de matériaprima renovável causa um impacto positivo na economia circular por meio de fabricação, distribuição e descarte adequado de embalagens sustentáveis.

A Globoplast produz bisnagas plásticas de máxima qualidade para os segmentos cosmético, farmacêutico e veterinário, químico e de alimentos, com grande variedade de acabamentos e diâmetros.

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UM PROCESSO COMPLEMENTAR À RECICLAGEM MECÂNICA

Ogrupo Südpack e a Carboliq, ambas com sede na Alemanha, mantêm um acordo de cooperação para o desenvolvimento de reciclagem química, e colocaram em debate o assunto, em evento realizado pelas duas empresas. O Südpack é fabricante de filmes de alto desempenho e materiais de embalagem para as indústrias de produtos alimentícios, não alimentícios e médicos. A Carboliq fabrica e opera plantas para recuperação de óleo a partir de resíduos plásticos misturados e contaminados. A fábrica da Carboliq em Ennigerloh, perto de Münster, é única no setor em operação totalmente contínua.

Segundo Johannes Remmele, empresário e proprietário do Grupo Südpack, apesar de todos os esforços de sustentabilidade, materiais com estrutura composta por diferentes polímeros continuarão a existir, pois eles continuarão a ser indispensáveis para muitas aplicações no futuro e são simultaneamente o material mais eficiente para se obter a funcionalidade desejada da embalagem. Como es-

sas propriedades não podem ser substituídas por monoestruturas de maneira eficiente com a tecnologia atual, é necessária uma tecnologia de reciclagem adequada para esses materiais. A reciclagem química é vista como um processo que pode contribuir com a reciclagem mecânica justamente para esses materiais que até o momento não são recicláveis e para atingir as taxas de reciclagem obrigatória (na Europa).

A tecnologia Carboliq deve ser classificada como um processo de reciclagem de material em relação ao seu uso como processo de tratamento de resíduos, explicou Christian Haupts, diretor administrativo da Carboliq GmbH. É um processo termoquímico avançado também chamado de ‘direct oiling’. O que o Carboliq tem em comum com os métodos conhecidos de gaseificação e pirólise é que os insumos orgânicos sólidos (plásticos e biomassa) são convertidos em óleos e gases pela quebra (cracking) de suas cadeias de hidrocarbonetos.

O que diferencia significativamente o processo, no entanto, é sua flexibilidade em termos de materiais de alimentação, que não precisam ser baseados em poliolefinas. Graças à sua alta tolerância à matéria-prima, o Carboliq é adequado para plásticos contaminados, mistos e outros, bem como para embalagens flexíveis e filmes multicamadas altamente complexos feitos de vários tipos de plástico. Isso significa que, quando comparado à reciclagem mecânica, o processo oferece muito mais opções, pois visa recuperar componentes recicláveis por meio da decomposição térmica.

Outra vantagem é que o processo requer uma temperatura inferior a 400°C. Isso exclui a produção de gases tóxicos de pirólise e coque. A baixa temperatura, a aborda-

gem de estágio único do processo e o uso de fricção para introduzir energia no material possibilitam a conversão de material com consumo de energia relativamente baixo. Assim que a energia necessária para o funcionamento da usina for obtida de fontes renováveis, o processo Carboliq será totalmente neutro em termos climáticos. Nem o processo nem a energia utilizada vão emitir CO2.

O conceito da planta Carboliq é – baseado no uso de frações altamente calóricas e operação totalmente contínua (7.200 horas/ ano) – projetado para fornecer uma produção anual de 10.000 toneladas de recursos líquidos por planta. A matéria-prima secundária distribuída pela Carboliq sob o nome de CLR (Circular Liquid Resource) é semelhante em muitas de suas principais propriedades ao óleo fóssil e aos derivados dele obtidos – o que o torna um substituto para os recursos fósseis. Pode ser processado nas instalações existentes da refinaria/indústria petroquímica, pode ser misturado com óleos fósseis e é igualmente adequado para armazenamento.

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#ReciclagemQuímica
12 ABRIL 2023

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A EMBALAGEM É UMA FERRAMENTA DE MARKETING QUE TEM SIDO BEM UTILIZADA NO BRASIL

PEQUENA HISTÓRIA DA EMBALAGEM NO MARKETING BRASILEIRO - IV C

om a chegada das multinacionais ao Brasil e a introdução do marketing, houve uma grande mudança na visão de negócios das empresas. As indústrias nacionais de embalagem, até então dedicadas exclusivamente ao processo produtivo, começaram a utilizar o marketing para se promoverem e a seus produtos. O movimento foi liderado pela Toga, no início dos anos 60, de forma pioneira.

Um exemplo de como os fabricantes de produtos de consumo no Brasil utilizaram a embalagem para tornar seus produtos mais atrativos e desejados é o do sabonete Eucalol, que conseguiu criar um case de sucesso retumbante ao colocar dentro de suas caixinhas contendo três sabonetes, figurinhas coloridas impressas em papel cartão que formavam coleções que os consumidores passaram a colecionar (leia nas edições anteriores de EMBANEWS).

Este exemplo ocorrido antes dos anos 50 mostra que os homens de marketing já naquela época percebiam a importância da utilização da embalagem para oferecer e conduzir até os consumidores algo mais que o próprio produto.

Incluir informações publicitárias na embalagem era um procedimento comum neste período inicial e a indústria farmacêutica se destacou ao desenvolver formas criativas de incluir na embalagem verdadeiros anúncios e até mesmo folhetos que eram impressos em rótulos de grandes proporções, impressos nas caixas ou aplicados na forma de envoltórios que “embrulhavam” o produto. Existem exemplos destas práticas registrados em abundância nos tradicionais “almanaques” distribuídos pelos laboratórios farmacêuticos aos consumidores das farmácias daquele tempo.

Enquanto a televisão não chegava, e o rádio não podia mostrar a embalagem do produto, a propaganda impressa em jornais e revistas e os anúncios em placas e cartazes fixados nos ônibus e nos bondes se incumbiam de mostrar a “cara” do produto apresentando suas embalagens em destaque nos anúncios.

Nos anúncios deste período vemos a embalagem em primeiro plano dominando visualmente o layout, pois era preciso mostrá-la ao consumidor para que ele reconhecesse o produto na hora da compra.

É importante lembrar que o sistema de comercialização no varejo ainda era feito na tradicional venda em balcão onde o consumidor não tinha contato direto com o produto. Separado pelo balcão, ele deveria “pedir” ao balconista o produto que desejava. Não foi por outro motivo que a Nestlé mudou em 1937 a embalagem de seu tradicional produto “Milkmaid - Sweetened Condensed Milk”, impronunciável pelo consumidor brasileiro que pedia ao balconista: “quero aquele da Moça”.

O Leite Moça ilustra perfeitamente a situação em que o consumidor precisa pedir o produto pelo nome, situação que só veio mudar com o surgimento dos supermercados onde ele não precisou mais pedir para ninguém e passou a pegar diretamente na gôndola o produto que desejava.

Todo o trabalho de integração com a propaganda neste período pré-televisão estava então focado na inclusão do slogan publicitário na embalagem e na inclusão com destaque da embalagem nos anúncios, porque uma coisa não existia sem a outra.

Na clássica embalagem do sabão OMO de 1960 onde aparece o inconfundível “splash” da explosão de branco que virou marca registrada do produto, vemos um banner vermelho com o slogan “Dá Brilho a Brancura”. Na do Rinso vinha o slogan “Lava Mais Branco”. Já no Creme de Leite Nestlé vinha escrito: “Para Sobremesas Mais Saborosas”

Fazer o consumidor memorizar o nome e os principais atributos do produto era importante para conquistar sua preferência e permitir que ele pedisse corretamente o produto que desejava pois muitas vezes ele tinha que “driblar” as recomendações dos balconistas e o marketing deste período percebeu perfeitamente o papel que a embalagem desempenhava no processo de venda e divulgação dos produtos.

Este artigo continua na próxima edição.

FABIO
Núcleo
Estudos
Embalagem ESPM fabio@mestriner.com.br EMBALAGEM NO MARKETING 14 ABRIL 2023
MESTRINER Especialista em Inteligência de Embalagem Coordenador do
de
da
A indústria farmacêutica incluía na embalagem verdadeiros anúncios e até mesmo folhetos impressos nos rótulos

A CONSTRUÇÃO DA ABEAÇO

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMBALAGEM DE AÇO COMEMORA 20 ANOS, FORTALECENDO SUA ATUAÇÃO NA DEFESA DE TEMÁTICAS IMPORTANTES AO SETOR

AAbeaço comemora 20 anos em 2023. Fundada em maio de 2003, a motivação para a criação da Associação Brasileira de Embalagem de Aço foi a de empenhar-se na união setorial e fazer as empresas trabalharem em conjunto temáticas que eram pertinentes a todo o setor. Em 2003, a Abeaço foi constituída por um grupo de empresas fabricantes de latas, de matéria prima, e de revestimentos para latas e tintas de impressão. Foi uma união de toda cadeia, entendendo a importância da pauta e da temática coletivas.

Ao longo dos anos a proposta inicial da entidade, voltada principalmente para a comunicação com o consumidor final, foi amadurecendo, a partir da compreensão de que ela tinha outros papéis importantes, como a defesa setorial na esfera legislativa, diante de mudanças regulatórias muito profundas que estavam ocorrendo.

Esse papel mais amplo abraçado pela entidade envolvia questões relacionadas à Anvisa, na área de alimentos; o desenvolvimento de estudos técnicos junto

ao Cetea; assumir atribuições na área da educação, entre outros. Mas, uma das atribuições mais importantes desempenhadas pela Abeaço ao longo dos anos foi assumir o papel da logística reversa de embalagens de aço, atendendo a lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e levou à constituição da Prolata em 2012.

Nessa história há uma protagonista. Thais Fagury, entrevistada por EMBANEWS, é a presidente executiva da Abeaço e diretora da Prolata. Ela participa desde o início do surgimento e desenvolvimento das duas entidades e tem liderado, junto com os associados, diversos processos de interesse setorial. Quando a Abeaço foi constituída Thais era uma associada; em 2007 foi convidada a assumir a associação, iniciando também os trabalhos em relação às pautas governamentais. Em 2009, começaram as pesquisas para entender o mercado de logística reversa, e com base no conhecimento adquirido em alguns países, começou-se a desenhar a configuração da Prolata, que iniciou suas atividades em 2012. A história, os pleitos e conquistas das entidades, Thais nos conta nesta entrevista.

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EMBANEWS: Você acompanhou de perto e desde o início a história da Abeaço. Conte-nos um pouco dessa história e de sua participação.

THAIS FAGURY: Sim, participei da Abeaço desde o princípio, na época, ainda como associada; trabalhava na CSN e ajudava na condução dos comitês, de comunicação, exportação, reciclagem e meio ambiente. Em 2007 fui convidada a assumir a associação. Começamos a executar trabalhos, não só os relacionados aos comitês, mas também a pautas governamentais. De início, o foco era principalmente a comunicação com o consumidor final. Trabalhávamos inicialmente muito mais com a defesa do setor. Não havia uma agenda propositiva, que começamos só depois, o que foi muito importante. Passamos a nos dedicar à área da educação para entender como funcionava, e a tomar contato com algumas cooperativas de catadores. Acredito que aprendemos muito com a ABRE - Associação Brasileira de Embalagem, de como poderíamos agregar valor de fato para o associado. Foi uma construção. Em 2009 principiamos a entender o mercado de logística reversa e a fazer pesquisas em outros países para trazer propostas para a associação, que culminou na criação da Prolata, em 2012, para responder às demandas da PNRS, que havia sido aprovada no final de 2010. Depois de Prolata, a Abeaço passou por vários avanços. Tivemos um amadurecimento muito grande ao longo dos anos.

EMBANEWS: Como se deu a criação da Prolata?

THAIS FAGURY: A ideia inicial era que a logística reversa fosse um projeto dentro da própria Abeaço. Mas com as visitas e o conhecimento que adquirimos em alguns países, começamos a entender que a Prolata tinha que ter uma personalidade jurídica independente da Abeaço. Isso porque alguns atores da Abeaço não participavam da cadeia de logística reversa e não poderiam responder juridicamente por tais questões. Um exemplo são os fabricantes de revestimentos para embalagem e de tintas para impressão. Nos aprofundamos no assunto e assumimos a liderança setorial para construir uma entidade gestora exclusiva para latas de aço pós-consumo, sem fins lucrativos. Hoje a Prolata atua com a responsabilidade compartilhada entre a cadeia e tem como aderentes desde o fabricante de lata, o usuário da lata, que é o envasador, o varejo e o reciclador, que é a siderurgia. Conseguimos constituir uma segunda associação com responsabilidade compartilhada de fato, prevista na lei.

EMBANEWS: O desenho da Prolata foi baseado em que países?

THAIS FAGURY: No Brasil, nos baseamos na Reciclaço, projeto de reciclagem da Metalic, de latas para bebidas, que não existe mais. Lá fora nos balizamos no modelo alemão, sueco, suíço e belga. O modelo alemão que era muito caro, mas extremamente eficiente. O modelo belga, uma entidade gestora sem finalida-

de lucrativa, era baseada no conceito de que quanto maior o valor do material pós-consumo, menor é a contribuição associativa para que o associado execute a logística reversa. Já o modelo sueco era o único que praticava a responsabilidade compartilhada na cadeia, e no caso do modelo suíço, a associação de material da Suíça assumiu o papel de logística reversa constituindo uma associação para a logística reversa da embalagem de aço no país. De cada país trouxemos uma referência para que pudéssemos avançar.

EMBANEWS: O que motivou o desenvolvimento de um modelo próprio de logística reversa, diferente das cadeias dos demais materiais?

THAIS FAGURY: Foi justamente conhecer as ideias e propostas de outras associações. Anteriormente havia a coalizão de embalagens, que era multimaterial. Entendemos pela pesquisa e pelo estudo que fizemos lá fora que os modelos mais eficientes eram os modelos por cadeia de materiais, não os modelos coletivos. Assumimos o modelo por cadeia e apresentamos um termo de compromisso para o Ministério do Meio Ambiente, separadamente. Na época, a Abeaço foi signatária do primeiro modelo, já com Prolata, sinalizando que o setor avançaria individualmente na questão da logística reversa. Entendemos que a cadeia da embalagem de aço era bem estruturada justamente pela prática bem consolidada da compra da sucata pelas siderúrgicas em todo território nacional e que a side-

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rurgia tem um papel muito importante para essa ação em cadeia e para a capilaridade em todo território nacional. Foi assim que avançamos e construímos termos de compromisso com o governo federal, estados e municípios, e criamos uma legislação exclusiva para o setor.

Acreditamos, porém, que em questões como a educação ambiental para o consumidor final é preciso atuar em conjunto com os demais setores, para que se tenha um maior alcance. Isso ainda não aconteceu, mas está em nosso objetivo colocar em prática a educação ambiental de forma coletiva.

EMBANEWS: Que balanço você faz desse trabalho?

THAIS FAGURY: É um balanço bastante positivo. Quando iniciamos o primeiro ano de Prolata, em 2013, tivemos uma revalorização de material rastreado pelo programa de menos de 1.000 toneladas. Nos anos seguintes, tivemos avanços crescentes. Em 2022, tínhamos como meta de execução do programa vinculado ao Ministério do Meio Ambiente pouco mais de 54.000 mil toneladas, no entanto, revalorizamos pelo programa, só no ano passado, mais de 67.000 toneladas, o que representa 31% do material utilizado. Conseguimos trabalhar de forma consistente e crescente, com os mesmos parâmetros do programa inicial de 2012. O interessante disso é que de fato conseguimos entender e avançar nos sistemas utilizados pelos outros países e colocar em prática um programa muito mais consistente.

O número de empresas participantes também aumentou. Inicialmente a Prolata tinha como aderentes apenas os fabricantes de latas de aço. Hoje, além deles, temos os envasadores, como a Abrafati – Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, com 26 empresas;

os fabricantes de alimentos, como JBS, Camil, Cargill, Costa Marine; além de redes de varejo de materiais de construção, como a C&C, Sodimac, Tintas MC. Também contamos com a Triciclo, da Ambipar, que tem pontos de coleta espalhados em locais públicos, supermercados e drogarias; e as siderúrgicas, como Gerdau, Arcelor e CSN, fechando praticamente todo o ciclo da cadeia de latas de aço pós-consumo.

EMBANEWS: O que está sendo feito para aumentar o índice de reciclagem nas regiões mais afastadas do país?

THAIS FAGURY: Começamos pelo Estado, principalmente em locais que tenham maior população, mas já temos a participação de alguns municípios menores. Nesses casos, fazemos uma conexão com cooperativas e entrepostos locais que viram parceiros do programa e, para fazer o escoamento do material nos locais mais distantes, usamos o entreposto como base. Em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, onde atuamos, a cooperativa parceira gera menos de 500 kg de material por mês de latas de aço pós consumo. Para consolidarmos esse material, precisamos de um entreposto com quem fazemos uma parceria e ele encaminha esse material para uma das siderúrgicas parceiras. Neste caso, o entreposto encaminha o material para a Gerdau. Os entrepostos são sucateiros que credenciamos como parceiro do programa e que têm que cumprir algumas prerrogativas, entre elas comercializar o material para uma das três siderúrgicas parceiras para que consigamos garantir de fato a rastreabilidade e valorização do material.

EMBANEWS: Qual a importância da rastreabilidade na logística reversa da Prolata?

18 ENTREVISTA ABRIL 2023

75 anos

História impressa por grandes valores.

75 anos de tradição, 12 Prêmios de Qualidade Sindusfarma e uma reputação consolidada no mercado. Esses são alguns dos motivos pelos quais a Mācron é referência no segmento. Somos especialistas na produção de embalagens para a indústria farmacêutica e nosso compromisso é entregar cada vez mais excelência, inovação e qualidade.

ENTREVISTA

THAIS FAGURY: Para nós, a rastreabilidade é muito importante, desde o início do programa, quando se começou a rastrear os materiais com base no recebimento das notas fiscais e em seu encaminhamento para a indústria siderúrgica. Por exemplo, se um parceiro nosso encaminha o material para reciclagem via sucateiro não credenciado, nós não contabilizamos esse volume. Porque não temos a garantia de que aquele material foi reciclado de fato. No início do ano passado, fizemos uma parceria com um verificador independente, a Central de Custódia, para fazermos uma avaliação dessa rastreabilidade, e hoje ela mapeia todos os caminhos percorridos por aquele material de embalagem e nos sinaliza pontos de alerta, quando o material não foi para o reciclador final. Além da verificação dos resultados, a Central de Custódia também vai fazer a auditoria dos resultados dos operadores do programa, fechando toda a cadeia.

EMBANEWS: Qual é hoje o âmbito da atuação da Abeaço?

THAIS FAGURY: Conseguimos avançar em várias frentes. Entendemos que tínhamos diversos papéis e assumimos essas atribuições. A Abeaço passou também a exercer de forma muito mais intensa a função de articulação com o Ministério da Economia, justamente para trabalhar a desoneração da cadeia, que sofre com a bitributação, principalmente em favor das cooperativas. Na PNRS, temos a previsão de criação de instrumentos econômicos, mas este é um tema ainda bastante complexo. Houve algumas vitórias, como a lei 14.260, de 2021, que em 2022, teve os vetos revogados, e versa sobre a criação do Fundo de Apoio para Ações Voltadas à Reciclagem (Favorecicle) e Fundos de Investimentos para Projetos de Reciclagem (ProRecicle) que favorecem o setor de embalagem como um todo. No início, houve um envolvimento da Abeaço nessas questões regulatórias muito mais forte do que da Prolata. Hoje, a Abeaço atua junto às representações governamentais e agências reguladoras, nas parcerias e articulações com outras associações, na educação ambiental, atualmente mais focada em Prolata, e continuamos também dedicados à comunicação com o consumidor final, agora utilizando muito mais a mídia espontânea. Realizamos ainda diversos estudos sobre a reciclabilidade das latas, índices de reciclagem, periculosidade, migração de componentes das embalagens, que é um assunto muito importante dentro da Anvisa. Outro destaque é a criação do Prêmio de Embalagens de Aço no ano de 2010, trazendo à tona as melhores práticas do setor de embalagens de aço.

EMBANEWS: Pode nos explicar melhor o que é a lei 14.260, de 2021, e o que ela muda?

THAIS FAGURY: É uma lei do deputado federal Carlos Gomes e foi criada para incentivar a indústria de reciclagem. Ela cria um fundo de apoio para as ações voltadas para a reciclagem – o FavoRecicle, e o fundo

de investimentos para projetos de reciclagem – o ProRecicle. O que é importante nessa legislação é que o próprio consumidor final, pode deduzir do imposto de renda o apoio a projetos de reciclagem aprovados pelo Ministério do Meio Ambiente, sendo 6% para pessoas físicas, e 1% para pessoas jurídicas. Isso é importante para a desoneração e o desenvolvimento das cadeias de logística reversa. Cabe a nós, setores e seus representantes, dar um encaminhamento para que esse instrumento econômico, previsto na PNRS, seja de fato aplicado. A previsibilidade está na lei, mas ainda carece de regulação, e também não há previsão. Nesse momento, não só a Abeaço, como também outras associações, estão tentando motivar, em conjunto, a câmara dos deputados e alguns senadores para que tenhamos um instrumento econômico que viabilize a atividade.

EMBANEWS: Quais são os principais desafios que as empresas do setor estão enfrentando?

THAIS FAGURY: Um dos desafios que enfrentamos é a substituição por outras cadeias de materiais mais baratos, que não representam uma segurança tão grande para o produto envasado, que têm um shelf life menor e não possuem uma efetiva cadeia de revalorização dos produtos. Esse é um desafio constante, acredito que não seja unicamente da cadeia de latas, mas que as embalagens rígidas em geral enfrentam. E vemos que é um movimento totalmente contrário ao que acontece em países de consumo mais maduro, que privilegiam a embalagem rígida. E por quê? Porque essas embalagens têm cadeias pós-consumo muito melhor estruturadas. É preciso pensar no sistema embalagem como um todo. Não basta comprar uma embalagem porque é a mais barata e ponto, sem pensar em toda a cadeia. É preciso que haja logística reversa efetiva e que o material tenha reciclabilidade de fato. Uma das coisas que sempre digo: - reciclável tudo é, agora, reciclar efetivamente, são pouquíssimas cadeias que o fazem. Isso fica muito visível pelos índices de reciclagem dos materiais compilados.

EMBANEWS: Quais são os projetos para o futuro?

THAIS FAGURY: Na Abeaço, temos entre os projetos, o desenvolvimento de novos estudos, um suporte maior à regulação e legislação, a proposição de novos projetos de lei, que favoreçam tanto a Abeaço quanto a Prolata, o desenvolvimento de novos mercados, uma atuação mais próxima às agências reguladoras estaduais, não apenas à federal, e articulações mais próximas aos estados, estão entre os passos futuros.

https://abeaco.org.br/; https://www.prolata.com.br

20
ABRIL 2023

ENSAIO DE IMPACTO EM PLANO INCLINADO PARA REDUÇÃO DE DANOS

Dentre 660 laboratórios do mundo, sendo 323 do continente americano, o Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) é o único da América do Sul certificado pela International Safe Transit Association (ISTA) – https://ista.org –e completa este ano duas décadas dessa certificação.

O objetivo de integrar essa estratégica associação internacional é minimizar danos em produtos através do efetivo projeto de embalagem, já que a ISTA atua na elaboração de procedimentos de ensaios por meio da participação de diversas empresas ligadas ao setor. Para isso, o corpo técnico do Cetea está sempre em busca de melhorias, alinhado à visão do Instituto de Tecnologia de Alimentos, ao qual é vinculado: ser uma instituição de excelência, criativa e inovadora em seus produtos, serviços e ações junto ao governo, à sociedade e aos setores produtivos de alimentos, bebidas e embalagens.

Assim, o escopo de atuação

do Cetea acabou de ser ampliado graças ao início da operação de equipamento dedicado a ensaios de impacto em plano inclinado, investimento viabilizado em 2022 pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Com plataforma móvel de 1,5 m x 1,5 m, trilho inclinado em 10° e velocidade de impacto registrada por um conjunto de sensores por indução, o novo equipamento possibilita o impacto de amostra de até uma tonelada contra uma chapa de aço com 1,5 m x 2,0 m e 10 mm de espessura.

A novidade permite atender várias normas que especificam o impacto em plano inclinado, em especial o procedimento 3E da ISTA, SimilarPackaged-Productsin Unitized Loads for Truckload Shipment, que é aplicado a conjuntos produto-embalagem em cargas unitizadas destinados ao transporte rodoviário.

O plano inclinado está instalado no Laboratório de Embalagens de Transporte e Distribuição, que também conta com equipamen-

tos de queda, vibração, choque, medição e gravação de dados de campo, compressão dinâmica e estática aplicada a produtos e embalagens, e tração de alça em big bags, dentre outros.

Cabe lembrar que esse é apenas um dos laboratórios de ensaio do Cetea, que atualmente conta com cerca de 700 equipamentos em operação, incluindo um laboratório de análise sensorial e uma planta-piloto. A estrutura é composta por equipamentos de última geração para avaliação de diferentes tipos e materiais de embalagem.

Além de certificado pelo ISTA, o Cetea possui ensaios acreditados na NBR ISO/IEC 17025 pela Coordenação Geral de Acreditação (Cgcre) do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Gerente Técnica de Sistemas de Embalagens e vice-diretora do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) do Ital

TIAGO DANTAS

Pesquisador do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) e diretor do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Ital

PESQUISA 22 ABRIL 2023
AMPLIAÇÃO DO ESCOPO DE ATUAÇÃO COM FOCO EM EMBALAGENS PARA TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO
ANA PAULA NOLLETO

EMBALAGENS DE AÇO DECORATIVAS VALORIZAM AS MARCAS

Amarca centenária Veuve Clicquot sempre apostou em qualidade e comunicação. Sempre foi audaciosa. A madame (senhora) Veuve (viúva) Clicquot assumiu a empresa aos 27 anos, após a morte do seu marido, herdeiro do fundador, em 1805. Imaginem uma jovem, viúva, assumir o comando de uma empresa quando as mulheres sequer podiam ter contas bancárias.

Foi uma das primeiras marcas a adotar um rótulo diferenciado e investir em embalagens, e claro, na qualidade dos produtos. A ponto de ser a marca de champagne mais conhecida do mundo.

Suas embalagens especiais são sempre disruptivas e originais, o que as tornam objetos de desejo e de coleção dos consumidores. Entre algumas icônicas soluções estão: embalagem para vestir a garrafa como uma roupa de mergulho; uma caixa plástica que imita uma geladeira

retrô; um estojo com alça feita de fécula de batata, entre outras.

Sempre inspirada no design e cultivando o amor por objetos icônicos, em 2021, a marca lançou uma edição limitada que celebrava a influência atemporal do movimento retrô, destacando uma fita cassete, com cores vibrantes. A embalagem de aço tem um berço e promete manter a champagne gelada por até duas horas.

Produzido na Inglaterra, Bombay Sapphire é o gin premium mais vendido do mundo, reconhecido nas gôndolas pela sua emblemática garrafa azul. É uma marca de gin bastante recente, lançada em 1986, pelo comerciante de vinhos inglês IDV (Diageo), mesma empresa dona de bebidas, como a vodka Cîroc. Em 1997, a Diageo vendeu a marca para a Bacardi.

Apesar de muito mais jovem, a marca é outra referência em embalagens inovadoras. Foi a primeira a incorporar LEDs no cartucho de

papelcartão, que acendia de forma pulsante de baixo para cima, criando um movimento que lembrava as placas luminosas dos bares de época.

De tempos em tempos, a marca lança edições limitadas, como cartuchos especiais e recentemente apresentou uma lata de aço com face frontal toda recortada a laser para criar suspense sobre a garrafa. O bordado do recorte é imitado nas laterais através de vernizes brilho e fosco. Ainda na face frontal uma medalha em relevo e dourado dá mais valor à obra.

Embalagens disruptivas mundo afora são melhores e fazem o mundo mais surpreendente e melhor.

ASSUNTA NAPOLITANO CAMILO

Diretora da FuturePack Consultoria de Embalagens e do Instituto de Embalagens atendimento@institutode embalagens.com.br

FRONTEIRAS ABRIL 2023 24
CADA VEZ MAIS ENCONTRAMOS MUNDO AFORA EMBALAGENS DE AÇO QUE DESPERTAM DESEJOS DOS CONSUMIDORES PARA ALÉM DO PRODUTO FOTOS: FUTUREPACK

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PRÊMIO EMBANEWS 2023 CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO SERÁ NO DIA 31 DE MAIO

Este ano o Prêmio EMBANEWS comemora 30 anos!

A aguardada festa de entrega do Troféu Roberto Hiraishi aos vencedores do Prêmio EMBANEWS 2023 já tem data e local: será realizada no dia 31 de maio, no Espaço Armazém, à Rua Jaguaré-Mirim, 164, na Vila Leopoldina (SP).

Será a noite da apresentação oficial dos vencedores, e também do anúncio dos premiados como Destaques do Ano, embalagens que se distinguiram pelas maiores notas obtidas no julgamento, e dentre todas, a Melhor Embalagem do Ano, insígnia máxima do Prêmio EMBANEWS

Também serão homenageados a Personalidade, Profissional, Fornecedor, Cliente e Instituição que se destacaram por sua atuação em 2022.

O julgamento do Prêmio EMBANEWS 2023 foi realizado no dia 24 de janeiro, na Escola SENAI Theobaldo de Nigris em São Paulo, por um corpo de júri formado por renomados profissionais do setor, e foi marcado pela alta qualidade das peças concorrentes e propostas diferenciadas, segundo os jurados participantes.

Informações sobre patrocínio e convites para a festa do Prêmio EMBANEWS podem ser obtidas em: patrocinio@ embanews.com; premio@embanews.com; whatsapp: 11 94721-4102

Av. Cachoeira, 1059 Vila Industrial Barueri/SP - 06413-000

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** Sopro e Injeção de plásticos.

** Linha Standard de Embalagens Plásticas: Frascos, Potes, Tampas, Bisnagas

** Desenvolvimento de Projetos e Moldes Exclusivos

** Mercados de atuação: Cosmético / Automotivo / Veterinário / Farmacêutico / Alimentício / Químico

29 SID - SISTEMA DE INFORMAÇÃO DIRIGIDA ABRIL 2023
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COMPETITIVIDADE

CRESCER! CRESCER?

A PERGUNTA A SE FAZER É: EM QUAL COMPETIÇÃO A EMPRESA ESTÁ?

Ao ler os jornais da semana que se encerrou na Páscoa, dois fatos me saltaram aos olhos: a entrevista do Presidente da Mondelez1 narrando os planos da empresa que quer crescer (o que é corretíssimo) via aquisições, entre outras estratégias; a notícia que a Natura2 vendeu a Aesop num importante passo para a sua reestruturação. Essas notícias, mais o que vi e ouvi na Plástico Brasil, repleta de expositores que procuram crescer no turbulento mercado brasileiro, me levaram a desenhar vários cenários. Essas minhas divagações sobre o evento e o que li me fizeram retornar quase duas décadas atrás, quando acompanhei o meu saudoso e amigo Roberto Hiraishi na viagem à Feira K 2004, em Düsseldorf. Ficamos hospedados em Wuppertal, cidade que fica a cerca de 30 km do local da exposição. Encantei-me com o Schwebebahn3 (transporte em trilhos suspensos sobre as ruas e sobre o rio, como mostrado na Figura 1), e pensamos muito se não seria uma boa solução para transporte sobre as marginais de São Paulo, com pontos de embarque e desembarque nas pontes que cruzam o Rio Tietê.

No final de um cansativo dia, fomos tomar uma excelente cerveja artesanal numa cervejaria/bar em Wuppertal. O dono, de forma amistosa, conversou bastante conosco e nos deixou à vontade para perguntarmos se ele tinha projetos de crescer.

Nossa surpresa foi ouvir, com ar de extrema felicidade, num inglês básico, um “não!!! Estou bem assim!”. Perguntei como ele lidava com o fato de ter que deixar, no futuro, o empreendimento para os 2 filhos. Mais uma surpresa: “não penso nisso! Se eles quiserem continuar o negócio, que continuem. Não penso em aumentar. Estou bem assim” repetiu.

Entreolhamo-nos, como que externando a nossa “pouca compreensão” a respeito de tal “falta de ambição” e calamo-nos.

Falamos sobre isso mais uma vez durante a viagem, e, novamente, deixamos claro que não havíamos entendido aquela “alma de Wuppertal”. Como não pensar em crescer?

As notícias e a lembrança dos episódios que narrei formaram uma espécie de dicotomia que fixou residência temporária na minha mente numa pergunta provocativa. O que é melhor para a indústria brasileira de embalagem: crescer exponencialmente, como muitas querem fazer e fazem, ou adotar uma atitude mais calma com o pensamento voltado para a sua “longevidade”?

Acredito que muitas indústrias fabricantes e usuárias de embalagem estejam enfrentando questões semelhantes. Como me manter competitivo? Ao que respondo: qual é a competição em que você participa? Qual a melhor estratégia a adotar NESSA competição escolhida? Admiro aquelas que miram

o crescimento agressivo, mas não posso deixar de dizer que me agradam muito as que são adeptas do crescer mais lento, também consistente e sustentável (para lembrar o leitor, a sustentabilidade “se sustenta” sobre 3 pilares: ambiental, social e financeiro).

Não sei qual das duas alternativas é a mais compatível com as dificuldades econômicas e sociais atuais do País e com as exigências dos acionistas. No entanto, a questão (mais uma!!!) que me salta aos olhos é: em qual competição a empresa está? Ou melhor, pretende se agigantar constantemente e ditar as rédeas do setor em que atua, ou se adaptar de forma mais lenta e discreta, talvez com menos sobressaltos, às exigências dos consumidores/clientes?

Volto à Wuppertal, em pensamento, com o querido Roberto Hiraishi, e à pergunta que nos formulamos à época: crescer ou não crescer num mercado extremamente competitivo? Talvez o cervejeiro alemão estivesse certo! Não sei se o seu empreendimento sobreviveu a muitos invernos. Acredito que ele realmente sabia a sua resposta porque sabia em qual competição estava!!!

1 O Estado de São Paulo – Edição de 08 de abril de 2023

– Caderno Economia – Pág. B6 – Estamos falando com empresas, e queremos comprar.

2 O Estado de São Paulo – Edição de 04 de abril de 2023

– Caderno Economia – Pág. B12 – Natura vende Aesop para L’Oréal por US$ 2,5 bilhões

3 https://bit.ly/3owh9GA, acesso em 06 de abril de 2023;

4 https://bit.ly/3owh9GA, acesso em 06 de abril de 2023

ANTONIO CABRAL Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação em Engenharia de Embalagem

Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN/IMT)

antonio.cabral@maua.br

acdcabral@gmail.com

30 ABRIL 2022
Figura1:imagemdoSchwebebahn4deWuppertal

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