Avaliação Participativa de Coleta Seletiva de Lixo no Consórcio Quiriri

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Podemos dizer que a Participação efetiva-se através de um processo dialógico [de Comunicação] e como tal, transforma-se um processo educativo - de produção de conhecimento - quando olhamos na perspectiva de FREIRE (1983:69-74): “A educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é transferência de saber, mais um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados.... a comunicação verdadeira não nos parece estar na exclusiva transferência ou transmissão de conhecimento de um sujeito a outro, mas em sua coparticipação no ato de compreender a significação do significado” [p.69] (grifos nossos).

Freire transforma o emissor em educador e o receptor em educando, inserindo-os numa postura dialógica, dialética e problematizadora, onde ambos emitem e recebem com igual nível de importância, num processo de “ad-miração79” mútua que transforma e potencializa o conhecimento de ambos. Chama-os de educador-educando e educando-educador, como poderíamos chamar de emissor-receptor e receptoremissor. Crianças e adultos, instituições ou indivíduos. Esta perspectiva amplia a dimensão educativa presente dinâmica participativa, onde tanto quem emite (o provocador) quanto quem recebe (os participantes - e aqui incluímos também os participantes em potencial) possuem igual responsabilidade de ensino-aprendizagem, um aprendendo e legitimando o saber do outro, em igual posição de importância. Seria o que poderíamos chamar de produção coletiva de conhecimento, ou ainda produção participativa de conhecimento. Esse conceito, adiciona novos elementos aos níveis de importância, e a própria Participação, em suas duas diferentes instâncias: A institucional, coletiva80 que requer um maior conhecimento81 de base instrumental (mas que podem ser potencializados pelo uso do conhecimento de base afetiva) para a realização de seus objetivos “porque fazer coisas com os outros é mais eficaz e eficiente que faze-las sozinho”82; e outra desinstitucionalizada, individual83 que sustenta-se, principalmente, em base afetiva, também pode se potencializar pelo uso do 79

“O educador, problematizado só em problematizar, “re-ad-mira” o objeto problemático através da “ad-miração” dos educandos. Está é a razão pela qual o educador continua aprendendo e, quanto mais humilde seja na “re-admiração” que faça através da “ad-miração dos educandos, mais aprenderá.” [p. 82] 80 Onde quadram-se maioria das contribuições teóricas sobre o tema. 81 Conhecimento esse considerado dentro da perspectiva de produção participativa de conhecimento. 82 Conforme já citado na introdução e referindo-se a conceituação de Borddenave (p.2) 83 Com baixa representatividade dentro do universo bibliográfico sobre participação. 65


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