A Lei da Bondade

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Mary Beeke

A Lei da

Bondade Servindo com o coração e com as mãos

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A Lei da Bondade – Servindo com o coração e com as mãos Traduzido do original em inglês The Law of Kindness- Serving with heart and hands por Mary Beeke Copyright © 2007 por Mary Beeke

Publicado por Reformation Heritage Books, 2965 Leonard St., NE Grand Rapids, MI, 49525 Copyright © 2008 Editora Fiel Primeira Edição em Português: 2011

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão Evangélica Literária Proibida a reprodução deste livro por quaisquer meios, sem a permissão escrita dos editores, salvo em breves citações, com indicação da fonte.

Caixa Postal 1601 CEP: 12230-971 São José dos Campos, SP PABX: (12) 3919-9999 www.editorafiel.com.br

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Presidente: James Richard Denham III Presidente Emérito: James Richard Denham Jr. Editor: Tiago J. Santos Filho Tradução: Waléria Coicev Revisão: Márcia Gomes Diagramação: Spress Capa: Rubner Durais ISBN: 978-85-8132-002-1

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Dedicatória

Aos meus pais preciosos, Henry e Lena Kamp, Obrigada por estabelecerem um alicerce de ajuda constante aos outros e pela bondade coerente e genuína em nosso lar durante minha infância. Ao meu amado marido, Joel Beeke, Obrigada por sua ajuda constante e por sua bondade, semelhante à de Cristo, para comigo e nossos filhos. Aos meus queridos filhos, Calvin, Esther e Lydia, o meu coração se alegra em ver a bondade, paciência e gentileza de vocês. –x– Eu agradeço e louvo ao Senhor por vocês. Eu amo vocês. Vocês são muito mais do que eu mereço.

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“... a instrução da bondade.” – Provérbios 31.26

“... quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos...” – Mateus 10.42

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Sumário

Um Copo de Água Fria, 9 Introdução, 11 Parte 1: Uma Análise da Bondade, 17 1 O que é a bondade?, 19 2 As raízes da bondade, 31 3 Nossa motivação, 41 Parte 2: A Bondade Aprendida, 57 4 A esposa bondosa, 59 5 O marido bondoso, 75 6 Criando os filhos com bondade, 89 7 O papel do professor, 109 8 Bullying, 115 9 Uma carta para crianças e aos adolescentes, 129 Parte 3: A Bondade em Ação, 147 10 Pensamentos bondosos, 149 11 Palavras bondosas, 161 12 A bondade a um destes pequeninos, 183 13 O seu tipo de bondade, 189

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Apêndice: “Mamãe, por favor, não vá!”, 207 Questões para Estudo, 221

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Um Copo de Água Fria

“E quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.” – Mateus 10.42

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em, eu posso fazer muito mais do que isso. Posso fazer atos de bondade aos servos do Senhor. O Senhor sabe que amo todos eles, e eu consideraria uma honra lavar os pés deles. Por causa do Mestre, amo os seus discípulos. Quão gracioso foi o Senhor ao mencionar um ato tão insignificante – dar de beber, um copo de água fria, somente! Eu consigo fazer isso, mesmo sendo pobre; posso fazer isso, mesmo sendo humilde; farei isso alegremente. Esse ato, que parece tão insignificante, é percebido pelo Senhor – o Senhor o percebe mesmo quando é feito ao menor de seus seguidores. É evidente que ele não olha para o preço, nem para a habilidade, nem para a quantidade, mas sim, para a motivação: fazer algo a um discípulo, simplesmente porque ele é um discípulo – o Senhor observa isso e recompensa. O Senhor não nos retribui por causa do mérito daquilo que fazemos, mas de acordo com a riqueza da Sua graça. Eu dou um copo de água fria, e ele me faz beber da água da vida. Eu dou a um de seus pequeninos, e ele me trata como um deles. Jesus faz uma apologia em favor de sua generosidade, naquilo que a sua graça me leva a fazer, e ele diz: “ele de modo algum perderá o seu galardão”. – Charles H. Spurgeon

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Introdução

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embro-me como se fosse hoje, apesar de ter acontecido há mais de trinta e cinco anos. Foi durante o intervalo. Uma turma de alunos da oitava série havia se reunido em um morro, do outro lado da escola. Meus amigos e eu estávamos curiosos. No meio do grupo, um dos rapazes estava em pé, com as mãos para trás. Seus colegas haviam amarrado seus pulsos tão apertados que uma de suas mãos estava branca como leite, e a outra, vermelha como um pimentão. O sinal tocou, encerrando o intervalo. Eles o largaram lá, em pé, no campo. Eu estava chocada e apavorada, mas totalmente paralisada para fazer alguma coisa. Afinal de contas, eu era quatro anos mais nova que eles. Eu também o deixei lá, e me perguntava o que teria acontecido com ele. Reprisei essa cena em minha mente inúmeras vezes. Duas coisas que se destacavam perfeitamente em minha memória eram a cor de suas mãos e o olhar, quase sereno e resignado, em seu rosto. No entanto, em minha reprise, eu não estava lá apenas parada. Estava chutando e esmurrando aqueles aprisionadores; gritando e insultando-os com lágrimas nos olhos: – Por que vocês estão sendo tão cruéis? Por que vocês não podem apenas ser bons? Essa experiência, bem como muitas outras, positivas e negativas, têm estimulado em mim um profundo desejo de promover “somente a bondade plena” na minha vida e na vida dos outros, de todas as formas possíveis. Tenho violado esse princípio por incontáveis vezes e peço desculpas a todos aqueles para quem não fui bondosa. Tenho me afligido com o fato de escrever, ou não, um livro como este.

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Quem eu penso que sou, uma autoridade em bondade? Não sou uma autoridade, mas preciso escrever este livro. Tenho um desejo ardente de escrevê-lo. Então, para começar, gostaria de deixar claro que estou escrevendo na condição de pecadora; de alguém que deseja ser bondosa, mas ainda está longe disso. Eu amo a bondade, mas ainda estou lutando para viver à altura do que escrevi. E estou certa que terei de fazer isso pelo resto de minha vida. Tendo dito isso, é meu desejo e minha fervorosa oração que Deus abençoe este livro, de modo a fomentar a bondade entre os nossos semelhantes neste mundo. Tenho sido cercada de pessoas bondosas durante toda a minha vida. Essa é uma bênção tremenda e, também, uma grande responsabilidade. Quando eu era criança, minha mãe, sempre com um sorriso alegre no rosto, cuidava de nós, levava refeições para os amigos doentes, conversava com todo mundo em toda parte, era voluntária para causas diversas e demonstrava hospitalidade em casa. Ela ainda faz esse tipo de coisa hoje e muito mais. Hoje em dia, ela também é a “Senhora Cobertor”, comprando cobertores aos montes, nos bazares e brechós, lavando-os e distribuindo-os ao redor do mundo, por meio de qualquer organização que possa utilizá-los. Lembro-me de meu pai, com seu jeito calado e sóbrio; servindo na igreja e na escola; doando sangue; sem nunca nos permitir falar mal de ninguém; tratando a todos com respeito (mesmo se fossem “diferentes”), e doando dinheiro para muitas causas dignas. Ele sempre vê o lado bom das pessoas e sempre espera o melhor delas, mesmo quando o histórico demonstra evidência do contrário. Ele continua a servir até hoje e já deve ter doado uns cinquenta litros de sangue. Em seguida, veio o meu marido. Ele é o melhor marido do mundo. Joel transborda de bondade e amor. Ele nunca disse sequer uma palavra grosseira para mim. Exala bondade para mim e para nossos filhos. Quando estou irritada ou frustrada, ele é o elemento de equilíbrio em nosso lar. Em seu ministério pastoral, sua bondade é como uma linha bem resistente tecendo através de suas palavras e ações. Nunca encontrei alguém que tivesse suportado a variedade de aflições pelas quais ele passou e tivesse permanecido bondoso do come-

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ço ao fim. Essa bondade e amor permeiam seus padrões de pensamento e afetam tanto a sua vida pública quanto a particular. Devido a sua experiência pessoal e pastoral, pedi que ele escrevesse a parte deste livro que se refere à bondade no casamento, da perspectiva do marido. Hoje eu não sou a mesma pessoa que era antes de começar a escrever este livro. Precisei classificar meus pensamentos e ordená-los, a fim de explicá-los no papel. Ao fazer isso, algumas de minhas atitudes mudaram. Minhas atitudes precisam ser guiadas pelos mesmos princípios adotados neste livro. A necessidade ordena que eu retorne à Bíblia a cada momento, pois Deus nos projetou e criou, e é através dos olhos e da mente dele que devemos interpretar o mundo que ele criou. Este é um livro cristão, mas também é um livro para não cristãos e a respeito dos não cristãos – usei o termo “não cristão” por não encontrar outro melhor; não tive a intenção de ofender ninguém. É impossível chegar ao âmago da bondade por qualquer outro meio senão Deus, pois ele é a essência da verdadeira bondade. Há somente um Deus. Ele é o Deus dos céus e da terra. Ele é o Deus da justiça e pune o pecado. Porém, também é o Deus da misericórdia e da bondade. Ele perdoa e purifica todo aquele que vem a ele, crendo em Jesus, verdadeiramente arrependido de seus pecados. A bondade de Jesus é refletida pelos seus seguidores porque ele escreveu a “instrução da bondade” em seus corações (Pv 31.26). Demonstrar amor e bondade aos outros é o ponto central da vida do cristão. A exclusividade do cristianismo pode parecer ofensiva para muitos de vocês. Eu não posso dialogar com cada um de vocês, posso apenas pedir que, se você ainda não abraçou o cristianismo, pelo menos leia a Bíblia. E à medida que você ler, tente averiguar as razões pelas quais você não acredita nela. Tente definir a personalidade de Jesus Cristo. Posso sugerir que você comece com João 8.1-11 e Lucas 10.25-37? Qualquer pessoa que realmente conheça a Jesus não pode fazer qualquer outra coisa além de amá-lo. Prove a Deus. Ore com a mente e o coração abertos: “Senhor, se tu és real, por favor, mostra-me”. Com todo o amor de meu coração, desejo e oro que você experimente o poder do amor de Deus em sua

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vida. Jesus foi o homem mais compassivo que já andou na face da terra. Podemos ver isso na forma como tratava os desafortunados. Ele é a única fonte de verdadeira alegria e paz para a sua vida. Se você chegou a um beco sem saída, lembre-se de Deus; Ele é a melhor fonte de ajuda disponível. Acreditar em Deus não é opcional; é só uma questão de quando iremos acreditar (veja Rm 14.11-12). Se não acreditarmos agora, faremos isso no Dia do Juízo Final. Mas naquele dia experimentaremos a veracidade da existência de Deus em sua ira, e será muito tarde para experimentar a bondade e a misericórdia dele. É bondade de Jesus adverti-lo agora, antes que seja tarde demais. Se estiver viajando por uma via expressa e se deparar com uma barreira policial, certamente ficará muito irritado. Entretanto, se for avisado que a ponte que estaria logo adiante desmoronou, sua irritação se transformaria em verdadeira gratidão. É exatamente essa emoção que muitos cristãos, novos convertidos, sentem ao descobrir que foram arrebatados das garras do inferno pela bondade e misericórdia de Jesus Cristo. Ainda que a bondade não impeça o julgamento, Deus prefere a bondade em vez do julgamento. O desejo dele é que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento. Isaías 28.21 menciona que o julgamento é a sua ‘obra estranha’, uma obra necessária (necessária devido à sua justiça perfeita), ao passo que a bondade é a atitude com a qual ele se deleita, e o perdão e a graça são a sua obra mais aprazível”1 (veja Mq 7.18). Preocupo-me com cada um de vocês. Gostaria que todas as pessoas fossem bondosas. Este mundo seria um lugar bem melhor se assim o fosse. Mas a bondade sozinha não salvará a sua alma. Somente Jesus Cristo pode fazer isso. A minha esperança sincera e a minha oração é que Deus lhe conceda essa grande bondade. Nesse meio tempo, sejamos bondosos – todos nós, não importa quem, nem como sejamos. Este livro é dividido em três partes. A primeira é chamada de “Uma Análise da Bondade”, e nesses três capítulos definiremos o que é bondade; explicaremos de onde a bondade procede e examinaremos as motivações para exercê-la. A segunda seção, “A Bondade Aprendida”, trata do desenvolvimento da bondade em áreas como o

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casamento e obrigações dos pais. Ela continua com o papel do professor em promover a bondade. O bullying é tratado de modo específico. O capítulo nove é uma carta destinada às crianças e adolescentes sobre a questão da bondade e da crueldade. “A Bondade em Ação”, que é a terceira parte, trata da bondade e da maldade nos pensamentos e palavras. Depois, abordamos a bondade dirigida aos menos privilegiados. E a conclusão é intitulada “O seu tipo de bondade”. A bondade pode ser melhor descrita através de exemplos do que com definições; tentei fornecer algumas histórias ao longo deste livro para expressar o que é a bondade. Nelas, mudei os nomes de alguns indivíduos. Todos os exemplos negativos e histórias de maldade, tiveram as identidades mudadas de exemplos de bondade para poupar os culpados e errados. Alguns dos nomes foram mudados nas histórias positivas. Todos os nomes mudados aparecem entre aspas. Alguns são citados somente com os primeiros nomes com ou sem um inicial e outros são totalmente identificados. Nomes de histórias novas permanecem inalterados. Alguns exemplos são situações hipotéticas que acontecem no cotidiano. Gostaria de agradecer a diversas pessoas que contribuíram de várias maneiras para este livro. Meu coração é cheio de gratidão a Martha Fisher pela sua inestimável edição, Kate DeVries pela leitura dos rascunhos, Gary e Linda den Hollander pela digitação e Amy Zevenbergen pela produção da capa. Minhas desculpas a todos que me pediram ajudam e aos quais eu tive de responder “Me perdoe, estou muito ocupada. Estou trabalhando em um projeto em casa.” Espero estar disponível logo – mal posso esperar para sair e praticar o que estou pregando! Mencionei o exemplo e instrução de meus pais. Meu coração é grato por tudo que fizeram. Espero que possa retribuir criando netos debaixo dos mesmos princípios. Minha gratidão à multidão de pessoas bondosas em nossa igreja e àqueles que encontrei pelos lugares onde passei, especialmente àqueles que oraram pelo ministério de meu marido e de nossa família. Elas têm aquecido o nosso coração e nos inspirado a passar a bondade adiante. Um caminhão repleto de gratidão é dedicado aos nossos preciosos filhos, Calvin, Esther e Lydia. Agradeço a vocês pelas ideias que surgiram das discussões ao redor da mesa e que contribuíram para

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este livro. Obrigada Esther pela sugestão do título. Nossos filhos têm me guiado involuntariamente na área da bondade. Os nossos familiares são as pessoas que melhor nos conhecem. Por isso, agradeço pela paciência, amor, apoio e bondade deles, apesar de todas as minhas fraquezas e inconsistências. Eles são muito bondosos para comigo. Eu agradeço a Deus por isso e pela bondade que os vejo demonstrando aos outros. Isso toca profundamente o meu coração. Não há palavras para expressar a gratidão que sinto pelo meu querido marido Joe, pelo seu amor constante e por sua ajuda persistente. Ele tem me encorajado a escrever sobre esse assunto, que tanto amo, apesar das vezes que tenho me sentido completamente indigna para tal tarefa. Ele faz de conta que não vê a poeira e a desordem da casa, e se oferece para levar a família para comer fora mais vezes do que deveria fazer, assim, eu tenho tempo para escrever. Sou profundamente grata por esse homem que vive de acordo com lei da bondade.

NOTAS 1.

ROBERTS, Roger. Holiness: Every Christian’s Calling (Nashville: Broadman Press, 1985), pág. 68.

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Capítulo 1

O Que é a Bondade?

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bondade acontece. Heidi estava tentando sair do shopping. Seus dois filhos pequenos estavam cansados, com fome, chorando e tentando escapar do carrinho de bebê. A porta automática não estava funcionando e o vento a mantinha fechada. Uma mãe de meia idade, que não tinha nenhuma criança para arrastar, segurou a porta enquanto Heidi passava por ela com seus filhos. Coby Van Rossum trabalhou na Nigéria nas funções de enfermeira, parteira e agente de saúde, de 1964 a 1987. Quando estava com 60 anos, o conselho de sua missão decidiu que ela deveria se aposentar. Ela, entretanto, não tinha nenhum desejo de parar de trabalhar. Ao invés disso, ela concentrou suas energias em ajudar as pessoas inválidas com as quais havia trabalhado, e assim nasceu o Projeto Elim. Hoje, o Projeto Elim serve milhares de indivíduos em um programa de reabilitação estabelecido na comunidade. A equipe de campo visita as vilas procurando deficientes físicos ou mentais. Eles determinam o tipo de tratamento adequado para cada pessoa, que pode incluir cirurgia, fisioterapia ou terapia ocupacional. Se possível, eles providenciam cadeira de rodas, sapatos especiais e outros equipamentos para os indivíduos atendidos. Os membros da família também acompanham a pessoa com necessidades especiais durante o tempo que ela permanece fora de casa. No final do processo, a pessoa é treinada em alguma atividade profissionalizante que possa ser exercida em casa, na comunidade, ou na sede do Projeto Elim. O Projeto Elim possui uma equipe de 50 pessoas e arrecada fundos através de

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um restaurante, uma loja, uma padaria e uma pousada. Em 1999, o projeto Elim desenvolveu um programa para portadores de AIDS. Muitas pessoas inválidas, rejeitadas pela sociedade anteriormente, hoje são cidadãos que contribuem com suas comunidades.1 A crueldade acontece. Em 28 de agosto de 2001, uma mulher de 28 anos estava em pé na mureta de proteção de uma ponte em Seattle, Washington, a aproximadamente cinco metros de altura. Enquanto as pessoas passavam dirigindo seus carros, caminhões e ônibus, alguém gritou para que ela pulasse, e ela pulou. Depois de emergir para a superfície, ela foi levada para o hospital em estado grave.2 Em 26 de abril de 2002, em Erfurt, na Alemanha, Robert Steinhauser incendiou a escola da qual ele havia sido expulso, matando trinta professores, uma secretária, dois alunos e um policial.3 A bondade acontece diante da crueldade. Em 11 de setembro de 2001, quatro aeronaves comerciais transformaram-se em armas de destruição em massa, quando a aeronave do voo 11 da companhia American Airlines e a do voo 175, da United Airlines, foram lançadas contra as torres do World Trade Center; a aeronave do voo 77 da American Airlines foi atirada na direção do Pentágono; e a nave do voo 93 da United Airlines espatifou-se no solo da Pensilvânia. O número de mortos foi de 3021.4 À medida que os americanos reagiam com pesar, espanto e horror, eles também agiram. Voluntários de perto e de longe convergiram para a cidade de Nova Iorque, ajudando de todas as formas possíveis. Eles regataram os vivos e carregaram os mortos para fora. Forneceram água para os bombeiros e cães farejadores. Oraram a Deus e confortaram estranhos que estavam enlutados. Doaram sangue. Ofertaram milhões de dólares para as organizações assistenciais. Pessoas do mundo todo enviaram suas condolências. A bondade acontece em pequena e larga escala ao redor do mundo. De igual modo, acontece a crueldade. Somente Deus pode ver tudo, e somente ele conhece a estimativa das duas. O que é a bondade? Como ela se manifesta? Por que ser bondoso? Por que algumas pessoas exalam bondade enquanto outras não possuem nem sombra dela? O que motiva a bondade? Ela pode ser

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aprendida ou é um traço intrínseco da personalidade? Quanto se pode aprender através do exemplo e da instrução? Existe uma idade ideal para aprender a bondade? O quanto deveríamos nos importar com isso? Isso é essencial ou supérfluo? Por que nem todos podem simplesmente ser bondosos? Essas e outras questões precisam ser respondidas. As respostas são diversas. Começaremos com a definição de bondade, depois, prosseguiremos observando como a bondade se manifesta, as variações nos graus de bondade e a importância da mesma.

DEFINIÇÃO O que é bondade? O dicionário Webster define essa palavra da seguinte forma: “o estado, qualidade, ou hábito de ser amável; ato ou tratamento amável; sentimento de amabilidade; afeição; boa vontade”.5 São sinônimos de bondade: compaixão, gentileza, benevolência, cuidado, misericórdia, consideração e assistência. A maldade é definida como “falta de compaixão ou consideração pelos outros; rudeza; severidade, crueldade, rigor, etc”.6 Analisando minuciosamente essas definições, vemos que a bondade consiste em duas partes: a primeira, em sentimentos de compaixão e motivações do nosso coração; e a segunda, que é consequência da primeira, no comportamento que se pretende ter para melhorar a situação de outras pessoas. Desta forma, a bondade inclui o que está no interior e é invisível aos outros, bem como aquilo que é exibido e visível aos outros. As Escrituras referem-se à primeira parte como sendo benignidade, e à segunda, como bondade. Jerry Bridges explica que “benignidade é o desejo sincero pela felicidade dos outros; bondade é a ação calculada para concretizar essa felicidade”.7 Para o nosso propósito, usarei bondade e atos de bondade, vez por outra, deixando que o contexto esclareça o significado dos termos. William J. Bennett descreve compaixão como “a virtude que leva a sério a realidade das outras pessoas, sua vida espiritual, suas emoções e suas circunstâncias internas. É uma disposição ativa em direção à comunhão e ao compartilhamento, a fim de alcançar um com-

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panheirismo que ajuda o próximo na angústia e na aflição”.8 A bondade flui do coração e concentra-se nas necessidades do outro. Betty Huizenga diz que bondade é “demonstrar cuidado e interesse pela satisfação das necessidades dos outros”. Ela enfatiza que a bondade é uma atitude e uma decisão consciente de agir em função dessa atitude.9

A MANIFESTAÇÃO DA BONDADE A bondade se manifesta através das palavras, das ações e da linguagem não verbal. Uma mãe sorridente servindo o jantar para a família e perguntando a cada um como foi o seu dia é uma ilustração da bondade. Ela pergunta: “Como foi a sua prova de matemática? Você brincou com o Joshua? Seu trabalho como representante de vendas encerrou-se por hoje?” Suas ações são bondosas: apertar o ombro de um, servir o prato preferido de Mary por ser seu aniversário, perceber quando Steve precisa de um guardanapo. Sua linguagem não verbal é bondosa: sorrir, ouvir atentamente quem quer que esteja falando, usar um tom de voz agradável. Normalmente, participar de um acampamento é algo que os adolescentes não gostam de fazer sozinhos. Eles gostam do apoio emocional de um colega. Karen também pensava assim, mas ela não tinha nenhuma companheira para a viagem. Ela decidiu enfrentar isso sozinha. Durante a viagem, ela era uma ilha silenciosa em meio a um mar barulhento. Levou as malas para o alojamento e foi para as atividades de abertura. No caminho, encontrou Mandy caminhando sozinha também. Mandy apresentou-se e pediu que Karen se juntasse a ela para os jogos. Apenas algumas palavras, em uma situação específica, fizeram que Karen se sentisse à vontade e removeu suas preocupações. Provérbios 25.11 nos recorda que “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo”. As ações bondosas também acontecem sem palavras. Chris contou-me sobre um café da manhã, com waffles, junto a um amigo que havia passado a noite em sua casa. Em vez de usar garfo e faca, o visitante simplesmente comeu os waffles com as mãos, deixando a calda

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pingar por todos os lados. A mãe de Chris é uma pessoa muito educada e muito asseada, mas mais que isso, ela também é bondosa. Ao observar o visitante, ela começou a comer os seus waffles da mesma maneira. Seus filhos adolescentes ficaram perplexos, mas o visitante sentiu-se como se estivesse em casa. A Bíblia também relata uma história de bondade silenciosa. Sem e Jafé andaram de costas enquanto caminhavam para cobrir a nudez de Noé, ao contrário de Cam, que não desviou os olhos e não cobriu seu pai, e foi dizer aos seus irmãos sobre o que vira. Proteger a dignidade de alguém durante um momento de vergonha é bondade. Há maneiras infinitas de demonstrarmos bondade aos nossos semelhantes.Temos muitas oportunidades para isso todos os dias. Se tivermos a lei da bondade em nosso coração, e se não houver outros fatores pecaminosos ou emoções obscurecendo esse princípio, então, nosso comportamento terá o aroma da bondade.

VARIAÇÃO NOS GRAUS DE BONDADE A bondade é um conceito amplo. As pessoas demonstram bondade em vários graus, desde pequenos atos, quase imperceptíveis, até uma vida toda repleta de atos de bondade. Uma pessoa verdadeiramente bondosa mostra bondade habitualmente, e ao mesmo tempo age com bondade em casos específicos. Uma pessoa realmente bondosa demonstra cuidado e interesse pelos outros, e pelas necessidades e interesses deles. Uma pessoa bondosa não age com favoritismos, mas respeita cada indivíduo como um ser criado por Deus. A pessoa bondosa não é sarcástica e não se alegra com a desgraça do outro. Apesar disso, a pessoa bondosa não é alguém sem personalidade. Ela é honesta, mesmo quando isso lhe causa sofrimento, e permanece firme nos princípios bíblicos, mesmo quando eles não são populares, pois ama o Senhor acima de todas as coisas e a Lei de Deus reflete o próprio Deus. Assim sendo, a bondade está sujeita à lei de Deus, mantendo os padrões de certo e errado. Em essência, a moralidade e a bondade andam de mãos dadas. A profunda motivação da bondade brota da humildade e da gratidão a Deus pelo seu maravilhoso dom

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da salvação. A pessoa bondosa diz: “Deus demonstrou uma bondade sem igual ao perdoar os meus pecados; em resposta, serei bondosa para com as outras pessoas, sejam elas bondosas para comigo ou não.” Existe uma variedade inacreditável até mesmo entre aquelas pessoas que costumamos rotular de bondosas. Uma vovozinha que se encontra com quinze pessoas por semana, em média, e Corrie Ten Boom são pessoas bondosas, mas existe uma enorme diferença entre o campo de atuação de uma e de outra. Uma pessoa realmente bondosa pode estar bem atarefada com os afazeres da vida e ao mesmo tempo difundir bondade por onde passa, talvez dando passagem para um outro motorista ou sorrindo para um adolescente desajeitado que está na fila do supermercado, procurando onde colocou o dinheiro. Há milhares de pessoas que dedicam horas por semana em suas obras de caridade preferidas, liderando um grupo de escoteiros, dando aconselhamento em organizações antiaborto, ensinando na escola dominical, ou servindo refeições em albergues para moradores de rua. Há um número incontável de indivíduos, em sua maioria aposentados, que gastam horas como voluntários em hospitais ou construindo casas em mutirões humanitários, ou sentando-se a beira de leitos de pessoas moribundas em hospitais psiquiátricos. Há também aqueles cujo trabalho principal é cuidar dos outros e demonstrar bondade, por exemplo aquela enfermeira que é um “anjo de misericórdia” em um hospital, o servente prestativo em uma escola ou um voluntário da Cruz Vermelha no Afeganistão pós-guerra. Existe uma distinção entre a bondade como traço de personalidade e os atos isolados de bondade, embora a linha de separação entre eles seja tênue. No primeiro caso, a bondade permeia tudo, fazendo que haja uma ligação direta entre o que motiva a bondade e os atos de bondade. No segundo caso, a bondade é mais esporádica, e os atos de bondade podem, ou não, estar ligados às motivações do indivíduo. Até as pessoas cruéis demonstram bondade uma vez ou outra. “Madeline” costuma ter problemas com cada um dos vizinhos e é grosseira com todos eles, mas quando suas amigas que gostam de jardinagem chegam, ela se derrete toda. Dentro de cada um de nós existe um caleidoscópio de experiências, lembranças, habilidades de relacionamentos pessoais, motiva-

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ções, traços de personalidade, mau humor, princípios e sentimentos. Esses fatores podem gerar uma grande variedade de comportamentos. Comportamentos idênticos podem surgir de motivações diferentes, em indivíduos diferentes. Jake pode ajudar o grupo de jovens da igreja a ajuntar as folhas do jardim porque simpatiza com os velhinhos que não conseguem mais realizar o trabalho de jardinagem, enquanto Blake pode estar retirando as folhas somente porque seus pais obrigaram-no a fazer isso. O resultado é o mesmo, embora o processo mental para realizar tal ação tenha sido diferente. A motivação pode ser diferente, de tempos em tempos, até no mesmo indivíduo. Quando eu disse a “Nancy” o quanto a admirava por sempre ajudar uma amiga viúva, ela me disse: “Às vezes faço isso porque a amo e me importo com ela, outras vezes, é a obrigação que me impulsiona.” É possível que as duas coisas, motivação bondosa e atos bondosos, aconteçam de forma independente. Uma pessoa pode ter bondade em seu coração, mas ninguém se beneficiará disso, a menos que ela seja posta em prática. Uma pessoa muito introvertida ou isolada pode ser bondosa e demonstrar isso aos outros. Entretanto, parece que se uma pessoa tem bondade no coração, esta será revelada, mesmo que o indivíduo não deseje ser bondoso de forma proposital. “Hilda” é mais ou menos assim. Ela é extremamente tímida e trabalha muito bem no negócio da família. Ela nunca fala, a menos que lhe dirijam a palavra. Muitas vezes, parece preocupar-se apenas com seu mundinho. Contudo, quando alguém fala com ela de forma gentil, um sorriso doce surge em seu rosto, e quando ela presenteia alguém, geralmente, o presente é feito por suas próprias mãos e com muito amor. Por outro lado, uma pessoa pode demonstrar atos de bondade por razões puramente egoístas. Em quase todas as viagens missionárias, das quais participei, ficava admirada com a quantidade de pessoas que iam somente por estarem interessadas em alguém do sexo oposto que estava inscrito. Ainda que a motivação não seja pura, esse comportamento é benéfico. Tenho de admitir que eu mesma já fiz esse tipo de coisa. Na verdade, talvez façamos isso com mais frequência do que somos capazes de admitir. De qualquer forma, Deus pode

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usar essas nossas experiências de maneiras misteriosas, levando-nos a ter um encontro com ele ao longo da viagem ou permitindo que possamos descobrir a alegria de servir aos outros. Existe a possibilidade de a bondade habitar nos recônditos do coração de uma pessoa e ao mesmo tempo ser obscurecida por um outro traço de personalidade. «James» é um menino muito bom em casa e na vizinhança, mas na escola, o desejo que tem por atenção é tão grande que ele pode até ser cruel com as crianças mais novas, somente para ser aceito pelos seus colegas. O comportamento da humanidade é como o mar, sempre se modificando, misturando-se e entrando em contato com novas pessoas, em diferentes situações. A nossa vida também é mutável. O grau de nossa bondade é determinado pelas nossas experiências, nossa personalidade, e pela forma como somos instruídos por Deus e pelos outros.

QUAL É A IMPORTÂNCIA DA BONDADE? Qual é quantidade de bondade que precisamos? Ela é essencial ou supérflua em nossa vida? Várias pessoas poderiam dar várias respostas para essas perguntas. Porém, todos concordaríamos em um ponto: queremos que os outros sejam bondosos conosco. Jesus se referiu a esse traço comum na linha de raciocínio dos seres humanos quando deu a seguinte instrução: “Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” (Lc 6.31). Seguir essa lei de ouro requer que compreendamos o nosso desejo de receber um tratamento bondoso por parte dos outros, bem como que estejamos conscientes que o nosso próximo deseja o mesmo. Por conseguinte, devemos dar mais valor ao desejo do nosso próximo do que aos nossos. Compreensão e cuidado não são suficientes, é necessário que haja ação. A bondade surge quando nos preocupamos com os outros; quando temos empatia por eles; quando nosso desejo é satisfazer as necessidades deles; quando a dor deles torna-se nossa; e o fardo deles, o nosso; quando colocamos nossos sentimentos em ação e nos dispo-

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mos a dividir o fardo com eles; e quando promovemos a alegria deles através das nossas ações. A lei de ouro é fundamentada nos Dez Mandamentos. Mas qual dos mandamentos nos ensina a sermos bondosos? Todos eles. Jesus nos instruiu dizendo: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22.37-39). W. Phillip Keller destaca que “o importante tema da bondade incessante de Deus pulsa como um poderoso batimento cardíaco em toda a Escritura. ‘Porque mui grande é a sua misericórdia para conosco...’ (Sl. 117.2) é um refrão que nunca morre. Ele é repetido uma porção de vezes como um lembrete que a misericórdia, a compaixão e a bondade de Deus fluem até nós de graça, de forma abundante, em rios refrescantes todos os dias.”10 Quando a misericórdia e a bondade de Deus fluem dentro de nós, a única coisa que podemos fazer é repassá-la aos outros. Consequentemente, Deus identifica a bondade como uma característica muito importante do cristão. Colossenses 3.12 afirma: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.” A vida de Jesus, cujo exemplo devemos seguir, era um panorama da bondade. Ele curou doentes, perdoou pecadores, ressuscitou mortos, confortou os necessitados e alimentou os famintos. E a quem Ele direcionou sua bondade? Não foi aos ricos, aos orgulhosos, aos socialmente honrados, mas sim, aos pobres, aos doentes, aos rejeitados, às crianças, aos dementes, às prostitutas, aos deformados, aos feridos, aos moribundos e aos pecadores. E Ele nos disse que quando ajudamos aos necessitados, é como se estivéssemos demonstrando bondade a Ele mesmo. Jesus nunca tolerou aqueles que tiravam vantagens dos menos privilegiados. Ele ficou muito irado com os cambistas que enganavam aqueles que iam ao templo. Eles estavam profanando a casa de Deus. Ele os expulsou, a fim de devolver honra à casa de Deus. Ele também desprezou aqueles que se orgulhavam da sua autojustiça; e a

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razão para isso era que os homens estavam usurpando a glória de Deus. Ele estava justamente irado e fez isso pelo bem de todos. A bondade é fundamental em nossas vidas. A lei da bondade deve ser escrita em nossos corações. É uma característica que não pode ser dividida em compartimentos. Dizer: “Hoje vou praticar a bondade das duas às quatro da tarde” é o tipo de coisa que não funciona. Antes, a bondade deve dar cor à maioria das coisas que fazemos. Como gotas de corante alimentício em um copo de água, assim também nossas ações deveriam ser coloridas de bondade. A bondade é importante? Todos concordaríamos que sim. Poderíamos ser mais eficientes naquilo que fazemos se assimilássemos melhor o princípio da bondade. A vida familiar flui mais tranquilamente quando expressamos bondade. A vida escolar é mais fácil com bondade. As muitas horas gastas no trabalho são mais calmas se forem permeadas de bondade. E os relacionamentos sociais florescem quando coloridos pela bondade. Esses são propósitos práticos para sermos bondosos e nos são também muito úteis. Entretanto, em um nível mais profundo, quando somos bondosos porque Deus está operando a bondade dele através de nós, servimos e damos honras a ele.

NOTAS 1

ROSSUM, Cobie van. News from Nigeria. Julho 2002

2

“Woman rescued after drives prod her to jump from the bridge”. Grand Rapids Press. 29 de Agosto de 2001. A6.

3

WIESIGAL, Jochen. “18 Killed in massacre at German school”. Grand Rapids Press. 26 de Abril de 2002. Al-A2.

4

KUGLER, Sara. “Trade center death toll drops”. Grand Rapids Press. 12 de Outubro de 2002. A7.

5

GURALNIK, David B. New World Dictionary of the America Language. 2 ed. (Cleveland: William Collins Publishers, Inc., 1980). p. 776.

6

Ibiden., p. 1553.

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7

BRIDGES, Jerry. The Practice of Godliness. (Colorado Springs: Navpress, 1983). p. 231.

8

BENNET, Willian J. The Book of Virtues. (New York: Simon & Schuster, 1993). p. 107.

9

HUIZENGA, Betty. Apples of Gold. (Colorado Springs: Cook Communications Ministries, 2000). pp. 32-33.

10 KELLER,W. Phillip. A Gardner Looks at the Fruits of the Spirit. (Milton Keynes: Word Publishing, 1986) pp. 127-28.

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Capítulo 2

As Raízes da Bondade

A

s raízes de uma árvore permanecem sem serem vistas sob a terra, onde elas fazem o trabalho de armazenar alimento e extrair água e nutrientes do solo, para ajudar o fruto a se desenvolver. Semelhantemente, as raízes da bondade repousam na profundidade da mente e da alma de uma pessoa, dando crescimento ao fruto da bondade. O que são esses movimentos da alma que produzem a bondade? Onde eles se originam? Qual é a diferença entre as formas mais puras de bondade e aquelas menos puras? O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl 5.22-23). A bondade está intimamente entrelaçada com tudo isso. Ela é uma boa obra. De acordo com as Escrituras, a boa obra é definida não só pelo comportamento visível (o fruto), mas também pela motivação do coração (a raiz). O Catecismo de Heidelberg foi extraído de várias partes das Escrituras e define as boas obras como “somente aquelas que são feitas com verdadeira fé, conforme a lei de Deus e para sua glória; não são aquelas que se baseiam em nossa própria opinião ou em tradições humanas”.1 Há dois tipos de raízes que produzem as boas obras, de forma geral, e a bondade, em particular. A primeira é a raiz da graça salvadora, que produz a verdadeira fé salvadora e atos de bondade verdadeiros. A segunda raiz é a graça comum, que produz boas obras externamente, sem a verdadeira fé salvadora.

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A RAIZ DA GRAÇA SALVADORA O dom da graça salvadora de Deus, na vida do cristão, produz a fé salvadora verdadeira. Isso o leva a arrepender-se de seus pecados e a confiar completamente no Senhor Jesus Cristo. O Espírito Santo enche o seu coração com o fruto do Espírito, e o amor passa a ser o novo centro de sua vida redirecionada. Esse amor, com bondade, brilha como uma luz refletida na direção de Deus e do próximo. Portanto, Deus, que é o autor da bondade, divide a bondade com o seu povo. Ele é bondade. Jesus Cristo foi a bondade encarnada quando andou por este mundo, durante trinta e três anos, e desde então, os cristãos têm seguido os seus passos, embora de maneira imperfeita. Quando o Espírito de Deus planta sua maravilhosa graça no coração do cristão, uma bondade lindíssima brota ali. Na sua forma mais pura, uma boa obra completa flui do coração que o Espírito Santo tornou bom.

A Bondade Pura Davi e Jônatas eram grandes amigos. Eles prometeram que sempre cuidariam um do outro e das famílias um do outro. Após a morte de Jônatas, quando Davi já reinava havia algum tempo, Davi desejou saber se alguém da família de Jônatas ainda estava vivo. Ele foi informado que um filho de Jônatas, Mefibosete, vivia em Lo-Debar. Ele era manco dos dois pés pois foi derrubado quando criança, ao escapar durante a guerra. Davi o convocou. Mefibosete estava muito amedrontado porque os reis daqueles dias costumavam eliminar toda a família dos monarcas que os antecederam, a fim de remover qualquer ameaça. No momento em que prostrou-se diante do rei Davi, ele ouviu essas maravilhosas palavras: “Não temas, porque usarei de bondade para contigo, por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu comerás pão sempre à minha mesa” (2Sm 9.7). Este foi um ato de bondade pura.

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Quais são o os ingredientes da bondade pura? Voltemos à definição do Catecismo de Heidelberg e observemos as três partes que a compõem.

Verdadeira Fé A primeira é a fé verdadeira. Lemos em Romanos 14.23: “Tudo o que não provém de fé é pecado.” O fato é que o único comportamento sem pecado é aquele que procede da verdadeira fé. Uma vez que somente o cristão possui fé verdadeira, somente o cristão pode exercitar as boas obras e a bondade pura. Isso pode parecer severo, mas se nos voltarmos para os atributos de Deus, fará todo o sentido. Deus é perfeitamente santo, e também requer que sejamos completamente santos. Todos nós pecamos e sequer podemos desfrutar da perfeição. Porque nos criou, ele tem o direito de nos dizer: “Sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11.44). Infelizmente, é muito tarde para sermos santos; temos um péssimo histórico e ainda possuímos um coração mal. Mas existe esperança! Além de perfeitamente santo, Deus é misericordioso e gracioso. Ele é tão bom que nos dá a sua Palavra e seus ministros para nos explicá-la, para que aprendamos que existe um caminho para escapar do inferno, da punição dos nossos pecados. Deus Pai enviou o Seu Filho, Jesus Cristo, para viver neste mundo, sem pecado, e morrer uma morte dolorosa e humilhante na cruz, levando sobre ele a punição pelo pecado. Ele se ofereceu, com sinceridade, por todos aqueles que o buscam (Lc 11.13; Mt 7.7). Por essa razão, Deus pode nos chamar para praticar as boas obras puras e nos responsabilizar, caso não atendamos ao chamado.

CONFORME A LEI DE DEUS E NÃO CONFORME A NOSSA PRÓPRIA OPINIÃO

Deus concede um grande prêmio para a obediência. Inventar o nosso caminho é desobediência e um insulto a Deus. No Antigo Testamento, os israelitas eram executados por desobedecerem aos

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Dez Mandamentos. Essas leis ainda requerem a nossa obediência hoje, mas não precisamos morrer por causa delas. Jesus veio e, se somos crentes, ele morreu por causa da nossa desobediência. Ele também nos trouxe uma nova lei, a lei do amor. Devemos amar a Deus acima de todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos (Mt 22.37-40). O crente transborda de gratidão a Deus pelo dom da salvação; isso resulta em amor à lei e obediência de coração. Portanto, as boas obras e os atos de bondade pura devem seguir os parâmetros dos Dez Mandamentos e da lei do amor.

Para a Glória de Deus “Ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Outra coisa qualquer significa tudo – sem exceções. Deus merece glória porque ele criou todas as coisas e governa sobre tudo. O crente deseja entronizar a Deus com sinceridade. O ato de glorificar a Deus necessariamente implica que aqueles que o glorificam estão em uma posição de humildade. A humildade induz o cristão a demonstrar uma transbordante gratidão a Deus pelo dom da salvação, além disso, esse transbordamento resulta em humildade e bondade em relação ao próximo. A humildade faz que o crente perceba que ele ainda peca, embora resista ao pecado. Ele não é superior aos outros seres humanos; apenas é perdoado e abençoado. A humildade leva o crente a perdoar os outros, a não guardar rancor e a ser bom para seus inimigos. Em suma, as boas obras se encaixam em uma definição precisa, mas elas não são um fardo para os crentes, não são motivadas pelo constrangimento ou obrigação intelectual. De modo algum! Se somos cristãos, é o amor que dá sabor à nossa vida. Nós somos o eco da canção de Davi no Salmo 119.97: “Quanto amo a tua lei!” Nós amamos a justiça e a pureza. Amamos a Deus e ao seu precioso dom para conosco, principalmente o dom da nossa salvação. Adoramos glorificar a Deus de todas as maneiras possíveis. Amamos servir a Deus. Somos corajosos para defender o que é certo. Amamos o nosso próximo, especialmente aqueles que são menos privilegiados. Amamos e cuidamos de cada alma com a qual entramos

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em contato. Esta não é uma vida de restrição e tédio, é uma vida transbordante de liberdade e alegria!

Um pecador salvo, mas ainda impuro Davi era considerado um homem segundo coração de Deus. Ele possuía inúmeras características piedosas, mas não era perfeito. Na verdade, ele cometeu um grande ato de maldade que manchou o resto de sua vida. Certa noite, enquanto o seu exército estava em guerra, ele passeava em seu pátio e espiou uma bela mulher que estava tomando banho. Ele ordenou que seus servos lhe trouxessem Batseba, embora tivesse outras mulheres e ela fosse casada com Urias. Esse momento em que ele cedeu à sua cobiça resultou na concepção de uma criança. Quando Davi descobriu isso, naturalmente tentou encobrir o fato. Providenciou que Urias voltasse da batalha e passasse algum tempo com sua esposa, assim pareceria que a criança era de Urias. Esse esquema falhou quando Urias, um homem de honra e integridade, recusou-se a passar a noite alegrando-se com sua esposa, enquanto os seus companheiros estavam no campo de batalha. O plano “B” de Davi foi colocar Urias estrategicamente na frente de batalha. Esse plano funcionou: Urias foi morto, e Davi tomou Batseba para ser sua esposa (2Sm. 11). Mas Deus estava muito insatisfeito e enviou o profeta Natã para contar uma história para Davi (2Sm. 12.1-14). Era uma história sobre um pastor pobre que tinha uma ovelha, a qual ele amava de tal maneira que a tratava como se fosse sua filha. Um homem rico, proprietário de um grande rebanho de ovelhas, tomou a única ovelha do pastor pobre para fazer a sua refeição. Davi ficou indignado com o homem rico e disse que ele deveria ser morto. Natã, entretanto, mostrou que Davi era o tal homem. O rei logo reconheceu o pecado que havia cometido. Deus o fez sofrer muitas consequências pelo o resto de sua vida. A criança morreu. A violência passou a ser uma praga em sua família. O seu filho tentou apoderar-se de seu trono. Os vizinhos tomaram suas esposas. E o nome e a causa de Deus foram comprometidos.

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Davi era uma pessoa salva, e Deus jamais permite que o seu povo seja arrebatado de suas mãos. Mas Davi pecou: ele mentiu, cometeu adultério e assassinato. Mesmo sendo crentes, nós também caímos, de diversas maneiras e intensidade. Ao fazermos isso, manchamos a causa de Cristo e trazemos vergonha para nós mesmos. Como podemos entender a situação de Davi? Estas obras não foram feitas através da fé, mas da incredulidade. Elas não foram feitas de acordo com os Dez Mandamentos ou a lei do amor, mas de acordo com os desejos humanos pecaminosos. Elas não foram feitas para a glória de Deus, mas para a glória de Davi. Por essa razão, elas certamente não foram boas obras. Felizmente, esse não foi o fim da história para Davi ou para nós. Deus aceitou o arrependimento de Davi e também adiou, e abrandou alguns dos castigos. Ele sempre aceita o nosso arrependimento sincero, embora possa permitir que as consequências naturais do nosso pecado nos causem dano. Ele é um Deus gracioso e perdoador que sempre nos permite voltar atrás. Ele é bom e misericordioso. Ainda que as cicatrizes permaneçam, Seu Espírito perdoador amolece o nosso coração e nos motiva a nos arrepender e a aprender com os nossos pecados, deixando-os para trás e avançando para as boas obras verdadeiras.

A RAIZ DA GRAÇA COMUM Um jovem administrador rico, aproximou-se de Jesus e perguntou-lhe o que deveria fazer para herdar a vida eterna. Jesus respondeu: “Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe” (Mc 10.19). O rapaz afirmou que fazia todas essas coisas desde a sua juventude. Jesus foi comovido pelo amor, porque aquele jovem amava com sinceridade aquilo que era bom, mas Jesus também conhecia o seu coração. Havia um problema: “Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me” (Mc 10.21). Porém, o jovem não estava disposto a abandonar as suas riquezas; e com tristeza, afastou-se de Jesus.

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Existem muitos semelhantes a este jovem administrador rico nos dias de hoje. Podemos encontrá-los em toda parte. Lemos sobre eles nos jornais. Eles fazem muitas obras de caridade. Eles são bons. Ocupam suas vidas servindo aos outros. São generosos. São amigáveis e sensíveis às necessidades dos outros. Mas não creem no Senhor Jesus Cristo. Se tudo o que não provém de fé é pecado, como explicar essa aparente contradição? Este é o dom da graça comum de Deus para a humanidade. Todas as pessoas foram criadas à imagem de Deus. Mesmo depois de Adão e Eva pecarem no jardim do Éden, Deus permitiu que muitos vestígios da piedade permanecessem. Temos beleza na natureza. Muitos países são governados de forma justa. As estações retornam a cada ano (Gn 8.22). A natureza é coerente. A vida continua. As pessoas percebem que existe um Deus que criou tudo o que elas veem. A maioria das pessoas compreende a Lei de Deus e a segue, pelo menos de vez e quando. Todos nascem com uma consciência, e muitas pessoas ouvem a voz dessa consciência (Rm 2.14-15). A maioria das pessoas vive em paz com seu próximo (Lc 6.32-34). Toda essa piedade acontece devido à graça comum Deus. Deus prefere estender sua misericórdia e paciência em vez de ira e justiça (Mq 7.18; Is 48.9). Ele pacientemente tolera os pecadores e sua ignorância (At 17.30a). Ele oferece uma oportunidade para que as pessoas se arrependam em toda parte (Lc 13.34; At 17.30b). Deus dá coisas boas para todas as pessoas (Sl. 145.8-9). Deus tem um propósito em estender sua graça comum para os pecadores. Em 2Pedro 3.9, lemos: “Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.” Ele tem o objetivo de atraí-los para si, e sua bondade é apenas um meio que ele utiliza para isso. Se somos cristãos, devemos orar para que os incrédulos bons percebam que suas obras não são meritórias e experimentem uma alegria muito mais profunda, que só é encontrada em uma vida que segue a Cristo.

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Apesar de Deus considerar as boas obras fiéis dos crentes mais elevadas do que as boas obras dos não-crentes, isso não significa que os cristãos possam se orgulhar disso. A nossa fé e as nossas obras são dons de Deus, e isso não deixa margem para o orgulho. Se somos cristãos, a bondade dos não cristãos deveria nos humilhar, pois, às vezes, ela brilha muito mais que a nossa. Somente Deus é o juiz dos corações, e nós devemos demonstrar bondade para todos, aprender com a bondade dos outros e considerar a bondade dos outros como um dom da graça de Deus.

A AUSÊNCIA DA GRAÇA COMUM Maldade, ira, ódio, violência, homicídios, caos e anarquia; quando falta às pessoas até o resquício da graça comum, os resultados são devastadores. Isso está nos noticiários todos os dias e é trágico. Pessoas são feridas. Famílias são arruinadas. A sociedade se desmorona. As guerras devastam. Por que isso acontece? É por causa da depravação, do pecado e de Satanás. Deus fica com sua paciência esgotada. Ele permite que as pessoas sigam até o fim. Geralmente, isso acontece de forma gradual. Por insistentemente ignorar os apelos da consciência, podemos nos tornar entorpecidos em relação ao pecado e nos aprofundar ainda mais nele. Por estarmos rodeados pelas influências ímpias – por exemplo, entretenimento violento, incentivos políticos ou culturais para praticar a maldade ou viver em um ambiente de abusos – podemos nos afastar para longe de Deus e para perto Satanás. Satanás é o inimigo de Deus e de sua graça e fará tudo o estiver ao seu alcance para promover a maldade. As sementes da maldade encontram um terreno fértil em nossos corações pecaminosos. Se não fosse o poder refreador de Deus, todos seguiríamos os passos da maldade. Mas, maravilha das maravilhas, sua graça ainda está disponível. Corramos para ele pelo bem de nossas vidas. A bondade pura flui da graça salvadora de Deus e colore nossas vidas com uma alegria que pode contagiar de maneira cativante. Outras pessoas podem ser atraídas a Deus por nosso intermédio. Sua lei

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é conservada e Seu nome é honrado. É esse o tipo de bondade que eu e você estamos expressando? Será que estamos glorificando Deus? Através da bênção celestial, o ciclo da graça de Deus, manifestando-se na vida dos crentes e atraindo pecadores a Cristo, pode ser repetido vez após vez.

NOTAS 1

Catecismo de Heidelberg. Pergunta 91.

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Capítulo 3

Nossa Motivação

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s frutos procedem das raízes. Assim como existem muitas variedades de frutos, existem também muitas variedades de bondade. Todos nós realizamos atos de bondade com a intenção secreta de nos promover, e todos nós já expressamos bondade genuína em benefício do nosso próximo. À medida que examinamos as nossas motivações, deveremos checar a pulsação de nossa bondade para verificar se as nossas motivações são puras e para ajustar a nossa atitude, quando necessário. Este capítulo descreve os atos de bondade que brotam das várias motivações, variando desde aqueles que são instigados por uma mistura de abnegação e egoísmo até aos mais altruístas.

A BONDADE EM BENEFÍCIO PRÓPRIO Wayne vende programas de robótica para a indústria automobilística. Essa é uma área muito competitiva, por isso ele emprega muita energia para ganhar clientes. Ele lhes envia cartões de aniversário e é muito sociável durante jantares finos, bem como ao telefone. Ele leva alguns de seus clientes para jogar golfe e até mesmo assiste aos jogos de futebol dos filhos deles. No entanto, a esposa de Wayne implora que ele lhe dê mais atenção e tempo. Ele geralmente perde os jogos de voleibol de sua filha e está sempre emburrado em casa. “Antonio” tem um relacionamento cheio de altos e baixos com seus pais. Geralmente lhes fala com desdém. Quando pedem para

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que trabalhe em casa, ele reage com rebeldia e não realiza o trabalho. Mas quando precisa de dinheiro emprestado ou quando o seu carro precisa de conserto, ele fala com doçura e faz de bom grado tudo quanto pedem. Ele aprecia a ajuda dos pais e diz que os ama, mas logo retorna ao comportamento impertinente. A bondade em benefício próprio não tem o bem-estar dos outros como o seu alvo final. Ela tem os seus olhos nos benefícios que podem ser adquiridos para si mesmo. Existe um fundamento no provérbio do “toma lá, dá cá” no mundo dos negócios, mas se a bondade durar apenas enquanto os “benefícios” durarem ou se alguém faz que sua família sofra por causa de sua ascensão profissional, essa não é uma bondade completa. A bondade verdadeira demonstra honestidade, liberalidade e amabilidade para todos. No ambiente familiar, geralmente somos menos amáveis com os nossos parentes. Se essa for a nossa fraqueza, precisamos exercer autocontrole para sermos tão corteses e justos em nossa casa quanto o somos com os nossos amigos. Ser amável em casa somente em prol do nosso benefício egoísta é nada menos do que usar a nossa família; o que é mediocridade, não bondade. A oração, a autodisciplina e a instrução da Bíblia são necessárias para extinguir completamente este traço de nosso caráter.

A BONDADE DISCRIMINATÓRIA A família “Jones” é um clã muito unido. Eles são extremamente amorosos e generosos com os membros da família e amigos íntimos. São corteses com as pessoas que encontram em público. Mas são hostis com os conhecidos com quem tiveram desavenças no passado. Em vez de permitir que as mágoas do passado morressem em paz, eles continuamente as revolviam, tornando-as o centro das suas discussões familiares. Os seus filhos se apropriaram de suas convicções e mantiveram viva a inimizade. A “Sra. Miller” está desforrando suas frustrações em seu filho quando o telefone toca. Em um minuto, sua voz se transforma de uma voz permeada de raiva para uma voz cheia de doçura. Ela dá

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prosseguimento à sua conversa doce com sua amiga, mas volta para aquele ânimo carrancudo logo após colocar o telefone no gancho. A bondade discriminatória joga o jogo do favoritismo. Ela pode ser autêntica e generosa, mas não é universal. Pode realizar vários atos de bondade, mas não de uma bondade absoluta e imparcial. A bondade dirigida ao próprio clã gera um resultado positivo de proximidade e fidelidade familiar. Mas o resultado negativo é que a arrogância e o rancor passam de geração a geração. À medida que espezinham os outros – quer sejam de outra raça, religião ou classe social – eles exaltam a si mesmos. Há famílias cristãs que agem dessa maneira, mas essa não é uma virtude cristã. Na verdade, o oposto disto é ensinado nas Escrituras. A bondade discriminatória é condenada por João: “Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas” (1Jo 2.9). “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4.20). O remédio para isso é fazer um autoexame honesto e aplicar a lei de ouro. Podemos até ganhar a reputação de pessoas bondosas em nossa comunidade através desse jogo do “tira e põe” da bondade, mas aqueles que estão mais próximos de nós verão a nossa hipocrisia. Poderemos prejudicar o respeito que eles têm por nós e até mesmo nos tornar merecedores de sua amargura. As Escrituras nos advertem: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Geralmente fazemos isso devido ao cansaço físico ou emocional, ou porque estamos fora de sintonia com Deus. Mas Deus pode nos ajudar a demonstrar para os nossos filhos o amor que está no íntimo de nossos corações. Ele pode apagar a raiva e o egoísmo, que são um obstáculo no caminho da criação que desejamos dar aos nossos filhos.

A BONDADE PARA CONQUISTAR ATENÇÃO “Jason” não é tão popular quanto gostaria de ser. Ele tramou um plano para fazer que os seus colegas gostassem dele. Ele trouxe um

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punhado de notas de um dólar para a escola e começou a distribuí-las para algumas pessoas em especial. Surgiu o boato que Jason estava dando dinheiro e logo ele ficou cercado de amigos. Ele deu um dólar para cada um, mas havia um lugar especial em seu coração para “Mindy”, por isso ela recebeu dois. Ele foi a estrela do espetáculo. Mas sua alegria de Jason durou somente enquanto durou o dinheiro. Quando suas mãos ficaram vazias, seus “amigos” desapareceram – incluindo Mindy, que deu um de seus dólares para “Juan”, o garoto por quem ela queria ser notada. Quando Trishon encontrou Diniqua pela primeira vez, ele sabia que ela era a pessoa certa. Diniqua sequer o notava, por isso Trishon desviou o seu caminho para encontrá-la nos corredores da escola, ajudá-la com a lição de casa e comprar o almoço para ela. Ele esbanjava bondade com ela, e, finalmente, ela se apaixonou por ele. Eles se casaram e tiveram vários filhos, mas Diniqua pensa naqueles primeiros tempos e se questiona como e quando aquela bondade diminuiu. Seja nas questões de romance, ou não, se formos honestos, teremos de admitir que muitas das nossas gentilezas são feitas por causa da atenção que recebemos. Nós gostamos de impressionar as pessoas. Isso está profundamente arraigado na psique humana. Se cavarmos mais fundo, poderemos descobrir que o orgulho é a raiz desse problema. Queremos causar uma boa impressão; queremos parecer bons. O que há de tão mal nisso? Olhemos para o quadro geral novamente. Sim, até certo ponto isso é perfeitamente natural no romance. Mas se estivermos ignorando os “Joões-ninguém” deste mundo e demonstrando bondade somente para aqueles a quem queremos impressionar, estaremos fazendo a tal “acepção de pessoas”, contra a qual Tiago fala. A solução é verificar as nossas motivações e perguntar: “Quando sou bom, concentro-me no bem dos outros, sem me importar com quem eles sejam? Sou coerente em relação à minha bondade mesmo quando não recebo atenção em virtude dela? Sou bom para os oprimidos, assim como Jesus o foi?”

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A BONDADE DEVIDO AO MEDO O professor de Rachel, Sr. Smith, é muito habilidoso para explicar ciências para os alunos do ensino fundamental, e possui expectativas elevadas. Ele também fica zangado ocasionalmente. Quando Rachel e seus colegas precisam desenvolver projetos extracurriculares, ela se torna mais útil e agradável para com ele. Ela não gosta muito dele, por outro lado, tem medo que ele se aborreça com ela. Acredito firmemente que devemos ser bondosos para todas as pessoas, em todo o tempo. Mas, às vezes, os sentimentos do meu coração em relação a alguns indivíduos não são bons. Eu penso nessas pessoas e um fogo arde dentro de mim. Essas foram as reflexões de Davi no Salmo 39 enquanto contemplava a situação difícil e as pessoas difíceis, ficando cada vez mais perturbado. Em minha mente, questiono as atitudes deles. Sinto que a minha indignação é justa, é lógica. Apesar disso, quando me encontro com essas pessoas, sorrio e falo de maneira agradável. Por quê? Porque fico enternecida quando os vejo e percebo que são humanos como eu, entretanto, parte da motivação de minha bondade é porque sou demasiadamente covarde para dizer a eles o que eu realmente estou pensando, por receio do que eles possam pensar de mim. Esta é uma forma de bondade muito popular, embora seja hipócrita. Não somos todos culpados? É óbvio que não devemos falar o que estamos pensando em todas as ocasiões; isso não serviria a qualquer propósito bom. A bondade motivada pelo medo é uma força que restringe a maldade. E essas gentilezas podem ser genuínas, promovendo o bem-estar dos outros. Mas alguma coisa ainda não está muito certa. O que fez Davi com os seus pensamentos abrasadores? Enquanto orava, ele meditou sobre a vaidade e brevidade da vida de cada pessoa. Então, depositou a sua esperança em Deus para resolver aquela situação e trazer paz ao seu coração. Nós não devemos parar de praticar a bondade; em vez disso, devemos fazer que os nossos pensamentos entrem em um acordo com nossas ações. Se formos honestos conosco, reconheceremos que temos esses pensamentos porque sentimos que somos me-

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lhores ou, pelo menos, mais santos que a outra pessoa. Por essa razão, precisamos engolir o nosso orgulho e, em humildade, considerar os outros superiores a nós mesmos (Fl 2.3).

DO EGOÍSMO PARA O ALTRUÍSMO A bondade em benefício próprio, a bondade discriminatória, a bondade para conquistar atenção e a bondade devido ao medo são formas de bondade que estão misturadas com egoísmo. Quando as praticamos, simplesmente deixamos de conhecer a alegria plena que vem com a bondade altruísta. Precisamos manter um registro das pessoas para as quais demonstraremos bondade. A nossa consciência nos incomoda por causa dos nossos pensamentos negativos. Ficamos sobrecarregados por ter de calcular o custo para ver se a bondade vai valer a pena ou não. Quantos problemas! A bondade que provém da obediência pode ser egoísta ou altruísta. Pode ser feita de má vontade ou com amor. Pode ser decorrente do desejo de evitar a dor ou do desejo pela paz que resulta da obediência ao nosso Criador. A bondade de um coração compassivo, a bondade motivada pela lei de ouro, a bondade motivada pela alegria e pela bênção que ela traz em si mesma e a bondade motivada pela bondade de Cristo para comigo são formas de bondade com motivações altruístas. O egoísmo passa para o banco de trás e o altruísmo assume a direção. Quando praticamos essas outras formas de bondade, podemos ter o nosso espírito encorajado sem ter de manter um registro sobre para quem ofereceremos ou reteremos a bondade. Ficamos livres para demonstrar bondade sem parcialidade, sem nos importar se alguém a merece ou não. Ficamos livres da culpa da hipocrisia. E o melhor de tudo, podemos experimentar a alegria de nos entregarmos sem reservas e a alegria de saborear a alegria dos outros como se fosse a nossa. A bondade de Jesus Cristo não possui um equivalente humano. Sua bondade era puramente altruísta. Não havia pecado misturado a ela. Ele é o nosso exemplo.

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A BONDADE QUE PROVÉM DA OBEDIÊNCIA Quando “Johnny” tinha cinco anos, ele tinha prazer em fazer sua irmãzinha, “Amanda”, chorar. Ele era bom em fazer isso às escondidas. Mas sua mãe o disciplinou tanto que o seu comportamento maldoso diminuiu. Agora ele é gentil com Amanda. “Henry” e “Henrietta” se tornaram cristãos por volta dos trinta anos, e seus filhos tinham quatro e sete anos. Antes de sua conversão, todo o seu tempo, energia e dinheiro eram gastos para a sua própria satisfação. Após nascerem de novo e estarem envolvidos em um estudo bíblico, perceberam que Deus os estava direcionando para servir aos outros. Eles tornaram-se voluntários em um centro de apoio à mulheres com problemas na gravidez e em uma missão em sua cidade, e também ajudavam o próximo sempre que surgia uma oportunidade no curso de sua vida diária. Nós não nascemos bons, doces e atenciosos. Nascemos egoístas e pecadores. O egoísmo é útil para a sobrevivência. Um bebê chora a fim de ter as suas necessidades satisfeitas. Mas a parte pecaminosa vai além da sobrevivência. Precisamos ser treinados para sermos bons. Algumas pessoas são mais receptivas a esse tipo de treinamento do que outras, por essa razão, existem vários graus de bondade. Johnny precisava ser treinado para ser bondoso com Amanda. Tendo aprendido a bondade e a obediência na tenra idade, ele interiorizou essas características. Henry e Henrietta herdaram a bondade quando foram salvos por Cristo. O ensino interior do Espírito resultou em amor a Deus e aos seus preceitos, e ao próximo. Por sua vez, isso os motivou a obedecerem o mandamento de serem bons.

A BONDADE DE UM CORAÇÃO COMPASSIVO Um homem que estava em seu caminho para Jericó foi assaltado, espancado e deixado à morte. Um sacerdote chegou, mas passou do outro lado da rua. O mesmo fez um levita. Um samaritano, despre-

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zado naquela cultura, aproximou-se e demonstrou compaixão pelo homem ferido. Ele cobriu as feridas dele e em seguida, levou-o para uma hospedaria e deu instruções para que cuidassem dele, prometendo voltar para pagar a conta (Lc 10.30-37). Edna “Sue” Smith perdeu seus dois filhos, Ashley de cinco anos e Josué, de três, nas mãos de seu ex-marido, Patrick Gleeson. Ele também assassinou a sua namorada, Dena Fuglseth. Com recursos de um fundo de caridade criado em memória de seus filhos, a Sra. Smith fez doações para as organizações de assistência à criança de sua cidade natal, Dwight, em Ilinóis. Ela também foi para Holanda, no estado de Michigan, para doar mil dólares para a escola que os dois filhos da Sra. Fuglseth frequentavam. Ela entendeu que a perda da mãe para aquelas crianças poderia passar despercebida se ela concentrasse toda a sua atenção em seus filhos.1 Teria sido um culto normal, não fosse um morador de rua ter entrado pela frente do templo e caminhado a passos lentos até o corredor. Ele já estava quase no final do corredor quando “Juanita” deu um pulo, agarrou o seu braço e disse-lhe: “Você precisa ouvir isto”. Ela o fez sentar-se entre o seu irmão ela. O ministro, vendo o que havia acontecido, modificou o sermão para apresentar o evangelho para aquele homem (caso ele saísse mais cedo) e para toda a congregação. Christopher Colin, de quinze anos, morava em Fort Smith, no estado de Arkansas, com seu irmão Nic, de treze anos de idade, Astarte, sua irmã de nove anos e sua mãe Sally Colin. Ele complementava a pensão assistencial que sua mãe recebia do governo com vinte dólares semanais que recebia em uma loja de conveniências. Christopher cuidava de sua irmã e de seu irmão, certificando-se de que ninguém aborreceria a sua família. “Ele era um bom rapaz”, disse Nic. Algumas noites ele ficava acordado até quase de manhã, segurando a mão de sua mãe, quando ela estava assustada ou deprimida. Ele prometeu a ela, que era cega desde que Christopher tinha dois anos: “Mamãe, eu nunca vou lhe deixar; sempre serei os seus olhos.” Em março de 1995, Christopher foi atropelado por um carro, sofreu muitas lesões graves na cabeça e teve morte cerebral. O seu coração, o fígado, uma córnea, ambos os rins e os dois pulmões foram doados para seis pessoas ao redor do país. A outra córnea foi transplantada para o olho de sua mãe.

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Ao contemplar Nic e Astarte com admiração, após a cirurgia, ela comentou sobre Christopher: “Ele manteve a sua palavra.”2 Um amigo uma vez fez uma reflexão: “Eu gostaria de saber se existe tal coisa chamada altruísmo.” Ele quase havia chegado à conclusão que isso não existia – ninguém pode fazer algo em benefício do outro sem procurar algum tipo de benefício. Ponderei sobre essa questão sob vários aspectos e me regozijei ao concluir que: “Sim, pela graça de Deus, existe altruísmo! Graças a Deus, o altruísmo existe!” A empatia é a capacidade que uma pessoa tem para partilhar das emoções e dos sentimentos dos outros. Se nunca partilhamos dos sentimentos ou da dor de outra pessoa, não teremos qualquer necessidade de enfrentar a dor de tentarmos ser bons. Mas quando compartilhamos das emoções de nossos semelhantes, então, a dor deles passa a ser nossa, e só podemos descansar após termos feito tudo quanto estava ao nosso alcance para aliviar aquela dor. O mesmo se dá em relação à nossa alegria. A nossa alegria é ampliada quando a alegria de outra pessoa aumenta. O gozo que provém desse tipo de bondade não pode ser descrito em palavras. Existe uma diferença entre a compaixão e a pena. Compaixão é a “tristeza pelo sofrimento ou problemas dos outros, acompanhada do anseio de poder ajudar”.3 Pena é a compaixão que, “às vezes, possui uma conotação de desdém ou desprezo, porque o objeto da compaixão é considerado fraco ou inferior.”4 Ambas resultam em bondade, mas a compaixão é preferível. Se tivermos um ar de condescendência ou superioridade a nosso respeito, estaremos humilhando a pessoa para quem estamos sendo bons, e elas geralmente percebem isso. Por outro lado, quando tratamos os outros com dignidade, considerando-as iguais a nós, então, a nossa bondade passa a ser mais real e eficiente. “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” (Rm. 12.15).

A BONDADE MOTIVADA PELA ALEGRIA E PELA BÊNÇÃO QUE ELA TRAZ

Minha mãe tem muitos motivos para ser boa, um deles é simplesmente a grande alegria que isso lhe proporciona. Por exemplo,

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ela costumava levar pão caseiro e sopa para a minha avó Jean, de noventa e cinco anos, todas as semanas, durante os meses que ela estava para morrer. O calor da sopa, o calor do pão fresquinho, o amor caloroso da família, dos amigos e de Deus – era disso que minha avó Jean vivia. Minha mãe gasta a maior parte do tempo que está acordada servindo à nossa família, à nossa Igreja, à nossa escola e a qualquer atividade missionária em que empenhe o seu coração. Eu realmente acredito que ela é viciada em dar. A Sra. Maxine Cage-Meeks esteve envolvida com sua comunidade ao longo de quase cinquenta anos como professora, assistente social e voluntária em diversas organizações. Ela nasceu numa família de pequenos arrendatários. Porque tinham pouco dinheiro, os seus pais lhe ensinaram a limpar a casa, a fazer conservas e a fazer viagens curtas para ajudar outras pessoas. Isso instilou nela um senso de responsabilidade para ajudar as pessoas sempre que pudesse. Ela dizia: “Eu amo as pessoas e descobri uma porção de habilidades diferentes através do meu trabalho.”5 Peter Beintema e Peter Euwema são amigos desde que eram meninos. Peter Euwema trabalhava com Martha, no jornal Grand Rapids Press. Ele apresentou Peter Beintema a Martha que, tempos depois, se casaram. Um de seus quatro filhos, Matthew, nasceu com insuficiência renal. Quando tinha quase seis meses de idade, submeteu-se ao seu primeiro transplante de rins. Quando tinha doze anos, precisou de outro. Fizeram testes com os familiares, e nenhum deles era compatível. Pediram que Peter Euwema fizesse o teste. Ele era o doador perfeito. Em todas as fases do teste, e até mesmo no momento da cirurgia, foi-lhe dito que ele ainda poderia voltar atrás. Ele nunca hesitou. Hoje Peter Euwema vive bem com o rim que lhe restou, e Matthew está vivendo bem com o rim que lhe foi doado por Peter. De uma maneira ou de outra, isso causa um efeito dominó. O fato de nos concentramos em nossas posses leva-nos a desejar ter mais. Quando obtemos mais coisas, agarramo-nos com unhas e dentes a coisas que possuímos e continuamos a pensar no “eu” e no “mais”. Por outro lado, quando nos concentramos nos outros e em suas necessidades, pensamos: “O que eu posso fazer ou dar para ajuda-los”? Quando nós damos, as nossas recompensas são gratidão, a

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felicidade do outro e uma profunda satisfação que é um subproduto da generosidade. Isso nos leva a querer dar novamente. Jesus ensinou: “Mais bem-aventurado é dar que receber” (At 20.35). Embora não devamos dar por causa das recompensas, as recompensas de fato aparecem quando damos. Jesus explica: “Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também” (Lc 6.38). Se somos avarentos com as outras pessoas, elas serão avarentas conosco. Da mesma forma, se somos generosos com as outras pessoas, elas serão generosas conosco.

A BONDADE MOTIVADA PELA LEI DE OURO Payson Jones é um supervisor aposentado de uma companhia telefônica em Richmond, na Virgínia. Quando seus filhos eram pequenos, ele começou a escrever e a ilustrar um livro de histórias chamado Penny Tree (A Árvore de Moedas). Os personagens das histórias eram animais com deficiências; como Emburradino, o tamanduá mal-humorado; Barulhipi, um coelho deficiente mental; e o Sr. Coruja, que precisava de óculos. Jones estava tentando ajudar a sua filha a lidar com o fato de ter de usar óculos. Ele também queria ensinar os seus filhos a “verem as pessoas por aquilo que elas são e a não zombar da aparência delas ou depreciar alguém por causa das diferenças”. Onze dos seus livros estão sendo publicados agora, e o seu ganho vai para uma associação de apoio à criança com câncer, uma organização para a qual ele dá de seu tempo voluntariamente.6 A Sra. Dorothy Irvin gastou trinta e três anos trabalhando como professora e assistente social nas escolas públicas de Grand Rapids. Ela diagnosticava as necessidades de crianças especiais e as colocava em salas adequadas. O seu alvo era inspirar os alunos a desenvolverem o seu potencial e dar-lhes esperança. Um rapaz havia sido queimado pelo pai. Ele sentia-se um “João-ninguém”. A Sra. Irvin trabalhou com ele e colocou-o num programa de aconselhamento. O menino cresceu e tornou-se um bom cidadão na comunidade. A Sra. Irvin declarou: “Embora elas tenham necessidades especiais e des-

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vantagens, elas têm habilidades. As famílias delas desejam o mesmo que você eu desejamos para os nossos filhos.”7 Tendo concluído o programa de reabilitação para viciados em drogas e álcool havia pouco tempo, estando sem dinheiro e desempregado, Gary Field precisava de um emprego. Mas ele não tinha sequer uma roupa decente para vestir numa entrevista. Sete anos mais tarde, após trabalhar e conseguir sair da pobreza, ele fundou a “Carreer Gear”. Esta organização sem fins lucrativos é financiada por doações e oferece um terno e sapatos para ex-presidiários e ex-dependentes de drogas, para que estejam vestidos de forma apropriada para conseguir um emprego. Essa organização também promove reuniões de orientação sobre orçamentos, sobre como encontrar uma moradia e aconselhamento adicional. Ela também fornece exames de vista, alguns cuidados dentários e um corte de cabelo. Jeffery Mazard disse: “A Carreer Gear elevou a minha autoimagem e aumentou a minha confiança. Isso muda o seu comportamento, sua conduta e até mesmo seu modo de andar.”8 “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles”. Jesus compreendeu a nossa tendência para pensarmos primeiro em nós mesmos, por isso, em uma declaração sucinta, nos deu a chave que conduz à bondade abundante: Coloque-se no lugar da outra pessoa e trate-a como você gostaria de ser tratado. É necessário ter empatia, visto que isso é uma compreensão realista de nós mesmos. Mas Jesus vai além. Ele acrescenta algo à “lei de ouro”, dizendo: “Porque esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7.12). E Mateus 22.37-40 explica: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” Portanto, o resumo de nossa interação com Deus e com o homem é amar a Deus acima de tudo e ao nosso próximo como a nós mesmos. Estes dois mandamentos são validados pela criação, pela nossa consciência, pelos Dez Mandamentos e pelos inevitáveis frutos do evangelho.

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A BONDADE DIANTE DA ADVERSIDADE Em suas últimas observações no julgamento, a jovem viúva disse para o assassino de seu marido: “Muitas noites meus filhos choram para dormir porque sentem saudade do pai. Meu bebê nunca conhecerá o braço amável de seu pai. Você me fez tudo isto, mas apesar disso, eu ainda amo a sua alma. Posso lhe perdoar pelo que você me fez, mas o meu perdão não é suficiente. Você precisa buscar o perdão do Senhor Jesus.” Conheço um pastor de quem falaram muitas coisas desagradáveis. As palavras eram como facas penetrantes, mas a compaixão que Cristo demonstrou ao passar pelos sofrimentos o encorajou e incentivou durante esse tempo. Nos anos seguintes, esse homem teve inúmeras oportunidades de vingança, se ele tivesse escolhido seguir esse caminho. Em vez disso, ele visitou aquelas pessoas no hospital; esteve com elas em sua tristeza nos funerais; e em particular, impediu que outras pessoas se vingassem e demonstrassem amargura por elas; e deu-lhes presentes. Ele verdadeiramente não fomenta a animosidade, em vez disso, ele deseja o melhor para aquelas pessoas. Embora algumas feridas permaneçam, o seu comportamento é guiado pelo exemplo de Cristo. Esses exemplos envolvem a bondade diante da adversidade. Eles se destacam porque a crueldade e a violência contrastam nitidamente com a bondade e o amor. Os filhos de Deus, chamados para sofrer, têm recorrido ao seu único refúgio: Jesus Cristo. Depois de Jesus tê-los fortalecido em seus momentos de escuridão, os cristãos passam a compreender que o Messias suportou o sofrimento, devolvendo amor e bondade em troca. Se eles, pela graça de Deus, puderem aprender com a experiência de Cristo e deixar de lado a sua própria honra e seus desejos naturais, estarão seguindo os passos dele. Através disso, crescerão mais próximos do Senhor e não carregarão o fardo da amargura em suas costas. Essa é a forma mais profunda dentre todas as formas de bondade. Ela ultrapassa todas as outras. Jesus paga o mal com o bem. Faz que uma pessoa ame os seus inimigos. Ele nos ensinou desta manei-

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ra: “Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso… Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga” (Lc 6.33, 35a). Esse tipo de bondade excede o entendimento; ela só pode vir de uma fonte sobrenatural, do Espírito de Deus.

A BONDADE DE CRISTO Jesus Cristo é uma pessoa sem igual. Sua bondade é a bondade suprema. Nós, seres humanos, somos pecadores e merecemos punição. Mas Jesus era perfeito; Ele não merecia outra coisa que não fosse o céu. E o céu é onde ele viveu até que seu Pai o enviasse a este mundo pecaminoso, para viver por trinta e três anos. Nesse tempo, ele ainda era Deus, mas fez-se homem também. Durante os primeiros trinta anos, viveu uma vida comum e experimentou todo o tipo de luta que nós vivenciamos, cuidando dos negócios de seu Pai em todo o tempo, sem pecar. Ele foi tentado por Satanás, mas resistiu à tentação. Durante os últimos três anos de sua vida, percorreu a terra, ensinando verdades em forma de parábolas e demonstrando sua bondade para muitos. Ele curou enfermos. Ressuscitou mortos. Demonstrou compaixão pelos pobres. Muitas pessoas o amavam e seguiam, mas também, muitos o desprezavam e odiavam. Essa oposição culminou no inacreditável sofrimento físico e espiritual na cruz e, finalmente, em Sua morte, através da qual Ele levou a punição dos pecados de todo o Seu povo. Ele foi bom na vida e na morte. Sua morte é o maior ato de bondade que já existiu. Após três dias, ele ressuscitou dentre os mortos, ministrando aos seus seguidores durante quarenta dias, depois, ascendeu ao céu, onde permanece até hoje, intercedendo pelo seu povo. O cristão deseja seguir o exemplo de Jesus Cristo em todas as esferas da vida. Como, então, ele era? Como era a sua personalidade? Como ele exemplificava a bondade? Isaías profetizou como seria Jesus: “Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente” (Is 40.11).

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As obras de Jesus o descrevem em detalhes – milagres de cura realizados nos cegos, nos aleijados e nas pessoas afligidas por doenças, e o perdão dado aos pecadores que se arrependeram. Suas próprias palavras o descrevem: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde”... (Mt 11.29). “Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13.14). “Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve” (Lc 22.27). Jesus compara a compaixão de seu Pai à de um pastor que perdeu uma de suas cem ovelhas. Ele procurou a ovelha desgarrada pelas montanhas até encontrá-la. Ele sintetiza a história, dizendo: “Assim, pois, não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos” (Mt 18.14). Sua atitude de compaixão pelos pecadores é incomparável. Meras palavras não podem descrever a amabilidade de Jesus Cristo. Por que nem todos amam a Jesus? Conhecer a Jesus é o mesmo que amá-lo. Eu só posso concluir que aquele que não ama a Cristo, não o conhece. Você o conhece? Você o ama? Você se esforça para seguir o seu exemplo de bondade?

NOTAS 1

Mother of slain children gives memorials to schools. Grand Rapids Press., Grand Rapids, 26 de Fevereiro de 2003. A 13

2

Her right hand man in life offers Mom sight in death. Grand Rapids Press, Grand Rapids, 24 de Março de 1995. A 7. Mom’s sight is final gift from son. Grand Rapids Press, Grand Rapids, 25 de Março de 1995. A 5

3

GURALNICK, David B. Webster’s New World Dicitionary of the American Language. 2a ed. (Cleveland: William Collins Publishers Inc., 1980). p. 289

4

Ibid., p. 1086

5

BURCK, Jodi. Maxine Cage-Meeks, W. W. Plummer Humanitarian Award. Grand Rapids Press, Grand Rapids, 23 de Janeiro de 2003. J 4

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6

KURZ JUNIOR, Hank. Retiree donates his stories to cancer group. Grand Rapids Press, Grand Rapids, 2 de Fevereiro de 2003. J 3

7

SLOWICK, Elizabeth. Doroty Irvin, Raymond Tardy Community Service Award. Grand Rapids Press, Grand Rapids, 26 de Janeiro de 2003. J 5

8

POLIER, Alex. Charity helps men suit up for second chance. Grand Rapids Press, Grand Rapids, 2 de Marรงo de 2003. B 12

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