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A LEITURA DO LIVRO

A leitura do livro infantil para crianças pequenas possui, em nossa experiência didática, três eixos fundamentais: a leitura do texto escrito, a leitura da narrativa visual (as ilustrações) e o momento de conversação. É muito importante levar em conta esses três eixos no planejamento da leitura, considerando o que se pode fazer antes, durante e após a sua realização. Decidir se o livro será trabalhado apenas no momento de leitura (as rodas de leitura) ou se será o ponto de partida para o desenvolvimento de uma ação maior (seja ela um projeto ou uma sequência de atividades) é outro fator importante a ser considerado. E o bebê dino? é um livro que abre inúmeras possibilidades, além da leitura literária. As atividades apresentadas nesse tópico são sugestões sobre como a leitura de E o bebê dino? pode ser realizada em meio a contextos mais amplos, com atividades a serem realizadas antes, durante e depois envolvendo educadores e familiares. Vale destacar, porém, que mesmo o trabalho com o livro apenas no momento da roda de leitura já representará uma experiência literária intensa para as crianças pequenas, que se encantarão em descobrir como os animais dormem, reconhecerão a si próprias na história e se surpreenderão com essa narrativa que, ao final, provoca os leitores com uma mudança de rumo inesperada.

Antes da leitura

O ideal é que o momento da leitura ocorra em lugar calmo, arejado e iluminado, tornando a leitura ainda mais prazerosa. E que as crianças estejam confortáveis. A escolha de quando e onde a leitura será realizada pode ser parte do planejamento do/da educador/educadora, antes que a leitura do livro ocorra. Outro ponto interessante é ler o livro antes de apresentá-lo às crianças, preparar a leitura em voz alta, decidir o que e quando será destacado. A entonação, o ritmo e a velocidade podem ser ensaiados pelo leitor mediador que, assim, imprimirá a sua marca, o seu modo de ler, à leitura do livro. Com relação às crianças, é importante que elas saibam que existe um momento de leitura na rotina da escola e que agora, pouco a pouco, elas já sabem o que acontecerá e o que se espera que elas façam. Para aquelas que recém ingressaram na escola, será todo um aprendizado inicial. Por isso mesmo é importante que, antes da leitura, o leitor mediador antecipe o que acontecerá: “agora vou ler um livro; é importante prestar atenção, ouvir o que eu estou lendo, esperar a vez para falar”. Essas são pistas que orientam a criança pequena que, sem dúvida, com o passar do tempo compreenderá o que fazer nos momentos de leitura.

A organização do espaço e do tempo para a atividade que ocorrerão na sequência da leitura do livro também é muito importante. Assim, leitura e ação ocorrerão com maior fluidez e as crianças se sentirão bem orientadas. Importante ainda planejar como será a interação do livro E o bebê dino? com as famílias, envolvendo-as na leitura da obra e também na reflexão do tema que ela apresenta.

Lendo Com O Corpo

Por vezes, as crianças podem interromper a leitura, apontar ou comentar sobre uma ilustração que gostam e interagir com a narrativa ao oferecer exemplos e comparações com as suas próprias vivências. Isso é ótimo! Ainda que essas ações possam interromper o andamento da leitura, tais atitudes por parte das crianças significam que elas estão interessadas e se sentindo estimuladas a participar. Vale lembrar que as crianças pequenas praticamente “leem com o corpo”, ou seja, expressam suas reações à leitura não apenas por meio de palavras, mas também de movimentos. É interessante acolher essa movimentação, compreendendo que ela faz parte do desenvolvimento infantil.

Durante a leitura

A leitura começa pela capa. Se possível, comece mostrando às crianças onde, na capa do livro, encontram-se as informações sobre o nome dos autores, o título da obra e o nome da editora. É interessante que as crianças saibam o que faz o autor do livro e também o ilustrador. Informe-lhes sobre o trabalho deles na produção de um livro e quem participa dessa produção:

P o autor é quem teve a ideia do texto e depois o escreveu; P o ilustrador é quem desenhou os personagens, elementos e cenários do livro – muitas vezes é o autor do texto quem dá as dicas sobre o que desenhar para o ilustrador;

P a editora é a empresa que faz o livro chegar até o leitor.

A sonoridade do título também é um assunto interessante para abordagem, já que é uma pergunta: “e o bebê dino?”. Será que as crianças sabem quem é ele? As crianças gostam da ilustração? Instigue a curiosidade delas, perguntando sobre o que pode ter na história desse livro, será que as crianças já fizeram a mesma coisa que o bebê que está na capa?

Faça a leitura da história em voz alta e com clareza, em uma velocidade que as crianças acompanhem confortavelmente e mostre as páginas com calma para que elas possam observar todas as ilustrações. Não há problema caso a criança interrompa a leitura para fazer uma pergunta ou apontar algo na imagem, pelo contrário, é sinal que ela está interessada e que há interação com o momento.

Depois da leitura

É interessante que as crianças manuseiem o livro, folheiem as páginas e, após a leitura, revejam os pontos que mais gostaram.

Finalizar a leitura perguntando qual foi a parte favorita na história e o porquê também inclui a criança e faz com que ela se sinta parte do momento de leitura. É importante que ela compartilhe o seu gosto pessoal e seja estimulada a argumentar sobre as suas escolhas e percepções, pois além de reforçar a atividade e memória do que lhe foi apresentado, ela também sente que a sua opinião é importante e relevante, que é ouvida e respeitada. Algumas perguntas também podem ser feitas nesse momento após a leitura, questões simples que façam as crianças relembrarem as ilustrações e o texto. A seguir, estão listados alguns exemplos de questões abertas, que convidam as crianças a exercerem a argumentação, a concentração e melhor observação do livro lido:

P Quem é esse personagem do livro?

Vocês conhecem um bebê como ele? Será que ele estuda em nossa escola ou é um amigo da família?

P Qual parte do livro você mais gostou?

P Qual brincadeira você acha que ele gosta mais? Vimos alguns brinquedos no decorrer do livro, bolas, dinossauros de brinquedo, brincadeiras na água... E você, do que gosta de brincar?

P Qual é o nome do animal que aparece a todo o momento no livro? Você reparou que os dinossauros de cada página são diferentes? Eles são de espécies diferentes!

P Quantos dinossauros há no livro?

P Quando vemos as fotos do bebê, conseguimos perceber que ele cresceu bastante, não é?

P Quantos anos você acha que ele tem agora? Quantos anos você tem? Será que ele é do seu tamanho?

P Onde o bebê estava dormindo? Era dia ou noite? Por que você acha isso?

P O bebê estava tomando leite na mamadeira. Qual é o seu lanche favorito?

Caso o livro seja lido em casa, juntamente com a família, as perguntas podem ser encaminhadas para os responsáveis, para que eles possam conversar com as crianças após a leitura e assim, também, criar o hábito de falar sobre as leituras compartilhadas entre eles.

Depois da leitura do livro, é interessante conversar com as crianças sobre o que elas mais gostaram nas ilustrações e na história. Se possível, comente que é possível serem feitas algumas atividades para explorar melhor o que foi visto e estimule-as a relembrar as passagens, permitindo que as crianças folheiem o livro novamente.

Ler Para Falar

Após a leitura de um livro, é sempre interessante garantir que as crianças se apropriem do vocabulário do texto (ou pelo menos de uma parte dele). No livro E o bebê dino? há dois pontos linguísticos que se destacam de forma muito adequada à fase da criança pequena neste momento: uma interjeição e uma saudação. Para garantir essa apropriação, o mais importante é que o educador e a educadora repitam as expressões do livro em diferentes momentos da rotina na escola e que introduzam outras novas conforme acharem adequado. Assim, as crianças poderão ampliar o seu vocabulário, se expressar de maneira mais diversa (e talvez até mais completa) e, sobretudo, levar um pouquinho do livro para o seu dia a dia, “não é?!” – uma interjeição só para fazer a gente sorrir!