Reestruturação do Ensino Médio

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avaliação: paradigmas e paradoxos no âmbito do ensino médio

Da mesma forma, a costureira ou o alfaiate, mesmo confeccionando a vestimenta de acordo com as medidas do cliente, necessitam colocá-la “à prova” (uma ou mais de uma vez) durante o processo, para não correr o risco de entregá-la no tamanho inadequado. A “prova e/ou exame” oferecem, portanto, indicadores que permitem ter maior precisão sobre os acertos ou acerca da necessidade de intervenção para correção de rumos. Portanto, as “provas e/ou exames” são meios e não fins em si mesmos. Avaliação da aprendizagem: as concepções em disputa No processo de ensino-aprendizagem não é diferente, ou seja, a avaliação faz parte da construção do conhecimento. Tanto o professor avalia os alunos, ou seja, busca reconhecer a grandeza ou intensidade do seu conhecimento, seus avanços ou dificuldades, para fazer as intervenções necessárias, quanto o aluno se autoavalia para se autocorrigir – consciente ou inconscientemente –, e nesse processo acontecem o ensino e a aprendizagem. Mas, no modelo de escola que caracterizou o início da escolarização do Estado, a partir da modernidade, a epistemologia dominante se assentou no tripé: pedagogia, currículo, avaliação (Goodson, 1998); e ressignificou a avaliação dando-lhe outra função, porque a inseriu na lógica autoritária da escola de massas, a qual se constituiu funcional ao modo de produção capitalista. De função diagnóstica, prognóstica, formativa, processual e emancipatória, indispensável para garantir a aprendizagem, a avaliação escolar assumiu o caráter de classificação, de medição e controle, cuja finalidade era diferenciar/excluir/rotular – os que sabem e os que não sabem; os que devem seguir seus estudos e os que devem ficar à beira do caminho. Podemos dizer que houve um “desvirtuamento”1 da essência da avaliação em um processo datado e intencional que, embora impregnado de conflito social, se enraizou travestido de “naturalidade”.

1. Desvirtuar – segundo o Dicionário Aurélio significa “destorcer ou deformar a verdade com o fim de depreciar a virtude de; tirar intencionalmente o merecimento a”.

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