O que revela o espaço escolar?

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Memórias em cores e linhas crônica de josé cavalhero

os espaços

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Desde muito cedo, o apreciar imagens e o fazer artístico sempre me fascinaram. Como toda criança, me aventurei nas explorações gráficas. E não foram poucas. Lembro-me da delícia de descobrir as possibilidades da linha quando eu conduzia atenciosamente o lápis sobre o papel, do graveto sulcando linhas na areia da praia, do encantamento em obter o intenso e luminoso colorido das canetas hidrocor, da delicada transparência do lápis de cor ou de qualquer outro material “riscante” que produzisse linha, forma, cor, textura para os meus pensamentos. Tudo isso se dava num tempo silencioso e demorado, íntimo e prazeroso. Essas experiências nunca me fugiram. Um dia, meu pai retirou do bolso de sua camisa uma caneta esferográfica para me dar. Caneta daquele tipo era coisa de adulto, e, até então, eu nunca havia utilizado tal material. Imediatamente fui experimentá-lo sobre a folha de papel manilha amassada que minha mãe retirou de uma das gavetas da cozinha. Pronto, lá estava eu de novo a brincar entre o azul cobalto da caneta e o rosa pálido do papel. Dessa mesma época, guardo um momento especial que vivi na escola. Foi quando produzi uma imagem que retratava o casamento de


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