como aproximações provisórias, necessárias e inte‑ lectualmente formadoras.1
Entendemos a Matemática científica como aquela desenvolvida pelos matemáticos com o objetivo de produzir resultados originais empregando o raciocínio lógico expresso por meio de uma linguagem formal e precisa, enquanto a Matemática escolar é entendida como a praticada na escola com objetivos didáticos. Reconhecemos que em muitas situações o fazer matemático escolar se aproxima do científico. Des sa forma, a Matemática escolar se apropria do fazer matemático científico e o (res)significa em termos do contexto histórico e social, assumindo, em dife rentes épocas e espaços, características próprias. Algumas atividades propostas nesta coleção visam colocar os alunos em ação, no próprio movimento do pensamento matemático, agindo sobre a situação proposta e problematizando‑a. Esse movimento se aproxima do modo genuíno da produção matemáti ca científica. Essas atividades envolvem situações de experimentação, manipulação, observação de regu laridades, análise de situações matemáticas e esta belecimento de relações numéricas e geométricas, aproximando as crianças do modo de pensar mate mático produzido historicamente. Entendemos que a forma como as atividades são propostas nesta coleção, em uma perspectiva mais direcionada ou com abordagem “mais aberta”, que admitem muitas respostas e soluções, cumpre o du plo objetivo da aprendizagem matemática: possibili tar aos alunos a percepção sobre o movimento do pensamento matemático de modo que dominem as formas, os meios, as estratégias e os conteúdos matemáticos produzidos historicamente, assim como possibilitar a produção do novo conhecimento. Estan do em atividade, os alunos podem se sentir também corresponsáveis por seu processo de aprendizagem matemática. Dessa forma, a Matemática deixa de ser uma ciência pronta e incontestável e passa a assumir aspectos provisórios e flexíveis.
O exercício da cidadania Em uma sociedade em que as mudanças sociais, culturais e econômicas são cada vez mais intensas, aprender a lidar com o excesso de informação e as diferentes formas de comunicação é um grande de safio. Obter informações, analisá‑las criticamente e comunicá‑las em uma linguagem permite aos indiví duos a construção de um repertório de conhecimen tos e saberes fundamentalmente importantes para a inserção no mundo do trabalho, bem como para o exercício da cidadania. Essa sociedade exige uma for ça de trabalho flexível e apta a aprender durante toda a vida e com um amplo leque de competências. O desenvolvimento tecnológico possibilitado pelas mudanças na sociedade da informação e do conheci mento influencia diretamente o modo de vida e as re lações presentes no mundo contemporâneo. O papel da escola necessita ser redimensionado de modo que forma alunos capazes de dominar essa tecnologia e de produzir outras. E a Matemática pode contribuir de forma significativa para essa formação. Tem‑se que “a Matemática tornou‑se um filtro críti co no mercado do emprego e na participação plena na nossa sociedade”2. A Matemática contribui, em muito, para uma leitura de mundo e para uma postura cida dã. Alfabetizar‑se matematicamente possibilita opor tunidades de inserção e transformação no mundo. É fundamental que os alunos tenham iguais opor tunidades de aprender Matemática, sem preconceitos quanto à raça, à cultura ou ao gênero, e se tornem cida dãos aptos a atuar nessa sociedade em transformação. Nesta coleção, procuramos articular o fazer mate mático com situações de simulação do cotidiano. Os alunos são incentivados a ler, a escrever, a expor suas ideias, a argumentar e a discutir ideias matemáticas e outras relacionadas à ética, à educação ambiental, à extinção dos animais, à discriminação da mulher, à prática de esportes, ao respeito ao idoso e ao defi ciente, à educação para o trânsito etc. Entendemos que refletir sobre essas questões e experimentar for mas de analisá-las e de produzir estratégias de reso lução e registro possibilita que os alunos estabeleçam 2
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Parâmetros Curriculares Nacionais (1a a 4a séries): Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997. p. 30.
NCTM (National Council of Teachers of Mathematics). Standards. Normas para o currículo e a avaliação em Matemática escolar. Trad. (APM) Asso ciação dos professores de Matemática de Lisboa. Lisboa: 1994. p. 5.
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