01 abril 2014

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ECOVIAS magazine

Abril/April 2014, 01

Turismo em bicicleta, Portugal

Tourism on a bicycle, Portugal

Ecovias / Greenways

p.12 Personalidades / Individualities

Luis Santos Silvestre p.15 O pai das ecopistas

The Rails-to-Trails father Viajantes / Travellers

Bruno&Gabriela p.8 De Portugal à Roménia From Portugal to Romenia

Projeto e inovação / Design and innovation

UrbanFix

p.4 Posto público de reparação de bicicletas Public bicycle fix tower

Lisboa - Évora Pedalar até ao Alentejo Cycling to Alentejo


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Ecovias magazine, trimestral, Abril/April 2014, n.01

Ecovias magazine n.01 Na nossa edição número 01 apresentamos-lhe com orgulho e em exclusivo as fotos da tão aguardada Ecovia de Lisboa a Évora, um percurso turístico com passagem por dois ramais ferroviários desativados e um estradão rural em macadame com mais de 20 kms, idealizado para a prática do turismo em bicicleta em meio rural. Apresentamos-lhe também o pai das ecopistas, Luís Santos Silvestre, o engenheiro da REFER Património que fez nascer as ecopistas. Por Lisboa mostramos-lhe a entrevista em exclusivo à equipa de arquitetos que concebeu a nova ponte pedonal e ciclável da capital e ainda lhe sugerimos um percurso de fim-de -semana a pedalar pelas ecovias de Sintra. Razões mais que suficientes para nos dar o prazer da sua leitura.

Parceiros institucionais /Institutional Partners

Parceiros tecnológicos/ Hi-Tech partners


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Ecovias magazine n.01 Give me that mattock and the wrenching iron., Hold, take this letter; early in the morning See thou deliver it to my lord and father., Give me the light: upon thy life, I charge thee, Whate'er thou hear'st or seest, stand all aloof, And do not interrupt me in my course. Why I descend into this bed of death,, Is partly to behold my lady's face;, But chiefly to take thence from her dead finger, A precious ring, a ring that I must use, In dear employment: therefore hence, be gone:, But if thou, jealous, dost return to pry, In what I further shall intend to do,, By heaven, I will tear thee joint by joint, And strew this hungry churchyard with thy limbs:, The time and my intents are savage-wild,, More fierce and more ine-

Parceiros de Media/ Media partners

Validação de Rotas / Route validation


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Rede Nacional de Ecovias National Greenways Network

Lisboa - Évora

Pedalar atĂŠ ao Alentejo Cycling to Alentejo region


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Já estão disponíveis no portal das Ecovias de Portugal, para visualização e descarga de trilhos, os 4 troços da ecovia turística que permite fazer a ligação entre Lisboa e Évora em bicicleta. Os troços 13.1, 13.2, 13.3 e 13.4 levam os adeptos do turismo em bicicleta a pedalar ao longo de 180 km entre a capital e o coração do Alentejo Central. Estradas asfaltadas de reduzido tráfego automóvel, um estradão agrícola em macadame com 15 km, diversos caminhos por entre herdades e terras de cultivo e ainda duas Ecopistas da REFER compõem o cenário de percursos para umas miniférias a pedalar em família, com os amigos ou mesmo a solo. Nesta Ecovia somos levados a visitar montados de sobro, grandes herdades de criação de gado, terrenos de cultivo a perder de vista, aldeias e vilas pitorescas, cidades históricas, açudes e barragens, rios, ribeiras e vales para além da tradicional herança cultural e histórica que nos desperta sempre o imaginário de criança a brincar na aldeia dos avós.


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Já estão disponíveis no portal das Ecovias de Portugal, para visualização e descarga de trilhos, os 4 troços da ecovia turística que permite fazer a ligação entre Lisboa e Évora em bicicleta. Os troços 13.1, 13.2, 13.3 e 13.4 levam os adeptos do turismo em bicicleta a pedalar ao longo de 180 km entre a capital e o coração do Alentejo Central. Estradas asfaltadas de reduzido tráfego automóvel, um estradão agrícola em macadame com 15 km, diversos caminhos por entre herdades e terras de cultivo e ainda duas Ecopistas da REFER compõem o cenário de percursos para umas miniférias a pedalar em família, com os amigos ou mesmo a solo. Nesta Ecovia somos levados a visitar montados de sobro, grandes herdades de criação de gado, terrenos de cultivo a perder de vista, aldeias e vilas pitorescas, cidades históricas, açudes e barragens, rios, ribeiras e vales para além da tradicional herança cultural e histórica que nos desperta sempre o imaginário de criança a brincar na aldeia dos avós.


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Já estão disponíveis no portal das Ecovias de Portugal, para visualização e descarga de trilhos, os 4 troços da ecovia turística que permite fazer a ligação entre Lisboa e Évora em bicicleta. Os troços 13.1, 13.2, 13.3 e 13.4 levam os adeptos do turismo em bicicleta a pedalar ao longo de 180 km entre a capital e o coração do Alentejo Central. Estradas asfaltadas de reduzido tráfego automóvel, um estradão agrícola em macadame com 15 km, diversos caminhos por entre herdades e terras de cultivo e ainda duas Ecopistas da REFER compõem o cenário de percursos para umas miniférias a pedalar em família, com os amigos ou mesmo a solo. Nesta Ecovia somos levados a

Já estão disponíveis no portal das Ecovias de Portugal, para visualização e descarga de trilhos, os 4 troços da ecovia turística que permite fazer a ligação entre Lisboa e Évora em bicicleta. Os troços 13.1, 13.2, 13.3 e 13.4 levam os adeptos do turismo em bicicleta a pedalar ao longo de 180 km entre a capital e o coração do Alentejo Central. Estradas asfaltadas de reduzido tráfego automóvel, um estradão agrícola em macadame com 15 km, diversos caminhos por entre herdades e terras de cultivo e ainda duas Ecopistas da REFER compõem o cenário de percursos para umas miniférias a pedalar em família, com os amigos ou mesmo a solo. Nesta Ecovia somos levados a visitar montados de sobro, grandes herdades de criação de gado, terrenos de cultivo a perder de


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Top view and Profile

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Section 12.2, Vendas Novas to Montemor-o-Novo 55 km, Vendas Novas, Cabrela, Gadanha, Montemor-o-Novo

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Section description Give me that mattock and the wrenching iron., Hold, take this letter; early in the morning See thou deliver it to my lord and father., Give me the light: upon thy life, I charge thee, Whate'er thou hear'st or seest, stand all aloof, And do not interrupt me in my course.Why I descend into this bed of death,, Is partly to behold my lady's face;, But chiefly to take thence from her dead finger, A precious ring, a ring that I must use, In dear employment: therefore hence, be gone:, But if thou, jealous, dost return to pry, In what I further

shall intend to do,, By heaven, I will tear thee joint by joint, And strew this hungry churchyard with thy limbs:, The time and

Give me that mattock and the wrenching iron., Hold, take this letter; early in the morning See thou deliver it to my lord and father., Give me the light: upon thy life, I charge thee, Whate'er thou hear'st or seest, stand all aloof, And do not interrupt me in my course. Why I descend into this bed of death,, Is partly to behold my lady's face;, But chiefly to take thence from her my intents are savage- dead finger, A precious wild,, More fierce and ring, a ring that I must more inexorable far, use, In dear employThan empty tigers or ment: therefore hence, be gone:, But if thou, the roaring sea. jealous, dost return to Page 15


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Já estão disponíveis no portal das Ecovias de Portugal, para visualização e descarga de trilhos, os 4 troços da ecovia turística que permite fazer a ligação entre Lisboa e Évora em bicicleta. Os troços 13.1, 13.2, 13.3 e 13.4 levam os adeptos do turismo em bicicleta a pedalar ao longo de 180 km entre a capital e o coração do Alentejo Central. Estradas asfaltadas de reduzido tráfego automóvel, um


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Já estão disponíveis no portal das Ecovias de Portugal, para visualização e descarga de trilhos, os 4 troços da ecovia turística que permite fazer a ligação entre Lisboa e Évora em bicicleta. Os troços 13.1, 13.2, 13.3 e 13.4 levam os adeptos do turismo em bicicleta a pedalar ao longo de 180 km entre a capital e o coração do Alentejo Central. Estradas asfaltadas de reduzido tráfego automóvel, um estradão agrícola em macadame com 15 km, diversos caminhos por entre herdades e terras de cultivo e ainda duas Ecopistas da REFER compõem o cenário de percursos para umas miniférias a pedalar em família, com os amigos ou mesmo a solo. Nesta Ecovia somos levados a visitar montados de sobro, grandes herdades de criação de gado, terrenos de cultivo a perder de


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Viajantes/Travellers

Bruno&Gabriela De Portugal Ă RomĂŠnia

From Portugal to Romenia


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Ele tem 29 anos e nasceu em Viseu. Ela é checa e tem 33 anos. Uma paixão comum, fazer voluntariado em África, permitiu que se conhecessem num curso em Londres. Ele é chefe de cozinha e durante 2 anos conheceu 75 países enquanto trabalhava em paquetes de luxo, do Mar das Caraíbas à Austrália. Ela trabalha no sector dos transportes, é vegetariana e tal como a generalidade dos centro-europeus adora viajar em bicicleta. Juntos há um ano, começam agora a preparar a realização do seu maior sonho: contruir uma quinta biológica em Portugal e ensinar aos outros como é possível ter um estilo de vida menos sedentário e viver o mais próximo possível da natureza. Durante 3 meses vão viver e trabalhar numa ecovillage na Roménia e aprender tudo sobre este conceito de vida. Para lá chegar, escolheram o melhor meio de transporte que conhecem: a bicicleta.


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Já estão disponíveis no portal das Ecovias de Portugal, para visualização e descarga de trilhos, os 4 troços da ecovia turística que permite fazer a ligação entre Lisboa e Évora em bicicleta. Os troços 13.1, 13.2, 13.3 e 13.4 levam os adeptos do turismo em bicicleta a pedalar ao longo de 180 km entre a capital e o coração do Alentejo Central. Estradas asfaltadas de reduzido tráfego automóvel, um estradão agrícola em macadame com 15 km, diversos caminhos por entre herdades e terras de cultivo e ainda duas Ecopistas da REFER compõem o cenário de percursos para umas miniférias a pedalar em família, com os amigos ou mesmo a solo. Nesta Ecovia somos levados a visitar montados de sobro, grandes herdades de criação de gado, terrenos de cultivo a perder de vista, aldeias e vilas pitorescas, cidades históricas, açudes e barragens, rios, ribeiras e vales para além da tradicional herança cultural e histórica que nos desperta sempre o imaginário de criança a brincar na aldeia dos avós.


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Arrancaram dia 24 de Março de Cascais e durante duas semanas percorreram Portugal até Almeida, dormindo em casa de amigos e conhecidos ou recorrendo ao campismo. Depois pedalaram por Espanha, já atravessaram os Pirinéus, e pedalam neste momento pelo sul de França de onde seguirão para Itália, Croácia, Sérvia, Hungria e finalmente Roménia. Estimam demorar cerca de dois meses e meio admitindo que, como não têm pressa, poderão demorar-se mais em alguns lugares que achem merecedores.

Ecovias: Como surgiu esta ideia? B&G: Os pais da Gabriela vivem numa pequena quinta/comunidade com 22 pessoas onde todos se entreajudam, produzindo quase tudo o que necessitam para viver. Adoro o conceito e, uma vez que a África podemos ir em qualquer altura das nossas vidas, resolvemos explorar mais este conceito e participar no

Já estão disponíveis no portal das Ecovias de Portugal, para visualização e descarga de trilhos, os 4 troços da ecovia turística que permite fazer a ligação entre Lisboa e Évora em bicicleta. Os troços 13.1, 13.2, 13.3 e 13.4 levam os adeptos do turismo em bicicleta a pedalar ao longo de 180 km entre a capital e o coração do Alentejo Central. Estradas asfaltadas de reduzido tráfego automóvel, um estradão agrícola em macadame com 15 km, diversos caminhos por entre herdades e terras de cultivo e ainda duas Ecopistas da REFER compõem o cenário de percursos para umas miniférias a pedalar em família, com os amigos ou mesmo a solo. Nesta Ecovia somos levados a visitar montados de sobro, grandes herdades de criação de gado, terrenos de cultivo a perder de


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Arrancaram dia 24 de Março de Cascais e durante duas semanas percorreram Portugal até Almeida, dormindo em casa de amigos e conhecidos ou recorrendo ao campismo. Depois pedalaram por Espanha, já atravessaram os Pirinéus, e pedalam neste momento pelo sul de França de onde seguirão para Itália, Croácia, Sérvia, Hungria e finalmente Roménia. Estimam demorar cerca de dois meses e meio admitindo que, como não têm pressa, poderão demorar-se mais em alguns lugares que achem merecedores. Ecovias: Como surgiu esta ideia?

B&G: Os pais da Gabriela vivem numa pequena quinta/ comunidade com 22 pessoas onde todos se entreajudam, produzindo quase tudo o que necessitam para viver. Adoro o conceito e, uma vez que a África podemos ir em qualquer altura das nossas vidas, resolvemos explorar mais este conceito e participar no projecto Aurora Community na Roménia, numa ecovillage onde durante 3 meses iremos estudar e desenvolver um modelo de negócio sustentável para, com auto-suficiência, desenvolvermos a nossa própria quinta biológica em Portugal. Pensamos ser possível subsistir vendendo os produtos que nós próprios produzimos, dando formação sobre diversos assuntos relacionados com estilos de vida sustentáveis bem como cursos de cozinha vegan, na qual nos estamos a especializar. Assim, para irmos até à Roménia queremos fazê-lo da forma mais ecológica e divertida possível. Como ambos temos neste momento muita disponibilidade, a opção pela bicicleta surgiu com naturalidade.

Já estão disponíveis no portal das Ecovias d zação e descarga de trilhos, os 4 troços da mite fazer a ligação entre Lisboa e Évora 13.1, 13.2, 13.3 e 13.4 levam os adeptos d pedalar ao longo de 180 km entre a capital Central. Estradas asfaltadas de reduzido trá tradão agrícola em macadame com 15 km, entre herdades e terras de cultivo e ainda FER compõem o cenário de percursos para lar em família, com os amigos ou mesmo a mos levados a visitar montados de sobro, g ação de gado, terrenos de cultivo a perder d


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Personalidade / Individuality

LuĂ­s Santos Silvestre O pai das ecopistas The portuguese rails-to-trails father

Foto/ Photo: Ecopista de Montemor-o-Novo

Montemor-o-Novo rail-to-trail


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Luís S

Texto: Paulo Guerra dos Santos, Fotos: Luís Santos Silvestre

Nasceu no ano de 1947 em Lisboa, formou-se enquanto estudante nos Pupilos do Exército e fez a sua formação s lhou 4 anos na Força Aérea para a logística da guerra colonial como oficial miliciano, seguindo-se depois alguns a administração pública central. Ansiando por novas experiências no sector privado, foi trabalhar para uma grande Começou "por baixo" como vendedor e ao fim de alguns anos alcançou ao cargo de diretor regional. Ficou por lá 18 um convite político o colocou no Ministério das Obras Públicas, ao lado do ministro Jorge Coelho. Trabalhou nas pas do Novo Aeroporto de Lisboa e da 3ª travessia do Tejo. A queda da Ponte de Entre-os-Rios desencadeou uma súbit o acabaria por colocar na Unidade de Gestão do Património Desativado da REFER. E assim nasceram as Ecopista Text: Paulo Guerra dos Santos, Photos: Luís Santos Silvestre

Luís was born in 1947, studied at the Army Academy and went to university whar he learned public administration. W duated military in the Portugueses Air Force during the colonial war effort, followed by a few years as a public serven nistration. Seeking new professional experiences, he aplied to work on multinational company, Xerox. He started as few years he reache the regional director position. He satyed there for 18 years, until a political friend invited him im 2 blic Construction Ministery


Santos Silvestre

superior no INP. Trabaanos de colaboração na multinacional, a Xerox. 8 anos até que em 2000 stas da Alta Velocidade, ta mudança política que as.

Worked 4 years as a grante for the central admia salesman and after a 200 0 to work at the Pu-

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Ecovias - Como su

LSS - Quando me existiu neste secto rios e estações de nadá, bem como d ferroviário desativa câmara das vantag uma tarefa árdua, política que passar

Nestas duas horas dor de regras, anti so assertivo. A sua do poder local. "Ce por no contrato es cidadãos em cadei pas mais descabid

Ecovias - Quais as

LSS - Comecei po Plano Nacional de era dar-lhes uma n sim nasceu a prime

Em 2004, conta-no de Ferrocarriles e diversos países co como propriedade


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urgiu a ideia/necessidade de criar as Ecopistas?

e veio parar às mãos a pasta do património ferroviário desativado, percebi que historicamente em Portugal nunca or uma cultura institucional orientada para a gestão do património, nomeadamente dos antigos corredores ferroviácomboios. Nessa altura já tinha conhecimento de projetos internacionais como os Rails-to-trails nos E.U.A e no Cadas Vias Verdes em Espanha e as Vois Verts em França. Contactei estas e outras entidades ligadas ao património ado e rapidamente me apercebi do potencial que tínhamos em mãos. Só tinha era de convencer os presidentes de gens em recuperar este património e a reconvertê-lo numa infraestrutura orientada para o lazer e turismo. Essa foi a somar às dificuldades internas que experienciei pela falta de visão das 8 diferentes administrações de nomeação ram pela REFER nos 12 anos que lá trabalhei.

s e meia de conversa na sala de sua casa percebe-se que estamos perante um homem de formação militar. Cumpricorrupção e anti incompetência, seja ela política ou técnica. Privilegia a eficácia, detesta a inércia e tem um discura voz inspira-nos confiança. E conta-nos alguns episódios caricatos da sua relação com agentes políticos ao nível erta vez um presidente de câmara recusou assinar um contrato para a concessão de uma Ecopista no seu concelho star uma cláusula que proibia a utilização da infraestrutura por veículos motorizados, o que segundo ele impedia os ira de rodas elétrica de a utilizar. Quando não se quer ou se tem outros interesses, consegue-se inventar as desculdas", conta-nos.

s primeiras ações que tomou ao assumir a pasta do património desativado da REFER?

or inventariar todo o património descativado, nomeadamente ramais ferroviários e estações. Depois tratei de criar o Ecopistas bem como de o promover e desafiei diversos municípios a concessionarem estes corredores. O objeti vo nova função mantendo-os limpos de silvados e canaviais e abertos para utilização pública de peões e ciclistas. Aseira Ecopista em 2001, a de Valença do Minho até Monção, com cerca de ZZZ km.

os, tentaram internamente na REFER inviabilizar o meu trabalho. "Valeu-me a forte ligação à Fundacion Española ao sucesso do 1º Congresso de Vias Verdes que organizei, tendo trazido a Portugal agentes do setor ferroviário de omo Espanha, França e Itália. Era impossível assim voltar atrás. Tinham nascido as Ecopistas, nome que patenteei da REFER, por não poder utilizar cá o nome Vias Verdes como em Espanha".


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Luís não é utilizador de bicicleta, por questões de saúde. Mas é um grande apaixonado pelo veículo e contanos com grande emoção: "O meu maior desgosto foi o meu pai nunca ter conseguido oferecer-me uma bicicleta. Ele tinha uma para ir para o trabalho, onde me transportava muitas vezes quando me levava com ele para a Vala do Carregado. Vem daí a minha paixão pela bicicleta que me desperta boas lembranças de infância". Ecovias - Como funciona o processo de criação de uma Ecopista? LSS - O processo começa em regra dentro da REFER com diversos contactos internos e externos no sentido de averiguar o potencial interesse sobre uma dada ecopista, podendo no entanto serem as câmaras municipais ou as CIMs (Comunidades Inter-Municipais) a demonstrarem o seu interesse na reconversão destes ramais ferroviários descativados numa infraestrutura de lazer e de turismo no seu território. A REFER oferece o Estudo Prévio, onde se faz um levantamento do património bio-físico da envolvente à futura ecopista e diagnosticamos o tipo de intervenção a fazer desde o pavimento à recuperação (ou não) de antigos apeadeiros e estações bem como à reflorestação em determinadas zonas ecologicamente sensíveis. Agora, graças ao conceito das Ecovias de Portugal começamos a sugerir aos municípios não asfaltarem as ecopistas, permitindo a estes realizar a obra com recurso a investimentos de reduzido custo económico, deixando a ecopista em macadame uma vez que este é um excelente pavimento, compactado durante décadas pela passagem dos comboios. Basta tirar os carris, as travessas e a brita e está praticamente pronto a ser utilizado". Acrescenta ainda que "só a venda dos carris em sucata dava para pagar os custos".

LSS organizou ao longo dos 12 anos em que teve a seu cargo o Plano Nacional de Ecopistas dezenas de conferências, congressos, encontros e workshops com agentes políticos dos mais variados quadrantes, nacionais e internacionais, na promoção do potencial lúdico e turístico que estas infraestruturas têm para as regiões mais interiores do país. De Trás-os-Montes ao Alentejo, existem ainda cerca de 800 km de ramais ferroviários desativados, alguns em avançado estado de abandono e destruição, não sendo de prever que voltem a ser reativados com serviço de comboios de passageiros. "Há registos de que proprietários privados invadiram o corredor ferroviário e até mesmo da ocorrência de roubo de carris e travessas, para venda em sucata. É fundamental cuidarmos do nosso património histórico". .


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LSS deixa-nos um legado de cerca de 200 km de Ecopistas, uma responsabilidade acrescida para a nova equipa da REFER que tem agora nas mãos esta pasta. A Ecovias de Portugal já os conhece, é uma equipa formado por pessoas experientes e de espírito jovem, com capacidade para dar continuidade a este trabalho iniciado em 2000 por Luís Santos silvestre. Esperamos que eles tenham a força suficiente para contornar as inércias internas e externas à REFER para que consigamos chegar aos 1000 km de Ecopistas em Portugal.

Com uma vida intensa cheia de variadíssimas experiências ao nível profissional, perguntámos a LSS o que aprendeu sobre as pessoas do país em que nasceu. Responde-nos sem hesitar em jeito de moral e de ensinamento:" A generalidade dos portugueses tem uma grande dificuldade em dizer NÃO. Isso faz-nos perder a todos imenso tempo com projetos que provavelmente nunca serão realizados. É fundamental provocar nas pessoas a honestidade de se posicionarem perante nós. Ou são nossos parceiros ou não. Ponto! Desta forma define-se o caminho a seguir com mais celeridade e não se perde tanto tempo com reuniões, telefonemas e troca de e-mails que mais tarde poderão vir a revelar-se inúteis. Incutia isto nas pessoas com quem reunia, estimulando-os a não me fazerem perder o meu tempo caso não estivessem interessados em parceiras". LSS reformou-se em Dezembro de 2012, com 65 anos. Vive agora na Marinha Grande, "uma região com um grande potencial do ponto de vista do turismo na natureza em bicicleta". E lança-nos um desafio: "Venham cá identificar estradas e caminhos secundários para as Ecovias de Portugal. O distrito de Leiria tem muito para oferecer ao turismo na natureza em bicicleta". Assim faremos caro Luís, logo que nos seja possível. Obrigado pela entrevista e pelos ensinamentos []





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