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5 Ponto de chegada

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Considerações Finais

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A Pedagogia dos Multiletramentos tem como premi ssa a legi timação da mu lti mo dal id ade semi óti ca e multiplicidade cultural (NLG, 1996; ROJO; MOURA, 2012). Esses pressupostos coadunam com o que teóricos que se dedicam à educação de surdos defendem: a educação destinada aos surdos deve ser articulada tendo em vista as particulari dades desse público. (QUADROS; KAR NOOP, 2 00 4 ; LACERDA, 2 00 6 ) Isso implica exploração de práticas pedagógicas diferenciadas que favoreçam a participação do sujeito surdo em diversas práticas socialmente organizadas e, ao mesmo tempo, o romp imento com as perspectiv as educacionais que mantiveram latente o discurso patológico da surd ez. O processo de investigação permitiu considerar que, de modo geral, os eventos ocorri dos n a sala de

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m oa nna b rito

Língua Po rtuguesa não foram favoráveis aos multiletramentos dos sujeitos surdos. Os dados apontaram para exploração de atividades de leitura e escrita descontextualizadas e esvaziadas de significados, sobretudo, por conta da modalidade utilizada (escrita da Língua Portuguesa). Esse perfil escolar traz con sigo características de letramento único (autônomo) amplamente criticado pelos Novos Estudos do Letramento. A escrita, quando tomada pela sociedade como sí mbo lo de racion ali dad e e de desen vol vimento d as habilidades cognitivas, concorre para a desvalorização e a descaracterização da pessoa surda, da sua cultura e da sua língua (mais) natural, a Libras. Importa dizer que não cabe posicionamento contra as produções textuais nem ao ensino de Língua Portuguesa para surdos (isso estaria em desacordo com a filosofia bilíngue). Questiona-se a adoção de um ensino baseado no letramento autôn omo que, na perspectiva d a surdez , tende a representar a escrita como a voz que falta ao surdo. Nesse sentido, é válido repensar o valor da escrita para sujeitos surdos usuários da Língua de Sinais. Parte si gnifi cativ a dos teóri cos que se dedi cam aos estudos relacionados aos contextos sociais e educacion ais de pessoas surdas declara qu e a percepção visual é um fator de extrema relevância e que não deve ser desconsiderado. A preocupação com a exploração visual pôde ser percebida durante as aulas ocorridas na sala de recursos multifuncionias, sobretudo, na ocasião

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vozes silente s

do uso de gêneros da esfera publicitária (panfleto, folder etc.) e recursos digitais (computador e Internet). De fato, os eventos ocorridos na sala de recursos (jogo de dominó; aula expositiva por meio da Libras; uso de textos impressos acompanhados de imagens; uso d e co mpu tad or e da In ternet etc.) p ro po rci o naram multiletramentos e visaram ao favorecimento da aprendizagem de LP, pois os sujeitos estiveram em contato com sua segunda língua por meio de elementos significativos a sua cultura. Em suma, tratar dos eventos e práticas de (multi) letramentos de surdos no contexto escolar implica destacar a necessidade de uso de múltiplas linguagens como meio de transgressão do sujeito acrítico para produtor de sen tido. O desenvolvimento de ati vidades qu e visem à elevação das manifestações linguísticas e culturais diversificadas perspectiva a proposta da Pedagogia dos Multiletramentos a partir da ruptura de uma visão un a de cu ltu ra qu e reflete as relações de po der que inv isibil izam minorias. Os multi letramentos, na perspectiva da surdez, colocam-se em posição de destaque porque se fazem consoante as preocupações que giram em torno da realidade linguística e cultural do Surdo.

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