Décio Soncini - Paisagens/2012

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DÉCIO SONCINI

paisagens


Dedicada à memória de Valdir Sarubbi


ELF Galeria de Arte apresenta a exposição de pinturas de

DÉCIO SONCINI

paisagens

abertura: 5 de maio de 2012 às 11h visitação até 30 de maio de segunda a sexta das 10 às 19 horas sábados das 10 às 14 horas Avenida Governador José Malcher Passagem Bolonha, 60, Nazaré Belém, Pará, (91) 3224-0854 www.elfegaleria.com.br www.facebook.com/elfgaleria


REVENDO Relendo o memorial que encaminhei à XXI Bienal de São Paulo sobre a obra de Décio Soncini, voltou-me uma resposta do artista naquela ocasião: “Desde o início estou contando a mesma história, podem mudar os personagens, os assuntos, mas a história é a mesma.” Qual a razão então de minha estranheza, e daqueles que viram suas últimas obras? Aquelas superfícies desgastadas, erodidas pelo tempo, recobertas de sujidades, apontando acusadoramente uma decadência e um desleixo das coisas do passado, muros e casas oníricas como refúgios de um mundo em desagregação desapareceram. Depois a cor, embora fiel ainda a sua paleta, mas matizada nas tonalidades claras afasta-se do tom soturno e da atmosfera depressiva que a caracterizava. Predominam agora as formas vegetais, existe uma busca pela natureza em sua forma mais essencial, um mundo de vida vegetal com a tranqüilidade e o apelo de imagens primárias, fontes inesgotáveis de uma busca existencial no sentido de viver. Lembramos que, a escolha no inconsciente de um símbolo, sempre ultrapassa aquele que o emprega, e faz dizer na realidade mais do que a consciência deseja explicar. A experiência pictural vai além do decalque de uma experiência de visão, é a abertura corpórea primordial do ser ao mundo. Por isso, as florestas como no caso dos “guardiães”, constituem-se em símbolo claro transposto já nas palavras do título, em nítida sinalização de uma equivalência mitológica (e psicológica) de fronteiras da consciência. Apresentando-se como obstáculos à visibilidade, os troncos impedem a passagem do olhar, que perscruta o desconhecido através das frestas, tenta alcançar a iluminação exígua que se filtra, como lampejos de um conhecimento interior.Floresta domesticada ou bosque, vasos e folhagens, a vida vegetal aparece como símbolo de transformação, de uma possibilidade de vir a ser, ainda impedida pelas revelações do inconsciente. Em suas múltiplas imagens existe o ritmo das forças elementares naturais, emanações de um sonho inteiramente imerso numa contemplação inconsciente, que é a de si próprio. Recordo assim as palavras de Albert Camus, sobre o lugar da arte no mundo, que se aplicam aqui e a todos os artistas que realmente vivenciam esse processo: “A Arte é uma experiência repetida, monótona e apaixonada, dos temas orquestrados pelo mundo – o corpo imagem inesgotável.” maio/2008 Walter de Queiroz Guerreiro, Membro da ABCA/AICA


Sentinela, 2010, acrĂ­lica s/ tela, 140 x 70 cm


PAISAGENS Em busca do presente fugidio. A permanência de toda ausência. A luz capturada... É assim que as vejo; paisagens de um quase presente... Alguém apenas acabou de deixar a cena registrada; alguém irá participar da mesma a qualquer insuspeitado momento... O tempo, essa dimensão misteriosa que comanda a vida de todos nós prossegue sempre, sem nunca descansar, em sua trajetória alucinada, transformando passado e futuro no presente fugidio que não podemos deter. Resta a luz; por tudo e em tudo a luz, silenciosa e triunfante... Capturada com maestria pelas vigorosas pinceladas do artista, possibilitada por sua generosa e competente paleta, ilumina cada cena e momento... Filtra-se entre árvores, aqui majestosas e protetoras, ali tímidas e solitárias. Desperta a relva umedecida pela friagem da madrugada, acende caminhos possíveis e promete clareiras amigas e desejadas. Descobre, ocultados pelas sombras da vegetação robusta, pequenos e tranqüilos recantos da floresta encantada... Projeta-se aos céus, rompendo emaranhados de bambus ora impávidos e imbatíveis, ora castigados pelo vento, arautos da tempestade próxima... Depois, talvez já cansada, espremendo-se entre muros conhecidos e paredes amigas vai finalmente aquecer, no fundo do quintal absoluto, as flores mínimas e a atrevida árvore criança, que assim como elas, insiste teimosamente em vicejar, no universo onírico e real... Junho/2011 Raul Forbes


Reditum phoenix, 2011, acrĂ­lica s/ tela, 100 x 100 cm


Fuga in phoenix, 2011, acrĂ­lica s/ tela, 100 x 100 cm


Tempestade, 2011, acrĂ­lica s/ tela, 80 x 80 cm



Calmaria, 2011/2012, acrĂ­lica s/ tela, 90 x 140 cm


Neblina, 2011, acrĂ­lica s/ tela, 80 x 80 cm


Crepúsculo, 2011, acrílica s/ tela, 80 x 80 cm


Requiem, 2012, acrĂ­lica s/ tela, 50 x 50 cm


Aurea Bellatores, 2012, acrĂ­lica s/ tela, 50 x 50 cm


Athena, 2011, acrĂ­lica s/ tela, 50 x 50 cm


Ouriço, 2011, acrílica s/ tela, 50 x 50 cm


Compadres, 2012, acrílica s/ tela, 30 x 30 cm

Colóquio, 2012, acrílica s/ tela, 30 x 30 cm


Bambu blues, 2012, acrílica s/ tela, 30 x 30 cm

Entrelaçamentos, 2012, acrílica s/ tela, 30 x 30 cm


Luz e sombra, 2012, acrĂ­lica s/ tela, 30 x 30 cm


Dia Azul, 2011, acrĂ­lica s/ tela, 70 x 55 cm


Principais exposições individuais 1975 - Clube dos artistas e Amigos da arte de São Paulo- SP 1978 - Galeria da Associação de Médicos de Santos - SP 1982 - Galeria Paulo Prado - SP 1985 - Galeria Paulo Prado - SP 1986 - ELF-Galeria de Arte - Belém - PA - Galeria de Arte “Victor Kursancew”- Joinville - SC 1988 - Galeria Paulo Prado - SP 1989 - Galeria do Sol - São José dos Campos - SP 1992 - Galeria de Arte “Victor Kursancew”- Joinville - SC 1993 - Galeria “Lascaux”- Joinville - SC 2003 – Galeria de Arte CCBEU – Santos – SP 2003 – “Anotações” – Piazza Itália – Joinville – SC 2004 - “Anotações” – MABEU – Museu de Arte Brasil Estados Unidos Belém – PA 2005 – Paisagens – Galeria da Casa de Portugal – São Paulo –SP 2006 – ELF-Galeria de Arte – Belém – PA 2007 – Galeria Rarebit – São Paulo – SP 2008 – “Caderno de viagens” - ELF-Galeria de Arte – Belém – PA 2009 – Solar do Rosário – Curitiba – PR 2010 – “Fragmentos” – Galeria ELF – Belém – PA 2011 – Paisagens 2011 – Galeria Arte Infinita – São Paulo - SP 2012 - Paisagens 2012 - ELF Galeria de Arte - Belém - PA Prêmios 1979 - Prêmio Aquisição - Salão de Arte Contemporânea de São José dos Campos - SP 1980 - Prêmio Aquisição - 1° Salão Paulista de Artes Plásticas e Visuais - SP 1980 - Prêmio Aquisição - 3° Salão Jovem de Arte Contemporânea de Santo André - SP 1981 - Prêmio Aquisição - 8° Salão Jovem de Santos - SP 1982 - Prêmio Aquisição - 6° Salão de Artes Plásticas de Franca - SP 1982 - Prêmio Aquisição - 2° Salão de Artes Visuais de Rio Claro - SP Principais exposições Coletivas 1975 - Itinerante Novos e Novíssimos Gravadores Nacionais - MAC São Paulo - SP - S. Salvador - México - S. José da Costa Rica - Caracas

1978 - Três Pintores - com A. Vitor e Francisco Gonzalez - Santo André - SP 1981 - Expressões - Paço das Artes de São Paulo - SP 1981 - Dois Pintores - com Francisco Gonzalez - Santo André - SP 1982 - Mostra Fim de Ano - Galeria Oscar Seraphico - Brasilia - DF 1983 - Galeria Itaú - com Aderbal Moura e Jair Glass - S. Carlos - SP - Coletiva Arte Hoje - Galeria Artescultura São Paulo - SP - 6° Exposição de Artes Brasil- Japão 1986 - 1° Seleção Helena Rubinstein de Arte Jovem - MASP - São Paulo - SP - ELF - Coletiva - 1986 Belém - PA - Oscar Seraphico Galeria de Arte - Brasilia - DF 1987 - Arte Litoral Norte - 9 Artistas Contemporâneos - Caraguatatuba - SP - 1° Seleção Helena Rubinstein de Arte Jovem - Paris e Toulouse - Coletiva ELF 2 - Belém - PA 1989 – Grupo Guainazes - MAM- S. Paulo - SP 1992 - 12° Coletiva dos Artistas de Joinville - SC 1993 - “Pontas de Lança”- Blumenau - SC - Coletiva Badesc - Florianópolis - SC 1994 - Pinacoteca de Santos - com Lená Prado - Santos - SP - Semana Cultural de Joinville em Langenhagem - Alemanha - 5 Artistas em Movimento - Movimento Escritório de Arte - SP 1996 - “Grupo Guainazes” - Espaço Henfil de Cultura - S. Bernardo do Campo - SP - Mostra do Acervo Sudameris - Sudameris Galeria - S. Paulo - SP 1997 - II Mostra do Acervo Sudameris - Sudameris Galeria - S. Paulo – SP 1999- Coletiva Galeria Prado e Associados – São Paulo 2001 - Mostra Acervo da Prefeitura de S. Bernardo do Campo - SP 2001- 5 artistas na Musical Box – São Paulo 2002 - Prêmio Quota de Arte – Os 30 projetos selecionados – SP 2003 – Linhas e Planos - Esp. Henfil de Cultura - S. Bernardo do Campo – SP 2005 - Pinacoteca de São Bernardo 25 anos 2006 – 5 artistas – Solar do Rosário – Curitiba – PR - Mostra ,6 – Galeria Arte Infinita – São Paulo – SP - Transição/Transação – Galeria ELF – Belém – PA 2007 - Dos Zés e das Santas – Homenagem a Gileno Chaves - Galeria de Artes do CCBEU Belém - PA - “Travessias” – Com Charbel e Francisco Gonzalez - Galeria de Artes do CCBEU Belém – PA 2008 – “Mulheres” - Galeria ELF – Belém – PA


DÉCIO SONCINI www.soncini.com.br

Nascido em São Paulo em 11 de fevereiro de 1953, licenciou-se em desenho e plástica e fez o bacharelado em gravura na Escola de Belas Artes de São Paulo, com término em 1974. Desde então, Décio tem atuado como desenhista e pintor participando de salões, exposições coletivas e exposições individuais em diversas cidades: São Paulo, Belém, Curitiba, Joinville, Santos, Rio de Janeiro, Brasília entre outras. Foi integrante do grupo conhecido como “Guainazes” formado na década de 70 que, segundo o critico de arte Olívio Tavares de Araújo, tinha além de uma preocupação comum de domínio do fazer artístico: “... o escopo definido pela figuração persistente, pela matriz expressionista e pelo alto coeficiente de catarse...”. Nos anos 80, segundo o critico de arte Enock Sacramento, “o homem é uma presença quase obsessiva em sua obra. As figuras humanas – a maioria das quais feminina – aparecem quase sempre de costas, isoladas, com uma torção de cabeça. Os detalhes são sacrificados em benefício do todo. Os rostos são apenas esboçados, pois Soncini não pinta um homem, mas o homem. Às vezes aparecem casais. Nestes trabalhos, denominados “Evoluções”, o jogo amoroso é ambíguo e o erotismo inexistente.” Na década de 90, Décio deu inicio a proposta batizada pelo crítico Walter Guerreiro de “O olhar circunvagante” aonde, partindo da metáfora: “conhece bem a tua aldeia você entenderá melhor o mundo”, o artista passou a observar e registrar o entorno do seu quintal, na época localizado no bairro da Casa Verde, Zona Norte da cidade de São Paulo. Desde então, como já mudou de “quintal” algumas vezes, a série é periodicamente retomada. Atualmente o “quintal” fica ao lado do bosque do Museu do Ipiranga e, a ação da luz e do tempo sobre os jardins, arvoredos, folhagens e flores passaram a ser os personagens da série.

ELF Galeria de Arte:

Lucia Chaves Luena Müller Chaves Ingo Müller Chaves Textos

Walter de Queiroz Guerreiro Raul Forbes Fotografia e Projeto gráfico

Design Soncini


ELF Galeria de Arte Avenida Governador José Malcher Passagem Bolonha, 60, Nazaré Belém, Pará, (91) 3224-0854 www.elfegaleria.com.br www.facebook.com/elfgaleria


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