Especialidades

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Título Sistema de Especialidades Autor Secretaria Nacional Pedagógica Corpo Nacional de Escutas Edição Corpo Nacional de Escutas Dezembro de 2013 Design gráfico Luís Santos Revisão Célia Sousa ISBN 978-972-740-193-2 Depósito Legal ...


«[...] o fim de uma insígnia não é só que o escuteiro a obtenha, mas que também faça uso dela tão frequentemente quanto possível.» Baden-Powell



Nuno Perestrelo

ENQUADRAMENTO Com a Renovação da Ação Pedagógica e a entrada em vigor do novo Programa Educativo, o Corpo Nacional de Escutas conheceu um novo sistema de progresso, consistente com a proposta e perspetiva pedagógica da associação, visando proporcionar o desenvolvimento integral da criança e do jovem. Não obstante todas as inovações então introduzidas, ficou nessa altura ainda por atua­lizar o então sistema de competências e especialidades, o que ora se vem cumprir. O novo sistema de especialidades que ora se apresenta pretende ser um sistema pedagogicamente consistente, construído em prol das necessidades e ensejos das crianças e jovens, e que esteja sempre em aberto e com uma periodicidade de revisão cíclica.

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Pedagogicamente consistente, a começar pela própria designação; pois à dupla designação, conforme a secção, de competências e especialidades sucede agora, neste contexto, a designação única, para as quatro secções, de especialidades. No atual sistema de progresso, “competência” refere-se a uma capacidade que uma criança ou jovem desenvolve num determinado objetivo educativo, capacidade que todos são chamados a desenvolver. As especialidades, ao invés, visam já um aprofundamento temático, ao encontro e sabor dos interesses, desejos e traços vocacionais da criança ou jovem, apontando por isso para um campo temático e não para o desenvolvimento integral, que esse é à partida garantido, e para todos, por via do remanescente sistema de progresso. Esvazia-se, assim, o sentido pedagógico que anteriormente justificava a existência de uma insígnia de mérito, a qual deixa agora de existir. Em prol das necessidades e ensejos das crianças e jovens porque, como referido, construído para possibilitar às crianças e jovens um exercício amplo de procuras, experimentações, contactos com distintas realidades e reflexões, ao encontro e sabor dos seus interesses, desejos e traços vocacionais, quando não mesmo no intuito de os explorar. Sempre em aberto e com uma periodicidade de revisão cíclica, para que não fique desatualizado com os avanços tecnológicos e a evolução da sociedade, dinamismos hoje marcados por ímpar celeridade. Por isso, este novo sistema apresentase, nesta fase, com um conjunto inicial de especialidades que, à data de cada revisão, pode ser acrescido de outras novas, assim se identifique essa necessidade. Por outro lado, igualmente os requisitos a atingir em cada especia­lidade deverão ser atualizados ou modificados sempre que se justifique, desde que enquadrados nos períodos definidos como tempos de revisão do sistema e seus constituintes. Em suma, um sistema de especialidade para o presente e já a pensar no futuro.

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Milutin Milosevic

ENQUADRAMENTO PEDAGÓGICO DAS ESPECIALIDADES Especialidades e Desenvolvimento Pessoal O intuito pedagógico das especialidades é que cada criança e jovem possa – pesquisando, aprendendo, experimentando, vivenciando – desenvolver e aprofundar conhe­cimentos, competências e atitudes que, por se enquadrarem no campo dos seus interesses, ou de busca ou aprofundamento destes, se possam constituir como elementos relevantes na estruturação de um percurso vocacional seja em termos de possível vida profissional, seja em termos de interesses pessoais de diversa índole.

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Gonçalo Vieira

Especialidades e Sistema de Progresso O sistema de progresso visa aferir o desenvolvimento integral da criança e do jovem, segundo as seis áreas de desenvolvimento pessoal preconizadas, através da verificação do cumprimento de objetivos educativos. O sistema de especialidades, tendo um objetivo complementar a este, o de possibilitar o desenvolvimento de interesses particulares, não deixa, porém, de com ele se articular. Ora, a obtenção de uma especialidade pode perfeitamente estar associada e contribuir para atingir um ou mais objetivos educativos, dentro da área de desenvolvimento pessoal em que melhor se possa coadunar e na medida que se coadune. Assim, o sistema de especialidades pode, e deve, ser usado como um complemento ao sistema de progresso também nesta aceção, mas de maneira alguma substitui as outras oportunidades educativas que possam existir, não devendo, portanto, os objetivos educativos ser atingidos exclusivamente através das especialidades. Uma especialidade é uma oportunidade educativa tão importante como o desempenho de um cargo ou a participação numa atividade escutista, entre outras.

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Inês Rocha

ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ESPECIALIDADES Especialidades As especialidades constituem oportunidades de desenvolvimento pessoal, sendo – sempre que possível e aplicável – transversais a todas as secções e o mais variadas possível, de modo a ir ao encontro da diversidade e extensão dos inte­ resses pessoais de cada criança e jovem. As especialidades podem começar a ser trabalhadas assim que a criança ou jovem, tendo concluído a etapa de adesão – Pata-Tenra, Apelo, Desprendimento ou Caminho –, faça a sua Promessa.

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O objetivo é que cada criança ou jovem desenvolva as suas capacidades e se torne, realmente, habilitado em determinada temática, pelo que a obtenção de uma especialidade, e ainda mais a sua continuidade ao longo das secções, deve ser encarada numa perspetiva de aprofundamento e não apenas como uma aquisição superficial de alguns conceitos. Áreas Neste sistema as especialidades estão agrupadas em áreas, conjuntos temáticos de propostas de especialidades relacionadas entre si. Tal como as especialidades, também estas áreas são transversais a todas as secções. Uma criança ou jovem, ao longo do seu percurso escutista, poderá, assim, explorar a área (e a diversidade de especialidades que esta oferece) com a qual mais se identifica; ou, então, explorar especialidades em áreas diferentes, podendo ir apurando a sua identificação vocacional ao longo desse mesmo percurso. Compete ao Dirigente saber orientar a criança ou jovem nas suas escolhas. Em cada secção, a criança ou jovem não se deve envolver em mais de três áreas distintas, obrigando deste modo a um consciente discernimento, na procura das verdadeiras apetências de cada indivíduo. Ao alcançar uma especialidade, a criança ou jovem fá-lo no contexto de uma área, que deve ser identificada, dado existirem algumas especialidades comuns a duas ou mais áreas (i.e. as áreas intersetam-se, pois a realidade não é compartimentável, pelo menos de forma estanque). O sistema de especialidades compreende 17 áreas; são elas: Ambiente, Ar, Artes, Artes e Ofícios, Ciências, Comunicação, Comunidade, Cultura, Desporto, Economia, Mar, Mundo Global, Mundo Rural, Religião, Saúde e Bem-Estar, Tecnologia e Vida em Campo.

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Soraia Fernandes

Requisitos das Especialidades Para se alcançar uma especialidade é necessário cumprir os seis requisitos para ela estipulados, os quais se dividem em dois grupos: requisitos base e requisitos avançados. Mecanismos de verificação e qualificação de especialidades A verificação consiste na aferição do cumprimento dos requisitos de uma especialidade, a qual pode ser interna (pela Equipa de Animação e/ou outros elementos do agrupamento de reconhecida competência em determinadas áreas) ou externa (por pessoas ou entidades especializadas - parceiros). Em alguns casos específicos, os próprios padrinhos poderão funcionar como entidade verificadora. A qualificação, considerando o parecer da pessoa ou entidade verificadora, consiste no reconhecimento do título de especialista e do direito ao uso da respetiva insígnia, sendo da competência exclusiva do Conselho de Guias. A qualificação para o uso da insígnia de especialidade é exarada em Ordem de Serviço de Agrupamento e registada no SIIE. Sistema de Especialidades

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As Insígnias A cada área corresponde uma insígnia, a qual serve de base à aposição das insígnias de especialidades. A cada especialidade corresponde uma única insígnia, independentemente da área em que foi obtida a qualificação. As insígnias de especialidade usam-se sobre a insígnia da área correspondente, preenchendo um dos seus cinco espaços. As insígnias de área e especialidade usam-se na manga direita da camisa nos termos do regulamento aplicável.

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Telmo Domingues

Transição de Secção Ao transitar de secção, a criança ou jovem retira do uniforme todas as insígnias de especialidades que tenha alcançado na secção anterior. Às crianças ou jovens que pretendam prosseguir alguma especialidade alcançada na secção anterior, basta, após a Promessa na nova secção, cumprir os requisitos avançados da mesma, ficando neste caso dispensados de cumprir os requisitos de base. A integração entre requisitos das várias secções constitui-se também como um claro apelo ao aprofundamento vocacional da criança ou jovem ao longo das várias etapas do percurso escutista.

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Hugo Mesquita

Apadrinhamento As especialidades podem igualmente ser um elo de ligação com a sociedade, refletindo as realidades nesta existentes e beneficiando de certificação

por

entidades

reconhecidamente

especialistas

na

área.

Segundo a classificação adotada das áreas, existirá um esquema de apadrinhamento de especialidades por entidades internas e, sobretudo, externas ao Corpo Nacional de Escutas, gerido pela Secretaria Nacional Pedagógica. O papel de uma entidade que assuma o apadrinhamento de uma especialidade será: • Colaborar na criação e atualização dos requisitos associados à respetiva especialidade, atestando assim a sua qualidade. • Facilitar a divulgação de informação relevante para quem deseje trabalhar naquela especialidade, seja fornecendo materiais pedagógicos, seja facultando visitas, estágios, ou outras formas de participação. • Eventualmente, colaborar no processo de verificação da especialidade ou de alguns dos seus requisitos.

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O apadrinhamento de uma especialidade poderá incluir a assunção dos custos com as respetivas insígnias e certificados. Atualização Os conteúdos associados aos requisitos de cada especialidade deverão ser revistos a cada cinco anos, recorrendo-se para isso, quando existam, ao apoio dos padrinhos. A possibilidade de criação de novas áreas ou especialidades poderá ser, igualmente, equacionada. Numa lógica de acompanhar a evolução da sociedade e de ir ao encontro dos desejos e interesses das crianças e dos jovens, é deixada aos associados a liberdade de apresentação de propostas de criação de novas especialidades ou áreas, ou de revisão das existentes. Informação Tendo em vista a fácil circulação e permanente atualização da informação, a descrição e conteúdos das áreas e especialidades estará disponível online, no site oficial do CNE, podendo os associados consultar e descarregar os requisitos de cada especialidade, encontrar entidades e apoios ao desenvolvimento das suas ações e partilhar as suas ideias para a atualização e reformulação de áreas ou especialidades.

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