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divulgART

Marรงo 2009


Há 150 anos, um homem ousou defender que os seres vivos não eram criação de Deus, mas sim fruto de uma longa evolução guiada pela selecção natural e sexual. Alterou, assim e para sempre, a nossa concepção sobre a vida na Terra. Em Fevereiro, Darwin faria 200 anos. artigo por: Joana Reis

Conhecido pela sua longa barba, que deixou crescer depois de um longo período de doença.



BIOGRAFIA

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A VIAGEM

harles Robert Darwin nasceu em A 27 de Dezembro de 1831, o HMS Beagle Shrewsbury, Inglaterra, a 12 de partiu do porto de Plymouth para uma viagem Fevereiro de 1809. Foi o quinto dos seis que iria durar quase cinco anos, a maior parte filhos do médico Robert Darwin e de Susannah, dos quais passados em Terra. Entretanto, que morreu quando Darwin tinha apenas 8 Darwin observou um grande número de anos. espécies (muitas das quais desconhecidas até à data) e coleccionou rochas, insectos, fósseis, Ao contrário do que seria de esperar, Darwin plantas e organismos marinhos. Explorou a nunca foi um aluno aplicado. Por imposição do floresta tropical brasileira, presenciou pai, com 16 anos, ingressou no curso de terramotos e tempestades, M e d i c i n a , n a indignou-se com a escravatura Universidade de no Brasil, impressionou-se com Edimburgo. Tinha, os índios da Patagónia e com a contudo, uma grande estranha fauna australiana. Ao aversão às cirurgias (na longo de toda a viagem, tirou época ainda sem anotações minuciosas do que a n e s t e s i a ) e , observava nos seus Cadernos desinteressando-se pelos de Transmutação, que vieram a estudos, acabou por ser muito úteis mais tarde para desistir do curso, depois a redacção das suas de ter presenciado uma obras.Durante a viagem, operação sem anestesia a Darwin leu o livro Princípios da uma criança. Geologia de Charles Lyell, que O pai matriculou-o, defendia que os acontecimentos então, no curso de geológicos são o resultado de Teologia, na Universidade processos lentos e graduais de Cambridge. Mais uma que, actuando durante grandes vez, Darwin não se períodos de tempo, provocam empenhou muito nos grandes alterações. Darwin estudos. Foi nesta altura terá, então, admitido que, se a que começou a coleccionar Terra está em mudanças escaravelhos. Em constante e graduais, os seres Cambridge, conheceu J o h n H e n s l o w, s e u Foi John Henslow que abriu vivos também podem sofrer alterações, inicialmente professor de Botânica, e as portas a Darwin para a imperceptíveis, mas que interessou-se pelas suas viagem no Beagle, que iria ganhariam significado com o ideias naturalistas. Terminou o curso sem revolucionar a sua vida... tempo.Em Setembro de 1835, Darwin chegou às ilhas distinção, mas conseguiu Galápagos, situadas próximo a oportunidade da sua da costa do Equador e cuja fauna e flora muito o vida: Henslow recomendou Darwin a impressionaram. Nestas ilhas, Darwin acompanhar Robert FitzRoy, capitão do navio constatou a existência de animais com inglês HMS Beagle, numa viagem à volta do características diferentes entre si, mas mundo, destinada a mapear a costa da América extraordinariamente semelhantes, o que fazia do Sul, mas que ficaria para a História por supor que tiveram uma origem comum. outros e mais revolucionários motivos…


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As tartarugas gigantes, que apresentam sete variedades diferentes, ocupando cada uma a sua ilha, e os tentilhões (conhecidos por “tentilhões de Darwin”), cerca de 14 espécies que diferem essencialmente no tamanho, cor e forma do bico, o que está associado à alimentação de cada um, foram os mais utilizados por Darwin para defender a sua teoria. A TEORIA Baseando-se nas observações que fez nas ilhas Galápagos, Darwin concluiu que as ilhas teriam sido povoadas por indivíduos idênticos, que terão evoluído no sentido de uma melhor adaptação ao meio, que difere de ilha para ilha, daí apresentarem diferentes características.

Esta é a teoria evolucionista, segunda a qual as espécies se alteram de forma lenta e progressiva ao longo do tempo e a partir de um ancestral comum, dando origem a diferentes espécies. Tal veio revolucionar por completo as ideias aceites até então, pois acreditava-se que Deus era o criador de todas as espécies e que estas permanecem imutáveis ao longo do tempo. Mas o que provoca a evolução das espécies? Esta é a grande questão a que Darwin respondeu. A resposta surgiu-lhe depois de ler o Ensaio sobre o Princípio da População de Thomas Malthus. Este autor estudou o crescimento das populações e concluiu que este é limitado por factores externos, como a falta de alimento, as doenças ou o habitat. Esta conclusão levou Darwin a considerar que,


na luta constante pela sobrevivência e uma vez que os seres vivos apresentam variações entre si, vencem os mais aptos, ou seja, aqueles que, por acaso, têm alguma vantagem sobre os outros. Além disso, uma vez que vivem mais tempo, os indivíduos mais aptos reproduzemse mais, transmitindo as suas características à descendência. A acumulação de pequenas variações leva, a longo prazo, ao aparecimento de novas espécies. Darwin tinha, então, descoberto o motor da evolução: a selecção natural, como lhe chamou. A PUBLICAÇÃO O Beagle regressa a Inglaterra a 2 de Outubro de 1836 e Darwin fixa-se definitivamente em Londres, na casa Down, com a família. Aqui, apercebe-se de que os ideais da Igreja estão bem estabelecidos e que, por isso, a sociedade ainda não está preparada para acolher as suas ideias. Decide, então, não divulgar a sua teoria por enquanto, dedicando-se á investigação e à recolha de novos dados que a apoiem. Durante este período, casa com Emma Wedgwood, sua prima, a 29 de Janeiro de 1839. Juntos, tiveram dez filhos, dos quais três não chegaram a atingir a idade adulta. Em Junho de 1858, recebe um ensaio de Alfred Russel Wallace com uma teoria extraordinariamente igual à sua. Ambos decidem

divulgar alguns textos seus na Linnean Society de Londres (principal sociedade científica de História Natural do Reino Unido) mas os seus trabalhos foram desvalorizados. A 24 de Novembro de 1854, Darwin publica, então, o livro Sobre a Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural ou a Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela Existência, conhecido por Origem das Espécies. O livro foi um êxito e a primeira edição esgotou logo no primeiro dia. Foi, mais tarde, traduzido para várias línguas e teve várias edições. Em 1866, Darwin publica ainda A Origem do Homem e a Selecção Sexual, que introduz o conceito de selecção sexual, explica a evolução da cultura humana, as diferenças entre sexos e entre raças. Porém, a sugestão da teoria evolucionista de Darwin acerca das origens do Homem, que Darwin não tinha incluído no primeiro livro intencionalmente, foi fortemente criticada. Darwin foi, por isso, ridicularizado por defender que «o Homem descende do macaco» (na verdade, o que Darwin defendia era que o Homem e o macaco tiveram um ancestral comum). Além disso, muitas pessoas criticavam a teoria darwinista porque eliminava a distinção entre o Homem e os animais. O corpo científico da Igreja da Inglaterra, incluindo os antigos professores de Darwin em Cambridge, Sedgwick e Henslow, teceu duras criticas à teoria, pois estas ideias não convinham à Igreja,que defende a concepção divina do Homem e


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outros seres vivos. Porém, Darwin tinha alguns defensores. Ficou famosa a resposta de Thomas Huxley que, questionado por Wilberforce, bispo de Oxford, se descendia dos macacos do lado do pai ou da mãe, respondeu: «Prefiro ter um macaco insignificante como avô a um homem que introduz o ridículo num debate científico sério». Ficou também famosa a caricatura publicada na revista Hornet, onde Darwin é retratado como um macaco. A Origem das Espécies foi considerado o mais controverso e discutido livro científico de todos os tempos e Darwin acabaria porque ganhar, em 1864, a medalha Copley da Royal Society. O último grande trabalho publicado por Darwin foi A Expressão das Emoções no Homem o nos Animais, onde descreve a evolução da psicologia humana e a sua continuidade com o comportamento animal. Darwin defendeu que, «apesar das suas qualidades nobres e capacidades sublimes, o Homem ainda traz na sua estrutura física a marca indelével da sua origem primitiva», pelo que é capaz de cometer os actos mais horríveis e destrutivos. Darwin faleceu em Downe, Inglaterra, a 19 de Abril de 1882. A pedido de William Spottiswoode, Presidente da Royal Society, teve direito a um funeral de estado e foi enterrado na abadia de Westminster, junto a Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton. Darwin é considerado o pai da Evolução Natural.

NEODARWINISMO Cento e cinquenta anos depois, apesar dos movimentos fixistas, a evolução é um facto científico. Como afirma Dobzhansky, «Nada em Biologia faz sentido sem ser à luz da evolução» (1973). No entanto, e porque também o conhecimento científico evolui, sabe-se hoje que a selecção natural não é o único motor da evolução, nem sequer é o principal. No século XX, a investigação e o estudo da Genética, após a descoberta do DNA, permitiu perspectivar a teoria de Darwin de outra forma, tendo as mutações sido consideradas a base da evolução. Segundo o Neodarwinismo, a evolução é provocada, para além da selecção natural, pelas mutações, que permitem a introdução de novos genes nas populações, e pela recombinação dos genes, através da reprodução sexuada.Assim, quanto maior for a diversidade genética de uma população, maior é a probabilidade de essa população sobreviver a mudanças no meio em que vive, porque há maior probabilidade de possuir um conjunto genético que seja favorecido por selecção natural. Os conjuntos genéticos que tornam seres vivos mais aptos tornam-se mais frequentes, enquanto os que os tornam menos aptos vão sendo progressivamente eliminados – é isto a evolução. Lembremos quem, há 150 anos, desafiou o mundo para a defender.

Queres saber mais sobre o Darwin? Visita … Que importância atribuis à teoria de Darwin para a Biologia moderna? Envia-nos a tua opinião para

revistadivulgart@gmail.com


O aluno João Reis e a professora Sara Rodrigues participaram no concurso sobre Darwin promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian. Para tal, o aluno escreveu uma carta a Darwin disponibilizando-se para o acompanhar numa hipotética segunda viagem às Galápagos e a professora escreveu um ensaio sobre o papel dos professores na actualidade. CARTA A CHARLES DARWIN Ex, Sr. Charles Darwin

Venho por este meio candidatar-me, como seu assistente, nesta 2ª viagem ao Arquipélago das Galápagos, de que tanto se fala. Dado o meu interesse pela evolução das espécies, participar nesta viagem seria um passo importante para o aumento dos meus conhecimentos científicos, já para não falar no imenso orgulho de, poder estar a seu lado e acompanhar o seu método de trabalho. Chamo-me Armindo da Silva Vaz, tenho 27 anos e sou português. Tirei a minha licenciatura em Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. A minha vida como biólogo começou na Reserva Natural do Estuário do Sado (RNES), em Portugal, um sítio muito bonito, no qual existe uma enorme diversidade de espécies. É um local onde pude contactar com a Natureza, que sempre foi a minha grande paixão. Devo dizer que trabalho não me faltava, talvez por ser um “novato”, mas o prazer do contacto com a natureza foi sempre como uma garrafa de oxigénio, sempre cheia, permitindo-me respirar quando o trabalho me sufocava. Mais tarde fiz um mestrado em Biologia Molecular e na RNES, fiz sobretudo trabalho de investigação. Incorporei o Departamento de Evolução de Espécies da RNES, trabalhando como investigador de processos moleculares. Decifrei assim a evolução molecular das espécies Halobatrachus didaclylus (xarroco), Íris psedochorus (Lírio), Dillodus vulgaris

(sargo). Mais tarde, em 2007, fui eleito Director do mesmo departamento. A 29 de Março comecei a fazer investigações pela Faculdade de Ciências, em Lisboa, a mesma faculdade onde fiz a licenciatura e o mestrado. Viajei entretanto por alguns países, como Austrália, Espanha e Argentina, para fazer esse trabalho de investigação. Sei falar fluentemente Português, Inglês e Espanhol. Vivo em Setúbal, a minha Terra Natal. Não sou casado nem tenho filhos, mas faço contas de passar a ser muito em breve. Tal vossa excelência, pretendo ter um dia uma família numerosa. Desde criança que me interesso pela vida animal. Sempre quis ter um cão, mas a minha irmã é alérgica ao pêlo, e nunca pude ter um animal desses. Aos sete anos tive um papagaio-charão (Amazona Pretei), mas um dia, a minha mãe ao limpar a gaiola deixou-a cair e o papagaio fugiu. Andei uma semana à procura dele, mas nunca o encontrei. O que me move, não é só o facto de ir com o inigualável Charles Darwin, quero embarcar nesta viagem por muitas e variadas razões: adorava conhece-lo; admiro a sua coragem por não ter cedido às influências do seu pai, que queria que fosse médico; admiro a sua determinação, no confronto com a sociedade e com a Igreja, suportando todas as ofensas à sua pessoa e à sua família. Conseguiu assim provar e, sobretudo, esclarecer a origem não só das espécies em geral, mas da espécie humana em particular. A sociedade ficou, assim, menos ignorante. Devo-lhe dizer que estou em total


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desacordo com o criacionismo. Talvez por não acreditar em Deus, ou talvez por não haverem, na minha humilde opinião, argumentos suficientes que sustentem tal teoria. A teoria da evolução tem sim inúmeros argumentos e apoia-se em grande número de observações e na análise racional dos dados e na inteligência das suas interpretações, o porquê do pescoço cumprido da girafa o porquê da cauda no macaco, o porquê da evolução, eu considero tudo isto fundamental para apoiar uma teoria. Existem pormenores à vista de todos, mas que ninguém considerou, o caso da disponibilidade de alimento, da variabilidade dada pela fecundação, da introdução de novas espécies num habitat ou mesmo da alteração das condições ambientais desse mesmo habitat. Estes são os dados que só o senhor identificou e interpretou, formulando uma das maiores descobertas, de sempre, na história da ciência: A teoria da selecção natural. Com esta nova teoria, podemos formular muitas questões acerca do futuro da evolução. Aliás, aquilo que mais me preocupa é o futuro do Homo Sapiens Sapiens. Será que pela primeira vez na história da humanidade, pela primeira vez desde o nascimento do primeiro Australopiteco, a população humana vai diminuir? Apesar de não ser um naturalista nato como vossa excelência o é, penso e formulo tantas questões como qualquer pessoa curiosa e com alguns conhecimentos nesta matéria, e da análise destas questões, tento pensar e obter algumas respostas. Nesta questão, como também noutras que mais à frente vos irei colocar, a selecção natural pode ser a resposta. Até hoje, a espécie humana não foi praticamente afectada por esta selecção, mas suponho que mais cedo ou mais tarde, dado a quantidade de zeros à direita do número correspondente à nossa população mundial, ficaremos sujeitos às mesmas regras que as outras espécies e o número de seres humanos acabará por diminuir. Se diminuir, quais serão as características que dominarão? Até o próprio aquecimento global vai com certeza causar a morte a milhões de pessoas. Quais serão então as raças que irão prevalecer? Será o estilo de vida citadino, casa – trabalho – trabalho – casa que irá permitir a sobrevivência, ou serão aqueles com menos conforto, já habituados a uma vida difícil que irão vingar? Talvez, estas

últimas, tenham mais defesas, mais experiência de vivência em situações extremas; ou talvez nem essas venham a sobreviver. Se calhar, as defesas do nosso organismo estão de tal maneira “pouco treinadas”, que não nos servirão de grande coisa. Será que, de um momento para o outro, iremos passar da situação - trabalhar para obter o nosso bem estar geral, para um situação completamente inversa, de ter de lutar e matar para obter apenas o alimento? Os problemas de falta de defesas, numa situação como a do aquecimento global, poderão alguma vez ditar uma extinção em massa? Talvez a resposta para estas questões, não seja assim tão simples de conseguir e a sua teoria pode, até não explicar muitas das minhas dúvidas sobre o futuro da humanidade, no entanto uma nova viagem às Galápagos seria certamente fundamental e de extremo interesse para este tipo de estudo. É impressionante como, a partir de um aglomerado de células, surgiram seres vivos tão diferentes. A biodiversidade existente no nosso planeta é deveras extraordinária e só um cientista nato, como o senhor, o pôde algum dia apreciar e entender. Atenciosamente Armindo Vaz


E N S A I O Sou professora, já há alguns anos e posso dizer sem rodeios que, ensinar é maravilhoso! Ensinar é muito mais que transmitir conhecimentos... É encaminhar, crianças e jovens numa descoberta constante, numa descoberta do que existe à sua volta, das razões porque existe, da história da sua existência... É orientar a construção dos saberes é desenvolver a curiosidade e orientar na descoberta dos porquês sobre a natureza das coisas e dos fenómenos... É guiar cada aluno, de acordo com as suas características, para que este possa descobrir as potencialidades que tem dentro de si... É aconselhar quando surgem as dúvidas e abrir portas para que as suas potencialidades possam ser desenvolvidas e, se possível, se tornem num contributo válido para a história da humanidade. Um professor deve, então, ser um «mentor». Ao longo da história existem vários exemplos de homens e mulheres que souberam encaminhar e aconselhar muito bem os seus discípulos, mas, permitam-me recordar talvez, um dos melhores exemplos, Jonh Stevens Henslow. Este professor de botânica era um verdadeiro cientista mas, mais do que isso, "amava" o objecto do seu estudo, de tal forma, que os alunos adoravam a sua disciplina. Foi através do seu trabalho e do seu testemunho que conseguiu cativar alguns alunos para a área das ciências naturais. Um deles, deixou marcas na história da biologia, falo-vos do grande naturalista Charles Darwin. Foi a relação que estabeleceu com seu o professor e mentor Jonh Henslow que lhe abriu as portas ao conhecimento e ao desenvolvimento das suas capacidades. Para além de professor, foi seu companheiro, colaborador e tornou-se, mesmo, num amigo pessoal. Hoje em dia, tal com há dois séculos atrás, a relação professor/ aluno e, na generalidade dos casos, não atinge este patamar de entendimento, mas existem na actualidade exemplos semelhantes. Alunos que se apaixonam por determinados assuntos e que

se bem orientados pelo seu mentor, desenvolvem um trabalho maravilhoso e chegam mesmo a realizar grandes descobertas. Eu enquanto aluna tive professores maravilhosos. Lembro-me de um em particular, curiosamente professor de biologia vegetal, a que muitos chamavam louco, mas que pelo seu dom, arrastava centenas de alunos, sempre muito atentos, em passeios pelo campo para conhecer pormenores e curiosidades sobre o mundo da botânica. Como professora, tento criar o gosto pelo saber, tento orientar, estimular e encaminhar os meus alunos para a descoberta dos seus interesses e das suas capacidades. Tento, principalmente, guiá-los para que possam ser um dia úteis à sociedade, mas principalmente felizes com a "profissão" que escolheram. Não sei se consigo, mas acredito que às vezes dou o meu contributo e é isso que me faz continuar. Sara Rodrigues

A não perder...


25 DE MARÇO

15h15


Iridologia Os olhos s達o os espelhos da alma... e do corpo!


13 Nenhum ditado popular poderia dar mais ênfase à Iridologia. Esta prática alternativa leva o ditado um passo mais longe, considerando que são também um completo espelho do corpo. A Iridologia não é uma terapêutica, mas sim uma elaborada forma de diagnóstico, pertencente ao campo da naturaterapia. Por outras palavras, é uma forma natural de diagnosticar condições físicas e psicológicas através da observação da íris de cada um. A observação dos olhos é tão velha como a medicina, mas apenas no século XIX, uma curiosa relação entre um mocho e um médico húngaro, Ignatz Von Peczely (1826-1911), a transformou numa teoria organizada de identificação de doenças. A história conta que a ideia surgiu depois de este reparar em marcas similares nos olhos de um homem, a quem tratava uma perna partida, com os olhos de um mocho a quem ele tinha partido a perna, alguns anos antes. É uma práctica que se baseia no princípio de que qualquer alteração no equilíbrio físico ou psíquico se reflecte na íris, através de manchas, riscos, ou mudanças de coloração. Existem mapas detalhados que dividem a íris em zonas correspondentes aos orgãos e às várias partes do corpo. Nestes mapas são consideradas seis áreas concêntricas, a partir da pupila, a mais central das quais se relaciona com o estômago; a segunda com os intestinos, a terceira com os sistemas nervoso, circulatório e linfático; a quarta com glândulas e vários orgãos, a quinta com o sistema muscular e os ossos e a mais exterior com a pele e os orgãos de eliminação.

Para além destas áreas, divide-se a íris de uma forma radial, como um relógio. Existe também uma divisão entre esquerda e direita, e parte superior e inferior, sendo que o olho esquerdo reflecte a parte esquerda do corpo, e o direito a direita. Enquanto que a parte superior da íris reproduz o estado da parte superior do corpo e a inferior o da parte inferior. Apesar desta divisão, vários orgãos reflectem-se em ambos os olhos. Deste modo, o resultado é um mapa muito detalhado a que corresponde o estado de toda e cada parte do nosso corpo e da nossa fisiologia. Em termos de diagnóstico, utiliza-se um método bastante simples de verificação de padrões através de uma lupa ou máquina fotográfica e uma pequena lanterna, considerando que as manchas escuras representam doenças ou o r g ã o s deficientes, enquanto que as claras i n d i c a m inflamações ou s o b r e estimulação, s t r e s s , nervosismo, ou a t é u m a “infelicidade” do orgão. Por outro lado, uma orla escura à volta da íris significa acumulação de toxinas por deficiência de eliminação. Como se pode então perceber, pela observação dos olhos pode-se determinar o que não está bem no nosso organismo, e com surpreendente exactidão. Basta recorrer a uma pequena consulta de iridologia para verificar se aquela dor de costas é problemática! Ficará surpreendido com o que os nossos olhos podem dizer sobre o nosso corpo.

Ana Teresa Antunes, António Salgueiro, Catarina Gonçalves, Diogo Teixeira e Mário Grosso, 12ºB, no âmbito da disciplina de Área Projecto


Neonatologia


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Texto de Opinião A Tecnologia na Neonatologia Primeiro que tudo, é importante esclarecer os dois conceitos: a Neonatologia é o ramo da Pediatria que se encarrega das crianças desde o nascimento até aos 28 dias de idade; a Tecnologia é o conhecimento, interpretação, estudo da técnica e das suas variáveis aplicativas. A Tecnologia, nomeadamente no ramo da Medicina, tem evoluido e permitido diversos progressos a vários níveis, como são exemplo a investigação, diagnóstico, vacinação, etc. Entre os mais diversos exemplos encontra-se a Neonatologia. Pensase que esta área da medicina surgiu em França, por volta de 1882, com o médico obstetra Dr. Pierre Budin. No entanto, só recentemente tem vindo a evoluir significativamente, acompanhada do p r o g r e s s o t e c n o l ó g i c o . É importante termos em conta que, antigamente, os bebés que nasciam prematuros tinham de enfrentar sozinhos todos os perigos e confrontos com o mundo, desde frio a agentes patogénicos que provocariam, na maioria dos casos, o óbito. Hoje em dia, têm a tenra vida muito mais facilitada. Actualmente, ao dispôr da Neonatologia existe todo um conjunto de aparelhos, materiais e estudos que permitem criar, numa simples incubadora, condições semelhantes às que o pequeno recém-nascido tinha quando ainda estava no ventre materno. O controle intensivo e permanente da temperatura corporal, da existência ou não de hemorragias internas, de bloqueios respiratórios, de complicações cardíacas e outros sintomas, permitem dar uma hipótese de superar a nascença prematura e criar as condições necessárias para adquirir qualidade de vida para a criança. Pessoalmente, não vejo quaisquer desvantagens na aplicação da Tecnologia à Neonatologia. Considero que tem vindo a proporcionar o decréscimo da taxa de mortalidade nos recém-nascidos, mas sobretudo, melhorar a qualidade de vida daqueles que, sem esta ajuda, certamente não teriam qualquer hipótese. Concluindo, acho completamente necessária e indispensável a relação Te c n o l o g i a - M e d i c i n a , n e s t e c a m p o d a N e o n a t o l o g i a .

Joana Mendes, 12ºB, no âmbito da disciplina de Área Projecto


Educação Sexual As mudanças da adolescência Na adolescência, rapazes e raparigas deparam-se com alterações radicais nas suas vidas: o corpo muda, surgem sentimentos e ideias novos mas contraditórios, impulsos que não conseguem explicar… Para um melhor esclarecimento dos jovens, publicámos trabalhos de alunos sobre Métodos Contraceptivos e DST.


Mร TODOS CONTRACEPTIVOS

Por: Ana Teresa Antunes, Antรณnio Salgueiro, Catarina Gonรงalves e Mรกrio Grosso


MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NATURAIS Os métodos contraceptivos naturais são estratégias de controlo de natalidade baseadas em períodos de abstinência aquando do período fértil da mulher. Têm a característica de criar uma estratégia para a determinação do dia de ovulação, para evitar a penetração vaginal durante o período fértil, e impedindo, deste modo, a fecundação do gâmeta sexual feminino, o oócito II, por parte dos gâmetas sexuais masculinos, os espermatozóides. MÉTODO DO CALENDÁRIO

MÉTODO DA TEMPERATURA

Também conhecido como o método rítmico, ou método de Ogino-Knaus, o método do calendário baseia-se na previsão do dia da ovulação, de forma a evitar qualquer contacto sexual durante o período fértil. Para prever o dia da ovulação, observa-se e regista-se os últimos oito ciclos menstruais, indicando o número de dias de duração e a data de ínicio e de conclusão da menstruação do maior e do menor ciclo. Aos dias do menor ciclo, diminuem-se 16 dias e anotase o dia, e aos dias do maior ciclo, diminuem-se 11 dias, anotando-se também o dia. Por fim, o espaço de dias compreendido entre esses dois dias anteriormente encontrados é o período fértil, devendo a mulher evitar o contacto sexual. Infelizmente, este método tem uma taxa de erro de 10% por ano, ou seja, durante os doze meses de um ano, haverá, pelo menos, um em que a data de ovulação não corresponde com a realidade. Isto pode dever-se a uma série de factores que influencia o ciclo m e n s t r u a l f e m i n i n o, s e n d o e s t e m é t o d o desaconselhado a mulheres com um ciclo menstrual irregular.

Este método tem por base os conhecimentos sobre a fisiologia feminina, nomeadamente, da temperatura, levando à determinação do período fértil da mulher, quando ocorre um aumento da temperatura corporal desta (0,3 a 0,8 ºC). Normalmente, neste período, ocorre a abstinência do casal.) Esta forma de contracepção tem como vantagem o facto de ser natural, não colocando em risco a saúde dos parceiros, e ter uma taxa de sucesso de 97%. Como desvantagens tem o facto de não ser muito eficaz, necessitando de grande motivação e colaboração do casal e de não prevenir as DST.

MÉTODO DO MUCO CERVICAL O método do Muco Cervical baseia-se na identificação do período fértil pelas modificações cíclicas do muco cervical. Assim, após a menstruação, a mulher apresenta apenas a lubrificação natural da vagina. Com o passar dos dias inicia-se a formação do muco. No início, este é espesso, claro e em pequena quantidade, ficando mais “elástico” à medida em que se aproxima a ovulação, demonstrando que o corpo está no período fértil. A verificação do estado do muco é feita com a utilização do polegar e do indicador. Como vantagem este método tem o facto de não ter efeitos colaterais. Quanto às desvantagens, o facto de ser necessária muita disciplina por parte da mulher, de não prevenir as DST e poder falhar em mulheres com o ciclo menstrual irregular.


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MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NÃO NATURAIS FÍSICOS Os métodos contraceptivos não naturais físicos são métodos isentos de qualquer componente química ou hormonal, sendo que representam um menor perigo para a saúde. Também chamados de métodos mecânicos, estes recorrem a dispositivos que previnem a concepção.

PRESERVATIVO MASCULINO O preservativo é um invólucro de látex, plástico ou de membranas naturais (estas últimas a evitar), que vem enrolado e é colocado no pénis erecto antes de qualquer contacto genital. Este impede que os fluidos do corpo (sémen e secreções vaginais) entrem em contacto, funcionando, deste modo, como uma barreira física que impede os espermatozóides de entrar na vagina, evitando assim uma gravidez, e também o contágio de DST's. Os preservativos podem ser comprados sem receita médica nas farmácias, supermercados, discotecas, etc...; podendo também ser fornecidos pelos centros de saúde. Relativamente à sua colocação, deve abrir-se a embalagem com cuidado, empurrar o anel do preservativo, desenrolando-o até à base do pénis, e assegurando de que o reservatório não fica insuflado. Não é aconselhável haver penetração sem preservativo. Posteriormente, deve retirar-se do pénis logo após a ejaculação, segurando o preservativo pelo anel da sua base, dando um nó na extremidade aberta do preservativo e deitar fora num local conveniente. É um método bastante seguro, com uma taxa de sucesso de 95%, quando colocado e manuseado correctamente, e dependendo do material do preservativo. PRESERVATIVO FEMININO O preservativo feminino é um tubo feito de poliuretano, macio e transparente que deve ser colocado antes da relação sexual, para revestir a vagina e a parte externa da vulva, protegendo os grandes lábios. Dentro da vagina fica um anel, também em poliuretano, que serve para facilitar a sua colocação e fixação. Como vantagens tem o facto de ser muito eficaz, com uma taxa de sucesso de 80%, de proteger das DST e de não ser necessária receita médica. Como desvantagens tem o facto de poder causar alguma alergia ou irritação, consoante o tipo de lubrificantes utilizados. DIU E SIU Um dispositivo intra-uterino, ou simplesmente DIU, é um dispositivo anticoncepcional para as mulheres que é inserido no seu útero, por um especialista, normalmente, um ginecologista, e que interfere com a migração dos gametas sexuais, impedindo a ascensão dos espermatozóides e a descida do oócito II para o útero, como também com o processo de nidação,

quando a fecundação já se deu. Pode também provocar uma reacção inflamatória no útero, que ajuda na contracepcção. Existem diversos formatos, sendo que alguns vêm equipados para libertar hormonas, aumentando a sua eficácia. A estes dá-se o nome de SIU (Sistema Intra-Uterino). Estes dispositivos, depois de aplicados, têm um período de eficácia que varia entre os três e os cinco anos, sendo que durante este período, a mulher deve realizar visitas períódicas ao ginecologista, especialmente, após cada menstruação, para verificar a posição dos mesmos dentro do útero. Apesar de ser um método muito seguro, tendo uma taxa de eficácia de aproximadamente 95%, pode provocar alguns efeitos secundários, como agravar as dores menstruais, provocar períodos menstruais muito abundantes, e facilitar o surgimento de infecções intra-uterinas. É um método que também não previne a transmissão de DST's, sendo aconselhável a utilização do preservativo, para este facto. Um dos efeitos secundários mais graves, passa pela esterilização da mulher, sendo que a mulher pode deixar de poder ter filhos. Por isso, não é um método aconselhável a mulheres que nunca os tiveram. Uma das vantagens deste dispositivo passa pelo facto de não ser um método hormonal, no caso do DIU, sendo por isso indicado para mulheres que já tiveram problemas com métodos contraceptivos hormonais. É também possível ser utilizado como contracepção de emergência, se inserido num período de cinco dias, após o acto sexual.


MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NÃO NATURAIS QUÍMICOS Os métodos contraceptivos não naturais químicos, são métodos que utilizam a regulação hormonal, ou química, como meio de evitar a fecundação. Estes controlam os níveis hormonais, evitando que os ciclos sexuais se realizem como seria de esperar e assim controlando-os. Existem, também, métodos químicos que em vez de regular os ciclos da mulher, acentuam as suas defesas naturais aos espermatozóides.

ESPERMICIDAS Os espermicidas são substâncias químicas que imobilizam e destroem os espermatozóides, podendo ser utilizados como complementos do diafragma ou do preservativo, aumentando a sua eficácia. São aplicados na vagina, antes do início da relação sexual, existindo em vários formatos como, por exemplo, cremes, espumas e pomadas. Este método contraceptivo tem como vantagem o facto de não ser necessária receita médica, e como desvantagens o facto de ser pouco eficiente quando utilizado isoladamente( taxa de insucesso de 30%), de não proteger das DST e de poder causar irritações ou alergias. PÍLULA FEMININA Existem dois tipo de pílulas femininas, aquelas que contêm duas hormonas, ou seja, as pílulas contraceptivas combinadas, e aquelas que apenas possuem uma das hormonas, a progesterona, ou seja, as minipílulas. Ambas devem ser tomadas durante um período de vinte e um dias, interropendo-se sete dias durante o período menstrual, e iniciando logo após esta pausa, um novo ciclo de tomagem. É possível obter estes contraceptivos, informação e aconselhamento em centros de saúde. A pílula contraceptiva combinada consiste na combinação de hormonas (estrogénios e progesterona) que são administradas oralmente evitando que o ciclo sexual da mulher, ocorra como habitualmente. Para além de evitar a ovulação, através da redução dos níveis de LH, a pílula desencadeia um espessamento do muco cervical, que dificulta a passagem dos espermatozóides, e apesar de ajudar no desenvolvimento do endométrio, provoca a menstruação durante o período recomendado de abstinência da pílula. Pelo contrário, as minipílulas, que contêm apenas um derivado sintético da progesterona, não bloqueiam a ovulação. Apenas mantêm o muco cervical com uma maior impermeabilização aos espermatozóides, sendo aconselhadas a mulheres para as quais as pílulas combinadas são fortemente contra-indicadas e ainda a m ulheres que estejam no período de amamentação.~ A pílula combinada fornece uma eficácia de 99,7% se tomada correctamente, enquanto que as minipílulas fornecem apenas uma taxa de sucesso de 98 %. No entanto, existe algumas situações em que o efeito da

pílula é anulado, como no caso de uma diarreia ou da utilização de outros medicamentos, como é o caso de alguns antibióticos. Apesar disso, a pílula combinada ajuda a regular um período desregulado, diminui a probabilidade de cancro do útero e do ovário, mas pelo contrário, aumenta as hipotéses de ocorrência de um enfarte ou de um ataque cardíaco. Também não tem efeito na protecção contra as DST's, tal como a minipílula. Assim que parar de tomar a pílula, o ciclo menstrual da mulher volta ao normal, sendo que a sua fertilidade não é afectada.

PÍLULA DE EMERGÊNCIA Não se trata de uma pílula especial, mas sim de uma combinação de pílulas normais que são tomadas em doses elevadas até 72 horas após ter ocorrido uma relação de risco de gravidez. Segundo alguns estudos estas pílulas mantêm ainda uma eficácia elevada (cerca de 97%) até 5 dias depois da relação de risco. Isto sucede, ou porque existe uma inibição da ovulação, e nesse caso não chega a haver concepção, ou então, mais usualmente, as doses hormonais tomadas vão tornar o útero incapaz de receber o ovo já fertilizado e forçar a sua expulsão. Apesar dos benefícios que este método apresenta, carrega consigo bastantes efeitos secundários, tais como náuseas, vómitos, etc... é também um método que não impede a transmissão das DST's, e que deve ser utilizado uma a duas vez na vida da mulher, uma vez que prejudica gravemente o metabolismo desta.


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MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NÃO NATURAIS CIRÚRGICOS Conhecidos também, erradamente, como métodos irreversíveis, é necessário uma intervenção cirúrgica para a sua realização e são considerados métodos bastante eficazes, havendo, no entanto, uma possibilidade de os reverter.

IMPLANTES O implante é um método contraceptivo de longa duração, constituído por um pequeno acessório que é inserido no braço, debaixo da pele. Este ao longo de três anos vai libertando etenogestrel (composto sintético da progesterona), para a corrente sanguínea da paciente, impedindo a ovulação a cada ciclo ovárico, e a chegada do espermatózoides ao útero, a cada relação sexual. Após estes três anos, o implante deve ser retirado, sendo substituído por um novo. Este método possui uma taxa de sucesso de 95%, semelhante aos contraceptivos orais femininos, sem ter as desvantagens destes, mas com as mesmas vantagens. Relativamente à sua colocação, este deverá apenas ser colocado por um especialista com conhecimento do procedimento, e ao quinto dia do ciclo menstrual, correspondente à menstruação. Este é colocado na face interna do antebraço esquerdo ou direito, dependendo das preferências pessoais, sendo utilizado uma anestesia local durante o procedimento. Para o procedimento de remoção, é também utilizado anestesia local, e é feito uma pequena incisão, que não deixa cicatriz. ANEL VAGINAL O anel vaginal é um contraceptivo hormonal para uso vaginal. Este é constituído por um anel flexível (silicone), com cerca de 5 cm, impregnado de hormonas que, em contacto com a vagina, são lentamente libertadas e absorvidas para a corrente sanguínea. Liberta dois tipos de hormonas, estrogénios e progesterona de uma forma contínua, e estas evitam que se liberte os óvulos dos ovários e assim se dê a fecundação. É uma alternativa para quem não tolera os efeitos colaterais causados pelos comprimidos ou para mulheres que esquecem de tomá-los diariamente. A própria mulher deve inseri-lo na vagina, bem no fundo, perto do colo do útero. O anel só é retirado após três semanas consecutivas, para que ocorra a menstruação. Em seguida, insere-se outra unidade. O anel contém uma dosagem hormonal menor que as pílulas de uso oral, pois as substâncias passam da região pélvica para a corrente sanguínea e não precisam ser metabolizadas pelo fígado. Isso anula os efeitos colaterais, como inchaço, dor de cabeça e aumento de peso. Além disso, não perde eficácia em caso de diarreia ou vómitos, como no caso da pílula tomada oralmente. É tão seguro como o DIU e muito mais do que o diafragma, falhando apenas em 0,1% dos casos, apesar de poder ocorrer o incidente de o anel sair acidentalmente, e não protege das DST's.

VASECTOMIA A vasectomia consiste num procedimento cirúrgico que tem como objectivo a esterilização masculina. Durante este procedimento é feito um pequeno corte no escroto, de forma a se poder identificar os canais deferentes e, posteriormente, laqueá-los. Ambos os canais deferentes são laqueados e sendo assim, a comunicação entre os testículos e a uretra é impossibilitada. Este processo pode ser reversível (vasovasostomia), no entanto, não é recomendável a recorrência a este método. Após a vasectomia, que é realizada num hospital ou clínica, por um médico especializada, o indivíduo poderá regressar imediatamente a casa. Sendo que este procedimento cirúrgico é considerado simples. No entanto, existem possíveis complicações, como hematomas, inflamações e infecções dos testículos. Como método contraceptivo, este é 99,9% eficaz e não protege o indivíduo contra DSTs. LAQUEAÇÃO DAS TROMPAS A laqueação de trompas consiste no método de esterilização feminina, caracterizado pelo corte ou bloqueio cirúrgico das trompas de falópio, que ligam os ovários ao útero, através de variados métodos: anéis de plástico; queimar e cortar as trompas; clipes de titânio; sutura; entre outros. Deste modo, as trompas impedem a passagem do óvulo e os espermatozóides não o encontram, não havendo fecundação. É um método bastante eficaz a longo prazo, apesar de que nos primeiros dez anos, a taxa de insucesso atinge cerca de 2%. É uma intervenção considerada de baixo risco, não sendo necessário qualquer medicação posterior à intervenção, e não afectando a vida sexual. Existe uma grande variedade de métodos contraceptivos, sendo que estes se dividem em métodos não naturais (físicos, cirúrgicos e químicos) e naturais. Sobre os naturais, são os menos eficazes e os que necessitam de maior rigor, não protegendo contra as DST. Contudo, como são naturais, não colocam em risco a saúde dos parceiros sexuais. Quanto aos não naturais, têm uma elevada taxa de sucesso, sendo que os dois tipos de preservativo servem também de protecção contra as DST. Porém, este tipo de contracepção pode causar algumas alergias, irritações ou desconforto durante o acto sexual. O risco de danos para a saúde tem vindo a diminuir com a utilização de novos materiais. Concluindo, a combinação de vários métodos contraceptivos é o indicado para garantir uma maior protecção.


DST DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

POR ANDRÉ ASSUNÇÃO, DANIEL VILAR, JOANA REIS, TIAGO BENTO E SUSANA SILVA


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As doenças sexualmente transmissíveis são doenças infecciosas transmitidas por contacto sexual, pelo sangue, esperma ou outras secreções orgânicas infectadas, como a saliva. Geralmente, manifestam-se por uma série de sintomas e podem propagar-se se não forem tomadas as devidas precauções. Os contactos sexuais com diferentes parceiros e a ausência de cuidados são factores que aumentam a possibilidade de contrair uma D.S.T.

Sífilis A sífilis é uma doença contagiosa, provocada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, que pode ser contraída durante uma ralação sexual com um parceiro infectado. Mais raramente, o contágio pode ser feito através de utensílios infectados, como copos, talheres utilizados, etc. No primeiro estado da infecção aparece uma úlcera avermelhada e indolor no local de contágio, (orgãos sexuais ou boca). Este sintoma aparece 3 a 6 semanas após o contágio. É a forma pimária da sífilis. Se não for tratada nesta fase, a bactéria pode entrar na corrente sanguínea, e a doença prosseguir para uma fase mais grave, que se manifesta pelo aparecimento de erupções avermelhadas na pele. Esta é a forma secundária da sífilis. A terceira fase ou a forma terciária da sífilis é a mais grave e traduz-se por lesões cardíacas, da artéria aorta e do sistema nervoso, que podem ser mortais. O tratamento da doença é feito com antibióticos adequados que devem ser prescritos pelo médico o mais cedo possível. A sífilis pode ser transmitida da grávida para o feto a partir do 4º mês de gravidez, através da placenta.

Gonorreia

Até ao 4º mês, a placenta contém uma rede de células que impedem a passagem da bactéria causadora da sífilis. Se for mesmo contagiado pela infecção, o feto pode morrer. Se sobreviver, as lesões podem manifestar-se logo após o nascimento ou então anos mais tarde. Entre as lesões que se poderão manifestar existem: o atraso mental, as lesões ósseas e lesões epidérmicas.

O agente infeccioso da gonorreia também é uma bactéria, designada por gonococo. A doença é altamente contagiosa e, para além de atingir os orgãos genitais, pode expandir-se pela região anal. No homem, os sintomas são de ardor na uretra durante a micção, prurido na área afectada e corrimento amarelo-esverdeado do pénis. Se a evolução da gonorreia não for tratada, pode degenerar em algo mais grave, pois a bactéria, apesar de se encontrar na uretra, pode propagar-se para as regiões vizinhas, nomeadamente para a próstata e para os epidídimos. Mais raramente pode atingir as articulações ósseas, provocando artrite. Na mulher infectada, os sintomas podem não ser relevantes e, por isso, só tardiamente se aperceberá da infecção. A gonorreia não tratada pode levar à esterelidade em ambos os sexos.


Hepatite B

Designam-se por hepatite doenças que afectam o figado. Existem várias formas de hepatite, pois pode ser provocada por microrganismos diversos. Os vírus causadores da hepatite foram nomeados de A, B, C, D e E. As hepatites provocadas pelo vírus A e E não são muito problemáticas, pois estes não deixam sequelas. Pelo

contrário, as hepatites provocadas pelos vírus B e C podem provocar lesões complicadas e mesmo a morte. O víruas da hepatite B transmite-se por via sexual, mas também pela saliva, sangue, urina, fezes, lágrimas e, em caso de gravidez, através da placenta para o feto. No princípio, a doença manifesta-se por falta de apetite, febres variáveis, náuseas e vómitos. Ao fim de uma semana, a pele fica num tom amarelo-esverdeada, incluindo os olhos, que tambem poderão ser atingidos. Estes sinais têm o nome de icterícia. O doente sente-se também prostrado e extenuado ao mínimo esforço e sente aversão a certos alimentos. Muitos dos indivíduos que contraem a doença, mesmo depois de curados, continuam portadores do vírus, o que siginifica que podem transmiti-lo a outros indivíduos. É pela facilidado do contágio e pela expansão rápida do vírus que é aconselhada a vacinação.

Clamídia A Clamídia é provocada pela bactéria Chlamidia trachomatis. É mais comum na mulher do que no homem e é uma das causas de esterilidade feminina. Espalha-se através do contacto com tecidos infectados, invadindo o organismo através da vagina, uretra, recto, olhos e boca. Nos homens afecta geralmente o aparelho urinário, mas se forem atingidos os testículos pode provocar a esterilidade. Os sintomas desta doença são a frequente vontade de urinar, dores durante a micção, corrimentos uretrais no homem e vaginais na mulher. A Clamídia é tratada com um antibiótico.

Herpes

O Herpes é uma doença provocada por um vírus, que pode apresentar várias espécies, podendo cada uma destas dar origem a doenças como herpes labial, varicela, zona e herpes genital. É a espécie Herpes simplex que se encontra associada às doenças sexualmente transmissíveis, dando origem ao herpes genital. O vírus que provoca o herpes genital sobrevive fora do corpo durante algumas horas, em objectos como toalhas, tampas de sanitas e instrumentos médicos. Também pode ser transmitido da mãe para o filho na altura do parto, durante a sua passagem pela vagina e pela vulva, podendo provocar nos recémnascidos doenças graves como a meningite.


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SIDA Actualmente, a D.S.T. mais preocupante é a SIDA (Síndrome de Imuno-Deficiência Adquirida), transmitida pelo vírus HIV (Vírus de Imunodeficiência Humana), que ataca os glóbulos brancos do sangue, responsáveis pela defesa do organismo. Com as suas defesas naturais diminuídas ou destruídas, o organismo torna-se imunodeficiênte, contraindo todo o tipo de infecções que acabam por vitimá-lo. O v í r u s é identificado no sangue, no esperma ou nas secreções vaginais e, em menor quantidade, na saliva e no leite materno. Fora do organismo, é um vírus muito frágil, sendo destruído por desinfectantes vulgares, como o álcool, lixívia e por temperaturas iguais ou superiores a 60º. Por isso, o contágio só se conhece em casos em que o vírus é introduzido directamente no organismo. Os indivíduos portadores do vírus da SIDA são chamados seropositivos e, mesmo que não se manifestem sinais da doença, podem transmitir o vírus, pelo que devem tomar os cuidados necessários a fim de evitar o contágio de outros indivíduos. A contaminação com o vírus da SIDA dá-se por via sexual, sanguínea, planetária (da mãe para o filho) e por objectos contaminados. A evolução da doença passa por diferentes fases. Numa primeira fase,procede-se à instalação do vírus no organismo o que, muitas vezes, não manifesta qualquer tipo de sintomas. Sabias que...? ? A SIDA foi primeiramente detectada nas comunidades homossexuais nos EUA, em 1983? ? Portugal é um dos países da Europa com mais casos de SIDA? ? A SIDA constitui a primeira causa de morte na América, ultrapassando os acidentes rodoviários, o cancro e as doenças cardíacas? ? Os homossexuais e os toxicodependentes são os mais afectados pela doença?

Posteriormente, o vírus começa a multiplicar-se dentro do portador, invadindo as células do sistema imunitário e só então surgem os sintomas da doença: Numa fase mais avançada, em que o organismo possui poucas defesas contra agentes estranhos, surgem então uma série de doenças associadas à SIDA: tumores na pele, infecções graves nos intestinos, pulmões, cérebro e linfomas. Os doentes com SIDA falecem, geralmente, devido a complicações de carácter pulmonar. No aspecto clínico, descobriram-se tratamentos que atrasam declínio imunológico do doente e conseguem melhorar a sua qualidade de vida. Os medicamentos mais utilizados são o AZT, o DDC e o DDI e outros mais recentes. Não obstante, ainda não está claro que se possam alargar as expectativas de sobrevivência, e também não existem perspectivas de descobrir um medicamento que cure, nem uma vacina que possa evitar a doença. Deste modo, a prevenção do vírus da SIDA deverá passar por evitar alguns comportamentos de risco. No entanto, não há motivo para rejeitar a convivência com pessoas portadoras do vírus. É necessário saber como se transmite ou não o HIV. vírus transmite-se através do sangue, saliva, por via sexual e través da placenta da mãe para o feto. Indivíduos seropositivos têm de utilizar preservativo nas suas relações sexuais e não podem partilhar objectos cortantes nem escovas de dentes.. Depende de ti! A prevenção das doenças sexualmente transmissíveis depende de cada um de nós. A prática de uma vida sexual saudável, evitando experiências fortuitas com desconhecidos, a consulta regular de um médico, mesmo na ausência de sintomas, a procura de uma informação correcta e séria sobre estes problemas e o uso de preservativo durante as relações sexuais são atitudes sensatas que permitem evitar riscos. Não penses que as D.S.T. só acontecem aos outros, nunca a ti!! O risco de contrair uma D.S.T. não depende de quem és, nem de onde estás. Só depende do que fazes!


CAÇADORES DE “As lâmpadas economizadoras emitem uma luz dura e pouco atraente”

FALSO Já estão disponíveis lâmpadas economizadoras para criar qualquer tipo de ambiente


MITOS... “Demoram muito tempo a acender”

FALSO As economizadoras modernas acendem de imediato, levando apenas alguns segundos a chegar ao máximo


Jason Mraz

We sing. We Dance. We Steal Things

Autor da famosa música e incessantemente passada nas rádios nacionais «I’m Yours», Jason Mraz, nascido na California, decidiu também fazer uma visitinha ao nosso país, mas um pouco mais tarde que Oasis. Está agendado concerto para dia 19 de Março em Lisboa e 20 no Porto. Em Lisboa o concerto terá lugar na Praça de Toiros do Campo Pequeno e no Porto no respectivo Coliseu. Com um ar jovem e descontraído, Jason Mraz, que já conta com 10 anos de carreira, vem divulgar o seu último trabalho de três já editados: «We Sing. We Dance. We Steal Things.», onde se inclui o êxito já falado anteriormente. Conta também com a participação de diversos músicos como Colbie Cailat, com a qual canta o tema «Lucky», James Blunt, Alanys Morissete, Dave Mathews Band ou mesmo John Mayer. Graças ao seu primeiro trabalho «Waiting for My Rocket to Come», Jason Mraz ganhou uma nomeação para os Grammys, sucedendose o mesmo para o seu segundo album, «Mr. A-Z». Parece que se tem sentido um pouco frustrado mas pode ser este ano que o sonho de ganhar um Grammy se realize, pois está nomeado para a 51ª Gala dos Grammys, com a «Music of the Year», Best Male Pop Vocal Performance» e «Best Engineered Album, NonClassical». Será que Jason Mraz virá a Portugal com um Grammy nas mãos? De qualquer maneira, de certeza que será um excelente espectáculo tanto em Lisboa, como no Porto.

Os preços dos espectáculos situam-se entre os 23 e os 28 euros em Lisboa e os 24 e 28 no Porto, sendo esta a seguintes disposição dos lugares para a capital: Plateia em Pé - €27,00 Bancada - €28,00 Galeria 1 - €25,00 Galeria 2 - €23,00 Recomendamos a utilização do Fertagus, saindo em Entre-Campos, que se situa a 200 metros do Campo Pequeno. O horário de ida pode ser feito de hora em hora a partir das 13:57. A volta pode ser feita ou às 23:59 ou às 00:44. Preço: €8,10.


Maio de 68


“A rua Gay-Lussac ainda traz as marcas da “noite das barricadas”. Carros destruídos pelo fogo cobrem o chão, com suas carcaças sem tinta, sujas e cinzentas. As pedras do calçamento, removidas do meio da rua, encontram-se em grandes montanhas dos dois lados. Um vago cheiro de gás lacrimogéneo ainda permanece no ar” A França dos anos 60, sob o regime Gaullista encabeçado pelo general Charles de Gaulle, era uma sociedade social e culturalmente conservadora, que vivia ainda as perdas sofridas na segunda guerra mundial (1939-1945). O nacionalismo francês o “chauvinisme”, patente nas políticas externas do governo, impedia a necessária abertura do país ao exterior, que fechado em si mesmo teimava a criar um fosso social cada vez maior entre si e as outras sociedades ocidentais como a dos Estados Unidos e de outros países europeus. As mulheres tinham o costume de pedir autorização aos seus maridos para expressar uma opinião, e se fossem casadas e quisessem trabalhar ou até mesmo abrir uma conta no banco eram obrigadas a pedir autorização por escrito aos seus maridos, e a homossexualidade ainda era diagnosticada pelos médicos como uma doença. “Essa era a sociedade francesa dos anos 60. Era uma concepção de que o homem, o pai, o chefe de família decide, assim como De Gaulle era o chefe da França, o chefe da “família França”. Daniel Cohn Bendit O Maio de 68 foi a criação de um movimento revolucionário que simbolizou a mudança, a reacção ao clima de rigidez e conservadorismo moral que se sentia em França. Concentrando em si todas transformações sociais de uma década, que já ocorriam noutros países europeus e americanos. Foi o romper dos costumes e do politicamente correcto de

modo a construir uma renovada e moderna identidade nacional. Num mês, estudantes criaram barricadas, formando verdadeiras trincheiras de guerra nas ruas de Paris para confrontar a polícia; tomaram-se fábricas, edifícios públicos e até zonas inteiras da cidade, como o “Quartier Latin”. Houve manifestações, greves, confrontos, discursos, propagandas, tudo… Foi o conflito entre a ousadia e rebeldia dos ideais libertários dos jovens e a máquina repressiva do estado. O Maio de 68 mudou profunda-mente as relações entre raças, sexos e gerações na França e, mais tarde, no restante da Europa. Foi a alavanca para a criação de novas ideias, conceitos e políticas que permitiram a progressão das sociedades ocidentais e a fundação de organizações de defesa de direitos humanos, como a igualdade entre os sexos, direito das minorias, liberdades civis, direitos homossexuais entre outros.


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Em 1965, na periferia da capital francesa, foi criada a Universidade de Nanterre para acolher os estudantes que, por muitas razões, não podiam entrar nas Escolas Superiores tradicionais (Sorbone, Escola Normal, Escola Politécnica, etc.). Em 23 de Março de 1968, descontentes com a disciplina rígida, os currículos escolares e a estrutura académica conservadora, os estudantes de Paris organizaram protestos e boicotaram as aulas. A polícia, usando cassetetes e gás lacrimogéneo, atacou os estudantes que ocupavam a Sorbonne e realizou prisões em massa. Em 3 de Maio de 1968 a universidade de Sorbone foi ocupada pelos seus alunos como resposta ao fecho da universidade de Nanterre pelas autoridades, no dia anterior. Teve início uma onda de ocupações das universidades por toda a França. A polícia atacou brutalmente os estudantes. Estes desceram às ruas denunciando não só a brutalidade e a repressão policial, mas também a guerra do Vietname e as políticas imperialistas do governo francês e americano Este movimento estudantil espalhou-se às outras Faculdades originando greves e ocupações destas. A CRS, a polícia do presidente De Gaulle, usou de grande violência para restabelecer a ordem. O protesto estudantil contra o autoritarismo e o anacronismo das Academias rapidamente se transformou, com a adesão dos operários, numa contestação política ao regime gaulista. Foram ocupadas universidades, fábricas e outros sectores produtivos. Estudantes e trabalhadores aderiram a manifestações e estiveram unidos nas greves entretanto desencadeadas ou nas barricadas com que enfrentaram as chamadas forças da ordem. Em 10 de Maio os estudantes ergueram barricadas nas ruas centrais de Paris que davam acesso ao Quartier Latin, centro universitário da cidade. A maior batalha entre a polícia e os manifestantes deu-se nesta área e ficou a ser conhecida pela “Noite das barricadas”.

Em 13 de Maio deu-se a primeira manifestação conjunta de estudantes e trabalhadores. Mais de um milhão de trabalhadores e estudantes aderiram a uma greve geral e marcharam pelas ruas de Paris em protesto contra as acções policiais dos dias anteriores. Em 17 de Maio, mais 200 000 trabalhadores entraram em greve. Nos dias que se seguiram, o número de trabalhadores que aderiram à primeira greve geral na história da França foi aumentando. 11 milhões de trabalhadores se envolveram numa greve que durou mais de 2 semanas. Em 24 de Maio, o presidente De Gaulle anunciou que o governo levaria a cabo as reformas educacionais pedidas pelos estudantes e garantiu um aumento salarial significativo para os trabalhadores grevistas. Enquanto isso, em Grenelle, delegados governamentais negociavam com os sindicatos uma série de melhorias sociais para pôr fim à greve geral dos trabalhadores e assim poder dividi-los e afastá-los dos estudantes. Em 29 de Maio, o general De Gaulle viajou até às bases francesas na Alemanha para obter apoio do general Massu para uma intervenção militar em Paris. A situação foi controlada nos finais de Maio, com uma violenta repressão de que resultou mais de milhão e meio de feridos. Em 30 de Maio, uma manifestação de cerca de 1 milhão de conservadores, a chamada “maioria silenciosa”, marchou em Paris contra a greve geral e as reivindicações dos estudantes. De Gaulle propôs uma solução eleitoral (eleições parlamentares) e graças a ela obteve uma significativa vitória nas eleições de 27 de Junho. Os gaullistas acabaram por aumentar a sua maioria, controlando 358 das 487 cadeiras. A partir de então o movimento estudantil enfraqueceu. Mas o governo de De Gaulle, abalado por este movimento, acabou por cair. Em 27 de Abril de 1969 o general De Gaulle renunciou à presidência da Republica, depois de tê-la ocupado durante dez anos.


CIÊNCIAS

divulgART

ARTIGO Darwin: 200 anos Assinala-se os 200 anos que 2 Darwin faria e as conquistas deste no mundo POR JOANA REIS

1ª edição

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Chegou finalmente o primeiro número da divulgART, a revista digital feita pela Escola Secundária de Bocage. Esta publicação vai permitir divulgar e consultar trabalhos de alunos e professores, informações sobre a escola ou sobre o ensino universitário, campanhas e eventos sociais/culturais, artigos de opinião, entrevistas a personalidades importantes, balanços de actividades realizadas, convites para actividades a realizar futuramente e tudo o mais que queiram apresentar à escola. E tudo isto será feito pelos próprios alunos e professores da escola, pois ninguém conhece melhor ao trabalho e as actividades da escola do que vocês! Todos podem participar: qualquer aluno de qualquer ano ou curso, professores e funcionários, porque todos fazemos parte da escola. Contamos, por isso, com a vossa colaboração. Enviem os vossos trabalhos para revistadivulgart@gmail.com. Não hesitem em esclarecer as vossas dúvidas no nosso blog. Com a ajuda de todos, podemos demonstrar a dinâmica e a riqueza de ideias e saberes dos elementos da nossa escola.

CONCURSO Regresso às Galápagos Participaram no concurso sobre Darwin promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian ALUNO JOÃO REIS E PROFESSORA SARA RODRIGUES

TRABALHO Iridologia Parte do projecto de Medicinas 12 Alternativas POR ANA ANTUNES, ANTÓNIO SALGUEIRO,

CATARINA GONÇALVES, DIOGO TEIXEIRA E MÁRIO GROSSO

EDUCAÇÃO TRABALHO Métodos Contraceptivos Informação útil 14 sobre maneiras de prevenção POR ANA ANTUNES, ANTÓNIO SALGUEIRO, CATARINA GONÇALVES E MÁRIO GROSSO

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TRABALHO DST Porque saber não ocupa lugar POR ANDRÉ ASSUNÇÃO, DANIEL VILAR, JOANA REIS, TIAGO BENTO E SUSANA SILVA

AMBIENTE CURIOSIDADES CAÇADORES DE MITOS Utilização de 26 lâmpadas fluorescentes desenvolvidos no âmbito de Área de Projecto POR DIOGO BERNARDO E MARTA PIMENTEL

SOCIEDADE ESPECTÁCULOS JASON MRAZ We Sing. We Dance. We Steal Things - Actuação do Californiano em Lisboa e no Porto POR 28 MIGUEL ÂNGELO

Os autores

HISTÓRIA ACONTECIMENTO Maio de 68 Movimento revolucionário 29 que simbolizou a mudança em França e não só POR FILIPE LANÇA

AUTORES: Filipe Lança, Joana Reis e Miguel Ângelo PROFESSOR: Joaquim Costa

revistadivulgart@gmail.com


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