Jornal Opinião 30 de Novembro de 2012

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ENCANTADO

TRÁFICO DE DROGAS

POLÍCIA PRENDE DOIS SUSPEITOS ral com 820 comprimidos de ecstasy. Um dos envolvidos foi capturado no Bairro Planalto pela Polícia Fede gantes. PÁGINA 13 Outro foi detido em ação conjunta da BM e Polícia Civil no Bairro Nave

Henrique Pedersini

ENCANTADO A adaptação dos haitianos

10 e 11 Empresa Fontana começa a produzir no Paraná

Divulgação

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Juremir Versetti

RODEIO DTG Guardiões do Rio Grande é campeão nas Danças Artísticas MIX - Pág. 11

Páginas

OLEOQUÍMICOS

ACIDENTE Pedestre morre atropelado no Lago Azul Página 13

PÓS-ELEIÇÕES

Denise e Irno Pretto falam de ameaças na campanha

Banco de Imagens/JO

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DOUTOR RICARDO

Justiça confirma vitória de Alvimar Lisot

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CASSAÇÃO DO EXECUTIVO

Comissão conclui processo em 12 dias

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DOUTOR RICARDO

JORNAL OPINIÃO n 30 de novembro de 2012

Justiça eleitoral absolve Lisot Decisão da juíza Juliane Pereira Lopes foi entregue ao Cartório Eleitoral de Encantado na tarde de ontem

Encantado - Em decisão proferida na tarde de ontem, a Justiça Eleitoral de Encantado julgou improcedente a ação que tentava a cassação da diplomação de Alvimar Lisot, prefeito eleito de Doutor Ricardo, e seu vice Adagir Pelegrini. O Jornal Opinião publica parte da sentença.

Informou a inicial que os representados consistem em Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador eleitos pela Coligação representada. Narrou que no dia 02 de outubro de 2012 foi realizado comício no Salão Paroquial do Município de Doutor Ricardo, ocasião na qual houve distribuição de alimentos e bebidas com o notório intuito de captar votos. Explicou que foi alugado o espaço físico e solicitado que o DTG Querência Nova realizasse a venda de alimentos e bebidas, contudo, os representados teriam distribuído gratuitamente fichas para recebimento desses produtos por seus simpatizantes. Alegou, ainda, que por determinação do atual Prefeito Municipal, Nilton Rolante, funcionários da Administração Municipal utilizaram-se de veículo público para deslocar até o local do comício mesas, cadeiras e demais utensílios necessários à realização do evento. Apontou, assim, violação ao artigo 41-A e ao artigo 73, I, ambos da Lei 9.504/97. Ao final, postulou a cassação da expedição do diploma eleitoral dos candidatos representados. Notificados, os representados apresentaram defesa, na qual, preliminarmente, sustentaram a intempestividade da representação, considerando que foi ajuizada mais de 23 dias após o fato. Ainda, apontaram a ilegitimidade passiva da Coligação. No mérito, sustentaram que houve efetivamente um comício na data mencionada na inicial, todavia a venda de bebidas ou alimentos foi feita exclusivamente às pessoas interessadas que se dirijiam à copa, mediante pagamento e com lucro revertido à entidade responsável pela venda. Afirmaram que não houve qualquer distribuição gratuita de fichas aos presentes em troca de votos. Apontaram que o declarante do documento de fl. 09, Nilton Mucelin, possui declarada preferência partidária, sendo filiado ao partido representante. Alegou que essa pessoa não era o responsável pela venda de fichas, o que era feito exclusivamente pelo Patrão do Departamento de Tradições Gaúchas, André Fantin – que não possui filiação partidária - conforme declaração trazida aos autos. Alegaram que é indispensável a comprovação do dolo. Em relação à conduta vedada, aduziram ser indispensável a demonstração da potencialidade do fato em desequilibrar o pleito eleitoral. Disseram que as fotografias trazidas aos autos apenas retratam o veículo do Município nas adjacências do Salão Paroquial, em data não identificada, e sem qualquer demonstração dos objetos que transportava. Observou que o veículo é utilizado na limpeza da praça que fica próxima ao local e também nos serviços de iluminação pública. Observaram que dispensável qualquer transporte de mesas ou cadeiras para o local, considerando que o Salão Paroquial já conta com tais objetos. Apontaram que a fotografia de fl. 13 revela veículo particular, adesivado com propaganda política, estacionado em data incerta em local público. Ressalvaram, ainda, que a eleição foi vencida com considerável diferença de votos. Impugnaram as testemunhas arroladas, observando que contam com filiação partidária ou ligação com o partido

representante e seus candidatos. Sustentaram que a ausência de prova dos fatos alegados deve ser punida com litigância de má-fé. Assim, requereram o acolhimento das preliminares ou a improcedência da representação. Juntaram documentos (fls. 22-102). O Ministério Público manifestou-se pelo parcial acolhimento da preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, pela improcedência da representação eleitoral (fls. 169-171).

PASSO A FUNDAMENTAR. De início, em razão da intempestividade da prova trazida aos autos junto com as alegações finais, deixo de conhecer do CD de fl. 223, que determino seja desentranhado dos autos e entregue ao procurador do representante. Dito isso, cumpre analisar as preliminares arguidas pelos representados. No que se refere à intempestividade da representação, observo que em se tratando de alegação de captação ilícita de sufrágio e prática de conduta vedada, pode a ação ser proposta até a diplomação, como expressamente prevê o § 3º do artigo 41-A e o § 12º do artigo 73, ambos da Lei 9.504/97. Assim, inexistindo prazo específico após a ocorrência dos fatos para a propositura da representação, tendo sido atendida a prescrição legal, não há intempestividade a ser reconhecida. No que se refere à legitimidade passiva da Coligação representada, observo que deve ser acolhida parcialmente, apenas no que se refere à alegação de captação ilícita de sufrágio. Com efeito, em relação à conduta vedada imputada aos representados, o § 8º do artigo 73 da Lei 9.504/97 dispõe que são aplicáveis as sanções legais não só aos candidatos que se beneficiarem da conduta vedada e aos agentes públicos por ela responsáveis, mas também aos partidos políticos e coligações. Portanto, em relação à alegação de conduta vedada, presente a legitimidade da Coligação representada. No que se refere à acusação de captação ilícita de sufrágio, contudo, somente responde o candidato beneficiado, na forma do artigo 41-A, § 2º, da Lei 9.504/97. Assim, reconheço a ilegitimidade da Coligação O Povo de Novo apenas no que se refere à alegação de captação ilícita de sufrágio. Não existindo outras preliminares a serem apreciadas, passo de imediato ao exame do mérito, observando a legitimidade passiva da Coligação representada exclusivamente em relação à prática de conduta vedada. A inicial imputa aos representados a captação ilícita de sufrágio, na forma do artigo 41-A da Lei 9.504/97, em razão da distribuição gratuita de alimentos e bebidas em comício realizado no Salão Paroquial do Município de Doutor Ricardo em 02 de outubro de 2012. Ainda, sustenta que foi utilizado veículo de propriedade da Administração Municipal e o trabalho de servidores municipais para levar até o Salão Paroquial mesas, cadeiras e utensílios para a realização do comício, incidindo na vedação do artigo 73, II, da Lei 9.504/97. Incontroverso que houve a promoção de comício pela coligação representada no dia 02 de outubro de 2012, com a utilização do Salão Paroquial. Em relação à alegação da distribuição gratuita de alimentos e

bebidas no comício, observo que a inicial veio embasada na declaração de fl. 09, firmada por Nilton Mucelin, na qual ele declarou que, na condição de integrante do DTG Querência Nova, era responsável pela venda dos produtos na data dos fatos e que Valentim Radaelli, pai do Vereador e representado Vagner Radaelli, adquiriu em um só momento 140 fichas de bebidas (cervejas e refrigerante) para distribuir ao público. Ainda, afirmou que as fichas eram pagas e distribuídas pelos representantes dos partidos, especialmente pelos candidatos a vereadores, prefeito e vice. Os representados contestam essa afirmação, trazendo aos autos o documento de fls. 76-77, consistente em declaração de André Fantin, patrão do DTG Querência Nova, na qual afirma que era ele quem trabalhava no caixa do evento, sendo que as fichas eram vendidas a quem comparecia no local, sendo que não foi vendido número elevado de fichas a uma única pessoa e não houve distribuição gratuita de fichas aos presentes no evento. Ao ser ouvido em Juízo, a testemunha Nilton Mucelin confirmou apenas parcialmente suas declarações, imputando a distribuição gratuita de fichas somente à Valentim Radaelli, pai do representado Vagner Radaelli, sem menção aos demais representados. Alegou a testemunha que Valentim teria adquirido R$ 140,00 (cento e quarenta reais) em fichas, o que, merece desde já ser dito, difere da declaração trazida aos autos, na qual consta que foram adquiridas 140 fichas, o que, certamente, independentemente do valor dos produtos, representaria valor econômico superior. Ainda, a testemunha esclareceu que somente entregava os produtos mediante a apresentação das fichas, sendo que quem vendia as fichas era o patrão do DTG, informação essa que não se coaduna com sua declaração inicial de fl. 09, na qual diz que era responsável pela venda dos produtos. Aliás, o valor unitário dos produtos vendidos indicado pela testemunha difere inclusive do valor confirmado pelo responsável pelo caixa, André Fantin, o que permite concluir que não tinha convicção sequer acerca do preço, o que é natural se apenas fazia a entrega dos produtos mediantes a apresentação das fichas previamente adquiridas. Ora, induvidoso que se a testemunha não era responsável pela venda das fichas, torna-se suspeita sua declaração de que teria ocorrido a aquisição de várias fichas por uma única pessoa, máxime considerando a contradição entre o número de fichas e o valor econômico declarado – afinal, teriam sido 140 fichas ou R$ 140,00 (cento e quarenta reais)? -, bem como sua ignorância sobre o valor unitário dos produtos. Por outro lado, suas declarações perdem ainda mais relevo na medida em que confrontadas com o depoimento de André Fantin (fl. 123), que declarou que era o único responsável pela venda de fichas e negou que Valentim Radaelli tenha feito a compra de várias fichas. Ainda, esclareceu que Nilton Mucelin apenas efetuava a distribuição das bebidas, mediante a apresentação das fichas. Merece relevo, igualmente, o depoimento da testemunha no momento em que refere que o lucro do evento foi de R$ 520,00 (quinhentos e vinte reais), com a venda de cerca de 250 garrafas de cerveja e cem de refrigerantes, ou seja, um valor bastante pequeno, incompatível com a alegação da

distribuição gratuita de bebidas aos presentes. Além da declaração de Nilton Mucelin – que não se mostrou digna de merecer crédito -, a acusação da distribuição gratuita de bebidas está sustentada, também, no depoimento de André Moresco, que, contudo, restringe-se a referir-se à conduta de Valentim Radaelli, pai do representado Vagner, sem menção à qualquer outro dos representados. Ao ser ouvido em Juízo, André Moresco referiu estava presente no comício e que ele e seus amigos receberam fichas de alimentos e bebidas de Valentim Radaelli, pai do representado Vagner. Afirmou que praticamente não havia compra de fichas, sendo que elas eram distribuídas a todos. Não soube referir quem distribuía as fichas, podendo citar apenas Valentim Radaelli. Alertado acerca da existência de crime, retratou-se, dizendo que recebeu apenas um ficha e que se soubesse que era em troca de voto não teria aceitado. Como bem observou o Ministério Público, a testemunha foi dúbia e hesitante em seu relato, do que não deixa dúvida, mais do que suas declarações, a gravação de imagem da audiência. Outrossim, o depoimento da testemunha restou isolado nos autos e, como visto, somente diria respeito ao representado Vagner e não aos candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito que também ocupam o polo passivo. Com efeito, as supostas pessoas referidas por André Moresco não vieram a Juízo dar seu depoimento, muito embora oportunizada sua oitiva na condição de testemunhas referidas, o que enfraquece a alegação. Assim, o que se concluiu, é que há nos autos apenas referência por André Moresco da suposta entrega de uma única ficha de bebida por Valentim Radaelli, pai do representado Vagner, sem qualquer menção aos demais representados e, ainda, assim, sua versão encontra-se isolada nos autos, não sendo amparada por qualquer outro elemento de prova. Reitero que a declaração da testemunha, além de isolada nos autos, é dúbia e hesitante, como antes referido e como também observou o Ministério Público em suas alegações finais. Não bastasse, a testemunha Alceu José Fassini (fl. 138), filiado ao partido representante, declarou que esteve no comício e não constatou qualquer distribuição gratuita de alimentos ou bebidas. No mesmo sentido foi o depoimento de Hilton Dornelles dos Santos (fl. 140), de João Carlos Mella (fl. 144) e de Saudir Antônio Brembatti (fl. 147) - sendo as duas últimas testemunhas filiadas ao partido representante -, negando qualquer distribuição gratuita de alimentos ou bebidas no evento, no qual estavam presentes. Aliás, observo que os valores dos alimentos e bebidas declarados como adquiridos por essas testemunhas com seus próprios recursos são compatíveis com o valor declarado pela testemunha André Fantin e divergem do valor indicado por Nilton Mucelin, enfraquecendo ainda mais suas declarações, como já visto. Assim, em relação à suposta captação ilícita de sufrágio, constato que não há qualquer prova relevante nos autos capaz de sustentar a acusação. Diferente não é em relação à alegação de conduta vedada, que consistiria na utilização de veículo do Município e da mão-de-obra de servidores municipais para deslo-

car até o local do comício mesas, cadeiras e outros utensílios. Observo que as fotografias de fls. 11 e 12 retratam a existência de um veículo que seria de propriedade do Município em local próximo ao Salão Paroquial. Não há nas fotografias identificação da data e não se percebe que o veículo contenha qualquer mesa, cadeira ou utensílio que possa ser ligada à organização do comício. Ao contrário, as fotografias revelam apenas um tonel preto na caçamba do veículo (fl. 12). A testemunha Natália Potrich (fl. 128), filiada ao partido representante, declarou ser a responsável pelas fotografias, esclarecendo que as tirou no dia da realização do comício. Disse ela que reside em frente ao Salão Paroquial e viu movimentação de carros públicos da prefeitura, que, segundo ela estavam descarregando mesas, bancadas e cadeiras. Desde já destaco que a fotografia revela um único veículo da Administração Municipal e não vários veículos, como inicialmente referiu a testemunha. Ainda, a testemunha confirmou que no Salão Paroquial já existem cadeiras e mesas, mas reiterou que houve o transporte. Descreveu que se tratavam de cadeiras de palha e mesas de madeira. Afirmou não ter visto um tonel, único objeto retratado nas fotografias que diz ter tirado. Confirmou que próximo ao local há uma praça e uma igreja e já viu funcionários da prefeitura trabalhando no local antes. Referiu que viu eles descarregarem as mesas, tirando-as da caminhonete, mas alegou que não teve tempo de fotografar esse fato. Esclareceu que tirou as fotos já na praça, sendo que estava na frente de casa quando viu o veículo passar, pegou a máquina e foi até o local. Observo que a testemunha não explica de maneira convincente de que forma, tendo visto a aproximação do veículo com mesas e cadeiras, estando extremamente próximo do local como relata, não pode tirar foto ao menos do descarregamento das supostas mesas e cadeiras, que não é um ato imediato, mas que se prolonga no tempo. Não bastasse, seu depoimento colide com as afirmações de Márcia Balestro Girotto (fl. 134). Com efeito, essa testemunha refere que estava trabalhando em sua empresa quando recebeu uma mensagem afirmando que a máquina pública estaria prestando serviços para a coligação. Disse que ligou imediatamente para Natália, que reside próximo ao local, e pediu que ela averiguasse o que ocorria, sendo que Natália informou que já sabia dos fatos e estava providenciando fotografias. Referiu que então foi até o local e visualizou a caminhonete carregada com cadeiras e mesas ainda passando por perto do local e viu quando eles descarregaram no salão paroquial. Reiterou que viu o veículo passando na rua e depois estacionado. Afirmou que os funcionários que estavam no local eram Leandro Mariotti e Valer. Não soube dizer como eram as mesas e cadeiras, referindo apenas que eram de madeira. Esclareceu que no Salão Paroquial são realizado diversos eventos e há mesas e cadeiras disponíveis. Observa-se, assim, que Márcia refere que, mesmo não estando próximo ao local como Natália, ter tido tempo de ligar para Natália – que já sabia dos fatos – pedindo que tirasse fotografias, deslocarse até o local e ver ainda o veículo passando em frente ao Salão Paroquial, estacionando e descarregan-

do os objetos. Ou seja, se Márcia teve tempo de praticar todos esses atos e pode visualizar o veículo ainda antes de estacionar, com mais razão Natália teria tempo de pegar a máquina fotográfica e registrar, ao menos, o descarregamento das supostas mesas e cadeiras. Pelo raciocínio inverso, se Natália não teve tempo de fotografar, é Márcia quem falta com a verdade ao dizer que visualizou o veículo passando, estacionando e descarregando os objetos. Nesse contexto, a contradição entre os depoimentos é insuperável e lhes retira qualquer força de convicção. Não bastasse, as testemunhas são uníssonas em referir que no Salão Paroquial realizam-se eventos diversos e estão disponíveis mesas e cadeiras, de forma que, efetivamente, não haveria motivo para o deslocamento alegado, máxime em um pequeno veículo, que revela um número muito pequeno de mesas ou cadeiras que poderiam ser agregadas ao local. Nesse sentido, da existência de cadeiras no local, foi o próprio depoimento de Márcia e Natália, além de Hilton Dorneles dos Santos (fl. 140) e João Carlos Mella (fl. 144). A declaração de fl. 85, firmada pela Secretaria Paroquial, também confirma a existência de cadeiras, mesas e bancas no Salão Paroquial. Além disso, observo que os documentos de fls. 150-160 explicam que no dia dos fatos os servidores municipais estavam realizando, no dia dos fatos, serviço de manutenção, limpeza e ajardinamento da praça municipal, próximo à Igreja Matriz do Município, sendo que o veículo indicado nos autos foi utilizado para o transporte de tonel com terra para colocação nos canteiros e retornou com o lixo recolhido do local. Ainda, foi esclarecido que há contrato de comodato do Município de Doutor Ricardo com a Mitra Diocesana, o que justifica a manutenção realizada no local. Assim, observa-se que a explicação oferecida pelo Município de Doutor Ricardo, trazida aos autos a pedido da própria parte representante, faz derruir por completo a acusação lançada, na medida em que esclarece o que o veículo fazia no local em que foi fotografado, que, conforme esclareceram as testemunhas, é próximo ao Salão Paroquial, mas também à Igreja Matriz e à praça referida. Observe-se, inclusive, que convincente a explicação acerca da presença do tonel registrado na caçamba do veículo, único objeto visível e que, estranhamente, não foi sequer visto pela responsável pelas fotografias. Assim, nesse contexto, percebe-se que a prova reunida ao feito não é capaz de sustentar minimamente qualquer das alegações da inicial. A falta de provas possui dimensão que efetivamente aproxima-se da litigância de má-fé, cujo reconhecimento foi postulado pela parte representada. Contudo, tenho que o limiar entre a insuficiência probatória e a deliberada intenção de promover lide temerária não foi claramente ultrapassado, razão pela qual, embora reconhecendo indícios que permitem qualificar como uma aventura judicial a propositura da representação, deixo de condenar pela litigância de má-fé. Pelo exposto, julgo improcedente a representação. Juliane Pereira Lopes, Juíza de Direito


CÂMARA DE VEREADORES

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CASSAÇÃO DO PREFEITO E VICE

Primeira Comissão conclui processo em até 12 dias Diogo Daroit Fedrizzi Encantado - A primeira Comissão Processante instalada na Câmara de Vereadores, que analisa o pedido de cassação do prefeito Paulo Costi e do vice José Calvi pela suspeita de contratação irregular do servidor público Gilberto Dacroce, ouviu na quartafeira (28) as testemunhas indicadas pela defesa. Das 20 pessoas listadas, 10 não compareceram na sede do Legislativo, inclusive, o prefeito e o vice. Entre as testemunhas que não vieram a Encantado estão os deputados Jerônimo Goergen, Ronaldo Santini e Luis Carlos Busatto, além do presidente estadual do PP, Celso Bernardi, e do presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), o ex-ministro Francisco José Turra. O presidente da Comissão Cláudio Roberto da Silva (PMDB) encarou com naturalidade a ausência dos integrantes do Executivo. Segundo ele, trata-se de estratégia da Diogo Daroit Fedrizzi

Nesta semana foram ouvidas as testemunhas da defesa. Prefeito e vice não compareceram defesa para tentar ganhar tempo. “A única coisa que a Câmara vai analisar é se a contratação do servidor foi legal ou não, se ele, na época, estava impedido de ser nomeado ou contratado ou não, e se esse fato constitui infração político administrativo previsto na lei”, comenta Cláudio. Conforme o vereador, as consequências do não comparecimento sem justificativa plausível são de que o processo segue à revelia. “E, quando ocorre a revelia, os acusados perdem o direito de serem comunicados de todos os atos do processo. Até quarta-feira, a Comissão tinha a obrigação, sob pena de infringir a Constituição Federal, de ir atrás dos acusados e comunicálos de tudo o que estava acontecendo. A partir de quarta-feira, se esvai a nossa obrigação. Não precisamos mais correr atrás, que é o que estava acontecendo, que, por sinal, estava se tornando um desrespeito”, diz. Cláudio revela que diversas situações atendeu à solicitação da defesa e mudou o rito do processo.

Segundo ele, por duas vezes, o depoimento dos acusados foi adiado. Em outro momento, a audiência foi remarcada atendendo a um pedido do advogado, que argumentou ter outra audiência agendada para o mesmo dia. “Fizemos isso sempre com o objetivo de proporcionar a mais ampla defesa, mas tudo tem limite. Por exemplo agora, querer que a Comissão pare os trabalhos para ouvir o Francisco Turra no dia 10 de janeiro? Procuramos garantir o direito de defesa, mas não somos ingênuos. Estamos presidindo a Comissão ao pé da letra da lei”, afirma. O Executivo tem cinco dias de prazo (até terçafeira, dia 4) para elaborar a defesa por escrito e entregar à Comissão Processante. Conforme Claudio Roberto da Silva, o processo deve ser concluído em até 12 dias. Depois, cabe ao presidente da Câmara, Eldo Orlandini, definir a data do julgamento. “Entregando ou não a defesa, a Comissão vai se reunir, deliberar e entregar o parecer para o presidente da Câmara”, disse Cláudio.

“Eles não foram por retaliação”

O advogado Márcio Arcari, que atua no departamento jurídico da prefeitura, esclareceu os motivos da ausência do prefeito Paulo Costi e do vice José Calvi na audiência da Comissão Processante. Segundo ele, o não comparecimento foi um sinal de protesto pelo fato de o presidente da Comissão ter negado o adiamento da oitiva de três testemunhas que são deputados. “Os deputados possuem prerrogativa legal de não poder estar presente e escolher uma nova data. Diante desse cerceamento de defesa, como retaliação, o prefeito e o vice não foram.

Até porque não iria mudar muita coisa para a Comissão, que já está fazendo um julgamento puramente político”, explica Arcari. Para ele, a instalação das Comissões se trata de uma jogada puramente política para tentar cassar o mandato do prefeito e tomar o poder. “Vamos trabalhar até a última instância para defender o prefeito e demonstrar que ele não praticou nenhuma irregularidade. E que ele possa terminar o mandato e assumir novamente no próximo ano, como lhe foi garantido nas urnas”, comenta.

AS TESTEMUNHAS QUE NÃO COMPARECERAM As testemunhas que não compareceram na oitiva de quarta-feira (28) foram as seguintes: Do lado do prefeito Paulo Costi • Celso Bernardi (informou estar impossibilitado de comparecer) • Francisco Sergio Turra (informou estar impossibilitado de comparecer) • Jerônimo Goergen (informou estar impossibilitado de comparecer) • Agenor Casaril • Bruno Irion Coletto (AR voltou - mudou-se)

Do lado do vice José Calvi • Ronaldo Santini (informou estar impossibilitado de comparecer) • Luiz Carlos G. Busatto (informou estar impossibilitado de comparecer) • Germano Francisco Dall Valentino (AR voltou - não existe o número indicado no endereço) • Luciano Sandri (justificou a ausência no dia 29/11/2012) • Fábio André Gisch

Aprovado orçamento de R$ 44,9 milhões. R$ 3 milhões ficam para a Câmara

Cláudio Roberto da Silva é o presidente da Primeira Comissão Processante

Os vereadores aprovaram na sessão de segunda-feira (26) a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2013. A estimativa de receita é de R$ 44,9 milhões. Duas emendas foram incluídas. Uma atende solicitação da Associação Comercial e Industrial de Encantado (Aci-E), que repassa R$ 100 mil para a realização da Suinofest. Outra matéria refere-se ao Orçamento do Legislativo e foi apresentada pela bancada de oposição. O novo texto determina até 7% do valor total para as despesas dos parlamentares, conforme determina a Constituição Federal. No texto original da LDO encaminhado pelo Executivo, a estimativa de gastos ficava em R$ 1,2 milhão. Com a emenda, o Orçamento da Câmara passa a ser de R$

3,143 milhões. A situação votou contra. Jonas Calvi (PTB) e Sander Bertozzi (PP) argumentam que mantiveram a coerência. “Pregamos o ano todo que os gastos deveriam ser limitados em até 4%”, disse o líder de governo, Sander Bertozzi. Do lado da oposição, Cláudio Roberto da Silva (PMDB) justificou que os atuais vereadores não poderiam engessar a próxima Legislatura e reduzir o repasse. “Cabe ao próximo presidente definir os gastos”, falou. Outros três projetos foram aprovados. As matérias abrem créditos suplementares que somam R$ 751 mil. O dinheiro serve para a área da saúde, prestação de serviços de iluminação pública e de limpeza.


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GERAL

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Fontana amplia investimentos em oleoquímicos e começa a produzir no Paraná Diogo Daroit Fedrizzi Disposta a ampliar a produção de oleoquímicos, a empresa Fontana faz investimentos no Paraná. Desde o dia 29 de outubro, uma unidade instalada em Ibiporã, distante 14 quilômetros de Londrina, entrou em funcionamento. A planta industrial existe desde 2008 e foi arrendada pelos empresários encantadenses. Conforme o diretor Ricardo Fontana, a estrutura pronta e a proximidade com o mercado consumidor foram fatores que estimularam a concretização do negócio. “A nossa unidade de Encantado está adequada para atender a demanda da região Sul. Como aumentamos nossos negócios nas demais regiões, tivemos que observar também a questão logística e, por isso, escolhemos o Paraná”, diz. Cerca de R$ 120 mil foram aplicados na adequação, manutenção dos equipamentos e melhorias do prédio da unidade arrendada. A capacidade de produção é de 30% do volume atualmente instalado em Encantado. A unidade gerará 20 empregos diretos quando operar a plena produção. Todos empregados são paranaenses. Produção ganha força Na década de 90, a Fontana deu os primeiros passos no setor de oleoquímicos, com a produção Diogo Daroit Fedrizzi

Empresa encantadense arrendou uma planta industrial na cidade de Ibiporã

de ácido graxo destilado, oriundo do sebo bovino. “Na época, a área petroquímica era mais competitiva que a de produtos orgânicos, e não tivemos muito sucesso”, lembra o diretor Ricardo Fontana. A partir de 2004, a empresa percebeu que o mercado voltava a ter interesse nesse tipo de matéria-prima. “Foi uma nova oportunidade que surgiu. Lentamente, retomamos a venda do ácido graxo destilado, até derivar para outros produtos como o ácido esteárico, o ácido graxo semi-hidrogenado, o sebo hidrogenado, o ácido oleico e a glicerina”, explica. O ácido graxo é a matéria-prima que serve de base, por exemplo, para produzir o amaciante de roupas e na indústria de borracha. Na lista de clientes, a Fontana possui as principais empresas do segmento químico e petroquímico que produzem matérias-primas utilizadas na fabricação de borracha sintética. “Agora, o trabalho começa a surtir efeito satisfatório, tanto que a gente está buscando viabilizar o aumento e o investimento neste mercado. Hoje, a Fontana ocupa uma posição de destaque no setor”, acrescenta Maurício. Ele cita duas empresas paulistas, uma paranaense e outra argentina como os principais concorrentes. A estimativa de faturamento em 2012 se aproxima dos R$ 30 milhões. Para 2013, a projeção é de 30% a 40% de aumento no faturamento.

Cerca de R$ 120 mil foram aplicados na adequação, manutenção dos equipamentos e melhorias do prédio da unidade arrendada em Ibiporã

Novos investimentos Gradativamente, a Fontana planeja novos investimentos na produção de oleoquímicos, entre eles, a construção de uma nova planta industrial. “Nossa primeira etapa foi o arrendamento desta unidade no Paraná. Agora, vamos fazer um estudo de viabilidade de uma nova planta. Temos que analisar uma série

Glicerina Alimentos, bebidas, balas e doces; cosméticos, higiene e limpeza; resinas, tintas e vernizes; ceras especiais, farmacêutica, explosivos e tabaco. Ácido Esteárico Dupla Pressão Plásticos e matéria-prima para

de situações: os custos, os recursos de terceiros, as fontes de investimentos, a localização estratégica. Surgem várias oportunidades, temos que ver qual é a melhor que se enquadra no nosso contexto”, comenta Maurício, que assegura, porém, que a indústria de higiene e limpeza ainda é o principal carro-chefe. “É nossa origem, temos um nome muito forte, principalmente, na região Sul”.

Aplicações dos oleoquímicos tubos de PVC; borracha (vulcanização). Ácido Esteárico Tripla Pressão Massa para polimento,têxtil, estearatos metálicos, velas, ceras, ésteres, produtos químicos

Ácido Graxo Destilado de Sebo Síntese de borracha, emulsificante asfáltico e quaternário de amônia (amaciantes)

Ácido Oleico Formulação de tintas em geral; cápsulas para medicamentos; óleos e graxas especiais; ésteres.

R$ 30 milhões é a estimativa de faturamento da Fontana em 2012 no setor de oleoquímicos ONDE FICA

Diretores da Fontana, Ricardo e Maurício Fontana

O município de Ibiporã está situado no terceiro Planalto Paranaense, distante 400 quilômetros de Curitiba, 500 quilômetros da cidade de São Paulo e 14 quilômetros de Londrina. Distância de Encantado: 935 quilômetros População total: 48.200 habitantes Altitude: 497 metros Área: 302 km2



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ESPECIAL

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A rotina dos haitianos Passado cerca de um mês e meio desde a chegada a Encantado, os haitianos dizem estar habituados com a cidade, costumes, pessoas e com o trabalho. Eles chegaram no dia 12 de outubro e foram contratados para suprir a carência de mão de obra na empresa Dália Alimentos. Um contrato de seis meses foi firmado com o Hotel Hengu para a hospedagem dos novos funcionários da Cooperativa. Durante uma semana, o Jornal Opinião acompanhou os estrangeiros pela cidade. REPORTAGEM: Henrique Pedersini Ivonete Tramontini Teixeira

Estada no Acre Antes de virem para Encantado, os haitianos estavam na cidade de Brasiléia, a 237 quilômetros da capital do Acre, Rio Branco. Foi quando a supervisora do setor pessoal Sandra Lucca, acompanhada da advogada da Dália Alimentos, Elisa Claudia Sott, viajou até o local para selecionar os futuros trabalhadores da Cooperativa. “Eles foram muito esforçados em tentar se comunicar com a gente, apesar de não falarem português, e todos, apesar das condições mínimas estavam bem apresentados, limpos e foram muito educados, respeitosos e organizados”, comentou Sandra. Considerado um dos líderes do grupo, Jean Pierre Junior era estudante do quinto semestre da faculdade de Medicina no país. Ele revela que os tempos no Acre foram de sofrimento. “Fica-

mos em uma fronteira entre Brasil e Peru durante quatro meses sofrendo muito com a questão de fome, saúde e sem sabermos o que seria de nós, até conseguirmos os documentos que precisávamos para ingressar no Brasil. Depois foram cerca de dois meses de mais sofrimento e espera por outras documentações até que a empresa veio para fazer a seleção e nos contratar”, relembra Junior. Após a chegada dos representantes da Dália ao Acre, Junior conta que o processo de seleção e a vinda para Encantado foram demorados. “É claro que a vontade que tínhamos em sair do sofrimento e vir logo para o Rio Grande do Sul trabalhar era muito grande, por isso pareceu que esses dias de seleção e burocracia com documentos não terminavam nunca, até que veio um ônibus e nos trouxe, penso que todo esse processo demorou uns quatro dias”, diz.

No hotel Hengu, onde estão hospedados em Encantado

Convidado a cantar uma pequena parte de umas das músicas, ele não perdeu tempo “Eu quero Tchu, eu quero Tcha”, apresenta-se Junior, sendo observado por Tony, que ri da apresentação do amigo.

O BRASIL

A chegada dos haitianos a Encantado aconteceu no dia 12 de outubro, por volta das 19h. Os 50 imigrantes trazidos pela Dália Alimentos foram instalados no Hotel Hengu, no bairro Planalto. Tony administrava um Hotel no Haiti e fazia faculdade de Comunicação, além de jogar futebol em um time profissional do país. Ele diz que sempre teve boa imagem do povo brasileiro, sentimento que confirmou na chegada. “Sempre tivemos uma boa impressão dos brasileiros, muito através do futebol, pois é o que mais falam a respeito do Brasil em todo o mundo. Nesses dias que estamos aqui não sofremos nenhum tipo de destrato nem coisa parecida, somos bem recebidos em todos os

lugares que vamos, nos consideram uma atração”, brinca o sorridente Tony. Já o estudante de Medicina, Junior, revela que tinha estudado a cultura do povo brasileiro na faculdade. “Em uma das disciplinas lembro que falamos sobre os brasileiros, por um lado foi mencionada a violência e também a corrupção, por outro foi nos mostrado as belezas naturais, como as praias e a Amazônia, além é claro das belas mulheres que o Brasil sempre teve. Sobre a cidade de Encantado, não sabíamos muita coisa”, lembra. Os haitianos ainda comentam que a Dália Alimentos deu um suporte importante nos primeiros dias, até que eles estivessem habituados. “Qualquer dúvida que tínhamos, procurávamos a própria

empresa. Além do mais fizemos muitos amigos com o passar dos dias e eles nos ajudaram a conhecer aquilo que precisávamos”, lembra Tony. Junior diz que admira a cultura brasileira e menciona que tinha contato com brasileiros no Haiti. “Sempre admirei a história da Independência do Brasil, me chamou a atenção também o fato de ser o único país na América a falar o português, além de ser o terceiro maior do mundo, tudo isso além do futebol. O que mais nos impressionou é que aqui não se percebe racismo, e também que há muitos soldados brasileiros no Haiti em missão de paz, além de o chefe da ONU (Organizações das Nações Unidas) no departamento de segurança, ser brasileiro”, comenta.

Adaptação rápida e natural Temperatura Os haitianos chegaram ao Brasil no mês de outubro, período que começa a estação da Primavera. Perguntados sobre a questão de uma mudança de temperatura, um deles lembra que o atual clima da cidade é muito parecido com o do Haiti. “Isso faz como que nossa adaptação seja rápida”, comenta um dos estrangeiros. Junior avisa que eles não gostam do frio. “Nosso país é tropical e faz muito calor, nosso povo é meio tímido e o frio contribui para isso, o calor não nos incomoda”, diz. AlimentaÇÃo No que diz respeito à alimentação, a adaptação também foi muito rápida, pois os alimentos consumidos no país de origem e no Brasil são semelhantes. “No Haiti também éramos acostumados a comer feijão com arroz e carne de porco e frango, além de saladas. Não temos nenhum tipo de restrição com comidas, afinal as

dificuldades que passamos foram muitas e seria errado adotar esse tipo de postura”, afirma. Segundo a responsável pelo refeitório, os haitianos aderiram à famosa feijoada. “É um orgulho para nós ver as bandejas nos dias em que o cardápio conta com esse prato. Eles gostam muito do feijão e arroz, além de saladas e qualquer tipo de fruta”, afirmou a funcionária da cooperativa. Costumes Um das marcas registradas dos haitianos sempre foi a música. Dificilmente, eles são vistos circulando por Encantado sem os fones de ouvido, escutando canções tradicionais de seu país. Entretanto, as músicas brasileiras também fazem sucesso entre eles. “Nós gostamos sim das músicas locais,

o estilo conhecido como “Compa” é o mais ouvido, mas admiramos muito as músicas internacionais, o estilo Hip Hop é a grande sensação entre o público mais jovem do Haiti, tanto garotos, quanto garotas passam o dia cantando e dançando Hip Hop. Outros haitianos preferem as brasileiras”, explica Junior. Convidado a cantar uma pequena parte de umas das músicas, ele não perdeu tempo “Eu quero Tchu, eu quero Tcha”, apresenta-se Junior, sendo observado por Tony, que ri da apresentação do amigo.

Ivonete Tramontini Teixeira

Haitianos com Neucir Francisco Bigolin


ESPECIAL

JORNAL OPINIÃO n 30 de novembro de 2012

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Ivonete Tramontini Teixeira ReligiÃo Indagados sobre temas religiosos, eles deixam bem claro que, independentemente da religião seguida, a fé é algo presente no dia a dia deles. “A exemplo do Brasil, a religião com o maior número de adeptos é a Católica, mas como somos descendentes de africanos temos representantes do Vudu no país, além de adventistas, entre outras igrejas”, relata. Idioma O idioma utilizado é o crioulo. Entretanto, muitos sabem outras Línguas, em razão de terem morado em outros países, como é o caso de Tony. “As pessoas querem saber quantas línguas nós falamos. Eu, por exemplo, sei o inglês, francês e um pouco de espanhol. O desafio agora é o português”, brinca. Ajuda aos familiares Um dos compromissos dos haitianos com a vinda para trabalhar em Encantado é ajudar os familiares que ficaram no país. Junior destaca que o envio de dinheiro aos familiares requer um valor elevado de

O trabalho na DÁlia São três casais que trabalham nas granjas, dois homens que foram destinados ao setor de rações os outros 42 ocupam vagas no frigorífico, no setor de abate e desossa. Junior lembra que quando chegaram a Encantado não faziam nem ideia de como seria o local onde trabalhariam. “Não fazíamos ideia do que encontraríamos na Dália, além da faculdade na República Dominicana, eu estava trabalhando como técnico em informática e agora estou na Dália alimentos, é uma grande diferença”, comenta. Já Tony chama atenção para a repentina mudança de vida. “Eu cuidava de um Hotel no Haiti, aqui eu trabalho no carregamento de milho, são ramos bem distintos, leva um tempo para aprender”, acredita. O deslocamento do Hotel até a sede da empresa na Rua Guerino Lucca é feito de ônibus. Responsáveis pelos setores onde trabalhariam os haitianos receberam instruções sobre o idioma deles para facilitar a comunicação. A adaptação por parte deles foi tão rápida que eles acreditam na vinda de mais conterrâneos para os próximos meses. “Existe sim a possibilidade da vinda de mais haitianos. Acredito que isso irá acontecer, pois a empresa precisa de mão de obra e nós de trabalho. É bom para todos”, pondera. O Futebol Os haitianos relacionam diretamente o Brasil com o futebol. É uma das razões que os motivou a escolher o país. Junior chegou a atuar pela seleção do país quando jovem. Tony e Lisi também eram atletas de futebol. Eles comentam a importância do esporte para eles. “O futebol nos faz esquecer um pouco o que passamos no Haiti, devemos comemorar o fato de o povo daqui ser educado e nos convidar todas as semanas para jogar. Acabamos chamando atenção das pessoas”,

taxa. “Logo no começo tínhamos muitos problemas para enviar dinheiro ao Haiti, quase não conseguíamos. Agora descobrimos uma agência de Lajeado que faz esse serviço, mas a taxa que devemos pagar para conseguir mandar é muito alta, mas seguiremos ajudando nossos familiares de lá”, afirma. Tony argumenta que cada haitiano tem sua própria história e não podem ser consideradas pessoas diferentes. “Cada um de nós que está aqui, e outros que estão espalhados pelos cantos do mundo, tem a sua própria história de dor, luta, sofrimento e superação e podem se considerar honrados por isso, porém não nos sentimos diferentes de nenhuma pessoa, e pretendemos reconstruir nossas vidas aqui no Brasil”, projeta Tony. Sobre o contato com familiares, eles revelam que é muito difícil pela distância e pelas condições no Haiti. “É praticamente impossível, pois as condições no nosso país não são muitas e a distância é muito grande. Sentimos muitas saudades dos familiares e sonhamos com a possibilidades de revê-los em breve”, comenta um deles.

Henrique Pedersini

Júnior e Lisi, no futebol

brinca. No Haiti, viver apenas do futebol não é permitido. Tony ainda lembrou que isso o impediu de ter feito sucesso. Sobre seleção brasileira, eles comentam que sabem o nome de todos os jogadores e que sempre foram fãs do futebol brasileiro. “Sabemos tudo, Ronaldo, Ronaldinho, Robinho, Kaká, Neymar, absolutamente todos”, avisa um deles.

Apelo Sempre descontraídos, educados e atenciosos, os haitianos repetiram por diversas vezes o interesse no estudo e em permanecer no Brasil. Junior e Tony chegaram a fazer um apelo, pedindo para que a empresa Dália Alimentos e a Polícia Federal os ajudem a permanecer no Brasil. “Estamos gostando muito do Brasil, e por isso queríamos aproveitar esse espaço para fazer um apelo à Polícia Federal e Dália Alimentos que nos ajudem a conseguir nosso visto permanente para poder trazer nossa família para cá conta Tony. O compatriota Junior lembrou que é a chance de eles reconstruírem suas vidas. “Jamais teremos outra chance como essa de recuperar o que perdemos, desejamos trazer nossos familiares e para isso precisamos dessa ajuda”, diz.

Ivonete Tramontini Teixeira

Momento de integração com encantadenses

Padre Genoir Piettá palestrou para os haitianos

A imigração haitiana O ano de 2012 ficará marcado como o ano do desafio migratório para a comunidade de Encantado. Se em 1882, Encantado recebia imigrantes italianos que vinham povoar estas terras, 130 anos depois, se confirma a vocação para a acolhida desta comunidade, quando recebe 50 imigrantes haitianos contratados pela Dália Alimentos. Para nós, esta é uma nova modalidade de imigração: povos que precisam buscar outra pátria, como conseqüência de catástrofes ou mudanças climáticas. O Movimento Leigo Scalabriniano, é um Movimento da Igreja Católica, ligado à Congregação dos Missionários de São Carlos – Scalabrinianos, Congregação que está presente em Encantado há 116 anos, fundada em 1887 pelo Bispo italiano João Batista Scalabrini, em Piacenza, Itália. Scalabrini, em 1889, também inspirava a fundação do Patronato São Rafael, formado por leigos. Scalabrini pensava que aonde o sacerdote não tinha condições de chegar, um leigo chegaria: no mundo do trabalho, na política, nas associações de classe... Durante muitos anos os leigos acompanharam os imigrantes nos portos de embarque da Itália e desembarque nas Américas, na viagem de navio, intermediaram os contratos de trabalho evitando assim que os imigrantes fossem lesados ou enganados. Eram profissionais liberais que se dispunham a trabalhar voluntariamente. Muitos anos se passaram e este trabalho foi caindo no esquecimento. Em 1992, a Congregação Scalabriniana, retomou este trabalho com leigos e desde 1994, aqui em Encantado temos um grupo ativo de pessoas. O leigo Scalabriniano, é aquele que por causa de seu Batismo, decide viver a sua vocação cristã no serviço ao migrante. Somos mães e pais de família, pessoas solteiras, jovens e de mais idade, que além de seus compromissos familiares e profissionais, se dispõem a dar algumas horas do seu dia aos migrantes através de trabalho voluntário. Entre muitas outras tarefas, procuramos fazer a acolhida das pessoas

que chegam à nossa cidade através das Zeladoras de Capelinhas, acompanhamos com nossas orações, informações e correspondências as pessoas de nossa comunidade e região que moram em outros países bem como as suas famílias e procuramos divulgar através dos Meios de Comunicação a realidade do fenômeno da Mobilidade Humana na atualidade. E gostaríamos de salientar que nosso trabalho não tem conotação religiosa. Acolhemos e ajudamos a todos, independente de raça, credo, cor e cultura. Pensamos no migrante como um ser humano merecedor de nosso amor e atenção, respeitando a sua opção religiosa. Em outubro deste ano, o grupo de leigos Scalabrinianos e os Sacerdotes da Paróquia São Pedro tomou conhecimento de que chegariam 50 haitianos vindos do Acre. Em contato com funcionários da Cosuel, ficamos sabendo da necessidade de termos roupas limpas e agasalhos para quando chegassem. Em menos de 48 horas, grande quantidade de roupas nos foi entregue pela comunidade, numa grande rede de solidariedade. Algumas horas após terem chegado à nossa cidade, cada um deles recebeu algumas peças de roupa em perfeitas condições de uso. Neste primeiro contato, começamos a compreender o grande desafio que se oferecia a nós. Tivemos outros momentos de encontro onde fomos construindo um relacionamento afetivo e próximo. No dia 20 de novembro, esteve em nossa cidade em visita ao grupo de haitianos, o Pe. Gustot Lucien, haitiano, sacerdote Scalabriniano que trabalha em Curitiba (PR) e o Pe. João Marcos Cimadom, do CIBAI- Migrações de Porto Alegre. Foi um momento rico de emoção. Encontrar alguém com quem falar em nossa própria língua, num país que não é o nosso, é algo indescritível. Um novo e grande desafio Nesta semana iniciamos um grande projeto, que visa dar o conhecimento da língua portuguesa. Através de professores voluntários, estamos organizando grupos de haitianos para que possam

conhecendo o português, se relacionar e viver melhor em nossa cidade. Com poucos conhecendo outros idiomas como o inglês e o espanhol e tendo como língua mãe o crioulo (uma ramificação do francês), toda uma metodologia de ensino está sendo pensada e preparada com a finalidade de que o aprendizado aconteça de maneira rápida e eficiente. Neste projeto, temos a parceria da Administração Municipal através da Secretaria Municipal de Educação que nos ofereceu a estrutura física no Centro Municipal de Educação e o material básico: cadernos, canetas, lápis... a quem agradecemos muito. Também a empresa Dália Alimentos se colocou a disposição para eventuais necessidades. Dentro do grupo de haitianos, existem vários níveis de escolaridade; a maioria com ensino fundamental, alguns com nível técnico e outros que cursavam universidade. Poucos possuem comprovantes e documentos de escolaridade sendo que o principal objetivo deste projeto é propiciar o conhecimento básico da língua portuguesa para que possam se expressar e se fazer entender. Scalabrini, guardando as devidas proporções, comparava o imigrante a um surdo-mudo pois desconhecendo a língua falada ele não consegue se expressar, se fazer entender e compreender o que as pessoas dizem. O desconhecimento da língua pode assim ser motivo de isolamento do imigrante. Nesta semana em que a Congregação dos Missionários de São Carlos – Scalabrinianos celebra os seus 125 anos de fundação (28 de novembro), os leigos Scalabrinianos se sentem felizes de comungar deste carisma, que é o atendimento ao migrante e agradecem a comunidade de Encantado pela parceria nos momentos de necessidade e pelo espírito de acolhida e fraternidade que sempre dispensaram aos que aqui chegam e especialmente agora, com este grupo de haitianos. Ivonete Tramontini Teixeira Coordenadora dos leigos Scalabrinianos


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ENTREVISTA

JORNAL OPINIÃO n 30 de novembro de 2012

“A política de Encantado ainda é provinciana” Terceira colocada nas eleições de Encantado com 483 votos, a candidata Denise Pretto (PSDB) se manifesta pela primeira depois de 7 de outubro. Acompanhada do marido Irno Pretto, ela foi entrevistada pelo Grupo Encantado de Comunicação. Identificados historicamente com o PP encantadense, os dois avaliam a campanha pelo novato PSDB, falam de ameaças sofridas, da rixa política existente no município e revelam que esperavam um resultado mais expressivo nas urnas. Confira os principais momentos. Entrevista: Milton Fernando; Adaptação do Texto: Diogo Daroit Fedrizzi

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A divisão política A política de Encantado ainda é provinciana, é do tempo que havia dois partidos só, Arena e MDB. Lembro-me do meu sogro, ele foi, inclusive, ameaçado pelo outro lado. Sofremos, e eu sentia muito. A divisão política ainda existe. Espero que a minha passagem como mulher, como outra via, tenha sido o começo de um fim de dois partidos somente. Acho necessário um melhor entendimento, e as pessoas devem ter a coragem de escolher a melhor proposta. Porque muitas vezes eu falava na proposta, e os outros dois falavam

de

O contato com os eleitores O que mais me deixou chateada foi que onde nós entrávamos, talvez porque eu sou mulher, e porque eu estava candidata, todos me apoiavam, me beijavam, me agradavam e diziam: “que boa essa tua proposta de mudança”. O que eu falei nos debates na Rádio

O comportamento dos adversários A leitura que eu faço é a seguinte: o Paulo queria ganhar. O Baixinho queria ganhar. E eu estava participando para ganhar. Os dois estavam ferrenhos para ganhar. E eu também queria ganhar, claro que sim, mas eu estava participando. No fim, no último debate, eu vi que os dois estavam nervosos, um de cada lado, se olhavam e se arrepiavam. E eu estava

Disputa de Grenal A minha passagem pela política também me deixou muito feliz. Encontrei muita gente maravilhosa. Quero agradecer todas as manifestações das pessoas, até as que não votaram em mim. Eu entendo, porque de repente se abriu um abismo. De um lado precisavam ir para o outro não ganhar. E nesse abismo eu caí. É uma pena que nesse jogo de Grenal não ficaram junto comigo, porque de repente me ajudariam a crescer.

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A estrutura do partido O nosso partido tem quase 200 filiados. É muito pouco. Para eu e o Waldemar, que fizemos 483 votos, foi uma vitória, sim. Principalmente, porque estávamos entre dois candidatos já conhecidos e contra partidos grandes. Até porque, eu saí de um e o Waldemar de outro.

bem tranquila, acreditando naquilo que não aconteceu.

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A candidatura A minha passagem pela politica se fez de uma forma muito ligeira. Eu também não estava esperando. Não foi uma coisa programada. Aconteceu em uma reunião do partido. O Irno (Pretto, marido) não podia por causa da Ocergs. Outras pessoas que estavam à mesa também não queriam ou não podiam. E de repente: ‘ah, é mulher! É inovação, é a Denise!”. Depois de tantos desafios que enfrentei na minha vida desde os 19 anos, quando casei, resolvi aceitar e me lancei candidata. E teve muita gente que me disse: “Denise, tu sabe o que tu tá fazendo?”. E eu respondia que sabia.

Encantado era com muita seriedade. Nada foi sonhando. O que estava no nosso plano de governo, já tínhamos entrado em contato com técnicos, com empresários. Por isso eu defendia com muita franqueza. Isso me surpreendeu, porque as pessoas acreditavam em nós. Visitamos milhares de casas. Tínhamos projetos para os jovens, os idosos, os pais, as mulheres. O que eu defendia, eu tinha certeza do que eu falava. Parecia que convencia, que as pessoas iriam vir comigo. Estávamos recebendo votos de um lado e de outro, tanto do 11 quanto do 15. Tínhamos um cálculo que ia surpreender na eleição. E depois, os dois (adversários) começaram a sair com as pesquisas, e essas pesquisas nem sempre eram as mais corretas, me atrevo a dizer isso, porque tínhamos o controle dos dados. Mas preferimos deixar assim, porque estávamos correndo pelo meio. Foi o nosso erro. Se tivéssemos saído com uma coisa até meio exagerada, quem sabe, estaríamos garantindo uma melhor colocação.

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DENISE PRETTO

em coisas velhas, em rusgas antigas, e não mostravam as propostas. O município não cresce dessa forma, se só olharmos para trás. Temos que olhar para frente.

Candidata à vereadora É um assunto para se pensar. Até porque era minha primeira ideia, para ajudar o partido, eu tinha me proposto a me candidatar à vereadora. Eu acho que foi por causa dessa abertura que dei na reunião do partido, que daí se atreveram a pensar que eu pudesse ser candidata a prefeita. Agora fui eleita vice-diretora da Escola de Doutor Ricardo. Também estou assumindo outra função ligada ao Ministério da Educação. Tem muitas coisas acontecendo que me envolvem em Doutor Ricardo. Não vou dizer não, e não posso dizer agora que sim. O envolvimento com o MEC está certo para os próximos três anos. Mas não posso descartar voltar a concorrer.

“Não podíamos entrar num bairro depois das dez”

IRNO PRETTO A participação do PSDB Temos ainda a divisão de maragato e chimango, que permanece em Encantado muito mais forte. Muitas vezes nem adianta mudar de sigla partidária, porque o carimbo vai junto. Um dos grandes problemas dessa eleição foram as pesquisas. Eu nem sabia que podia ser contratada uma pesquisa e divulgá-la a hora que se quisesse e dizer que aqueles números eram corretos. Nós tínhamos

pesquisas que mostravam a eleição bem diferente. E aquilo desencadeou uma corrida louca. Faço uma comparação. Acredito que não tem um cidadão encantadense que esteja de lado da cassação do mensalão. E aqui temos o mensalinho, de quatro em quatro anos, ele aparece nas eleições. São posturas, se diz uma coisa e se vive outra. Na eleição municipal só tem dois partidos. Agora, é interessante que na eleição para governador e presidente, quem ganhou foi outro partido. Se vota em qualquer um, em qualquer deputado. Não se tem a fidelidade partidária que existe na eleição municipal. A tentativa foi de buscar uma nova união. Ficou dividido Encantado, ele está dividido, continua dividido e vai permanecer mais quatro anos dividido. Porque acesso a algumas coisas sempre tem aquele que ganha, quem perde fica fora. Vamos ter, lamentavelmente, mesmo com a mudança dos vereadores, vamos aflorar essa angústia do eleitor dentro da Câmara de Vereadores. No próprio PSDB, um grande número de filiados estava fazendo campanha

para outros partidos. Uma coisa absurda, mas aconteceu. Acho que como legenda foi muito bem diante do contexto. Mas se tivesse o grupo todo abraçado... Toda campanha teve um início, um meio, um fim. Um material bem elaborado, montado. Programas sem agressões, a foi linha que a Denise determinou.

Ameaças Ouviam-se nos debates que Encantado é uma cidade ordeira, de um povo trabalhador, tudo é verdadeiro. Agora, não sei porque telefonavam e não podíamos entrar num bairro depois das dez. E na última semana era depois das nove. Aí íamos ao interior, porque lá não tinha isso. Voltávamos para ir a um restaurante e chegavam quatro, cinco armários (seguranças). Depois chegavam cinco, seis roupeiros (seguranças). E eu dizia, vamos embora, porque se eles resolverem se enfrentar aqui. Então, porque dizer que é uma cidade ordeira, tranquila, calma? E mesmo depois da eleição, o que aconteceu com um repórter, é um absurdo. Então tem coisas que se diz e, na realidade, é diferente. Delinquente vira cabo eleitoral. E porque depois da eleição tu não consegue mudar esse statos quo? Como partido, como volta de uma eleição, acho que foi uma experiência promissora. Uma pena que a população não retribuiu a mensagem.

Porque havia propostas seguras, firmes, exequíveis, viáveis, e de uma visão voltada de fora para dentro de Encantado. Fiquei oito anos fora, vivenciando, trabalhando, viajando esse mundo todo, continuo fazendo. Impedido de concorrer Não fui candidato porque eu trabalho numa entidade que é sindicato e organização das cooperativas do Rio Grande do Sul. Quando eu me licenciei, e estava certo na convenção, voltei para a Ocergs e os advogados me disseram que eu devia ter me licenciado quatro meses antes, e não tem três meses. Foi esta razão. Não foi de maneira alguma para me esconder. Foi opção legal. A segunda, eu não podia vir na rádio, não podia falar, sob pena de cassarem a Denise. Nas visitas que se faziam, cada vez ficava mais presente, entusiasmante, a possibilidade de vitória.

Mágoa na política Foi aventado na campanha porque a Denise está em Doutor Ricardo. E aí vem a mágoa pelo que fizeram para ela em represália a mim. Perdemos a eleição de 2004 e ela não arrumou escola para trabalhar em Encantado. Teve problemas de joelho e não podia mais subir as escadarias do Scalabrini. A Denise não conseguiu escola em Encantado. E aí foi para Doutor Ricardo. E também por-

que a secretária estadual substituta de Educação era esposa de um colega meu, nossa amiga. Foi ela quem nomeou a Denise, direto. Não foi fuga, foi por necessidade. E eu fui morar lá para estar junto com ela.

A imagem de prepotente Isso não é verdade. Fui dentista por 40 anos em Encantado, tive clínica nesse tempo todo, e atendia a todos. Eu era funcionário da secretaria de saúde como dentista. Eu atendia no posto de saúde. Nunca faltou material, porque eu disponibilizava o meu material. E quando eu não estava lá, as pessoas iam no meu consultório. Tem outra história que eu cumprimentava e depois ia lavar as mãos. Teve um que disse que eu não gostava de negro, de caminhoneiros. Não é verdade. Se eu tivesse esse tipo de coisa, eu não teria chegado onde cheguei. Fui vereador mais votado na minha legenda. Hoje, represento, ume entidade forte, conquistei o posto por eleição, por unanimidade, voto de 250 cooperativas. Recentemente fui para Inglaterra, Suecia, Portugal, Holanda, pelo governo do Estado de São Paulo. Vamos dizer assim, é minha forma de ser, sério? Ah, sou! Sou compenetrado, sou seguro. Se estou dirigindo não olho para os lados. Então tem algumas coisas que são próprias da minha personalidade. Esse tipo de folclore, não existe.









Encantado, 30 de novembro de 2012 Juremir Versetti

ENCONTRO Apaixonados pelas motocicletas mais uma vez em Encantado capa mix CADERNO VIDA & SAÚDE

A Cãominhada ganha adeptos em Encantado. 6 e 7 Ronco e apnéia do sono. 5 Congestão nasal. 4 LEIA TAMBÉM

As listras estão na moda Encartado

CLASSINEGÓCIOS Conversa de boleiro COM JAIRO BICCA página 16


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