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Formação e Informação a serviço da Igreja | Diocese de Campo Mourão - Paraná | Ano 29 - Setembro 2017 | Nº 294

E os filhos, cadê? Sem filhos, mas nunca sozinhos.


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SETEMBRO/2017

Editorial

Palavra do Bispo

Senhor, que teu amor esteja sobre nós, assim como está em ti nossa esperança! Salmo 33(32),22

Dom Bruno Elizeu Versari Bispo coadjutor da diocese de Campo Mourão

Iniciação à vida cristã Estamos vivendo na Igreja um grande desafio na transmissão da fé. No passado os manuais traziam conteúdos doutrinais que respondiam as exigências daquele tempo. Hoje os desafios são outros e procura responder: Como transmitir a fé cristã às novas gerações? Como introduzi-los no mistério de Cristo e da Igreja? Como recuperar a unidade entre Batismo, Crisma e Eucaristia? Qual percurso realizar para formar discípulos missionários de Jesus? Essas preocupações tomaram conta da 55ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizada neste ano, nos dias 2 de abril a 5 de maio, em Aparecida (SP). O resultado de um grande trabalho foi um documento denominado “Iniciação à vida cristã”, um verdadeiro itinerário para a formação dos discípulos e missionários de Jesus. Iniciar na vida cristã é um processo muito mais profundo do que simplesmente ensinar. Qual é a diferença então? Nesta nova proposta é a comunidade como um todo que desempenha a tarefa de iniciar as pessoas

Expediente Diretor: Dom Bruno Elizeu Versari Assessor/Coordenador: Pe. Adilson Mitinoru Naruishi Colunistas: Dom Bruno Elizeu Versari Pe. Luiz Antonio Belini Pe. Willian Oliveira Lopes Wesley de Almeida Rodrigo Ferreira dos Santos

Itinerário para formar discípulos missionários de Jesus

no seguimento de Jesus. A missão do catequista é de introdutor na fé. O termo iniciação significa ingresso em uma vida nova, percorrendo um caminho progressivo em etapas, com ritos e ensinamentos. Os iniciados são imersos da vida nova em Cristo e inseridos na comunidade de fé. Todo esse processo muda o foco de uma catequese de instrução sobre os sacramentos para um itinerário experiencial, favorecendo o encontro com Jesus Cristo e que a Palavra de Deus seja a fonte inspiradora deste processo.

A transmissão da fé exige conversão pastoral que traduz em um movimento da saída. Sair para aproximar das pessoas e escutá-las, como Jesus fez. Portanto, a meta a ser atingida pelos processos de iniciação à vida cristã é fazer discípulos missionários de Jesus Cristo, inseridos na comunidade de fé. E como se faz discípulos? O Papa Bento XVI recorda, no documento de Aparecida: “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou por uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DAp,12). A fé, pois, nasce do encontro com uma pessoa e não com um conjunto de doutrinas.

No documento os bispos chegam a afirmar que “não existe iniciação sem abertura missionária. O ponto de partida desta conversão missionária é sair, aproximar-se das pessoas e acolhê-las nas situações em que se encontram. A dinâmica de acolhida, portanto, dá toda a tônica a esta primeira etapa, o querig- Introduzir ou iniciar pessoas no mistério de Cristo e da Igreja é tama” (n. 157). refa de toda a comunidade cristã. O querigma é o anuncio central da Não se trata de mais uma pastoral fé. Tem como conteúdo a pessoa, ou uma reformulação da catequea mensagem e a missão de Jesus se, e sim um caminho gradativo Cristo, enviado do Pai na força do de renovação de toda comunidaEspírito Santo. Ele, em sua Páscoa, de. Este caminho é realizado por dá livremente a vida para nos sal- meio de etapas onde a liturgia, a var, e ressuscita dos mortos para catequese e a comunidade estejam permanecer conosco para sempre. estreitamente unidas. www.diocesecampomourao.com.br

Impressão JP Indústria Gráfica LTDA Tiragem 10.000 exemplares

Responsável Samoel Kozelinski

Permite-se a reprodução total ou parcial do material veiculado no Jornal Servindo, desde que citada a fonte. As assinaturas do Jornal Servindo podem ser feitas nas secretarias paroquiais da diocese.

Editoração eletrônica Henrique Thomé/Tribuna do Interior

Informações: jornalservindo@hotmail.com

Intenção do Papa SETEMBRO 2017 Pelas nossas paróquias, para que, animadas pelo espírito missionário, sejam lugares de comunicação da fé e testemunho de caridade.

Caros leitores, com sentimento de gratidão e esperança anuncio para vocês um grande acontecimento: nosso JORNAL SERVINDO está comemorando 29 anos nesse mês, ou seja, estamos às vésperas de comemorar o jubileu de pérola (30 anos) desse nosso instrumento de comunicação, que a décadas, de maneira simples, humilde, mas eficiente, vêm trazendo a todo povo diocesano uma mensagem do Evangelho e informando sobre nossa caminhada pastoral. Quando em setembro de 1988 dom Virgílio de Pauli apresentava a primeira edição do informativo, fazia questão de dizer que a Palavra de Deus é essencial para a conversão e como uma espada de dois gumes penetra na alma da pessoa e a transforma inteiramente. E foi assim que a história do Jornal foi sendo conduzido nesses 29 anos, sempre atenta à verdade, levando uma mensagem de alegria, de esperança e vida em meio a tantas aflições vividas pelo povo. Foram anos muito significativos. Quantas pessoas tiveram suas histórias compartilhadas nas páginas desse Jornal. Quantos testemunhos! Por isso rendemos graças a Deus por tantas mãos que se juntaram para construir a história do SERVINDO. Esta edição se despede de Dom Francisco Javier, que até então era Diretor do Jornal, e agradece de coração a tudo que representou para o progresso do mesmo. Suas palavras, que todos os meses dirigia aos diocesanos, foram fonte de inspiração para a caminha pastoral de nossas comunidades. Deus abençoe Dom Javier e o jornal ainda tem espaço para o senhor nos comunicar a alegria do Evangelho e seu testemunho. E queremos também acolher agora Dom Bruno Versari, que assume a diretoria e a Palavra do Bispo nesse meio de comunicação. Seja bem vindo! Essa equipe está de coração e braços abertos para te receber e juntos, através do Jornal, servir a Igreja. Vamos comunicar que o amor de Deus é revelação. Vamos testemunhar, que a Bíblia é comunicação. Boa leitura a todos.


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Pessoas com deficiência: direitos, necessidades e realizações

ARTIGO

Domingo, dia 20 de agosto, na missa das 9 horas, na Catedral São José o Padre Adilson Naruishi, celebrou com a comunidade mourãoense e com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE de Campo Mourão) a abertura da “Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla”, que teve como tema: “Pessoa com deficiência: direitos, necessidades e realizações”. O objetivo desta semana é criar debates e colocar a sociedade em reflexão no dever da igualdade para inclusão. São muitas as barreiras da desigualdade que precisam ser superadas nas áreas: social, familiar, escolar, trabalhista e etc, para que a inclusão se torne efetiva e as pessoas com deficiência se tornem mais preparadas e amparadas diante das

dificuldades da vida. A APAE de Campo Mourão, já atua a 43 anos no município e mantém a Escola de Educação Básica Josephina Wendling Nunes - que oferta: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos. Na Modalidade de Educação Especial a Associação mantém: uma Unidade de Saúde com atendimentos em Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Odontologia, Psicologia, Psiquiatria, Neurologia e Pediatria. Na área de Assistência Social, o serviço tem impactado a área da pessoa com deficiência em nosso município, atendendo 38% das pessoas com deficiência de Campo Mourão, atendendo atualmente 517 pessoas com deficiência e seus familiares somando um total de 2000 pessoas. As famílias atendidas, se caracte-

rizam em situação de vulnerabilidade social, em decorrência das limitações enfrentadas pelas deficiências, pela situação sócio econômica, pela rede familiar reduzida, e dificuldade de acesso a direitos sociais. Para se ter uma ideia da gravidade das situações vivenciadas pelas famílias, Ivone Maggioni Fiore, assistente social da

Viver o Evangelho com atitudes corajosas é necessária para uma Igreja em saída

2017 tem sido um ano de muitas e agudas exigências para toda a sociedade e também para a Igreja. Temos observado e sentido as agressões e ameaças que sofre o nosso planeta, e as nossas autoridades políticas tem deixado em segundo plano. O ser humano sendo colocado abaixo dos interesses do lucro e que não querem saber se Deus existe, ignorando os irmãos. Temos observado que as organizações de referência para lutar, defender, abastecer as esperanças do Povo estão em crise de credibilidade. A Igreja tem se levantado pela causa da Justiça e do direito. Sabemos nós, que temos uma importante semente de esperança semeada, neste chão. Assim como diz a parábola do semeador, a semente também encontra adversidades para produzir frutos (Mt 13, 1-9). Qual a profundidade da terra onde semeamos? As palavras expressas pelos nossos padres e agente de pastoral tem intensidade e chega no coração de muitas pessoas. Na nossa diocese é visível e louvável sentir essa força movendo em direção a práxis de Jesus. Compromisso com a justiça, com os direitos da pessoa, com a vida em plenitude. Na última assembleia geral da CNBB, os bispos queriam dizer quais são as principais preocupações da Igreja neste momento de exigências e de urgências. E os bispos trouxeram a preocupação com o tema da iniciação à cristã, o centro é a mensagem de formação de novos cristãos católicos. Precisamos cuidar da formação das lideranças de hoje, para que

estejam comprometidas com o município, o estado, o Brasil e o planeta. Não podemos permitir que a vontade gananciosa se sobreponha a vontade de Deus (Atos 4, 19-20) O ser Cristão carrega consigo o dever de engajamento político, sobretudo dos leigos e das leigas. É necessário superar a ideia de que a igreja ou a religião não podem se envolver na política. Ou, dizer que a política está suja, como justificativa para a omissão, não é adequado com o ensino social da Igreja e vai conta o que o Papa Francisco vem pregando. Temos nos deparado a todo momento com a corrupção, origem de tanta violência e exclusão, da miséria econômica e humana. Estamos vendo que a corrupção é fruto de uma decisão política daqueles que insistem em viver como se Deus não existisse. Mas, que também é fruto da omissão daqueles que insistem em dizer que Deus não tem nada que ver com isto. A nossa fé nos leva a viver a misericórdia, que por sua vez nos deve deixar próximos do outro que precisa de nós. São Paulo na carta aos romanos diz: “Portanto, irmãos, pela misericórdia de Deus, exorto que vocês ofereçam os próprios corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: é este o culto racional de vocês. E não se conformem a este mundo, mas transformem-se renovando o próprio modo de pensar, para que vocês possam distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom agradável e perfeito” (Rm. 12,1-2)

APAE, diz que 46% dos atendidos vivem apenas com um cuidador, seja ele, pai, mãe, irmão, sobrinho, tio, padrinho, ou terceiros, e 16% dos cuidadores apresentam deficiência ou doença mental, temos “pessoas com deficiência, cuidando de pessoas com deficiência”. É um trabalho que requer uma equipe maior de profissionais, porém os recursos financeiros são limitados, a APAE se empenha em fazer a sua parte nas parcerias com o poder público Municipal, Estadual e Federal e com a Comunidade Mourãoense que contribui com doações financeiras para a entidade.

Pe. Gaspar Gonçalves da Silva, Coordenador do CDAE

Neste mês de setembro a igreja comemora o mês da Bíblia, e nós movidos pela expressão viva da Palavra de Deus, no testemunho de Jesus narrado nos Evangelhos, precisamos fazer chegar a toda Igreja as razões da sua missão como continuadora da missão de Cristo. Talvez chegou o momento para entendermos a nossa metodologia Ver-Julgar-Agir. Em setembro, de 22 a 24, em Maringá, temos a Assembleia do Povo de Deus. Este ano será em âmbito provincial para favorecer a maior participação de nossas lideranças. O tema a ser tratado é o da Iniciação à vida cristã, com base no documento da 55ª. Assembleia dos Bispos do Brasil (CNBB). Com certeza essa temática dominará a pauta de nossas assembleias paroquial, decanal e diocesana. É o momento de ver a realidade com olhar profético; julgá-la à luz da Palavra de Deus e não ter medo de se aproximar do outro para juntos construirmos uma ação comunitária de transformação. Este processo de iniciação à vida cristã, que somos chamados a debater no contexto atual, contexto de fragmentação das identidades e valores, quer suscitar uma conversão pastoral, quer despertar a comunidade, renovar os Ministérios e serviços eclesiais. É a igreja sempre em movimento, em construção e em renovação. Como disse teólogo Monsenhor Luis Antônio Catellan Ferreira: à Iniciação à vida Cristã e a animação bíblica da pastoral são as grandes apostas para a renovação da Igreja no Brasil em chave missionária.


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A Igreja no Brasil

CNBB estimula Jornada de Oração e Jejum pelo Brasil por ocasião do Dia da Pátria A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convida a todos para uma Jornada de Oração pelo Brasil, a ser realizada nas comunidades, paróquias, dioceses e regionais do país, de 1º a 7 de setembro. Os bispos decidiram mobilizar os cristãos, por meio da oração, após a análise da realidade brasileira feita na última reunião do Conselho Episcopal Pastoral da entidade, dias 10 e 11 de agosto. O Dia de Oração e Jejum sugerido é o dia 7 de setembro, data que marca a Independência do Brasil. Segundo o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, a Jornada de Oração é uma oportunidade para que os cristãos e pessoas de boa vontade que querem um Brasil melhor, mais fraterno e não dividido se unam. “Nós estamos necessitados de um novo Brasil, mais ético; de uma política mais transparente. Nós não podemos chegar a um impasse de acharmos que a política pode ser dispensada. A política é muito importante, mas do modo do comportamento de muitos políticos, ela está sendo muito rejeitada dentro do Brasil. Nós esperamos que esse dia de jejum e oração ajude a refletir essa questão em maior profundidade”.

ORAÇÃO Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil! Vivemos um momento triste, marcado por injustiças e violência. Para construirmos a justiça e a paz, em nosso país, necessitamos muito do vosso amor misericordioso, que nunca se cansa de perdoar. Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil! Estamos indignados, diante de tanta corrupção e violência que espalham morte e insegurança. Pedimos perdão e conversão. Nós cremos no vosso amor misericordioso que nos ajuda a vencer as causas dos graves problemas do País: injustiça e desigualdade, ambição de poder e ganância, exploração e desprezo pela vida humana. Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil! Ajudai-nos a construir um país justo e fraterno. Que todos estejamos atentos às necessidades das pessoas mais fragilizadas e indefesas! Que o diálogo e o respeito vençam o ódio e os conflitos! Que as barreiras sejam superadas por meio do encontro e da reconciliação! Que a política esteja, de fato, a serviço da pessoa e da sociedade e não dos interesses pessoais, partidários e de grupos. Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil! Vosso Filho, Jesus, nos ensinou: “Pedi e recebereis”. Por isso, nós vos pedimos confiantes: fazei que nós, brasileiros e brasileiras, sejamos agentes da paz, iluminados pela Palavra e alimentados pela Eucaristia. Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil! Vosso filho Jesus está no meio de nós, trazendo-nos esperança e força para caminhar. A comunhão eucarística seja fonte de comunhão fraterna e de paz, em nossas comunidades, nas famílias e nas ruas. Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil! Neste ano em que celebramos os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, queremos seguir o exemplo de Maria, permanecendo unidos a Jesus Cristo, que convosco vive, na unidade do Espírito Santo. Amém! (Pai nosso! Ave, Maria! Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!)

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MUTICOM: EDUCAR PARA A COMUNICAÇÃO Foi promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) o 10º MUTICOM – Mutirão Nacional de Comunicação na cidade de Joinville-SC. Da nossa igreja, participaram, além do assessor para a comunicação da diocese, Padre Adilson Naruishi, também a coordenadora diocesana da PASCOM, Iraci Ciconello e o colaborador Vladimir Ciconello. Com o tema “Educar para Comunicação”, o evento reuniu mais de 800 pessoas na cidade catarinense, onde além das conferências com grandes nomes da área de comunicação da igreja e secular, por exemplo, Monsenhor Dario Viganó, prefeito da Secretaria de Comunicação da Santa Sé e o senhor Ricardo Von Dorff, jornalista e repórter da RBS do Núcleo de Atendimento Globo, aconteceu também oficinas com várias temáticas da área de interesse dos participantes e atividades culturais. O monsenhor Viganó tratou de particularidades da comunicação do Papa Francisco e apresentou, em linhas gerais, os passos dados e ainda a serem realizados para a reforma dos Meios de Comunicação da Santa Sé. Em sua conferência disse que os comunicadores devem estar atentos as realidades do mundo, pois o mundo é feito de luzes e sombras, que o mundo tem muitos males que não podem ser omitidos pelos meios de comunicação, mas apresentados a partir de uma perspectiva social como possível de mudança, ou seja, é

preciso abrir uma estrada de esperança e de horizonte positivo. Ao jornalista Ricardo Von Dorff ficou a responsabilidade de expor os grandes desafios das novas mídias, principalmente sobre falsas notícias que muitas vezes são vinculadas aos meios de comunicação em vista de audiência. Seu tema foi “Educar através da informação – o risco do fake news”. Para Dom Darci Nicioli, bispo referencial para a Comunicação da CNBB, é preciso que os comunicadores católicos se “qualifiquem para melhor comunicar e também para melhor lidar com os meios de comunicação, afim de que não sejam reféns de ninguém, cresçam na capacidade crítica de analisar aquilo que é comunicado, e interagindo construa um mundo melhor”. Educar para a Comunicação, ou seja, educar e comunicar são duas realidades que se completam, e para o comunicador católico, a comunicação deve ser pautada nos princípios evangélicos, de vida e esperança. O elo de comunicação que a Igreja Católica tem buscado criar entre os comunicadores, entre as pastorais e movimentos, só será uma verdade do Reino quando deixar de ser algo abstrato e improvisado, e tornar-se uma mensagem encarnada, real e com profissionalismo, que faça as pessoas sentirem, mesmo na sua humildade e simplicidade, que são parte do Reino de Deus, observa o padre Adilson Naruishi.

Pe. Adilson, Dom Darci, Iraci, Dom Wagner, Vladimir


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‘Deus é Pai e quer nos consolar’

No dia 23 de agosto o Papa Francisco realizou a audiência geral na Sala Paulo VI no Vaticano, onde caminhando pelos corredores cumprimentou a muitos dos cerca de seis mil fiéis, antes de iniciar a catequese sobre a Esperança Cristã. Partindo da passagem do livro do Apocalipse cap. 21 (“Eis que faço novas todas as coisas”), o Papa Francisco prosseguiu o ciclo das suas catequeses sobre a esperança cristã, sublinhando que a esperança cristã se baseia na fé em Deus que sempre cria novidade na vida do homem, cria novidade na história, cria novidades no cosmos, porque o nosso Deus é o Deus da novidade e surpresas. Não é, portanto, próprio do cristão caminhar olhando para baixo sem elevar os olhos para o horizonte, como se todos o nosso caminho se apagasse aqui, como se na nossa vida não houvesse nenhum destino e nenhum porto de chegada, e fôssemos forçados a vaguear eternamente, sem qualquer motivo para os nossos esforços. Isto não é próprio do cristão, ressaltou o Papa “As páginas finais da Bíblia nos mostram o horizonte último do caminho do crente: a Jerusalém do Céu, a Jerusalém celeste. Esta é imaginada antes de tudo como uma tenda imensa, onde Deus acolherá todos os homens para habitar definitivamente com eles. E esta é a nossa esperança”. E quando, finalmente, estivermos com Deus – prosseguiu o Papa - Ele usará uma ternura infinita conosco, como um pai que acolhe os seus filhos que por muito tempo se cansaram e sofreram. Ele apagará toda a lágrima dos seus olhos, e já não haverá morte, nem luto, nem lamentação, nem aflição, porque as coisas anteriores passaram. “Pode ser. Mas há um Pai que chora

conosco; há um Pai que chora lágrimas de infinita piedade para com os seus filhos. Nós temos um Pai que sabe chorar, que chora conosco. Um Pai que espera por nós para nos consolar, porque conhece os nossos sofrimentos e nos preparou um futuro diferente. Esta é a grande visão da esperança cristã que se expande por todos os dias da nossa existência, e nos quer reanimar”. E contrariamente aos que pensam que a vida retém toda a sua felicidade na juventude e no passado, que a vida é uma decadência lenta, ou que as nossas alegrias são apenas episódicas e passageiras e que, perante as tantas calamidades, dizem: “Mas, a vida não faz sentido”, Francisco ressaltou: “Mas nós, cristãos, não acreditamos nisso. Acreditamos, antes, que no horizonte do homem existe um sol que ilumina para sempre. Acreditamos que os nossos dias mais belos ainda estão por vir. Somos mais pessoas da primavera que do outono”. E o Papa convidou cada um a perguntar-se no coração, em silêncio, e responder, se é um homem, uma mulher, um menino, uma menina da primavera ou do outono, acrescentando que nós vemos os rebentos de um mundo novo e não as folhas amareladas nos ramos, não nos fechamos em nostalgias, arrependimentos e lamentações mas sabemos que Deus quer que sejamos herdeiros de uma promessa e incansáveis cultivadores de sonhos, somos da primavera, aguardando a flor, aguardando o fruto, aguardando o sol que é Jesus. Ao concluir, o Papa sublinhou que o cristão sabe que o Reino de Deus está crescendo como um grande campo de trigo, mesmo que no meio haja ervas daninhas; sempre existem problemas, fofocas, guerras, doenças “... existem problemas, mas o trigo cresce e, ao fim, o mal será eliminado”.

Encontro Regional de Presbíteros Aconteceu entre os dias 21 e 24 de agosto em Cascavel, no Centro Diocesano de Formação, o Encontro Regional dos Presbíteros, que teve como tema: “Presbítero: discípulo do Senhor e pastor do rebanho” e lema: “cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho, pois o Espírito Santo vos constituiu como guardiães” (At 20,28). O encontro foi assessorado pelo Monsenhor Antônio Luiz Catelan, Membro da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Membro para a Comissão Teológica Internacional. A reunião contou com a presença de 120 padres das 18 dioceses do Paraná. O evento teve a presença de Dom Mauro Aparecido dos Santos, Arcebispo de Cascavel e Presidente do Regional Sul 2 da CNBB, que na abertura do encontro acolheu a todos dizendo da alegria e satisfação de receber em sua Arquidiocese um encontro desse nível, “pois é de relevante importância para os nossos presbíteros e Cascavel” completou o bispo. Em entrevista ao jornal, Monsenhor Catelan, assegurou que os três dias de encontro, reflexão e partilha, “enfoca principalmente a condição do padre como discípulo de Jesus Cristo e como Pastor do seu rebanho”. E que a iluminação principal da reflexão, foi, “o ensinamento do Concílio Vaticano II, lido à luz da História desde o tempo apostólico até hoje. Vendo como o Concílio ajudou a resolver alguns pontos que estavam pendentes e abriu novos desafios”. Em suma, o encontro foi uma maneira de tentar entender o que significa ser presbítero no mundo de hoje, depois, o que significa ser discípulo missionário, e ser pastor como o Papa Francisco vem refletindo nos tempos atuais. O Pe. Valdecir Badzinski, Coordenador Regional do Clero do Paraná, falou da importância do tema do encontro, “este tema nos remete ao cuidado de nós mesmos, para poder cuidar também das pessoas e ovelhas que estão a nosso serviço. Nós somos 120 padres que estamos refletindo, estudando e rezando, aprofundando na verdade o ministério sacerdotal a serviço da Igreja do Paraná. Que Deus nos ajude, nos fortaleça e nos de sabedoria para levar adiante esta missão que é tão importante que é a de evangelizar”. Concluiu o padre coordenador. Colaboração: Padre Reinaldo A. Andrade

Padre Reinaldo. Padre Jurandir, Padre José Aparecido, Padre Pedro, Mons. Antônio Luiz, Padre Gaspar e Padre Gessi


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Festa de São José em prol dos Seminários Acontece no dia 17 de Setembro, a tradicional Festa do Costelão de São José, que este ano está na sua 30ª edição. O tradicional evento, tem a sua renda destinada para a manutenção dos três seminários da Diocese de Campo Mourão. Os convites para o tradicional Costelão de São José, já estão a venda nas secretarias das Paróquias e na Cúria Diocesana. O costelão está sendo comercializado ao valor de R$ 450,00 e também teremos este ano o convite individual a R$ 30,00. Para o Bispo Dom Francisco Javier o papel de um Seminário é muito importante, tendo em vista o aspecto vocacional que é ensinado. O Bispo parabeniza a comunidade e o Movimento Serra que todos os anos organizam a festa.

SEMINARISTAS Muitas vezes nos deparamos, com perguntas que se relacionam ao período de formação dos sacerdotes, que se dá de uma forma bem específica: o seminário. Quem é o seminarista? O que ele faz? Muitos não conhecem a trajetória de um homem para chegar ao sacerdócio, e quando a descobrem, admiram-se pelo tempo de formação. Para uma melhor compreensão e uma resposta satisfatória, voltemos um pouco na história da Igreja e nas reflexões elaboradas pelos recentes papas. A vida do seminarista perpassa quatro dimensões: espiritual, pastoral, intelectual e humana. Esses aspectos se desdobram no dia a dia por diversas atividades que têm o objetivo de realizar essa formação na prática. As diversas atividades são as orações da Liturgia das Horas, a Missa diária, os estudos nas faculdades de Filosofia e Teologia, a atividade esportiva semanal, as refeições em comum, a direção espiritual, as formações especificas, a disciplina regrada pelos formadores, as atividades pastorais nas paróquias. São muitas as atividades e responsabilidades assumidas ao longo da formação no seminário, e em todas o que se registra é a alegria de viver a vocação sacerdotal nesse estágio inicial tão bem cuidado pela Santa Igreja. Foi a partir do Concílio de Trento (1563) que realmente foram criados os seminários nas dioceses, voltados para a formação da razão e da fé do futuro presbítero da Igreja. Antes disso, o homem que desejasse ser padre logo recebia as ordens sacras, ajudando seu bispo local. Percebe-se, então, a contribuição desse Concílio e mais especificamente a sua aplicação na vida de São Carlos Borromeu, que fundou seminários e escreveu regulamentos. Posteriormente, o Concílio Vaticano II e o Código de Direito Canônico elaboraram melhor sobre como deve ser a formação do clero. Atualmente, existem vários documentos que tratam do assunto, como o Decreto Optatam Totius, Pastores Dabo Vobis e Documento 93 da CNBB, entre outros. Seminarista é aquele que recebeu um chamado de amor de Deus e, na liberdade, respondeu a Ele. O Papa emérito Bento XVI, no encontro com os seminaristas nos EUA,

em 2008, diz que seminaristas são “jovens que se encontram num tempo forte de busca de um relacionamento pessoal com Cristo, um encontro com Ele, na perspectiva de uma importante missão na Igreja”. É tempo de acolhimento e amadurecimento do dom recebido da iniciativa de Deus, e não por méritos da pessoa. Tempo importante de relacionar-se com Deus, que se expressa de forma significativa na oração para um correto discernimento. O Papa Francisco, ao dirigir-se aos seminaristas franceses, esclarece os três pontos fundamentais sobre os quais todo futuro presbítero deve refletir para poder traduzi-los na prática. O primeiro diz respeito à “fraternidade”. Que “expressa a unidade dos corações, é parte integrante do chamado. No seminário, vive-se juntos para aprenderem a se conhecer, a se ajudar e também a se suportar. Segundo ponto: a “oração”. A imagem evocada é a do Cenáculo, onde os discípulos rezam com Maria à espera do Espírito Santo. A base da formação do seminarista está na Palavra de Deus, que chega ao íntimo, os alimenta e ilumina”. O Papa, aconselha os seminaristas, para que tenham “todos os dias longas horas de oração e deixem que a oração seja um convite ao Espírito, do qual depende a construção da Igreja, o guia dos discípulos e o dom da caridade pastoral”. Por fim, o terceiro ponto, a “missão”. Os anos de seminário, são uma preparação com o único objetivo de tornarem-se discípulos humildes. “A missão, diz o Papa, é inseparável da oração, porque esta abre ao Espírito e o Espírito os guiará na missão. E a missão, cuja alma é o amor, é a de levar aqueles que encontrarão a acolher a ternura de Cristo, mediante os Sacramentos”. O tempo de formação do seminarista na diocese de Campo Mourão leva pelo menos 9 anos de estudo, 1 ano no seminário Propedêutico São José em Campo Mourão, 4 anos no seminário de Filosofia Nossa Senhora de Guadalupe em Maringá e 4 anos no Seminário de Teologia Dom Virgílio de Pauli em Cambé. Rezemos sempre por esses corajosos jovens que, ao escutar a voz de Deus, deixam tudo para segui-lo mais de perto.


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Rota da Fé - 10 Anos - 50 Edições CAMINHO - VERDADE - VIDA

ARTIGO

“Rota da Fé” é uma ação prática consequente do Projeto de Turismo Religioso e Sustentável na Diocese de Campo Mourão e na COMCAM. Está completando 10 anos de Ro-

maria e Peregrinação e completa 50 edições. Nesta edição comemorativa a Rota vai de Campo Mourão, passando por Corumbataí do Sul até o Santuário de Santa Rita de Cassia em Barbosa Ferraz. A Rota do dia 1 de outubro, completa a 50ª edição, 10 anos de romaria e peregrinação. Quem participa da Rota da Fé tem a oportunidade de rezar, cantar, meditar, praticar a fé e a caridade, encontrar-se com a natureza, além de exercitar fisicamente, benéfico para saúde do corpo e da alma. A caminhada é uma ótima

ocasião para encontrar-se com Deus e com a natureza, maravilhosa obra da criação. Além de procurar, pela fé, a cura de problemas, físicos, psicológicos, sociais e encontrar o equilíbrio para viver melhor. A comissão organizadora, com a aprovação de Dom Francisco Javier, definiu como lema da Rota da Fé: CAMINHO VERDADE E VIDA, mostrando tratar-se de um caminho, procurando sempre a verdade e dando testemunho de que, quem está caminhando com Jesus está na verdade e tem a vida.

AS PREOCUPAÇÕES QUE PRECEDEM O MATRIMÔNIO

Estimados leitores, no último mês refletimos sobre os Caminhos de preparação do Matrimônio. Destacou-se o papel da Igreja como mãe, pois, é chamada a preparar os jovens casais de namorados para descobrirem a beleza e a riqueza do Sacramento do Matrimônio, tendo a certeza de que esse caminho de preparação é um bem para a própria Igreja, uma vez que possibilitará a formação adequada, pautada pelo testemunho e vivência concreta do Sacramento. Prosseguimos neste mês refletindo sobre As Preocupações que Precedem o Matrimônio. Na atualidade percebe-se que há uma preparação para o casamento e não para o Matrimônio, ou seja, muitos não se preocupam em preparar-se para a celebração do Sacramento. Segundo o Papa Francisco, é comum concentrar-se a atenção nos convites, nas roupas, na ornamentação da Igreja, “na festa com os seus inumeráveis detalhes que consomem tanto os recursos econômicos como as energias e a alegria” (AL, n. 212). É claro que isso é importante para que se tenha um ordenamento, visando que tudo ocorra perfeitamente, porém, o mesmo cuidado que se tem em perceber os mínimos detalhes para os convites, roupas e festa, necessita ser dedicado para a celebração do Sacramento. O Papa declara que, “os noivos chegam desfalecidos e exaustos ao casamento em vez de dedicarem o melhor das suas forças a preparar-se como casal para o grande passo que, juntos, vão dar” (AL, n. 212), onde o Matrimônio transforma um homem e uma mulher de dois indivíduos em “uma só carne”, para que colaborem na propagação do gênero humano, através da família. Mas, infelizmente, muitos

não têm consciência do compromisso que assumirão. Outra preocupação da Igreja, são aqueles que se unem, mas nunca chegam ao Matrimônio, porque pensam simplesmente nas dificuldades que terão se vierem a regularizar-se, como os gastos excessivos com uma possível festa. Isso não pode impedir a regularização, uma vez que a prioridade deve ser o amor mútuo e a formalização de sua união. Diante dessa dificuldade, o Sumo Pontífice exorta: “queridos noivos, tende a coragem de serem diferentes, não vos deixeis devorar pela sociedade do consumo e da aparência. O que importa é o amor que vos une, fortalecido e santificado pela graça” (AL, n. 212). É melhor escolherem por uma festa simples, convidando somente os familiares, gastando o mínimo possível, para colocar como centralidade o amor, que possibilite unirem-se em Matrimônio e viverem o consentimento realizado no dia do casamento: “te prometo ser fiel amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida”. É importante buscar compreender o sacramento que irão receber, para que possam vivenciarem esse momento com profundidade, saboreando cada gesto, cada palavra proferida, visto que a aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher decidiram “estabelecer o seu novo lar” é para toda a vida. Uma das opções de oração inicial de acolhimento do casal diz claramente o que: “a Igreja participa da vossa alegria e vos recebe de coração, assim como a vossos pais, parentes e amigos, neste dia em que, diante de Deus, nosso Pai, ireis firmar entre vós uma aliança para toda a vida”. Neste sentido, o Papa recorda a constatação de

Seminarista Rodrigo Ferreira dos Santos, 3º ano de Teologia. rodrigoferreira-2011@ hotmail.com

que boa parte dos casais, muito concentrados com várias coisas no dia do casamento, acabam se esquecendo que estão prestes a assumir um compromisso que dura a vida inteira (AL, n. 215). Com isso, seria fundamental se antes do casamento, em atitude de preparação, buscarem orar juntos, colocando-se na presença do Senhor, pedindo a sua ajuda para que possam ser fiéis, verdadeiros e generosos um para com o outro. Peçam também a intercessão de Nossa Senhora, a grande mãe de Deus e nossa, para que ela esteja presente em todos os momentos de suas vidas, ajudando-os a superarem as dificuldades que possam surgir, e assim, encontrar o caminho que conduz a verdadeira vida (AL, n. 216). Entretanto, nunca se deve encorajar uma decisão de contrair Matrimônio se não há um amor autêntico, confiança, humildade, sinceridade e certeza dos noivos. Infelizmente muitos chegam a casar-se sem verdadeiramente se conhecerem, e nas primeiras dificuldades acabam separando-se. Assim, queridos noivos, não “considerem o Matrimônio como o fim do caminho, mas o assumam como uma vocação que os lançam para diante, com a decisão firme e realista de atravessarem juntos todas as provações e momentos difíceis” (AL, n. 211).

“O que importa é o amor que vos une, fortalecido e santificado pela graça”


SETEMBRO/2017

Um olhar para os casais que não podem ter filhos

Por Clodoaldo Bonete

SEM FILHOS, MAS NUNCA SOZINHOS

Muitos são os casais que vivem a angústia de não poder ter filhos de maneira natural e veem seus planos cercados na barreira da infertilidade. Ao abordamos essa temática, desejamos refletir com a comunidade católica, os caminhos possíveis para acolher essa realidade e encorajar os casais que vivem esse dilema a não desistirem do sonho de serem pais. Afinal, a paternidade vai muito além da condição de gerar um filho biológico. Para isso, ouvimos dois casais que enfrentam esse drama: um por serem pessoas engajadas com os serviços da Igreja e o outro envolvido diretamente com serviços sociais, inclusive tendo o contato direto com crianças e adolescentes. Para eles, a falta de filhos foi sendo atenuada com o tempo. Aceitar que a união iniciada no altar com o casamento não vai se complementar com a chegada de um ou mais filhos, não é fácil. Muitos são os questionamentos, os por quês, ao ponto de abalar a própria fé do casal, afinal quem depois do casamento não deseja ter um filho? Daniely Chiquetti Soares Gonçalves, 30 anos, e André Ribas Gonçalves, 29, descobriram após cerca de três anos do matrimônio que não poderiam ser pais de forma natural. Eles estão casados há 10 anos, e também já viveram momentos de frustração, dor e angústia, mas a fé que os dois cultivam, com muitas ações a serviço da Igreja não permitiu que o casal se abalasse. “Foi muito difícil aceitar no início, afinal a gente casa já pensando nos filhos que virão”, conta Daniely. A Igreja sempre foi o esteio do casal, desde muito cedo e isso foi fundamental para superar o momento mais difícil de suas vidas. “Nos conhecemos no Grupo de Oração de Jovens da comunidade do Santuário Nossa

Daniely e André Gonçalves Senhora Aparecida, cultivamos uma amizade por meses, ao fim do ano de 2005 começamos a namorar, sempre caminhamos juntos em missão, à serviço da Igreja no movimento da Renovação Carismática Católica, enquanto amigos, namorados e noivos, por isso nem passava pela cabeça casar e não ter filhos”, diz ela. O casal só percebeu que havia algo de errado entre o segundo e terceiro ano de casados. Ao realizar a investigação médica veio o diagnóstico de uma dificuldade muito grande, na realidade, uma impossibilidade de gerar filhos na forma natural. A partir deste choque com a realidade biológica, muitos foram os dilemas, as perguntas que brotavam, angústias e lágrimas. Mas tão logo esta tempestade passou o casal revela ter encontrado na oração, na Palavra de Deus e nos ensinamentos da Igreja as respostas e o apoio que preci-

savam. “Passamos a entender que maternidade e paternidade é dom, é desenvolvido sob a graça de Deus e, portanto, mesmo que a fecundidade biológica não entre em ação, o dom de ser mãe e pai pode crescer no ser humano à medida que se entrega na doação de si e no cuidado do próximo”, testemunham. Segundo eles, a falta de filhos fez com que o amor conjugal aumentasse exponencialmente. “Nos encontramos de fato um com o outro e para o outro, trazendo à tona as promessas matrimoniais e experimentando, já bem novos em idade, o reflexo do amor trinitário presente no sacramento do matrimônio bem vivido”, revelam. A triste “sentença médica” fez com que os dois recorressem aos textos da Igreja, às Encíclicas Papais, sobretudo de São João Paulo II e as catequeses da Teologia do Corpo. “Participamos também de um Seminário de Bioética da CNBB, tudo para que nossas escolhas fossem iluminadas pela Luz dos ensinamentos de Jesus e assim decidimos buscar toda ajuda médica necessária que pudesse nos auxiliar para uma gravidez natural. Passamos por cirurgias, realizamos inúmeros exames, procedimentos e diversas formas de tratamento. Tivemos altos e baixos, momentos de esperança e desesperança, o que é comum e, a cada novo desafio renovamos nosso desejo de continuarmos firmes na escolha pelos métodos naturais”, confiam.

“O dom de ser mãe e pai pode crescer no ser humano à medida que se entrega na doação de si e no cuidado do próximo”

André e Daniely ainda não decidiram se partem para a adoção. Preferem esperar mais, sempre confiantes de que a vontade de Deus em suas vidas será feita na hora certa. “A gente não descarta a adoção, mas por outro lado descansa tranquilo, sabendo que, se doando, a gente cumpre um papel paternal e maternal de forma espiritual. Viver essa experiência já nos deu a certeza de que o amanhã é Deus quem prepara para a gente da melhor forma. Deus é o Senhor da vida, e estamos numa caminhada de fé e abertos também a um milagre. Que seja feita a vontade de Deus em nossas vidas”, completa Daniely. Por fim, o casal André e Daniely deixa uma orientação para quem convive com esta mesma realidade: “Não fique trazendo testemunhos de quem não poderia engravidar e engravidou, de quem não poderia ter filhos, adotou e depois teve. Essas falas, apesar de serem com boas intenções, com o passar do tempo vão saturando o casal que parece ter a sua dor banalizada pelos que estão a sua volta.” NUNCA SOZINHOS Casados há 44 anos, Elza Moreira Hanel, 65 anos, e Nevio Hanel, 68 anos, também viveram a mesma experiência do jovem casal André e Daniele. Depois do casamento, em Santa Catarina, eles logo mudaram-se para o distrito de São Lourenço, em Cianorte e a vida seguia normalmente nos primeiros anos de união, pois os dois optaram por esperar pelo menos três anos para que o primeiro filho chegasse quando os dois já tivessem a casa própria e uma melhor estrutura financeira. Ou seja, começava um planejamento para a chegada do primogênito, mas quando o casal decidiu que era o momento de aumentar a família, iniciou a agonia. “Percebemos

que alguma coisa estava errada após os três anos de casamento, quando passamos a não evitar e eu não conseguia engravidar”, relata Elza. Exames preliminares não apontavam nada de anormal e a espera ia se tornando angustiante. A partir do 5º ano de matrimônio, o desejo de ser mãe se tornou ainda maior. “Toda a mulher tem esse amor materno, mas a gente queria que acontecesse naturalmente. Não fomos atrás de nenhum tratamento”, conta Elza. Os amigos aconselhavam o casal a adotar uma criança, muitos alertavam para a solidão da velhice sem filhos, mas Elza e Nevio decidiram por não adotar. “Na época, principalmente, o histórico de quem adotava era bastante complicado. Se você conta para a criança, na hora de colocar limites ela vai jogar na sua cara: ‘vocês não são meus pais; se você esconde, quando cresce e descobre vai querer saber onde estão os pais biológicos. Por isso abrimos mão desse caminho”, justificam. “Até vinha a preocupação da velhice, mas a gente vê pais com tantos filhos abandonados depois de idosos”, observa Nevio. Em 1974 o casal mudou-se para Campo Mourão, mas a lacuna que poderia ser uma grande frustração na vida do casal foi preenchida pelo trabalho social que Elza passou a desempenhar na então creche Santa Rita de Cássia, no Lar Paraná, hoje transformada em Centro de Educação Santa Rita de Cássia (CEDUS). “A falta de filhos nunca foi uma frustração em nossas vidas por conta desse trabalho social que passamos a desempenhar. Ou seja, ao invés de cuidar de um filho, passei a ser responsável por muitas outras crianças e dessa forma foi preenchendo o vazio”, diz ela. Nevio, que também é Vicen-


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O filho não pode ser considerado como objeto de propriedade, conclusão a que levaria o reconhecimento dum pretenso “direito ao filho”. Neste domínio, só o filho é que possui verdadeiros direitos: o de “ser fruto do ato específico do amor conjugal dos seus pais, e também o de ser respeitado como pessoa desde o momento da sua concepção”. (CIgC 23778)

tino e Rotariano, encontrou nas ações sociais um meio de ser um paizão para tantas crianças necessitadas. “Se a gente tivesse adotado um filho, acabaria ficando muito ligado na criança. Com isso, decidimos que tudo aquilo que a gente poderia fazer para nosso filho, podíamos repartir com muitos outros”, revela Nevio. Há 40 anos na instituição, Elza preside a entidade com muita dedicação e zelo. Hoje a entidade atende adolescentes e jovens de 13 a 18 anos. “Preparamos os jovens e os encaminhamos para o mercado de trabalho junto às empresas já com um contrato de aprendizagem. Oferecemos ainda suporte, com uma formação humana, acompanhamento escolar, além de oferecer curso de informática. Eles agarram a oportunidade como única, e o trabalho tem alcançado grandes resultados”, relata Elza. Embora a paternidade biológica não faça parte da vida do casal, os dois nunca se sentiram sozinhos. Eles contam que

por serem os mais velhos de suas famílias, sempre tiveram a responsabilidade de cuidar dos irmãos. Mesmo depois de casados, acolhiam os mais novos em casa para que eles estudassem e tomassem um rumo na vida. “Não faltavam crianças em casa. Por estarmos sempre ligados com os serviços da Igreja temos muitos amigos e nunca estamos sozinhos. Até construímos um espaço para retiro da igreja na fazenda”, completam.

Elza e Nevio Hanel

“Decidimos que tudo aquilo que a gente poderia fazer para nosso filho, podíamos repartir com muitos outros”

8-9 Fecundação artificial moralmente inaceitável Praticadas no seio do casal, estas técnicas (inseminação e fecundação artificial homóloga) são talvez menos prejudiciais, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o ato sexual do ato procriador. O ato fundador da existência do filho deixa de ser um ato pelo qual duas pessoas se dão uma à outra, e “remete a vida e a identidade do embrião para o poder dos médicos e biólogos. Instaurando o domínio da técnica sobre a origem e destino da pessoa humana. Tal relação de domínio é, de si, contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos”. “A procriação é moralmente privada da sua perfeição própria, quando não é querida como fruto do ato conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos. [...] Só o respeito pelo laço que existe entre os significados do ato conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação conforme à dignidade da pessoa. (Catecismo da Igreja Católica 2377) Prezados amigos e amigas, vivemos tempos difíceis e cada vez mais a vida das pessoas está sendo questionada. Quer na sua origem, quer no seu desenvolvimento, quer no seu final. A vida humana em toda a sua complexidade dada e doada por Deus exige muito mais que respeito, exige reconhecimento. Ser reconhecido é um gesto de cuidado de acolhida e de espera. Somos gerados e concebidos na experiência do amor de Deus. Mesmo uma pessoa concebida num ato de violência, ou uma pessoa concebida na irresponsabilidade de um ato imaturo sempre será acolhida e gerada no amor de Deus. Nenhum dos seres humanos jamais será rejeitado por Ele. A inseminação artificial que com o passar do tempo desenvolveu a engenheira genética trouxe consigo desde 1978 não só muitos avanços científicos como também trouxe o dilema ético e moral da manipulação. As pessoas podem me dizer: a inseminação trouxe alegria ao nosso lar, temos um filho! Isso não duvido, traz uma grande esperança para muitos casais; mas não podemos negar que alguns embriões foram selecionados, descartados... em poucas palavras foram eliminados. O Embrião humano não é um grupo de células que pode se tornar humano a partir de um tempo cronológico determinado; não é um material orgânico qualquer, não é um conjunto de células que talvez sejam humanas numa futura oportunidade. O embrião é um organismo vivo, determinado, concebido e pleno! Sua identidade é própria e não pode ser alterada. O embrião é uma PESSOA. Ser pessoa significa ser uma unidade estrutural dinâmica e o mais importante, única! Deus nos fez a sua imagem e semelhança! Únicos e irrepetíveis e assim podemos observar a dimensão de uma vida vivida na plenitude do ser. Cada um e cada uma leva inscrito no seu coração a mais genuína e original forma de ser; que é por si mesma inviolável. Na carta as famílias do Papa Francisco ele fala da paternidade e maternidade alargadas. É disso que nós precisamos, alargar nossos horizontes em relação ao sentido mais pleno da vida. Lhes convido a louvarmos o Senhor com o belo cântico das criaturas!!! Louvado sejas meu Senhor pela terra, pelo ar, pelos montes pelas espécies! Louvado sejas meu Senhor pelo dom da vida! Grande abraço para todos e todas. Padre José Rafael Solano Duran Padre José Rafael Solano Duran é sacerdote da Arquidiocese de Londrina/ PR. Mestre e Doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e pós-doutorado em Teologia Moral e Familiar pelo Pontifício Instituto João Paulo II de Roma, Universidade Lateranense de Roma. Atua como assessor de Bioética do Regional Sul II da CNBB, setor Vida e Família, é professor de Teologia Moral e Bioética na PUCPR, Campus Londrina, além de ser professor convidado de diversas Faculdades. Recentemente publicou o livro: Família Novo Sinal dos Tempos, pela editora Canção Nova.


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Giro de notícias

Grupo de Reflexão Santo Antônio da Paróquia São Francisco de Assis - CM, reunido para a oração do terço Sertanejo, reflexão do 13º encontro do subsidio das CEB´s.

Encontro diocesano de Acólitos e Coroinhas. Realizado no dia 20 de agosto no Seminário São José.

Romaria diocesana do Apostolado de Oração ao Santuário Nacional de Aparecida. Padre Romulo e Padre Dirceu. Dia 09 de agosto

Santuário Nossa Senhora Aparecida celebra dia de São Tarcísio, padroeiro dos Coroinhas e Acólitos no dia 15 de agosto.

Escola Bíblica, decanato de Juranda, dia 12 de agosto.

Participação dos catequizandos na Semana da família, no dia 13 de agosto na Paróquia São Judas Tadeu de Terra Boa.

Celebração do Sacramento da Confirmação, na Paróquia São Francisco de Assis de Campo Mourão, dia 06 de agosto.

Dom Bruno Elizeu Versari celebra encerramento do 98º Cursilho no Centro Diocesano de Formação, em C. Mourão, no dia 6 de agosto.

Missa de encerramento da Semana da Família na Paróquia Sagrada Família celebrada pelo Bispo Dom Francisco Javier e pelo Padre André Camilo.

Para Informações e doações online acesse: Site: www.cnbb.org.br/juntospelaevangelizacao facebook.com/cnbbnacional Instagram: @cnbbnacional

Participe do Giro de Notícias: jornalservindo@hotmail.com


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Missa no Santuário de Nossa Senhora Aparecida pelos Bispos Dom Francisco Javier e Dom Bruno Elizeu Versari, pela passagem do dia do diácono celebrado no dia 10 de agosto, dia em que se celebra São Lourenço, padroeiro dos diáconos.

No dia 04 de agosto. Dom Bruno Elizeu Versari, Padre Raimundo Santana dos Reis e Padre Paulo Versari da Conceição celebram missa no Grupo Nossa Senhora de Fátima, Paróquia de Mamborê.

Missa de encerramento da Semana da Família na paróquia São Pedro de Roncador, celebrada pelo Padre José Gonçalves de Almeida, 19 de agosto.

Reunião do clero do Decanato de Campo Mourão no dia 11 de setembro na paróquia Nossa Senhora do Caravaggio de Campo Mourão.

Ex-integrantes do Grupo de Adolescente Soasevili da Catedral de Campo Mourão, se reuniram dia 23 de agosto, após 3 anos para rezar o Santo Terço e reativar o grupo.

Padres do Decanato de Campo Mourão se reuniram no dia 16 de agosto para rezar o Santo Terço na paróquia Sagrada Família durante a celebração da Semana Nacional da Família.

Na Semana Nacional da Família, a Paróquia Nossa Senhora de Fátima de Nova Cantú realizou diversas atividades de reflexão e de motivação. Foram oferecidas palestras nas escolas Municipais e Estaduais para pais e alunos.

Padre Adilson Naruishi com o Monsenhor Dario Viganó, Prefeito da Secretaria para a Comunicação da Santa Sé – Vaticano, durante o 10º Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom), realizado em Joinville, Santa Catarina, de 16 a 20 de agosto.

130 pessoas de toda Diocese participaram do curso de dirigentes em preparação para o 31° Cenáculo de Maria, no Santuário Nossa Senhora Aparecida em Campo Mourão, no dia 06 de agosto.

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Pastoral do Dízimo

“Um pouco de todos, para o bem de todos”

ARTIGO

No mês de setembro comemoramos em nossa Diocese o mês do Dizimista. A você, queremos agradecer pela sua perseverança na contribuição do dízimo, nesta obra que o Senhor nos confiou. A Pastoral do Dízimo tem como meta de trabalho, a conscientização da comunidade sobre o verdadeiro sentido do Dízimo. O Objetivo é mostrar à comunidade que a Pastoral do Dízimo, na Igreja Católica do Brasil, está sendo o caminho no crescimento espiritual e na sustentação econômica. Assim como em nossos lares, temos as necessidades básicas de organização para a manutenção de nossas famílias, da mesma forma acontece nas três dimensões do dízimo: a dimensão religiosa, social e Missionária. – A DIMENSÃO RELIGIOSA atende aos fundamentais requisitos da Igreja, tais como: côngruas e esportulas do padre, manutenção da igreja (luz, água,

telefone, combustível, consertos, hóstias, vinho, velas, flores, material de catequese, folhetos litúrgicos, manutenção da casa e secretaria paroquial, obrigações sociais e funcionários); – A DIMENSÃO SOCIAL prima por promoções humanas e sociais, como por exemplo, ajuda aos pobres, viúvas, órfãos, assistência aos doentes, entidades carentes e transeuntes para que haja uma interatividade da Igreja com a sociedade; – A DIMENSÃO MISSIONÁRIA, contribui para uma catequese eficaz, na formação de catequistas e encontros de formação das pastorais e movimentos, na contribuição para a diocese: formação dos seminaristas, capacitação dos missionários leigos e leigas. Se você ainda não é um dizimista, faça a experiência e verá a promessa de Deus se cumprir na sua vida. Procure a Pastoral do Dízimo. Deus o aguarda, com muito amor.

Promove-se o Dízimo cultivando-se a fé. A experiência do Dízimo cresce conjuntamente com a qualidade de vida cristã, principalmente de seu aspecto comunitário. Tudo o que promove o crescimento de fé promove o aprofundamento do Dízimo. Os agentes da Pastoral do Dízimo, é que dão a motivação e criam oportunidades para evangelização, para o bom acolhimento, para fornecimento de informações, para o fortalecimento dos vínculos comunitários e para que as pessoas compreendam o quanto são importantes para a vida da comunidade. Entre os diversos modos de motivação estão: As visitas missionárias às pessoas para dialogar a respeito do Dízimo, de suas dimensões e finalidades. O cadastro dos Dizimistas da Paróquia que é um recurso importante para comunicação em vista do envio de cor-

Profissão de Fé: linguagem comum da fé

“O Símbolo ou Profissão de Fé tem por objetivo levar todo o povo reunido a responder à Palavra de Deus anunciada na Sagrada Escritura e explicada pela homilia, bem como, proclamando a regra da fé por meio da fórmula aprovada para uso litúrgico, recordar e professar os grandes mistérios da fé, antes de iniciar sua celebração na Eucaristia (IGMR, n. 67). O Símbolo ou Profissão de Fé, pode ser manifestado por duas fórmulas – o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, resultado dos Concílios de Nicéia (325) e Constantinopla (381); e o Símbolo dos Apóstolos, que é menor, no entanto, o mais usado na liturgia. O Símbolo não era recitado até o século VI, sua inserção se deu primeiramente no Oriente (515-517) – “essa prática que, por lá, difundiu-se rapidamente, motivada pelo Patriarca Timóteo (568) e, mais tarde a sancioná-lo pelo imperador Justiniano” (Coleção Patrística). No Ocidente a recitação na missa começa em fins do século VI (III Concílio de Toledo, 589), sua difusão é lenta, e terá maior impulso entre os séculos VIII/IX – adotado em Roma no ano de 1014. A inserção na missa era um meio de expressão de fé da comunidade católica em contraposição às doutrinas heréticas/estranhas. Além disso, questões das verdades da fé, o crer em Cristo, no Espírito Santo, também indica um sinal de pertença do fiel à família da Igreja, esta fé dos filhos de Deus revelada

por Jesus Cristo (Coleção Patrística). A Profissão de Fé tem grande importância, pois ela coloca em evidencia um processo (caminho) de continuidade do Mistério Pascal de Cristo como estímulo de renovação, bem como, a celebração da mesma mensagem salvífica que foi testemunhada ao longa da História da Igreja. Conhecida as terminologias Símbolo ou Profissão de Fé, também é temos conhecimento de CREDO, que sintetiza os principais aspectos da opção pela fé na Trindade Santa. Porém, a utilização do termo Símbolo se faz importante pelo que a etimologia da palavra significa - O símbolo dentro do ritual litúrgico nasce de sua própria etimologia – sym-balleim – ou seja, “unir duas metades que se combinam, formando um todo para significar a união de pessoas, ideias, atitudes” (Valeriano Costa, 2010, 5354). Além dessa união, ele gera uma relação com a transcendência nos conduzindo a ela. A proclamação do Símbolo na assembleia litúrgica quer nos mostrar que a nossa vida deve estar em conformidade/íntima relação com a fonte da História da Salvação – o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A fé professada revela o entusiasmo da Igreja – Povo de Deus, expressão de uma comunidade que crê na revelação trinitária e busca aprofundar-se cada vez mais. Na comunidade nós reafirmamos nossa fé, pois, mesmo sendo uma confissão individual, a proclamação é feita em comunitariamente. Muitas vezes algumas palavras não parecem com-

respondências e comunicações, como saudações, convites, festas; para a lembrança dos aniversariantes. A escolha de um domingo fixo a cada mês, durante o qual se divulgam nas celebrações o que foi realizado com o recurso do Dízimo, ocasião em que se costuma fazer a “Oração do Dizimista”, rezar por eles e manifestar gratidão pela fidelidade e pela generosidade da colaboração. É igualmente importante o testemunho de coordenadores e outras pessoas ligadas a movimentos presentes nas comunidades paroquiais, que sabem ajudar as pessoas a compreenderem a diferença entre o Dízimo e outras formas de colaboração. A solidariedade é parte da natureza do Dízimo, ajuda os fiéis a compreenderem mais plenamente o significado do Dízimo e os motiva a colaborarem. Confiamos a opção pelo Dízimo a proteção de Nossa Senhora Aparecida, ela que nas Bodas de Canaã, com sensibilidade, notou a falta do vinho e os ensinou a fazer o que Jesus lhes disser (Jo, 2,3-5).

Padre Pedro Speri, Assessor diocesano para a Pastoral do Dízimo

Seminarista Wesley de Almeida, 4º ano de Teologia wesley-almeidacm@ hotmail.com

preensível, porém, o CREIO rezado em unidade nos ajuda a crer mais e melhor, pois é na reunião de pessoas livres que se congregam em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia que as verdades de fé tomam sentido. A unidade da “Profissão de Fé, o exercício da caridade para com Deus e o próximo, a celebração eucarística e dos sacramentos constitui a própria vida da Igreja, a sua identidade, a sua continuidade e a fonte de renovação e da juventude no decorrer do tempo” (Dicionário de Liturgia, p. 955). Assim, o Símbolo alcança na liturgia um ato de louvor – o fiel que louva a Deus descobre que proclama as maravilhas por Ele realizadas. A Liturgia e a Profissão de Fé devem ser vivenciada em unidade para que não se torne algo descaracterizado de sentido, mas se traduza numa experiência real, para o bem de todos os que aceitam a fé. Dentro da esfera da Liturgia da Palavra, esta que é proclamada, escutada e acolhida, a Profissão de Fé se converte num grande hino e auxilia a assembleia a viver o anúncio em atitude de louvor ao Pai. O Símbolo, portanto, segundo santo Agostinho (Sermão 124), “edifica em vós que deveis crer e confessar para poderdes alcançar a salvação: o que dentro em breve ides receber, confiar à memória e proferir com a boca, não é novidade nenhum para vós ou coisa nunca ouvida. De fato, costumais ouvi-lo em várias formas, tanto na sagrada escritura, como nos sermões da Igreja.


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A missão da Sociedade S. Vicente de Paulo “Só Deus basta a si mesmo, mas Ele preferiu contar com você’’

ARTIGO

A Sociedade São Vicente de Paulo é uma organização e um movimento católico internacional de leigos fundado em Paris, França, em 1833, por Antônio Frederico Ozanan. Inspirados no amor dedicado aos carentes e nas diversas obras de caridade realizadas por São Vicente de Paulo, Ozanan e alguns companheiros iniciaram um trabalho de ajuda aos irmãos, independente de raça, cor, nacionalidade, credo religioso ou político, levando-lhes esperança e dignidade humana. Hoje, no mundo, há aproximadamente 800 mil membros; no Brasil, são quase 250 mil que mantem as mais de 2 mil obras sociais (asilos, creches, escolas, hospitais, projetos sociais); em torno de 150 mil famílias assistidas semanalmente, com alimentos, roupas, materiais escolares, móveis e utensílios domésticos. Em Campo Mourão são 23 conferências e 263 membros ativos, que

atendem em média 200 famílias por semana. Na Diocese de Campo Mourão a Sociedade São Vicente de Paulo atendem o Lar dos Velhinhos Frederico Ozanan em Campo Mourão e tem obras sociais em Ubiratã, Campina da Lagoa, Iretama, Moreira Sales, em Peabiru atendem a Vila Vicentina e em Engenheiro Beltrão o Projeto Formando Vidas. Jovenor Campos, secretário do Conselho central de Campo Mourão, diz, “a prioridade dos vicentinos, como caridade é o combate a fome. Muitos criticam os vicentinos e nos chamam de assistencialistas, mas ‘a fome tem pressa’, ela não espera a mudança, a transformação ou o emprego ou até mesmo a aposentadoria”. Gandhi, dizia que a fome é “a forma de violência mais assassina que existe”. Os vicentinos querem evitar isso a todo custo. Acolher um idoso

desamparado, uma criança sem lar, um doente ou mesmo um faminto, não pode ser um gesto apenas assistencialista, mas sim de um humanismo cristão, gesto de grande caridade e misericórdia. Disse seu Jovenor, “que as ações promovidas pelos vicentinos são baseado nos ensinamentos de São Vicente, que dizia: ‘o pão que tenho em minhas mãos, é material; mas o pão que entrego ao faminto é espiritual, pois vai carregado de amor, de compaixão e de humanidade e salva a vida’ ”. Este ano, as entidades assistenciais têm passado por grandes dificuldades, já fez 6 que os poderes constituídos, tanto Federal, Estadual e Municipal não repassaram os convênios para os diversos grupos caritativos. Os Vicentinos, neste mês em que celebram a Festa de São Vicente querem convidar você a partilhar, na caminhada da solidariedade.

Precisamos de sua ajuda para dar um amparo mais efetivo para as famílias. Você faz a diferença. Para saber mais sobre a Sociedade São Vicente de Paulo, ligue no 35251320, ou procure o Conselho Central dos Vicentinos no Centro Catequético da Catedral São José.

Maria Joana Titton Calderari, graduada em Letras pela UFPR, especialização em Filosofia pela FECILCAM e Ensino Religioso pela PUC. majocalderari@yahoo. com.br

“Não tenham medo de lutar contra a corrupção e não se deixem seduzir por ela! ”

Esse foi o pedido do Papa Francisco em carta enviada aos jovens brasileiros (e a todos nós brasileiros) no encerramento do projeto Rota 300, no dia 29 de julho em Aparecida (SP) celebrando os 300 anos do encontro da imagem de Aparecida. A desesperança e apatia que contamina os brasileiros precisam ser vencidas. Não vamos desistir do Brasil! Neste mês de setembro em que celebramos a festa de nossa independência, vamos atender o convite dos bispos da CNBB e nos unirmos na Jornada de Oração e Jejum pelo Brasil. Vamos somar forças com todos os cristãos e brasileiros de boa vontade na busca de um Brasil melhor, mais fraterno. Precisamos superar essa realidade econômica, política, ética sem precedentes em que vivemos. Chega de corrupção, uso indevido do dinheiro público, violência e desesperança generalizada. “Nós estamos necessitados de um novo Brasil, mais ético; de uma política mais transparente. Nós não podemos chegar a um impasse de acharmos que a política pode ser dispensada. A política é muito importante, mas do modo do comportamento de muitos políticos, ela está sendo muito rejeitada dentro do Brasil. ” Dizem os bispos, pedindo muita oração. “Ajudai-nos a construir um país justo e fraterno. Que todos estejamos atentos às necessidades das pessoas mais fragilizadas e inde-

fesas! Que o diálogo e o respeito vençam o ódio e os conflitos! Que as barreiras sejam superadas por meio do encontro e da reconciliação! Que a política esteja, de fato, a serviço da pessoa e da sociedade e não dos interesses pessoais, partidários e de grupos”. Na carta enviada aos jovens em Aparecida, Papa Francisco demonstra conhecer nossa triste realidade. Ele fala das” incertezas e inseguranças de cada dia”, da “precariedade que as situações de injustiça criam ao redor de vocês”. Mas deixa uma mensagem de esperança: “tenham uma certeza, Maria é um sinal de esperança que lhes animará com um grande impulso missionário. Ela conhece os desafios em que vocês vivem. Com sua atenção e acompanhamento maternos, lhes fará perceber que não estão sozinhos”. O Santo Padre recordou na sua mensagem a história dos pescadores pobres, que depois de uma pesca sem grandes resultados, no rio Paraíba do Sul, lançaram mais uma vez as suas redes e foram surpreendidos com uma imagem partida de Nossa Senhora, coberta de lama. Primeiro acharam o corpo, logo em seguida a cabeça. Que simbolismo significativo: “aquilo que estava dividido, volta à unidade, como o coração daqueles pescadores, como o próprio Brasil colonial, dividido pela escravidão, que encontra sua unidade na fé que aquela

imagem negra de Nossa Senhora inspirava”. Também agora vivemos num país dividido, crescendo a violência, o racismo, todas as formas de preconceito. Que a Virgem de Aparecida nos ajude a voltar à unidade. “Que Ela transforme as “redes” da vida de vocês – redes de amigos, redes sociais, redes materiais e virtuais -, realidades que tantas vezes se encontram dividas, em algo mais significativo: que se convertam numa comunidade! Comunidades missionárias “em saída”! Comunidades que são luz e fermento de uma sociedade mais justa e fraterna. ”pede o papa. Como gostaríamos que ele estivesse aqui no Brasil neste Sete de setembro, celebrando conosco o fim da corrupção, a união e fraternidade dos brasileiros ou quem sabe um acordo de paz entre os grupos que dominam o submundo do crime e o povo brasileiro..., Mas ele estará perto, na América Latina, no hemisfério Sul, na Colômbia. Rezará pela outra face de Maria, para Nossa Senhora de Chiquinquirá, padroeira da Colômbia, agradecendo e celebrando o acordo de paz entre as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o governo colombiano. Nós também chegaremos lá! O Brasil precisa de todos nós. Vamos superar as nossas divisões e pedir com toda nossa fé: “Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil! ”


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SETEMBRO/2017

São Jerônimo, foi declarado pela Igreja como o padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia

ARTIGO

No dia 30 de setembro, dia da Bíblia, celebramos a memória do grande “tradutor e exegeta das Sagradas Escrituras”: São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja. Ele nasceu na Dalmácia em 340, e ficou conhecido como escritor, filósofo, teólogo, retórico, gramático, dialético, historiador, exegeta e doutor da Igreja. É de São Jerônimo a célebre frase: “Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo”. Com posse da herança dos pais, foi realizar sua vocação de ardoroso estudioso em Roma. Estando na “Cidade Eterna”, Jerônimo aproveitou para visitar as Catacumbas, onde contemplava as capelas e se esforçava para decifrar os escritos

propósito de seguir na vida eremítica. Ordenado sacerdote em 379, retirou-se para estudar, a fim de responder com a ajuda da literatura às necessidades da época. Tendo estudado as línguas originais para melhor compreender as Escrituras, Jerônimo pôde, a pedido do Papa Dâmaso, traduzir com precisão a Bíblia para o latim (língua oficial da Igreja na época). Esta tradução recebeu o nome de Vulgata. Saiu de Roma e foi viver definitivamente em Belém no ano de 386, onde permaneceu como monge penitente e estudioso, continuando as traduções bíblicas, até falecer em 420, aos 30 de setembro com, praticamente, 80 anos de idade. A Igreja declarou-o padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia e fixou o “Dia da Bíblia” no mês do seu aniversário de morte, ou ainda, dia da posse da grande promessa bíblica: a Vida Eterna.

nos túmulos dos mártires. Nessa cidade, ele teve um sonho que foi determinante para sua conversa. No sonho, ele se apresentava como cristão e era repreendido pelo próprio Cristo por estar faltando com a verdade (pois ainda não havia abraçado as Sagradas Escrituras, mas somente escritos pagãos). No fim da permanência em Roma, ele foi batizado. Após isso, iniciou os estudos teológicos e decidiu lançar-se numa peregrinação à Terra Santa, mas uma prolongada doença obrigou-o a permanecer em Antioquia. Enfastiado do mundo e desejoso de quietude e penitência, retirou-se para o deserto de Cálcida, com o São Jerônimo, rogai por nós!

A virgindade perpétua de Maria e “os irmãos e irmãs de Jesus” (I)

Lendo o evangelho de Marcos nos deparamos com a menção dos irmãos [e irmãs] de Jesus em 3,3132. Nem todos os manuscritos mencionam as irmãs neste versículo, tendo uma grande discussão se pertenceriam ou não ao original, por isso, algumas Bíblias as menciona entre parênteses. Em Marcos 6,3 temos alguns deles explicitamente nomeados: “Esse não é o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago e Joset, Judas e Simão? Suas irmãs não vivem aqui entre nós?”. Também Mt 13,55 os menciona. Mc 3,21.31 e Jo 7,3-5 mostra que nem mesmo eles compreendiam Jesus. No entanto, os encontramos entre os primeiros crentes em At 1,14 (embora algumas Bíblias traduzam por parentes, o grego é muito claro: adelphos, irmãos; o mesmo acontecerá em Gl 1,19). Seriam os mesmos de Mc 3,21.31 e Jo 7,35? Em 1Cor 9,5 são mencionados por Paulo junto com os apóstolos. E em Gl 1,19 Paulo conta seu encontro com Tiago, “o irmão do Senhor”. Tiago será o chefe da Igreja em Jerusalém. O interesse sobre esta questão é evidente. Se forem irmãos de Jesus por parte de Maria, como pensavam, por exemplo, Tertuliano, Helvício e Joviniano, seriam mais novos que ele (Mt 1,25; Lc 2,6) e Maria não teria se mantido virgem após o parto, comprometendo o título dado a ela pela tradição de “Maria sempre virgem”. A Igreja, no entanto, desde muito cedo afirmou a virgindade perpétua de Maria. Assim pensou a maioria dos santos padres, como, por exemplo, Clemente de Alexandria, Orígines e Eusébio de Cesareia que deram explicações variadas para os “irmãos e irmãs” de Jesus.

Atualmente os cristãos se dividem quanto a esta questão, ou seja, não da concepção virginal de Jesus por Maria (embora existam os que se opõe também a esta afirmação entre os protestantes), mas de sua virgindade mesmo após o parto: Católicos romanos e ortodoxos optam pela virgindade perpétua de Maria. Para Karl Rahner é mesmo um dogma de fé: “A Igreja tem sempre ensinado, tem incluído em sua fé e confessado constantemente contra diversas heresias, que Maria concebeu a seu Filho sem a cooperação de um pai terreno e que permaneceu virgem ainda depois do nascimento de Jesus”. Embora o exegeta católico Rudolf Pesch considere que sejam filhos biológicos de Maria. Também pensa assim o sacerdote católico John P. Meier que, após ter analisado todos os argumentos pró e contra, conclui: “...se, prescindindo da fé e do ensinamento sucessivo da Igreja - o historiador ou o exegeta é chamado a exprimir um juízo sobre o Novo Testamento e sobre textos patrísticos que temos examinado, considerados simplesmente como fontes históricas, a opinião mais provável é que os irmãos e as irmãs de Jesus fossem verdadeiros irmãos”. Os primeiros reformadores também aceitaram a virgindade perpétua de Maria. Maria semper virgo (“sempre virgem”) foi uma frase constantemente repetida durante a Idade Média e aparece nos escritos confessionais protestantes de Lutero, Calvino, Zuinglio e Andrewes; no Livro de Concórdia e nos Artigos de Esmalcada. No desenrolar da história, no entanto, começaram a negá-la. Maria não teria se mantido virgem após o nascimento de Jesus.

Pe. Luiz Antonio Belini, labelini2016@gmail.com

Ao entrarmos neste debate é preciso nos lembrar que o modo de entender a sexualidade (e, portanto, a virgindade) é diferente de acordo com o tempo e a cultura. A virgindade feminina sempre foi um valor reconhecido e um requisito necessário em ordem ao matrimônio. Uma noiva que não pudesse provar sua virgindade desonrava a família. Na Galileia de Maria o ideal não era a manutenção perpétua da virgindade e sim o matrimônio e a geração de muitos filhos. Embora tenham autores marianos que queiram ver na jovenzinha Maria de Nazaré um voto de virgindade perpétua, algo quase impossível para o imaginário social da época. Com a preocupação escatológica de Paulo e com o desenvolvimento do cristianismo, este imaginário irá mudar a ponto de o Concílio de Trento em sua sessão 24, de 11 de novembro de 1563, can.10, poder afirmar: “Se alguém disser que o estado conjugal deve ser preferido ao estado de virgindade ou celibato, e que não é melhor e mais valioso permanecer na virgindade ou celibato do que unir-se em matrimônio [cf. Mt 19,11s; 1Cor 7,25s.38.40]: seja anátema” (DH 1810). No NT (Mt e Lc) e no início da vida da Igreja, a afirmação da virgindade de Maria estava sempre referida a Jesus. Mais do que nos dar informações sobre Maria, era sobre Ele que queriam nos informar. Somente nos últimos séculos é possível falar da virgindade de Maria como um valor em si mesmo, independente. [No Servindo do próximo mês apresentarei detalhadamente as possíveis interpretações bíblicas e suas consequências]


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SETEMBRO/2017

CALENDÁRIO SETEMBRO/2017 DATA 01 a 03 02 e 03

HORA

O QUE?

QUEM?

ONDE?

18h

Reunião Regional

Assessores e coordenadores diocesanos da PJ

Araruna

08h

Escola Diaconal

Aspirantes ao Diaconato

Sem. São José - CM

5º Escolão Vivencial

Cursilhistas

Par. N. S. Aparecida - Luiziana

Todos

Juranda

Encontro de Intercessores

Intercessores da RCC

Campo Mourão

Congresso Estadual da RCC

Lideranças da RCC

Campo Mourão

CORESUL – Marianos

Lideranças da Congregação Mariana Paroquiais

Campo Mourão

Retiro para as crianças

Crianças – Fraternidade do Caminho

Fraternidade O Caminho

Escola Bíblica Decanato de Juranda

Lideranças Paroquiais e interessados

Juranda

Lideranças Paroquiais e interessados

Centro Catequético

Lideranças Paroquiais e interessados

Eng. Beltrão

Lideranças Paroquiais e interessados

Par. N. S. das Candeias

Lideranças Paroquiais e interessados

Iretama

Equipe do Cenáculo de Maria

Mamborê

03

08h

03

08h

07 08 a 10 08 a 10 09 e 10 09 09 09

BALANCETE JULHO/2017

14h 14h 14h

Festa do Povo de Deus (Decanato de Juranda)

Escola Bíblica Decanato de Campo Mourão Escola Bíblica Decanato de Engenheiro Beltrão Escola Bíblica Decanato de

09

14h

09

14h

10

13:30

Vigília Preparatória Retiro do Clero

Clero

Maringá

12

19h30

Reunião Ordinária

Associados Vicentinos

Centro Catequético - CM

16

13h

Assembleia Eletiva

Pastoral da Criança

Mariluz

16

17h

Assembleia Eletiva

Pastoral da Criança

Goioerê

Ministério Jovem da RCC

Campo Mourão

Jovens da PJ

Nova Cantú

11 a 15

Goioere Escola Bíblica Decanato de Iretama

16 e

Escola Estadual de Teologia do

17

Corpo – 3ª etapa

17

09h

Decanato de Juranda Reciclagem dos MECE’s - Decanato

17 17

Escola de formação da PJ

de Campo Mourão 08h

22 a

Concentração Decanal (Decanato de Iretama) 38ª Assembleia do Povo de Deus

24

Todos os MECE’s do Decanato Membros do Apostolado de Oração Bispos, Padres, Coordenadores do CDAE, Coordenadores Diocesanos de Pastoral, Movimentos e Serviços

Campo Mourão Par. S. Fco. de Assis – Águas de Jurema – Iretama Maringá

23

16h

Reunião

Coordenadores de Grupo de Oração Jovem - RCC

Campo Mourão

23

14h

Seminário de Palestrante

Palestrante do Cenáculo com Maria

Fênix

Membros da Pastoral da Saúde

Araruna

Novos MECE’s

CDF – Lar Paraná - CM

23

13h

23 e

Encontro da Pastoral da Saúde (Dec. Eng. Beltrão) 5ª Etapa de Formação de MECE’s

24 24

08h

24

08h

24

14h

Festa Regulamentar

Associados Vicentinos

Campo Mourão

Membros do Apostolado de Oração

Jussara

Coordenadores Paroquiais

Santuário N. S. Aparecida - CM

Coordenadores Paroquiais de Acólitos e Coroinhas

A Definir

Convidados

CDF Lar Paraná - CM

3 Catequistas por Paróquia

CDF – Lar Paraná - CM

Reunião Diocesana

Coordenador de Ramo (Pastoral da criança)

Casa sede - CM

Escola Diaconal

Aspirante ao Diaconato

Seminário São José - CM

Oficina dos Ministérios

Lideranças da RCC

Campo Mourão

Concentração Decanal (Engenheiro Beltrão) Assembleia Diocesana da IAM Confraternização Decanal –

24

Decanato de Campo Mourão

29 a

99º Cursilho Feminino

01 30

08h

30

08h30

30 a 01 30 a 01

6º Módulo – Escola diocesana Biblico Catequética Emaús

ANIVERSÁRIOS / SETEMBRO 2017 Padres 03 – Pe. Fiorenzo Longhi, csf (N) 06 – Pe. Carlos Cezar Candido (N) 09 – Pe. João Donisetti Pitondo (N) 09 – Pe. José Givanildo Detumim (N) 12 – Pe. Aédio Odilon Pego (O) 12 – Pe. Jilliard Adolfo de Souza (N) 21 – Pe. Fiorenzo Longhi, csf (O) 24 – Pe. Paulo Versari Conceição (N) 24 – Pe. Gerson Araújo Costa (N) 27 – Pe. José Aparecido Alves Ferreira (N)

Diáconos 06 – Diác. Cezar A. B. da Silva (O) 06 – Diác. Marcos Alexandre de Carvalho (O) 07 – Diác. José Pereira (N) 08 – Diác. Mercir Ricci (N) 09 – Diác. Bruno Tkaczuk (N) 19 – Diác. Reinaldo Soares (N)

Seminaristas

MANUTENÇÃO DA CÚRIA E IMÓVEIS Despesas com Água/Energia/Telefone/Correio/Alarme 2.051,05 Locação Sistema Contabilidade/Folha Pagamento 673,19 Encargos Sociais (INSS+FGTS+PIS+IRRF) 36.911,64 Combustível (Visita Pastoral, Serviços, Chancelaria, Economato) 3.095,68 Fundo de Reserva 31.109,63 Côngruas/Salários/Alimentação 103.400,83 Plano de Saúde 9.000,00 Capela Santa Paula Elisabete Cerioli 418,72 Mensalidade do Prever 35,00 Despesas Mat. Expediente 169,50 Despesas Mat. Uso/Consumo/Limpeza/Cafézinho 1.372,94 Advocacia Andrade & Rodrigues 4.685,00 Curso Mestrado Direito Canônico (Carlos Nunez - Pe. André - Pe.Gianny - Pe.Wagner) 5.010,00 Curso Pós-Grad. Latu Sensu Espiritualidade 1 - Semin. Fernando 120,00 Curso Graduação Psicologia - Pe. Ricardo 525,00 Curso Pós-Graduação em Liturgia - Sem. Wesley A. Santos 2.796,87 Despesas c/ Seminário Acordo Brasil - Santa Sé (Viagem e Estadia) 4.171,44 Despesas c/ Ordenação 5.799,85 Despesas c/ Curso Clero 1.545,44 Despesas Reunião das Secretárias 398,20 Repasse a CNBB para Formação de Novos Padres 2.474,55 Repasse p/ Conta Estudos 4.243,00 Despesas com Viagens 82,00 Despesas com Farmácia 413,53 Despesas com Veículos 1.828,11 Despesas com Materiais Litúrgicos 8.701,75 Despesas com Cartório 836,45 Despesas com Processos Judiciais 555,23 Manutenção e Conservação - Cúria 5.513,38 Manutenção e Conservação Residência Episcopal 54.976,77 Construção Dormitórios Casa de Encontro 4.107,42 Foto Célula - Fotos Oficiais dos Bispos 739,50 Gráfica Ivaí - Impressos 5.394,00 Vidraçaria Santo Antônio - Molduras 250,00 Viação Mourãoense (Vale Transporte) 600,00 Labore Medicina do Trabalho (Exames Admissionais e Demissionais) 175,00 Brindes e Presentes 620,00 Doação para ASPRECAM - Pagamentos de Despesas 2.922,80 Repasse para Pastoral da Criança (Despesas Junho) 200,83 TOTAL: 307.924,30

06 – Fábio de Oliveira (Filosofia) 11 – Murylo Cezar Silva (Teologia) 25 – Wesley de Almeida dos Santos (Teologia)

RESIDÊNCIA EPISCOPAL Despesas com Água/Energia/Telefone 1.018,17 Manutenção e Conservação 375,00 TOTAL 1393,17 CASA DO BISPO - Av. Irmãos Pereira Despesas com Água/Energia/Telefone/Internet/UOL/Sky 1.178,13 Salários e Adiantamento 13° Salário 1.256,96 Alimentação 944,05 Uso e Consumo - Gás 75,00 Lavanderia São Paulo 25,00 TOTAL 3.479,14 OUTROS (Água, luz, telefone, manutenção, etc) Seminário São José - Campo Mourão 1.684,67 Centro Past. Dom Virgílio de Pauli 807,50 Centro Past. Dom Eliseu 1.069,94 Total 3.562,11 REPASSE DA CÚRIA Semin. Proped. São José - Campo Mourão 8.929,00 Semin. de Filosofia N. S. Guadalupe - Maringá 15.770,00 Semin. de Teologia Dom Virgílio - Cambé 15.770,00 40.469,00 RESUMO GERAL Entradas Contribuição das Paróquias 225.344,00 Contribuição Ref. 13º Salário 18.776,20 Doação dos Crismandos 4.992,00 Reembolso Encargos-Pis/Secraso/Senalba 3.095,49 Reembolso Correio/Labore/Cartório 296,30 Reembolso Almoço do Clero e Secretárias 795,00 Reembolso Materiais Litúrgicos 13.319,20 Reembolso Itaú-Cursos/Mestrado/Pós-Padres 7.810,00 Reembolso Sicoob-Fundo-Reforma/Construção 78.729,88 Reembolso Fotos dos Bispos 2.438,50 Repasse Paróquias 1% CNBB 2.434,45 Casa de Formação 976,00 Total das Entradas: 359.007,02 Saldo Sicredi em 30/06/2017

137.111,20

Saídas Manutenção da Cúria e Imóveis Residência Episcopal Casa do Bispo Centro Pastoral Dom Virgílio de Pauli Centro de Pastoral Dom Eliseu Seminário São José Seminário Propedêutico São José – Campo Mourão Seminário Filosofia N. Sra. Guadalupe – Maringá Seminário de Teologia Dom Virgílio – Cambé TOTAL DAS SAÍDAS SALDO FINAL Saldo Sicredi em 31/07/2017

307.924,30 1.393,17 3.479,14 807,50 1.069,94 1.684,67 8.929,00 15.770,00 15.770,00 356.827,72 2.179,30 120.284,25


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SETEMBRO/2017

Acordo-Brasil – Santa Sé Parte 01 - Introdução geral O JORNAL SERVINDO, disponibilizará nas próximas edições um estudo a partir do acordo Brasil e Santa Sé, com o objetivo de verificar a constitucionalidade do Acordo celebrado entre os países, que deu origem ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, no qual se trata de assuntos importantes para ambos, uma vez que regulamenta o exercício da atividade pastoral da Igreja Católica no país, e dispõe sobre temas socialmente importantes, como a destinação de espaços públicos para fins religiosos e do ensino religiosos confessional nas escolas públicas. O estudo será organizado pelos membros do Tribunal Eclesiástico da Diocese de Campo Mourão.

Conforme o sistema de atos internacionais, é variada a denominação dada aos atos internacionais, tema que sofreu considerável evolução através dos tempos. Embora a denominação escolhida não influencie o caráter do instrumento, ditada pelo arbítrio das partes, pode-se estabelecer certa diferenciação na prática diplomática, decorrente do conteúdo do ato e não de sua forma. As denominações mais comuns são tratados, acordo, convenção, protocolo e memorando de entendimento. Nesse sentido, pode-se dizer que, qualquer que seja a sua denominação, o ato internacional deve ser formal, com teor definido, por escrito, regido pelo Direito Internacional e que as partes contratantes são necessariamente pessoas jurídicas de Direito Internacional Público. Quando o tratado, acordo, convenção, etc, envolve a Santa Sé e um outro Estado, utiliza-se o termo CONCORDATA, que geralmente é assinado com a finalidade de assegurar direitos dos Católicos ou da Igreja Católica naquele Estado. Muitas foram assinadas quando os Estados se laicizaram, como forma de garantir direitos para a Igreja e permitir sua existência em tais países. Conforme pronunciamento do Senador Fernando Collor, feito no dia 07/10/2009 durante a sessão em que se tratava a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo no 716,

de 2009, “a Sé Apostólica mantém relacionamento diplomático com mais de 170 países, sejam laicos ou com distintas inclinações religiosas. A Santa Sé possui o status de observador em inúmeras organizações internacionais, como, por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização dos Estados Americanos (OEA). É, ainda, membro fundador da Agência de Energia Atômica (AIEA), outra organização internacional de relevo. Não é, portanto, privilégio da República Federativa do Brasil firmar acordo com a Santa Sé. Para contrastar de maneira mais forte o argumento de ineditismo e injuridicidade na atitude do Brasil e demonstrar a universalidade da abrangência da atividade diplomática do Vaticano.... A partir do final do século XIX, com a conformação final da natureza política do Vaticano, incrementou-se a atividade diplomática da Santa Sé... O presente Acordo entre a Santa Sé e a República Federativa do Brasil traçou os seguintes pontos principais: •  Reafirmar a personalidade jurídica da Igreja Católica e de suas instituições (Conferência Episcopal, Dioceses, Paróquias, institutos religiosos etc.); •  Reconhecer às instituições assistenciais religiosas igual tratamento tributário e previdenciário fruído por entidades civis congêneres; •  Estabelecer colaboração da Igreja com o Estado na tutela do patrimônio cultural do País, preservando a finalidade precípua de templos e objetos de culto; •  Reafirmar o compromisso da Igreja com a assistência religiosa a pessoas que a requeiram, e estejam em situações extraordinárias, no âmbito familiar, em hospitais ou presídios; •  Cuidar do ensino religioso católico em instituições públicas de ensino fundamental e também assegura o ensino

de outras confissões religiosas nesses estabelecimentos; •  Confirmar a atribuição de efeitos civis ao casamento religioso e, simétrica e coerentemente, dispõe sobre a eficácia de sentenças eclesiásticas nesse setor; •  Estabelecer o princípio do respeito ao espaço religioso nos instrumentos de planejamento urbano; •  Codifica a jurisprudência pacificada no Brasil sobre a inexistência de vínculo empregatício dos ministros ordenados e fiéis consagrados mediante votos com as dioceses e os institutos religiosos equiparados; •  Assentar o direito de os bispos solicitarem visto de entrada aos religiosos e leigos estrangeiros que convidarem para atuar no Brasil; e •  Ensejar que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) possa, autorizada pela Santa Sé em cada caso, pactuar os direitos e obrigações versados no Acordo. O senador, também deixou claro que não se pode confundir a laicidade do Estado (sua soberana independência e imparcialidade ante quaisquer religiões, de modo equilibrado e construtivo) com o laicismo (negação do valor da religião, confinamento do fenômeno religioso e suas incidências ao estritamente privado e subjetivo, sufocando quaisquer manifestações públicas das várias confissões) ou, ainda pior, com a mentalidade ateísta e antirreligiosa (que vê no fenômeno religioso um perigo para a humanidade, para a sociedade e para a democracia). O ânimo hostil à religião de modo algum condiz com a nossa tradição constitucional. A leitura imediata do Acordo deixa claro que, por esse documento de direito internacional, não se cria nem se pretende criar nova agremiação religiosa, muito menos se deseja embaraçar, nem se logra pre-

judicar, o funcionamento de qualquer denominação religiosa. Verifica-se que nenhum dos dispositivos do Acordo impõe restrição a outras religiões. Ao contrário, no que tange ao ensino religioso, o tratado cria a obrigação de o Estado proteger as demais religiões, assegurando a todas o mesmo direito de acesso aos seus fiéis em fase escolar. A intenção do acordo não era levar o Estado brasileiro a assumir financeira ou administrativamente o culto da religião católica em nenhum ponto, o Acordo permite semelhante leitura. O documento tampouco prejudica o funcionamento das demais religiões. Na realidade, segundo a visão do Senador citado, ao contrário, abre para as demais denominações religiosas o caminho da formação bilateral de normas ajustadas às necessidades peculiares de cada qual, em benefício da plena fruição dos direitos decorrentes da proclamação da liberdade religiosa pela Constituição da República. O objetivo maior do referido Acordo, como ficará claro, é apresentar numa só peça jurídica aquilo que já é consagrado, seja pelo habitual, seja pelo positivamente normatizado pela nossa estrutura legal. Deste modo, em nada se acrescenta leis ou privilégios que beneficiem a Igreja Católica de modo a ferir a igualdade que a Constituição prescreve a todas as confissões e expressões religiosas. O acordo foi assinado no dia 13 de novembro de 2008 na Sala dos Tratados do Palácio Apostólico do Vaticano, na presença do Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone; recebeu aprovação do Congresso Nacional no dia 07 de outubro de 2009 e houve a Troca dos Instrumentos de Ratificação no Vaticano no dia 10 de dezembro de 2009, e finalmente a promulgação no Brasil, em data de 11 de fevereiro de 2010. Segundo Dom Lorenzo Badisseri, na época Núncio Apostólico no Brasil, em si o acordo não se inscreve com uma novidade em termos de conteúdo, nem preceitua novas normas, salvo algumas poucas, mas como codificação de uma praxe existente, que precisava de uma referência jurídica certa. Desta forma, partindo das premissas e princípios que nortearam o presente acordo, daremos passo, nas seguintes edições, a um estudo aprofundado e crítico sobre todos os aspectos jurídicos, sociais, políticos, econômicos, etc., que envolvem o Acordo em questão.


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