Diretório de Saúde 2022

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diretório de saúde ‘22

Esta revista faz parte integrante do Diário As Beiras de 22 de Julho de 2022 e não pode ser vendida separadamente patrocínio
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índice

• Taxa de natalidade tem vindo a descer na região Centro >Pág 6/7

• 63,5% da população da região Centro com 15 e mais anos de idade “nunca fumou” >Pág 8

• Tabaco e excesso de peso são os diagnósticos mais registados >Pág 9

prestação de serviços

• Região Centro: tratar a população mais envelhecida de Portugal >Pág 10/11 Grupo

• SANFIL aposta em contratar um “corpo clínico de grande diferenciação” >Pág 12/13

• CHUC “143 milhões investidos nas áreas mais prementes” > Pág 14/15

• IPO Metas contratualizadas “têm sido superadas” > Pág 18/19

• “Na CUF centramos os cuidados no doente e não apenas na doença” > Pág 22/25

• Spine Center > Pág 27

• Clínicas Leite sólida experiência > Pág 28

• A Previdência Portuguesa na saúde > Pág 30

institucional

• Desafios para a sustentabilidade financeira do Serviço Nacional de Saúde >Pág 32/33

• Ordem dos Médicos “Ministério não sabe nem quer planear” >Pág 34/35

• ARS Centro Necessidade de vacinação covid-19 rondará as 52 500 inoculações/semana >Pág 36/37

ensino

• Ensino secular na área da Saúde em Coimbra >Pág 38/39

• 8 134 alunos divididos por quatro instituições de ensino >Pág 40/41

• ESTeSC está na “pole position” das escolas de Tecnologias da Saúde >Pág 42/45

• Faculdade de Farmácia é a mais diferenciada do país >Pág 46/49

• Faculdade de Medicina Excelência no ensino e na investigação >Pág 50/51

• ESEnfC Uma referência no ensino da enfermagem >Pág 52/54

• FPCEUC Uma instituição de excelência na promoção da saúde e bem-estar >Pág 55

inovação

• MIA-Portugal estudar processos biológicos do envelhecimento >Pág 56/57

• Biocant quer manter investimentos e potenciar partilha do conhecimento >Pág 58/59

• IPN Como criar empresas de sucesso na área da saúde >Pág 60/61

ContaCtos

seDe: Rua Abel Dias Urbano, n.º 4 - 2.º 3000-001 Coimbra, tel. 239 980 280, 239 980 290, reDação Tel. 239 980 280, redaccao@asbeiras.pt PubliCiDaDe tel. 239 980 287, publicidade@asbeiras.pt

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Diretor Agostinho Franklin Chefe De reDação Dora Loureiro reDação Dora Loureiro (Chefe), Paulo Marques (repórter coordenador), António Alves, António Rosado, Bruno Gonçalves, Emanuel Pereira, José Armando Torres, Jot’Alves, Patrícia Cruz Almeida, e Pedro Ramos Dep comercial Ana Paula Ramos, Mónica Palmela e João Ribeiro paginação Carla Fonseca, André Antunes, Daniela Marques e Victor Rodrigues Dep aDmnistrativo Cidália Santos, Cristina Mota, Margarida Fernandes e Rosa Pereira o meu jornal, a minha região
Sojormedia Beiras SA coorDenação // Dora Loureiro | José Armando Torres paginação// Carla Fonseca
PROPRIEDADE
// DIRETÓRIO DE SAÚDE ‘22
Prestação de serviços 10-31 Ensino 38-55 Inovação 56-61 DIRETÓRIO DE SAÚDE ‘22// Índices de saúde 6-9 Institucional 32-37

índices de saúde

Taxa de natalidade tem vindo a

de saúde

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), e após tratamento de dados dos Observatórios Regionais de Saúde, a taxa bruta de natalidade tem vindo tendencialmente a diminuir na região de saúde do Centro, com uma evolução paralela ao continente, embora com valores inferiores. Em 2020, a taxa bruta de natalidade na região foi de 7,0/100 mil habitantes (8,2 no continente).

Já a esperança de vida à nascença tem aumentado nos últimos anos na região (76,6 anos no triénio 19961998; 81,9 anos no triénio 20182020), sendo idêntica à do continente (75,8 anos no triénio 1996-1998; 81,7 anos no triénio 2018-2020). Na

região, as mulheres (84,9 anos) têm uma esperança de vida à nascença superior aos homens (78,8 anos).

O índice sintético de fecundidade voltou a descer nos últimos anos na região (1,25 filhos em 2020), mantendo-se sempre inferior ao continente (1,41 em 2020) desde 1996.

No triénio 2018-2020, a proporção de nascimentos pré-termo na região de saúde do Centro foi de 7,9%, tendo estabilizado nos últimos triénios com valores próximos aos do continente (7,6%).

A proporção de crianças com baixo peso à nascença na região foi de 8,6% (valor igual ao continente) no triénio 2018-2020 e apresenta uma tendência crescente desde 1996.

Nascimentos em idades de risco

A proporção de nascimentos em mulheres com idade inferior a 20 anos tem vindo a diminuir na região de saúde do Centro, apresentando valores muito próximos dos verificados no continente. No triénio 20182020, na região de saúde do Centro 2,0% dos nascimentos aconteceram em mulheres com menos de 20 anos (2,2% no continente).

Já no triénio 2018-2020, 35,1% dos nascimentos aconteceu em mulheres com 35 e mais anos e mantém uma tendência crescente, com valores semelhantes ao continente (33,4%).

Mortalidade

A taxa bruta de mortalidade na re-

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Os índices da região Centro apontam, entre outros, para uma descida tendencial da taxa bruta de

vindo a descer na região Centro

taxa bruta de natalidade na região Centro. Já a esperança média de vida tem aumentado

gião de saúde do Centro tem vindo a aumentar desde 2014, sempre com valores superiores ao continente.

Em 2020, a região registou 13,7 óbitos/1.000 habitantes (12 óbitos/1.000 habitantes no continente).

Após uma diminuição seguida de estabilização, a mortalidade prematura (<65 anos) aumentou ligeiramente em 2020, registando 2,1 óbitos/1.000 habitantes (11% do total de óbitos), valor igual ao do continente. A evolução da taxa bruta de mortalidade da região tem seguido a mesma tendência do continente desde 1996, com valores idênticos nos últimos anos.

Relativamente à taxa de mortalidade infantil (crianças com menos de um ano de idade), tem diminuído progressivamente e sempre com valores inferiores aos verificados no continente. No triénio 2018-2020

estabilizou em 2,4/1.000 nados vivos na região (2,8/1.000 nados vivos no continente).

Após uma estabilização, a mortalidade neonatal (crianças com menos de 28 dias de idade) aumentou no triénio 2015-2017 situando-se em 1,7/1.000 nados vivos no triénio 2018-2020, aproximando-se dos valores do continente (1,7/1.000 nados-vivos).

A mortalidade neonatal precoce (crianças com menos de sete dias de vida) tem sido estável na região (1,1/1.000 nados vivos no triénio 2018-2020), com valores idênticos ao continente (1,3/1.000 nados vivos).

Após o acentuado decréscimo que apresentou até ao triénio 2003-2005, a mortalidade perinatal (fetos de 28 ou mais semanas de gestação e crianças com menos de sete dias de

vida) tem-se mantido estável na região. Contudo, no triénio 2018-2020 regista uma diminuição posicionando a região (3,2/1.000 nados vivos) abaixo do continente (3,6/1.000 nados vivos).

A mortalidade pós-neonatal (crianças com mais de 28 dias e menos de um ano de idade) e fetal tardia (fetos com mais de 28 semanas) estabilizaram nos últimos triénios na região, com valores próximos do continente, mas ainda assim ligeiramente inferiores. No triénio 2018-2020, a região registou uma mortalidade pós-neonatal de 0,7/1.000 nados vivos (0,9 no continente) e uma mortalidade fetal tardia de 2,1/1.000 nados vivos (2,3 no continente).

DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 7
índices
97436 Ordem dos Farmacêuticos Secção Regional do Centro Rua Castro Matoso, n.º 12 A 3000 - 104 Coimbra Telf.: +351 239 851 440
Fonte: INE (tratamento de dados: Observatórios Regionais de Saúde)
de saúde

índices de saúde

população da região

anos de idade

Com base nos resultados do Inquérito Nacional de Saúde 2014 (INS2014), observou-se na região que 63,5% da população com 15 e mais anos de idade “nunca fumou”, valor que registou uma diminuição e é superior ao do continente (58,2%); aumentou a percentagem da população com 15 e mais anos que é “ex-fumador” (19,3%), valor inferior ao do continente (21,9%); e manteve-se a percentagem de “fumadores atuais” (17,2% na região; 19,9% no continente). Entre os três INS (1998/1999;

2005/2006; 2014) aumentou a percentagem de mulheres “fumadoras atuais” de 6,4% para 10,3% e aumentou a percentagem de homens “exfumadores” de 21,3% para 29,7%. Já a maior percentagem de “fumadores atuais” são homens, em todos os grupos etários. Comparativamente com o continente, a região apresenta menor percentagem de “fumadores atuais” na generalidade dos grupos etários, exceto entre os 25 aos 44 anos de idade.

Consumo de álcool

O INS 2014 registou na região um aumento da percentagem de popu -

lação que nos 12 meses anteriores à entrevista bebeu alguma bebida alcoólica (população com 15 e mais anos de idade) - 64,8% - por comparação com os dois primeiros INS; contudo, a região continua com valores inferiores ao continente (70,4%). Este consumo é superior nos homens (82,7%; 49,1% nas mulheres) com valor inferior ao continente (85,4%; 57,3% nas mulheres). Por grupos etários, a região apresenta menor percentagem de consumo de álcool em comparação com o continente.

| José Armando Torres

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e mais
“nunca fumou”

Tabaco e excesso de peso são os diagnósticos mais registados na região

Nos determinantes de saúde analisados nos Cuidados de Saúde Primários da região, em 2021 os diagnósticos mais registados entre os utentes inscritos foram o abuso do tabaco (10%), maioritariamente entre os homens (13,1%), e o excesso de peso em ambos os sexos (19,2%).

O abuso crónico de álcool (1,6%) foi mais expressivo nos homens (3,1%).

Na Região de Saúde do Centro, de entre as morbilidades analisadas nos CSP, no ano de 2021 os diagnósticos ativos que afetaram maior proporção de utentes foram a alteração do metabo-

lismo dos lípidos (29%), a hipertensão (24,9%), as perturbações depressivas (13,5%) e a obesidade (7,0%).

Em 2021, a diabetes era um diagnóstico ativo em 9% dos utentes dos CSP da região (9,6% homens; 8,5% mulheres).

As maiores diferenças entre sexos encontram-se nas perturbações depressivas (6% para os homens; 20,7% para as mulheres), na osteoporose (0,4% para os homens; 6% para as mulheres) e na osteoartrose do joelho (4,7% para os homens; 9,1% para as mulheres), que afetam mais as mulheres.

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de saúde
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serviços

Região Centro: tratar mais envelhecida de

Na região Centro existem 229 idosos por cada 100 jovens. É para prestar de rede de serviços de saúde da região. Às unidades do Serviço Nacional prestação de

Aregião Centro é a zona mais envelhecida de Portugal, segundo os resultados provisórios dos Censos de 2021. Para isso contribuiu o fenómeno do duplo envelhecimento da população, caracterizado pelo aumento do número de pessoas idosas e pela redução de jovens. Isto é, na região Centro passaram a existir 229 idosos por cada 100 jovens (163, em 2011), o que significa que o número de idosos na região é mais do dobro dos jovens residentes.

No conjunto do país, a região Centro regista, simultaneamente, o menor peso de jovens (11,8%) e o maior peso de população idosa, a par com o Alentejo (27,0%).

A população envelhecida, que em regra se carateriza por apresentar comorbilidades, coloca desafios acrescidos ao sistema de saúde.

Rede de hospitais

Na área da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro a rede de cuidados hospitalares é constituída, desde 1 de abril de 2011, por cinco centros hospitalares.

O CHUC - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra destaca-se pela sua dimensão e excelência: é o maior centro hospitalar não só

da região mas também do país. A sua criação foi o passo para a fusão de oito unidades hospitalares que funcionavam na zona de Coimbra, uma medida que, ainda hoje, está longe de ser consensual.

Apoios e críticas à parte, o CHUC integrou os Hospitais da Universidade de Coimbra, o Hospital Geral (Covões), o Hospital Pediátrico, a Maternidade Daniel de Matos, a Maternidade Bissaya Barreto e o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra, que por sua vez já tinha absorvido o Hospital Sobral Cid, o Hospital Psiquiátrico do Lorvão e o Centro Psiquiátrico e de Recuperação de Arnes.

Para além do CHUC, na região Centro existem ainda o Centro Hospitalar do Baixo Vouga (Hospital Infante D. Pedro, Aveiro; Hospital Conde Sucena, Águeda; Hospital Visconde de Salreu, Estarreja), o Centro Hospitalar Cova da Beira (Hospital Pêro da Covilhã; Hospital do Fundão), o Centro Hospitalar de Leiria (Hospital de Santo André, Leiria; Hospital Distrital de Pombal; Hospital Bernardino Lopes de Oliveira, Alcobaça) e o Centro Hospitalar Tondela-Viseu (Hospital Cândido de Figueiredo, em Tondela; Hospital São Teotónio, em Viseu).

Aos centros hospitalares acrescem dois hospitais centrais especializa-

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tratar a população

envelhecida de Portugal

para prestar serviços a uma população muito envelhecida que se articula Serviço Nacional de Saúde, a maioria, acrescem as privadas e do setor social

dos – Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, EPE e o Centro de Medicina Física e Reabilitação da Região Centro Rovisco Pais, SPA –, um hospital distrital (Hospital Distrital da Figueira da Foz), e dois hospitais do setor público sdministrativo: Hospital Arcebispo João Crisóstomo, em Cantanhede, e Hospital Doutor Francisco Zagalo, Ovar.

A rede hospitalar da ARS Centro integra ainda três hospitais integrados em duas Unidades Locais de Saúde (ULS) – Hospital Sousa Martins, da Guarda, Hospital Nossa Senhora da Assunção, de Seia, e Hospital Amato Lusitano, de Castelo Branco).

A estes hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) acrescem ainda outras unidades de saúde do setor privado e social. Do setor privado, operam na região a Fundação Sophia (Casa de Repouso de Coimbra), o Hospital da Luz-Coimbra, o Centro Cirúrgico de Coimbra (Intercir), a SANFIL - Casa de Saúde de Santa Filomena, a CUF Coimbra Hospital, a Clínica de Montes Claros (no Estádio Cidade de Coimbra), a Fundação Nossa Senhora da GuiaHospital de Avelar, a Fundação Aurélio Amaro Diniz (Oliveira do Hospital) e o Hospital da Misericórdia da Mealhada.

Cuidados de saúde primários e continuados

Os cuidados de saúde primários estão organizados, na área de influência da ARS Centro, em seis ACeS e duas Unidades Locais de Saúde: a ULS de Castelo Branco e a ULS da Guarda.

A rede de cuidados de saúde primários da região Centro inclui 85 centros de saúde, sendo 21 integrados nas ULS de Castelo Branco e Guarda e os restantes 64 nos ACeS da ARS Centro. Nos centros de saúde os cuidados podem ser prestados pelas USF - Unidade de Saúde Familiar ou pelas UCSP - Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados e nas 59 Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC).

Já a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi criada em 2006, para prestar cuidados continuados integrados a pessoas que, independentemente da idade, estejam em situação de dependência. Atualmente, na área da ARSC, existe um total de 2794 camas da rede de cuidados continuados, distribuídas por seis tipologias: Unidades de Convalescença; Unidade de Média Duração e Reabilitação; Unidade de Longa Duração e Manutenção; Residência de Apoio Máximo; Residência de Apoio Moderado; Residência de Treino de Autonomia. |Dora Loureiro

prestação de serviços

ASBEIRAS | 11
DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIO

prestação de serviços

Grupo SANFIL aposta em um “corpo clínico de grande

Para o Grupo SANFIL, “o mais importante são as pessoas”. Para lhes garantir os melhores serviços de saúde, bem como num investimento contínuo nas infraestruturas, na inovação e na tecnologia, afirma Pedro Marcelino, investimentos na modernização de equipamentos e infraestruturas

Podemos dizer que o Grupo SANFIL cresceu de forma exponencial em poucos anos?

O Grupo SANFIL, agora SANFIL - Global Health Company (GHC), nasceu há mais de 70 anos nas margens do rio Mondego, bem no centro da cidade de Coimbra. Começou com uma pequena policlínica a Casa de Saúde de Santa Filomena - onde os sócios à época, todos eles profissionais de saú-

de, exerciam a sua atividade privada. Com o passar dos anos, a Casa de Saúde de Santa Filomena foi alargando os cuidados de saúde que prestava aos seus utentes, construindo um bloco operatório e internamento, o serviço de hemodiálise e mais tarde a radiologia, a par de aquisições de outras clínicas, que completavam a capacidade assistencial de cuidados ao dispor dos utentes.

O Grupo SANFIL engloba dois grandes polos, em Coimbra e Leiria, que integram na sua área outras unidades de saúde mais pequenas em zonas próximas?

Foi só em 2012, que o Grupo cresceu para fora do distrito de Coimbra, com a aquisição do Centro Hospitalar de S. Francisco, com presença, em Leiria, Pombal, Alcobaça e Marinha Grande, e da Diaton, com unidades

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Pedro Marcelino, administrador executivo do Grupo SANFIL

em contratar grande diferenciação”

serviços de saúde, o grupo aposta num “corpo clínico e profissionais de grande diferenciação e qualidade”, afirma Pedro Marcelino, administrador executivo do Grupo Sanfil. Desde 2019, a SANFIL tem realizado vários

em Viseu, Aveiro, Coimbra e Leiria.

A SANFIL Medicina reúne atualmente todas as valências para prestar cuidados de saúde de forma integral aos seus clientes?

Em 2021, em plena pandemia, o conjunto de empresas transforma-se em Grupo, tendo para tal sido criado um centro corporativo no IParque, com centralização dos serviços partilhados pelas várias empresas do Grupo, e com a segmentação das atividades e da sua gestão: a SANFIL MEDICINA com as atividades clínicohospitalares; a NEFROVIDA com a área da hemodiálise; a DIATON com a radiologia e a medicina nuclear; e a SINESPAÇO com a área imobiliária. Para a GHC o mais importante são as pessoas e dessa forma continuamos a apostar num corpo clínico e profissionais de grande diferenciação e qualidade bem como num investimento contínuo nas nossas infraestruturas, na inovação e na tecnologia, que se traduz, consequentemente, na crescente confiança de todos os que connosco interagem, principalmente nos nossos utentes.

A SANFIL tem apostado no investimento na modernização de infraestruturas e equipamentos?

Desde 2019, a SANFIL tem estado muito ativa na modernização de equipamentos e infraestruturas. Mesmo com a covid, foram mantidos os investimentos encontrando-se a decorrer intervenções profundas no Hospital de S. Francisco em Leiria e na Casa de Saúde de Santa Filomena,

em Coimbra. Brevemente teremos em funcionamento três novas unidades de diálise: uma em Coimbra, uma em Leiria e uma em Alcobaça. Paralelamente, já em 2022, inaugurámos uma nova Clínica em Alcobaça, com duplicação da área disponível de prestação de cuidados e assumimos o Hospital D. Manuel de Aguiar em Leiria, numa parceria com a Santa Casa de Misericórdia de Leiria.

A SANFIL trabalha com vários subsistemas de saúde? Da vossa experiência, temse verificado um crescimento da área dos seguros?

O crescimento dos seguros privados de saúde é uma realidade não só em Portugal, como em muitos países do mundo. Independentemente dos motivos da opção pela contratação de um seguro privado de saúde, complementarmente à cobertura de saúde assegurada pelo Estado, tem-se notado o crescimento de utentes que optam por estes tipos de planos. A esse crescimento não será indiferente a descida de valor dos prémios dos seguros e o facto de os seguros de saúde permitirem aos utentes escolher os clínicos, e essa, é uma grande vantagem.

Na relação de confiança e de parceria com as seguradoras e os subsistemas a SANFIL tem procurado estar à altura dos desafios e colaborado ativamente na procura das melhores soluções para os utentes

Na SANFIL damos grande valor à

relação pessoal de confiança que deve unir o paciente e o médico, por forma a se obter os melhores resultados clínicos dentro do que a medicina e a tecnologia podem oferecer. Quer seja para uma consulta, um exame, ou um tratamento, que pode chegar mesmo à cirurgia, na prática, os seguros de saúde resultam num desconto ou acesso a uma tabela de preços mais baixa que a tabela geral dos utentes particulares. A SANFIL há muito que trabalha com a generalidade das seguradoras na área da saúde, assim como com as seguradoras de acidentes de desportivos, de trabalho e de viação e com os subsistemas de saúde. Os subsistemas de saúde, como a ADSE, IASFA, PSP e GNR, que funcionam também como seguros de saúde de espectro alargado, sem limites de idade e como poucas restrições de cobertura. Na relação de confiança e de parceria estabelecida com as seguradoras e os subsistemas a SANFIL tem procurado estar à altura dos desafios que lhe são apresentados e colaborado ativamente na procura das melhores soluções para os utentes. |Dora Loureiro

prestação de serviços

DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 13 aposta

prestação de serviços

CHUC “143 milhões investidos nas

A necessidade de dar resposta à pandemia de covid-19, uma situação imprevista, dificultou outros projetos no CHUC?

A resposta à segunda e terceira vagas da pandemia COVID-19 tomou conta das agendas de todos nós e consumiu grande parte do tempo e da energia disponíveis, mas não impediu o CHUC apresentar as prin-

cipais linhas do Plano de Desenvolvimento Estratégico em setembro de 2021. Apesar do contexto de imprevisibilidade e incerteza, o planeamento estratégico revelou ser o instrumento mais eficaz na antecipação de cenários, de modelação de respostas e de identificação dos recursos necessários para melhor lidar com o imprevisto num horizonte de

médio prazo, onde foi determinante o envolvimento, de forma ativa, de todos quantos se interessam pelo futuro do seu Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Esse plano de desenvolvimento é decisivo para estruturar o desenvolvimento futuro?

A clari fi cação da visão estratégica

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O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Carlos os investimentos já efetuados e os que estão previstos para refuncionalizar nas áreas mais prioritárias nos Carlos Santos, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)

investidos nas áreas mais prementes”

(CHUC), Carlos Santos, fala sobre o Plano de Desenvolvimento Estratégico das unidades hospitalares, prioritárias nos vários polos do CHUC

do CHUC é seguramente a forma de responder com elevada qualidade às necessidades de saúde das populações que servimos e dos contribuintes que nos financiam, porque assenta sobretudo na promoção do interesse público numa lógica de reforço do conceito de Centro Hospitalar assente em quatro pilares: competência, cooperação, compromisso e complementaridade, que dão suporte aos (sete) eixos do plano estratégico do CHUC, para um Serviço Nacional de Saúde mais forte e um País mais solidário.

A fusão dos hospitais de vários hospitais de Coimbra no CHUC produziu os efeitos que se esperavam?

Volvida uma década do processo de fusão, os ganhos de e fi ciência expectáveis não ocorreram da forma planeada e a integração de alguns serviços ainda não está totalmente estabilizada, não sendo alheio a esta situação às limitações impostas pela Troika à realização de investimento durante a década anterior. No entanto, os ganhos de eficiência e produtividade tão almejados estão dependentes de uma reformulação ao nível dos processos, mas que implicam igualmente a refuncionalização de áreas críticas do Centro Hospitalar.

Quais são as prioridades de investimento?

No Plano de Desenvolvimento Estratégico assinalámos valores de investimento de 143 M€ assentes na sistematização e priorização das necessidades mais prementes, que inclui múltiplos projetos ao nível da requalificação de infraestruturas hospitalares e também na substituição/atualização do plateau tecnológico, e ainda seis projetos estruturantes com influência direta na concretização da estratégia num

valor de investimento de 93 M€, distribuídos por:

A. Requalificação de infraestruturas e atualização do plateau tecnológico - 50 M€

B. Polo HUC – 59 M€: a. Novo Edifício da Maternidade; Requalificação da Urgência Central; Expansão da Medicina Intensiva

C. Polo HG – 25 M€: a. Novo Edifício de Ambulatório de Adultos e Novo Edifício de Apoio à Atividade Hospitalar

D. Requalificação do Polo Sobral Cid – 9 M€

Nos últimos três anos foi possível elevar significativamente as verbas de investimento em requalificação de infraestruturas e na substituição/atualização do plateau técnico, registando-se valores médios anuais acima dos 15 M€, o que constituiu uma recuperação importante face à quase ausência de investimento na década precedente.

“ prestação de serviços

Volvida uma década do processo de fusão, os ganhos de eficiência expectáveis não ocorreram da forma planeada e a integração de alguns serviços ainda não está totalmente estabilizada

Ao nível da requalificação das infraestruturas têm-se realizado diversas intervenções nos vários polos do CHUC melhorando as condições de trabalho dos profissionais e a comodidade dos doentes.

A área da investigação também tem merecido atenção e programação de investimentos?

Ainda durante o mês de julho entra em funcionamento o BIOBANCO CACC CHUC-UC, estrutura em formato de consórcio integrante do Centro Académico e Clínico de Coimbra, juntando o CHUC e a Universidade de Coimbra. Esta estrutura

tem por missão principal apoiar a investigação científica, na área da biomedicina, nacional e internacional, recolhendo e armazenando amostras biológicas e dados demográficos e clínicos cedidos voluntariamente por indivíduos residentes em Portugal, a fim de que investigadores em ciências biomédicas possam ter acesso a essas amostras e dados associados, para desenvolver atividades científicas com relevo para o incremento do conhecimento na área da saúde humana. Uma vez mais, a concretização de um projeto do CACC CHUC-UC a demonstrar toda a capacidade de concretização de projetos transformadores da cadeia de valor por parte do consórcio de duas das mais importantes instituições do País.

Que investimentos foram feitos na atualização do plateau tecnológico?

No que se refere à atualização do plateau tecnológico foram realizados investimentos superiores a 25 M€, destacando-se a substituição de equipamento médico pesado em diversas áreas:

• aquisição por locação de dois aceleradores lineares de última geração para tratamento de doentes oncológicos num investimento de 8 M€.

• na medicina nuclear um valor global de investimento superior a 4 M€ com a aquisição de duas Camaras Gama e a substituição do PET-CT financiado no âmbito do Roteiro

DIRETÓRIO
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Nacional de Infraestruturas, a que a Universidade de Coimbra, através da sua Unidade Orgânica ICNAS, se candidatou, numa demonstração clara do potencial do CACC.

• atualização de três TAC e um Angiógrafo num valor superior a 1 M€.

• aguarda-se a conclusão do processo de autorização de investimento para abertura do concurso para a aquisição de duas ressonâncias magnéticas, num investimento superior a 3 M€.

• no plano da inovação e atento o perfil de Hospital Universitário está a ser enquadrada a melhor modalidade para a aquisição de dois equipamentos de cirurgia robótica que combinam a abordagem de uma cirurgia minimamente invasiva com a utilização de um dispositivo robotizado, a aplicar em determinadas cirurgias nas especialidades de cirurgia geral, urologia, ginecologia e ortopedia.

Depois de apresentado o Plano de Desenvolvimento Estratégico, o que

foi feito para a concretização dos projetos estruturantes?

Poderá dizer-se que os nove meses decorridos desde a apresentação do Plano de Desenvolvimento Estratégico (PDE) permitiram evoluir na maturidade dos processos bem como na definição de um planeamento concertado dos mesmos.

No Polo Sobral Cid destacam-se dois projetos financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência, prevendo-se a construção no ano 2023 da nova unidade de internamento de psiquiatria forense, concluindo-se ainda em 2022 a requalificação do pavilhão 8 para instalação da Unidade de Transição Forense.

“A requalificação da Urgência Central do Polo HUC e a construção da nova maternidade também vão avançar?

Os projetos estruturantes no Polo Hospital Geral irão permitir uma reorganização e refuncionalização dos circuitos de doentes e profissionais, com particular enfoque na eficiência ao aliviar a pressão no Polo HUC

No 4.º trimestre de 2022 vai dar-se início à obra da Requalificação da Urgência Central no Polo HUC, a qual tem garantido o financiamento por fundos comunitários.

Ainda no Polo HUC encontra-se na fase final o projeto de execução para a expansão do Serviço de Medicina Intensiva em mais 22 camas, que irá permitir adequar a capacidade de resposta a doentes críticos do CHUC e da Região Centro ao nível dos rácios de referência internacionais.

Para o novo Edifício da Maternida-

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de está a decorrer o concurso público internacional por prévia qualificação para a elaboração do projeto de execução.

Ambos os projetos encontram-se sinalizados para financiamento pelo QCA PT2030, dispondo o CHUC das verbas correspondentes à contrapartida nacional.

Há projetos estruturantes previstos também para o Polo Hospital Geral (Covões)?

Os projetos estruturantes no Polo Hospital Geral irão permitir uma reorganização e refuncionalização dos circuitos de doentes, profissionais e de materiais, com particular enfoque na eficiência ao aliviar a pressão atualmente existente no Polo HUC, para além de alargar a oferta de serviços naquela unidade numa lógica de complementaridade entre as unidades do Centro Hospitalar.

O projeto de centralização dos armazéns, alimentação e esterilização irá permitir refuncionalizar os atuais processos logísticos criando

economias de escala com ganhos de eficiência e de economia, para além de dar uma resposta alternativa aos constrangimentos atuais. O novo edifício será integrado no Polo Hospital Geral (Covões) numa área superior a 10 mil m2 e um valor de investimento de 10 M€, configura uma operação de aquisição de uma propriedade de investimento onde as rendas cobradas pelo CHUC no aluguer do espaço aos concessionários (cozinha e esterilização) garantem os encargos com o financiamento externo por locação financeira.

“ficação num investimento de 4 M€ distribuídos por 6.000 m2 a reafetar a outras funções de maior valor para atividades core.

No 4.º trimestre de 2022 vai dar-se início à obra da Requalificação da Urgência Central no Polo HUC, a qual tem garantido o financiamento por fundos comunitários

Os espaços libertados nos vários polos serão objeto de uma requali -

A reorganização da resposta de ambulatório de adultos assenta na definição objetiva da tipologia de doença e do modelo funcional aplicável, prevendose que no final do 3º trimestre seja possível abrir concurso para o projeto de execução, e instruir o processo para garantir o seu financiamento no âmbito do PT2030.

Acresce ainda que os projetos estruturantes dos polos HUC e Hospital Geral tiveram em linha de conta uma descompressão no polo HUC e uma maior dinamização do polo Hospital Geral.

Enfermagem Apoio

Domiciliário

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97430

prestação de serviços

IPO Metas contratualizadas

Mesmo com um campus hospitalar pejado de obras para melhoramentos e reconstrução de edifícios, o IPO da Saúde e pelos quais é acompanhado, “um grau de execução muito próximo dos 100% com superação externas, às cirurgias e aos tratamentos de quimioterapia e radioterapia têm aumentando, indicando uma

O Conselho de Administração do IPO de Coimbra está satisfeito com os índices de saúde da unidade hospitalar?

Podemos responder que sim. Tal como está patente no último relatório e contas, o IPO de Coimbra tem tido um bom desempenho, no que diz respeito à sua capacidade produtiva e à generalidade dos indicadores de acesso e de qualidade. Destaca-se o facto do IPO ser uma entidade acreditada pela OECI (Organization of European Cancer Institutes), como Clinical Cancer Center, e pelo CHKS (Caspe Healthcare Knowledge Systems), duas prestigiadas entidades internacionais. Ainda recentemente, no passado mês de junho, a instituição foi pela quinta vez acreditada pelo CHKS, o que traduz o reconheci-

mento do cumprimento dos padrões internacionais das melhores práticas.

Se atentarmos nos indicadores contratualizados, com o Ministério da Saúde e pelos quais somos acompanhados, constatamos, em 2021, um grau de execução muito próximo dos 100% com superação em praticamente todas as metas. De igual modo, no presente ano, prevê-se uma boa execução dos compromissos assumidos com o Ministério.

Claro que estes resultados significam fundamentalmente o reconhecimento do elevado nível de profissionalismo e compromisso de todos quantos aqui trabalham e dão o seu melhor, contribuindo de forma incontornável, para o prestígio da instituição e reforçando o orgulho de dela fazermos parte.

Mesmo no período de pandemia, ou no pós-pandemia, o IPO de Coimbra manteve bons números da atividade assistencial? Pode falar-me desses números?

Sim, o próprio Tribunal de Contas assinalou a performance do IPO de Coimbra no seu relatório publicado em 2020: “COVID – 19 _ Impacto na atividade e no acesso ao SNS”.

Numa edição vossa do mês de novembro de 2021, referia-se, a dado momento, que o IPO de Coimbra registava um aumento de consultas externas de 24,7%, em 2021, face a período anterior, tendo obtido o maior aumento percentual do país.

De facto, em termos de consulta externa, o Instituto tem realizado ao longo dos últimos três anos sempre um maior volume de consultas, em

18 | DIÁRIOASBEIRAS // DIRETÓRIO DE SAÚDE’22
“têm
Margarida Ornelas, presidente do Conselho de Administração do IPO - Centro Regional de Oncologia de Coimbra

contratualizadas “têm sido superadas”

edifícios, o IPO de Coimbra conseguiu em 2021, nos indicadores contratualizados com o Ministério superação em praticamente todas as metas”. Os indicadores relativos à realização de consultas indicando uma maior capacidade produtiva

termos globais. Tem sido, ainda, intensificada a atividade de ambulatório, nomeadamente na área cirúrgica e tem sido assegurada uma capacidade produtiva muito expressiva, no que concerne a tratamentos de radioterapia e quimioterapia, para citar alguns exemplos.

Em 2020, destacou-se: a execução de mais 3.325 consultas médicas (primeiras consultas e consultas subsequentes) face ao ano anterior; o aumento da atividade de tratamentos de quimioterapia, com um registo de mais 1767 tratamentos, em regime de ambulatório (hospital de dia) realizados face a 2019, e, ainda, um maior número de tratamentos complexos de radioterapia realizados.

Já em 2021, foram realizadas mais 23.797 consultas médicas, do que em 2020 (das quais 1.287 correspondem a um acréscimo de primeiras consultas referenciadas pelos cuidados de saúde primários); foram realizadas mais 519 cirurgias de ambulatório; foram realizados mais 1.641 tratamentos, em contexto de hospital de dia e, em termos de radioterapia externa, executada em regime de ambulatório, realizaram-se mais 1.305 tratamentos.

Ao mesmo tempo, o hospital tem feito um esforço grande na renovação de infraestruturas e equipamentos, num valor global que ronda os 30 milhões de euros.

As nossas orientações estratégicas têm-se centrado em três principais pilares: garantia de acesso, coesão interna e preocupação com o investimento. Esta última vertente, concretamente o eixo da infraestrutura física e tecnológica, tem sido uma das prioridades deste Conselho de Administração, havendo uma preocupação constante no sentido do IPO

de Coimbra crescer e se modernizar. Nos últimos dois anos, foram executados investimentos no valor de 11,9 M€. Destes destacam-se: a execução e apetrechamento de um novo Bloco Operatório, a aquisição de dois novos Aceleradores Lineares e a implementação de um Programa de Eficiência Energética. De resto, a execução em curso da empreitada de ampliação e requalificação do edifício da cirurgia e imagiologia, no valor de 27,9 M€, e seu subsequente reapetrechamento - onde se inclui, designadamente, a aquisição de equipamento médico pesado para o serviço de imagiologia e para o serviço de medicina nuclear – antecipam que este forte ciclo de investimentos se manterá nos próximos anos.

O facto de ter sido demolido um bloco inteiro – para a construção de um novo – que albergava o bloco operatório, o internamento cirúrgico e área de imagiologia, obrigou o IPO a procurar outras soluções que assegurassem o tratamento e cirurgia dos doentes oncológicos. Tem sido um percurso difícil?

pensar / reafectar espaços nos outros edifícios existentes para acomodar o maior número possível de atividade no campus hospitalar. Como exemplo de medidas que tivemos de levar a cabo, destaco a empreitada para adaptar o anterior “hotel de doentes” em internamento cirúrgico; a transformação da biblioteca numa área para a imagiologia; a transformação de espaços de arquivo em gabinetes de trabalho.

“ prestação de serviços

Tem sido intensificada a atividade cirúrgica na área de ambulatório, e tem sido assegurada uma capacidade produtiva muito expressiva em tratamentos de radioterapia e quimioterapia

Ainda assim, tivemos de garantir, em alguns casos, que as nossas equipas pudessem, também, trabalhar noutros locais, fora do nosso campus hospitalar, mas assegurando que essa atividade continuasse a ser “atividade do IPO de Coimbra”, com profissionais do IPO. Por esse facto, temos alguma cirurgia de ambulatório a ser realizada exteriormente, bem como parte da atividade cirúrgica (bloco operatório e internamento) e da imagiologia, bem como a esterilização a serem garantidas por profissionais do IPO em diversos pontos da cidade de Coimbra.

Sim, os desafios têm sido muitos, e o percurso tem sido por isso muito exigente, já que no edifício demolido funcionavam, como se refere, importantes valências, designadamente o bloco operatório, o internamento das especialidades cirúrgicas, a imagiologia e a esterilização.

Houve necessidade, por isso, de re-

Algumas soluções foram bastante criativas, como a construção do Bloco Operatório Periférico...

Algumas soluções têm sido criativas, de facto. A construção de um Bloco Operatório Periférico, com 2 salas operatórias, ocorreu em 2020, tendo sido edificado, em nove meses.

DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 19

Estas 2 salas que, em termos da modernidade, são do mais evoluído que existe do ponto de vista tecnológico, têm permitido acomodar, atualmente, a maioria da atividade cirúrgica, enquanto decorre a empreitada. Por outro lado, o equipamento técnico específico deste bloco será, posteriormente, transferido para o novo edifício de cirurgia, numa lógica de investimento antecipado.

Outra solução encontrada foi a transformação da nossa anterior biblioteca e de alguns gabinetes adjacentes, numa área para a imagiologia, permitindo a realização atual nesse espaço de várias técnicas: raio x convencional, ecografia e mamografia.

Por outro lado, não esqueçamos que todas estas medidas têm sido tomadas no contexto de pandemia, sendo que num hospital com as caraterísticas do IPO, há, ainda, que garantir, como uma responsabilidade redobrada, a segurança dos doentes e dos profissionais.

Do mesmo modo, o IPO de Coimbra renovou equipamentos, nomeadamente os aceleradores lineares. Esta renovação veio facilitar o trabalho na área da radioterapia, nomeadamente?

Os dois novos equipamentos, um dos quais iniciou o seu funcionamento em junho de 2021 e o segundo em janeiro deste ano, têm permitido aumentar a capacidade de resposta, no que respeita à complexidade das técnicas de tratamento, com tradução na precisão e segurança da radioterapia prescrita, garantindo a capacidade de tratamento, de forma eficiente e clinicamente efetiva.

Estes equipamentos, dotados da mais avançada tecnologia, têm permitido elevar a oferta de tratamentos complexos, alterando o rácio entre o número de tratamentos simples e complexos. Estima-se para 2022 um rácio de cerca de, pelo menos, 70% de tratamentos complexos vs 30% de tratamentos simples.

Quando as obras de construção do novo bloco estiverem concluídas, o que podem esperar os profissionais de saúde e os utentes da unidade hospitalar?

A requalificação do edifício terá 16.270 m2 de construção – enquanto o edifício anterior tinha (apenas) 4.960 m2. Terá 6 pisos, um deles subterrâneo, e nele ficarão instaladas as especialidades cirúrgicas, os serviços de: imagiologia, medicina nuclear, gastrenterologia e respetivas áreas técnicas.

O edifício disporá de 5 salas de bloco operatório e 1 sala de cirurgia de ambulatório, 1 unidade para doentes críticos e 98 camas (4 delas de isolamento). Este investimento permitirá a gestão dos recursos disponíveis, alicerçada em critérios de eficácia e eficiência, obtendo deles o maior proveito socialmente útil e terá impactos na qualificação organizacional e relacional, potenciando a existência de utentes e profissionais mais satisfeitos. Trata-se, como se sabe, de um projeto há muito ambicionado e desejado.

Apesar destes constrangimentos, o IPO conseguiu reduzir listas de espera, algumas geradas durante a pandemia?

No que respeita à consulta externa o acesso está garan-

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tido praticamente em 100%. Se atentarmos, de forma mais específica, nas consultas referenciadas pelos cuidados de saúde primários, constatamos que, em 2021, foram realizadas mais 1.287 destas consultas, do que em 2020. Pese embora o acréscimo de referenciação, os níveis de resposta foram atempados, com cumprimento do tempo máximo de resposta garantido, em 99,7% e um tempo médio de 16,7 dias, desde a emissão do pedido de consulta pelos cuidados de saúde primários, até à sua conclusão (tempo médio de espera da consulta).

No que concerne à lista de espera cirúrgica, tem havido uma gestão muito dinâmica e acompanhada, o que tem permitido, em alguns casos, a sua franca melhoria: é o caso dos doentes com maior antiguidade de espera para cirurgia de reconstrução mamária e alguma patologia do foro digestivo, em que tem sido possível reduzir o número de propostas cirúrgicas.

De acordo com dados do atual mês de julho, a taxa de variação é de cerca

de 34% de diminuição face ao mês de junho do ano anterior no número de propostas cirúrgicas com maior antiguidade. Por outro lado, se atentarmos no volume global de doentes em espera cirúrgica, independentemente da patologia, verificase, face ao início do ano, uma diminuição do número de doentes inscritos face a janeiro, em cerca de 10%.

Tem assegurado o tratamento dos doentes oncológicos nos prazos definidos?

Como atrás se referiu, na consulta externa garante-se o acesso de uma forma muito efetiva sem constrangimentos.

“dados mais recentes, pode, ainda, afirmar-se, como uma nota positiva, o facto do tempo máximo de resposta garantido ter melhorado, neste último semestre, em cerca de 15%, na patologia oncológica.

Estes resultados significam o reconhecimento do elevado nível de profissionalismo e compromisso de todos quantos aqui trabalham e dão o seu melhor, contribuindo para o prestígio da instituição

No que diz respeito à atividade cirúrgica, usando como referência os

Em suma, com o empenho dos nossos profissionais, temos envidado esforços, de modo a conseguir ser fiéis ao nosso compromisso de bem cuidar do doente oncológico, garantindo uma resposta atempada e humanizada e a confiança dos nossos doentes. Porque, como defendia o Prof. Francisco Gentil, nosso fundador: “Os doentes são como o capital: afluem aonde há confiança”. |Dora Loureiro

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DIRETÓRIO DE SAÚDE’22//
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prestação de serviços

“Na CUF centramos os cuidados no doente e não apenas na doença”

especialmente dedicados a uma determinada patologia e que avaliam o doente como um todo.

individual do doente.

Considerando que as necessidades de saúde são cada vez mais complexas e exigem uma estreita ligação entre as diversas especialidades médicas e cirúrgicas, o Hospital CUF Coimbra tem vindo a organizar unidades multidisciplinares compostas por equipas de profissionais de saúde

No Hospital CUF Coimbra centramos os cuidados no doente e não apenas na doença. Abordamos o doente de uma forma multidisciplinar, em que o contributo dos diferentes especialistas possibilita uma resposta mais completa em cada uma das doenças, com o objetivo de alcançar os melhores resultados possíveis para cada doente. No fundo, trata-se de um grupo de profissionais de saúdedesde médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica, assistentes operacionais, nutricionistas, farmacêuticos, psicólogos, entre outros profissionais - que, em conjunto, estudam e avaliam o doente sob ângulos diferentes, de acordo com a sua experiência e diferenciação. Sempre que necessário, os casos clínicos são discutidos em reuniões multidisciplinares, para apresentar aos doentes as melhores opções terapêuticas disponíveis, caso a caso, tendo em conta a doença mas, também, o contexto

São múltiplas as situações complexas de saúde, sejam benignas ou malignas, que exigem uma equipa especializada e uma resposta diferenciada no diagnóstico e tratamento. Concretizando e tomando como exemplo a criação, recente, da Unidade de Diabetes que vem dar resposta às necessidades de saúde específicas da pessoa com esta patologia.

Esta resposta diferenciada é aplicada às mais diversas doenças, vejamos também outros exemplos da resposta multidisciplinar no Hospital CUF Coimbra a patologias como as disfunções do pavimento pélvico, doenças do trato digestivo e, ainda, doenças respiratórias.

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Helena Gervásio, Diretora Clínica do Hospital CUF Coimbra
Esta resposta diferenciada é aplicada às mais diversas doenças”

Uma equipa dedicada ao doente com diabetes

ADiabetes Mellitus, uma doença crónica cuja prevalência tem vindo a aumentar, exige um acompanhamento regular por várias especialidades médicas pelo facto de ter um risco acrescido de complicações a curto e longo prazo. Para dar resposta a todas as pessoas diabéticas e às suas necessidades específicas, o Hospital CUF Coimbra criou a Unidade de Diabetes.

Com diferentes valências, esta Unidade inclui o Hospital de Dia de Diabetes, onde o doente é avaliado e acompanhado por uma equipa multidisciplinar constituída por especialistas de Medicina Interna, Endocrinologia, Nutrição e Enfermagem.

Associado ao acompanhamento médico, é também importante o acompanhamento pela equipa de enfermagem nos ensinos de técnicas de pesquisa de glicemia capilar, ou seja, os níveis de açúcar no sangue, e administração de

insulina, assim como tratamento de lesões dos pés. A nutricionista é também um elemento importante desta equipa no sentido de identificar erros alimentares e estabelecer planos alimentares personalizados e que o doente consiga cumprir.

Paralelamente, o doente diabético poderá ser orientado, de uma forma célere, para consultas de diferentes especialidades consoante as suas necessidades de saúde específicas. Oftalmologia, Cardiologia, Cirurgia Vascular, Cirurgia Geral e Ortopedia são algumas das especialidades envolvidas no tratamento de complicações que afetam os olhos, coração, pés, entre outros.

Este modelo assenta na proximidade e na cooperação entre pares. Sempre que há necessidade de referenciar um caso a outra especialidade, garantimos que toda a informação clínica é transmitida. No Hospital CUF Coimbra privilegiamos a rápida articulação entre

as diferentes especialidades de forma a dar uma resposta célere e eficaz ao doente diabético.

Procuramos também realizar reuniões regulares para nos mantermos o mais atualizados possível e encontrarmos as melhores soluções para os doentes. Para o doente, tem o benefício de estes profissionais poderem realizar uma avaliação global e integrada com ajustes terapêuticos, ensinos e ajustes nutricionais que irão contribuir para um melhor controlo da doença.

de serviços

Equipa multidisciplinar:

DIRETÓRIO DE SAÚDE´22 // DIÁRIOASBEIRAS | 23
prestação
Bráulio Gomes, Diana Gonçalves, Florbela Gonçalves - Medicina Interna Carlos Costa Almeida, Carlos Vila Nova - Cirurgia Geral Dina Rosa, Lídia Laranjeiro - Enfermagem; Filipe Mira, Ricardo Faria - Oftalmologia Joana Gante - Nutrição Luísa Ruas, Diana Catarino, Teresa Martins - Endocrinologia Manuel Santos - Cardiologia Ricardo Vale Pereira - Cirurgia Vascular
Hospital CUF
No
Coimbra privilegiamos
a rápida articulação entre as diferentes especialidades de forma a dar uma resposta célere e eficaz ao doente diabético

prestação de serviços

Doenças do pavimento pélvico exigem um acompanhamento por várias especialidades

Tratamento personalizado das patologias digestivas

Uma das principais características das doenças do pavimento pélvico - onde se inclui a incontinência urinária - é implicarem a avaliação e acompanhamento por várias especialidades médicas, desde Urologia, Ginecologia, Fisiatria, Cirurgia Geral, Anestesiologia, Psiquiatria, Psicologia e outras.

Por esse motivo, o Hospital CUF Coimbra criou uma resposta especializada ao constituir uma equipa dedicada ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento de disfunções do pavimento pélvico, composta por diferentes especialistas.

O objetivo não é, naturalmente, que cada doente passe por todas estas consultas. É, pelo contrário, facilitar o mais possível o percurso do doente para que possa ser orientado e tratado o mais corretamente possível e de acordo com as suas necessidades. Cada um destes especialistas está alerta para identificar e saber valorizar todos estes sintomas e poder depois orientar o percurso do doente para os especialistas que melhor seguimento podem dar a cada caso em particular.

A abordagem de um só sintoma, que leva um doente a um determinado especialista, que se vai limitar a tratar o sintoma mais exuberante de um conjunto de situações e sintomas que afetam um doente, nunca terá, na nossa experiência, sucesso terapêutico.

A realidade revela-nos que um doente

que tem um quadro doloroso pélvico, tem associadamente perturbações da micção e do funcionamento intestinal, e está já num estado de exaustão emocional ou depressão que perturbam toda a sua vida, pelo que a procura de ajuda diferenciada é fundamental.

Para o diagnóstico destas doenças é necessária uma avaliação clínica detalhada pelos especialistas e, quase sempre, são necessários exames, como estudos urodinâmicos, estudos funcionais colorretais e exames imagiológicos. Após discussão do caso clínico entre as várias especialidades é proposto um tratamento ou sequência de tratamentos que podem ser muito variáveis de doente para doente, seja, por exemplo, tratamento de reabilitação, tratamento cirúrgico, medicação ou psicoterapia.

Um em cada três portugueses sofre de doenças do aparelho digestivo, sendo uma das causas de morte mais relevantes em Portugal e os cancros digestivos são responsáveis por um terço de todos os cancros a nível nacional, segundo a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia. A deteção precoce e o tratamento multidisciplinar personalizado melhoram o prognóstico da doença oncológica, nomeadamente nas doenças do trato digestivo.

No caso concreto do Hospital CUF Coimbra, dispomos de protocolos estruturados, centralizados no doente, com reuniões multidisciplinares periódicas que, na nossa perspetiva, melhoram a capacidade de diagnóstico e tratamento atempado, permitindo minimizar possíveis complicações e aumentar as hipóteses de sucesso dos tratamentos.

É fundamental que os profissionais das várias especialidades trabalhem em conjunto de forma a apresentarem aos doentes as melhores estratégias terapêuticas disponíveis. Como é comum dizer-se não

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Francisco Rolo Urologista no Hospital CUF Coimbra Francisco Rolo, Urologista; Inês Coutinho, Ginecologista; António Manso, Cirurgião Geral; Graça Guimarães e Liliane Alves, Fisioterapeutas
Equipa multidisciplinar: António Manso - Cirurgia Geral Francisco Rolo - Urologia Frederico Furriel - Urologia Graça Guimarães - Fisioterapia Inês Coutinho - Ginecologia Joana Boa-Alma Pais - Fisioterapia Liliane Alves - Fisioterapia Mafalda Bártolo - Fisiatria Rachel César - Psicologia Susana Renca - Psiquiatria 

há doenças, há doentes e cada doença tem uma manifestação diferente de pessoa para pessoa, exigindo um tratamento personalizado.

A partir do momento em que é feito um diagnóstico - em que privilegiamos sempre rapidez na resposta - o caso é discutido por uma equipa de profissionais de diferentes especialidades com elevada experiência no diagnóstico e tratamento neste tipo de doenças, desde cirurgiões, gastroenterologistas, oncologistas, imagiologistas, anatomopatologistas, radiooncologistas, entre outros, para estabelecer a estratégia terapêutica mais indicada.

No Hospital CUF Coimbra os doentes têm acesso a diagnósticos e tratamentos recentes, ou seja, aquilo que é hoje o estado da arte, seguindo as mais recentes guidelines internacionais no tratamento destas doenças.

Equipa multidisciplinar:

Acompanhar o doente respiratório em todas as fases da doença

prestação de serviços

As doenças respiratórias continuam a ser uma das principais causas de morbilidade e mortalidade a nível mundial. Doenças obstrutivas como asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), distúrbios respiratórios do sono, infeções respiratórias, doenças malignas do aparelho respiratório, são alguns exemplos de patologias que afetam a qualidade de vida dos doentes e exigem uma intervenção precoce.

No Hospital CUF Coimbra o percurso do doente respiratório, com patologia benigna ou maligna, é assegurado por uma equipa clínica multidisciplinar que inclui as especialidades da Pneumologia, Cirurgia Torácica, Radiologia, Oncologia Médica e Anatomia Patológica, que tem ao seu alcance meios complementares diagnósticos e as infraestruturas necessárias, com o objetivo de melhorar o nível de cuidados de saúde prestados ao doente pneumológico.

de um laboratório equipado para estudo da função respiratória, laboratório de sono e aparelhos endoscópicos para realização de videobroncoscopia e biópsias.

Assim que o doente tem o diagnóstico, e sempre que indicado, o caso clínico é discutido numa reunião multidisciplinar para definir as estratégias mais adequadas a cada doente. Este carácter de partilha de conhecimentos, de reunião de competências técnicas e de decisões partilhadas, oferecem a cada doente a qualidade de resposta que se impõe.

Equipa multidisciplinar:

Ana Arrobas - Pneumologia

António C. de Matos - Cirurgia Torácica

Amélia Estevão - Radiologia

Cláudia Ch. Loureiro - Pneumologia

Helena Gervásio - Oncologia Médica

-

Para o diagnóstico das doenças respiratórias existe um conjunto de exames que podem estar indicados, como por exemplo a tomografia computorizada torácica de alta resolução, provas de função respiratória, avaliação laboratorial e estudo da alergia respiratória. O Hospital CUF Coimbra dispõe,

João Bernardo - Cirurgia Torácica

Luis Vaz Rodrigues - Pneumologia

Michele de Santis - Pneumologia

Nuno Bonito - Oncologia Médica

Roberto Fernandes - Enfermagem

DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 25
José Guilherme Coordenador de Cirurgia Geral no Hospital CUF Coimbra Amélia Estevão, Radiologista; João Bernardo, Cirurgião Torácico; Helena Gervásio, Oncologista; e Cláudia Chaves Loureiro, Pneumologista António Manso, Carlos Costa Almeida, José Guilherme Tralhão e Ricardo Martins - Cirurgia Geral Amélia Estevão e Idílio Gomes - Imagiologia David Perdigoto, Luis Elvas e João Fernandes Gastrenterologia

Nuno Bonito - Oncologia médica

prestação de serviços

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97556

Spine Center

Morada: Coimbra | Sede Edificio Diaton - Piso 3

Urb. Espirito Santo | Calçada do Gato, Lt 2 3000-199 Coimbra Lisboa

Avenida Sidónio Pais Nº 14 – R/C Esquerdo 1050-214 Lisboa Viseu

Rua da árvore Nº 10 – R/C Esquerdo 3500-085 Viseu Guarda

Rua Calouste Gulbenkian, B3 6300-670 Guarda Funchal

Rua Nova do Vale da Ajuda, Nº 16 9000-720 Funchal

Contatos: geral@spinecenter.pt www.spinecenter.pt

COIMBRA - T. 239 098 665 Tlm. 915 005 400

LISBOA - T. 211 359 754 Tlm. 915 005 400

VISEU - T. 232 092 750 Tlm. 915 017 188

GUARDA - T. 271 211 416 Tlm. 915 005 400

FUNCHAL - T. 291 721 370 Tlm. 915 005 400

Serviços/Valências Patologias

• Abaulamento Discal

• Degenerescência Facetária

• Espondilolistesis

• Estenose do canal vertebral

• Hérnia de disco e Degenerescência Discal

• Escoliose

• Cifose

• Fracturaosteoporótica

• Fractura de origem traumática

• Lesão tumoral da coluna vertebral

Cirurgias

• Cirurgia da hérnia discal e da compressão nervosa

• Cirurgia por neuronavegação

• Artrodese da coluna vertebral

• Artroplastia do disco intervertebral

• Fixação Dinâmica da coluna lombar

• Técnicas cirúrgicas minimamente

invasivas

Especialidades

• Ortopedia

• Neurocirurgia

• Neurologia

• Anestesiologia

• Medicina Interna

• Reumatologia

Terapêutica da Dor

• Dor de origem discal

• Dor com origem nas raízes nervosas

• Dor de origem facetaria

• Outros procedimentos para dores crónicas da coluna Acordos:

• ADSE

• ADMG

• IASFA

• PSP SAD

• Muticare PT ACS

• Sams Centro

• Sams Quadros

• Sams SIB

• Sãvida

• Serviços Sociais da CGD • ACP • Açoreana

• AdvanceCare

• Allianz

• Allianz Saúde

• Axa

• Fidelidade

• Future Healthcare

• Generali Seguros

• Groupama

• Liberty Seguros

• Lusitânia

• Macif

• Mapfre

• Médis

• Montepio Geral

• Multicare

• Ocidental Seguros

• Tranquilidade

• TRUST

• Victoria Seguros

• Zurich

prestação de serviços

DIRETÓRIO DE
DIÁRIOASBEIRAS | 27
Luís Teixeira, fundador e diretor-geral da Spine Center
SAÚDE’22//

prestação de serviços

Clínicas Leite sólida experiência

Com mais de duas décadas de sólida experiência, as Clínicas Leite são uma referência na área da saúde privada. Sob direção clínica de Eugénio Leite, oftalmologista e cirurgião, destacam-se pelos serviços de excelência e aposta constante em tecnologia de topo a nível mundial

As Clínicas Leite foram pioneiras, em Portugal, na introdução da cirurgia a laser para erros refrativos e para a catarata, no tratamento a laser para o olho seco e para o glaucoma e na realização de angiografias sem uso de contraste, entre muitas outras técnicas.

Certificadas no âmbito da Qualidade do seu Sistema de Gestão na área de oftalmologia e em matéria de Conciliação da Vida Profissional, Familiar e Pessoal, são ainda PME Líder e somam diversas distinções em responsabilidade social e boas práticas em equipas de trabalho.

As Clínicas Leite têm como objetivo geral a satisfação máxima dos seus doentes, através da prestação de cuidados de saúde, pautados por elevados padrões de qualidade, de inovação e de relacionamento humano, tendo como pilar a melhoria contínua de todos os serviços prestados.

Clínicas Leite

Morada

Clínicas Leite - Coimbra I

Estádio Cidade de Coimbra Rua D. Manuel I, 4 3030-320 Coimbra Portugal

Clínicas Leite - Coimbra II Estádio Cidade de Coimbra Rua D. Manuel I, 92 3º 3030-320 Coimbra Portugal

Clínicas Leite - Lisboa Edifício Écran Rua Sinais de Fogo, 6 (entrada por Alameda dos Oceanos 11 ) Parque das Nações 1990-196 Lisboa Portugal Contatos geral@clinicasleite.pt COIMBRA

Serviços/Valências

• Medicina dentária

• Medicina estética

• Medicina física e de reabilitação

• Medicina geral e familiar

• Medicina legal

• Naturopatia

• Oftalmologia

• Ortopedia

• Osteopatia

• Pilates clínico

• Psicologia

• Psiquiatria

• Sexologia clínica

• Yoga

Acordos

Nas Clínicas Leite temos parcerias com várias entidades que lhe oferecem benefícios em consultas, exames, tratamentos e cirurgias.

As parcerias apresentadas são válidas para a especialidade de Oftalmologia e carecem de confirmação para as restantes especialidades.

• Acapo - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal

• ACP - Automóvel Clube de Portugal

• AdvanceCare

• Alumni UC - Rede de Antigos Estudantes da Universidade de Coimbra

• Associação Académica de Coimbra

- Secção de Desportos Náuticos

• Associação dos Diabéticos da Zona Centro

• Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo

• Atitudes - Psicologia, Serviços de Saúde & Educação

• Casa de Pessoal da Câmara Municipal de Coimbra

• Casa do Pessoal da RTP

• Coimbra Trail Running

• Federação Portuguesa de Basquetebol

• Federação Portuguesa de Ginástica

• Federação Portuguesa de Golf

• Federação Portuguesa de Judo

• Future Healthcare

• Healthcare Assistance

• Liga dos Bombeiros Portugueses

• Médis

• Montepio Geral Associação Mutualista

• Multicare

• N10

• Óptica Estádio

• Opticália Queluz de Baixo

• Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

• Saúde em Português

• Serviço Médico Permanente

• Sindicato dos Professores da Região Centro

• Sindicato dos Professores da Região dos Açores

• Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública

• Sindicato Independente dos Professores e Educadores

• Sindicato Independente dos Professores Licenciados

• Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação

• Solum Óptica

• Sport Tv

• Ticket Saúde

28 | DIÁRIOASBEIRAS // DIRETÓRIO DE SAÚDE’22
+351 239 853 450
+351 239 100 124
218 939 030
I
COIMBRA II
LISBOA +351
WEBSITE: https://www.clinicasleite.pt/
Serviços/Valências • Acupuntura • Análises clínicas • Dermatologia • Cardiologia • Contactologia • Fisioterapia

A EXCELÊNCIA NA SAÚDE, PARA UMA SAÚDE DE EXCELÊNCIA.

SERVIÇOS DE SAÚDE

ACUPUNTURA ANÁLISES CLÍNICAS DERMATOLOGIA CARDIOLOGIA FISIOTERAPIA MEDICINA DENTÁRIA MEDICINA ESTÉTICA MEDICINA FÍSICA E DE REABILITAÇÃO MEDICINA GERAL E FAMILIAR MEDICINA LEGAL NATUROPATIA OFTALMOLOGIA CONTACTOLOGIA ORTOPEDIA OSTEOPATIA PSICOLOGIA PSIQUIATRIA

SERVIÇOS DE SAÚDE E BEM-ESTAR

PILATES CLÍNICO SEXOLOGIA CLÍNICA YOGA

prestação de serviços

DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 29
97144

prestação de serviços

A Previdência Portuguesa na saúde

A Previdência Portuguesa disponibiliza um serviço de qualidade na promoção da saúde e dos cuidados primários no âmbito da medicina geral e familiar, integrando-se assim no sector social.

APP possui a Clínica Previdência Saúde, que tem desenvolvido um trabalho contínuo, por forma a dar resposta célere aos seus Associados e familiares, bem como aos parceiros de economia social, complementando o S.N.S. Durante o ano 2021, o número de consultas e atos clínicos superou substancialmente as expectativas em mais de 10 áreas clínicas.

Sendo A Previdência Portuguesa uma entidade de economia social, para além da Clínica Previdência Saúde, detém a Clínica Fernando Albergaria, que atua na área da medicina do trabalho, contribuindo para a saúde no trabalho, dispondo de um leque alargado de serviços entre os quais consultoria e assessoria às empresas.

A nível nacional, a Instituição conta com uma rede de protocolos, que beneficiam os seus Associados, tendo estes à sua disposição cerca de meia centena de parcerias na área da saúde.

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A APP aposta fortemente na promoção da saúde e na prevenção da doença Morada Rua da Sofia, 193 3000-391 Coimbra Contatos Telefone: 239 828 055/6 Email: geral@aprevidenciaportuguesa.pt Site:aprevidenciaportuguesa.pt Serviços/Valências Clínica Previdência Saúde: • Medicina Geral e Familiar • Serviços de Enfermagem • Psicologia • Podologia • Terapia da fala • Fisioterapia Serviços/Valências • Medicina Dentária • Urologia • Nutrição • Urologia • Psiquiatria • Yoga • Clínica Fernando Albergaria Medicina do Trabalho Acordos Clínica Previdência Saúde • RedeMut; • Mutuália • Clínica Fernando Albergaria • Laboratórios de análises clínicas - Unilabs - Germano Sousa - Beatriz Godinho - Synlab - Dra. Luisa Frazão A Previdência Portuguesa - Clínica Previdência Saúde e Medicina do Trabalho
DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 31 97171

institucional

Desafios para a sustentabilidade financeira do Serviço Nacional

Despesa do SNS em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) atingiu o impacto da pandemia covid-19, que provocou uma forte contração da

Aexecução orçamental do Serviço Nacional de Saúde (SNS) registou, em 2020, um saldo negativo de 292 M€.

Apesar do crescimento da receita, essencialmente justificado pelo aumento de transferências do Orçamento do Estado (OE), que representaram 96,5% da receita total do SNS em 2020, o ritmo de crescimento da despesa coloca desafios de sustentabilidade financeira que importa ponderar no quadro da política orçamental e da gestão eficiente dos recursos financeiros alocados ao SNS, de acordo com um relatório do Conselho das Finanças Públicas.

A despesa do SNS em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) atingiu o valor máximo de 5,66% do PIB em 2020, refletindo o impacto da pandemia covid-19, que provocou uma forte contração da economia portuguesa (-5,4% do PIB nominal) e um crescimento mais acentuado da despesa do SNS (+6,8%).

A despesa corrente do SNS totalizou 11.191 M€ (+5,9% que em 2019) e a despesa de capital representou 2,3%

da despesa total. Cerca de 99% da despesa corrente está concentrada nas rubricas despesas com pessoal (41,8%), fornecimentos e serviços externos (36,9%) e compras de inventários (20,0%). O efeito financeiro imediato dos défices do SNS, os quais representam um desequilíbrio económico persistente, é a existência de dívida a fornecedores externos, a qual ascendia a 1.516 M€ no final de 2020. Mais de 3/4 das entidades (42) apresentam um prazo médio de pagamentos superior a 60 dias, contrariando as disposições legais neste âmbito sobre os atrasos no pagamento por parte de entidades públicas prestadoras de cuidados de saúde.

Atividade assistencial às covid-19 e a doentes não-covid-19 O acompanhamento da atividade assistencial não-covid-19 e a sua coexistência com as necessidades assistenciais decorrentes da pandemia tem sido uma das preocupações essenciais do Ministério da Saúde.

Centros de Saúde

Relativamente à atividade assistencial nos Cuidados de Saúde Primários, os

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sustentabilidade Serviço Nacional de Saúde

(PIB) atingiu o valor máximo de 5,66% do PIB em 2020, refletindo contração da economia portuguesa

dados (provisórios) acumulados a junho de 2021, face a junho de 2020, demonstram que foram feitas mais 3.451.439 consultas médicas totais (+ 23,3%) e que, no mesmo período, face a junho de 2019, esse aumento foi de 2.307.756 consultas (+14,5%). Foram também registados aumentos nas consultas de enfermagem e de outros técnicos de saúde.

Hospitais Nos Cuidados de Saúde Hospitalares, os dados (provisórios) acumulados a junho de 2021, face a junho de 2020, demonstram que foram feitas mais 911.708 consultas médicas totais (+17,0%). Os mesmos dados revelam que foram realizadas mais 94.687 cirurgias (+37,0%).

Destaca-se, ainda, que, mesmo face ao primeiro semestre de 2019, a atividade assistencial hospitalar do primeiro semestre de 2021 revela já uma ligeira recuperação, com um aumento de 12.568 consultas médicas e de 457 intervenções cirúrgicas.

Rastreios oncológicos

É também assinalável a evolução de atividade no âmbito dos três rastreios

oncológicos de base populacional (mama, colo do útero e cólon e reto), com o aumento generalizado das taxas de cobertura geográfica ao nível dos Agrupamentos de Centros de Saúde e suas Unidades Funcionais. Destaca-se, no primeiro semestre de 2021 face ao mesmo período de 2020, o aumento de utentes convidados (cancro da mama com mais 124 963 mulheres convidadas, cancro do colo do útero com mais 41 391 mulheres convidadas, e cancro do cólon e reto com mais195 547 utentes convidados) e de utentes rastreados (cancro da mama com mais 84 379 mulheres rastreadas, cancro do colo do útero com mais 44 800 mulheres rastreadas, e cancro do cólon e reto com mais 78 924 utentes rastreados). Considerando que em janeiro e fevereiro de 2021 se observaram os números mais elevados de necessidade de utilização dos recursos do SNS para tratamento de doentes covid-19, os dados aqui referidos demonstram, claramente, o percurso de recuperação efetuado e o alinhamento com a atividade de 2019, ano em que se verificou o mais elevado volume de produção no SNS.

institucional DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 33

Ordem dos Médicos “Ministério

O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, adverte para a falta de de clínicos, haverá a 300 000 utentes sem médico de família. O dirigente da SRCOM defende que “sem profissionais

Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua a ter um enorme valor na resposta em cuidados de saúde. Foi uma das maiores conquistas da nossa democracia e continua a ser um fator fundamental para a coesão social. É um instrumento de equidade e, claro, de apoio a quem precisa de cuidados de saúde de qualidade. Infelizmente, atravessa, desde há vários anos, múltiplas dificuldades que têm prejudicado a sua atividade. A carência de recursos humanos é uma delas, sobretudo de médicos especialistas para os centros de saúde e hospitais. O Ministério da Saúde não sabe nem quer planear. Não conhecemos quais as necessidades nas várias especialidades médicas e quais os locais mais carenciados. Parece que o Ministério da Saúde trata destes assuntos de forma opaca, desorganizada sem um fio condutor. Estes processos

requerem uma intervenção antecipada e muita transparência. A única intervenção visível do Ministério da Saúde é lamentar-se perante vagas que não são ocupadas em concursos que não respondem às necessidades do País. Como se explica que, em locais altamente carenciados - em Aveiro, Viseu e Leiria, a título de exemplo - o ministério não tenha aberto as vagas necessárias para dar resposta aos utentes sem médico de família quando, inclusivamente, os recém-especialistas de Medicina Geral e Familiar demonstraram vontade de ocupá-las?

A falta de médicos de família tem aumentado?

Na região Centro há perto de 160.000 utentes sem médico de família. Mais preocupante ainda é o facto de 200.000 utentes terem um médico de família com mais de 65 anos, o que significa que, se nada for feito, serão mais de 300.000 utentes a não terem médico

de família nos próximos anos. Com os médicos que em breve se irão reformar e, por outro lado, a dificuldade da sua fixação no SNS, será necessário contratar perto de 200 médicos para toda a região Centro a médio prazo. Há locais muito carenciados como o Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Baixo Vouga (distrito de Aveiro) e o ACeS Pinhal Litoral (distrito de Leiria), respetivamente 35.000 e 40.000 utentes sem médico de família e, ainda, Viseu, com perto de 10.000 utentes sem médico de família. Curiosamente, foram estes os locais em que o Ministério da Saúde abriu menos vagas para fixar médicos tendo em conta as necessidades. Em Viseu não abriu qualquer vaga! É incompreensível que o Ministério não aproveite a vontade dos médicos em se fixarem no SNS em locais carenciados.

Faltam também especialistas hospitalares? Pode afetar as urgências? Os serviços de urgência da região Cen-

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institucional não
A região Centro, à semelhança de outras regiões do país, está a ser afetada pela falta de médicos?

“Ministério não sabe nem quer planear”

para a falta de médicos de família a na região Centro. Neste zona, a médio prazo, com a previsível reforma que “sem profissionais qualificados não há Serviço Nacional de Saúde”

tro têm graves carências de recursos humanos, em médicos de medicina interna, ortopedia, ginecologia/obstetrícia, cirurgia, isto é, das especialidades nucleares de uma Urgência, mas também de todas as outras que lhe dão apoio. Este cenário não começou em junho deste ano. Existe há anos e tem tido um crescimento muito preocupante. O Serviço de Urgência não é um problema em si, é o reflexo de todas as dificuldades que o SNS tem apresentado e que se manifestam de forma mais evidente nesta área sensível dos hospitais.

Portugal é dos países da OCDE que mais utiliza a urgência hospitalar. Segundo o último relatório de 2011, Portugal estava no primeiro lugar com 70,5 episódios de urgência por 100 habitantes, muito à frente do segundo país, Espanha, e com o dobro de episódios da média da OCDE. Temos mais de cinco milhões de episódios de urgência anualmente, 45% das quais podiam não ter necessidade de recorrer ao hospital. O Ministério tem demonstrado uma preocupante incompetência em resolver.

A Ordem sabe como está o processo da nova maternidade de Coimbra?

Não temos nenhuma informação, não é pública e nem os profissionais do CHUC a têm. Não é uma crítica, é uma constatação. A crítica dirige-se a quem atrasou este processo durante décadas e que tem prejudicado a resposta às grávidas e aos recém-nascidos. Apesar da escassez de recursos, em profissionais, meios técnicos e instalações, temos uma dispersão de meios em duas maternidades que prejudica uma resposta eficiente a quem recorre às maternidades. Com o passar dos anos, as maternidades são cada vez mais antigas, os projetos arrastam-se à espera da nova maternidade e a escassez de médicos ginecologistas, obstetras, neonatalogistas, pediatras, anestesiologistas amplifica ainda mais todos os problemas. Na formação médica, alguma coisa pode

ser alterada?

Há uma muito importante: o Ministério da Saúde perceber que a formação médica é um investimento para o País. Se o ministério dotar os hospitais e os centros de saúde das condições adequadas, terá mais especialistas formados com a qualidade necessária. Se a tentação do Ministério da Saúde for ter mais médicos independentemente da sua qualidade formativa nunca terá o apoio da Ordem dos Médicos. O SNS precisa de especialistas, precisa de diferenciação, precisa de uma medicina qualificada. O País não precisa de leis feitas sobre pressão para permitir que os Médicos de Família sejam substituídos por médicos não especialistas ou médicos especialistas em qualquer outra área. Foi o que aconteceu em junho com a publicação da lei do Orçamento Geral do Estado. No limite, a Lei permite que um utente idoso seja atendido por um médico sem especialidade ou por um anatomopatologista ou por um pediatra. É do tipo “qualquer coisa serve”. Esta lei constitui um retrocesso de mais de 40 anos nos cuidados de saúde primários.

A qualidade da formação médica em Portugal é reconhecida?

qualidade formativa, essa terá a minha oposição frontal.

A covid-19 está ainda a afetar a capacidade dos hospitais?

Uma pandemia afeta sempre a capacidade de resposta, seja qual for a sua fase. Já não vivemos momentos como no início deste ano ou do anterior. Mas os hospitais e centros de saúde ainda têm em vigor um nível de alerta que obriga à manutenção de circuitos e de cuidados específicos desta pandemia. A pandemia tornou-se endémica e é essa adaptação que ainda falta fazer. Há precauções já desnecessárias. Devíamos encontrar uma maior normalidade para a nossa rotina sem esquecer ensinamentos importantes, entre os quais a higienização das mãos e a utilização da máscara em caso de sintomas respiratórios.

O País não precisa de leis feitas sobre pressão para permitir que os Médicos de Família sejam substituídos por médicos não especialistas ou médicos especialistas em qualquer outra área

A exigência formativa é um dos atributos do SNS. Sem profissionais qualificados não há SNS. O SNS não é somente feito de edifícios, máquinas e camas. Mesmo acrescentando gestores também não funcionaria. O seu ativo mais importante e valioso são os seus profissionais com elevada e exigente qualificação. Da minha parte, se a opção política do Ministério for a do facilitismo e da criação de médicos sem

O que diria à ministra da Saúde que é urgente mudar?

Há três áreas essenciais em que a Ministra da Saúde terá de intervir. A mais importante será a área dos recursos humanos. É preciso valorizar os profissionais que trabalham no SNS de modo a que se possam fixar e atrair outros. É preciso dotar os centros de saúde e hospitais de condições adequadas para os médicos e outros profissionais poderem trabalhar e dar cuidados adequados aos seus doentes. Para isso, além da revisão da carreira médica também é importante uma boa planificação, sabendo conjugar as opções dos médicos com a abertura de vagas em zonas carenciadas. São três áreas urgentes. |Dora Loureiro

DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 35 institucional

institucional

ARS Centro Necessidade de vacinação rondará as 52 500 inoculações/semana

Desde o início da pandemia, em 3 de março de 2020, morreram 4.467 pessoas na área de intervenção da presidente da ARS Centro, o próximo plano de vacinação covid-19 está ser delineado e prevê uma necessidade

Relativamente à região Centro, e até ao momento, qual o número de casos positivos registados desde o início da pandemia? E qual o número de mortes?

Até ao dia 27 de junho de 2022, foram registados 811.553 casos de covid-19 na Região de Saúde do Centro desde o início da pandemia, a 3 de março de 2020.

O número total de óbitos verificado no mesmo período foi de 4.467, dos quais 1.650 registaram-se em utentes de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas.

Qual o número de internamentos efetuados desde o início da pandemia?

O número de internamentos covid-19 nos hospitais da Região de Saúde do Centro foi de 8.038 em 2021. Este ano,

no primeiro semestre, registaram-se 6.032 internamentos.

Quantas vacinas foram administradas até agora e qual percentagem da população abrangida?

A taxa de execução na região Centro é de 81%, tendo sido administradas cerca de 1.412 da 1.ª dose de reforço. Relativamente à 2.ª dose de reforço, a taxa de execução para maiores de 80 anos, é de cerca de 63%, ou seja, cerca de 117 vacinados.

Foram detetadas algumas reações adversas à vacina? Quais e com que consequências?

As reações adversas são reportadas

diretamente ao INFARMED ou pelo profissional de saúde ou pelo utente, via sistema de farmacovigilância.

No que respeita ao processo de vacinação quantos profissionais estiveram envolvidos no processo?

Durante a pandemia, de uma forma direta ou indireta, estiveram envolvidos todos os profissionais de saúde da Administração Regional de Saúde do Centro (ARS Centro) no processo de vacinação.

Onde e como vai decorrer o processo de vacinação a partir de agora?

O plano está ser delineado de acordo com as linhas orientadoras da Direção-

36 | DIÁRIOASBEIRAS // DIRETÓRIO DE SAÚDE’22
Rosa Reis Marques, presidente da Administração Regional de Saúde do Centro

de vacinação covid-19 inoculações/semana

intervenção da Administração Regional de Saúde do Centro (ARS Centro). Segundo Rosa Reis Marques, uma necessidade de vacinação de cerca de 52.500 inoculações/semana

Geral de Saúde (8 junho). Vai decorrer de acordo com o processo de agendamento local e central. Consultadas as CIM (comunidades intermunicipais) correspondentes à ARS Centro e face aos objetivos nacionais, foi apurada uma necessidade de vacinação de cerca de 52.500 inoculações/semana. O dispositivo até ao início do processo de vacinação do Plano Outono-Inverno está a ser montado, de modo a que a partir de 5 de setembro seja iniciada a vacinação conjunta gripe e covid-19 às ERPIS e cidadãos com + 80 anos. A partir de 15 de setembro a vacinação ocorrerá com abertura casa aberta com senhas para profissionais e saúde/ERPI/ RNCCI, iniciando-se a vacinação de +70 a 30 de setembro +65 a 31 de outubro, prevendo-se finalização da campanha a 30 de novembro do corrente ano.

| José Armando Torres

2021

Mês N.º de casos

Janeiro 3074

Fevereiro 1665

Março 298

Abril 213 Maio 169 Junho 84 Julho 235 Agosto 351 Setembro 272 Outubro 303 Novembro 501 Dezembro 873

TOTAL 8038

2022

Mês N.º de casos

Janeiro 1213

Fevereiro 1205 Março 1062 Abril 831 Maio 1001 Junho 720

TOTAL 6032

2021 2022

DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 37 institucional

Ensino secular na área da Saúde em Coimbra

ensino

Cinco instituições dedicam-se ao ensino na área da Saúde em Coimbra. Ao às exigências, possuindo atualmente um vasto leque de opções em termos

Oensino na área da saúde em Coimbra é quase tão antigo como a própria universidade de local que, desde os primeiros tempos, contou com a criação de uma faculdade de medicina. Até 1825, manteve-se como única escola médica no país, altura em que foram criadas as Escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e do Porto, que passam a faculdades no ano de 1911, aquando da criação das respetivas universidades.

Em finais do século XVI, surge na Universidade de Coimbra (UC) o ensino farmacêutico, que tem como um dos principais marcos da sua história a criação da Escola de Farmácia (1836) e a fundação da Faculdade de Farmácia, mais recentemente (corria o ano de 1921).

Em 1902, o ensino farmacêutico foi pela primeira vez considerado como ensino superior. A reforma desse ano uniformizou a formação dos farmacêuticos tendo eliminado a dupla via de acesso à profissão pela Escola de Farmácia.

A Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação é uma das mais recentes unidades orgânicas da Universidade de Coimbra. As origens históricas da FPCEUC datam de 1911/12, quando, no âmbito do Curso de Filosofia da Faculdade de Letras e do Curso de Habilitação ao Magistério Primário começou a ensinar-se pela primeira vez, na Universidade de Coimbra, a Pedagogia e a História da Pedagogia. No ano letivo de 1976/77 começou a funcionar, pela primeira vez em Coimbra, o Curso Superior de Psicologia, tendo como sede provisória a Faculdade de Letras. Em outubro de 1985, a Faculdade transitou para as atuais instalações, na Rua do Colégio Novo, exercendo hoje as suas atividades pedagógicas e científicas, em três edifícios.

Já a história da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) começa em 1881, o que faz dela a mais antiga escola de enfermagem a funcionar Portugal (comemorou em 2021 140 anos de formação).

De resto, a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (que foi criada em 2004), resulta da fusão das duas escolas que existiam em Coimbra: a

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na área

Coimbra

em Coimbra. Ao longo dos anos todas souberam resistir e adaptar-se opções em termos formativos

Escola Superior de Enfermagem Dr Ângelo da Fonseca (que surgiu em 1881) e a Escola Superior de Enfermagem de Bissaya Barreto, que foi criada por portaria do Governo de 1971, como serviço oficial do Ministério da Saúde e Assistência, dotado de autonomia técnica e administrativa, para funcionar junto ao Centro Hospitalar de Coimbra, cujas necessidades de pessoal de enfermagem lhe competiria satisfazer, quer ao nível de enfermeiros generalistas, quer de enfermeiros especialistas.

Relativamente, à Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), o seu percurso data de 1961, nos designados Centros de Preparação de Técnicos e Auxiliares dos Serviços Clínicos. Em 1980, foram reconvertidos em Centros de Formação de Técnicos Auxiliares dos Serviços Complementares de Diagnóstico e Terapêutica e, dois anos mais tarde, uma nova reestruturação originou a Escola Técnica dos Serviços de Saúde de Coimbra.

A integração no Ensino Superior Politécnico e a adoção da designação atual dá-se em 1993, passando a fazer parte do Instituto Politécnico de Coimbra a 21 de julho de 2004.

Atualmente, estudam nestes quatro estabelecimentos de ensino 8.134 alunos, divididos pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (2.821), Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (2.062), Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (1.628) e Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (1.623).

Ao longo dos tempos, estas quatro instituições de ensino foram evoluindo, sofreram reformulações, mudaram de instalações e adaptaram-se às novas realidades, mantendo contudo uma elevada preocupação com a qualidade de formação, acompanhando e avaliando as necessidades dos seus alunos na procura da melhor oferta formativa.

No próximo ano letivo, todas mantêm (e aumentam até) um vasto leque de opções formativas nos vários graus de ensino para os milhares de alunos que, a cada ano, fazem parte das respetivas comunidades académicas, auxiliados por um corpo docente especializado, com aulas em modernas instalações e currículos que acompanham a atualidade.

DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 39
ensino

ensino

8134 alunos divididos por quatro

São 8134 os alunos que, do momento, estudam na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Escola Superior da Universidade de Coimbra

ESEnfC

Ahistória da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) remonta a 1881, o que a torna assim na mais antiga escola de enfermagem em Portugal – comemorou em 2021 140 anos de formação.

Segundo dados relativos a 31 de dezembro de 2021, tinha 2.062 estudantes, 71% na licenciatura em Enfermagem (1.472) e os restantes distribuídos por cursos de pós-graduação (215) e de mestrado (375).

O corpo docente da ESEnfC é constituído por 96 professores de carreira (80% doutorados, 60% dos quais doutorados em Enfermagem) e tem a colaboração de mais 131 docentes a tempo parcial, enquanto o corpo técnico tem 94 funcionários, entre assistentes operacionais, assistentes técnicos e técnicos superiores.

Com quatro novidades, no próximo ano letivo 2022/2023 a oferta formativa da escola contempla licenciatura em Enfermagem e pós-graduações em Enfermagem Gerontogeriátrica (nova), Tratamento de feridas, Enfermagem do trabalho, Supervisão clínica e Gestão de unidades de saúde.

Relativamente a mestrados, existem nas áreas de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, Enfermagem Comunitária-Área de Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde Pública, Enfermagem ComunitáriaÁrea de Enfermagem de Saúde Familiar, Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, Enfermagem-Área de Gestão de Unidades de Cuidados, Enfermagem de Reabilitação, Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, Enfermagem Médico-Cirúrgica-Área de Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica (novo), Enfermagem Médico-Cirúrgica-Área de Enfermagem à Pessoa em Situação Paliativa (novo).

A última das novidades para o próximo ano letivo é o Doutoramento em Enfermagem, que resulta de uma parceria estabelecida com a Universidade de Coimbra.

Atualmente, a ESEnfC dispõe de três polos (dois em Santo António dos Olivais e um em São Martinho do Bispo), duas bibliotecas, um arquivo histórico, laboratórios, um Centro de Simulação de Práticas Clínicas e um Centro de Estudo e Promoção do Bem-Estar (de acesso exclusivo à comunidade educativa, para prática de atividade física).

| José Armando Torres

ESTeSC

Otrajeto evolutivo da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC) iniciase no ano de 1961, nos designados Centros de Preparação de Técnicos e Auxiliares dos Serviços Clínicos.

Reconvertidos em 1980, em Centros de Formação de Técnicos Auxiliares dos Serviços Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, sofreram, dois anos mais tarde, nova reestruturação, que originou a Escola Técnica dos Serviços de Saúde de Coimbra.

A integração no Ensino Superior Politécnico e a adoção da designação atual dá-se em 1993, passando a fazer parte do Instituto Politécnico de Coimbra a 21 de julho de 2004.

Atualmente, compõem a ESTeSC 1.628 estudantes (1.413 alunos de licenciatura), 108 docentes e 34 profissionais não docentes.

A oferta formativa da escola para o próximo ano letivo está dividida por oito licenciaturas (Audiologia, Ciências Biomédicas Laboratoriais, Dietética e Nutrição, Farmácia, Fisioterapia, Fisiologia Clínica e Saúde Ambiental) e seis mestrados (Educação para a Saúde, Europeu em Ciências Biomédicas Laboratoriais, FarmáciaEspecialização em Farmacoterapia Aplicada, Fisiologia Clínica-Especialização em Ultrassonografia Cardíaca e Função Vascular/Especialização em Fisiopatologia do Sono e Ventilação Não Invasiva/Especialização em Eletroencefalografia Aplicada, Fisioterapia-Especialização de Avaliação e Aplicação Clínica do Movimento e Imagem Médica e Radioterapia).

A Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra lecionará ainda 12 pós-graduações, nomeadamente, em Bacteriologia clínica: do diagnóstico laboratorial à terapêutica; Bioquímica e hematologia: do laboratório à clínica; Ciência de dados aplicada à saúde; Dispositivos médicos; Eletroencefalografia; Estilos de vida, Literacia para a saúde & sustentabilidade; Integração sensorial; Investigação clínica; Nutrição, alimentação coletiva e restauração; Patologia digital e inteligência artificial e ressonância Magnética Estarão ainda disponíveis no próximo ano letivo na oferta formativa da escola 20 cursos de microcredenciação. J.A.T.

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quatro instituições de ensino

Coimbra, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC) e faculdades de Farmácia e de Medicina

FFUC

Oensino farmacêutico na Universidade de Coimbra (UC) é multissecular – remonta aos finais do séc. XVI -, tendo como principais marcos da sua história a criação da Escola de Farmácia (1836) e a fundação da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), em 1921. De então para cá, foi evoluindo, sofreu reformulações e reorganizações até à atualidade, com a última mudança de instalações a datar de 2009 da Faculdade de Farmácia para o Polo 3 da UC, para uma construção edificada de raiz, dedicada ao ensino e investigação farmacêutica.

O leque de competências endógenas, a qualificação do seu corpo docente e as instalações integradas no Polo das Ciências da Saúde conferem condições de excelência para a implementação de atividades de formação no âmbito das Ciências Farmacêuticas e Tecnologias da Saúde, o mesmo sucedendo relativamente ao desenvolvimento de trabalhos de investigação de nível internacional.

A Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra aposta na formação teórica e prática e multidisciplinar dos seus estudantes, conferindo-lhes competências diferenciadas e aptidões científicas e técnicas aplicáveis em vários setores da saúde.

Nesta altura, a oferta formativa faculdade contempla licenciaturas em Ciências Bioanalíticas e Farmácia Biomédica, mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas e mestrados em Análises Clínicas, Biotecnologia Farmacêutica, Farmacologia Aplicada, Tecnologias dos Medicamento, Química Farmacêutica Industrial e Segurança Alimentar.

A FFUC tem ainda disponível a pós-graduação em Medicamentos e Produtos de Saúde à Base de Plantas e o GEDIS (Curso de Especialização em Gestão e Direção em Saúde), este em colaboração com as faculdades de Medicina e Economia da UC.

Com 1.623 estudantes, 59 docentes com contrato permanente e 36 docentes convidados, a par da oferta formativa, a faculdade desenvolve investigação multidisciplinar em áreas estratégicas das Ciências Farmacêuticas, participando em diversos projetos de I&D nacionais e internacionais.

J.A.T.

FMUC

Criada em 1290 pelo rei D. Dinis, a Universidade de Coimbra (UC) é a mais antiga de Portugal e uma das mais antigas da Europa, contando desde a sua fundação com uma faculdade de medicina. A Faculdade de Medicina da UC (FMUC) manteve-se como única escola médica de Portugal até 1825, altura em que foram criadas as Escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e do Porto, transformadas em faculdades em 1911, aquando da criação das respetivas universidades.

Tem atualmente 2.821 alunos distribuídos pelos cursos Mestrado Integrado em Medicina (2.017), Mestrado Integrado em Medicina Dentária (246), Mestrado de Especialização Avançada (236), doutoramento (212) e Curso Não Conferente de Grau (110).

Em relação aos docentes, são 485 (entre doentes de carreira e convidados), para as ofertas formativas de mestrados integrados em Medicina e Medicina Dentária; Formação pós-graduada/Estudos de 3.º Ciclo Doutoramento (Ciências da Saúde e Programa Interuniversitário de Doutoramento em Envelhecimento e Doenças Crónicas); Estudos de 2.º Ciclo/Mestrado (Cuidados continuados e paliativos, Genética clínica laboratorial, Geriatria, Investigação biomédica, Medicina do desporto, Medicina legal e ciências forenses, Neurociências molecular e de translação, Patologia experimental, Psiquiatria social e cultural e Saúde ocupacional).

Leciona ainda Cursos de Especialização/Pós-Graduações em Acupunctura; Acupunctura em medicina dentária; Aspetos éticos e sociais em genética clínica laboratorial; Dentisteria operatória e estética; Endodontia; Ética em saúde; Gestão e direção em saúde; Medicina da dor; Medicina do trabalho; Nutrição clínica; Ortodontia; Prática pericial de avaliação do dano corporal, Prevenção da doença e promoção da saúde da mulher e Reabilitação oral protética.

Já os Cursos de Formação Avançada são: Como realizar e apresentar revisão sistemática em medicina; Cuidados paliativos não-oncológicos; Envelhecimento ativo e Saudável-Orientações para melhor gestão na saúde e na doença; Estatística com SPSS; Fundamentos e práticas em genética, bioquímica e fisiologia microbianas; Planeamento de trabalhos de investigação. A FMUC tem ainda um pós-doutoramento em Ciências da Saúde.

J.A.T.

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ESTeSC está na “pole position” das escolas de Tecnologias

A qualidade do ensino na ESTeSC é motivo de orgulho para a escola?

A qualidade do ensino dos profissionais de saúde em Portugal orgulha o país e deve orgulhar os contribuintes, que devem dar por bem empregue o dinheiro, apesar de ser pouco, que através dos impostos é colocado ao serviço da ciência e do ensino superior lato sensu. No caso concreto da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra é claramente, nesta área a escola de referência a nível nacional e até internacional, por várias questões, por vários indicadores, várias métricas. É, não só

pela qualidade da formação, não só pelo envolvimento internacional que tem em vários projetos, pelas lideranças que tem em vários fóruns. E, portanto, sim, não é possível falar do ensino das tecnologias da saúde em Portugal sem colocar a ESTeSC Coimbra na pole position destas escolas.

Chegar a este patamar exigiu um esforço e investimento contínuos?

O esforço que foi exigido a esta escola e às suas congéneres, desde 1994, foi um esforço titânico. As pessoas não têm a noção do que foi. A escola foi in-

tegrada no ensino superior nacional em 1993 - antes eram diretamente geridas pelo Ministério da Saúde - e nessa altura tinha quatro professores em regime de tempo integral.

1994 não foi assim há tanto tempo...

Não foi assim há tanto tempo, de facto. Isso aconteceu para Coimbra, Lisboa e Porto e também para a Escola do Alcoitão, que pertence ao setor social. A construção de uma escola que assenta essencialmente nas pessoas, e neste curto espaço de tempo, volto a dizer, exigiu um esforço titânico. Nós hoje temos

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O presidente da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra (ESTeSC), Graciano Paulo, realça a qualidade a formação contínua como uma das áreas estratégicas de crescimento Graciano Paulo, presidente da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra (ESTeSC)

position” Tecnologias da Saúde

Paulo, realça a qualidade do ensino da escola, fala do percurso feito a caminho da excelência e coloca

cerca de 60 professores em regime de tempo integral. Imagine o que é passar de quatro professores na escola para 60? Este é o primeiro esforço titânico. Sem falar da importância estratégica que têm os mais de 120 colaboradores externos à escola, oriundos das mais diversas áreas, como hospitais, centros de investigação ou empresas, que colaboram como assistentes ou professores convidados nas várias formações. Mas os 60 professores da ESTeSC tiveram que em simultâneo desenvolver a escola e desenvolver-se academicamente. Nós passámos de uma escola que praticamente não tinha nenhum doutorado, em 94, para termos neste momento 90% do corpo docente com o grau de doutor, e isso deixa-nos obviamente cheios de orgulho.

Foi mérito dos professores e da escola É importante destacar que o esforço que foi exigido a estas pessoas foi sobrehumano, porque na maior parte das vezes os docentes têm uma bolsa para fazer o doutoramento e depois regressam. Mas estes professores desenvolveram-se do ponto de vista académico, mantendo as suas funções. São raros os casos, menos de meia dúzia, onde foi possível terem bolsas específicas. De resto, teve de ser a própria escola a encontrar mecanismos de financiamento para apoiar estas pessoas no seu doutoramento. É um caminho do qual nos orgulhamos. A própria sociedade tem que reconhecer o trabalho feito por esses profissionais no sentido de criar uma escola capaz de lecionar um ensino de qualidade, uma qualidade que considero, como costumo dizer, de top mundial. Se eu tivesse agora um filho para formar, com interesse nestas áreas,

a primeira escolha seria Coimbra, porque claramente é diferente das outras.

O ensino na área da saúde exige uma vertente prática, colocando também desafios acrescidos à escola, sobretudo tendo em conta o enorme desenvolvimento das tecnologias da saúde?

Essa é uma realidade. Não é uma realidade transversal a todos os cursos - nós temos oito licenciaturas de base - mas à maioria deles. Uma das enormes vantagens que temos - e quero deixar uma nota de agradecimento - são os nossos parceiros de caminhada de formação, sejam hospitais públicos, hospitais privados ou centros de saúde, onde os nossos alunos têm aulas práticas, onde fazem a educação clínica no 4.º ano. Sem a colaboração destas entidades, para desenvolver a componente prática, não seria possível formar estes profissionais, e muito menos formálos com esta qualidade, porque o acesso à tecnologia é extremamente difícil. Um aparelho de Ressonância Magnética custa garantidamente dois milhões de euros, uma escola não pode comprar estes equipamentos pesados.

As pessoas acham estranho eu dizer isto, mas a pretensão de uma escola de saúde não é formar profissionais de saúde, mas formar pessoas que têm um kit de ferramentas que os habilita a rapidamente aprender e desenvolver-se em qualquer uma das áreas. Isso é importante, pois as tecnologias são hoje cada vez mais complexas.

O desenvolvimento futuro vai colocar novos desafios ao ensino. A escola está preparada para isso? Falo da inteligência artificial, por exemplo...

O país precisa urgentemente, como um todo, de parar, refletir, repensar as profissões de saúde, mas também repensar o caminho da formação

Esta relação entre a escola e as unidades de saúde é fundamental?

É imperiosa, nós não existimos sem esses parceiros, só assim conseguimos colocar bons profissionais no terreno.

Uma instituição de ensino superior tem que se posicionar, em ligação com as empresas, para ser proativa naquilo que venham a ser os novos desafios que o desenvolvimento das tecnologias e a prestação de cuidados de saúde vão trazer. A ESTESC tem feito um caminho no sentido de ser proativa, mas ainda temos que dar um passo acima, nalgumas coisas somos muito reativos. Tocou na questão da inteligência artificial. Não tenho dúvida que as profissões de que estamos a falar hoje, da área da saúde, não vão ser as mesmas daqui a 20 anos. Eu acho que o país precisa urgentemente, como um todo, de parar, refletir, repensar as profissões de saúde, mas também repensar o caminho da formação. Isto é, o que é que vai deixar de ser feito por pessoas e passa a ser feito por máquinas? Quais são as pro-

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fissões ou especialidades que deixam de se fazer sentido?

A ESTeSC vai fazer essa reflexão?

A ESTeSC vai fazê-lo. O desafio é que as oito licenciaturas, até 2024, façam uma reflexão interna sobre o perfil que vai ter o profissional em cada uma dessas áreas, nos próximos 20, 30 anos, e como é que o plano de estudos deve ser reorganizado para fazer face a esses novos desafios. Nós vamos criar internamente um grupo de trabalho para fazer essa reflexão, para propor à Agência de Acreditação e Avaliação do Ensino Superior um novo modelo formativo para estas oito licenciaturas, no sentido de antecipar os desafios futuros. Ninguém está a quer discutir isto, porque vai romper com muitos muros, com muitos interesses instalados.

Mas esse futuro não está assim tão longe?

Não, o futuro foi ontem. O futuro já começou e nós e as nossas congéneres,

por circunstâncias várias, porque temos um corpo docente envelhecido, porque o Governo, este e os outros, diz que temos autonomia, mas não temos, não estamos a acompanhar. Se houvesse autonomia teríamos instituições públicas diferentes, concorrenciais, com mais competência, mais exigentes. Neste momento, com este modelo, os mais fortes não conseguem desenvolver-se e os mais fracos estão ao mesmo nível do mais fortes.

Temos que repensar o que formamos e como formamos e como é que nos adaptamos ao novo público que formamos, porque o novo público já não quer salas de aula. O novo público quer outro tipo de interação, não ir à escola ouvir uma sessão de powerpoint ou de vídeo, porque tem acesso a isso em casa.

Por exemplo, na minha opinião, acima de uma certa idade, digamos acima dos 60 anos – mas isso teria que ser estudado, nomeadamente o impacto financeiro -, os professores deviam parar de lecionar e ter outras funções,

como as coordenações de mentoria, a orientação dos alunos, fazer seminários, contar experiências, para criar uma nova sociedade com capacidade reflexiva. Porque não se pode entrar na carreira aos 35 anos e aos 66 estar a fazer o mesmo, da mesma maneira.

Está satisfeito com o número de alunos e a dimensão dos cursos que a escola que tem? A escola pretende crescer?

Pode ainda crescer?

A resposta a essa pergunta é complicada e vou explicar porquê. Uma escola, infelizmente, não é medida pela qualidade do que tem, é medida pelos números. Quanto mais alunos nós tivermos, mais financiamento temos. E, para ter uma pequena ideia, o dinheiro que o Estado nos dá não chega para pagar os salários, e estou a falar dos salários das pessoas que estão no mapa de pessoal, não falo dos colaboradores externos. O que significa que a escola tem que procurar receita própria, que vem das propinas, taxas, emolumentos

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e prestação de serviços, entre outros, para pagar o resto dos salários e para fazer os investimentos necessários para ter um ensino de qualidade. Como é que eu tenho a receita própria? Tendo mais alunos. O que significa que ou temos mais cursos ou aumentamos o número de alunos por curso. Mas para isso tínhamos que ter instalações...

Que neste momento não têm... Não temos. Neste momento temos uma comunidade estudantil de cerca de 1400 alunos e dificilmente temos capacidade para aumentar. Depois, quanto a aumentar o número de alunos por licenciatura, acima de um determinado nível isso perturba a qualidade do ensino. Porque naquilo que é teórico até posso ter 500 alunos, mas a componente tecnológica, prática, destas formações é muito grande. E uma coisa é gerir 35 alunos, outra coisa é gerir 50 alunos, sobretudo nos locais de estágio onde só posso ter um ou dois alunos. Portanto, tenho consciência que o crescimento não pode ser vertical em cada um dos

cursos. Aliás, nem vai ser, porque saiu uma norma – que não se está a discutir, mas que vai ser terrível - que limita o número de alunos ao definido na acreditação do curso, mesmo incluindo os concursos especiais de acesso, como os maiores de 23, titulares de cursos superiores e mudança ou transferência de curso. Com os concursos especiais admitíamos sempre mais 4 ou 5 alunos do que o limite fixado, mas agora não será possível. Só com esta norma administrativa vamos ter, nas oito licenciaturas, menos 100 alunos por ano.

E como é que a ESTeSC pode crescer?

Ou crescemos em instalações ou crescemos - e acho que é necessário –apostando num modelo de formação contínua, devidamente organizado.

learning, ou seja, parte da formação será online e outra parte presencial. A covid-19 veio demonstrar, apesar de todo o estrago que fez à humanidade, em todos os sentidos, que afinal é possível lecionar à distância.

A empregabilidade dos alunos que saem da ESTeSC é satisfatória?

Ou crescemos em instalações ou crescemos - e acho que é necessário – apostando num modelo de formação contínua, devidamente organizado

E é aqui que nós vamos querer crescer, porque felizmente para a sociedade, os profissionais são conscientes e sabem da importância de fazer formação contínua, que são eles que pagam. Vamos apostar no nosso modelo de formação em micro credenciaçãoformações de curta duração, até às 60 horas - e vamos avançar fortemente em pós-graduações, com a duração de um semestre, e alguns mestrados.

A grande aposta serão as microcredenciações?

A aposta essencial são microcredenciações, pós-graduações e cursos de especialização para as pessoas obterem competências. É aqui que nós vamos aumentar a nossa oferta formativa. São áreas novas, que não existiam na escola, algumas até são únicas no país. Assim, o crescimento da receita vai ter que ser feito através de uma oferta formativa diferenciada, direcionada para necessidades do mercado, para aquilo que as pessoas, um público adulto, precisam para ganhar competências, e mantendo mais ou menos estável aquilo que é a nossa oferta formativa de base. Para conseguirmos fazer isso, algumas destas formações vão ser em blended

Sim, felizmente, todos os jovens que saem das nossas licenciaturas, se quiserem - há jovens que não querem ir para longe de casa, por exemplo - têm emprego. Nós temos um elevado índice de empregabilidade. Se me perguntar se estou satisfeito com o tipo de empregabilidade que o país oferece aos nossos jovens, é diferente. Infelizmente, o país não tem um modelo que reconheça e recompense quem trabalha mais, que reconheça o mérito. Por isso exportamos centenas dos nossos jovens para países onde são reconhecidos, e estou a falar do setor público.

Está satisfeito com a produção científica na ESTeSC?

Não, não estou satisfeito. A investigação é a essência da escola. O ensino superior tem uma missão que vai para além de ensinar, compete-lhes desenvolver o corpo de conhecimentos específicos da área que forma, e isso faz-se através da investigação, que permite a evolução. Temos um bom caminho a percorrer. Tenho o sonho de termos um centro de investigação acreditado pela FCT, no âmbito da saúde. Temos o LabInSaúde e até ao final do mandato tudo farei para que isto esteja estruturado. Temos vários projetos de investigação internacionais financiados, mas não estou satisfeito, devíamos ter muito mais. O meu sonho é que todos os docentes em tempo integral, nesta casa, tenham o seu nome associado a pelo menos um projeto de investigação. | Dora Loureiro

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Faculdade de Farmácia é a mais

O que diferencia a FFUC, hoje?

A FFUC, sendo uma escola de saúde, há já uns anos que começou a incorporar na sua missão a Saúde, para além dos aspetos relacionados apenas com a saúde humana, no âmbito do que em língua inglesa é referido por “One Health” e que em português, apesar de não ser ainda consensual, se pode designar por “Saúde Global / Uma só Saúde”. Ou seja, tratar as questões relacionadas com a saúde de forma global

e verdadeiramente holística, reunindo as vertentes da saúde humana, saúde animal e saúde ambiental.

A FFUC é hoje, de facto, a Faculdade de Farmácia do País a que mais se diferencia, sobretudo na área da oferta formativa, mas também nas áreas da investigação e das relações com a comunidade (vulgo, prestação de serviços). Há muito que a FFUC deixou de oferecer só aquele que é, e penso que será sempre, o seu curso core em Ciências Farma-

cêuticas, primeiro como Licenciatura e, depois das alterações introduzidas pelo designado “Processo de Bolonha” como Mestrado Integrado que garante o acesso à profissão de Farmacêutico/a.

Como caracteriza a oferta formativa? Hoje [7 de julho], a FFUC oferece aos Estudantes que se vão candidatar ao Ensino Superior, através do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, três cursos: Mestrado Integrado

46 | DIÁRIOASBEIRAS // DIRETÓRIO DE SAÚDE’22
em Ci- O diretor, Fernando Ramos, assume que a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) é licenciaturas, um mestrado integrado e seis outros mestrados, um programa de doutoramento com 16 especialidades áreas da investigação e das relações com a comunidade (vulgo, prestação de serviços) Fernando Ramos: “O/a farmacêutico/a é um pilar fundamental para o equilíbrio no universo do que é a arquitetura dos agentes de saúde”

a mais diferenciada do país

Coimbra (FFUC) é a que mais se diferencia, no país, sobretudo na área da oferta formativa – com duas doutoramento com 16 especialidades e três cursos de pós-graduação não conferentes de grau –, mas também nas

ências Farmacêuticas; Licenciatura em Ciências Bioanalíticas; Licenciatura em Farmácia Biomédica.

Todavia, a FFUC tem, também, outros Cursos de Mestrado cujas candidaturas podem ser efetuadas diretamente à Universidade de Coimbra (https://www. uc.pt/ffuc/Ensino/mestrados) . Os Cursos de Mestrado com candidaturas abertas são os seguintes:

Mestrado em Análises Clínicas; Mestrado em Biotecnologia Farmacêutica; Mestrado em Farmacologia Aplicada; Mestrado em Química Farmacêutica Industrial; Mestrado em Segurança Alimentar; Mestrado em Tecnologias do Medicamento.

No entanto a oferta formativa da FFUC não se esgota em Licenciaturas e Mestrados. Importante também é o Curso de Doutoramento em Ciências Farmacêuticas, com as suas 14 diferentes especialidades, que englobam diversas áreas do conhecimento no âmbito do conceito “One Health” já atrás referido.

Finalmente importa ainda destacar 3 cursos não conferentes de grau: Curso de Pós-Graduação em Gestão e Direção em Saúde (em colaboração com as Faculdades de Medicina e de Economia da UC); Curso de Pós-Graduação em produtos de Saúde à Base de Plantas; Curso de Especialização em Plantas Aromáticas e Óleos Essenciais (e-learning).

É consensual que o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas garante 100 por cento de empregabilidade. E a demais oferta, na FFUC?

Ainda bem que faz essa pergunta porque, sendo verdade o que afirma, o que se constata é que cerca de 70% dos Estudantes, no dia da apresentação/discussão da prova de Mestrado, já tem definida a sua situação laboral. Isto é, antes da conclusão do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

pode-se afirmar que todos têm empregabilidade garantida, sendo que, de facto, temos sempre solicitações de empresas, incluindo empresas internacionais, a querer contratar os nossos finalistas.

Esta empregabilidade é, também, total, e também no curto prazo, no que se refere ao Curso de Doutoramento, sendo que nos restantes Mestrados há uma taxa de empregabilidade na área que varia entre 66% e 75%, após 3 meses da conclusão do Curso. No que se refere aos Licenciados, a grande maioria prefere prosseguir estudos para Cursos de Mestrado, sendo certo que que o número residual de quem não o faz tem encontrado também emprego num prazo até 6 meses, tendo por base os últimos inquéritos. Em conclusão, estudar na FFUC é garantia de emprego.

Para além das Escolas de Verão, para o Secundário, que iniciativas tem a FFUC para captação de alunos?

ligação entre o Secundário e Universitário, nomeadamente na área da Saúde. Por outro lado, sempre por marcação prévia, promovemos visitas individuais de potenciais alunos, desde que acompanhados pelos pais, com visita às instalações, informações sobre os diferentes cursos, investigação e outros assuntos, promovendo-se uma conversa com um docente que ocorre sempre dentro de um laboratório.

Ainda assim, enviamos material de divulgação para as escolas, quando solicitado ou quando não podemos estar presentes, com uma atenção especial que dedicamos aos contatos com os serviços de psicologia e de orientação das escolas.

Cerca de 70% dos Estudantes, no dia da apresentação/ discussão da prova de Mestrado, já tem definida a sua situação laboral, podendo afirmarse que todos têm empregabilidade garantida

Realmente a Universidade de Verão da UC é a atividade com maior visibilidade em que participamos no âmbito da captação de Estudantes. Todavia não podemos deixar de relevar também a participação, juntamente com as outras Faculdades da UC, nas feiras nacionais como são a Futurália e a Qualifica (UC).

Mas, a nível apenas da FFUC, participamos em Feiras de oferta formativa em Escolas Secundárias e aceitamos visitas “personalizadas” para Escolas Secundárias com atividades diferentes nos nossos Laboratórios orientadas para a

Finalmente promovemos anualmente o Dia Aberto da FFUC e divulgamos os nossos Cursos, quer através da comunicação social, como é o caso do Jornal “As Beiras” e, last but nor least, não esquecemos a atualização permanente da nossa página oficial (https://www.uc.pt/ffuc), bem como a nossa presença ativa nas Redes Sociais.

O que está a ser feito, na FFUC, nas áreas das análises e da farmácia biomédica?

Agradeço a pergunta porque me permite voltar aos dois cursos de Licenciatura que temos, cujo licenciados têm vindo a fazer o seu próprio caminho, seja prosseguindo estudos em diversos Mestrados, alguns dos quais na FFUC, como é fundamentalmente o caso dos Mestrados em Segurança Alimentar,

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em Análises Clínicas, em Farmacologia Aplicada ou em Tecnologia dos Medicamentos, seja ingressando diretamente no mercado de trabalho. Por força das circunstâncias que vivemos nos últimos dois anos, os Licenciados em Ciências Bioanalíticas e os Mestres em Análises Clínicas “não chegaram para as encomendas”...

Estamos em crer que o papel dos Coordenadores de Curso e das Comissões dos Cursos respetivos, em estreita colaboração com o NEF/AAC, ao promoverem jornadas dedicadas aos cursos referidos, como o “Dia do Bioanalista” e o “Dia da Farmácia Biomédica” têm solidificado estas formações orientadas para estas áreas importantes da saúde. Por outro lado, também o empreendedorismo tem sido alavancado por estas formações e hoje já temos conhecimento da criação de empresas com ex-estudantes destes cursos, decorrentes ou não de projetos de investigação em que estiveram ou estão envolvidos.

Mas isso não nos impede de queremos melhorar os nossos Cursos de Licenciatura, auscultando, para isso, quer a comunidade FFUC (Estudantes, Docentes e Funcionários), quer ex-Estudantes, quer o que se convencionou chamar “mercado”, seja setor público, seja setor Privado.

Como caracteriza a aposta da FFUC na área da investigação?

revistas científicas), 32% em revistas Q2, 5% em Q3 e 1% em Q4. Mas mais, e só a título de exemplo, se usarmos a métrica de Harvard ou de Cambridge (Universidades que lideram os rankings Mundial e Europeu, respetivamente) em que os seus investigadores seniores devem ter, como mínimo, uma média de 5 publicações anuais em revistas Q1, verificamos que 27% dos nossos Professores/Investigadores satisfizeram essa premissa em 2021.

Claro que tudo isto só é possível fruto dos projetos de investigação em que os Professores/Investigadores estão envolvidos, assumindo, em muitos deles, o papel de Investigador principal.

Usando como medida a publicação de artigos indexados na Web of Science, em 2021 os professores/ investigadores da FFUC publicaram, em média, 3,93 artigos cada um, sendo 62% em revistas do primeiro quartil Q1 (isto é nas 25% melhores revistas científicas)

“Em suma, a FFUC é reconhecida, quer a nível da UC, quer a nível nacional, quer também a nível internacional, como um parceiro com quem se deseja trabalhar na área da Investigação.

Considera suficientes as fontes de financiamento para a investigação?

O contributo da FFUC para o avanço da Investigação, a avaliar pelas métricas, concorde-se ou não com elas, permitem, se for usada como medida a publicação de artigos indexados na Web of Science, reconhecer que em 2021 os Professores/Investigadores da FFUC publicaram, em média, 3,93 artigos cada um, sendo 62% em revistas do primeiro quartil Q1 (isto é nas 25% melhores

Quando se trabalha em investigação, as fontes de financiamento são sempre insuficientes, apesar do aumento do financiamento público que importa reconhecer. As empresas portuguesas começam agora a investir nesta área e esperemos que possam acompanhar o investimento público de forma a que se possa conseguir financiamento sustentado para a Investigação Científica. Mas porque é que isso é importante, perguntará o cidadão comum? Dou-lhe um exemplo. Quando comecei a trabalhar em Investigação, um projeto avaliado com Excelente pela então JNICT (hoje FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia) era garantia de financiamento. Imagine-se que, hoje, essa classificação não é garantia de financiamento e mesmo projetos classificados com Outstanding (notá-

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vel) já, algumas vezes, não conseguem financiamento. Por outro lado, os projetos comuns recebem, em regra, financiamento por períodos de três anos e, às vezes, mesmo com a obtenção de excelentes e promissores resultados durante a sua execução, têm, digamos assim, que “fechar portas”. Daí que se assista, felizmente e cada vez mais, a que os grupos com maior projeção se associem a congéneres internacionais e a grandes empresas para concorrerem a projetos Europeus em que o financiamento, substancialmente de maior montante do que os de nível nacional, ocorre durante um maior período de tempo. Mas o esforço despendido, quando não se consegue a aprovação do projeto (o que infelizmente é comum) desgasta toda uma equipa e incentiva a migração dos que são promissores investigadores para grupos que lhe forneçam condições mais estáveis e permanentes, não raras vezes fora do País. Ora, as pessoas, sendo o melhor recurso, na maioria das áreas de atividade, são indispensáveis na investigação. Em Portugal temos que ser capazes de reter o talento que formamos e, para isso, precisamos de financiamento.

Sendo quase toda a investigação científica feita no âmbito de programas de doutoramento, como conciliar com os desígnios de transferência de conhecimento e de cooperação com o tecido empresarial?

Diz bem, mas esquece-se de acrescentar, desde logo, que a FFUC tem um Programa de Doutoramento com empresas. Isto é, um programa em que o financiamento, nomeadamente em recursos humanos, inclui uma parte paga pelas empresas que fazem parte desse programa, bem assim como o facto do trabalho de investigação ser desenvolvimento em ambiente empresarial e académico e sobre temas que, naturalmente, interessam às empresas. Ainda assim, e mesmo nos outros casos em que os Estudantes não fazem parte do Programa atrás referido (e são a maioria), os temas das Teses, sejam os financiados só pela FCT, sejam outros, respondem a problemas concretos ou antecipam soluções para problemas societais emergentes.

A realidade mostra que a transferência de conhecimento ocorre logo durante os trabalhos conducentes ao Doutoramento e, que, muitas vezes, acaba na contratação dos/as Doutorados/as pelas empresas. A FFUC tem muito orgulho na contribuição que está a dar para a contratação de Doutorados pelas empresas o que, pelo menos na minha modesta opinião, é uma excelente forma, para não dizer mesmo a melhor forma, de conciliar a investigação científica com a transferência de conhecimento e de cooperação com o tecido empresarial.

Como avalia a aposta na internacionalização da FFUC?

O trabalho desenvolvido em prol da internacionalização, tem que ser considerado, pelo menos, a 3 níveis, investigação, estudantes e docentes.

A investigação, e aí pelos dados de que disponho e que já referi, a FFUC mantém as suas redes internacionais a funcionar e a trabalhar em pleno, apesar da diminuição dos contactos presenciais nos últimos dois anos, mas que têm vindo a ser paulatinamente recuperados com o intercâmbio de investigadores, sendo previsível que já em 2022 se retome os números de 2019;

Mestrado e também no Doutoramento em Ciências Farmacêuticas. Também o número de Estudantes com origem na FFUC que fazem parte da sua formação fora do País, seja através do programa ERASMUS, seja de outros, tem previsto alcançar os números de 2019 já no próximo ano letivo, senão mesmo ultrapassar esses números; Já no que respeita a Professores, fruto da possibilidade que as novas plataformas de ensino à distância permitiram, houve um incremento assinável de colaboração de Professores estrangeiros nos nossos cursos, sobretudo de Mestrado e no de Doutoramento, o que possibilitou também que tenha aumentado o número de aulas lecionadas em língua inglesa.

Onde há um medicamento, e de uma forma muito abreviada mas que julgo compreensível por todos, seja na prevenção, no diagnóstico ou na terapêutica, há ato farmacêutico

Já no que se refere a Estudantes, houve uma diminuição do número de estudantes estrangeiros, se bem que, sobretudo no que respeita a Estudantes ERASMUS neste ano letivo que agora termina, se tenha invertido a curva descendente do ano letivo anterior. Ainda assim, neste ano letivo tivemos 44 Estudantes internacionais, maioritariamente dos países de língua oficial portuguesa (Brasil-10; Angola-5; Cabo Verde-3; Moçambique-3; Guiné Bissau-1 e Timor Leste-1) mas também da Guiné Equatorial, Síria, Líbia, China, Cuba, India e Irão, sobretudo nos diferentes cursos de

“Finalmente, importa ainda destacar que tendo sido eleito Presidente da COIFFA (Conferência Iberoamericana de Faculdades de Farmácia) julgo que esse facto não deixa de confirmar que a internacionalização é uma aposta que a FFUC vem perseguindo e prosseguindo.

O que distingue o farmacêutico na arquitetura nacional dos agentes de Saúde?

Indiscutivelmente que a resposta a essa pergunta tem por base uma das mais importantes, senão mesmo a mais importante tecnologia de saúde que conhecemos e que tem contribuído para a obtenção do maior número de ganhos em saúde: MEDICAMENTO.

Onde há um medicamento, e de uma forma muito abreviada mas que julgo compreensível por todos, seja na prevenção, no diagnóstico ou na terapêutica, há ato farmacêutico. Ora, se há ato farmacêutico há farmacêutico/a. Dito de uma forma mais simples, e não só a nível nacional, o/a farmacêutico/a é um pilar fundamental para o equilíbrio no universo do que é a arquitetura dos agentes de saúde. |Paulo Marques

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FMUC Excelência no ensino e na

A oferta formativa da faculdade é muito diversa. Tem como componente nuclear a formação dos seus mestrandos nos mestrados integrados de Medicina e de Medicina Dentária. Desde logo, no Mestrado Integrado em Medicina não recebemos apenas os alunos do concurso nacional de acesso. A partir de um acordo com a Universidade de Cabo Verde, recebemos cerca de 20 estudantes por ano, aos quais damos a formação clínica, e fazemos o mesmo com cerca de 30 estudantes que vêm da Universidade dos Açores. Nestas formações, os três primeiros anos são lecionados em Cabo Verde e nos Açores, por docentes nossos, com o apoio de docentes locais, e depois os estudantes vêm para Coimbra. Depois há outros contingentes, por exemplo para os PALOP, o que faz com que tenhamos, no Mestrado Integrado em Medicina, cerca de 350 alunos a partir do 4.º ano, nos anos clínicos. Entram pelo concurso nacional de acesso, no 1.º ano, 255 alunos, mas com estes contingentes temos cerca de 350 nos anos clínicos. Sem esquecer os 50 e tal alunos que entram por ano no Mestrado Integrado de Medicina Dentária.

Têm ainda oferta no 2.º e 3.º ciclos?

Depois temos mestrados de especialização avançada e temos diversos cursos de mestrado e cursos não conferentes de grau. No 2.º ciclo temos abertos 9 mestrados e 12 cursos não conferentes de grau. É uma oferta formativa bastante importante, onde temos quase 400 alunos. Temos depois um programa de doutoramento em Ciências da Saúde, com cerca de 40 vagas anuais, onde temos neste momento mais de 200 alunos.

A investigação científica e clínica são vertentes muito importantes no trabalho da FMUC?

Claro que sim. Nós temos uma oferta de investigação muito significativa, baseada em quatro áreas consideradas nucleares. Desde logo, as Neurociências, as Ciências da Visão, as Ciências Cardiovasculares e o Ambiente, Genética e Oncologia. Isto não significa que não tenhamos outras áreas de investigação, como por exemplo as doenças reumatológicas e as doenças respiratórias. Nesta altura, temos 64 projetos de investigação conjuntos entre, a FMUC e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o que é muito significativo. E

em 2021 tivemos mais de 1000 artigos publicados com a afiliação FMUC, em revistas, com revisão pelos pares, o que é de facto bastante significativo.

Temos na FMUC um centro de investigação, o iCBR - Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra, onde se desenvolve uma boa parte da nossa investigação, e temos um gabinete que promove todo o processo de gestão e apoio relacionado com os projetos de investigação, que é o GGI – Gabinete de Gestão de Investigação.

A instalação do MIA - Instituto Multidisciplinar de Envelhecimento no futuro edifício UC Biomed, no Polo das Ciências da Saúde, será um contributo decisivo para a investigação nesta área?

Sim, o MIA – Instituto Multidisciplinar de Envelhecimento é um dos principais focos, até da Universidade, para a promoção de conhecimento e investigação ao mais alto nível. O envelhecimento é hoje o foco principal da nossa agenda científica. Temos um programa completo em termos de envelhecimento, quer com o centro de referência na promoção do envelhecimento ativo e saudável, quer com o laboratório colaborativo recentemente criado, que é um consór-

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A Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) tem uma ampla oferta formativa, que atrai a FMUC colabora com inúmeros centros nacionais e internacionais. Em 2021 foram publicados mais de 1000 Como carateriza a oferta formativa da FMUC? Carlos Robalo Cordeiro, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

ensino e na investigação

formativa, que atrai muitas centenas de alunos, realça o seu diretor, Carlos Robalo Cordeiro. Na investigação, publicados mais de 1000 artigos com a afiliação da FMUC

cio entre estruturas públicas e privadas, de ensino, hospitalares e de inovação.

A nossa agenda científica desenvolvese muito através de projetos da European Institute of Innovation and Technology - EIT Health, onde somos o centro académico e clínico nacional que tem mais projetos, muitos em parcerias com empresas e hospitais. Temos ainda parcerias com outros centros de investigação, como o ICNAS - Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde, o CNC - Centro de Neurociências e Biologia Celular ou o CIB - Centro de Informação de Biotecnologia.

A prestação de serviços à comunidade pela FMUC é significativa?

Claro. E devo realçar a boa colaboração que existe, por exemplo no âmbito do CAC - Centro Académico e Clínico de Coimbra, quer com o CHUC, quer com a Universidade, que tem permitido agilizar a utilização de verbas decorrentes desta prestação de serviços, que antes se tornava mais difícil. Nós temos sobretudo três ou quatro grandes estruturas laboratoriais que fazem a prestação de serviços para o exterior: o Laboratório de Citogenética e Genómica, o Instituto de Anatomia Patológica Patologia Molecular; o Laboratório de Microbiologia das Águas, que faz sobretudo análises microbiológicas das águas de diversas origens, como por exemplo, a pesquisa da legionella; e o Laboratório de Tecidos em Medicina Dentária. Estes são os quatro grandes eixos, mas temos outros, como um Laboratório Central de Sequenciação e Genómica Funcional, que também presta serviços nesta área. Portanto, temos também aqui uma prestação diferenciada para as estruturas hospitalares, e não apenas não apenas para o CHUC, e outras estruturas exteriores.

O que destacaria das alterações verificadas na FMUC durante os seus mandatos, que acabaram por coincidir

com a pandemia?

Bem, estou ainda no início do segundo mandato e o anterior ficou muito marcado pela pandemia. Nós temos um programa de ação, que está a ser conjugado com o Plano Estratégico, cuja execução está longe de estar completa, muito por necessidade de concentração de energias noutras áreas, como a promoção do ensino e da avaliação de forma remota, devido à pandemia. A reorganização da escola, por forma a permitir estes novos meios de comunicação digital, a promoção do teletrabalho, enfim, todo um processo de adaptação, foi feita de forma célere, mas, apesar de tudo, não tão simples como isso. Isso de alguma forma prejudicou o que estava programado.

A reforma curricular era uma das áreas em que pretendia atuar?

Pretendo, com toda a sinceridade, que este ano letivo que vai começar, de 22/23, seja de facto o ano em que se possa começar a criar mudança e a implementar algumas das estratégias que tínhamos pensado. Por exemplo, chegou ao fim o ano passado o plano da reforma curricular em vigor e, portanto, é o momento de se fazer um ponto da situação, monitorizar, avaliar forças e fraquezas e fazer os ajustes e as adaptações necessárias. É isso que vamos fazer já no início do ano letivo 22/23.

Uma situação que posso já dizer que está a mudar, e já foi implementada por esta direção, é uma diversificação do currículo. Criaram-se uma série de unidades curriculares opcionais que, de alguma forma, vão de encontro àquilo que nós pretendemos, que é desenvolver nos nossos alunos outras competências, para além das que se criam com um curso de Medicina: competências de comunicação, de liderança, de humanização e ética, de trabalho em equipa e gosto pela investigação.

Outra das alterações fundamentais, e que está a ser desenvolvida, é a cria-

ção de uma estrutura para a gestão de dados de grande dimensão, com o apoio da Inteligência Artificial, que irá dar suporte a processos de desenvolvimento, investigação e criação de conhecimento.

Muito importante, e estamos a realizar, é a reestruturação interna da própria escola, no seu perfil de staff de apoio. Estamos a criar serviços internos que de alguma forma permitam ter mais funcionalidade e retirar o máximo potencial de cada uma das equipas.

Com todas estas estruturas, podemos dizer que Coimbra já tem um cluster da saúde, que não tem aproveitado?

Nós temos de facto esse cluster da saúde. Nós temos aqui um ecossistema, que inclui a infraestruturas de educação, como a universidade, a faculdade, estruturas de cuidados de saúde, como o CHUC, desde logo, mas também o IPO e outros hospitais da região, estruturas de investigação e de inovação e de criação de ciência de translação, por exemplo, o Biocant, a Crioestaminal o Instituto Pedro Nunes, e várias empresas nesta área. Portanto, temos uma série de estruturas nas mais diferentes áreas, que constituem claramente um cluster, ou um ecossistema, que não pode ser mais equilibrado.

Depois temos muitas outras estruturas que poderiam entrar nesse cluster, como a Escola Superior de Enfermagem, como o Politécnico de Coimbra, também o Politécnico de Leiria. E outras estruturas como a Critical Software, a Bluepharma, por exemplo. Ou hospitais, digamos, vizinhos. Estou intimamente convencido que nós já temos um cluster. E com o excelente relacionamento entre os principais responsáveis de todas estas áreas – Universidade, Faculdade de Medicina e Câmara Municipal – temos uma oportunidade única para mudar um pouco a face do desenvolvimento das ciências da saúde na cidade e na região. | Dora Loureiro

DIRETÓRIO DE SAÚDE’22// DIÁRIOASBEIRAS | 51 ensino

ESEnfC Uma referência no ensino da enfermagem

A diretora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Aida Cruz Mendes, destaca que a oferta aos estudos pós-graduados, cobre todos os ciclos de educação em enfermagem e responde às necessidades profissional. No próximo ano letivo abrirá um novo curso de doutoramento em enfermagem, em parceria

ensino

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra – ESEnfC afirmou-se como uma referência na área do ensino de enfermagem, a nível nacional e internacional?

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra tem vindo a afirmar-se como uma referência na sua área, encontrando-se muito bem classificada tanto no que diz respeito à procura e resultados da formação,

como nos resultados da investigação que realiza. A nossa oferta formativa, desde a graduação aos estudos pósgraduados, cobre todos os ciclos de educação em enfermagem e responde às necessidades de formação ao longo da vida profissional dos enfermeiros. Para além de uma formação sólida para os licenciados em enfermagem – onde um dos aspetos importantes é a aquisição de competências para

aprender a aprender e o desenvolvimento de juízo crítico e utilização das ferramentas de procura e uso da melhor evidência na prática de cuidados –, a Escola oferece formação pós-graduada conferente e não conferente de graus académicos e desenvolve, ainda, um número muito relevante de eventos científicos, em diversas áreas do conhecimento em enfermagem, o que possibilita a

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Aida Cruz Mendes, presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

referência enfermagem

destaca que a oferta formativa, desde a graduação às necessidades de formação ao longo da vida em parceria com a Universidade de Coimbra

constante atualização que os enfermeiros necessitam para o exercício profissional de qualidade.

Com uma unidade de investigação classificada com muito bom, no último ciclo avaliativo da FCT, a Escola consegue criar um ambiente de aprendizagem, desde a licenciatura, em que a investigação ocupa um lugar fundamental. Ao incremento de investimento que tem sido feito nesta unidade, tem correspondido um aumento de produtividade evidenciado nos meios de divulgação científica (publicações) e de consolidação das equipas de investigadores.

O estabelecimento de redes internacionais de cooperação, tanto de ensino como de investigação, são, de igual modo, um espelho da boa implantação da Escola a nível nacional e internacional.

O que destaca da oferta formativa da ESEnfC?

A nossa oferta formativa assenta em dois princípios: integração do conhecimento de enfermagem numa perspetiva ecológica e humanista e aprendizagem baseada na investigação e inovação. Procuramos que os nossos estudantes adquiram uma boa preparação para o início da profissão, que estejam conscientes dos valores éticos da profissão e que dominem o conhecimento atual da enfermagem de cuidados gerais em todos os grupos populacionais. Mas procuramos, também, que estejam conscientes da necessidade de estudar ao longo da vida profissional e que encontrem na Escola um suporte para o seu desenvolvimento.

Para que se atinjam estes objetivos, a escola tem procurado uma integração harmoniosa de experiências de aprendizagem em ambiente de simulação, em equipas de investigação e em projetos de ligação à comunidade, para que todos os estudantes encontrem a sua melhor forma de aprender.

A Escola teve capacidade para se internacionalizar e atrair alunos de outros países?

Temos vindo a aumentar o número de estudantes internacionais, tendo a percentagem destes estudantes duplicado nos últimos três anos. Este aumento de procura dos nossos cursos pelos estudantes internacionais fez com que, para além do reforço dos cursos de formação em Português, que já oferecíamos, tenhamos

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ensino
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ensino

PARA TODOS OS SENTIDOS.

tido necessidade de preparar um programa de integração específico para estes estudantes. Ainda assim, o número de estudantes internacionais é, ainda, relativamente reduzido. A diversidade de proveniências de estudantes e docentes, com as suas experiências e culturas próprias, enriquece a nossa comunidade académica, pelo que este é um objetivo que continuará a ser perseguido.

A investigação é uma área importante na atividade da ESEnfC?

Sim, a atividade de investigação é uma das centralidades da nossa atividade.

A investigação que realizamos cumpre dois objetivos essenciais: gerar evidência sobre as melhores respostas às necessidades de cuidados das pessoas, promovendo, assim, a qualidade dos cuidados; e, criar conhecimento que contribua para a construção de conhecimento em enfermagem, entendida como a ciência que estuda as pessoas e as suas respostas, num determinado ambiente, nas suas transições de saúde e doença.

Esta investigação alimenta o nosso ensino e interage com a comunidade académica internacional de enfermagem, através das numerosas redes já constituídas.

A Escola tem acordos de cooperação com universidades e de outros países? Esta cooperação tem dado frutos?

Sim, desenvolvemos acordos de cooperação bilaterais e multilaterais com numerosas universidades estrangeiras, quer para o desenvolvimento de projetos de intercâmbio de estudantes e docentes, como também com o objetivo de desenvolvimento de atividade de investigação e de conhecimento. Tanto numa perspetiva (de mobilidade e intercâmbio) como na outra (de redes de investigação e conhecimento) estes acordos de cooperação são muito importantes para a ligação da Escola a um mundo global.

A ESEnfC ainda tem margem para crescer, em número de alunos e número ou tipos de formações?

A nossa margem de crescimento em estudantes de graduação (licenciamento) é reduzida ou mesmo nula, nas circunstâncias atuais. Mas, por outro lado, queremos e temos capacidade para aumentar a oferta formativa de pós-graduação, conferente e não conferente de grau académico. A abertura de um novo curso de doutoramento em enfermagem no próximo ano letivo, em parceria com a Universidade de Coimbra, é um programa que pretendemos que tenha uma qualidade elevada e que se venha a consolidar no futuro. Para além deste projeto a Escola deve ser capaz de assegurar uma diversidade de formações pós-graduadas, cobrindo as diferentes áreas de especialização de enfermagem e as necessidades de atualização dos enfermeiros ao longo da sua vida profissional. |Dora Loureiro

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FPCEUC Uma instituição de excelência na promoção da saúde e bem-estar

No âmbito da saúde, e especificamente da saúde mental, a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCE-UC) dispõe de uma oferta formativa diversificada área clínica e da saúde

Nos últimos anos, a afirmação da OMS de que não há saúde sem saúde mental tem sido endossada por várias organizações mundiais. Estas organizações têm sido unânimes em considerar a saúde mental como essencial ao capital humano, social e económico das sociedades, e como tal deve ser considerada como uma parte integral e indispensável de diferentes esferas das políticas públicas tais como as relativas aos direitos humanos, educação e emprego. No âmbito da saúde, e especificamente da saúde mental, a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCE-UC), sendo uma instituição de referência em Portugal no ensino e investigação nas áreas da Psicologia, Ciências da Educação e Serviço Social, que dispõe de uma oferta formativa diversificada na área clínica e da saúde, encontra-se numa posição privilegiada para responder aos desafios globais contemporâneos na área da saúde. A oferta formativa da FPCE-UC, que privilegia abordagens distintas de intervenção (cognitivo-comportamental, sistémica, forense, neuropsicologia clínica), bem como a solidez pedagógica e científica do seu corpo docente tornam-na altamente diferenciadora no panorama nacional. Nesta resposta aos desafios da saúde, não é alheia a investigação produzida por docentes e investigadores da Unidade de I&D da FPCE-UC (CINEICC, Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental), avaliada com Excelente no último exercício de avaliação da FCT, e de outras unidades

de investigação da UC, que através da investigação e produção de conhecimento científico inovador e de valor acrescentado, cumprem exemplarmente o objetivo comum de promover a saúde e o bem-estar da população através de intervenções bem fundamentadas do ponto de vista teórico e devidamente validadas empiricamente.

Não sendo possível particularizar toda a investigação e produção científica na área clínica e da saúde da FPCE-UC, destacamos a grande diversidade de programas de intervenção – dirigidos ao tratamento, à prevenção de doença e à promoção de saúde - com aplicações em diferentes contextos (clínico, forense, académico e comunitário), fases desenvolvimentais (crianças, adolescentes, adultos e idosos) e formatos (individuais, familiares, grupais, pre-

senciais e com recurso às tecnologias da informação e comunicação). E destacamos o notável trabalho de aproximação da investigação que se faz na FPCE-UC à sociedade civil e de transferência de conhecimento, através de atividades tão diversas como a prestação de serviços especializados à comunidade, bem como através da implementação de programas de promoção da saúde mental na comunidade, via capacitação de profissionais de áreas diversas de formação.

Estes aspetos cumprem de forma inequívoca o que a FPCE-UC define nos seus estatutos, ensino, investigação e transferência de conhecimento, e tornam a FPCE-UC a escola certa para a aprendizagem nas suas três áreas do saber que, globalmente, convergem na promoção da saúde e bem-estar.

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ensino
Marco Pereira, subdiretor para a Investigação e Divulgação Científica

inovação

MIA-Portugal estuda processos do envelhecimento

Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento - que no futuro ficará instalado no edifício UC Biomed, como o centro de referência no sul da Europa na investigação dos processos biológicos do envelhecimento. saudável e ativo

P ortugal é um dos países mais envelhecidos do mundo a apresenta uma das maiores incidências de doenças crónicas associadas ao envelhecimento, como cancro, diabetes ou doenças cardiovasculares, responsáveis pela deterioração da qualidade de vida do idoso. O projeto MIA-Portugal - Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento tem como objetivo construir o primeiro centro de referência no sul da Europa, focado no estudo dos processos biológicos do envelhecimento para promover e sustentar o envelhecimento saudável e ativo.

Neste momento já estão em curso projetos de investigação do MIA-Portugal, financiados com fundos europeus.

Lançado pela Universidade de Coimbra (UC), em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e o Instituto Pedro Nunes (IPN), o novo MIA- Portugal - Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento será um projeto pioneiro a nível nacional na área da investigação do envelhecimento. O projeto tem como coordenador Rodrigo Cunha.

O MIA-Portugal é financiado pela União Europeia com comparticipação da Universidade de Coimbra

e da CCDRC, num montante total de 49 milhões de euros, dos quais 15 milhões são investimento direto do programa Teaming da EU.

Reconhecimento da excelência

A aprovação pela União Europeia do MIA-Portugal, em Coimbra, decorre do reconhecimento do serviço de excelência na área biomédica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), uma referência no ensino em Portugal, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o maior do país, do Centro de Neurociências e Biologia Celular, bem como do Instituto Pedro Nunes e do Biocant, que, entre outras importantes vertentes, foram incubadoras de start-ups premiadas.

Além da contribuição para a génese de conhecimento, a atividade do MIA-Portugal estará direcionada para a exploração clínica e empresarial, com vista a desenvolver novas estratégias profiláticas e terapêuticas para atenuar a incidência e desenvolvimento de doenças crónicas associadas ao envelhecimento, assim como desenvolver novas

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processos biológicos

edifício UC Biomed, no Polo III da Universidade de Coimbra, quer constituir-se biológicos do envelhecimento. O objetivo é promover e sustentar o envelhecimento

metodologias de promoção de qualidade de vida do idoso.

Por outro lado, os grupos de investigação do MIA-Portugal irão desenvolver a sua atividade científica de investigação clínica em colaboração com grupos dos parceiros internacionais –University of Newcastle Upon Tyne e University Medical Center Groningen – com o objetivo de identificar os mecanismos biológicos responsáveis pelo processo de envelhecimento, de longe o maior fator de risco para o aparecimento das várias doenças crónicas associadas ao envelhecimento.

MIA-Portugal instalado no UC Biomed

O MIA-Portugal - Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento (MIA) vai ficar instalado no edifício UC Biomed, cuja construção já está em curso, no Polo III da Universidade de Coimbra.

Com uma área bruta total de mais de 12 mil m2, o edifício UC Biomed vai contar

ainda com laboratórios de investigação, plataformas tecnológicas de apoio à investigação e o biotério da Universidade de Coimbra.

15 milhões apoiam contratação de recursos

O projeto UC Biomed envolve um investimento de 50 milhões de euros, dos quais cerca de 20 milhões se destinam à construção do edifício. A Comissão Europeia destina os restantes 15 milhões para o apoio à contratação de recursos humanos.

Por seu lado, o edifício terá capacidade para receber 240 a 250. Decisivo será que o conhecimento obtido na investigação chegue à área do empreendedorismo, tal como às novas práticas clínicas e novos medicamentos, e por isso o Instituto Pedro Nunes e o Biocant estão entre os parceiros, tal como o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) .

| Dora Loureiro

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inovação

inovação

Biocant quer manter investimentos e potenciar partilha do conhecimento

Relativamente à inovação, quais os principais projetos atualmente em curso no Biocant Park?

Para além do apoio às empresas, através de um leque de serviços que vai desde a cedência de espaços de laboratório, acesso a plataformas tecnológicas, angariação de investimento e apoio administrativo, o parque tem em curso projetos que tem em vista a dinamização do ecossistema. Neste momento estão em execução dois projetos de âmbito regional: um visa a promoção do bioempreendedorismo, em parceria com a Universidade de Coimbra (UC), e o segundo projeto visa a transferência de conhecimento científico e tecnológico – InovC+. Este último é dinamizado por um conjunto de

19 parceiros da região centro, inclui diversos stakeholders, tais como universidades, institutos politécnicos, centros tecnológicos e parques de ciência entre outros.

Que valores monetários estão envolvidos e quais as parcerias?

Estamos perante projetos de cariz imaterial que financiam diversas atividades, cujo objetivo central encontra suporte no reforço do ecossistema de inovação regional, projetando a região enquanto referência nacional na criação de novos produtos e serviços resultantes de atividades de I&D, e deste modo contribuindo para a sustentabilidade económica e social da região. O projeto InovC+, por exemplo, é liderado pela UC e é

promovido por um extenso consórcio que envolve 19 parceiros regionais em diferentes quadrantes de atuação (parques tecnológicos, incubadoras e universidades), que envolve um investimento global de 3,4 milhões de euros. O projeto InovC+, atualmente em execução, emerge de dois projetos que o antecedem, o InovC e InovC 2020 que permitiram um investimento significativo na região em termos de infraestruturas de apoio à inovação e no apoio à transferência de tecnologia e capacitação de ideias inovadoras. O projeto BiotechSTARS por outro lado, liderado pelo Centro de Neurociência e Biologia Celular da UC em parceria com o Biocant e o Instituto do Ambiente, Tecnologia e Vida, pretende promover uma cultu-

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A diretora executiva do Biocant, Joana Banco, explica alguns dos atuais investimentos do parque na área das e equipamentos especializados, recursos humanos altamente qualificados, dinamização das redes, potenciar Joana Branco, diretora executiva do Biocant

investimentos conhecimento

parque na área das Ciências da Vida. O futuro, diz, passa por continuar a investir em infraestruturas redes, potenciar o networking e a partilha do conhecimento

ra bioempreendedora, através dum conjunto concertado de iniciativas de deteção, estímulo e capacitação direcionadas a intervenientes em biotecnologia. Pretende-se deste modo impulsionar a criação de novas iniciativas empresariais na área das ciências da vida na região Centro. Este projeto representa um investimento global de 475 mil euros.

Como está de momento estruturado o Biocant Park?

O ecossistema está estruturado em torno das suas associações de origem: a Associação Beira Atlântico Parque (ABAP) e a Biocant-Associação de Transferência de Tecnologia, assim como de uma terceira entidade, esta de cariz empresarial, o Biocant Park SA. Esta última é responsável por toda a gestão do parque e interação com as empresas, enquanto que as associações, que dispõem de unidades de I&D e prestação de serviços, desempenham um papel de dinamização do ecossistema e participação em redes nacionais e internacionais.

As três entidades partilham a missão comum de promover o parque, as suas empresas e, por inerência, o município de Cantanhede e a região.

Quantas empresas estão instaladas?

Atualmente, o parque conta com cerca de 40 empresas, de diferentes dimensões e em diferentes fases de desenvolvimento, operando em diferentes quadrantes do setor da biotecnologia. O parque integra, de igual forma, um polo de capacitação em biotecnologia do Centro de Neurociências da UC. Esta infraestrutura tem permitido a aproximação da universidade ao meio empresarial, fomentando a geração de conheci -

mento e transferência de tecnologia, com vista à sua valorização económica. Fruto de uma constante interação entre laboratórios de I&D e empresas, e do foco na criação de valor com base no conhecimento científico, já emergiram deste centro várias empresas com base em tecnologias e conhecimento gerados nos grupos de investigação do próprio Biocant e da UC-Biotech.

No total, trabalham diariamente no parque cerca de 400 trabalhadores (infraestruturas partilhadas e núcleo das bioindústrias), na sua grande maioria, altamente qualificados, o que corresponde a um forte investimento em capital humano.

Quais as principais dificuldades enfrentadas por essas empresas?

Cada empresa terá os seus próprios desafios, fruto do seu contexto próprio, o que inclui a sua dimensão e área de atuação. De um modo geral as principais dificuldades centram-se na obtenção de financiamento, exigências regulamentares, dificuldade de atração de altos quadros internacionais ou necessidade de angariação de parceiros internacionais de grande dimensão. Enquanto parque, um dos grandes desafios reside na própria sustentabilidade, de modo a que se consiga garantir um apoio eficaz e de qualidade que possa alavancar o sucesso das empresas instaladas

Num futuro próximo como será desenvolvida a atividade do Biocant?

Dada a especialização do parque em biotecnologia, o Biocant Park posiciona-se como uma entidade dotada de infraestruturas e serviços altamente especializados, que permite o desenvolvimento de I&D

avançado em contexto académico e empresarial. O modelo geral de funcionamento do parque não será, por isso, significativamente alterado. Ou seja, importa continuar a criar condições para que possamos apoiar as empresas instaladas (existentes ou novas empresas/projetos), tanto no nosso núcleo de I&D partilhado como no núcleo de bioindústrias. Para isso é necessário continuar a investir em infraestruturas e equipamentos especializados, recursos humanos altamente qualificados, dinamização das redes, potenciar o networking e a partilha do conhecimento. É também crucial que se mantenha uma aposta na promoção do parque a nível internacional, assim como das suas empresas, representando, de um modo geral, o setor da biotecnologia a nível nacional. Iremos, naturalmente, continuar atentos às novas tendências do mercado, como seja no acompanhamento, testagem e experimentação de soluções tecnológicas inovadoras nas diversas áreas das ciências da vida.

Alguma área específica concentrará a atividade?

A atividade do parque não se concentra numa área em concreto, mas antes num apoio transversal às diferentes empresas no parque, nas suas diversas áreas temáticas. Se, num primeiro momento, as empresas e projetos no parque estavam maioritariamente vocacionados para a biotecnologia vermelha, área da Saúde, lentamente esta realidade começou a ser alterada, algo que não é de estranhar face ao reconhecido potencial nacional, por exemplo na área agroalimentar e industrial.

| José Armando Torres

inovação

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inovação

IPN Como criar produtos de sucesso

Procuramos trabalhar sempre necessidades que sejam trazidas pelos hospitais ou pelas empresas, porque à partida têm uma probabilidade de sucesso mais alta do que se forem impostas por nós ou numa lógica académica. Depois há um conjunto de passos e de parceiros que permitem desenvolver essa ideia que nos é apresentada.

Pode concretizar?

Estou a lembrar-me do caso de uma clínica que faz reabilitação facial e que identificou um conjunto de limitações no processo atual, e percebeu que a tecnologia poderia ajudar a modernizar o tratamento e até aumentar a velocidade da recuperação. E contactou-nos para desenvolvermos essas tecnologias. Ajudamos no financiamento, porque conhecemos os instrumentos financeiros. E estamos em redes internacionais, como por exemplo a EIT Health, que é a maior rede de saúde do mundo, da qual somos fundadores, e que permite

atrair investimento para empresas, para financiar essas ideias, e até hospitais internacionais que possam validar e até adotar essas tecnologias. Depois, nada pode ir para um hospital sem estar certificado, e damos apoio nessa área.

São questões complexas?

São complexas, caras e demoradas. De há três anos para cá temos uma equipa que apoia as empresas nas questões regulamentares.

Isto é, há várias etapas e apoios?

Sim. A ideia surge e tem que ser validada, porque a empresa ou hospital podem estar convictos que é uma boa ideia, mas não é. E é preciso validar com outras pessoas, com outros hospitais. Depois é preciso arranjar financiamento e – esta parte é connosco –, ter a capacidade tecnológica para desenvolver e implementar a ideia. Segue-se a certificação e uma área relativamente nova, que são os testes. Ou seja, a primeira função dos hospitais é aquela que todos queremos, que cuidem de nós. Mas também é preciso fazer mudanças de forma melhorar esse serviço. Para isso

é fundamental a criação de estruturas dentro dos hospitais, que são zonas de testes, que consigam estar, por um lado, descoladas da prestação de serviço, mas ao mesmo tempo ligadas, para que esses serviços possam ser melhorados.

Essas estruturas estão a aparecer ?

Sim. Tivemos agora a aprovação de uma iniciativa que permite fazer isso, a Digital Innovation Hub, e candidatamos uma outra iniciativa maior, que se chama Testing and Experimentation Facilities. Basicamente, são zonas de teste e experimentação dentro dos hospitais que permitem, por exemplo, que uma start up possa testar um protótipo. Nós estamos a desenvolver essas estruturas em Portugal e envolvemos dois hospitais, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e o Hospital de São João, no Porto.

Essas ideias que desenvolvem vão depois para a incubadora de empresas?

Sim, enquanto é uma start up pequena, que está a nascer, está na incubadora, com um conjunto de serviços dedicados, como por exemplo a atração

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O diretor executivo do Laboratório de Automática e Sistemas do Instituto Pedro Nunes (IPN), António Cunha, Na base desse trabalho estão as necessidades do mercado e a estreita ligação ao Departamento de Engenharia O Instituto Pedro Nunes tem apoiado a criação de empresas e de produtos de sucesso na área da saúde? Como é este processo? António Cunha, diretor executivo do Laboratório de Automática e Sistemas do Instituto Pedro Nunes (IPN)

de sucesso na área da saúde

António Cunha, fala sobre a transformação de ideias em produtos ou empresas de saúde de sucesso. Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e do Instituto de Sistemas e Robótica da UC

de investimento. Quando a empresa cresce, expande-se e internacionalizase, pode ir para uma segunda fase, que é a aceleradora de empresas.

Pode indicar alguns projetos em curso?

São vários. Neste momento estamos a liderar um projeto europeu, de um novo método para a teleformação, que permite fazer a formação em ecografia e formar médicos na área da ecografia à distância, usando mais do que um computador. Na parte prática da formação em ecografia o professor tem que estar junto do aluno, porque tem que ensinar-lhe como é que se pega na sonda, quais são os ângulos, qual é a força que se deve fazer para ver o órgão. Mas há zonas do país e muitas zonas do mundo que não têm acesso a este treino. Então, o que estamos a fazer é permitir fazer treino à distância. Como? Nós temos dois braços robóticos que basicamente reproduzem o movimento. Vamos imaginar que o aluno está a segurar na sonda ecográfica que está agarrada a um dos braços robóticos, e o outro braço robótico está junto do professor, que pode estar no outro lado do mundo. Mas estes dois braços funcionam exatamente como se o professor e o aluno estivessem de mãos dadas. Ou seja, todos os movimentos que o aluno faz no braço são reproduzidos no lado do professor e vice-versa. E é esse novo módulo de treino que estamos a experimentar, com a Faculdade de Medicina de Coimbra e com os Hospitais da Universidade de Coimbra.

É um enorme avanço, pois há zonas do mundo sem acesso a essa tecnologia?

Nós escolhemos a ecografia porque os médicos nos dizem que a sonda ecográfica é o estetoscópio do futuro, ou seja, que vai haver uma utilização, por exemplo, pelos médicos de família. Quando começará essa teleformação?

O projeto começou em janeiro e neste estamos a criar os conteúdos de um

curso, que poderemos iniciar em outubro. Teremos três países - uma turma da Suécia, uma turma de Espanha e uma turma portuguesa – e três hospitais envolvidos: os Hospitais da Universidade de Coimbra, o Hospital Sant Joan de Deu, de Barcelona, e Karolinska University Hospital, em Estocolmo. Nós já estamos a usar esta tecnologia para fazer a ecografia à distância. Esta tecnologia já foi licenciada a uma empresa da incubadora, a Sensing Future, que vai começar a sua comercialização.

Este exemplo ilustra a cadeia de inovação proporcionada pelo IPN?

Sim. Esta tecnologia surgiu no Departamento de Engenharia Eletrotécnica da UC, numa fase menos madura. Convidámos uma empresa a trabalhar connosco, fomos buscar financiamento e envolvemos o Hospital da Luz para desenvolver esta tecnologia. Agora é possível um médico especialista estar com esse sistema a fazer uma ecografia remotamente, por exemplo em Cabo Verde. Porque o que precisamos de ter nessa zona remota é uma infraestrutura muito simples: precisamos de alguém que posicione a pessoa e aplique o gel e tudo o resto é feito remotamente, estando um braço cá e outro lá. O Brasil e o Canadá têm mostrado muito interesse neste projeto.

Há outros exemplos?

Outro exemplo é na área da reabilitação facial. Uma clínica, o grupo Somos Saúde, do Norte, com muita experiência na reabilitação facial, por exemplo pós-AVC, identificou que o processo atual é muito rudimentar. Basicamente é um espelho, com um terapeuta por trás, que ensina quais são os movimentos que a pessoa tem que fazer para retomar os movimentos faciais. A pessoa olha para o espelho e tenta depois reproduzir os exercícios. Neste projeto, o AAL FaceRehab, o que nós fizemos foi a digitalização desse espelho, e a

pessoa vê, num tablet, um boneco que a ensina a fazer os exercícios faciais. Ou seja, a pessoa pode aprender a fazer isto na clínica e depois, pelo menos numa fase posterior, menos aguda, levar para casa, sem necessidade de ter o terapeuta junto de si, nesta longa reabilitação. Esta necessidade foi-nos trazida por uma clínica. Nós temos a engenharia e envolvemos uma empresa de Aveiro, a ThinkDigital, que é o multiplicador, ou seja, vende o produto. Tentamos ter sempre este triângulo. São projetos europeus, competitivos, mas tentamos sempre ter como principal beneficiário as empresas portuguesas.

Portanto, são projetos que respondem a necessidades do mercado?

Sim, temos outro projeto, o Cogni Vitra, também na área de reabilitação pós-AVC, mas para reabilitação física e cognitiva. É um jogo que permite que a pessoa faça movimentos e também desenvolva a componente cognitiva. A empresa NeuroInova, do Porto, já tinha estes testes em papel e desafiounos para atualizar o produto, torná-lo digital, mais competitivo. Criámos uma caixa, que se põe por baixo da televisão e que permite à pessoa fazer esses exercícios. Neste caso, envolvemos hospitais do Luxemburgo e de Barcelona, para testar e para validar a tecnologia. Mas o tal multiplicador, a empresa, é portuguesa. Não podendo trabalhar em todas as áreas, temos seguido um pouco este espetro de desenvolver tecnologias que permitam tornar a pessoa também um agente da sua própria saúde.

Há empresas de sucesso na saúde, que saíram do IPN. Como a Take the Wind?

Sim, é o caso da Take the Wind, que lançou a marca Body Interact, que simula cenários reais com pacientes virtuais. E a Perceive3D, que basicamente, utiliza a realidade aumentada para ajudar na cirurgia do joelho, e não só. | Dora Loureiro

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