Diário do Comércio

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São Paulo, sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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Jornal do empreendedor

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Conclusão: 23h25

Ano 86 - Nº 23.255

Até parece que entrou em cartaz Tropa de Elite 3 - A Guerra. Mas a realidade é outra, não está no cinema e sim nas ruas e favelas do Rio de Janeiro. Na maior ação do quinto dia de confronto entre traficantes e policiais na capital carioca, foram mobilizados 430 policiais militares, civis e fuzileiros navais, que ajudaram a operar 13 blindados da Marinha, equipados com metralhadoras (foto). Vila Cruzeiro, maior reduto de traficantes, foi ocupada.

A R R E GU

Bandos armados fugiram para o complexo do Alemão. Até quando resistirão? A guerra continua. Págs. 10 e 11 Sergio Moraes/Reuters

Minas e Energia: PMDB quer Lobão de volta

Antonio Palocci na Casa Civil

Cartões de crédito: tarifas limitadas

Dívida zero no Pateo do Collegio

Político é "carta marcada". Pág.5

Foi incentivado por Lula. Pág. 5

As mudanças aprovadas pelo CMN, pág. 17

Até este sábado. Pág. 20

Patrícia Cruz/LUZ

Ilusão. É a mais nova viagem de Woody Allen.

ERA UMA VEZ O TREME-TREME Aos poucos, os edifícios São Vito e Mercúrio vão desaparecendo da paisagem paulistana. Depois de demolidos, darão lugar a anexo do Mercado Municipal. Pág. 9 Divulgação

Estreia Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos, com Anthony Hopkins e Lucy Punch: ele tenta enganar a velhice; ela o ajuda a sentir-se imortal. A comédia humana de Woody Allen não perde o fôlego. Mais: Minas em livros; fado e samba comTereza Salgueiro. E Roda do Vinho. Fotos: Divulgação

Saxofonista Ornette Coleman, guru do free jazz, é uma das 60 atrações da Mostra Sesc de Artes. Programe-se na página 28.

HOJE Parcialmente nublado Máxima 28º C. Mínima 18º C.

AMANHÃ Parcialmente nublado Máxima 30º C. Mínima 18º C.

ISSN 1679-2688

23255

9 771679 268008

Bravo, moderno e elegante. Novo hatch médio da Fiat promete mexer com o mercado. O forte do Bravo é o design.

TORONTO

Gentil, culta, organizada. Um modelo. Sem estresse, cidade canadense é exemplo de respeito ao meio ambiente. Boa Viagem

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cultura


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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A estabilidade econômica brasileira baseia-se em um tripé, do qual a meta de inflação é um dos pés. Roberto Fendt

pinião

EYMAR MASCARO

AZEDOU A POLÍTICA CAFÉ COM LEITE

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Diante dos problemas à frente é saudável que a presidente tenha escolhido uma equipe econômica afinada com a estabilidade, em especial o novo presidente do Banco Central.

ROBERTO FENDT

UM DIA DEPOIS DO OUTRO

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alando a mais de cem sindicalistas dos petroleiros da Bahia em 13 de setembro último, o exministro da Casa Civil e líder do PT, José Dirceu, depois de criticar o "ex cesso de liberdade da imprensa" afirmou que, com Dilma, o partido retornaria ao poder. Obviamente, se ressentia do governo imperial do presidente Lula, onde ao PT cabiam os afagos da retórica e ao senhor presidente e seus aliados fora do PT, o poder. Os fatos vão, devagar, mostrando que o senhor Dirceu pode estar enganado. O poder parece estar mais para a presidente Dilma do que para o PT. Não apenas a escolha da equipe econômica reforça essa tese. Já desde a campanha, a então candidata vem estrategicamente evitando as teses mais caras ao seu partido. Na campanha, afirmou a necessidade de repetir a estratégia vitoriosa de Lula, ao construir alianças com quantos quisessem aderir, excluídos os adversários preferenciais, PSDB e DEM. Também a escolha dos coordenadores da campanha sinalizava o desejo de formar uma ampla base multipartidária. Os coordenadores, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, o ex-ministro Antonio Palocci e o deputado José Eduardo Cardozo, da linha moderada do parti-

do, evitaram aventuras do passado, que culminaram com as três derrotas do presidente Lula. Foi a Carta aos Brasileiros que alterou o quadro em favor da aliança do PT com seus correligionários. E o espírito da Carta aos Brasileiros, de cunho social-democrata, está novamente a informar o futuro governo da presidente petista. Foi com base nesse espírito que Dilma afirmou durante a campanha que respeitaria contratos e manteria a estabilidade macroeconômica. E, principalmente, seus compromissos com a democracia.

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erão tudo flores? Como não existe tal coisa na política, os desafios serão grandes. Seu principal parceiro na aliança sente-se justificado a pedir além do que já tem, dada a musculatura eleitoral que demonstrou nas últimas eleições. Também na economia o futuro não é um mar de rosas. A herança fiscal será pesada, com o enorme aumento da dívida bruta – convenientemente escamoteado com a permanente referência à dívida líquida – e com crescentes pressões inflacionárias. Essas últimas decorrem não somente da forte expansão monetária e fiscal no segundo governo do presidente Lula, mas também de um quadro de aumentos generalizados de pre-

ços em quase todo o mundo.

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iante dos problemas à frente é saudável que a presidente tenha escolhido uma equipe econômica afinada com a estabilidade. Nesse contexto, é de particular importância escolha do novo presidente do Banco Central. É ali que está o ponto mais nevrálgico da gestão econômica, particularmente porque cabe à instituição, com autonomia, gerir a política monetária e manter a inflação dentro da meta. Há consenso de que o sucesso dessa gestão depende da autonomia do Banco Central. Ficou no ar justamente a questão da autonomia do Banco Central. Alguns apressados atribuem a não-renovação de Henrique Meirelles à frente do BC ao fato de ele ter condicionado sua eventual permanência ao compromisso da presidente com a autonomia do BC. Que o BC brasileiro não é independente, sabíamos todos. A independência do BC pressupõe que esse fixe a meta de inflação e adote as medidas necessárias para atingi-la. Não é o nosso caso, já que a fixação da meta é tarefa atribuída ao Conselho Monetário Nacional, formado pelos ministros da Fazenda e Planejamento e pelo presidente do BC. Em caso de discor-

ucanos de São Paulo e de Minas Gerais se envolvem em novo braço de ferro pelo controle do PSDB a partir de maio de 2011, data em que o partido realiza suas convenções municipais, estaduais e nacional. O presidente a ser eleito para o diretório nacional coordenará também o grupo que vai indicar o candidato ao Planalto nas eleições de 2014. É intenção dos tucanos antecipar para 2012 a escolha do candidato à sucessão de Dilma Rousseff, para não repetir o erro cometido nas eleições passadas, quando atrasou o lançamento da candidatura de José Serra. E deu no que deu. Os tucanos paulistas não querem aceitar a tese do prato feito, isto é, de que o candidato do partido à presidência da República já estaria escolhido: o mineiro Aécio Neves. José Serra perdeu duas eleições presidenciais, mas na disputa com Dilma Rousseff, ele alcançou 44 milhões de votos, o que não deixa de representar um cacife eleitoral respeitável e que leva o ex-governador paulista a pensar em concorrer mais uma vez ao Planalto. etalhe: antes de se eleger pela primeira vez, Lula também havia perdido duas eleições presidenciais. É provável que, para evitar que tucanos paulistas e mineiros continuem brigando para eleger o próximo presidente do partido, o senador Sérgio Guerra seja convidado a se manter no cargo por mais dois anos. Mas, em Minas, existe o consenso de que chegou a vez de Aécio Neves ser o candidato ao Planalto. Aécio se elegeu senador para cumprir um mandato até 2018. Portanto, o argumento dos mineiros é que seu ex-governador não teria nada a perder, mesmo se vier a ser derrotado na sucessão de Dilma Rousseff. Apesar da expressiva votação que recebeu, José Serra perdeu e ficou sem mandato. Pior ainda: por enquanto, não dispõe de um palanque para trabalhar uma nova candidatura presidencial. O contrário ocorre com Aécio Neves, que vai usar a tribuna do Senado para fazer o lobby de sua candidatura. Além disso, o ex-governador de Minas vai se esforçar para ser o opositor nº 1 de Dilma Rousseff no Congresso. Os paulistas chegam a avaliar que José Serra seria a pessoa mais indicada para ser o próximo presidente nacional do PSDB, ou, então, que ele ficasse encarregado de indicar

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dância, o BC será sempre derrotado pelo "governo", que detém maioria no Conselho. A autonomia do BC para adotar os meios necessários para atingir a meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional é tácita. Funcionou assim durante os dois governos do presidente Lula, que melhor serviu de anteparo às múltiplas pressões para baixar a taxa de juros "na marra".

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estabilidade econômica brasileira baseia-se em um tripé, do qual a meta de inflação é um dos pés. Os dois outros são a Lei de Responsabilidade Fiscal e o regime de câmbio flutuante. Todos devem ser observados, sob a pena de a estabilidade ficar capenga. E o sucesso das metas de inflação depende da autonomia do BC. Houve um momento, durante a gestão de Henrique Meirelles, em que essa autonomia foi ameaçada. O presidente Lula respondeu com a equiparação do presidente do BC a ministro de Estado. Também a escolha dos membros do Copom refletiu essa autonomia. É desejável que a nova presidente mantenha esse grau de autonomia que, embora informal, foi praticada com sucesso nos últimos oito anos. ROBERTO FENDT É ECONOMISTA

Sérgio Guerra e Fernando Henrique Cardoso ainda estão machucados com a derrota do PSDB e querem preparar o partido para enfrentar de novo o PT em 2014.

o sucessor de Sérgio Guerra. A proposta dos mineiros é outra: sugeriram que o senador Tasso Jereissati substitua o atual presidente do partido. A sugestão não agrada aos serristas porque Tasso é ligado ao esquema político de Aécio Neves e já deu algumas boas bicadas em Serra. O desejo dos mineiros continua sendo neutralizar a força dos paulistas nas decisões do partido. érgio Guerra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ainda estão machucados com a derrota presidencial do PSDB e querem preparar o partido para enfrentar mais uma vez o PT em 2014. Os dois dirigentes estão convencidos de que podem ter de duelar nas urnas com Lula daqui a quatro anos.

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s tucanos acreditam que Lula não deixará que Dilma seja candidata à reeleição, mesmo que ela desempenhe um mandato satisfatório. Chama a atenção dos tucanos a decisão de Lula de se colocar à disposição do PT para pilotar o movimento favorável à reforma política. Além disso, o presidente decidiu ainda que assim que transmitir o cargo à sua sucessora vai voltar a viajar pelo País, reativando a Caravana da Cidadania. Isso, para os tucanos, é sinal de que Lula deseja voltar a se candidatar. Os tucanos, enfim, acham que não devem brincar em serviço, preparando-se com antecedência para um novo embate eleitoral, possivelmente contra a principal estrela do PT.

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EYMAR MASCARO É JORNALISTA E COMENTARISTA POLÍTICO MASCARO@BIGHOST.COM.BR

Fundado em 1º de julho de 1924 Presidente Alencar Burti Vice-Presidentes Alfredo Cotait Neto, Antonio Carlos Pela, Arab Chafic Zakka, Carlos Roberto Pinto Monteiro, Claudio Vaz, Edy Luiz Kogut, Gilberto Kassab, Guilherme Afif Domingos, João de Almeida Sampaio Filho, João de Favari, José Maria Chapina Alcazar, Lincoln da Cunha Pereira Filho, Luís Eduardo Schoueri, Luiz Roberto Gonçalves, Moacir Roberto Boscolo, Nelson F. Kheirallah, Roberto Macedo, Roberto Mateus Ordine, Rogério Pinto Coelho Amato, Sérgio Antonio Reze

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PARA DEFENSORES DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL, PROPRIEDADE PRIVADA É ALGO APENAS TOLERADO.

pinião

Caio Guatelli/Folhapress

NEIL ENVERGONHADO

FERREIRA

JOGA PEDRA NA ASHTIANI

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Sem-terra invadem fazenda: conceito de que a propriedade privada é um "direito relativo" justificaria esse tipo de ação.

Direitos humanos?

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o Brasil, atualmente, temos um cenário bastante inusitado no que diz respeito à questão dos direitos humanos, pois os seus defensores partem de algo que consideram como sendo um princípio, o de que a propriedade privada é apenas um direito relativo, um direito que deveria ser contemplado por uma suposta função social. Isto seria equivalente a dizer que a propriedade privada é algo somente tolerado, quando não um mal que deveria ser controlado. O lado mais manifesto dessa formulação se encontra particularmente presente na abordagem da propriedade rural, cuja forma mais espetacular reside na invasão de propriedades rurais como se fosse algo justificado. Ou seja, as invasões de terras estariam supostamente justificadas pelos "direitos humanos" . Uma outra face da mesma concepção aparece no modo que o "lucro" é considerado em nosso país. Ele também é tido por algo, de fato, negativo – que deveria, porém, ser tolerado. Parte-se aqui da concepção de que não seria algo bom na perspectiva do ser humano, uma forma sua de perversão, quando ele é na verdade não apenas o motor de uma economia de mercado, como uma forma própria de realização de interesses particulares. É perfeitamente normal que as pessoas busquem a satisfação dos seus desejos, que ganhem mais naquilo que fazem, que conquistem melhores condições materiais para si e para os seus. Todas as experiências socialistas/comunistas que aboliram o lucro e a propriedade privada terminaram aniquilando as liberdades individuai s e a livre escolha das pessoas em relação à própria vida. Ora, será que tal formulação dos direitos humanos é consoante com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789? A Declaração de 1789 é o pilar mesmo daquilo que veio, depois, a ser chamado de direitos fundamentais dos indivíduos, direitos esses que se propagam para todas as esferas da vida pú-

DENIS ROSENFIELD blica. A liberdade surge, então, como princípio orientador da construção desses novos direitos, liberdade ancorada no cidadão que se emancipa enquanto homem livre das amarras do Antigo Regime, colocando-se como agente individual.

contemplada enquanto direito humano; e) da segurança de cada um em relação ao seu próprio corpo, em relação aos contratos feitos, sem que haja coerção ou imposição externa, logo, de atos arbitrários que ponham em questão o direito individual à segurança.

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ão esqueceram, tampouco, do direito de propriedade, do direito à propriedade privada, como sendo essencialmente um direito humano, o direito de todas as pessoas disporem de seus bens materiais, do fruto de seu trabalho, do resultado de suas atividades, podendo usufruí-los livremente, sem que isto constitua uma forma indevida de gozo individual ou de prejuízo ao próximo. No direito de propriedade incluíram também o direto da pessoa dispor de si mesma, do seu próprio corpo, de seus sentimentos, crenças e convicções. Pode-se, neste sentido, dizer que o direito de propriedade é o direito que a pessoa tem de si, o direito de se escolher nas distintas esferas de sua existência. Por outro lado, na tradição marxista, os direitos humanos, os direitos individuais, as liberdades, seriam originariamente burgueses, devendo, pois, ser substituídos pelos verdadei-

m seus distintos domínios, trata-se da: a) liberdade de escolha da religião, não estando o indivíduo obrigado a seguir um culto que lhe é imposto por um Estado a serviço da Igreja; b) da liberdade de expressão do pensamento, que se traduziu pela liberdade de ensino e pesquisa das universidades, que se tornaram centros autônomos; c) da liberdade de imprensa, que hoje diríamos também dos meios de comunicação em geral, segundo a qual cada indivíduo, grupo social e organização política têm o direito de emitir publicamente suas opiniões e noticiar o que está acontecendo na sociedade, sem seguir diretrizes estatais; d) da liberdade que cada pessoa tem de perseguir a realização dos seus próprios desejos, de seus interesses particulares, tendo como limite apenas a consideração dos desejos e direitos dos demais. Observe-se que a satisfação do "egoísmo", do "amor de si", está plenamente

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Estamos diante de uma confrontação entre os direitos fundamentais do homem e direitos que se pretendem coletivos, amparados na sufocação dos direitos originários.

ros direitos, os "proletários". Os "direitos humanos", sendo "burgueses", devem ser desconsiderados, menosprezados, levando consigo as liberdades.

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ão deveria, pois, causar espanto o fato de os Estados comunistas e os do “socialismo real” terem levado a seu termo essa concepção, eliminando a propriedade privada e, com ela, os direitos civis, os direitos políticos, a liberdade de imprensa, a liberdade de ir e vir, criando um Estado policial sustentado pelo terror. Note-se que essa eliminação real dos direitos humanos foi apresentada como sendo a realização de outros "direitos humanos", os de um outro homem, o homem fruto da revolução, na verdade, o homem servo do Estado totalitário. Ora, é essa tradição marxista que está sendo, agora, enxertada na doutrina dos direitos humanos, alterando completamente o seu significado, embora essa alteração seja apresentada como uma complementação, a do “social” em relação ao “individual”. A situação é propriamente paradoxal, pois esse enxerto muda a concepção mesma dos direitos fundamentais do indivíduo, das liberdades que lhe são inerentes, apesar dessa mudança não querer apresentar-se como tal. Assim, estamos diante de uma verdadeira confrontação entre os direitos fundamentais do homem e direitos que se pretendem coletivos, amparados, na verdade, numa sufocação dos direitos originários, tais como constavam da Declaração dos direitos do homem e do cidadão de 17 89. O marxismo apresenta-se sob uma nova roupagem, aparentemente mais humana, em misturas cada vez mais claras entre religião e política. Os direitos humanos estão sendo pervertidos em nome dos "direitos humanos", ou seja, as liberdades estão sendo fragilizadas e, com elas, as instituições democráticas e republicanas. DENIS LERRER ROSENFIELD É PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRS

e verdade, ali na batata, a letra é outra. Cito: "Joga b*sta na Geni / Joga b*sta na Geni / Ela dá pra qualquer um / Maldita Geni”. O autor é Chiquê Buarquê du Hollandá e aqui abro parênteses. Não importa o que eu ache das suas posições políticas, é lullo-petista confesso e votou no Poste vitorioso. Nem importa o que eu ache dos quatro romances que escreveu, não li nenhum e não gostei de nenhum, até assinei o manifesto Devolve o Jabuti, Chico que rola na internet. Admito, porém, que sua carreira como compositor e letrista da MPB é impecável, invejável e com uma qualidade que o projeta como um dos gigantes da nossa cultura popular. Além, é claro, de ser rico, bonito, ter os olhos verdes e ser o ai Jesus da mulherada, lobas-vovós ainda não muito assentadas, que vira e mexe soltam as tigresas ou as frangas não muito adormecidas que dentro delas habitam, prontíssimas a acordar famintas em busca de jovens presas indefesas – vide o sucesso da personagem da Maitê Proença na novela Passione. Como semelhante pessoa de tanto brilho, inteligência e talento pode ser lullo-petista confesso e ter confessadamente votado na vitória do Poste ? ento explicar essa situação traçando para mim mesmo um paralelo com o francês Céline (Louis-Fernand), um dos maiores escritores de meados do século passado – pelo menos um de seus romances você deve conhecer, Morte a Crédito, uma obraprima. Durante a 2ª Guerra Mundial e com a França ocupada, Céline claramente assumiu posições antissemitas e de colaboracionismo com os nazistas. Dois gênios da palavra, Céline e Chiquê, com posições políticas na minha opinião equivocadas – mas que fique bem claro que não devem explicações a ninguém, a não ser às suas consciências pelas escolhas que fizeram. E que fique mais claro ainda que considero o lullopetismo e o nazismo citados, bem como o stalinismo que não citei, mas não esqueci, irmãos de sangue, gêmeos idênticos, farinhas do mesmo saco. Fecha. Essa canção da Geni, sucesso em shows e em vendas de CDs, foi vetada pela censura de então e não podia ser cantada nas rádios e tevês. Chiquê foi na época vítima contumaz dos intelecas milicos, que munidos das canetas Pilot cortavam tudo que aparecia à frente; até colocaram na lista negra a bisavó das novelas das oito, a novelona O Vermelho e o Negro” (Le Rouge et le Noir, de Stendhal, 1830). "É vermelho", acusavam. "É comuna", sentenciavam. E tome corte, colocavam no index a obra e seus leitores, que passavam a ser suspeitos

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de "subversão". Ler era um perigo, parece lenda, mas meninos, eu vi, ninguém me contou. Chiquê negaceava e fintava para manter seu trabalho íntegro. Num toque de mágica criou um clone, o "Julinho da Adelaide", que assinou Milagre Brasileiro, Acorda Amor e Jorge Maravilha, enganou a censura milical e cantou ácidas críticas à ditadura, para gáudio da galera que aplaudia as canções afiadas e a firula garrinchesca, que colocou os milicos de quatro no gramado. Aí, pega e vira lullo-petista militante e acaba abrindo voto no Poste. Tem direito e respeito. Não gosto, mas respeito. o tempo antigo, anterior aos blogueiros e tuiteiros, nas redações dos jornais impressos chamava-se à abertura que fiz de "nariz de cera”" não sei o motivo. Só sei que esse meu nariz aí, de tão grande, não é um nariz, é um Cyrano de Bergerac (peça de Edmond Rostand, 1897). Vamos então à fechadura. "Joga b*sta na Geni" virou, com aprovação geral, "Joga pedra na Geni / Joga pedra na Geni / Ela dá pra qualquer um / Maldita Geni". Donde, jogar pedra pode. Joga pedra na Geni, joga pedra na Ashtiani / joga pedra na Ashtiani / ela dá pra qualquer um / maldita Ashtiani. Fui claro ou preciso desenhar ? Então tá, desenho. B*sta suja e fede, não machuca nem mata. Pedra machuca e mata. Sujar e feder não pode. Machucar e matar pode. Então se os bons costumes, o gosto e a cultura locais não estão nem aí para quem joga pedra na Geni ou joga pedra na Ashtiani, não há porque o espanto com a atitude do chanceler Amorim ao tentar explicar a abstenção do Brasil em votar um projeto internacional da ONU, que condena o Irã por recorrentes abusos aos Direitos Humanos. O estopim desse projeto é a condenação da iraniana Sakoneh Ashtiani à morte por apedrejamento pelo crime de adultério, crime segundo as leis lá deles. Joga pedra na Ashtiani / Joga pedra na Ashtiani / Ela dá pra qualquer um / Maldita Ashtiani. Como o Itamaraty não tem autonomia (Meirelles lutou oito anos pela autonomia do Banco Central e não a obteve), da boca do Chanceler Amorim, ao negar a assinatura do Brasil ao projeto, saiu a voz do Cara – e o Cara falou em nome do país dos "mais de 80%", que aplaudiu o "Joga pedra na Geni" e, agora, parece, aceita o "Joga pedra na Ashtiani". Citei Chiquê Buarquê du Hollandá e agora, ao olhar para esse país dos "mais de 80%", em profundo desespero cito Caretano Veloso: "Eu quero é ir embora / Eu quero é dar o fora... "

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O PAÍS DOS "MAIS DE 80%” ELEGEU UMA COBRA. SÃO PAULO, UMA ONÇA. TAMOS NUM MATO SEM CACHORRO.

NEIL FERREIRA É PUBLICITÁRIO

Não éo último ano de Lulla


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4 -.GERAL

Giba Um

3 José Serra foi ao Senado, 3 apareceu no plenário, foi cumprimentado e só José Sarney, presidindo a sessão, nem deu bola.

gibaum@gibaum.com.br

k Meu pai aposentou-se aos 92 anos. Seis meses depois, confessou «

que tinha tomado uma decisão prematura.

HENRIQUE MEIRELLES // que está deixando o BC, avisando que não vai pendurar as chuteiras.

333 A piada é atribuída a Antonio Palocci, mas ele jura que não falou nadadisso:quandoGuido Mantega, Miriam Belchior e Alexandre Tombini posaram juntos para a foto de largada, alguém comentou que seria uma nova versão de Os Três Porquinhos da campanha. E teria emendado: “É um trio de peso”. Mantega, Miriam e Tombini, se tiverem, realmente, seus pesos somados, ultrapassariam facilmente 300 quilos. Mesmo assim,individualmente,nenhum deles chega sequer perto do volume de Erenice Guerra.

MISTURA FINA 333 A INÉDITA entrevista dada pelo presidente Lula a blogs progressistas foi interpretada, em muitos setores da mídia nacional, como uma espécie de trailler do sonhado plano de controle dos veículos arquitetado pelo ministro Franklin Martins, misturando idéias da Confecom – Conferência Nacional de Comunicação e partes do Programa Nacional de Direitos Humanos. Ou seja: só vale pergunta a favor.

NADA de novo no showbiz nacional: a atriz Julia Faria, a Mônica da novela Passione, está debutando sua sensualidade nas páginas da revista Vip, onde aparece de calcinha. Julia é ex-namorada do cantor, instrumentista e compositor Junior. 333

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Vinha branco.

Salário reduzido Nesta fase de cinto apertado do SBT e em todas as outras empresas de Silvio Santos para tentar fazer caixa e pagar os R$ 2,5 bilhões devidos ao FGC, todos os mais funcionários terão seus salários reduzidos, fora os que já estão sendo incluídos numa colossal operação de corte. A primeira que poderá ser atingida é a veterana Hebe Camargo (ao lado, no blog Pardal Virgem ) que, na renovação anterior de seu salário, passou para 50% do que recebia. Ganha hoje R$ 500 mil e deverá ter nova redução: o SBT fará uma proposta de R$ 250 mil e por apenas seis meses. Em Las Vegas, ela confessou aos amigos que não vai aceitar. 333

O U2 poderá trazer a turnê 360 graus ao Brasil em abril do ano que vem, com apresentações em São Paulo e Porto Alegre e aproveitando um buraco da agenda mundial. Em São Paulo, o show deverá ser no Morumbi, agora fora dos planos – e das reformas – da Copa 2014. Detalhe: Bono também quer visitar poderosos empresários brasileiros em busca de gordas contribuições para sua ONG, repetindo o caminho já trilhado por Madonna.

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Vinho rosê.

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h IN

GUIDO Mantega, ministro prorrogado da Fazenda, vai consultar a presidente eleita Dilma Rousseff se existe algum problema em convidar para integrar sua equipe um tucano. Trata-se do ex-secretário da Fazenda de Mário Covas, Yoshiaki Nakano, hoje, professor da Fundação Getulio Vargas. 333

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333 Se Lula pode ir parar no Guinness pelos mais de dois mil discursos pronunciados, Marisa Letícia também pode ir como a primeira-dama que jamais abriu a boca, publicamente e nem participou de qualquer atividade, embora ainda tenha um gabinete colado ao do maridão . Uma de suas tarefas: entrar na sala presidencial e avisar Lula que já “passou da hora”. Seu brado habitual: “Chega! Vamos jantar!” E quem comenta que está deixando o Alvorada sem fazer nada, uma de suas assessoras lembra que não é bem assim: afinal, tirou seu passaporte italiano (agora, tem dupla cidadania), empurrando junto os filhos.

O R I O R E D A RO L MC A R

Outro recorde

333 DEVE ser uma nova estratégia de marketing: jornais e revistas estão ganhando uma página de publicidade do Empório Armani, com um modelo exibindo uma peça que faz parte da coleção de inverno (os termômetros já chegaram, esta semana, entre São Paulo e Rio, a mais de 30 graus). É um casaco (gola levantada) de couro tratado (lembra um emborrachado), que chega até o meio da coxa, usado com luvas igualmente de couro.

T

333

A

Com a presença de uma legião de amigos, admiradores e colecionadores, Tomie Ohtake (à esquerda), aos 97 anos de idade, comemorados no domingo passado, acaba de inaugurar a mostra Pinturas Recentes, com 25 trabalhos, no instituto que leva seu nome, em São Paulo. Em meio aos que foram abraçar a artista, entre seus familiares, o filho Ricardo Ohtake (ao centro, com Emanuel Araújo) e Emilio Kalil (à direita), num vernissage que só foi terminar às três da manhã, quando Tomie se retirou, avisando que, antes de dormir, ia “bater uma macarronada”.

Entre tintas e macarrão

Solução

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Se o ex-marido Eike Batista tem um super-iate (chama-se Pink Fleet e é repleto de áreas pintadas de rosa, cor favorita do bilionário) ancorado no Rio de Janeiro, Luma de Oliveira acaba de comprar um, cujo preço está estimado em R$ 4 milhões. O modelo Intermarine de 48 pés tem três suítes e ela, vira e mexe, já está al maré, navegando entre a praia de Itaipu, em Niterói e Búzios, onde tem uma casa. Pode mergulhar à vontade, fazer topless longe de fotógrafos e ir mais longe, até as Ilhas Cagarras, em frente a Ipanema. Seu reveillon (com poucos amigos) será à bordo, em Angra dos Reis. 333

MAIS TRÊS

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ATÉ TOPLESS

Tiago Alberio

L O R A

Até terça-feira, Dilma Rousseff e Michel Temer deverão apresentar suas contas de campanha, que serão analisadas, com auxilio de técnicos do TCU, até dia 9 de dezembro, a tempo de não atrapalhar a cerimônia de diplomação da presidente eleita e do vice, marcada pelo TSE para dia 17 do mês que vem. Cada um deles poderá convidar apenas 15 pessoas: o plenário do TSE é pequeno, só cabem 100 pessoas. Telões serão afixados na parte externa do tribunal, para a transmissão da cerimônia. Lula ainda não sabe que vai: quando foi diplomado, no final de 2002, FHC também não compareceu (é quase uma tradição).

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Enquanto tiroteios e queima de ônibus e carros continuam se proliferando no Rio de Janeiro, a principal recomendação do Comando da Polícia Militar de lá é que as pessoas evitem sair à noite, o que equivale, segundo o locutor da CNN Internacional, que colocou o coronel Henrique Lima Castro, relações-públicas da PM no ar, à decretação de “toque de recolher”. Os conselhos do coronel são mais do que surpreendentes: em caso de ataque, as pessoas não devem fugir; o ideal é manter a tranqüilidade e tentar dialogar com os bandidos; e jamais permanecer em locais ermos.

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Contas antes

Toque de recolher

I C C A D MI R A D E S U L I Ã O C F A Ç O L I R A D F AD I V A I ME O U S T AB U P A T E N T E M L A S F A R O L N N U U S O T N T B S T E M P E

A quantidade de vezes que Lula usou a expressão “nunca antes nesse país” nunca chegou a ser computada. Já Dilma Rousseff, segundobalançofeito por um anônimo integrante de grupo de comunicação ligado ao marqueteiro João Santana, proferiu em 90 dias (dois meses antes do primeiro turno e um mês antes do segundo), entre discursos de improviso, entrevistas e debates, nada menos do que 510 vezes a expressão “veja bem”. Tirando fins de semana, dá uma média de quase oito vezes por dia.

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Nos tempos em que levou a TV Globo a ser considerada a quarta emissora de qualidade do planeta (antes dela, apenas as americanas CBS, NBC e ABC), José Bonifácio (Boni) de Oliveira Sobrinho dava até palestras sobre o padrão global. Seu filho Boninho, diretor de reality shows da emissora, certamente, não pensa assim. Agora, acaba de postar no Twitter, sobre o BBB11 que começa em janeiro: “Esse ano tudo vai ser diferente. Nada é proibido no BBB, pode fazer o que quiser. Esse ano, tudo liberado. Vai valer tudo, até porrada. E acabou o ice no BBB . Vai ser power . Chega de bebida de criança”. Nudez e sexo deverão ter igual tratamento. Cada um dos patrocinadores do BBB11 pagará R$16,4 milhões para colocar seus produtos no programa. Já estão confirmados Johnson, Fiat, AmBev, Niely e Unilever. 333

F

undador da Família Paulina, Tiago foi pioneiro da evangelização eletrônica. Nasceu em1884, em San Lourenzo di Fossano (Itália) e, quando jovem seminarista, compreendeu que sua missão seria anunciar a Jesus usando o os meios de comunicação social. Bem-Aventurad ne

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VEJA BEM

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Adeus ao padrão

26 de Novembro

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Henrique Meirelles, que está se despedindo do Banco Central, sempre soube que não iria permanecer no cargo, embora Lula tivesse lhe acenado com essa promessa, depois que desistiu de sair candidato em Goiás e até sonhado em ser vice de Dilma. Aos chegados, Meirelles confidencia que a presidente eleita nunca lhe permitiu maior intimidade, chamando-o sempre de Dr. Meirelles (e ele respondia usando Dona Dilma ou ministra). E quando fala que não irá se aposentar, não sabe ainda o que fará. O que para ele não é exatamente um problema: o Dr. Meirelles é considerado, hoje, dono de uma fortuna de cerca de US$ 130 milhões. 333

Mais de 43 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo, ganhadora de quatro prêmios Grammy e um Latin Grammy, a cantora, compositora, dançarina e atriz norte-americana (ela nasceu em Nova York) Christina Agulera, 29 anos, está em alta: às vésperas da estréia de Burlesque, musical onde divide a cena com a veterana Cher, ganha capa e recheio de revistas do showbiz e de moda. No filme, Christina se transforma, ganha um festival de figurinos e aparece em 12 números musicais. Este ano, foi nomeada pela ONU como Embaixadora Oficial contra a Fome e acaba de ganhar seu espaço de estrela na famosa Calçada da Fama, em Los Angeles.

Ahorade Christina

MAIS: e Fernando Collor postou-se ao lado de sua cadeira, com cara brava. Aí, alguém não aguentou: "É o novo segurança da Casa".

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Fotos: BusinessNews

Saldo bancário

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Por: José Nassif Neto Curtir o amor pelo outro.

Opinião divergente.

Adorador; fã.

Ponto cardeal oposto ao norte.

Temperatura elevada.

O rato é um animal (?).

'Ter", em francês.

Lanche da tarde. Argila colorida por óxido de ferro.

Fábrica de texteis. Mimo; brinde.

Novilho com menos de um ano.

Interior oco de uma arma de fogo.

Cólera. Olfato dos animais. Palanque em árvore.

'Avançado', em inglês.

Símbolo de oxigênio. (quím.)

O produto da abelha. Sílaba de bancário.

Símbolo da religião cristã. Aquele que despreza o humilde.

Escrúpulo sem justificativa.

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Colaboração: Paula Rodrigues,Alexandre Favero

Registro para garantir a invenção.

Carta do baralho. Sílaba de iluminar.

'Raquítico' em inglês.

Sílaba de Cazuza. Sem utilidade.

Pelado. Ilumina o mar para navegação à noite. Sigla de trinitrotolueno Perde a têmpera.

Estudar, vendo o que está escrito.

Costume. 'Um', em italiano. 1.000, em algarismo romano.

Lindo.

(393) 2-un (utilizado na linguagem italiana antes de palavras iniciadas por vogal); sã; às; up; 4-à-toa; runt; mutá (construído no mato pelo caçador, para dali espreitar a caça); 5-avoir; cisão; 6-fiação.


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DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

5 'PORQUINHO' Chamado assim por Dilma, Antonio Palocci assume a Casa Civil

olítica

LOBÃO No Ministério das Minas e Energia, reassume o titular: Edison Lobão

Casa Civil: Palocci na vaga de Erenice Convidado por Dilma, ele a princípio relutou, porque queria mesmo era a Secretaria-Geral da Presidência, mas acabou cedendo ao apelo do presidente Lula Paulo Liebert/AE

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Palocci na portaria do prédio do médico Roberto Kalil, em São Paulo, onde ouviu ontem algumas reivindicações da classe, já como futuro chefe da Casa Civil.

Lobão é 'carta marcada', diz PMDB De olho na votação do pré-sal, partido nem cogita a sua substituição no ministério das Minas e Energia Paulo Liebert/AE

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PMDB decidiu deflagrar uma operação a fim de tentar concluir a votação do marco regulatório do pré-sal ainda neste ano. A pressa do PMDB tem uma explicação: o provável controle da exploração das jazidas com a recondução do senador Edison Lobão (PMDB-MA) ao cargo de ministro de Minas e Energia. Lobão havia se afastado da pasta em abril para concorrer a um novo mandato nas eleições de outubro, e conseguiu se reeleger. O líder do PMDB, deputado H e n r i q u e E d u a rd o A l v e s (RN), afirmou que o nome de Lobão é "carta marcada" do partido para voltar ao ministério. Alves fez a declaração na saída do Centro Cultural Ban-

co do Brasil (CCBB), sede do governo de transição, logo após uma reunião com o vicepresidente eleito e presidente do PMDB, Michel Temer. A urgência em aprovar o projeto tem como objetivo formalizar, o quanto antes, a mudança do regime de exploração de petróleo do modelo de concessão para o de partilha. A meta é garantir que as jazidas localizadas em águas ultraprofundas sejam licitadas, pelo regime de partilha, a partir do início de 2011. Caberá a Alves liderar as costuras políticas para acelerar a votação da matéria na Câmara, cuja pauta já está bastante sobrecarregada por Medidas Provisórias. A estratégia traçada por ele

Dono do pedaço: Edison Lobão deve reassumir a pasta.

prevê a exclusão do texto dos dispositivos que alteram a fórmula de divisão dos royalties entre os Estados, que o projeto original do Executivo não contemplava.

Sarney: Dilma tem 'maioria confortável' no Congresso Ele lembra, porém, que redução de gastos deve ser nos três poderes

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presidente do Senad o, J o s é S a r n ey (PMDB-AP), disse ontem que a proposta do governo federal de reduzir gastos na gestão Dilma Rousseff (PT) deve ser adotada nos três Poderes da República. Segundo o peemedebista, "não se pode falar em redução de gastos falando de um poder só". "Tem que falar num esforço comum e uma política a ser seguida pelo Estado envolve, então, todos os Poderes", afirmou. Aliado de Dilma, Sarney disse que o Congresso está disposto a "acompanhar a política" de austeridade fiscal do governo federal sem votar reajustes ou criações

de cargos. O peemedebista deve ser candidato à reeleição para o comando do Senado em fevereiro de 2011. "Evidentemente, o Legislativo vai acompanhar a política do governo, sobretudo aqui no Congresso, onde o governo tem uma maioria confor tável". Sarney disse que os números projetados pelo governo estão "dentro dos parâmetros", sem indicativos de que "saiam do controle" na gestão Dilma. "Evidentemente que a política monetária tem de ser feita dentro da realidade do dia a dia. Ela não pode ser uma coisa fixa nem dogmática. Ela tem que enfrentar a realidade e a economia tem que se colocar

dentro destes parâmetros". Na opinião do peemedebista, a "rigidez" da política econômica vai depender do desempenho da economia brasileira. "Às vezes, é necessário subir juros, às vezes, é necessário baixar os juros. Depende do funcionamento da economia. E hoje com a economia global, nós também temos que ficar com um olho na economia interna e outro olho na economia internacional". Novo governo – José Sarney defendeu as escolhas da presidente eleita para a sua futura equipe econômica pela "continuidade da política econômica que tem dado certo. Os nomes demonstram justamente isso". (AE)

José Cruz/ABr - 24.10.10

Sarney: "O Legislativo vai acompanhar a política do governo, sobretudo aqui no Congresso, onde o governo tem maioria confortável".

A ideia seria delegar a polêmica ao Senado, onde uma emenda do senador Pedro Simon (PMDB-RS) neste sentido aguarda votação – que ficaria para o próximo ano. (AE)

ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, será o chefe da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff. Coordenador da equipe de transição, Palocci foi convidado pela presidente eleita, na quarta-feira, a assumir a pasta que já foi comandada por ela. Resistiu, pois preferia um ministério de menor visibilidade, mas aceitou a tarefa após longa conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao assumir a Casa Civil, ministério responsável pela coordenação do governo, Palocci será definitivamente reabilitado na cena política. Fiador do rumo econômico no primeiro mandato de Lula, o então comandante da Fazenda foi abatido em março de 2006, no rastro do escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. No ano passado, porém, Palocci foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Dilma havia planejado desidratar totalmente a Casa Civil – alvo de sucessivas crises nos últimos anos – mas mudou de ideia. Embora mais enxuta e sem projetos vistosos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que serão transferidos para o Ministério do Planejamento, a Casa Civil continuará forte e seu titular, o capitão do time. Entre suas várias atribuições, Palocci fará dobradinha com a Secretaria das Relações Institucionais na articulação política e cuidará da interlocução com os governadores e os prefeitos, além da reforma tributária. Em conversas reservadas, Dilma já avisou que não quer saber de primeiro-ministro à sua volta. No primeiro mandato de Lula, esse carimbo pertencia a José Dirceu, que caiu na esteira da crise do mensalão, em 2005, e não queria que

Palocci sentasse em sua antiga cadeira. Secretaria geral – O novo núcleo duro do Palácio do Planalto, de perfil "lulista", também abrigará Gilberto Carvalho, atual chefe de gabinete do presidente Lula, na SecretariaGeral da Presidência. Carvalho e Luiz Dulci, que ocupa a pasta até 31 de dezembro, são os únicos sobreviventes do antigo grupo de conselheiros do atual governo. Ao menos por enquanto, a Secretaria-Geral não mudará totalmente de perfil e continuará cuidando da relação com os movimentos sociais. Convites – Alexandre Padilha, titular da Secretaria de Relações Institucionais, deverá continuar no mesmo posto, mas Dilma ainda não bateu o martelo sobre o destino de Paulo Bernardo, hoje ministro do Planejamento. A presidente eleita convidou Bernardo, na quarta-feira, para comandar o Ministério da Previdência Social. Disse a ele, no entanto, que pode levá-lo para o Planalto, se tiver de fazer algum arranjo de última hora no xadrez ministerial. Já o novo chefe de gabinete de da presidente eleita será Giles Carraconde Azevedo, que cuida da agenda de Dilma desde a época em que ela ainda era secretária de Energia, Minas e Comunicação do Rio Grande do Sul. Anulação – Em decisão unânime, a 5.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) declarou nulas todas as escutas telefônicas que serviram de base para a apuração de supostas fraudes em licitações de lixo em Ribeirão Preto, quando a cidade era administrada por Palocci. Trata-se do caso Leão & Leão, a empresa que mantinha contratos com a cidade administrada pelo petista e com outras seis no Estado de São Paulo. (AE)

Coutinho deve ficar no BNDES. Mas ainda desconversa. Sua permanência é tida como certa, mas ele ainda não confirma se vai ficar

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mbora a informação tenha ultrapassado os limites do Palácio do Planalto, onde a presidente eleita, Dilma Rousseff, define os integrantes do seu governo, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho (foto), disse ontem que a "linha predominante" da equipe econômica do governo Dilma Rousseff será de "continuidade". Coutinho, que chegou a ser cotado como possível ministro da Fazenda da presidente eleita, desconversou ao ser questionado sobre sua eventual permanência no cargo durante o futuro governo. Ele participou, pela manhã, em Belo Horizonte, do lançamento do Núcleo de Inovação de Minas Gerais, na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiemg), mas precisou deixar o evento antes do fim, ao ser chamado para retornar a Brasília. "Acredito que a linha predominante do governo da presidente é de continuidade. Então, a gente não deve esperar mudanças de orientação. Podem mudar pessoas, mas não orientação", destacou Coutinho, que se esquivou quando perguntado se já teria aceito um suposto convite para continuar no comando do banco. "Eu ainda não tenho

Elza Fiúza/ABr

nenhuma informação e continuo trabalhando até 31 de dezembro. Só poderei comentar isso quando houver uma definição por quem de direito." Na palestra para os empresários mineiros, o presidente do BNDES falou de propostas futuras e disse que tem "absoluta certeza" de que Dilma manterá os "fundamentos sólidos da economia brasileira" para sustentar o crescimento do País. "Temos, felizmente, um aprendizado extremamente saudável dos erros que não se deve cometer em termos de condução de política macroeconômica. Ou seja, não dá para brincar com a inflação. É preciso manter finanças públicas saudáveis e é preciso tomar cuidado com o déficit externo para não desfazer

A linha predominante do governo é de continuidade. A gente não deve esperar mudanças de orientação. LUCIANO COUTINHO a robusteza cambial brasileira". Ao se despedir, Coutinho ressaltou que espera poder voltar à Fiemg. "Ainda não sei se poderei retornar na qualidade de presidente do banco, mas espero poder retornar aqui." O presidente do BNDES disse que estava voltando às pressas para a capital federal para tratar de "assuntos normais" com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (AE)


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DIÁRIO DO COMÉRCIO

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Lidar com o Congresso é difícil. É: 'me dá o que eu quero, ou lá vem blocão. Fernando Henrique Cardoso

olítica

Apesar de nos últimos dias a equipe econômica de Dilma Rousseff ter enfatizado a necessidade de conter despesas, a futura presidente da República já cogita criar mais um ministério para garantir os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016

Dilma estuda criar Ministério dos Aeroportos Valter Campanato/ABr - 28.10.10

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Ampliar da capacidade de receber passageiros é um dos grandes desafios do governo Dilma Rousseff

Lula: 'Dilminha, na hora do aperto vai para perto do povo' André Dusek/AE

ocorrer na próxima semana. Segundo interlocutores da petista, Dilma pode indicar os ocupantes da chamada cozinha, ou seja, as assessorias do Palácio do Planalto. Convite de Obama – Dilma foi convidada para se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, antes da posse no dia 1º de janeiro, mas teve de recusar. Segundo o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, ela não poderá ir por problemas de agenda. A ideia era que o encontro ocorresse na Casa Branca, em Washington. "Foi um problema de agenda", disse Garcia. A proposta de um encontro oficial com Obama enfrentou resistências no governo, inclusive, do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo Obama esperava que a reunião ocorressem em dezembro. O embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, conheceu Dilma no tempo em que ela atuava como Ministra de Minas e Energia, e chegou a ser escalado para

pressionar a petista em favor do encontro. A pauta central seria a guerra cambial. Logo após ser eleita, Dilma, ao lado do presidente Lula, subiu o tom das críticas e acusou EUA e China de promoverem uma guerra cambial para proteger suas economias. A dupla levou o tema para a reunião do G20, em Seul no início do mês. Independente da conversa deste ano, Obama confirmou que pretende visitar o Brasil ainda no primeiro semestre de 2011 e está sendo esperado em janeiro. Além do contato de Obama, Dilma já recebeu um convite do colega Nicolas Sarkozy para que a França seja uma de suas primeiras viagens como chefe de Estado. Mercosul – Depois de desistir de ir ontem à reunião da União de Nações sul-americanas (Unasul), que ocorre em Georgetown (Guiana), Dilma vai participar de encontro do Mercosul, em Foz de Iguaçu (PR), no dia 16. A expectativa é que ela anuncie toda a equipe ministerial até o dia 15 de dezembro. (Folhapress/AE)

Promotor pede condenação de Tiririca

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Lula reafirma confiança absoluta em sua sucessora e dá conselhos

deve estar sendo torturado de vê-la na presidência. Imagina o choque que esse cara está tomando por dentro, agora que ela virou presidente da República, sem o ódio que ele tinha, sem querer vingança, só querendo um Brasil melhor". Ele também deu um conselho à presidente eleita: "Dilminha, na hora do aperto, quan-

do a coisa tiver ficando feia, não vacile, vai para perto do povo. Não tenha medo. Quando não souber o que fazer, pergunte ao povo. Na dúvida, o povo é a solução. Eu nunca tive decepção com o povo". Bastante aplaudido, Lula voltou a criticar a imprensa e comemorou os 80% de popularidade. (AE)

promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes entregou ontem, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo, as alegações finais do processo contra o deputado federal eleito Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR), pedindo a condenação dele pelos crimes de falsidades material e ideológica. No último dia 11, Tiririca se submeteu a testes de leitura e escrita que servem de base para a decisão do juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Aloísio Sérgio Rezende Silveira, responsável por julgar a ação penal. Para o promotor, que te-

Paulo Liebert/AE

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presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou ontem a sua satisfação em ter conseguido eleger uma mulher para sucedê-lo. Em discurso no Seminário Nacional do Programa de Aquisição de Alimento, em Brasília, ele fez um apelo para que os movimentos sociais continuem apoiando o governo. "A minha confiança nela (Dilma) é total e absoluta", afirmou. "Ela vai ser um orgulho para cada mulher, principalmente para as mulheres que não votaram nela". Segundo Lula, Dilma é a consagração da luta de décadas no País. E lembrou que na década de 70 o mundo de Dilma ruiu, quando ela era uma militante de esquerda, ficou presa três anos e meio e chegou a pensar que o mundo dela tivesse acabado. "Quem torturou ela pensou que tinha acabado com ela na política e

presidente eleita, Dilma Rousseff, estuda a possibilidade de criar um ministério específico para tratar dos aeroportos. Num dos desenhos em exame, segundo fontes da equipe de transição, a nova pasta cuidaria também de portos. A ampliação da capacidade de receber passageiros é um dos grandes desafios do futuro governo, por causa dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem que o anúncio da nova equipe econômica que trabalhará no governo Dilma é um recado de que no ano que vem terá que ser feita uma "reavaliação das ações do governo". Bernardo fez a declaração ao deixar o Ministério da Fazenda, onde participou da reunião do Conselho Monetário Nacional. Questionado se iria mesmo para o Ministério da Previdência no novo governo, ele apenas sorriu. O anúncio de novos ministros do governo Dilma deve

ve dois mandados de segurança solicitando novo exame de redação e leitura para o palhaço Tiririca negados pelo TRE na semana passa-

da, o deputado eleito é analfabeto. "O teste provou que ele é analfabeto", conclui. "Tiririca não consegue interpretar um texto e só consegue juntar sílabas, sem interpretação do que lê", resume. "Isso prova que é ele é analfabeto e portanto inelegível", disse o promotor. O processo também apura se o documento entregue à Justiça por Tiririca foi escrito por outra pessoa, configurando falsidade de documento particular, explica. Tiririca também é acusado de ocultação de bens, segundo o promotor. (AE)

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress

FHC diz que é cedo para avaliar Ex-presidente prefere não fazer comentários sobre os três escolhidos para a equipe econômica de Dilma

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FHC: "Na hora da onça beber água é o presidente quem decide"

Meirelles deve voltar para a iniciativa privada

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presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, acenou com a possibilidade de não continuar no governo federal quando deixar a instituição no final deste ano. "Uma das coisas interessantes quando se faz essa transição de volta para o setor da economia real, principalmente estando aqui em São Paulo, é que as perspectivas são diferentes", comentou. Durante discurso no jantar anual de confraternização da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), no Grand Hyatt Hotel, em São Paulo,

Meirelles destacou que, logo após tomar posse na presidência do BC, em 2003, em conversas com companheiros do banco, ouviu uma expressão que achou curiosa: "entrar em um cargo público é mais fácil do que sair". Hoje ele conclui que isso é verdade. "Na realidade, no serviço público, naquela visão de Brasília, não existe mundo fora da alta administração federal. Então, só sai do serviço público sendo derrubado de alguma maneira. Não se tem o livre arbítrio que é normal no setor privado", concluiu Meirelles. (AE)

ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reiterou ontem que Alexandre Tombini, anunciado ontem como o novo presidente do Banco Central, é um técnico competente. Apesar do elogio, frisou que "ainda é cedo" para avaliar os integrantes da equipe econômica da presidente eleita Dilma Rousseff (PT). O principal desafio da nova equipe econômica, na avaliação de FHC, será lidar com a necessidade de um aperto fiscal. "Não por causa da equipe, mas por causa da situação. Há sinais de inflação e é possível também que haja uma ação mais rápida na questão fiscal para permitir também baixar a taxa de juros de maneira mais consequente." "Vamos ter que lidar com a questão da valorização do real. Isso coloca um desafio para ampliar aqui o parque manufatureiro e os empregos. Temos também déficits internos e externos, então acho que essa equipe vai ter de rebolar um pouco mais", afirmou FHC. O tripé macroeconômico – responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e metas de inflação – não deve estar em risco na gestão Dilma. "Acho que o Brasil aprendeu que não dá para brincar com essas coisas, é preciso ter muita atenção na questão do câmbio e que você não pode atuar arbitrariamente na taxa de juros", observou. Durante sua palestra, FHC destacou também que o governo de Dilma terá mais desafios

que o do presidente Lula. "A mica terá que lidar com novos principal dificuldade é que o desafios, principalmente por vento do mundo mudou. En- conta da valorização do Real. tão o Brasil vai ter de tomar ou- Ele também afirmou que existe tras medidas. Até pouco tem- a possibilidade de um ajuste po o vento foi favorável a nós", monetário. "Acho que é possível. Não por causa da equipe disse FHC. Ao falar de Tombini, FHC econômica mas por causa da lembrou que ele já fez parte de situação. Como há sinais de inseu governo, com atuações na flação, é possível que haja uma Câmara de Comércio Exterior ação mais depressa na questão (Camex) e na montagem do fiscal, para permitir baixar a taxa de juros de maneiras mais sistema de metas de inflação. c o n s e q u e nDilma é "rates", afirmou. cional" – Para Congresso o ex-presiden– Durante a te, a presidenpalestra, o exte eleita terá É preciso ter presidente que escolher também disse entre uma pomuita atenção que, possivellítica "neodena questão do mente, Dilma s en vo l vi me ncâmbio. Você terá uma relatista" ou uma não pode atuar ção mais difígestão econôarbitrariamente cil com o Conmica mais "ragresso Naciocional". "Denna taxa de juros. nal do que a tro desse FERNANDO HENRIQUE CARDOSO mantida pelo [atual] goverpresidente no temos tenLula. "Lidar dências fortes no sentido neodesenvolvi- com o Congresso é difícil. É: mentista. No sentido de aper- 'me dá o que eu quero, ou lá tar o acelerador... "consome vem blocão". " Lula usou uma tática de dar mais". "Ela terá que optar entre essa tendência e uma coisa o Congresso para o Congresso. mais racional. E quando ela es- Não pediu nada, não fez mucolhe o Tombini, um técnico, danças. A presidente Dilma que deve pensar por um viés vai ter que fazer mudanças, e mais concreto, ela sinaliza que está em posição mais vulneránão vai acelerar tanto assim", vel. Vamos torcer para que dê avaliou FHC. "Não sei como certo", disse. Herança – Apesar da crítica, ela vai decidir. Na hora da onça beber água, não é equipe, é o FHC evitou afirmar que a política fiscal será "a herança malpresidente quem decide". FHC chamou Alexandre dita" do governo Lula. "Eu não Tombini de um "bom técnico" e gosto dessa expressão porque disse que a nova equipe econô- eles a inventaram para me cri-

ticar e usaram minha herança o tempo todo. Eu não acho que o Brasil tenha herança maldita. O Brasil tem melhorado sempre, melhorou no tempo de Itamar Franco, de José Sarney, no meu tempo e no do presidente Lula. Nós estamos avançando, isso é briga política. Quando a gente olha um pouco mais de longe, com objetividade, não tem herança maldita, tem problema, dificuldades e situações", afirmou. Disputas de poder – Sobre o PSDB, Fernando Henrique disse que é cedo para o partido discutir candidaturas para as próximas eleições e que o partido não deve se prender a disputas internas de poder. FHC deu a declaração quando perguntado sobre as relações entre o PSDB mineiro, liderado pelo ex-governador e senador eleito Aécio Neves, e o paulista, que conta com lideranças como José Serra e Geraldo Alckmin. "Não se pode raciocinar em termos de PSDB de São Paulo e PSDB de Minas. Essa não é a questão. A questão é discutir uma linguagem para conversar com o país. Tem muita gente jovem que não entende o que a gente está falando e a gente não entende o que eles falam", disse. O ex-presidente também destacou que os tucanos não devem iniciar agora um debate sobre as próximas eleições. As declarações foram dadas durante o fórum CardMonitor, promovido pelo setor de cartões na capital paulista. (Folhapress/AE)


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DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

7 O governo não votará a favor de proposta que inclua o termo controle social da mídia. Franklin Martins

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Ó RBITA

'O governo Lula ficou devendo nesta área'

SENADO DISCUTE A Casa avalia projeto que restringe trabalhos de institutos de pesquisas eleitorais: as do último mês da campanha terão de ouvir 0.01% do eleitorado. Sergio Lima/Folhapress

Franklin Martins diz que sobrou para a presidente eleita a tarefa de promover a regulação da mídia eletrônica Mário Tonocchi e Sergio Kapustan

lidade jurídica, segurança na economia para que se pudesse investir em grandes projetos de hidrelétricas no País". Martins defendeu, novaministro-chefe da Secretaria de Co- mente, ampla discussão sobre municação Social, o marco regulatório da mídia. Franklin Martins, "Chegou a hora do entendiadmitiu ontem que o governo mento. Essa conversa para o de Luiz Inácio Lula da Silva governo é essencial. Essa connão avançou em nada nas po- versa se dá em um debate púlíticas voltadas para a comuni- blico aberto e transparente". O ministro-chefe lembrou cação social. Para Martins, que abriu o seminário "Liberdade que "nos países desenvolvidos de Imprensa" promovido pela há regulação e ninguém acha TV Cultura, fica para a presi- que isso é um atentado à liberdente eleita, Dilma Rousseff, a dade. Você publica o que você tarefa de promover a regula- quiser, divulga o que quiser". Para Martins, ção da mídia elea mídia precisa trônica no País. perceber que as "O ministério novas tecnoloprecisa ser um Nos países gias estão mucentro formuladesenvolvidos d a n d o o c o mdor da política há regulação portamento do d e c o m u n i c a[da mídia] e receptor das inção. O governo ninguém acha formações. E ciLula ficou detou o episódio vendo nesta que isso é um da bolinha de área". atentado à papel atirada Martins disse liberdade. contra o candique o governo FRANKLIN MARTINS dato José Serra trabalha um an(PSDB) na camt e p ro j e t o q u e trata da regulamentação. Se- panha para a Presidência. "A TV Globo coloca no ar gundo ele, para que o futuro governo petista promova a re- uma reportagem de 7 minutos gulamentação da mídia eletrô- que, há anos atrás, seria inconnica "o Ministério das Comu- testável. No dia seguinte, ounicações precisa passar pelo tras pessoas já haviam decomque passou o Ministério das posto a cena e viram que não Minas e Energia no 1º mandato havia a trajetória do segundo do governo Lula". "Se não ti- objeto. A informação foi quesvesse refundado, dado condi- tionada. Vamos ter de nos ções de planejar, acompanhar, adaptar a fazer um novo jornaestudar, elaborar políticas pú- lismo. O leitor terá mais filtros, blicas e comandar esse proces- mais questionamentos". Martins se disse contra a exso, teríamos uma sucessão de apagões, não haveria tranqui- pressão controle social da mí-

Ayrton Vignola

O VAZAMENTO NO PALÁCIO DO PLANALTO – Desta vez não se trata de um problema de vazamento de informação. No início da semana, águas pluviais inundaram o subsolo do Palácio do Planalto e funcionários da empresa Porto Belo foram chamados para abrir covas e resolver o problema.

Comissão da Câmara restringe compra de terras por estrangeiros

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Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional aprovou substitutivo ao Projeto de Lei 2289/07, que amplia limitações à compra de terras por estrangeiros. O substitutivo do deputado federal Claudio Cajado (DEM-BA) manteve os principais pontos do original, do deputado Beto Faro (PT-PA). As alterações se referem à mudanças de redação para tornar a proposta mais clara e deixá-la compatível com outros projetos de lei sobre o tema que tramita na Câmara. Alterou-se, por exemplo, o termo "organização não governamental estabelecida no Brasil" para "com atuação no território brasileiro". A última definição permite incluir uma ONG que atue no País, mas que não esteja estabele-

cida no território nacional. Pelo texto aprovado, pessoas físicas e jurídicas estrangeiras, inclusive ONGs, não poderão arrendar ou comprar mais de 35 módulos fiscais em área contínua ou descontínua, observado o limite de até 2,5 mil hectares. O módulo fiscal é uma unidade medida em hectares definida pelo Incra em cada município brasileiro. Na região Norte, um módulo varia de 50 a 100 hectares; no Sul, de 5 a 40. Além disso, a soma das áreas rurais de estrangeiros será de, no máximo, 25% dos municípios em que se situem. Pessoas de mesma nacionalidade não poderão comprar ou arrendar mais de 40% desse limite, exceto se casados com brasileiros, e em comunhão de bens. (AE)

PSDB promete paralisar trabalhos. Até a votação da Lei Kandir.

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PSDB paralisou os trabalhos no plenário da Câmara, ontem. E promete não parar por aí. Deve repetir o mesmo o ato na semana que vem, e nas demais comissões da Casa, enquanto o projeto que trata do mecanismo de compensação pelas perdas dos Estados com isenções para exportação (Lei Kandir) não for, definitivamente colocado em pauta. A atitude dos tucanos fez com que a sessão de ontem fosse cancelada. "Vamos obstruir tudo, pois é muito dinheiro que está em jogo", afirmou o líder em exercício do partido, o deputado Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP). Segundo ele, sem as compensações da Lei

Kandir, apenas o Estado de São Paulo perde R$ 7 bilhões e o de Minas Gerais, cerca de R$ 3 bilhões. O entrave é que alguns deputados querem votar a PEC 300, que cria um piso nacional para os salários dos policiais, antes da Lei Kandir. "Não vejo relação entre as duas matérias. Mas se pautarmos a Lei Kandir, e a PEC 300 também entrar na pauta, cada bancada que segure seus deputados", afirmou Pannunzio. No começo da semana, representantes de sete Estados estiveram em Brasília para pedir aos congressistas que barrem a votação do piso dos policiais e, ao mesmo tempo, votem a proposta da Lei Kandir. Eles contam com o apoio do governo federal. (Folhapress)

LIVRES

DE VOLTA À CASA

rês sobrinhos do exgovernador do Amapá Waldez Goés (PDT) foram soltos, na madrugada de ontem, do presídio da Papuda, em Brasília. Jardel Góes, Humberto Góes, Hugo Góes foram presos pela Polícia Federal em 27 de outubro, por suspeita de participação em fraudes em licitações da prefeitura de Macapá e destruição de provas. E foram soltos graças a um agravo concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo decisão do tribunal, os três suspeitos já não ofereciam riscos ao andamento das investigações. Eles vão responder ao processo em liberdade. O advogado do trio que já voltou para casa, Cícero Bordalo Júnior, disse que as acusações contra eles eram frágeis. (Folhapress)

apreensão de computadores no comitê de campanha de Jorge Viana pela Polícia Federal às vésperas das eleições foi anulada na quarta-feira pelo Tribunal Regional Eleitoral do Acre. A busca baseou-se em denúncia anônima, o que foi considerado ilegal pelo TRE. Os computadores já foram devolvidos e a cópia dos dados armazenados nas máquinas feita pela PF será destruída. Essa decisão reforça o debate sobre a utilidade das denúncias anônimas para investigações do Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal. Viana dizia que a investigação era ilegal. A denúncia feita à Justiça Eleitoral apontava sérios indícios de compra de votos na campanha de Jorge Viana. (AE)

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Franklin Martins: "O termo 'controle social da mídia' é ambíguo'.

dia. "Se estão querendo debater, discutir a mídia, tudo bem. Se estão querendo dizer controle de conteúdo, o governo é inteiramente contra. O governo não votará a favor de nenhuma proposta que inclua o termo controle social da mídia, porque é ambígua". Martins citou a diferença de faturamento entre o setor de radiodifusão (R$ 13 bilhões, em 2009) e o de telecomunicações (R$ 180 bilhões) para justificar a regulamentação das mídias eletrônicas. Argentina – Com a participação de representantes dos dois países, o seminário discutiu a ameaça à liberdade de imprensa na Argentina e na Venezuela. Segundo o jornalista Pablo Mendelevich (do La Nación), a situação na Argentina é "complexa e cheia de sutilezas". O ataque à mídia, promovido pelo governo Cristina Kirchner tem como alvo principal o grupo Clarin, proprietário do maior jornal do país, El

Clarin, de emissoras de rádio e de televisão. A ofensiva contra o jornal repercutiu em 2009, quando agentes da receita federal fizeram uma blitz na sede do grupo e o Congresso Nacional aprovou lei de imprensa audiovisual, que obriga os grupos de mídia, entre eles, o Clarin, a vender emissoras de rádio e televisão. O grupo de mídia apelou à Suprema Corte – o artigo foi suspenso. Venezuela – Segundo dados do advogado Fernando Egaña, a Venezuela registrou 1.550 casos de violação de liberdade de expressão, de 2002 a 2009. De acordo com Egaña, os casos comprovam a resistência do presidente Hugo Chávez à mídia independente. Ele acusou Chávez de intervir nos canais de televisão e prender jornalistas. Já Noel Padilla, pedagogo especialista em comunicação, defendeu a política de Chávez – de descentralização do setor, com incentivos às redes comunitárias.

Banco Bradesco S.A. CNPJ No 60.746.948/0001-12 - NIRE 35.300.027.795 Companhia Aberta Assembleia Geral Extraordinária Edital de Convocação Convidamos os senhores acionistas desta Sociedade a se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária, a ser realizada no próximo dia 17 de dezembro de 2010, às 17h, na sede social, Cidade de Deus, Vila Yara, Osasco, SP, no Salão Nobre do 5o andar, Prédio Vermelho, a fim de examinar e deliberar sobre propostas do Conselho de Administração para: 1) aumentar o Capital Social no valor de R$1.500.000.000,00, elevando-o de R$28.500.000.000,00 para R$30.000.000.000,00, mediante a emissão de 62.344.140 novas ações, nominativas-escriturais, sem valor nominal, sendo 31.172.072 ordinárias e 31.172.068 preferenciais, ao preço de R$24,06 por ação, para subscrição particular pelos acionistas no período de 29.12.2010 a 31.1.2011, na proporção de 1,657008936% sobre a posição acionária que cada um possuir na data da Assembleia (17.12.2010), com integralização à vista em 18.2.2011, de 100% do valor das ações subscritas; 2) reformar o Estatuto Social, conforme segue: · no “caput” e Parágrafo Primeiro do Artigo 12, no Artigo 14 e no “caput” do Artigo 25, criando 7 cargos de Diretor Adjunto na Diretoria Executiva, elevando de 9 para 12 o número máximo de Diretores, e para até 19 o número de membros do Comitê de Gestão Integrada de Riscos e Alocação de Capital, em face da expansão que a Sociedade vem obtendo em todas as áreas em que atua e a necessidade de dar melhor suporte às tarefas administrativas diante da dimensão estrutural da Organização; · na letra “d” do Parágrafo Primeiro do Artigo 26, estabelecendo o prazo máximo de 15 dias para que a Ouvidoria da Organização responda aos reclamantes, em atendimento ao disposto no Inciso III do Artigo 2o da Resolução no 3.849, de 25.3.2010, do Conselho Monetário Nacional. ______________________________________________________________________________________________________ Documentos à Disposição dos Acionistas: esse Edital de Convocação, as Propostas do Conselho de Administração e o Fato Relevante estão à disposição dos acionistas no Departamento de Ações e Custódia do Bradesco, Instituição Financeira Depositária das Ações da Sociedade, Cidade de Deus, Prédio Amarelo, Vila Yara, Osasco, SP, e estão sendo, inclusive, disponibilizados no Site www.bradesco.com.br - Governança Corporativa - Acionistas, e nos Sites da BM&FBOVESPA e CVM. Participação na Assembleia: nos termos do Artigo 126 da Lei no 6.404, de 15.12.1976, e alterações posteriores, para participar e deliberar na Assembleia Geral o acionista deve observar que: além do documento de identidade, deve apresentar, também, comprovante de titularidade das ações de emissão da Sociedade expedido pelo custodiante; para o titular de ações escriturais custodiadas no Bradesco, é dispensada a apresentação do citado comprovante; caso não possa estar presente à Assembleia Geral, o acionista poderá ser representado por procurador constituído há menos de um ano, desde que este seja acionista, administrador da Sociedade, advogado ou instituição financeira, cabendo ao administrador de fundos de investimento representar seus condôminos; as procurações lavradas em língua estrangeira, antes de seu encaminhamento à Sociedade, devem ser vertidas para o Português e registradas as suas traduções no Registro de Títulos e Documentos; com o objetivo de dar celeridade ao processo e facilitar os trabalhos da Assembleia, o comprovante de titularidade das ações, o instrumento de mandato e eventual declaração de voto podem, a critério do acionista, ser depositados na sede da Sociedade, preferencialmente, com até 2 (dois) dias úteis antes da data prevista para a realização da Assembleia Geral, no Banco Bradesco S.A. - Secretaria Geral - Área Societária - Cidade de Deus - 4o andar do Prédio Vermelho - Vila Yara - Osasco, SP - CEP 06029-900. Cópia da documentação poderá ainda ser encaminhada por intermédio do e-mail governancacorp@bradesco.com.br e, alternativamente, pelo fax (11) 3684-4630 ou (11) 3683-2564. Eventuais esclarecimentos que se fizerem necessários poderão ser obtidos por intermédio do e-mail investidores@bradesco.com.br, no Site de Relações com Investidores – www.bradesco.com.br/ri – Governança Corporativa ou na Rede de Agências Bradesco. Cidade de Deus, Osasco, SP, 22 de novembro de 2010. a) Lázaro de Mello Brandão - Presidente 24.25 e 26.11.2010 do Conselho de Administração.


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Logo Logo

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Coelhos decorados com ouro 24 quilates lançados pela em Tóquio, no Japão, para o Ano Novo: 2011 será o ano do coelho.

Yuriko Nakao/Reuters

www.dcomercio.com.br

26 NOVEMBRO

E UA C IÊNCIA

Obama muçulmano?

Embriões com código de barras Pesquisadores da Universitat Autònoma de Barcelona anunciaram ontem a criação de um sistema de identificação de embriões congelados – e mesmo do ovócito, que os precede – com códigos de barras. Os códigos são inscritos em etiquetas feitas de silício que depois são colocadas sob a película que envolve o embrião. A identificação, garantem os cientistas, não prejudica o desenvolvimento do embrião. Quando inserido no útero

da mãe, o embrião passa por um processo de fixação em que a etiqueta é naturalmente eliminada. As etiquetas foram inseridas somente em embriões de camundongos, mas o governo catalão já autorizou o que procedimento seja testado em clínicas de fertilização. O próximo passo será criar um equipamento para a leitura dos códigos. Por enquanto, a leitura é feita pelo pesquisador, com um microscópio.

A

avó queniana do presidente norteamericano, Barack Obama, Sarah Obama, acaba de terminar sua peregrinação a Meca e revelou a jornalistas que entre suas preces, pediu para que seu neto mais famoso e importante adote o islã como religião. "Orei para que meu neto Barack se converta ao

islã", declarou Sarah, de 88 anos. A entrevista com Sarah foi publicada com exclusividade pelo jornal saudita Al Watan. Segundo o diário, ela fez a tradicional peregrinação islâmica acompanhada do filho, Said Hussein Obama, tio do presidente norte-americano, e de quatro de seus netos. Para conceder a entrevista,

Sarah Obama concordou em falar ao jornal apenas sobre sua peregrinação a Meca, e disse que se negava a comentar a política de Barack Obama. Toda a família foi convidada a Meca pelo governo saudita e agradeceu ao rei Abdallah por "sua hospitalidade". Uma pesquisa de opinião publicada em agosto revelou

que um em cada cinco norteamericanos acha que Obama é muçulmano, apesar das reiteradas afirmações da Casa Branca de que o presidente é cristão. Sarah Obama é a terceira esposa do avô de Barack Obama. Embora não exista nenhum vínculo biológico, o presidente a considera sua avó paterna.

Nicolas Asfouri/AFP

D ESIGN E SPAÇO

Mais além do topo do mundo Marwan Naamani/AFP

A evolução do armário

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Cubox é uma criação da empresa Elemento Diseño que transforma um simples armário em um móvel versátil e que se adapta a qualquer espaço. As peças podem ser ordenadas como você quiser. www.elementodiseno.tk

MEDALHA DE BRONZE - A ginasta japonesa Runa Yamaguchi durante sua apresentação na competição individual de ginástica rítmica dos Jogos Asiáticos. Ela se classificou para a final da modalidade.

Torsten Blackwood/AFP

A RTE Ed Jones/AFP

O prédio Burj Khalifa [foto], de 828 metros de altura, no centro de Dubai, nos Emirados Árabes, não é apenas uma torre encravada no meio do deserto. É também o maior prédio do mundo, e agora já pode ser visto do espaço. O edifício foi fotografado pelo GeoEye 1, o satélite comercial que captura as imagens com maior resolução possível. O GeoEye 1 orbita a 684 quilômetros da superfície da Terra e é capaz de capturar detalhes de imagens com 40 centímetros em preto e branco, e imagens coloridas de 1,6 metros. O satélite está registrando imagens exclusivamente para o Google Earth e o Google Maps. http://launch.geoeye.com/ LaunchSite/about/

T RADIÇÃO Max Haack/AE

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MEDALHA DE OURO - A mergulhadora chinesa Hu Yadan, de 14 anos, ontem durante seu salto da plataforma de 10 metros para um mergulho na final dos Jogos Asiáticos, em Guangzhou. Ela venceu com 436,70 pontos.

C ELEBRIDADES

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Uma mulher caminha em frente a um display que mostra a tela Leontine e Coco, de Pierre Auguste Renoir, em Hong Kong. A tela é uma das 20 obras impressionistas dos séculos 19 e 20 que serão leiloadas entre hoje e domingo na casa de leilões Sotheby's de Hong Kong.

L OTERIAS Concurso 586 da LOTOFÁCIL 02

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A overdose que matou o cantor Michael Jackson foi uma "conspiração" de "uma série de pessoas", diz Joe Jackson, pais do astro pop, no livro O que Realmente Aconteceu a Michael Jackson, lançado ontem no Brasil. "Michael foi assassinado por uma série de pessoas. Eu acho que foi uma conspiração", disse Joe a jornalistas durante o lançamento do livro, em São Paulo. O livro, que chega às livrarias em 1º de dezembro, é o relato de Joe e do ex-produtor de Jackson Leonard Rowe sobre o que teria levado o rei do pop à morte, no ano passado. Michael morreu aos 50 anos em junho do ano passado devido a uma overdose de medicamentos, entre eles o anestésico propofol. A TÉ LOGO

Manuela Scarpa/Photo Rio News/AOG

Teoria da conspiração

Joe Jackson durante o lançamento do livro que promete contar a verdade sobre a morte de Michael Jackson, ontem, em São Paulo

Acesse www.dcomercio.com.br para ler a íntegra das notícias abaixo:

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Felipão manda mensagem com pedido de desculpas aos torcedores

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França anuncia planos de retomar buscas por caixas-pretas do voo 447

O dia da baiana do acarajé Baianas com trajes tradicionais percorreram ontem o Pelourinho, em Salvador, até a Cruz Caída para comemorar o Dia da Baiana do Acarajé. A data abre oficialmente o calendário de festas da capital baiana. Segundo historiadores, a tradição do acarajé e das baianas que o preparam e comercializam nas ruas de Salvador perdura há mais de 300 anos.


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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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9 Patrícia Cruz/Luz

PAVIMENTAÇÃO Entulho será utilizado como manta asfáltica nas ruas da cidade.

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SEM-TETO Moradores semteto tiveram de sair de prédio invadido no Centro.

Aos poucos, São Vito some da paisagem Equipe de 40 operários trabalha na demolição dos edifícios São Vito e Mercúrio, no Centro. Terreno será ocupado por anexo do Mercado Municipal e estacionamento. Fotos de Patrícia Cruz/Luz

Filipe Marcel

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ete horas da manhã e a peonada já está praticamente toda reunida para mais um dia de intenso quebra-quebra. À frente do grupo está Belo, um baiano de 46 anos, olhos azuis bem ligados em tudo que acontece em volta, 23 anos se dedicando exclusivamente à carreira de demolição. Empunhando marretas, britadeiras e maçaricos pesados, cerca de 40 homens se preparam mais uma vez para entrar no pequeno elevador instalado do lado de fora da fachada, que desta vez irá levá-los até o 23.º andar do Edifício São Vito, no Centro de São Paulo. Após passar pelos montes de vigas de ferro retorcido e de azulejos que se formam no terreno, todos são orientados a ajustar seus capacetes de segurança, vestir os óculos de proteção, luvas, protetores de canela e aventais de couro. Todo cuidado é pouco. Como se partissem para uma guerra, a maioria ainda arruma a máscara sobre o rosto para não respirar a poeira que irá levantar a cada golpe. A equipe do experiente Belo foi escolhida a dedo. A grande maioria dos profissionais que ali estão é de jovens na faixa dos 20 aos 30 anos – curiosamente todos eles vindos da Bahia (com exceção de um, que é cearense) – que batem um martelo de oito quilos uma média de 10 horas por dia, incluindo o horário de almoço. O salário eles não revelam, mas a vantagem, sim: não precisam dormir na obra. O turno de trabalho muitas vezes se estende noite adentro. "Quando chove, a ordem é para que ninguém se arrisque", revela um deles. Mas com o prazo de entrega da obra ali, estampado na placa enorme fincada bem na frente do canteiro, é fácil entender porque ninguém quer descansar. "Tirando a roupa de gari que somos obrigados a usar, tá tudo certo", brinca um deles, reclamando da cor laranja do uniforme fornecido pela Prefeitura. São dois andares a menos a cada 15 dias, chegando a três no mesmo período. Tudo na base do arroz com feijão. Talhadeiras – Para arrancar toda a estrutura de concreto armado com brises horizontais (colunas que impedem a entrada de sol nos apartamentos) é preciso braço forte e a ajuda de talhadeiras mecânicas acopladas na ponta de três mini tratores que trabalham sem parar na cobertura do prédio. "É um serviço que, se não fosse feito por gente de demolição, certamente já teria morrido gente", salienta o engenheiro Marcelo Ribeiro, técnico da Prefeitura que promete entregar o terreno completamente vazio em fevereiro de 2011. Gente experiente como o jovem Edmilson, 20 anos, que instala as bandejas de madeira na lateral dos prédios e vistoria pessoalmente as telas duplas que vestem os dois edifícios. Ribeiro, por sua vez, é enfático ao explicar a escolha deste que é um dos mais difíceis e trabalhosos processos de demolição: "Descartamos a hipótese de implodir os prédios por causa do entorno. Desde o rio Tamanduateí que passa aqui ao lado até os delicados vitrais alemães instalados no Mercado Municipal, a implosão custaria duas vezes

No topo da cidade: operários trabalham na demolição dos edifícios São Vito e Mercúrio. Ao lado, Edmilson, um personagem da derrubada, que deverá ser concluída no ano que vem.

PM desocupa prédio invadido no Centro Grupo ligado à Frente de Luta pela Moradia montou acampamento em frente à Câmara Municipal Paulo Pampolin/Hype

Ivan Ventura

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epois de quase dois meses ocupando um prédio na Avenida Ipiranga, no Centro de São Paulo, cerca de 400 pessoas ligadas à Frente de Luta pela Moradia (FLM) foram despejadas na manhã de ontem por força de uma ação de uma ação de reintegração de posse da Justiça. A Polícia Militar esteve no local, mas não houve confronto. A desocupação começou às 7h e durou quase duas horas. Segundo a coordenação do movimento FLM, os invasores saíram carregando colchões, cobertores e per tences pessoais. Enquanto desocupavam, alguns batiam em panelas como forma de protesto. Os despejados seguiram para a Câmara Municipal de São Paulo, no Viaduto Jacareí. No local, o grupo se juntou a outras 170 pessoas também ligadas à FLM acampadas no local há uma semana. Eles estavam no prédio no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). No local, as lideranças dos movimentos participaram de uma reunião com o vereador do PT Arselino Tatto. Ele intermediou um encontro com a secretaria de habitação do município. "Pedimos rapidez nas desa-

Após deixarem o prédio na avenida Ipiranga onde estavam há dois meses, cerca de 400 pessoas ligadas à Frente de Luta pela Moradia foram para a Câmara Municipal.

propriações de imóveis por parte da Prefeitura e do Governo do Estado. Dinheiro tem, pelo menos no programa Minha Casa Minha Vida tem", disse o coordenador geral da FLM, Osmar Borges Silva. A lista de exigências do movimento prevê a construção de quase mil moradias populares. Ao todo, são seis imóveis, sendo que cinco estão no Centro. "As famílias só saem daqui se receberem o auxílio aluguel. Elas não tem para onde ir", disse Silva. Em frente à Câmara, a imensa maioria dos integrantes de sem-teto é formada por mulheres e crianças. Em uma das barracas em frente à Câmara está a desem-

pregada e grávida de seis meses Jussara Girlaine Vieira, de 29 anos, e o filho, Ígor, de dois anos. Os dois estavam na ocupação do prédio do INSS. Jussara passa bem e disse não ter problemas com a gravidez. O mesmo não ocorre com o pequeno Ígor. Ele apresenta dezenas de pequenas feridas nos braços e pernas e outras, maiores, na cabeça. Segundo a mãe, a criança está com catapora, algo temeroso diante do grande número de crianças presentes no local. "Já estamos aqui há uma semana. Ele estava melhorando, mas aí teve o sereno, o frio e a rua. Daí ele piorou e ninguém veio ajudar", disse Jussara, que está grávida de

seis meses e à espera do segundo filho. A atendente de telemarketing Gisele Maria Ribeiro Henrique, de 25 anos, chegou ontem à Câmara Municipal na companhia do marido, Carlos Rodrigues Henrique, de 29. Ele está desempregado e, por esse motivo, cuida dos dois filhos do casal: Kimberlly, de quatro anos, e Kennedy, de sete meses. "Trabalho em uma empresa na Barra Funda (zona oeste), onde ganho pouco mais de R$ 450. Onde trabalho, há quem critique a minha participação no movimento de moradia. Agora, se sair, não poderei garantir uma moradia para os meus filhos", explicou Gisele.

mais e ainda interditaria as avenidas próximas, como a Avenida do Estado, por pelo menos quatro meses", emenda. Todo o material, que agora é separado manualmente, será transformado em manta asfáltica e será reaproveitado na recuperação de diversas vias da cidade. Anexo – As obras de demolição tiveram início em setembro deste ano, mas só agora é que a Prefeitura decidiu como vai utilizar o espaço livre. O terreno original de 784 mil metros quadrados ocupa uma área importante da região central de São Paulo, entre o Palácio das Indústrias (antiga sede da Prefeitura), o Mercado Municipal (que recebe uma média de 1,5 mil visitantes por dia) e o Parque da Luz. Para dar espaço a um estacionamento subterrâneo e um anexo ao Mercado Municipal, a estrutura que um dia abrigou 3 mil pessoas – divididas em 624 apartamentos com 25 metros quadrados cada – deve vir ao chão. A derrubada total dos edifícios Mercúrio e São Vito será realizada pela ABC em uma parceria com a FBI (empresa que abriu o Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, zona oeste, para receber novos empreendimentos), custará aos cofres do município cerca de R$ 4,2 milhões. E assim o conhecido "tremetreme" ou "balança, mas não cai" entra para a história como uma das grandes pedras no sapato da administração municipal. De Jânio Quadros, passando por Marta Suplicy, até chegar ao atual prefeito, Gilberto Kassab, quase todos os ex-prefeitos tiveram que enfrentar, pelo menos uma vez, a questão dos dois edifícios durante sua gestão. A falta de condições de moradia, acumulada com os altos índices de violência e a inadimplência das famílias, levaram a primeira proposta de implosão a surgir em 1987, quando o então prefeito Jânio Quadros ficou sabendo que a polícia estava tendo dificuldades para entrar no prédio. O São Vito foi desocupado em 2004 e o Mercúrio só no mês de fevereiro do ano passado. 120 dias – Apesar da dimensão da obra, a equipe de 40 homens já conseguiu derrubar um prédio de 12 andares que ficava em frente ao conjunto. Do São Vito já foram retirados entulhos de três andares demolidos, incluindo a cobertura, e do Mercúrio, o equivalente a dois andares. Tudo leva a crer que o trabalho será concluído em 120 dias, conforme as previsões dos engenheiros. José Aparecido, dono da Demolidora FBI, garante que os 93 metros do São Vito praticamente desaparecerão do cenário até o começo do ano que vem. "Vamos trabalhar direto para que isso aconteça. O comércio na região tende a crescer ainda mais sem esse obstáculo no meio de tudo", diz Aparecido. Os resíduos devem ser encaminhados para a Superintendência das Usinas de Asfalto (SPUA) como parte do projeto de revitalização das ruas e avenidas. Sobre o terreno, o projeto do Mercado Municipal é construir uma escola de gastronomia. A Prefeitura, por meio de sua assessoria de imprensa, confirmou que será construída uma garagem subterrânea para desafogar o trânsito na região.


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Havia um rastro de sangue (na comunidade). Rodrigo Oliveira, subchefe operacional da Polícia Civil do Rio de Janeiro

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GUERRA Sergio Moraes/Reuters

Em uma operação sem precedentes e com o apoio de blindados da Marinha, a polícia do Rio ocupou ontem a Vila Cruzeiro, maior reduto de bandidos ligados ao tráfico. Bandos armados fugiram para o complexo do Alemão. A perseguição vai continuar.

Bruno Domingos/Reuters

Policial carioca atira com seu fuzil em direção ao alto da Vila Cruzeiro Jadson Marques/AE

Blindados da Marinha do Brasil foram fundamentais para a tomada da Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio Reprodução de TV/Rede Globo

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epois de quase 40 horas de intenso tiroteio, a polícia do Rio de Janeiro anunciou ontem à tarde que tomou a Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, quartel-gener a l d o Co m a n d o Ve r m e l h o (CV ). Mais de cem bandidos, fortemente armados, fugiram para o Complexo do Alemão, controlado pela mesma facção. Em grupos, alguns a pé, outros em motos e carros, eles atravessaram a Serra da Misericórdia, uma região de mata. Depois, já nas vielas do Alemão, colocaram fogo em pneus espalhados nas ruas provocando nuvens de fumaça preta. Na maior ação do quinto dia de conflito entre traficantes e policiais na capital carioca, a operação na Vila Cruzeiro mobilizou 430 homens entre policiais militares, civis e fuzileiros navais, que ajudaram a operar as viaturas blindadas da Marinha, equipadas com metralhadoras ponto 50. Foram elas que ajudaram a polícia do Rio a entrar na comunidade e ultrapassar as barricadas montadas por traficantes. Policiais que entraram na favela afirmaram que o cenário é de destruição. Há carros queimados, caminhões e motos abandonados e sangue pelo chão. O Bope permaneceu na favela. A segurança do entorno ficou a cargo do Batalhão de Polícia de Choque. A Polícia Civil se retirou, mas voltará hoje para fazer buscas. Ponto de honra – A tomada da Vila Cruzeiro era um ponto fundamental para a política de segurança do secretário José Mariano Beltrame. Foi lá que se concentraram os traficantes expulsos dos territórios onde foram instaladas 11 das 12 Unidades de Polícia Pacificadora. O governo montou uma operação de guerra no Hospital Estadual G etúlio Vargas para atender aos feridos. Todas as cirurgias eletivas foram canceladas. Pacientes internados foram transferidos para outros hospitais. Quem procurava o hospital para atendimento, mesmo na emergência, era recusado para que os médicos pudessem se dedicar apenas às vítimas da Vila Cruzeiro. Só on-

Fuzileiros Navais deram apoio à polícia com 13 veículos blindados

Pelo Twitter, autoridades acalmaram a população

A Com a chegada da polícia, bandidos armados fugiram da Vila Cruzeiro em direção ao complexo do Alemão Sergio Moraes/Reuters

Homens do Bope entram em blindado da Marinha rumo à Vila Cruzeiro

Alarme falso – Apesar das operações policiais terem acontecido na zona norte da cidade, o clima de tensão e medo se espalhou pelo Rio. Só ontem, trinta veículos foram incendiados. Um falso alarme de bomba esvaziou os 42 andares do prédio da sede do Banco do Brasil, no centro. Os funcionários da mesa de operação chegaram a ser deslocados para outro prédio do banco, para não interromper o funcionamento do mercado. A sede do Banco Central no Rio, na avenida Senador Dantas, próximo à Cinelândia, bem ao lado do quartel-general da Polícia Militar, foi totalmente esvaziado, enquanto agentes do Esquadrão Antibombas vasculhavam os andares. Nada, porém, foi encontrado. No fim da tarde, uma bomba caseira explodiu no estacionamento do Supermercado Guanabara, em Bonsucesso. Um homem ficou ferido e três veículos, danificados. O artefato foi arremessado por homens que passavam em uma moto. O comércio da região foi fechado. (Agências)

Secretaria de Segurança do Rio ocupou as redes sociais para tentar conter o medo e os boatos que se espalharam pelo Estado desde o início da crise. O comandante da PM, coronel Mario Sergio Duarte, já vinha respondendo a dúvidas e críticas de internautas. O Twitter foi a principal plataforma escolhida pela Secretaria de Segurança. "Contem com este canal para tirar dúvidas e obter dados oficiais", foi uma das mensagens. Diante da informação, divulgada pela TV Globo, de que a próxima Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) seria instalada no Complexo do Alemão, a secretaria reagiu imediatamente: "Não há previsão de instalação de UPP no Complexo do Alemão e Vila Cruzeiro devido à grande demanda de efetivo necessária para ocupar estas áreas". Diante da crítica de um internauta de que "o governo devia acabar com a ganância de arrecadar em blitz do IPVA", para se concentrar na "bandidagem", o comandante respondeu

que a PM está "toda empenhada contra os criminosos". E completou: "Mas todos os cidadãos que querem o bem do Rio de Janeiro devem também pagar seus impostos em dia". A rede também foi usada para manifestações de anônimos e famosos. O produtor Celso Athayde, coordenador da Central Única das Favelas, escreveu em seu perfil no Facebook que oferecia "trabalho a quem quiser se entregar. Quem quiser ficar para guerra, fica, mas tem muita gente ali que tem pedido uma chance". Também pelo Twitter, o Bope reclamou da transmissão ao vivo da operação policial-militar na Vila Cruzeiro por helicópteros das TVs Globo e Record. Cientes de que estavam sendo filmados, os bandidos exibiram fuzis às câmeras, numa atitude desafiadora, após se agruparem no Complexo do Alemão. No perfil oficial da corporação no Twitter, @Bope_RJ, foi postado o seguinte comentário: "Um desserviço prestado pelas aeronaves da Record e da Globo". (Agências)

tem, oito pessoas chegaram feridas ao hospital. "Rastro de sangue" – Até o final da tarde, a polícia não havia divulgado o número de mortos na operação na Vila Cruzeiro. O subchefe operacional da Polícia Civil, Rodrigo Oliveira, disse apenas que "havia um rastro de sangue" na comunidade. Moradores, assustados, fugiram da favela. Os que ficaram exibiam panos brancos nas janelas pedindo paz. Quinze mil crianças e adolescentes ficaram sem aulas

nas escolas. O comércio fechou a porta durante todo o dia. Em outra grande operação da polícia ontem, na favela do Jacarezinho, na zona norte, sete pessoas morreram. Cerca de cem homens participaram da ação, e houve intensa troca de tiros. Não há informações oficiais se todos os mortos eram traficantes. Para evitar que os bandidos do Jacarezinho se refugiassem na Rocinha ou no Vidigal, na zona sul, a polícia reforçou a segurança no entorno das duas favelas

170

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600

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homens do Bope participaram das operações.

soldados do 16º BPM, de Olaria, também subiram o morro.

homens da Polícia Civil foram deslocados para a ação.

traficantes dominam os complexos do Alemão e da Penha.

favelas compõem os complexos do Alemão e da Penha.

tanques blindados da Marinha foram usados na operação.

Mais sobre o Rio na pág. seguinte


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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c EUA recomendam cuidado a turistas A Nesse momento, a situação (em São paulo) está sob total controle. Domingos Paulo Neto, delegado-geral

idades

Além de "cooperar" em caso de blitz policial, cidadão norte-americano deve procurar embaixada se houver incidentes. Guerra é destaque na imprensa internacional. Fernando Quevedo/AOG

embaixada dos Estados Unidos no Brasil fez ontem um alerta aos seus cidadãos para que reforcem cuidados com a segurança no Rio devido aos confrontos entre policiais e traficantes. A mensagem lista cuidados, mas não recomenda que se evite a cidade, como fez com São Paulo em 2006 (por conta dos ataques do PCC) e com o litoral paulista em abril, após onda de assassinatos. A primeira orientação é que o cidadão americano pare "imediatamente" e, "lentamente", se identifique e coopere nas blitze. Se encontrar barricadas feitas por criminosos, deve entregar os pertences e evitar discussões. Outra recomendação é que o visitante deixe a área (ou busque abrigo) se testemunhar violência ou ouvir tiros. Também deve contatar a embaixada se houver algum incidente. A imprensa internacional também abordou a guerra no Rio. Em seu site, o espanhol El País, afirmou que "no Rio, a cidade maravilhosa, a violência continua." O jornal falou em "batalha decisiva" e afirmou que este é "um momento crucial para eliminar a violência" na cidade que vai sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Para o inglês Guardian , os confrontos no Rio deixaram ao menos 14 pessoas mortas. Citou a morte de uma garota de 14 anos com um tiro nas costas enquanto navegava na internet. Bli ndados – O espanhol El Mundo falou sobre o uso de seis tanques blindados na invasão da favela da Vila Cruzeiro. E destacou alguns números: 55 veículos incendiados, ao menos 23 mortos, 15 supostos crimino-

Genilson Araújo/AOG

SP não corre risco, diz delegado-geral

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Ônibus é incendiado na avenida Brasil em mais um dia de confrontos Ana Branco/AOG

Pedro Serra/AOG

Bombeiros controlam fogo em um ônibus destruído em São Gonçalo

sos mortos na quarta-feira e um total de 159 pessoas presas. O The Independent (R ei no Unido) afirma que membros de gangues queimaram carros e ônibus no Rio de Janeiro anteontem, "desafiando a forte presença policial e batidas em favelas". Na Argentina, o El Clarín informa que "seis tanques blindados das Forças Armadas entraram na favela Vila Cruzeiro, considerado o principal reduto do grupo criminoso conhecido

Veículos queimados no Rio foram destaque na imprensa internacional

ão há risco de São Paulo ser contaminada pela onda de violência que atingiu nos últimos dias o Rio de Janeiro, garantiu ontem o delegado-geral da Polícia Civil paulista, Domingos Paulo Neto. Segundo ele, os setores de inteligência da Secretaria da Segurança Pública (SSP) e da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) intensificaram o monitoramento das facções que atuam dentro e fora dos presídios. No Rio, a ordem para os ataques teria partido de penitenciárias federais. Em São Paulo, os departamentos das duas secretarias estão atuando em conjunto. "Nesse momento, a situação está sob total controle", disse Paulo Neto. Assim que ocorreram os primeiros ataques no Rio, os setores de inteligência entraram em alerta. O monitoramento, no entanto, indicou que não havia risco imediato de que a situação se espalhasse para São Paulo. "O que está ocorrendo no Rio é uma situação localizada, mas isso não significa que devemos baixar a guarda", disse o delegado-geral. Segundo o chefe da Polícia Civil, as facções que atuam em cadeias e presídios sofreram um processo de desarticulação depois da onda de ataques ocorrida há 4 anos no Estado. (AE)

como Comando Vermelho, que está gerando pânico no Rio desde o fim de semana". A rede de televisão ABC News, dos Estados Unidos, destacou em seu site o envio de tanques militares para a favela Vila Cruzeiro, no norte do Rio de Janeiro, para apoiar a operação da polícia contra grupos de narcotráfico. Ao menos 23 pessoas morreram nos últimos cinco dias, destaca o site, enquanto as forças de segurança brasileiras

No Rio Comprido, mais um ônibus queimado. Violência assusta turistas.

tentam "impor a lei nas violentas favelas". A polícia, informou o site norte-americano, enviou veículos blindados, helicópteros e milhares de agentes fortemente armados para a Vila Cruzeiro. Ainda nos Estados Unidos, o canal Bloomberg registrou em sua manchete: "Polícia do Rio envia tanques para reduto do crime após cinco dias de distúrbios" O repórter da Bloomberg no Rio de Janeiro relata que a polícia se dedicou nos úl-

Ana Ottoni/Folha Imagem/23/12/2003

timos dois anos a tomar de volta o controle das favelas, enquanto a cidade se prepara para receber a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O envio de mais de mil policiais militares nos últimos cinco dias em 27 favelas, afirma o jornal, levou a tiroteios e ataques contra carros e ônibus. Os agentes, continua, prenderam mais de 150 pessoas desde 21 de novembro e apreenderam granadas, armas, armas de guerra e garrafas de gasolina. (Agências) John Phillips/Arquivo Life

Vivi Andreani/LUZ

TODOS ESTÃO CONVIDADOS manhã, às 3 da tarde, na Catedral da Sé, o franciscano Dom Paulo Evaristo Arns volta a pisar num altar 12 anos após sua aposentadoria. Oficiará missa em homenagem aos 65 anos da sua ordenação, ocorrida em 30 de novembro de 1945, em Petrópolis. O evento foi uma vitória dos amigos e admiradores, pois Dom Paulo, em principio, rejeitou qualquer comemoração. Atualmente Dom Paulo mora numa colônia de freiras franciscanas em Taboão da Serra.

A

PAI DOS POBRES CHIQUE BANHO AMEAÇADO Metrópole - Por que a senhora está indo com tanta frequência à escultura "Depois do Banho", no Largo do Arouche? Sandra Brecheret - Estou preocupada com a onda de vandalismo contra as esculturas da Cidade. Há obras que foram serradas para venderem o bronze. Meu medo é que façam o mesmo com aquela escultura de papai. (Victor

Brecheret, 1894-1955). O pior é que os moldes de gesso desapareceram. Ela não pode ser reproduzida.

uma visita que ele fez ao barracão de papai no Ibirapuera. Ela estava lá, ele viu e gostou.

Metrópole - A escultura está vulnerável? Sandra - Ela fica ao nível do chão, sem proteção. Foi comprada pelo prefeito Prestes Maia (1896-1965) em 1941, para ser colocada especialmente no Arouche, durante

Metrópole - Que barracão era esse? Sandra - Papai levantou um barracão para fazer o Monumento às Bandeiras nas proximidades do local onde iria ficar. (Sandra Brecheret, 64 anos, moradora nos Jardins)

E

is um passatempo instrutivo e agradável para os momentos de ócio: o endereço http://images.google. com/hosted/life. Trata-se do acesso ao magnífico acervo fotográfico da revista Life (19362000), com cerca de 10 milhões de imagens. A coluna pinçou esta foto inédita de Getúlio Vargas, feita em 1939 – portanto na ditadura do Estado Novo –

por John Phillips. O nosso primeiro pai dos pobres jogava golfe. Diferentemente do nosso segundo pai dos pobres, Lula, que se péla por um futebol, ele preferia emoções da elite. Mas é justo reconhecer que, neste caso, as aparências realmente enganam: seu legado de leis sociais tem mais consistência do que o PAC.

Marri Nogueira/Folhapress/02/8/2010

FAÇA O QUE EU DIGO...

A

vereadora Mara Gabrilli (PSDB), 43 anos, está em Brasília. Foi submeter a Sérgio Sampaio, diretor da Câmara Federal, o projeto de acessibilidade ao plenário da casa, feito pelo arquiteto Leandro Giodarno, da Capital Federal. Mara, cadeirante desde 1994 após um acidente de carro, tomará posse como deputada federal em 1º de janeiro. Por incrível que pareça, pessoas com

necessidades especiais foram esquecidas tanto para chegar à tribuna como à mesa diretora. Neste caso Mara, que é uma parlamentar combativa, teria que fazer todos seus pronunciamentos no chão. Pela receptividade inicial, as adaptações acontecerão a toque de caixa. Por ironia, a Câmara Federal aprovou as leis que estabelecem ampla acessibilidade no País.

PAZ UR G

EN

TE! a terça e quar tafeira que viu municip , o secretário . "N al de Es s erá difíc esse cenário por tes Walter F il eldman lá. A ten haver Copa par ticip s ã o u d e ev e opress o era palpável e nt o d a FIFA no iv Rio. Este blitze, le a. Devido as ve n o olho do v amos d fu impress racão e voltou horas para ir d uas ionado o Leblon ao Hote co m o lC Palace, opacabana local do e ve n t o " .

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

PARAGUAI Governo apresenta ao Congresso novo pedido de adesão da Venezuela ao Mercosul

nternacional

PERSEGUIÇÃO Presidente da TV venezuelana Globovisión, de oposição, pede asilo nos Estados Unidos

Kim Jae-hwan/AFP

Reforço militar a caminho do Mar Amarelo Coreia do Sul reorganiza área da Defesa, após críticas de que resposta ao ataque norte-coreano teria sido 'morna demais'.

O

A nova trapalhada de Sarah Palin

A

ex-candidata à vice-presidência dos Estados Unidos Sarah Palin recebeu várias críticas, após declarar que seu país precisa ficar ao lado de "nossos aliados norte-coreanos". Em plena crise após um ataque do regime comunista à Coreia do Sul – verdadeiro aliado dos EUA –, a gafe de Palin foi rapidamente corrigida por Glenn Beck, que entrevistava a ex-

governadora do Alasca em seu programa de rádio. Apesar da correção do jornalista ultraconservador, blogueiros liberais não perdoaram a ex-candidata a vice. Para os críticos, o deslize é mais um exemplo da falta de conhecimento de política externa da companheira de chapa republicana encabeçada por John McCain em 2008. Durante a corrida à Casa Branca em 2008, Palin cometeu outra gafe ao afirmar que a proximidade do Alasca com a Rússia lhe dava experiência nas relações bilaterais. A ex-modelo e jornalista é

considerada uma possível aspirante à campanha presidencial de 2012. Repercussão - Jornais na Ásia e na Europa reproduziram as críticas. O Times of India afirmou que Palin "fez isso de novo", enquanto o londrino Daily Mail afirmou que ela "pode querer refrescar" seus conhecimentos de "geografia". Já o site conservador norteamericano The Weekly Standard saiu em defesa de Palin, notando que ela "identificou corretamente a Coreia do Norte como nosso inimigo literalmente oito segundos antes da confusão". (Agências)

governo da Coreia do Sul decidiu adotar medidas mais enérgicas, diante das críticas da oposição de que a resposta de Seul ao ataque norte-coreano de terça-feira teria sido demasiado lenta. O presidente Lee Myung-bak prometeu reforçar as tropas na fronteira disputada e ordenou que seja realizada uma revisão completa no setor de Defesa, a começar pela renúncia do ocupante da pasta no governo. O ministro Kim Tae-young já tinha apresentado sua renúncia em maio, depois de ser criticado em relação ao afundamento de uma embarcação da Marinha sul-coreana, o navio Cheonan, em março, um incidente também atribuído à Coreia do Norte. Quarenta e seis marinheiros sul-coreanos morreram nesse ataque. Lee só aceitou o pedido de renúncia do ministro "para melhorar o ambiente no âmbito militar e fazer frente à série de incidentes", revelou um representante presidencial. A Coreia do Norte fez uma série de disparos de artilharia contra a ilha de Yeonpyeong, na terça-feira, matando dois civis e dois soldados, e destruindo dezenas de casas. Membros do partido do presidente Lee e parlamentares oposicionistas acusaram os militares sul-coreanos de lentidão em sua resposta. Mudanças - Em uma reunião de emergência em Seul, Lee ordenou que mais 4 mil soldados sejam enviados às ilhas sul-coreanas no Mar Amarelo, bem como equipamentos militares pesados, que poderão fornecer

uma resposta rápida no caso de um novo ataque norte-coreano. O escritório da presidência em Seul ainda anunciou ontem que mudará as regras de engajamento para suas tropas posicionadas perto da Coreia do Norte, incluindo aquelas na ilha de Yeonpyeong, que fica a apenas 10 quilômetros da costa norte-coreana. Parlamentares sul-coreanos alegam que as atuais regras – prevendo que os militares sulcoreanos primeiro emitam advertências verbais e tiros de alerta antes de reagir – levaram a um atraso de 13 minutos na resposta ao ataque de Pyongyang. Membros do governo disseram que os detalhes dessas novas normas serão anunciados em breve. China - A alteração ocorre no mesmo dia em que o Ministério de Relações Exteriores da China divulgou um comunicado do primeiro-ministro Wen Jiabao, afirmando que Pequim se opõe a "qualquer comportamento militar provocativo" na Península Coreana. O governo chinês não apontou a Coreia do Norte como culpado pelo ataque. O comunicado de Wen foi a reação da mais graduada autoridade da China ao ataque, mas não foi mencionada diretamente a Coreia do Norte, nem os planos da Coreia do Sul e dos EUA de realizarem exercícios militares conjuntos neste fim de semana no Mar Amarelo. Mais cedo neste ano, Pequim se opôs duramente a um exercício similar. Os EUA aumentaram suas pressões sobre a China para que

AFP

Pressionado, Kim renuncia.

contenha a Coreia do Norte, mas o porta-voz do ministério de Relações Exteriores chinês, Hong Lei, defendeu a retomada das negociações sobre o programa nuclear de Pyongyang, envolvendo as duas Coreias, Rússia, China, Japão e EUA. Provocações - A Coreia do Norte não abrandou seu discurso belicoso de praxe. "(A Coreia do Norte) não hesitará em lançar uma segunda e até mesmo terceira rodada de ataques se os provocadores de guerra na Coreia do Sul voltarem a fazer provocações militares insensatas", disseram militares norte-coreanos, segundo a agência de notícias KCNA. E m c o m u n i c a d o , P y o ngyang afirmou que Washington é parcialmente culpado pela troca de disparos. "Os EUA não podem esquivar-se da culpa pelo ataque recente. Se os EUA realmente desejam a distensão na Península Coreana, não deveriam abrigar impensadamente as forças fantoches sul-coreanas, mas controlá-las rigidamente", declarou. (Agências)

Dong-a Ilbo/AFP

A vida como ela era Moradores de Yeonpyeong tentam voltar à normalidade após agressão

A

ilha sul-coreana de Yeonpyeong começou ontem a voltar à normalidade com a chegada da primeira balsa, embora ainda se observam o trabalho de bombeiros, militares e moradores, que tentam recuperar o que se salvou dos canhões norte-coreanos. Park Sung-ik, de 45 anos, lembrou que no dia que começaram a cair os projéteis norte-coreanos ele estava no píer, o que o salvou de ser um dos quatro mortos e dezenas de feridos. A maioria dos habitantes de

Yeonpyeong, que vive da pesca, foi evacuada após o ataque e parte retornou ontem. Na ilha residem cerca de 1,7 mil pessoas e centenas de militares, cuja presença ontem era mais visível do que nunca, com um trânsito constante de policiais, bombeiros e técnicos de telefonia e eletricidade. Apesar de restabelecer parte da eletricidade, os rastros do combate permanecem inalterados e os carros destruídos continuam jogados nas ruas. Embora alguns habitantes permaneçam ali desde o ataque,

os navios não voltaram a trabalhar, por isso a preocupação de Park, que teme um período de escassez para as famílias locais. Centenas de pessoas tiveram de passar a noite em refúgios escuros, alguns dos quais seguiam ontem dentro desses espaços, com restos de macarrão e garrafas de água no local. Park lembra que muitos dos que abandonaram Yeonpyeong serão obrigados a morar em casas de familiares e em albergues, enquanto se lamenta que "como a decisão de poucos afeta tanto a vida das pessoas". (EFE)

Moradora da ilha sul-coreana caminha entre as casas destruídas pela artilharia norte-coreana


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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

13 Os percevejos são mais fortes que os famosos ratos nova-iorquinos. O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg.

nternacional AFP - 03.08.10

Favorita nas pesquisas, Cristina está de olho na reeleição em 2011.

A derrota que virou vitória na Argentina Cristina fica sem orçamento, mas ganha bilhões.

D

param a decisão da presidente de disputar um segundo mandato. A morte do ex-presidente Néstor Kirchner favoreceu a imagem de Cristina, que, segundo analistas, tem atualmente entre 30% e 44% das intenções de votos. "É absurdo que o governo adote o papel de vítima, porque foram eles (os kirchneristas) que não quiseram ter um Orçamento no ano que vem", disse o senador Gerardo Morales, da União Cívica Radical (UCR). O senador lembrou, ainda, que a votação do projeto kirchnerista na Câmara foi realizada em um cenário de denúncias de supostos subornos oferecidos pelo governo a membros da oposição. Nos últimos dias, Cristina questionou a falta de apoio da oposição e lamentou ser a "primeira presidente que deverá governar sem Orçamento" desde a redemocratização do país, em 1983. A presidente considerou absurda a decisão da oposição de não votar o projeto enviado pelo governo ao Congresso duas semanas atrás. (AG)

Dormindo com o inimigo Reprodução

Se você planeja viajar para Nova York, cuidado com o percevejo! A cidade norte-americana, uma das mais visitadas do planeta, foi invadida pelo temido inseto. Antes restrita a camas de hotéis, a infestação se espalhou por marcos da Big Apple, do Empire State Building ao Lincoln Center. Nem o comércio escapou. O percevejo já bateu cartão em lojas da Gap, na Niketown e Victoria's Secret... Kety Shapazian

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Divulgação/Reuters

epois de ter sido derrotado na votação do projeto de Orçamento de 2011, há cerca de duas semanas, o governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, decidiu boicotar qualquer possibilidade de debate (leia-se modificação) da proposta no Congresso e governar o último ano de seu mandato com o mesmo Orçamento deste ano. Segundo denunciou a oposição, a jogada permitirá que a Casa Rosada disponha de aproximadamente US$ 30 bilhões em recursos excedentes (já que a arrecadação de 2011 superará a projetada para 2010), que Cristina poderá administrar por decreto em um ano em que o país será palco de uma nova eleição presidencial. Segundo as últimas pesquisas divulgadas no país, a presidente está em primeiro lugar, com mais de dez pontos percentuais de vantagem em relação a seus principais adversários. O governo não pretende confirmar a candidatura de Cristina até meados de 2011, mas ministros e colaboradores do governo já anteci-

om a proximidade das férias escolares, Natal e Ano Novo, muitos turistas brasileiros planejam passar alguns dias em Nova York. Seja fazendo compras na Quinta Avenida, visitando os cartõespostais da cidade ou apreciando obras de arte nos principais museus, cuidado... A Big Apple está infestada de percevejos! Os temidos insetos, chamados lá de bedbugs, saíram da cama e estão em tudo quanto é canto. Nos hotéis mais simples e nos mais exclusivos? Confere. Em estações do metrô? Confere. No Empire State Building, no prédio da ONU e na Estátua da Liberdade? Confere. Em lojas, como a Bloomingdale's, Niketown, Victoria's Secret e Abercrombie & Fitch, para citar apenas algumas? Confere. Os percevejos quase desapareceram na década de 1950 por causa da utilização de inseticidas de efeito residual, como o DDT, conhecido como o primeiro pesticida moderno. Mas

a proibição do uso do DDT, mais o aumento das viagens internacionais, além de outros fatores, permitiram o retorno do bichinho aos grandes centros urbanos. Histeria – Nova York é a prova disso. A infestação está tão generalizada que muitos turistas estão cancelando suas reservas de hotéis, causando uma verdadeira "histeria coletiva", como classificou o prefeito Michael Bloomberg. Autoridades, no entanto, estão sim preocupadas com o tamanho da picada do inseto na imagem da cidade, uma das mais visitadas do planeta, e o prejuízo que isso pode gerar. O setor de turismo representa hoje a quinta maior indústria de Nova York, com uma receita de US$ 30 bilhões ao ano. A previsão é de que 47,5 milhões de pessoas visitem a metrópole neste ano. Hotéis – Limpeza, localização, qualidade do serviço sempre foram fatores importantes na hora de escolher um hotel. Agora, turistas estão recorrendo à internet para checar a presença de percevejos nos estabe-

lecimentos. Nos websites bedbugregistry.com e tripadvisor.com é possível rastrear os bichinhos. "Nós começamos a pesquisar hotéis e preços, mas em todos os lugares havia relatos de histórias de horror com relação a percevejos", disse a professora de ioga Susannah Johnston à Associated Press. Ela planejava passar alguns dias na Big Apple com o marido, mas desistiu ao perceber que não conseguiria achar um hotel sem bedbugs. Resistência - De formato oval do tamanho de uma semente de maçã, os percevejos possuem coloração castanhoavermelhada e corpo achatado. Ficam escondidos durante o dia, picando as pessoas à noite. Difíceis de serem erradicados, quando adultos podem passar até um ano sem se alimentar. Escondem-se em camas, poltronas, cadeiras estofadas e pilhas de roupas. Uma verdadeira praga. Tanto que o prefeito da cidade brincou recentemente durante o programa do apresentador David Letterman dizendo que "os be dbugssão mais fortes que os famosos ratos nova-iorquinos".

Fica aqui a dica: antes mesmo de desfazer a mala, tire toda a roupa de cama do quarto e inspecione o colchão com cuidado. Alguns sinais que indicam sua presença são, além do dito cujo, fezes cor ferrugem e restos de mudas de pele, chamadas de exúvias e encontradas nos lençóis. Em caso de infestações mais sérias, um cheiro doce pode ser percebido no ambiente. Vergonha - Não é apenas a indústria do turismo que se preocupa com o bichinho. Segundo a CNN, os percevejos estão estragando inclusive relacionamentos amorosos. Há diversos relatos de casais que se separaram porque um passou a não frequentar a casa do outro por conta da presença do inseto. Donna Barnes, uma life coach especialista em relacionamentos, sugere a seus clientes que não digam logo no primeiro encontro que sua casa está infestada de percevejos. "As pessoas estão horrorizadas com esta história e com muita vergonha de admitir o problema", revelou ela.

Inseto 'passeia' em obra de Saramago e canção infantil

N NOVO COMEÇO – O presidente do Iraque, Jalal Talabani (à dir.),

Luis Robayo/AFP

Zilberman

pediu ontem ao primeiro-ministro do país, Nouri al-Maliki, que forme um novo governo. A medida visa encerrar um impasse de oito meses em torno de quem liderará o Iraque nos próximos quatro anos, no período que deve incluir a retirada das tropas dos EUA do país. (AE)

ENCHENTES – A Colômbia pediu ajuda ontem à comunidade internacional para combater as fortes chuvas que castigam o país e que registraram até o momento 161 mortes e 1,35 milhão de desabrigados no país. As enchentes destruíram mais de 1,6 mil casas em 28 dos 32 departamentos colombianos. (EFE)

o livro Memorial do Convento, o mestre português José Saramago escreveu: "Quando a cama aqui foi posta e armada ainda não havia percevejos nela, tão nova era, mas depois, com o uso, o calor dos corpos, as migrações no interior do palácio, ou da cidade para dentro, não há mais remédio, ainda não o sendo, que pagar a Santo Aleixo cinquenta réis por ano, a ver se livra a rainha e a nós todos da praga e da coceira". Saramago não foi o único a incluir o percevejo em sua obra. O também português Camilo Castelo Branco, em seu romance Vinte Horas de Liteira, cita o temido inseto. Ele não escapa sequer do imaginário infantil. Na canção Festa dos Insetos, "a pulga e o percevejo fizeram combinação; fizeram serenata debaixo do meu colchão. A pulga tocava piano; o percevejo, violão. E os percevejos pequeninos tocavam rabecão".


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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

OS JOGOS DE DOMINGO, ÁS 17H Palmeiras e Fluminense (65 pontos): Arena Barueri. Corinthians (64 pontos) e Vasco: Pacaembu. Vasco e Cruzeiro (63 pontos), no Rio.

sporte

PERDER OU PERDER Revoltados, palmeirenses exigem a derrota domingo. Luludi/LUZ

Guilherme Carvalho

É

proibido vencer. Se antes da derrota para o Goiás, já era difícil achar algum palmeirense que quisesse uma vitória diante do Fluminense, domingo, em Barueri, agora, então, o quadro se intensificou. Após a surpreendente eliminação da Copa Sul-Americana, perder o jogo contra o Flu virou uma obrigação na opinião dos torcedores palmeirenses. "Se o Palmeiras vencer a partida contra o Fluminense, podem se preparar que faremos um grande protesto e os jogadores serão cobrados. Em caso de vitória ou empate, é melhor os jogadores nem aparecerem próximo ao Parque Antártica. Principalmente quem fizer gol", ameaça o torcedor Artur Pedro Custódio, que trabalha na loja da Torcida Uniformizada do Palmeiras, a TUP. "Não existe mais Palmeiras em 2010. Acabou. Não há um torcedor sequer que irá torcer pela vitória no domingo", completa. Em décimo lugar no Brasileirão, podendo chegar ao máximo na oitava posição e já eliminado da Copa Sul-Americana, o alviverde paulista não tem mais ambição esse ano. Seus últimos jogos, porém, são importantíssimos para a definição do campeão brasileiro. Primeiro enfrenta o líder Fluminense, em Barueri, e, depois, encara o Cruzeiro, terceiro colocado, em Minas. Caso tire pontos dos adversários - principalmente do Fluminense - deixará o rival Corinthians com a mão na taça. "Isso é tudo o que a gente não quer, dar o título para o Corinthians no ano de seu centenário (o alvinegro completou cem anos em 2010) depois de tudo o que aconteceu com a gente esse ano. Se já está difícil aguentar as provocações agora, imagina numa situação dessas? Seria um desgosto muito grande", confirma Lucas Matos, estudante e sócio da Torcida Acadêmicos da Savóia. Seu colega da Savóia, Gregory Russo, concorda. "Não vamos aceitar a vitória. Quando era para jogar com vontade e ganhar, não fizeram e vão fazer justo agora, que a torcida não quer? Não dá. Até porque o Fluminense é bem melhor do que o Goiás, então o normal é perder", comenta o estudante. Os dois não devem ir a Barueri no domingo. "É chato torcer para o seu time perder, então prefiro não ir ao jogo", explica Gregory. Gabriel Muoio, diretor da Savóia, é da mesma opinião: "Não quero ver, nem ouvir a partida. Prefiro saber o resultado depois." "Fraldinha" A princípio o Palmeiras entraria em campo com o time reserva contra o Fluminense. A mesma equipe que vem atuando nas últimas rodadas do Brasileirão e que perdeu para o Atlético-MG, em Araraquara, no fim de semana passado. Porém, com a eliminação da Sul-Americana, o técnico Luiz Felipe Scolari ainda não definiu se escalará alguns titulares diante do Tricolor carioca. Para a torcida palmeirense, Felipão deveria entrar o mais enfraquecido possível. "Por mim poderia entrar com o fraldinha (time infantil), dar W.O., tanto faz. O ideal mesmo é perder de 5 x 0, o Vasco ganhar do Corinthians e a gente comemora o título junto com a torcida do Fluminense lá em Barueri", afirma Artur Pedro. Coincidentemente o local

Gabriel e Camillo, da Savóia: é hora de o Palmeiras "tratar" de perder o jogo contra o Flu.

Cesar Greco/Fotoarena/Agência O Globo

Paulo Whitaker/REUTERS

Felipão: mesmo tendo errado, continua ídolo de todas as torcidas palmeirenses.

Listão dos vexames em casa

A

Ernando (esquerda), do Goiás: gol no Palmeiras.

da partida será na Arena Barueri, mesmo estádio onde o São Paulo perdeu no último domingo (21) para o Fluminense por 4 x 1. Na ocasião, a torcida tricolor também torceu para o próprio time perder e até levou faixas pedindo para a equipe entregar o jogo e indicando que caso algum jogador fizesse um gol "a favor do Corinthians", ficaria marcado. Camilo Lelis, presidente da Acadêmicos da Savóia, não acha que ocorrerá o mesmo, mas concorda que caso algum jogador palmeirense faça um gol que favoreça o rival, este ficará marcado. "Até porque a torcida do Palmeiras é muito chata. Às vezes até atrapalha o time. Por isso, se algum jogador fizer o gol do empate ou da vitória, será hostilizado, ficará marcado. Mas não creio que haverá faixas pedindo para entregar o jogo. Nossa torcida não é tão escrachada quanto a

do São Paulo". Além da rivalidade diante do Corinthians, o que une o sentimento de são-paulinos e palmeirenses é o fato de que, no ano passado, quando os dois lutavam pelo título, o Corinthians perdeu para o Flamengo em casa, em um jogo marcado pela polêmica. A vitória corintiana ajudaria os dois rivais na busca pela primeira posição e muitos acham que houve 'corpo mole'. "Eles fizeram (entregaram o jogo) aquilo, agora não tem como não fazer o mesmo", explica Lucas Matos. "Mas não será esse jogo que definirá o campeonato", adianta-se Camilo, o presidente da Savóia. "Assim como no ano passado, nós não tivemos competência para chegar às últimas rodadas sem depender dos outros, eles também não podem reclamar de nada esse ano. Tinha é que ter vencido o Atlético-GO, o Ceará, em casa".

eliminação para o Goiás, na última quarta-feira, jogando em São Paulo e precisando apenas do empate, fez o torcedor palmeirense reviver velhos traumas. Nas últimas décadas, o clube vem amargando uma série de resultados negativos em casa. Sempre em jogos decisivos e quando entra na situação de grande favorito. Desde 78, quando perdeu a final do Brasileirão para o Guarani, até o jogo de ontem, foram vários exemplos. Entre eles, a derrota em casa para o XV de Jaú, em 1985 (em um 24 de novembro assim como a partida de quarta-feira), eliminando a equipe das semifinais do Paulistão daquele ano - um empate classificaria o time -; a perda da final do Paulista de 1986, para a Inter de Limeira no Morumbi; o empate com o Ceará no Parque Antártica em 1994, quando o time de Edmundo, Rivaldo, Evair, Luxemburgo e Cia. foi eliminado da Copa do Brasil; a derrota para o Asa de Arapiraca em 2002; e a goleada por 7 a 2, sofrida diante do Vitória, em 2003. Na eliminação da última quarta-feira o time de Felipão jogava pelo empate, em casa, contra um adversário que acabara de ser rebaixado

do Brasileirão com duas rodadas de antecedência. Nem assim conseguiu a classificação. "Não dá mais para aguentar isso. Parece que o time sempre amarela na hora da decisão. Tenho 17 anos e o único título que vi foi o do Paulistão de 2008. É muito pouco. Mas não vou abandonar o clube, continuarei torcendo", reclama o torcedor Lucas Matos, integrante da Torcida Acadêmicos da Savóia. Para Artur Pedro Custódio, da TUP, a hora é de mudanças. "Apoiamos

apenas o Deola, Maurício Ramos, Danilo, Marcos Assunção, Valdívia, Kleber e mais um ou outro. O resto pode mandar embora. Para jogar no Verdão tem de honrar a camisa e ter qualidade, o que está faltando. E muito." Ao contrário dos torcedores da Savóia, a TUP não culpa a diretoria do clube. Já o técnico Felipão tem crédito com todas as torcidas. "Ele errou, não dá pra negar, mas é um ídolo nosso. Sem ele estaria bem pior", analisa Artur.

Quando o Palmeiras entregou o ouro G Palmeiras 2 x 3 XV de Jaú (Paulista, 1985) Precisando apenas do empate, o Verdão perdeu em casa e foi eliminado G Palmeiras 1 x 2 Inter de Limeira (Paulista, 1986) Final, Morumbi lotado para o fim da fila. Nova derrota e Denys é eleito o vilão G Palmeiras 1 x 1 Ceará (Copa do Brasil, 1994) Mesmo com um elenco recheado de estrelas, time é eliminado após dois empates G Palmeiras 2 x 1 ASA (Copa do Brasil, 2002) Eliminado pelo time de Arapiraca no critério de gols marcados fora de casa G Palmeiras 2 x 7 Vitória (Copa do Brasil, 2003) Rebaixado no Brasileirão, clube vai ao fundo do poço ao ser humilhado em casa G Palmeiras 1 x 2 Goiás (Sul-Americana, 2010) Classificação já era dada como certa, após vitória no jogo de ida, mas...


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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

e

DESEMPREGO Índice calculado pelo IBGE caiu para 6,1% em outubro

conomia

Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) recebeu dois pedidos de impugnação contra o edital do Trem de Alta Velocidade (TAV). A informação é do superintendenteexecutivo da ANTT, Hélio Mauro França. Segundo ele, os pedidos foram recebidos ontem, datalimite para requerer a suspensão do edital. França não informou quem são os autores dos pedidos, que, segundo ele, abordam uma série de pontos baseados no parecer do Tribunal de Contas da União (TCU). Ele apenas disse que são manifestações da sociedade, já que o edital foi submetido a uma consulta pública. Ele ressaltou que esses pedidos não alteram o cronograma do leilão. "Temos prazo até o dia 16 (de dezembro, data de realização do leilão) para responder a esses questionamentos", esclareceu. Segundo França, a análise dos pedidos será feita pela comissão de licitação junto com a procuradoria da ANTT. (Folhapress)

Impacto de ferrovia ainda é alto

Projeto de trem-bala pode sair dos trilhos

A

construção de um trem-bala brasileiro vai ao encontro dos sonhos de muitos passageiros, desejosos de usufruir dessa maravilha que japoneses, italianos e outros já desfrutam. Mas problemas numerosos virão pela frente. O percurso da linha, que faz parte da licitação, inclui a subida da Serra do Mar, a transposição de montanhas, a utilização de terrenos com alto custo de desapropriação e a ocupação de áreas de grande densidade populacional. A necessidade de ocupação de áreas é proporcional à velocidade pretendida para os trens. Na convencional, é possível ter uma via com curvas, fugindo de terrenos muito ocupados. Na velocidade "bala", a 350 km/h, o trem precisa trafegar preferencialmente em linha reta. Uma das consequências disso é que a várzea do rio Paraíba do Sul, considerada por agrônomos uma das mais férteis do País, será drasticamente afetada. E sua produção de milho, soja, feijão, mandioca e arroz irrigado, que hoje enfrenta a pressão de uma das maiores manchas urbanas brasileiras, poderá ser seriamente comprometida. (EH)

Após ter adiado lançamento de licitação, governo federal promete divulgar regras para TAV hoje. André Dusek/AE

Eliana Haberli

O

governo federal pode anunciar hoje o adiamento da licitação de concessão da construção da linha do Trem de Alta Velocidade (TAV), o trem-bala ligando Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, em princípio marcada para a próxima segundafeira, 29. Até ontem, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), cumprindo decisão do Ministério dos Transportes, ainda falava em manutenção da data. A peça final pesando a favor da postergação da data foi o pedido feito ontem pelo Ministério Público Federal de Brasília à ANTT, recomendando o adiamento em função de problemas no edital técnico. A Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) havia se reunido com representantes do governo. Na saída do encontro, o presidente da Abifer, Vicente Abate, estava sorridente e disse que a decisão final dos prazos sai hoje. Com isso, os grupos e empreiteiras que anunciaram sua desistência, como os consórcios das empresas francesas e japonesas, podem voltar à disputa. E fica abalado o favoritismo do grupo de empresas sulcoreanas, com alguns sócios brasileiros, que desde o começo se apresentou como forte candidato. Saindo um resultado, o Brasil consolida sua história de lançar grandes obras desvinculadas de um plano nacional integrado. A construção da via para o trem-bala é a obra mais onerosa determinada pelo atual governo, com licitação de R$ 33,1 bilhões, que poderá ainda aumentar. A iniciativa privada participará com R$ 7 bilhões (20% do total). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiará até R$ 20 bilhões, em parte com juros subsidiados. Os fundos de previdência (Previ, do Banco do Brasil, Funcep, da Caixa Econômica Federal, e Petros, da Petrobras) também serão acionistas. E o Tesouro participará com mais R$ 3,4 bilhões para a formação da estatal Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (Etav), que administra-

Para presidente da Abifer, decisão sobre prazo de licitação sai hoje. Marcos Peron/Virtual Photo

AÇO Para IABr, consumo em 2011 subirá 6%, para 28,3 milhões de toneladas.

Renato Pavan, da Macrologística. "Mas continuaremos a lidar com gargalos na infraestrutura de transportes, como a passagem de trens de carga pela estação da Luz, por falta de um ferroanel metropolitano." Compartilhamento – A razão do custo elevado é o fato de não poderem ser compartilhadas as vias férreas de carga com as de passageiros, o que é corriqueiro em outros locais. Nos Estados Unidos, onde existem 350 mil quilômetros de ferrovias (no Brasil há 15 mil), há trens que correm a 200 km/h dividindo os trilhos com os trens de carga. Esse país, com toda sua tradição ferroviária, só agora está montando sua primeira licitação para o trem-bala. E em uma distância curta, de apenas 130 quilômetros, na Flórida. Se o Brasil optasse por ter o "arroz e feijão" bem-feito no lugar dos altos gastos com a tecnologia de ponta, poderia se concretizar um dos sonhos do consultor Pavan. "Poderíamos melhorar a linha de carga entre São Paulo e Rio e estruturar um sistema com trens de passageiros a diesel." De cara, explicou, se economizaria R$ 1 bilhão com a rede elétrica para o trembala – valor que nem foi incluído no custo da obra, na pressa da montagem da licitação. "Vamos esperar para ver. Licitações podem trazer surpresas. É possível até que surja uma alternativa tecnológica que barateie o custo", disse.

DC

ANTT: dois pedidos de impugnação.

A

15

os de

19 ane Conforto! te

in Requ As linhas de carga não podem receber também trens de passageiros

rá a construção e o sistema Demanda – "Há duas visões para esse projeto" disse o consultor Antonio Wrobleski, da AWRO Logística e Participações. "De um lado, vai diminuir o gargalo de deslocamento São Paulo-Rio. Mas, de outro, a questão é se não haveria destinação melhor para esses recursos, num país carente deles, principalmente em transporte. É como perguntar se você prefere uma estrada tipo autobahn, com várias pistas, ou mais rodovias de duas pistas.

Eu preferiria várias rodovias." Uma certeza Wrobleski já tem. O problema da demanda de público – que hoje tem a opção de maior valor do avião e de menor do ônibus interestadual – tende a desaparecer depressa. "Os aeroportos de Cumbica e de Confins eram elefantes brancos. Mas em pouco tempo ficaram pequenos para a demanda." "É um teste importante para o Brasil obter um modelo como o TAV", avaliou, na mesma linha de raciocínio, o consultor

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16 -.ECONOMIA

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COMÉRCIO

sexta-feira, 26 de novembro de 2010


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e Cartões de crédito têm tarifa limitada

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Na conta eletrônica, não pode recair qualquer tipo de tarifa. Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do departamento de normas do BC

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Operadoras também terão de oferecer a seus clientes modalidade básica do meio de pagamento, com custo reduzido. Fábio D'Castro/Hype

Venda de seguro via plástico pode subir Paula Cunha

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Aprovada a 'conta eletrônica'

N

a mesma reunião em que dispôs sobre os cartões de crédito, o Conselho Monetário Nacional (CMN) também aprovou a criação de um novo tipo de contacorrente que não terá cobrança de tarifas – a "conta eletrônica". O produto poderá ser movimentado exclusivamente por canais como os caixas eletrônicos, internet, celular e central telefônica automática. "Nessa conta, não pode recair qualquer tipo de tarifa", disse o chefe do departamento de normas do Banco Central (BC), Sérgio Odilon dos Anjos. Demanda de clientes e instituições financeiras, a nova conta não precisará ser oferecida obrigatoriamente por todos os bancos. Odilon explicou que a oferta desse novo produto dependerá do interesse gerado nos clientes e também nas instituições financeiras. "Mas bancos têm interesse em atrair novos clientes", observou. As novas contas podem ser aber tas a par tir de março de 2011. Para o diretor de política monetária do BC, Aldo Luiz Mendes, o novo produto deve atrair clientes com perfil mais jovem e de menor renda. (AE)

O

Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou ontem uma regulamentação dos serviços de cartões de crédito oferecidos pelos bancos, com o objetivo de estimular a concorrência no setor e aumentar a transparência dos custos cobrados dos clientes. As novas regras incluem a limitação das tarifas cobradas pelos serviços, que passarão a ser restritas a cinco (de até 80 atuais), e a obrigatoriedade da oferta às pessoas físicas de um cartão de crédito classificado como "básico" –sem benefícios, mas com preço reduzido. Todos os cartões diferenciados, que ofereçam milhagem ou serviços adicionais, como o pagamento de contas, serão obrigados a fazer divulgação ostensiva de suas tabelas de preços e recompensas associadas. "A gente entende que os preços possam ser ofertados de forma mais equânime, e o consumidor acabará sendo beneficiado", afirmou o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Aldo Mendes. Ele frisou que as novas regras não impõem uma tabela para a cobrança de tarifas. As novas regras valerão a partir do dia 1º de junho de 2011 para os cartões novos, e a partir de 1º de junho de 2012 para o estoque de cartões emitidos até 31 de maio do próximo ano. F at ur a – Para evitar o que Mendes chamou de "superendividamento" dos detentores de cartões de crédito, o CMN também aprovou uma circular fixando em 15% o valor mínimo da fatura que deve ser paga pelos clientes mensalmente. A regra valerá a partir de 1º de junho de 2011. Em 1º de dezem-

bro do mesmo ano, o limite aumentará para 20%. Segundo Mendes, atualmente não há normas sobre o limite de pagamento mínimo. A prática mais comum no mercado é fixá-la em 10%. Anuidade – De acordo com a nova regulamentação, os bancos poderão cobrar as seguintes tarifas relacionadas a cartões de crédito: anuidade, segunda via do cartão, utilização de terminais de saque na modalidade crédito, pagamentos de contas e avaliação emergencial de limite de crédito do cliente. Os cartões de crédito básicos só poderão ser usados para a função clássica de pagamentos de bens e serviços em estabelecimentos credenciados. "A anuidade desse cartão deve ser a menor cobrada pela instituição para os cartões de crédito oferecidos", diz trecho da nota à imprensa divulgada ontem pelo BC. A nova regulamentação estabelece, ainda, que os bancos serão obrigados a explicitar nas faturas mensais de cartão o limite de crédito total e limites individuais para cada tipo de operação de crédito e gastos realizados. Também terão de ser informados a identificação das operações de crédito contratadas e respectivos valores, incluindo encargos cobrados e custo efetivo total (CET) para o próximo período. O CMN impõe ainda a exigência de que o envio de cartões de crédito só aconteça mediante expressa solicitação dos clientes. Essa regra já era prevista no Código de Defesa do Consumidor (CDC), mas até então o BC não tinha amparo legal para multar os bancos por essa razão. (Agências)

Leandro Moraes/Folhapress

CAIXAS ELETRÔNICOS – O Banco do Brasil, o Bradesco e o Santander Brasil iniciaram ontem os testes de compartilhamento das suas redes externas de caixas eletrônicos. Os terminais estão instalados fora do ambiente das agências, em shoppings, aeroportos, postos de combustíveis, farmácias e supermercados. Cerca de 700 caixas foram colocados em operação nesta quinta e podem ser identificados com um adesivo contendo a logomarca das instituições financeiras. A operação de teste terá duração de seis meses, podendo ser prorrogada. (AE)

Além de estabelecer regras diminuindo tarifas, o CMN também elevou o percentual do pagamento mínimo da fatura do cartão, de 10% para 15%, a fim de evitar o endividamento excessivo dos clientes.

mercado de seguros comercializados por meio de cartões de crédito tem espaço para se expandir no Brasil. A conclusão é da Pesquisa Nacional sobre Cartões de Crédito, que será divulgada hoje durante o 2º Fórum CardMonitor de Inteligência de Mercado, em São Paulo. Segundo o levantamento, 46% dos entrevistados não possuem nenhuma modalidade de seguro em cartão. Apenas 5% têm seguro para acidentes pessoais com cobertura em caso de morte acidental. O coordenador-técnico do estudo, Ivan Daibert Júnior, sócio-diretor do Instituto Medida Certa, opinou que o segmento de seguros em cartões precisa aproveitar a alta recente do acesso da população a produtos financeiros. Segundo ele, já existem estudos indicando que é preciso criar uma cultura de busca por seguros a fim de se consolidar a venda da modalidade por meio de cartões. O sócio-diretor da CardMonitor, José Antonio Camargo de Carvalho. Daibert Júnior, explicou que o estudo integra uma pesquisa maior, baseada em mais de 5 mil consultas. Interesse – O levantamento aponta que 54% dos entrevistados afirmaram que possuiriam um seguro de perda ou roubo do cartão para cobrir gastos indevidos de terceiros; no item de reação quanto à oferta deste

serviço que seria descontado na sua fatura mensal. Além disso, mostrou que ainda existe entre as classes C e D uma preocupação quanto aos preços destes serviços no cartão de crédito. No caso dos seguros de vida, os entrevistados aprovaram os seguros de vida com mensalidade média de R$ 38,70. Para o seguro residencial, o preço ideal seria de R$ 23,30 entre os respondentes que já possuem seguro de perda ou roubo. Daibert Júnior enfatizou que os modelos com mais apelo à segurança, como as modalidades contra perda, furto ou acidente, têm mais chance de serem comercializados junto às classes emergentes. Saúde – No campo da saúde, ele ressaltou que ainda existe o desafio de criar e oferecer modalidades de seguros com preços atrativos, mas que não gerem desconfiança por parte dos interessados. "Se o produto for idôneo, há espaço para crescer", opinou o executivo do Instituto Medida Certa. Dentro deste grupo, variedades mais específicas, como o seguro odontológico, 97,7% dos entrevistados afirmaram não possuir a modalidade – o que indica que há um enorme mercado a ser conquistado. A Pesquisa Nacional sobre Cartões de Crédito entrevistou 1.758 pessoas em todo o País.


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Em 2010, a economia informal deve movimentar cifra superior a R$ 650 bilhões.

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Fotos: Divulgação

DINHEIRO NO BOLSO agência F/Nazca assina campanha dos cartões Hipercard que a cada R$ 50 em compras dará aos clientes um número da sorte com o qual eles concorrem a uma casa mobiliada e a 1 mil carrinhos cheios de supermercado, por meio da Loteria Federal. A promoção será válida em todo o território nacional e ocorrerá até 31 de dezembro. No comercial, uma criança entra em uma loja de brinquedos e vira vidente, apontando para a mãe os brinquedos que têm vibração positiva para ela comprar e aumentar as chances. Vai que...

CAFÉ BEM-EMBALADO

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Café Bom Dia, maior exportadora do produto torrado e moído e de café torrado em grão do Brasil, lança no varejo uma linha com nova identidade visual e mais um item: o Bom Dia Superior. A nova logomarca traz o tradicional grão de café, símbolo da marca, com um formato mais leve e contemporâneo, e as embalagens surgem com visual mais simples. Voltado para atender o consumidor mais exigente, o café Bom Dia Superior é resultado de seleção de grãos de alta qualidade que atende a um padrão elevado que, na lata, faz diferentes convites como: Espalhe Alegria, Pense Menos, Um Dia de Cada Vez, Nunca Diga Nunca e Sonhe.

O

HÄAGEN-DAZS: suíte presidencial.

MIMOS nspirada pela campanha global "Please, Do Not Disturb" surgiu a ideia da agência Tônica de criar, no Brasil, a promoção "Suíte Häagen-Dazs. Eu mereço meu momento de prazer". Para participar da promoção, será necessário entrar no site www.haagendazs.com.br/suitehd, se cadastrar e responder à pergunta do que faria nesse local ou preencher um cupom e colocar nas urnas que estarão disponíveis nas seis lojas da marca em São Paulo. O vencedor vai ganhar o fim de semana dos sonhos na suíte presidencial do Hilton São Paulo com muitos mimos e todos os produtos da marca à disposição.

I

HIPERCARD: sorte grande.

CAFÉ BOM DIA: mais um item e identidade visual renovada.

PÃO E CIRCO

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troleum (BP) com o vazamento ocorrido no golfo do México que manchou as ações da companhia. O anúncio do noivado real tirou de cena a crise britânica e espalhou aos quatro cantos uma imagem de conto de fadas. De quebra, estimulou o negócio dos camelôs, com a venda de cópias do anel que foi de Diana, originalmente em safira azul rodeado de diamantes em ouro branco, e que William passou às mãos da amada como sinal de compromisso. No Brasil, as réplicas custam R$ 5. Claro que tudo absolutamente falso, mas que permite a algumas dormirem como princesas. Mas, certa-

PANETONES: iguaria italiana caiu no gosto dos brasileiros.

mente, não acordarão como rainhas. Da mesma forma, Kate corre o risco de acordar qualquer dia no trono ocupado por Elizabeth II. A publicidade também se vale desse momento e busca pegar carona no sucesso do empreendimento britânico, que contribui para elevar a autoestima de um povo que estava

DC

ão existe nada mais lendário e antigo do que o ditado que oferecendo pão e circo, o andar de baixo – a plebe – se acalma e, saciado de sonhos, permite ao de cima noites tranquilas de sono. Neste fim de ano, o Reino Unido volta a testar a fórmula ao anunciar o noivado do herdeiro do trono inglês, o príncipe William, filho de Charles e Diana, com a bela Kate Middleton. A notícia chega no momento em que a Irlanda vai à lona e a Inglaterra enfrenta a mais grave e acentuada crise de desemprego. Mais: grandes empresas britânicas enfrentam momentos difíceis, como a British Pe-

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caindo no descrédito do mundo globalizado. Até os dias atuais, o vestido de noiva de Diana é modelo para muitas e as roupas e o som que o casal William/Kate gosta começam a despontar nas paradas de sucesso. Todos ganham e o Reino Unido consegue dissipar com tão pouco uma nuvem agourenta dos céus.

SMIRNOFF: intercâmbio de baladas entre o Brasil e a Austrália.

BE THERE o sábado, Brasil e Austrália trocarão o melhor de suas baladas. São Paulo receberá o melhor da noite de Sidney: bandas, DJs, comidinhas, ambientação, entre outros. E, como não poderia deixar de ser, drinques inusitados inspirados na cidade e criados com a Smirnoff que banca o projeto Be There. A turma da Capital vai se esbaldar na Vila Leopoldina enquanto a balada paulistana vai

correr solta em Sydney. O projeto da vodca do grupo Diageo é sucesso em todo o mundo e está tornando o produto mais jovem e mais próximo dos baladeiros do mundo e dos principais formadores de opinião das noitadas. A agência Nossa assina a produção por aqui e garante 10 quilômetros de táxi para quem estiver sem carro no grande evento.

E como somos movidos às lendas, também vamos às compras de panetone. A invenção é a atribuída a um padeiro lombardo chamado Toni. Para vencer as barreiras do pai da noiva, preparou o chamado "pão de toni" com aroma de baunilha e frutas cristalizadas que o sogro tanto gostava. A iguaria entrou no cardápio natalino para alegria de fabricantes e também tem para todos os gostos, da Casa Fasano ou Tony, Visconti, Bauducco e até os de marcas próprias de grandes redes de varejo e pequenas padarias de bairros.

Em São Paulo, a iguaria é vendida há décadas com muito sucesso por uma família de imigrantes italianos da Mooca, os Di Cunto. Não são raras as filas para comprar os produtos do clã que acaba de sofisticar o endereço eletrônico na internet para exercer sua sedução também no campo virtual. Para quem pode pagar mais, os que carregam o nome Fasano são saborosos como a lenda. No circo armado da realeza britânica, há lugar para o pão, é claro. E, como estamos às vésperas das comemorações de Natal e Ano-Novo, o panetone reina.

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Envie informações para essa coluna para o e-mail: carlosfranco@revistapublicitta. com.br

Carne com a marca do Timão Frialto aposta na força da torcida do time paulista para superar processo de recuperação judicial Rodrigo Caporrino / Divulgação

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e olho na ascensão dos consumidores de baixa renda e no poder de compra dos 30 milhões de corintianos espalhados pelo Brasil, o frigorífico Frialto, da Vale Grande Indústria e Comércio de Alimentos S/A, aposta na força da torcida do time paulista para saldar uma dívida de R$ 560 milhões. A empresa lançou, na última quarta-feira, a Linha Timão – de carne bovina maturada – em parceria com o clube do Parque São Jorge. A expectativa é colocar 100 toneladas do produto por dia no mercado a partir de dezembro, aproveitando o apelo das vendas de Natal e Ano-Novo. Paralelamente, o Frialto aguarda a aprovação do plano de recuperação judicial do frigorífico. "Estamos em fase final de negociações para a assembleia de credores marcada para 2 de dezembro", afirmou o diretor comercial da empresa, Tadeu Paulo Bellincanta. O frigorífico, com sede em Sinop (MT), começou a ter problemas no início da crise financeira internacional, em meados de 2008. "Nossa ideia era abrir capital e ter nossas ações negociadas na bolsa. A crise veio e caiu feito uma bomba. De lá para cá, nos endividamos e ainda não conseguimos re-

Campos, do Corinthians: linha de carnes deverá render R$ 15 milhões.

solver, apesar de estar tudo sob controle", revelou Bellicanta com exclusividade ao Diário do Comércio. Para o gerente de marketing do Corinthians, Caio Campos,

a recuperação judicial do grupo não deve atrapalhar o negócio. "A empresa tem condições de fornecer carne de qualidade. Caso haja algum percalço, imediatamente, poderemos

ter outro fornecedor." A nova Linha Timão utilizará uma tecnologia baseada no conceito da rastreabilidade, que permite obter informações desde o nascimento até o abate do animal. Colado junto ao produto, uma espécie de código de barras permitirá a visualização das informações via celular ou pela webcam do computador. Para isso, o consumidor deverá acessar o site www.qualibeef.com.br. Licenciamentos – O projeto integra uma estratégia financeira do clube que possui atualmente 2 mil produtos licenciados e 101 franquias da loja Poderoso Timão. Além do desenvolvimento de novas camisas, em 2011, o interesse maior estará no licenciamento de empresas do segmento alimentício, como já acontece com grandes clubes da Europa, como Barcelona e Real Madri. O Corinthians já possui uma linha de arroz e feijão com a Broto Legal e de ovo de Páscoa com a Nestlé. O gerente de marketing do time disse que só a linha de carnes deverá render R$ 15 milhões em cinco anos. "Os produtos licenciados nos proporcionam R$ 9 milhões por ano." Em dezembro, o clube se prepara também para inaugurar a TV Corinthians, veiculada em canais pagos (TVA, Net e Sky). Nesse projeto, foram investidos R$ 2,5 milhões.

Economia informal volta a crescer D

epois de cinco anos consecutivos (entre 2003 e 2008) crescendo menos que o Produto Interno Bruto (PIB) do País, a economia subterrânea – negócios decorrentes de empreendimentos informais – passou a avançar na mesma velocidade que a formal. Em 2010, a atividade deve movimentar uma cifra superior a R$ 650 bilhões.

A informação foi revelada por meio do Índice de Economia Subterrânea, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, (Ibre/FGV) em conjunto com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO). De acordo com a pesquisa, a curva da relação do índice com o PIB parou de cair, mostrando uma tendência de estabilização na

casa dos 18,6%. O indicador leva em conta uma previsão de avanço de 7,5% no total de riqueza do País e inflação de 5% neste ano. Em julho, o Ibre/FGV em parceria com o ETCO divulgaram que, no ano passado, a economia informal movimentou valores estimados em R$ 578 bilhões, o equivalente ao PIB argentino. (AE)


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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ECONOMIA/LEGAIS - 19

e Italianos de olho no Prós e contras dos fundos crescimento brasileiro na hora do financiamento E A Receita Federal classifica como grandes pagadores de impostos pessoas jurídicas com faturamento anual acima de R$ 80 milhões.

conomia

Entre as vantagens está o fato de que eles são parceiros e não meros credores das empresas Marcos Mendes/LUZ

Renato Carbonari Ibelli

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mpresas que buscam aporte financeiro em geral recorrem aos bancos, muitas vezes, sem saber que existem fontes alternativas de financiamento mais adequadas a determinadas situações. Esses mecanismos são os fundos, em especial os de Investimento em Participação (FIPs) – como os de private equity ou de venture capital, entre outros. Embora mais difíceis de se obter, podem ser a opção mais vantajosa em casos como recuperação de empresa em estado falimentar ou em reestruturação para crescer em novos mercados. Ontem, a São Paulo Chamber of Commerce, órgão de fomento de negócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais (Facesp), trouxe o consultor Álvaro Mendonça, do Instituto Educacional BM&FBovespa, para discutir com empresários esses mecanismos. Em geral, eles constituem uma alternativa interessante para negócios que precisam mais do que um simples aporte de capital. Segundo Mendonça, são ideais para projetos de longo prazo, nos quais a intervenção do fundo na estrutura da empresa – atuando como apoiador – é fundamental. "As fontes tradicionais de financiamento, os bancos, querem lucrar com os juros e não se importam com o sucesso da empresa. Já os fundos entram como parceiros e dependem do êxito da outra parte para lucrar", disse o consultor. A Natura, por exemplo, depois de se consolidar como marca de revenda de cosméticos, buscou a parceria com um fundo de venture capital para

R is co s – Os se expandir pefundos de fato lo Brasil. A rede são intrusivos Bob's, no início, porque seus innão tinha penevestidores tração fora do querem garanRio de Janeiro. tias de que a P a r a s e e s p aaposta na emlhar pelo País presa compenbuscou ajuda sa. Há alguns de um fundo de fatores que peprivate equity. sam mais para Nos dois cao sucesso, ou sos, os mecanisnão, da parcemos entraram ria. Um dos para mudar a principais cara do negócio e reestruturar o Mendonça, da BM&FBovespa: pontos verificados é o nível m o d e l o d e cuidados na hora da parceria. de formalizaatuação. Porém, essa "invasão" do ção da empresa. "Quem sonefundo no modelo de gestão de ga impostos assusta os fundos. uma empresa, segundo Men- Afinal, se ele tem hábito de donça, ainda é vista com res- fraudar, não há como saber se o salva pelos executivos brasi- parceiro será fraudado tamleiros. "O empresário ainda bém", ponderou Mendonça. Ele recomendou aos empretem receio, pois se sente invadido e vê o fundo como intru- sários que desejam buscar esso. Para que isso não aconteça, sas parcerias que apresentem é preciso estabelecer bem a de maneira simples aos acioparceria antes de ela ser fecha- nistas do fundo o perfil do negócio e o que esperam realizar da definitivamente."

com o aporte de recursos. Sinceridade é fundamental nesse processo de apresentação. "O fundo já conversou com o mercado e sabe como está a empresa. O que ele quer é a versão da parceira sobre sua situação e expectativas." O próximo passo é a realização da chamada due dilligence, quando o fundo aciona seus auditores para checar documentos contáveis da empresa, verificar a organização e a equipe e analisar as oportunidades de investimentos. Nessa etapa, é avaliado o real valor da companhia e se vale ou não apostar nela. Segundo José Cândido Senna, coordenador-executivo do Comitê de Portos e Aeroportos do Estado de São Paulo (Comus) da ACSP, "a expansão da capacidade das exportadoras de São Paulo, que estão cada vez mais buscando o mercado global, abre caminho para parcerias com essas fontes alternativas de financiamentos", afirmou.

Por dentro das modalidades G Fundos de Seed – também chamados de anjos, os investidores pegam a empresa ou uma ideia na fase de maturação e aportam capital e localizam recursos físicos e humanos para fazer o projeto vingar. Geralmente, são executivos aposentados de grandes empresas. G Fundo de Venture Capital – voltado para empresas que apresentam projetos com potencial, mas ainda não os comercializam por falta de experiência de mercado. E também para companhias que já têm esse conhecimento, mas precisam de apoio para crescer. G Fundo Private Equity – para negócios que buscam capital para crescer. Em geral, a opção

é procurada por empresas já consolidadas, mas que têm aceitação do público abaixo do esperado. Usado também para companhias que pretendem se reestruturar e abrir capital na bolsa. G Fundo de Disstressed – para empresa em estágio pré-falimentar. Promove um choque de gestão, modificando toda a estrutura. Foi usado para reestruturar a Perdigão, por exemplo. Geralmente executivos experientes do mercado financeiro, com grande poder de negociação, são os investidores.

ASSOCIAÇÃO DOS TÉCNICOS EM PRÓTESE DENTÁRIA APDESP BRASIL Edital de Convocação – Assembleia Geral Ordinária Previsão Orçamentária de 2011 O Presidente da Associação dos Técnicos em Prótese Dentária APDESP BRASIL (APDESP-BR), em conformidade com as disposições do Estatuto Social, convoca todos os associados da APDESP-BR para a Assembleia Geral Ordinária, que se realizará na sede da APDESP-BR, na Avenida Brigadeiro Luís Antonio, nº 2.050 – ala A – 13º andar, Bela Vista, em São Paulo, no dia 7 de dezembro, às 20:00 horas, tendo como tema único de pauta a deliberação sobre a previsão orçamentária para o exercício de 2011 da Associação dos Técnicos em Prótese Dentária APDESP BRASIL . São Paulo, 26 de novembro de 2010. TOSHIO UEHARA – Presidente da APDESP-BR.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

FDE AVISA: TOMADAS DE PREÇOS A FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FDE comunica às empresas interessadas que acha-se aberta licitação para execução de obras: TOMADA DE PREÇOS Nº - OBJETO - PRÉDIO - LOCALIZAÇÃO - PRAZO - ÁREA (se houver) - PATRIMÔNIO LÍQUIDO MÍNIMO P/PARTICIPAR - GARANTIA DE PARTICIPAÇÃO - ABERTURA DA LICITAÇÃO (HORA E DIA) 05/16504/10/02 - Reforma de Prédio Escolar - EE Dom Jorge Marcos de Oliveira - Av. Benedita Franco da Veiga, 1.202 - 09330-620 - Feital - Mauá/SP - 90 - R$ 22.145,00 - R$ 2.214,00 - 09:30 - 16/12/2010. 05/16527/10/02 - Reforma de Prédio Escolar - EE Maria Iracema Munhoz - Rua Mal. Rondon, 100 - 09720-120 Centro - São Bernardo do Campo/SP - 90 - R$ 16.902,00 - R$ 1.690,00 - 10:00 - 16/12/2010. 05/16538/10/02 - Reforma de Prédio Escolar - EE Jd. Carolina - Rua Pe. Bento, s/nº - 08588-320 - Jd. Carolina Itaquaquecetuba/SP - 90 - R$ 16.004,00 - R$ 1.600,00 - 10:30 - 16/12/2010. 05/16539/10/02 - Reforma de Prédio Escolar - EE Joaquim Fernando Paes de Barros Neto - Rua Pérsia, s/nº - 06850000 - Prq. Paraiso - Itapecerica da Serra/SP - 90 - R$ 26.148,00 - R$ 2.614,00 - 11:00 - 16/12/2010. 05/16540/10/02 - Reforma de Prédio Escolar - EE Julia de Castro Carneiro - Rua Solimões, 1875 - 06866-500 Crispim - Itapecerica da Serra/SP - 120 - R$ 29.366,00 - R$ 2.936,00 - 11:30 - 16/12/2010. As empresas interessadas poderão obter informações e verificar o Edital e o respectivo Caderno de Encargos e Composição do BDI, na SEDE DA FDE, na Supervisão de Licitações, na Av. São Luís, 99 - República - CEP: 01046-001 São Paulo/SP ou através da Internet pelo endereço eletrônico www.fde.sp.gov.br. Os interessados poderão adquirir o Edital completo através de CD-ROM a partir de 26/11/2010, na SEDE DA FDE, de segunda a sexta-feira, no horário das 08:30 às 17:00 horas, mediante pagamento não reembolsável de R$ 40,00 (quarenta reais). Todas as propostas deverão estar acompanhadas de garantia de participação, a ser apresentada à Supervisão de Licitações da FDE até às 17:00 horas do dia 13/12/2010, conforme valor indicado acima. Os invólucros contendo a PROPOSTA COMERCIAL e os DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO deverão ser entregues na SEDE DA FDE, até 30 minutos antes da abertura da licitação. Esta Licitação será processada em conformidade com a LEI FEDERAL nº 8.666/93 e suas alterações, e com o disposto nas CONDIÇÕES GERAIS PARA A REALIZAÇÃO DE LICITAÇÕES E CONTRATAÇÕES DA FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FDE. As propostas deverão obedecer, rigorosamente, o estabelecido no edital. FÁBIO BONINI SIMÕES DE LIMA Presidente

FALÊNCIA, RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Conforme informação da Distribuição Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, foram ajuizados no dia 25 de novembro de 2010, na Comarca da Capital, os seguintes pedidos de falência, recuperação extrajudicial e recuperação judicial: Requerente: Eskenazi Indústria Gráfica Ltda. - Requerida: Almac Comércio e Serviços de Informática Ltda. Avenida Brigadeiro Faria Lima nº 1.478 - conjunto 1.311 - 2ª Vara de Falências Requerente: Eskenazi Indústria Gráfica Ltda. - Requerida: Jornaltur Editora Ltda. - Rua Joaquim Floriano nº 466 conjunto 1.112 - 2ª Vara de Falências RECUPERAÇÃO JUDICIAL Requerente:Case Indústria Metalúrgica Ltda. - Requerida: Case Indústria Metalúrgica Ltda. - Avenida Henry Ford nos 820/832 - 2ª Vara de Falências

mpresários italianos e brasileiros querem acabar com a "timidez" na relação comercial entre os dois países. Na última quartafeira, representantes do governo e do empresariado da Itália estiveram na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para discutir como aproximar as duas economias. A Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 são as principais apostas para esquentar os negócios. Pelos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em 2009, a corrente comercial entre Brasil e Itália ficou negativa em US$ 647,4 milhões, com exportações de US$ 3,016 bilhões e importações de US$ 3,6 bilhões. Até outubro de 2010, as vendas nacionais para a nação europeia somaram US$ 3,353 bi-

lhões e as compras alcançaram US$ 3,939 bilhões. Apesar dos números crescentes, a Itália figura apenas na 25ª posição entre nossos principais parceiros. Para o senador italiano Eduardo Polastri há um grande potencial reprimido na relação entre as duas economias, uma vez que outros países europeus, como Espanha e Portugal, conseguiram "pegar carona" antes no crescimento econômico do Brasil. "A Itália foi tímida, o que nos fez perder esse trem." Foi citado que um dos principais problemas brasileiros é a carência de inovações, área onde as empresas italianas podem contribuir. Stefano Maullu, secretário de Comércio, Turismo e Serviços da região da Lombardia, a mais importante economicamente, participou do encontro. (RCI)

SP ganha superdelegacia para grandes contribuintes Sílvia Pimentel

A

Receita Federal inaugura hoje na capital paulista uma unidade para acompanhar a arrecadação dos megacontribuintes. Trata-se da Delegacia Especial dos Grandes Contribuintes (Demac). O Fisco classifica nessa categoria pessoas jurídicas com faturamento anual acima de R$ 80 milhões. Eles respondem por cerca de 75% da arrecadação total. A nova unidade começa operar com 120 auditores especializados e vai substituir a antiga Delegacia de Assuntos Internacionais (Dein). Será comandada por Mônica Siomara Schpallir Calijuri, que já estava à frente da anterior. Até o fim de 2011, ela vai comandar uma equipe de 250 fiscais treinados para essa finalidade. Em 12 de novembro, foi a vez do Rio de Janeiro receber

uma unidade diferenciada voltada aos maiores pagadores de impostos. A próxima será inaugurada até o final do ano em Belo Horizonte (MG). Nas cidades nas quais não haverá delegacias especiais, serão criados grupos específicos para acompanhar a arrecadação desse contribuintes. Na semana passada, durante a inauguração da delegacia no Rio, o subsecretário de Fiscalização da Receita Federal, Marcos Vinícius Neder – que estará presente em São Paulo hoje, junto com o secretário da Receita, Otacílio Cartaxo – explicou que a missão das novas unidades é identificar eventuais tentativas das empresas de fazer planejamentos tributários abusivos ou ilegais com o intuito de pagar menos impostos. A lupa da Receita se voltará, sobretudo, nas restruturações societárias, incorporações, fusões e cisões.

Sampar Participações S.A. CNPJ/MF nº 07.156.735/0001-58 Demonstrações Financeiras referentes ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2009 e 2008 (Valores expressos em Reais) Balanço Patrimonial Demonstração do Resultado do Exercício 2009 77.704,79 Ativo 2009 2008 Passivo 2009 2008 Receitas Ganho Equivalências Patrimoniais 77.704,79 Disponível – Depósitos Bancários 31.131,01 31.131,01 Patrimônio Líquido 77.704,79 Permanente Capital Social integralizado 2.600.400,00 2.600.400,00 Receita Líquida Operacional 77.704,79 Investim. – Particip. em outras Empresas 8.635.711,10 8.842.310,34 Reservas de Capital 7.833.370,05 7.833.370,05 Lucro Bruto (284.304,03) Total do Ativo 8.666.842,11 8.873.441,35 Reserva de Reavaliação 7.833.370,05 7.833.370,05 Despesas (284.304,03) Lucros ou Prejuízos Acumulados (1.766.927,94) (1.560.328,70) Perdas Equivalências Patrimoniais Notas Explicativas Prejuízo Operacional (206.599,24) Lucros Acumulados 297.996,71 220.291,92 1. Contexto Operacional – A Cia. se insere no seguimento do Holdings Prejuízos Acumulados (206.599,24) (2.064.924,65) (1.780.620,62) Prejuízo antes dos Impostos, Particip. e Contribuições de instituições não-financeiras, focada em investimentos em outras com- Total do Passivo Total do Prejuízo do Período (206.599,24) 8.666.842,11 8.873.441,35 panhias. 2. Sumário das Principais Práticas Contábeis – As demons2009 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido trações financeiras foram elaboradas em obediência aos Princípios de Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Indireto (206.599,24) Res. Reaval. Contabilidade geralmente aceitos. As principais práticas na elaboração das Das Atividades Operacionais (206.599,24) Capital Ativos ConLucros demonstrações financeiras são as seguintes: a) Determinação do resul- Lucro Líquido Ajustado Aumento Líquido de Caixa e Equivalente de Caixa (206.599,24) Realizado troladores Acumulados Total tado: O resultado é apurado em obediência ao regime de competência 31.131,01 Saldos em de exercícios; b) Ativos Circulantes e Realizável a Longo Prazo: A Cia. Caixa e Equivalentes de Caixa no Início do Ano Variação Ocorrida no Período – 31/12/2008 2.600.400,00 – – 2.600.400,00 não teve movimentações relevante no período apresentado. Os demais ati31.131,01 Prej. Líq. do Exerc. – – (206.599,24) (206.599,24) vos circulantes e realizáveis a longo prazo estão demonstrados aos seus Caixa e Equivalentes de Caixa no Final do Ano valores originais, adicionados, quando aplicável, pelos valores de juros e Bebidas Ltda, CNPJ/MF nº 72.459.878/0001-86. 4. Capital – O capital Destinação de Lucro Líquido: Reservas – 7.833.370,05 (1.560.328,70) 6.273.041,35 variações monetárias ou, no caso de despesas pagas antecipadamente, social está representado por 330.000 ações ordinárias, com valor nominal demonstrados pelo valor de custo; c) Ativo permanente: Os investimen- de R$ 7,88 cada. 5. Instrumentos Financeiros – Os instrumentos finan- Saldos em 31/12/2009 2.600.400,00 7.833.370,05 (1.766.927,94) 8.666.842,11 tos permanentes e relevantes em companhias ligadas são avaliados pelo ceiros, ativos e passivos da Cia., em 31/12/2008 e de 2009, estão todos método da equivalência patrimonial. 3. Investimentos – A Cia. apresenta registrados em contas patrimoniais e não apresentam valores de mercado 99,4% de participações nas ações da controlada Refrix Envasadora de diferentes dos oferecidos nas demonstrações financeiras.

Miyazaki Armazéns Gerais Ltda. CNPJ nº 77.257.442/0001-42 – NIRE nº 35.210.007.574 Edital de Convocação Reunião de Sócios Convocamos os Srs sócios da Cia. à comparecer à Reunião de Sócios que se realizará,na R.São Joaquim,439,1º,s/ 13ª,SP/ SP,em 06/12/10, 10 hs.Ordem do Dia:(i)alteração do endereço da sede social;(ii) destituição dos atuais administradores e eleição de novo administrador; (iii) adequação do contrato social às disposições da Lei 10.406/02;e (iv)consolidação do Contrato Social. SP, 25/11/10. Yoshio Miyazaki e José Bráulio Ribeiro Negrão Batista, representante da Larei Particip. Ltda. administradores. 26,27 e 30/11/10

SEAC-SP - Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação no Estado de São Paulo C.N.P.J. nº 62.812.524/0001-34 Assembléia Geral Ordinária - Edital de Convocação Pelo presente edital, ficam os associados quites e em pleno gozo de seus direitos sindicais, convocados para a Assembléia Geral Ordinária, a realizar-se em 1ª Convocação no dia 03 de dezembro de 2010, na sede social situada à Av. República do Líbano, 1.204 - Jd. Paulista-SP, às 17:30 (dezessete e trinta) horas, e 2ª Convocação às 18:00 (dezoito) horas para discussão e deliberação sobre a seguinte Ordem do Dia: Assunto: a) Leitura, Discussão e Votação da Proposta Orçamentária de 2011, com parecer do Conselho Fiscal. São Paulo, 24 de novembro de 2010. Rui Monteiro Marques - Presidente

I taut ec .c om SSer er viç os S.A. - Grupo IItaut taut ec tautec ec.c .com erviç viços tautec CNPJ 52.731.577/0001-77 NIRE 35300154789 ATA SUM ÁRIA D A ASSEMBLEIA GER AL EX TR AORDINÁRIA SUMÁRIA DA GERAL EXTR TRA REALIZAD A EM 3 DE NOVEMBRO DE 2010 REALIZADA DATA, HOR A e LLOC OC AL: Em 3.11.2010, às 11:00 horas, na Rua João Boemer, 254 (parte), em São Paulo HORA OCAL: (SP). MESA: Mário Anseloni Neto - Presidente. Cláudio Vita Filho - Secretário. QUORUM: Acionistas AL DE C ONVOC AÇ ÃO : dispensada a publicação representando a totalidade do capital social. EDIT EDITAL CONVOC ONVOCA AÇÕES TOM AD AS POR de edital, face ao disposto no Artigo 124, § 4º, da Lei 6.404/76. DELIBER DELIBERA OMAD ADAS UNANIMID ADE: Após discussão dos temas abaixo, foi deliberado alterar de 6 (seis) para 8 (oito) o UNANIMIDADE: número de cargos a serem providos no mandato em curso, que vigorará até a posse dos eleitos na Assembleia Geral Ordinária de 2011, sendo o Diretor Presidente e 7 (sete) Diretores VicePresidentes, mediante: a) eleição de SILVIO ROBERTO DIREITO PASSOS e DENISE DUARTE DAMIANI, abaixo qualificados, aos cargos de Diretores Vice-Presidentes; e b) manutenção nos cargos dos demais membros eleitos nas Assembleias Gerais de 30.4, 15.6 e 1º.7.2010, resultando a Diretoria composta pelas pessoas a seguir qualificadas, que atendem aos requisitos previstos nos Artigos 146 TORIA: Dir et e 147 da Lei 6404/76: DIRE DIRET Diret etor Prresiden esidentte: MÁRIO ANSELONI NETO, brasileiro, casado, or P engenheiro, RG-SSP/SP 18.137.526-6, CPF 099.445.508-92, domiciliado em São Paulo (SP), na Av. et or es Vic e -P Paulista, 1.938, 5º andar; Dir Diret etor ores ice -Prresiden esidenttes: CLÁUDIO VITA FILHO, brasileiro, divorciado, engenheiro, RG-SSP/SP 3.751.456, CPF 667.980.518-04, domiciliado em São Paulo (SP), na Av. Paulista, 1.938, 13º andar; DENISE DUARTE DAMIANI, brasileira, casada, matemática, RG-SSP/SP 9.058.883, CPF 032.952.628-61, domiciliada em São Paulo (SP), na Av. Paulista, 1.938, 14º andar; JOÃO BATISTA RIBEIRO, brasileiro, casado, contador, RG-SSP/ES 582.340, CPF 802.836.087-49, domiciliado em São Paulo (SP), na Av. Paulista, 1.938, 5º andar; JOSÉ ROBERTO FERRAZ DE CAMPOS, brasileiro, casado, engenheiro, RG-SSP/SP 8.399.073-2, CPF 310.134.146-91, domiciliado em São Paulo (SP), na Av. Paulista, 1.938, 14º andar; RICARDO HORÁCIO BLOJ, brasileiro, casado, engenheiro, RG-SSP/SP 7.542.119, CPF 088.503.398-10, domiciliado em Jundiaí (SP), na Rua Wilhelm Winter, 301, Distrito Industrial; SILVIO ROBERTO DIREITO PASSOS, brasileiro, casado, administrador de empresas, RG-SSP/BA 11.474.738-54, CPF 428.217.031-04, domiciliado em São Paulo (SP), na Rua João Boemer, 254 (parte); e WILTON RUAS DA SILVA, brasileiro, casado, engenheiro, RG-SSP/SP 14.315.924, CPF 038.443.878-46, domiciliado em São Paulo (SP), na Av. Paulista, 1.938, 17º andar. ENCERR AMENT O : Nada mais havendo a tratar e ninguém desejando manifestar-se, encerraram-se ENCERRA MENTO os trabalhos, lavrando-se esta ata que, lida e aprovada, foi por todos assinada. São Paulo (SP), 3 de novembro de 2010. (aa) Mário Anseloni Neto - Presidente; Cláudio Vita Filho - Secretário. A presente é cópia fiel da original lavrada em livro próprio. Secretaria da Fazenda - Junta Comercial do Estado de São Paulo - Certifico o registro sob nº 415.283/10-3, em 22.11.2010 (a) Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária Geral.

Paulo Roberto Schincariol Diretor

Evandro Morales Ronchi Contador – CT/CRC 1SP 219.796/O-3

Companhia Agrícola Usina Jacarezinho CNPJ/MF nº 61.231.478/0001-17 - NIRE 35.300.011.350 Assembleia Geral Extraordinária - Edital de Cancelamento e Convocação Ficam os senhores acionistas da Companhia Agrícola Usina Jacarezinho (“Companhia”) avisados sobre o cancelamento da Assembleia Geral Extraordinária originalmente convocada para o dia 29 de novembro de 2010, às 10:30 horas, no prédio da sede social da Companhia, e cujo respectivo edital de convocação foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo e no Diário do Comércio, nos dias 20, 23 e 24 de novembro de 2010. Ficam, contudo, os senhores acionistas da Companhia devidamente convocados a participarem, em primeira convocação, da Assembleia Geral Extraordinária que se realizará no dia 03 de dezembro de 2010, às 11:00 horas, no prédio da sede da Companhia, localizada no Município de São Paulo, Estado de São Paulo, na Rua São Bento, nº 329, no 12º andar, Centro, CEP 01011-902, a fim de deliberarem sobre (i) a 1ª emissão pública pela Companhia de até 112 (cento e doze) debêntures simples, não conversíveis em ações, em série única, da espécie subordinada aos demais credores da emissora, com garantia fidejussória, com condição suspensiva para posterior convolação à espécie com garantia real, todas com valor nominal unitário de R$1.000.000,00 (um milhão de reais), para distribuição pública com esforços restritos de colocação, perfazendo, assim, o valor total de até R$112.000.000,00 (cento e doze milhões de reais) (“Emissão”); e (ii) aprovação da prática pela Diretoria de todos os atos necessários à efetivação da Emissão. Informações Gerais: Em conformidade com o artigo 135, parágrafo 3º, da Lei nº 6.404/76, encontram-se à disposição dos acionistas, na sede social da Companhia, todos os documentos e informações necessários à deliberação (25, 26 e 27) das matérias previstas na ordem do dia. São Paulo, 24 de novembro de 2010. A Diretoria.

I taut ec LLocação ocação e C omér cio de tautec Comér omércio Equipamen taut ec quipamenttos S.A. - Grupo IItaut tautec CNPJ 62.209.820/0001-45 NIRE 35300147731 ATA SUM ÁRIA D A ASSEMBLEIA GER AL EX TR AORDINÁRIA SUMÁRIA DA GERAL EXTR TRA REALIZAD A EM 3 DE NOVEMBRO DE 2010 REALIZADA DATA, HOR A E LLOC OC AL: Em 3.11.2010, às 9:00 horas, na Av. Paulista, 2.028, 1º andar, sala 1, em São Paulo HORA OCAL: (SP). MESA: Mário Anseloni Neto - Presidente. Cláudio Vita Filho - Secretário. QUORUM: Acionista AL DE C ONVOC AÇÃO: dispensada a publicação de representando a totalidade do capital social. EDIT EDITAL CONVOC ONVOCA AD AS: Após AÇÕES TOM OMAD ADAS: edital, face ao disposto no Artigo 124, § 4º, da Lei 6.404/76. DELIBER DELIBERA discussão dos temas abaixo, deliberou-se elevar de 6 (seis) para 8 (oito) o número de cargos providos na Diretoria no mandato em curso, que vigorará até a posse dos que vierem a ser eleitos na Assembleia Geral Ordinária de 2011, sendo o Diretor Presidente e 7 (sete) Diretores Vice-Presidentes, mediante: a) eleição de SILVIO ROBERTO DIREITO PASSOS e DENISE DUARTE DAMIANI, abaixo qualificados, aos cargos de Diretores Vice-Presidentes; e b) manutenção nos cargos dos demais membros eleitos nas Assembleias Gerais de 30.4, 15.6 e 1º.7.2010, resultando a Diretoria composta pelas pessoas a seguir qualificadas, que atendem aos requisitos previstos nos Artigos 146 e 147 da Lei TORIA et or P 6404/76: DIRE DIRET ORIA:: Dir Diret etor Prresiden esidentte: MÁRIO ANSELONI NETO, brasileiro, casado, engenheiro, RGSSP/SP 18.137.526-6, CPF 099.445.508-92, domiciliado em São Paulo (SP), na Av. Paulista, 1.938, 5º et or e -P andar; Dir Diret etor ores ice -Prresiden esidenttes es:: CLÁUDIO VITA FILHO, brasileiro, divorciado, engenheiro, RG-SSP/ es Vic SP 3.751.456, CPF 667.980.518-04, domiciliado em São Paulo (SP), na Av. Paulista, 1.938, 13º andar; DENISE DUARTE DAMIANI, brasileira, casada, matemática, RG-SSP/SP 9.058.883, CPF 032.952.628-61, domiciliada em São Paulo (SP), na Av. Paulista, 1.938, 14º andar; JOÃO BATISTA RIBEIRO, brasileiro, casado, contador, RG-SSP/ES 582.340, CPF 802.836.087-49, domiciliado em São Paulo (SP), na Av. Paulista, 1.938, 5º andar; JOSÉ ROBERTO FERRAZ DE CAMPOS, brasileiro, casado, engenheiro, RG-SSP/ SP 8.399.073-2, CPF 310.134.146-91, domiciliado em São Paulo (SP), na Av. Paulista, 1.938, 14º andar; RICARDO HORÁCIO BLOJ, brasileiro, casado, engenheiro, RG-SSP/SP 7.542.119, CPF 088.503.398-10, domiciliado em Jundiaí (SP), na Rua Wilhelm Winter, 301, Distrito Industrial; SILVIO ROBERTO DIREITO PASSOS, brasileiro, casado, administrador de empresas, RG-SSP/BA 11.474.738-54, CPF 428.217.03104, domiciliado em São Paulo (SP), na Rua João Boemer, 254 (parte); e WILTON RUAS DA SILVA, brasileiro, casado, engenheiro, RG-SSP/SP 14.315.924, CPF 038.443.878-46, domiciliado em São Paulo AMENT O : Nada mais havendo a tratar e ninguém (SP), na Av. Paulista, 1.938, 17º andar. ENCERR ENCERRA MENTO desejando manifestar-se, encerraram-se os trabalhos, lavrando-se esta ata que, lida e aprovada, foi por todos assinada. São Paulo (SP), 3 de novembro de 2010. (aa) Mário Anseloni Neto - Presidente; Cláudio Vita Filho - Secretário. A presente é cópia fiel da original lavrada em livro próprio. Secretaria da Fazenda - Junta Comercial do Estado de São Paulo - Certifico o registro sob nº 415.282/10-0, em 22.11.2010 (a) Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária Geral.


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Que linha a presidente Dilma seguirá, sem a influência do presidente Lula? Participante da reunião de conjuntura da ACSP

conomia Fotos: Patrícia Cruz/LUZ

Consumidores aderiram em massa ao evento que possibilita contato direto do devedor com o credor. E as empresas também estão conseguindo bom retorno.

Zerar dívidas e limpar nome, sucesso de público. O evento "Acertando suas contas", promovido pelo SCPC, recebe milhares de pessoas no Pateo do Collegio Rejane Tamoto

O

Robson ficou aliviado depois de negociar o débito

Fatura do cartão tem novo prazo

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liviado. É assim que o pedreiro autônomo Robson Lopes Correa, de 45 anos, se sentiu na tarde de ontem, após firmar um acordo com a área de cartões de crédito do Itaú Unibanco, durante o evento Acertando suas Contas, no Pateo do Collegio. Correa deixou de pagar a fatura do cartão de crédito em setembro deste ano porque, segundo ele, não conseguiu fechar orçamentos para reformar casas e apartamentos. "Eu nunca tive o meu nome protestado. Minha dívida era de cerca de R$ 200 e, por causa dos juros, foi a R$ 433", afirma. No evento, o pedreiro decidiu que vai pagar o débito que, com desconto, ficou em R$ 381, até o dia 20 de dezembro. "Gostei do prazo porque, até lá, terei retorno dos orçamentos de obras que passei", calcula. (RT)

encontro entre empresas dispostas a negociar prazos e descontos em débitos em aberto e consumidores interessados em quitar dívidas e regularizar sua situação de crédito resultou em um sucesso de público no três primeiros dias do evento Acertando suas Contas, promovido pelo Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), em parceria com as empresas Casas Bahia, Credicard Citi, Itaú Unibanco, NET, Pernambucanas e Vivo. O estande, que começou a funcionar no início da semana no Pateo do Collegio, centro da capital, recebeu 11 mil visitantes até quarta-feira e superou a expectativa dos organizadores, que era de 2 mil pessoas por dia. No espaço, as empresas participantes negociam o pagamento de dívidas com os clientes, pessoalmente, e oferecem descontos e prazos diferenciados de pagamento. O estande fica aberto até amanhã, das 8h30 às 20h. Na tarde de ontem, o movimento de consumidores que queriam consultar o nome no SCPC era intenso na entrada do estande. Nos três primeiros dias de evento, mais de 5 mil pessoas fizeram a consulta, interessadas em regularizar a situação de suas contas. No mesmo local, o consumidor pode negociar diretamente com a empresa, caso ela participe da campanha. Em três dias, Casas Bahia, Credicard Citi, Itaú Unibanco, NET, Pernambucanas e Vivo negociaram débitos com quase 4 mil consumidores. Só a NET atendeu cerca de 200 clientes interessados em quitar as dívidas. No espaço da Credicard Citi, que participa do evento pela primeira vez, foram firmados entre 40 e 50 acordos de pagamento de dívidas por dia, ou seja, quase 100% do total de pessoas que consultaram as condições da empresa. "O número de negociações está acima das expectativas. Antes do evento, não conse-

Negociação olho no olho gera mais acordos

guíamos negociar com muitos dos clientes que estiveram lá. A negociação cara a cara é mais tranquila e gera mais confiança. Este é o sentimento que realmente vale a pena", diz o superintendente de risco responsável pela estratégia de cobrança da Credicard Citi, Ricardo Kaoru. Segundo a gerente da Unidade de Negócios Pessoa Jurídica (UNPJ) do SCPC, Maria José Barros, o sucesso do evento estimulou a participação de outras grandes empresas. "Ao longo desta semana, Carrefour Cartões, Marisa, Riachuelo e Santander-Real aderiram à campanha", diz. De acordo com Maria José, as companhias estão oferecendo facilidades de prazos e descontos especiais na negociação de dívidas. Os telefones das empresas constam no site do Movimento de Apoio ao Consumidor (MAC), no endereço ww w. ap o io ao co ns um idor.com.br. "Acredito que, no ano que vem, teremos uma adesão ainda maior no número de empresas", afirma a gerente.

S ERVIÇO Acertando suas Contas até 27/11, das 8h30 às 20h Pateo do Collegio

Osmar conseguiu desconto de 30% na conta

Conta do celular fica em dia

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m dos consumidores que saiu feliz do estande do evento Acertando as Contas foi o autônomo Osmar Galeano, de 52 anos. Ele obteve um desconto de 30% em uma conta telefônica da operadora Vivo. "Fiquei mais de dois anos sem pagar a conta por causa de problemas de saúde, entre eles, um acidente vascular cerebral (AVC)." O autônomo diz que sofre também de paralisia cerebral e recebe um auxílio no valor de R$ 510 do governo federal. No espaço de atendimento da Vivo, Galeano conseguiu reduzir a dívida de R$ 229 para R$ 165 e diz que fará o pagamento em duas parcelas. "Estou contente com a operadora, mas agora vou usar o pré-pago para evitar novas dívidas." (RT)

Dados anuais de conjuntura são positivos Sergio Leopoldo Rodrigues mestre, apesar do avanço das param de crescer, estimuladas produção. "Mas há uma incon- empurrando o problema da in- portações, fechará o ano com

A

s vendas do varejo avançam para fechar 2010 acima das expectativas iniciais de 10%, ultrapassando os 12%. Resumindo: os dados macroeconômicos do Brasil vão bem; a massa salarial, o nível de emprego formal e a oferta de crédito estão crescendo, combinados com inadimplência estável, em 4%. Ajudam os preços das commodities agrícolas, em elevação no exterior, e a produção industrial brasileira tomando novo impulso no último tri-

importações. Esse quadro mostra momento econômico positivo para o ano, projetado para continuar em 2011, se não fossem três variáveis que geram dúvidas quanto ao futuro, apresentadas ontem, durante a reunião de Avaliação de Conjuntura, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Os participantes são líderes empresariais de todos os setores, professores e economistas. A primeira preocupação é o sinal amarelo aceso pelo desequilíbrio das contas externas, causado pelas importações que não

pelo real valorizado. A segunda é o recrudescimento da inflação puxada não apenas pelos preços dos alimentos, mas também pela demanda de bens duráveis em geral, cuja produção industrial nacional perde a corrida diante das importações. Finalmente, o componente político. Para os empresários, o avanço da inflação só poderá ser contido com cortes de gastos do governo que, segundo eles, permitiria reduzir juros, enxugar a dívida pública interna, conter a valorização do real e garantir investimentos na

sistência política", argumentou um analista econômico, "entre o que o futuro governo (da presidente Dilma Rousseff, do PT) diz que quer fazer e o currículo da equipe econômica (já anunciada), além dos componentes da base de apoio no Congresso Nacional, que não são de cortar gastos". Também foi consenso na reunião que se o previsto ajuste fiscal não vier pelo corte de gastos públicos, virá pelo aumento de impostos. "Já vimos esse filme", disse um grande varejista, para quem o governo estaria

flação com a barriga. "Aos poucos vai se aceitando, cada vez mais, um pouco além da meta (4,5%) até perder o controle", ponderou um economista. E todo o quadro deixa uma dúvida no ar, resumiu outro economista: "Que linha a presidente Dilma seguirá, sem a influência do presidente Lula?". No levantamento setorial, o setor de embalagens deve crescer até 7% em volume; o da indústria farmacêutica, 10%; roupas masculinas, de 15% a 16% e até a indústria têxtil nacional, mesmo prejudicada pelas im-

640 mil empregos a mais. As vendas de móveis, estofados e colchões avançaram 20% em novembro ante outubro. O setor de imóveis vai bem, sobretudo nas vendas de casas populares e no segmento das classes A e B e "triplo A", em São Paulo. O setor gráfico deve fechar o ano com crescimento superior a 20%; o de material de construção "bombando"; roupas populares acima dos 14% e cartões de crédito 11% a mais na emissão do "plástico", 17% a mais nas transações e 23% a mais no faturamento.


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Nº 344

DCARR

A Amoritz GT já está produzindo em São Paulo e pretende apresentar, a partir de 2011, o superesportivo DoniRosset, equipado com o mesmo motor do Dodge Viper. O V10 de 8,4 litros despejará 1.007 cv de potência. O modelo deverá custar mais de R$ 2 milhões.

LANÇAMENTO Divulgação

ANDERSON CAVALCANTE

Modernidade e E bravura italianas Fiat lança novo hatcback médio que substituirá o Stilo no Brasil. Modelo custará a partir de R$ 55.200.

As versões Essence e Absolute terão motor 1.8 E-torQ, enquanto a T-Jet será equipada com 1.4 turbo

ste bravo carro promete dar uma boa mexida no segmento de hatchs médios. A frente tem linhas que lembram o Punto, característica ressaltada pelos belos, mas já conhecidos faróis, a traseira também não apresenta traços absolutamente novos, mas o Fiat Bravo, produzido na fábrica de Betim, em Minas Gerais, tem em seu conjunto um design moderno e elegante. O modelo é sucesso na Europa, onde começou a ser comercializado em 2007 e deve agradar aos consumidores brasileiros por ser um carro confortável e espaçoso. Além da esportividade do modelo, os ocupantes do carro desfrutam de mais espaço que no Stilo, seja para pernas ou no porta-malas, que tem capacidade para 400 litros. Para o motorista, nada de dificuldades para encontrar a posição ideal para dirigi-lo. O interior tem um aspecto esportivo e agradável, sem exageros. A ótima gama de equipamentos está bem distribuída, e tudo que é necessário fica "à mão". A boa visibilidade também agrada. Equipamentos - Todas as versões trazem o gancho universal Isofix, para fixação de cadeira infantil. A versão Essence inclui, de série, air bag duplo, arcondicionado manual, direção elétrica, roda em liga leve 16", faróis de neblina, freios a disco nas quatro rodas, piloto automático, CD Player/MP3, retrovisores externos elétricos, vidros com sistema one touch e antiesmagamento, volante com regulagem de altura e profundidade, tampa do reservatório de combustível com abertura elé-

trica e banco do motorista com regulagem de altura. Ele ainda pode ser acrescido do câmbio automatizado Dualogic. A versão Absolute traz, além dos equipamentos da Essence, ar-condicionado automático, freios ABS, sensor traseiro de estacionamento, volante em couro com comandos do rádio, apoia-braço dianteiro com vão refrigerado, rodas de liga leve 17", tapetes em carpete com bordado Absolute, acabamentos exclusivos, também podendo trazer o câmbio Dualogic e comando do câmbio no volante. Estas duas v e r s õ e s , E ssence e Absolute, são equipadas com o motor E.torQ 1.8 16V de 130 cv de potência (a 5.250 rpm) com gasolina e 132 cv, na mesma rotação, com etanol. O torque máximo é atingido a 4.500 rotações e é de 18,4 kgfm com gasolina e 18,9 kgfm com etanol, mas, segundo a Fiat, a 2.500 rpm, o motor já produz 93% de seu torque. A versão esportiva T-Jet vem com o compacto motor turbo a gasolina 1.4 16V T-Jet que gera 152 cv de potência e 21,1 kgfm

de torque a 2.250 rpm e tem acoplado um câmbio manual de 6 marchas. Ela será comercializada, de série, com todos os equipamentos presentes na versão Absolute, ESP (sistema de controle de estabilidade) + Hill Holder, rodas de liga leve 17", faróis dianteiros escurecidos, saída da descarga dupla cromada, freio de mão e pomo da alavanca do câmbio em couro com costuras vermelhas, pedaleira esportiva, spoiler, minissaia, além de diversos detalhes de acabamento que diferenciam a versão. O T-Jet traz ainda uma tecla chamada OVB (Overbooster) localizada no painel e que, além de deixar a direção elétrica mais firme, torna a curva de pedal do acelerador mais agressiva e aumenta a sobrepressão n o m o t o r, g e r a n d o u m ganho de torque entre 2.000 rpm e 4.000 rpm. Enquanto as outras versões estarão disponíveis a partir do início de dezembro, a T-Jet chegará ao mercado apenas no primeiro trimestre de 2011. Os preços do novo hacth variam entre R$ 55.200 a R$ 67.700

SEDAN HÍBRIDO

EDIÇÃO ESPECIAL

MAIS URBANO E ESPORTIVO

LUXO VERDE NO BRASIL Ford Fusion chega oficialmente ao País em sua versão híbrida

Renault lança edição especial do Sandero por R$ 42.590

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linha Sandero ganhou mais uma personalização. Por enquanto é uma edição especial, mas dependendo da aceitação do consumidor pode se tornar uma nova versão ilimitada. Os mais desavisados podem s e p e r g u n t a r s e o S a n d e r o S t e p w ay já não cumpre bem este papel junto ao público jovem, mas a diferença entre eles é grande: enquanto um busca agradar as "tribos aventureiras" com seu visual off-road, o Sandero GT Line tem como ambição atingir as "tribos urbanas" com um visual mais esportivo e arrojado. O Sandero GT Line vem equipado com o motor 1.6 16V Hi-Flex, com 112 cv de potência, quando abastecido com álcool, e 107 cv com gasolina (5.750 rpm), enquanto o torque chega a 15,5 kgfm (álcool) e 15,1 kgfm (gasolina), a 3.750 rpm. Estes números garantem ao compacto bastante agilidade no trânsito e retomadas e ultrapassagens seguras nas estradas. Mas é esteticamente que o modelo chama atenção, por dentro e por fora. Os faróis vêm com máscara negra e os de neblina possuem moldura preta, a grade frontal ganhou a inscrição "GT Line" e nas laterais foram aplicados adesivos esportivos. Outro item externo de destaque são as rodas pretas 15" em liga leve. Na traseira, um aerofólio na cor preto brilhante, juntamente com lanternas escurecidas e com uma ponteira de escapamento cromada, aumenta o apelo jovial do modelo. A série está sendo comercializada em branco, vermelho, prata e preto. No interior predominam tons escuros, mas que são destacados por detalhes cromados e em tons de prata, além do vermelho, presente nas costuras do assento e nos cintos de segurança, dando ao habitáculo um ar de esportividade. A edição sai de fábrica com air bags para motorista e passageiro, ar-condicionado, direção hidráulica e travas e vidros dianteiros elétricos. O GT Line conta ainda com alarme perimétrico, alarme sonoro de advertência de luzes acesas, faróis de neblina, computador de bordo e CD Player/MP3 com comando satélite na coluna de direção. O único equipamento oferecido como opcional é o sistema de freios ABS, com preço sugerido de R$ 1.000.

E Com motor 1.6 16V Hiflex de112 cv, o Sandero GT Line oferece visual arrojado

cológico e econômico, o Ford Fusion Hybrid é o segundo carro híbrido a ser lançado por aqui. Antes dele, apenas o Mercedes-Benz S400 Hybrid desembarcou no País. Mas já vivermos a expectativa de ganharmos outros. A BMW Série 7 deve chegar no início do próximo ano. E o Brasil produzirá modelos flex híbridos: a Honda poderá ser a pioneira com o Fit ou com o City. O Fusion Hybrid combina um propulsor a gasolina 2.5 litros com um motor elétrico e será comercializado por R$ 133.900. O valor parece distante se comparado com o Fusion tradicional 2.5 litros que custa a partir de R$ 82.160, mas nem tanto perto dos R$ 103.360 do V6 3.0 litros que tem um pacote de equipamentos próximo ao do híbrido. Combinados, os motores a combustão e o elétrico geram até 193 cv - o Fusion convencional alcança 173 cv -, com uma aceleração de 0 a 100 km em 9,1 segundos. O Fusion Hybrid possui uma bateria de níquel metal, instalada atrás do banco traseiro e com garantia de fábrica de até oito anos. O motor elétrico entra em ação nas situações de anda e para, ou em velocidades inferiores a 75 km/h, enquanto em velocidades maiores ou quando a bateria necessita ser recarregada automaticamente, o motor a combustão entra em operação. Enquanto isso, o sistema de freios regenerativo recupera até 94% da energia que normalmente seria perdida por atrito e recarrega a bateria. Segundo a Ford, o modelo faz 16,4 km com um litro de gasolina, na cidade, e 18,4 km/l na estrada. Seu consumo mé-

dio é praticamente o mesmo que um carro popular 1.0 básico, sem direção hidráulica e ar-condicionado. Comparado ao convencional a versão é cerca de 52% mais econômica. De série - O Fusion Hybrid 2011 é disponível em versão única com transmissão automática continuamente variável, freios ABS com EBD, controle de tração, sete air bags, teto solar elétrico, acendimento automático dos faróis, controle eletrônico de estabilidade, direção elétrica, retrovisores elétricos e com luz de aproximação, piloto automático, sistema multimídia com CD Player/MP3, 12 alto-falantes, DVD Player, entrada USB e para iPod, conexão Bluetooth, comandos de voz e jukebox com 10GB de memória. Vem ainda com sensor de pressão dos pneus, banco do motorista com 10 ajustes elétricos, sistema de monitoramento de pontos cegos e tráfego cruzado, câmera de ré e sensor de chuva. Toda a linha Fusion 2011 conta agora com quatro novas cores: Prata Dublin, Azul Montecarlo, Azul Dijon e Vermelho Bordeaux.


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SAPATOS À MOSTRA Entre os museus locais, o exótico Bata Shoe Museum exibe calçados de todas as épocas – do pré-histórico Ötzi às Spice Girls (foto)

urismo

TORONTO: METRÓPOLE MODELO. Com 10 milhões de habitantes, a cidade canadense mantém baixos índices de criminalidade, práticas ambientalmente corretas, ruas limpas e nada de estresse Divulgação

Luiz Octavio de Lima

uma Little Italy e grandes fluxos de imigrantes africanos e latino-americanos. De temperaturas extremas, que vão dos menos de 20ºC abaixo de zero no inverno a 40ºC no verão, Toronto conhece bem a importância do equilíbrio climático e tem na questão ecológica uma de suas maiores preocupações. Mesmo quando se trata de consumo: sacolas de compras são um artigo de luxo, pago à parte. E mesmo nos cinco-estrelas, a água das torneiras e chuveiros corre a uma velocidade mais baixa para não haver desperdício. Observada pela CN Tower, a 553 metros, a cidade é o carro-chefe de um país que acaba de atingir o topo do ranking das marcas turísticas mais respeitadas do mundo, quando há seis anos ocupava a 12ª posição. Do emaranhado de edifícios em aço e vidro da região central aos casarios oitocentistas de distritos como Queen West e York, vale a pena percorrer todos os cantos de Toronto, experimentando seus sabores, eventos e endereços comerciais.

U

ma metrópole com população em torno 10 milhões de habitantes, coração econômico-financeiro de seu país, cheia de arranha-céus, congestionamentos no começo e no final do dia, onde convivem pessoas das mais diferentes origens... Nova York? São Paulo? Cidade do México? As semelhanças entre a canadense Toronto e outros centros globais são muitas, realmente. Mas seus baixíssimos índices de criminalidade – dos menores das Américas –, práticas ambientalmente corretas, ruas impecavelmente limpas, nenhum sinal de estresse e uma permanente atitude de gentileza por parte de seus habitantes são características que a tornam única entre as megacidades – e talvez a mais preparada para os desafios do século XXI. Os guias turísticos gostam de lembrar que o nome Toronto significa “lugar de encontro” na língua da civilização nativa Huron, o que sugere a vocação multicultural da cidade desde as origens. De fato, ela atrai as mais diversas comunidades, contando com nada menos que cinco bairros chineses, um distrito português,

Diante do Lago Ontário, skyline da cidade que tem na questão ecológica uma grande preocupação.

Viagem a convite do Turismo de Toronto e da Air Canada

BADALAÇÃO CULTURAL

Fotos: Luiz Octavio de Lima

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oucos aspectos são mais marcantes em Toronto que sua vibrante vida cultural. O cinema, o teatro, as artes plásticas, museus, shows e uma vida noturna que reverbera até nos lugares mais afastados representam um apelo constante aos sentidos de moradores e visitantes. Projetada pelo célebre arquiteto local Frank Gehry (do Guggenheim de Bilbao), a Galeria de Arte de Ontário (AGO) é uma moderna edificação com o uso de madeira de reflorestamento e vidro em pleno Ertertainment District. No momento, além do acervo permanente de obras renascentistas e impressionistas, ela exibe uma retrospectiva do cineasta e pintor Julian Schnabel e obras do escultor britânico Henry Moore. No prédio está o restaurante Frank, com destaque para os frutos do mar. Ainda mais arrojada é a edificação do Royal Ontario Museum (ROM), de cuja construção original de 1914, com ar vitoriano, brota o anexo Cristal, de formas pontiagudas e irregulares. O forte de seu acervo é a arqueologia e a história natural. Em 2010 exibe os famosos guerreiros de terracota descobertos na China nos anos 70. Também moderno, porém mais exótico, é o Bata Shoe Museum, que expõe sapatos de todas as épocas, do Ötzi, o homem pré-histórico dos Alpes, ao rei Henrique VIII, às Spice Girls. Já o Museu de Arte Canadense Contemporânea (Mocca) mostra atualmente a instigante Scenes from the House Dream, do artista David Hoffos, em que o visitante percorre galerias escuras e se defronta

com maquetes projetadas em espelhos, combinadas a hologramas e efeitos de 3D. Cinema – A mais nova aquisição cultural da cidade, porém, é o Tiff Bell Lightbox , um complexo voltado para o cinema, recém-erguido pelo governo e empresas privadas por 140 milhões CAD. Com seis salas de projeção, espaço para aulas, área de exposições, loja de livros e souvenirs de cinema, café, um enorme bar e um restaurante com vista para a cidade, o Tiff vai sediar os próximos festivais de cinema de Toronto e tem nas escadas rolantes coloridas a sua versão high tech do tapete vermelho. Os desenhos, maquetes e esculturas do cineasta Tim Burton que há pouco ocuparam o MoMa de Nova York acabam de chegar para uma temporada lá. O cinema, aliás, é um atrativo cada vez maior para a cidade, utilizada como locação para filmes e séries de TV. A 15 minutos do centro, fica o castelo Casa Loma, que serviu de cenário para Chicago e X-Men, entre outros. Sonho do industrial

AGO (fotos acima) é do arquiteto Frank Gehry. Drake (acima, no meio), um hotel-galeria.

Novo Tiff (no topo) e o ROM (acima e à dir.), de história natural.

Henry Pellatt, erguido na dé- na. Títulos de sucesso como cada de 1910, foi transformado Billy Elliot, Rock of Ages, Score e em hotel após a falência de seu South Pacific ocupam as mardono, em 1927, e hoje também quises. E acaba de estrear, ané alugado para casamento. tes de chegar à Broadway, a Preferido dos artistas de versão para o palco do filme Hollywood em passagem por Priscila, a Rainha do Deserto. To r o n t o , o Música – bairro de Em música Yorkville, com erudita, há seus ares vitoofertas de sorianos, foi rebra, sejam no duto de hipRoyal Conserpies nos idos vator y/Koerde 1969, mas ner Hall, no hoje suas ca- Casa Loma: cenário de 'X-Men'. Roy Thomson sas e apartaHall, na Grand mentos chegam a valer 15 mi- Opera House ou em muitas lhões CAD. outras salas de concerto. Na King Street, a rua dos teaQuem quiser conhecer as batros, musicais dominam a ce- ladas canadenses, não terá do

que reclamar. Além de casas noturnas como The Mod (722 College St W) e The Guvernment ON (132 Queens Quay E) e Lee's Palace (529 Bloor St. W), antigos hotéis como o Drake, em Queen Street West, promovem festas com DJs. O Drake e seu vizinho Gladstone são alguns dos estabelecimentos da área boêmia que funcionam também como galerias para artistas emergentes. Alguns utilizam os quartos e corredores como murais para divulgar seu trabalho. O mesmo é permitido em restaurantes como o Union (72 Ossington Avenue), que é um dos raros no perímetro a abrir também durante o dia. (LOL)

CONSUMO, COMÉRCIO

O

marketing verde é a forma mais eficaz de promover produtos no Canadá. Mercados como Whole Foods, que vende tudo natural, ganham cada vez mais consumidores. Os cardápios dos restaurantes assinalam os alimentos ou bebidas produzidos sob preceitos orgânicos e renováveis, como peixes em criadouros. E a cadeia de lojas mais badalada é a Roots, que só tem peças de vestuário “verdes”, com material orgânico ou reciclado. Toronto abriga verdadeiras avenidas no subsolo que se conectam a linhas de metrô, lojas e praças de alimentação. O shopping Eaton Centre dá acesso a esses espaços e tem 230 lo-

jas com grifes internacionais, além de âncoras como Sears. Nos grandes centros comerciais, não há limites para a criatividade dos lojistas. Pet shops como Safari montam uma ambientação de zoológico desde a entrada, onde há até roletas. Em outlets como Vaughan Mills, além dos preços mais baixos, as promoções variam de 25 a 40% do valor da etiqueta.

O comércio alternativo não é necessariamente o mais barato. No bairro de Queen Street West, a boutique Comrags expõe roupas de criação própria, com preços a partir de 350 CAD. A Red Tea Box produz bolos à vontade do cliente: já fez até um no formato de mala Vuitton. Para compras ao ar livre, a pedida é a Bloor Street, com lojas Cartier, Prada, Aldo e as canadenses Winners e XXI Century. Pechinchas são em Chinatown ou nos brechós de Kensington. Delicatessen como a Cheese Boutique (45 Ripley Ave), da família ítalo-albanesa Pristine, oferecem degustações de confeitaria e queijos europeus. Vale

Shopping Eaton Centre: grifes e acesso às vias subterrâneas.

ainda conhecer mercados como o St. Lawrence ou as lojas LBCO, que vendem os ice wines, vinhos de uvas colhidas a 10º. Restaurantes – Toronto dispõe do melhor em gastronomia. Na King St. dos teatros estão o Kit Kat, de cardápio italiano saboro

so, e o N’Awlin, pub e clube de jazz. Assim como Luma, no Tiff Lighthbox. No centro antigo, a Destilaria conta com o Pure Spirits Oyster House, onde há ótimas opções de peixes e aves, além das cervejas Mill St., produzidas no prédio ao lado.(LOL)

RAIO X

CANADÁ Toronto

COMO CHEGAR Pela Air Canada (tel. 11/ 3254-6630), São Paulo-Toronto-São Paulo custa a partir de 1.575 CAD. ONDE DORMIR Marriott Downtown Eaton Centre: 525 Bay Street, Toronto, tel. (1416) 597-9200, www.marriott.com. Diárias a partir de 289 CAD. Hyatt Regency Toronto on King: 370 King St. W, tel. (1416) 343-1234, torontoregency.hyatt.com. Diárias a partir de 159 CAD. Drake Hotel: 1150 Queen St. W, tel. (1416) 531-5042, www.thedrakehotel.ca. Hotel boutique. Diárias a partir de 150 CAD. FAÇA AS MALAS Visto: é necessário para brasileiros. Informações sobre taxas e documentos no site do Consulado Geral do Canadá (www.canadainternational.gc.ca/brazilbresil/visas/temporarytemporaire.aspx?lang=por). O Consulado exige que o processo seja feito por um profissional, para evitar filas na hora de solicitar o visto. Uma das empresas recomendadas é a Canadá Viagens e Turismo (www.canadaturismo.com.br), tel. (19) 3869-3300. O trâmite pode levar mais de sete dias úteis. Moeda: dólar canadense (CAD). US$ 1 vale 1,02 CAD. Fuso: duas horas a menos em relação a Brasília.

Mais informações e galeria de fotos no www.dcomercio.com.br


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Precisamos de algumas cultura ilusões para nos manter funcionando. E as pessoas que conseguem se iludir parecem ser mais felizes do que aquelas que não se iludem.

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Woody Allen, em entrevista para Dave Itzkoff/The New York Times) Fotos: Paris Filmes/Divulgação

A crédula Helena (Gemma Jones) e o "homem dos sonhos", Jonathan (Roger AshtonGriffiths). Ironias de Allen.

Invente a sua realidade E embarque nela: esta é a solução do cético Woody Allen para que a vida valha a pena. Lúcia Helena de Camargo

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ocê Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos, novo filme de Woody Allen, estreia nesta sexta (26) no Brasil. Lançado nos Estados Unidos em 22 de setembro e na Europa um pouco antes, chega aqui mais rapidamente do que os trabalhos anteriores do diretor, que já demoraram quase um ano para entrar nas salas nacionais. Outra boa notícia para os fãs é que desta vez 70 salas exibirão o longa-metragem, número superior às costumeiras cerca de duas dúzias. "Estam o s p ro c u ra n d o trazer antes os filmes de Allen", declarou a distribuidora Paris Filmes, por intermédio de sua assessoria de imprensa. C o m o é t r a d ição, Woody Allen escreveu o roteiro e dirige. Sua marca fica registrada em c a d a fo to g ra m a , em cada um dos afiados diálogos. A trama traça um panorama das diferentes modalidades de ilusões necessárias à manutenção da sanidade. Se a existência estaciona em um estado terrivelmente enfadonho, é hora de buscar mecanismos para convencer-se de que ainda vale a pena continuar levantando da cama de manhã. Uma das fontes de inspiração é William Shakespeare. O narrador cita o célebre trecho da tragédia Macbeth: "A vida é uma história escrita por um idiota, cheia de som e fúria, sem qualquer significado". Enquanto em Tudo Pode Dar Certo Allen sugere uma nesga de esperança na boa índole da humanidade, agora parece concluir que a única saída possível para dar alento à alma é que cada um crie para si uma realidade inventada.

A vida é uma história escrita por um idiota, cheia de som e fúria, sem qualquer significado.

William Shakespeare

O filme exibe a trajetória de dois casais, Alfie (Anthony Hopkins) e Helena (Gemma Jones) e sua filha Sally (Naomi Watts), casada com Roy (Josh Brolin), além de envolver outras mulheres e homens. Foi rodado em Londres, assim como Match Point - Ponto Final; Scoop e O Sonho de Cassandra. Boa parte do financiamento veio da Espanha, mesma fonte de renda de Vicky Cristina Barcelona. A ironia começa pelo título, que no original é You Will Meet a Tall Dark Stranger, algo como Você Vai Conhecer um Moreno Alto. O tom é de uma previsão otimista proferida por quem consegue enxergar o futuro, dom que a cartomante Cristal (Pauline Collins) afirma possuir. Helena, abalada pelo fim do casamento de décadas, vicia-se nas "consultas". Com ingenuidade semelhante à Macabéa de Clarice Lispector em A Hora da Estrela, ela crê cegamente nas palavras da vidente, cuja primeira pergunta à cliente é "Vai pagar com cheque ou dinheiro?" Mas o homem que lhe aparece, Jonathan (Roger AshtonGriffiths) está longe de ser alto. E um dia pode ter tido cabelos. Já Alfie, o marido, embarca em um carrossel lugar-comum: apavorado com a decadência do corpo e a inevitável aproximação da morte, casa-se com uma moça 30 anos mais jovem, na vã tentativa de conter a passagem do tempo. Na prática, compra uma nova esposa loira e linda, como quem vai ao supermercado e decide trocar a marca de manteiga que põe no carrinho, porque a antiga estava fazendo subir seu colesterol. A vulgaridade do personagem seria absoluta não fosse vivido por Hopkins com sua natural elegância. Allen acerta em cheio ao marcar o contraste entre o refinamento do ator e a situação ridícula na qual se encontra. A nova mulher de Alfie, Charmaine (Lucy Punch), ilude-se ao achar que o dinheiro será a resposta a todos os seus anseios. Mas estará a felicidade nas roupas de grife, no apartamento luxuoso e nas, digamos, atividades matrimoniais íntimas à base de Viagra?

Sally (Watts) é a única que encontra, de fato, pelo caminho, o moreno alto do título. No caso, Greg (Antonio Banderas), dono da galeria na qual ela trabalha. Sua vida com Roy (Brolin), escritor de um único livro que luta para escrever o segundo, não está nenhuma maravilha. E, evidentemente, ela se apaixona pelo chefe que transpira masculinidade e segurança. Porém, outras duas mulheres vão apimentar e misturar as quimeras de cada um dos demais. Há Iris (Anna Friel), artista plástica descoberta por Sally que poderá fazer mais do que pintar quadros de arte abstrata. E a bela indiana Freida Pinto (de Quem Quer Ser um Milionário?) é Dia, estudante de música empacada em uma encruzilhada: ter o casamento perfeito ou ser a musa de alguém? De um lado, os atrativos são estabilidade emocional e financeira. Do outro, o contínuo alimentador ao próprio ego, na figura do homem que

se derrama em elogios à sua beleza, graça e juventude, dizendo a todo instante o quanto essas qualidades são inspiradoras. No fundo, a menina espera se transformar na centelha geradora de uma obra de arte. Pura vaidade. No entanto, resta saber se o talento no qual ela se fia terá fôlego para corresponderá às suas aspirações. Quem conseguir manter as próprias ilusões intactas até o final da projeção ganha um doce. Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos (You Will Meet a Tall Dark Stranger, Inglaterra/ Espanha, 2010, 98 minutos). Direção: Woody Allen. Com Antonio Banderas, Josh Brolin, Anthony Hopkins, Gemma Jones, Freida Pinto, Lucy Punch, Naomi Watts.

Página 2 Homens e mulheres do novo filme de Woody Allen. E Woody Allen, virtuose das trilhas sonoras. TV: documentário sobre a Guerra de Canudos. Página 3 Arquitetura das fazendas mineiras. Página 4 Show de Tereza Salgueiro. Página 5 Entrevista com o trombonista Raul de Souza. Página 6 Mostra Sesc de Artes.

O diretor, em intervalo de filmagem. Produção contou com dinheiro espanhol. Será que ele volta a filmar em Nova York?


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Fotos: Arquivo DC

ELAS E ELES

NAOMI WATTS Em Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos, é Sally, funcionária da galeria insatisfeita no casamento. Sem mais, apaixonase pelo chefe bonitão. Inglesa, Watts teve seu primeiro grande papel em 2001, em Cidade dos Sonhos, de David Lynch. Depois estrelou a refilmagem americana do horror japonês O Chamado. Recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz em 2004, pela atuação em 21 Gramas. Em 2005, viveu a frágil Ann Darrow, por quem se apaixona o gorila de King Kong.

FREIDA PINTO

A indiana encarna Dia, estudante de música que encanta o homem casado e tem que resolver o dilema entre casar ou ser a musa de um escritor. A moça ficou conhecida pelo papel de Latika no filme Quem Quer Ser Um Milionário?, ganhador de oito prêmios Oscar em 2009, inclusive o de Melhor Filme. Ela recebeu o prêmio pela performance da Screen Actors Guild e foi nomeada para o inglês Bafta na categoria de atriz coadjuvante.

LUCY PUNCH Na pele de Charmaine, ela não precisará mais desenvolver atividades pouco nobres para sobreviver. A saída é o casamento com o velhote endinheirado. Será? Lucy Punch ganhou o papel inicialmente pensado por Allen para Nicole Kidman, que desistiu pelos usuais "problemas de agenda". A inglesa atuou, entre outros, em Uma Garota Encantada, de 2004.

Paris Filmes/Divulgação

GEMMA JONES e PAULINE COLLINS

G

emma Jones (à direita) é Helena, versão de Macabéa, a inocente nordestina pintada por Clarice Lispector em A Hora da Estrela. Em comum, ambas têm a credulidade nas cartomantes que lhes dizem como encontrar a felicidade. A inglesa Gemma integrou o elenco de Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009) e Harry Potter e a Câmara Secreta (2002);

Um Homem Bom (2008) e O Diário de Bridget Jones (2001), entre outros. Cristal, a vidente, é Pauline Collins, também britânica. Com passagens por dezenas de séries de TV, ficou conhecida como a protagonista de Shirley Valentine (1989), no qual vive a esposa dedicada que viaja à Grécia e muda tudo. Pelo papel, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz.

Poder, batalhas e sangue. O

sangue jorra para os quatro cantos da tela em praticamente todas as sequências de Centurião, filme que conta com roteiro e direção do inglês Neil Marshall (ele fez também Juízo Final e Abismo do Medo). A violência se justifica para contar a história do centurião Quintus Dias (Michael Fassbender, foto), sobrevivente de um ataque à fronteira romana, que marcha rumo ao norte com o general Titus Flavius Virilus (Dominic West) e a Nona Legião, sob as ordens de acabar com os inimigos e destruir seu líder, Gorlacon (Ulrich Thomsen). Isso na Grã-Bretanha no ano de 117 da era cristã. Do lado dos inimigos está a mulher-lobo Etain (Olga Kurylenko), de olhar furioso, eficaz rastreadora e muito hábil com espadas, facas e machados. A história mantém do começo ao fim o tom épico dos filmes de soldados. Os comandados por Quintus Dias o idolatram por sua coragem e astúcia. E o seguem cegamente, sem questionar ordens, tendo como meta apenas defender a honra dos seus. As paisagens por onde passam e lutam são de tirar o fôlego. De montanhas nevadas a vastos campos verdes, a fotografia de Sam McCurdy é caprichada. A trilha sonora de Ilan Eshkeri complementa as imagens grandiosas. Não falta nem a mulher bonita e misteriosa que aparece para ajudar os soldados combalidos. Feiticeira, escondida na floresta, com motivos de sobra para afastar forasteiros curiosos, ela decide fazer tudo diferente. E para a cansada Nona Legião, depois de muitas batalhas, nada melhor do que o conforto de uma refeição caseira, palavras amigas e mãos carinhosas. O merecido descanso do guerreiro. Implicações políticas e uma espécie de manifesto contra o sistema e o governo fecham a saga, sugerindo que em qualquer época, em qualquer lugar, é difícil confiar nas boas intenções daqueles que detêm o poder. (LHC)

Anthony Hopkins é Alfie, que se casa com a moça 30 anos mais jovem; Josh Brolin vive Roy, escritor em busca do próprio talento e da indiana bonita do outro lado da rua. Antonio Banderas é o dono da galeria. E se você reparar bem, todos têm características de Woody Allen, o maestro.

A vida íntima das trilhas de Woody Allen Marino Maradei Júnior

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trilha sonora, nos filmes de Woody Allen, é sempre protagonista. Ela dialoga com os personagens; ou se faz de narradora. Às vezes, é tudo ao mesmo tempo. Em Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos, canções americanas, jazz e música erudita se alternam e integram, comentando situações, separando ou unindo sequências. Já na primeira, o standard When You Wish Upon a Star (tema da animação Pinóquio), interpretado pelo cantor e guitarrista canadense Leon Redbone, introduz o mote contínuo do filme: quando você manifesta um desejo sob a luz de uma estrela, não importa quem você seja:

V

ozes da Guerra, documentário roteirizado e dirigido por Cristina Fonseca, que vai ao ar no SescTV neste sábado (17), às 20h, joga luz numa das mais intrigantes feridas políticas da história brasileira: a Guerra de Canudos. O confronto ocorrido entre o Exército Brasileiro e integrantes de um movimento popular com base sócio-religiosa, liderado por Antonio Conselheiro, no sertão da Bahia, entre 1896 e 1897, relatado mais intensamente no capítulo A Luta do livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, serviu de ponto de partida para a cineasta. Esse tenso capítulo de nossa história é relembrado no documentário por meio de depoimentos de integrantes da terceira geração de Canudos. Ou seja, de seguidores de Antônio Conselheiro que so-

seu desejo (ou sonho) se transformará em realidade. Pura ilusão? Enquanto os personagens vivem (ou enterram) a própria vida, atritando-se ou tentando entender-se, o clarinete de Benny Goodman sola If I Had You; The Eddy Davis Trio toca I'll See in You My Dreams e Jimmy Dunlap e Scott Nick sublinham narrações em off ao interpretar I Never Loved You, gravada e regravada pelo solitário crooner Frank Sinatra. Nada nas trilhas de Woody Allen é gratuito. Quando a bela Dia (na pele de Freida Pinto) se exercita ao violão (dublada pela virtuose israelense Tali Roth, foto), dele ressoam acordes delicados do Grave Assai e Fandango, sutil quinteto

de Luigi Boccherini ( 1743-1805 ). Melodia e harmonia, nesse caso, parecem anunciar que aquele momento doce e frágil logo se diluirá. Contrapõe-se a esse clima o Rondó da Serenata em Ré Maior, K 239,, de Mozart (1756-1791), feito sob medida para zombar da corte vienense. Isolado do restante da obra, o Rondó emerge, vulgar, em momentos tensos ou erráticos do filme. Se bem analisado, trata-se de uma solução astuta. Tanto quanto a utilização da joia de Boccherini. Nas duas situações, a música reforça a permanente sintaxe corrosiva do diretor – que chega à perfeição ao incluir na trilha a ária final da ópera

Lucia di Lammermoor, de Gaetano Donizetti (1797-1848), na voz de Pavarotti: Tu Che a Dio Spiegasti L'ali. Na ação dramática do libreto, Edgardo, apaixonado por Lucia, que se suicidara, canta a beleza sombria do amor, pede a Deus que lhe explique tamanho sofrimento. E também se mata. Só vendo o filme, entenderemos por que Woody Allen a escolheu para enfatizar uma cena cruelmente patética.

Centurião (Centurion, Inglaterra, 2010, 97 minutos. Direção: Neil Marshall. Com Michael Fassbender, Dominic West, Olga Kurylenko, Noel Clarke, David Morrissey, JJ Feild, Axelle Carolyn, Riz Ahmed.

A Guerra de Canudos, em documentário. Regina Ricca Divulgação

breviveram à guerra e por intelectuais e artistas que se debruçaram sobre o tema e sobre a obra de Euclides da Cunha, como o tropicalista Rogério Duarte. "A partir dessa guerra dá para se entender muito sobre a História do Brasil, de como se deu a formação da República e do Brasil moderno que temos hoje, pois, além de ser uma síntese de outras revoltas do período, ela é irmã dos movimentos quilombolas, das rebeliões indígenas e outras", afirma Cristina, que lamenta, também, o fato de que as questões econômicas e de desigualdade social, que deflagraram essa guerra, persistam na atualidade. "Depois de 114 anos, ainda existe um abismo cultural entre nordeste e sudeste; entre sertão e litoral; entre desvalidos e elite; po-

Vozes da Guerra: filme de Cristina Fonseca, sábado (17), no Sesc TV.

lítica e economia do País; por isso, com erros ou acertos." Para montar Vozes da Guerra, a cineasta percorreu um longo trajeto -- do sertão baiano de Canudos ao Recife, em Pernambuco, e de Salvador, na Bahia, ao interior de São Paulo. "Precisávamos buscar material iconográfico e declarações inéditas de familiares de sobreviventes da guerra, que ainda tivessem as histórias desse episódio vivas na memória. Histórias essas que, principalmente no sertão de Canudos, são passadas de geração para geração e ajudam a preservar a memória local." James Cameron - O maior blackbuster da história do cinema. Assim foi tratado o filme Avatar, primeira produção em 3D de James Cameron, ao estrear

nas telas em novembro do ano passado. Não sem razão. O filme arrecadou US$ 2 bilhões, faturou três prêmios Oscar (foi indicado a seis) e um Globo de Ouro de filme e diretor. Cameron leva seu espectador a um mundo espetacular, mais exatamente à distante lua Pandora, onde um herói relutante embarca em uma jornada de redenção e descoberta, liderando uma batalha heroica para salvar a civilização. O filme foi idealizado por Cameron há 14 anos, mas ele deixou o projeto de lado por não haver ainda tecnologia ideal para realizá-lo. Bom, se é que existe alguém no País que ainda não viu essa megaprodução, aqui fica a lembrança: o Telecine Premium exibirá o filme em sessão superestreia sábado (27), às 22h.


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ARQUITETURA

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Grã-Bretanha: cena da Idade Média.

AVENTURA

Sede da Fazenda Santana, em Elói Mendes, no Sul de Minas: construída no século XIX, possui janelas originais sofisticadas

Mais uma saga fantasiosa, com tudo para agradar os fãs.

MINAS REVISITADA

A

spirando ao êxito alcançado por seus predecessores C.S. Lewis, que publicou as Crônicas de Nárnia a partir de 1950, e J.R.R. Tolkien, que lançou o seu Senhor dos Anéis em 1954, o escritor americano George R.R. Martin publicou em 1996 esse A Guerra dos Tronos - As Crônicas de Gelo e Fogo Livro Um, cuja edição brasileira, de mais de 590 páginas, a Leya acaba de lançar, catorze anos após o original. Trata-se de um exemplo muito bem acabado desse tipo de saga fantasiosa, em que não se sabe o que mais admirar: se o criativo processo de fabulação de Martin, que imaginou um mundo com leis próprias, semelhante ao medieval, ou se o apreço que o público adulto tem por esse tipo de trabalho. Neste mundo de Martin, se imagina uma região fictícia, vagamente parecida com a Grã-Bretanha dos começos da Idade Média, região fictícia em que no Norte o inverno dura anos, enquanto no Sul o verão é que é prolongado. Cavaleiros ligados a duas dinastias opostas disputam um reino. Uma das inspirações para a série, segundo o próprio Martin, foi o clássico romance Ivanhoé, lançado no começo do século XIX pelo escritor escocês, Sir Walter Scott. O êxito de Martin foi tão grande que está programada para estrear no ano que vem uma série de televisão baseada na saga de "gelo e fogo", e já foram lançados jogos com sua temática. Afinal por que as pessoas adoram essas peripécias? Talvez a resposta esteja em certas características do mundo atual. As pessoas sentem, em geral, que levam uma vida muito mais confortável do que seus ancestrais, em termos de comodidades materiais, propriamente físicas. Mas ao mesmo tempo sentem nostalgia por uma vivência e uma convivência ao mesmo tempo mais individualizadas e mais comunitárias do que nos tempos atuais, em que tudo parece dirigido por forças impessoais acima da compreensão e do alcance de indivíduos e dos pequenos grupos em que conseguem se reconhecer. Assim é que se explicaria o êxito das histórias baseadas em aventuras de cavaleiros andantes, de faroeste e de especialistas em artes marciais. O sonho dos fãs dessas histórias seria encarnar a figura do herói individual, sendo "herói", na definição do filósofo alemão Hegel, também dos começos do século XIX, aquele combatente que "produz a sua própria comida", isto é, que não depende de ninguém para se manter como combatente. Mas qual é a história de Martin? A rigor é uma série de histórias que se entrelaçam umas às outras, num ritmo que lembra os das histórias em quadrinhos, de que o autor é um eminente fã e colecionador desde a infância (sendo ele também cultor da ficção científica), incluindo o encontro na região enregelada do cadáver de uma loba gigante recémparida, tendo ao lado filhotes vivos que são recolhidos, sendo que o brasão da família nobre que domina a região ostenta um lobo gigante, espécie que se julgava praticamente extinta. Os filhotes são recolhidos pelo único filho bastardo do chefe da família nobre e distribuído entre seus filhos legítimos, além do bastardo. Por outro lado, o rei de que esse chefe nobre é vassalo, está em visita à região, para nomear esse vassalo como principal responsável pela sua defesa, ameaçado que está o rei por outra família que reivindica a realeza. Finalmente, um menino da outra família real vê uma jovem manter relações sexuais com o próprio irmão gêmeo dela. O menino é jogado do alto de uma torre e fica paralítico da cintura para baixo. Essas três peripécias dão início a uma complicada série de episódios apresentando personagens extremamente complexos, ora o tom sendo de um cinismo exacerbado, pois não se sabe se cada combatente defende um ideal em que acredita ou seus próprios mesquinhos interesses materiais, ora sendo o de uma religiosidade exacerbada, em que cada um, de tanto ver o que julga injustiça triunfar, duvida angustiadamente da existência de uma justiça divina. Martin assim é um grande escritor profissional - sabe como cultivar o seu público, como atrair para sua obra o entusiasmo e os medos dos seus leitores.

Fotos: Reprodução

Renato Pompeu

Sol ilumina cozinha da Fazenda Pitangueiras, em São Vicente de Minas

Sala nobre da Fazenda Pouso Alegre, em Carmo de Minas: pé direito alto

Marcus Lopes

A

rica bibliografia referente ao estado de Minas Gerais sempre foi muito concentrada no ciclo do ouro dos séculos XVII e XVIII. É compreensível por causa da importância do período para a História do Brasil, mas outras regiões do imenso território mineiro, apesar de também possuírem sua riqueza histórica e cultural, não receberam a mesma atenção dos historiadores. Essa lacuna acaba de ser preenchida pelo arquiteto Cícero Ferraz Cruz no livro Fazendas do Sul de Minas Gerais Arquitetura Rural nos Séculos XVIII e XIX (Iphan/Programa Monumenta, 354 páginas). Nele, o autor mostra que existem muitas outras Minas além daquela de Aleijadinho, das igrejas barrocas, do ouro e dos diamantes. Em um álbum que reúne belas imagens, croquis e plantas arquitetônicas, o foco é deslocado para a região sul do Estado, mais precisamente para as fazendas centenárias do sul de Minas. Natural de Varginha (MG), Castro viveu em meio ao ambiente rural e a cultura sul-mineira. Ao entrar para a Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo (USP), decidiu transformar sua rica infância e adolescência na roça em tese de mestrado. Para isso, ele passou mais de dez anos em um árduo trabalho de campo por várias cidades atrás de velhas sedes de fazendas, onde fez um estudo minucioso sobre a arquitetura rural das casas-grandes. Graças à típica hospitalidade mineira, ele conseguia tirar fotos e fazer um completo levantamento da arquitetura do local o que, ao comparar com outras casas, permitiu o

levantamento de características comuns nas construções de toda a região, como base da estrutura, disposição dos cômodos, técnicas de construção, capela etc. Paralelo às imagens, o arquiteto elaborava, de próprio punho, um desenho com a planta do local, incluídas no livro. Junto com as características arquitetônicas, Cruz elaborou um inventário das histórias e lendas locais que se arrastam há décadas. Como na Fazenda Bela Cruz, em Cruzília, palco da maior revolta de escravos da região Sudeste, ocorrida em 1833 e que ficou conhecida como "A Revolta das Carrancas", pouco conhecida do grande público. No total, foram visitadas mais de cem fazendas em cidades como Varginha, Cruzília, Carrancas, Carmo da Cachoeira, Elói Mendes, Machado, Guaxupé, Alfenas e Areado, entre outras. Graças à paciência e a persistência do arquiteto mineiro, o leitor faz, através de 390 fotografias e cem desenhos, um belo e nostálgico passeio por centenárias fazendas, muitas delas verdadeiros cenários de filmes de época. Guardam nas suas estruturas as lembranças de um tempo em que prósperos fazendeiros – como um certo Barão de Alfenas, dono de vastas glebas de terra na região – se orgulhavam de produzir em sua propriedade praticamente tudo o que necessitavam, mandando vir da cidade apenas o sal e o querosene para os lampiões. Apesar de várias delas ainda serem

habitadas por famílias tradicionais, algumas propriedades lembram os elegantes hotéis-fazendas que pipocam pelo interior. Outras, porém, não se livraram da decadência e estão praticamente no chão, por causa da falta de preservação. Com prefácio do arquiteto Carlos Lemos, a obra traça um detalhado levantamento histórico da antiga comarca do Rio das Mortes, com sede em São João del Rey, que englobava o sul da província de Minas. Ilustrado com desenhos e mapas da época, o texto mostra que nem todas as riquezas mineiras dos séculos XVIII e XIX provinham da mineração. A economia da região sul do estado, por exemplo, tinha como base a agricultura e a pecuária, que, por sua localização privilegiada, abastecia mercados como São Paulo e, principalmente, a Corte no Rio de Janeiro. Dessa economia dinâmica surgiram os primeiros povoados e as imensas fazendas que formariam toda a região hoje conhecida por Sul de Minas e Campo das Vertentes (atual região de São João del Rei, Barbacena, Prados e Tiradentes). "Em fins do século XVIII já é visível o deslocamento do eixo econômico da capitania das áreas mineradoras centrais para a região da Comarca do Rio das Mortes que, em razão da fertilidade de suas terras e figurando como centro de comércio em expansão, acabava por incorporar a mão de obra

escrava excedente oriunda das áreas auríferas em processo de exaustão (...) das sete vilas erigidas do último quartel do século XVIII até o fim do período colonial, seis pertenciam à Comarca do Rio das Mortes – São Bento do Tamanduá (1789), Queluz (1790), Barbacena (1791), Campanha da Princesa da Beira (1798), Baependi e São Carlos do Jacuí (1814)", diz um trecho do livro, extraído do estudo "A rede urbana das Minas coloniais", de Fernanda Borges de Moraes. "Embora a arquitetura seja o foco central do nosso trabalho, esmiuçamos o material levantado em todos os seus aspectos, de modo a oferecer uma fonte segura para futuros pesquisadores e demais interessados", explica o autor no prefácio, cujo trabalho resgata um pedaço praticamente ignorado da História de Minas e do próprio Brasil.

MERGULHO NO CICLO DO OURO

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ara quem gosta de conhecer mais a fundo a história clássica de Minas Gerais, vale a pena mergulhar a fundo na coleção História de Minas Gerais - As Minas Setecentistas (Autêntica Editora/Companhia do Tempo). Com mais de mil páginas divididas em dois volumes, trata-se de uma das mais robustas e completas obras sobre a evolução econômica, política e social da capitania de Minas

Gerais durante o ciclo do ouro no século XVIII. Não é à toa que o trabalho conquistou o Prêmio Jabuti de Ciências Humanas, em 2008. Organizados por Maria Eugênia Lage de Rezende e Luiz Carlos Villalta, a coleção reúne estudos que destrincham, entre outros temas, a política, a administração da província, a urbanização das primeiras vilas, a religiosidade mineira com suas famosas

irmandades, a presença da Inquisição no território mineiro e a economia do ouro. Em relação à cultura, um dos capítulos trata especificamente da literatura do período, com nomes como Tomás Antônio Gonzaga e Claudio Manoel da Costa. Já episódios essenciais para compreender a História do Brasil, como a Inconfidência Mineira, também são abordados detalhadamente.

Uma das partes mais interessantes é a que trata do cotidiano e a vida privada nas Minas setecentistas. Um dos destaques é o estudo "Crianças das Geraes entre o século XVIII e XIX: uma moeda, várias caras". No texto, a historiadora Mary del Priore conta como era a vida das crianças mineiras naquele tempo. Já outro texto aborda as mulheres mineiras setecentistas. (M.L.)


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cultura

Itigo Sake House oferece 30 tipos diferentes da bebida japonesa feita de arroz. Em doses ou garrafas, há de saquê nacional ao super-premium.

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Um blog jeffersoniano José Guilherme R. Ferreira

O

Fotos: W

D Nemeth/ ellington

o ivulgaçã

Porção de sashimi: único representante tradicional no cardápio, que não tem sushis ou combinados.

escritor e historiador James M. Glaber, especialista em Thomas Jefferson (17431826) e nos vinhos que encantaram o 3° presidente dos Estados Unidos, acaba de lançar um blog: Wine and Conversation with Thomas Jefferson. Parte para a empreitada com o reconhecimento adquirido como autor de dois livros: Passion:The Wines & Travels of Thomas Jefferson (Bacchus Press/1995) e An Evening with Benjamin Franklin and Thomas Jefferson: Dinner, Wine and Conversation (Bacchus Press/2006). Em 1787, Jefferson, representante americano em Paris, viajou pela França e conheceu os melhores vinhedos. "O que hoje sabemos sobre os grandes vinhos da França do final do século XVIII, sabemos por meio de Jefferson", diz Glaber. O presidente hedonista, fã de Bordeaux e da Borgonha, deixou muitas anotações sobre sua adega e vários registros comerciais de suas aquisições, o que têm alimentado a série de obras sobre o tema. Gabler promete repetir no blog as inferências históricas que tanto lhe deram prestígio. Acredita, por exemplo, que Jefferson acharia o tinto que hoje sai de Bordeaux um pouco mais leve do que o degustado em seu tempo, mas reconheceria nele o tradicional e prodigioso estilo. Provocado pelo blogueiro Tom Wark (Fermentation.com), Gabler diz ainda que Jefferson, que tanto lutou pela aclimatação de vinhedos na sua Monticello, certamente ficaria feliz com o progresso da viticultura nos EUA. E os Cabs californianos estariam sem dúvida na

Tapas nipônicos com saquês. Nos Jardins.

ervir saquês é o principal negócio do Itigo Sake House, bar recémaberto nos Jardins. Para acompanhar essa nobre bebida japonesa, da qual são oferecidos 30 diferentes rótulos, foi criado um cardápio de pequenas porções. A funciona como um izakaya, termo usado no Japão para designar aquele boteco de tamanho reduzido, em geral comandado por membros de uma mesma família, que possui em seu cardápio bebidas alcoólicas e pequenas porções, no estilo das tapas espanholas. Há cerca de dez anos ganharam similares em Los Angeles, San Francisco e Nova York, nos Estados Unidos. Em São Paulo os poucos izakayas existentes na cidade ficam no bairro da Liberdade. O menu do Itigo começa com o tradicional sashimi (R$ 25), feito com o peixe do dia. Mas depois, esqueça a tradição. Nada de combinados ou sushis. Aparecem pratos genuinamente nipônicos, como Dentõ teki mix (R$12), apresentados como uma reunião de "cinco clássicos do izakaya": tofu, gengibre ralado e raspa de bonito; cebola em conserva, pepino com molho de missô, dashimaki e acelga cozida com raspa de peixe. Há o Sunomono Mix (R$ 15), que é o vinagrete japonês de pepino, polvo e salmão; e Shime Tataki (R$ 16,50), composto de tiras de peixe do dia marinados em shoyu, saquê, alho, gengibre e shissô (folha verde). Essas são algumas das opções frias. Quem preferir um petisco quente, pode pedir a Mini Okonomiyaki (R$ 28),

José Guilherme R. Ferreira é membro da Academia Brasileira de Gastronomia (ABG) e autor do livro Vinhos no Mar Azul – Viagens Enogastronômicas (Editora Terceiro Nome)

http://www.thomasjefferson.net/

SACA-ROLHAS Em tempo de festas, a importadora Mistral oferece ao mercado brasileiro os frescos espumantes da família Bisol, no ramo desde 1542 e que conta com alguns dos melhores vinhedos da região produtora de Prosecco. O Crede é um Prosecco Brut que encantou Robert Parker e já recebeu os "due bicchieri" do guia

Lúcia Helena de Camargo uma panqueca de cará, farinha e ovo, servida como uma gallete japonesa de frutos do mar e vegetais, com molho da casa. O Tonkatsu (R$ 15) leva tiras de carne de porco empanadas no estilo japonês; o Shogayaki (R$ 18,50) é um filé mignon salteado com molho de gengibre e o Kakiagê (R$ 17) é o tempurá (fritada) de legumes e frutos do mar do dia. Vale a pena ainda provar o Kara agê (R$ 13,50), frango marinado em molho de soja, frito com crosta de gengibre. Todas as porções são pequenas. A ideia é apenas acompanhar a bebida. A origem - A ideia do Itigo Sake House surgiu quando a proprietária, Ana Toshimi Kanamura, apresentou seu trabalho de conclusão do curso de Administração Pública da faculdade Getúlio Vargas. “O trabalho acabou virando uma idéia real de negócio”, relata. Ela também cursou gastronomia na Anhembi-Morummbi, onde conheceu o publicitário (e agora sócio) Evandro Aguiar. E então viajou para o Japão, visitou os estabelecimentos japoneses da capital Tóquio, Kioto e outras cidades, estudou com especialistas, fez cursos, leu livros. E tornou-se especialista em saquês. A quem pede dicas de degustação, Ana orienta os comensais com a ajuda da régua básica, que inclui três pequenos copos onde são dispostos saquês da mesma categoria (com mesmo nível de polimento de arroz e fermentação), sendo um neutro, um suave e outro seco. "Cada pessoa vai descobrindo aquele que prefere, na comparação", diz. Estabelecido o gosto pessoal, Ana sugere uma segunda régua, mais elaborada, com um saquê especial, um premium e outro superpremium. “É uma brincadeira que tem dado muito certo no bar. Os apreciadores gostam de se arriscar em novos sabores e os iniciantes se sentem melhor informados.” Passada a fase de experimentação, o cliente pode optar por doses de 180 ml ou garrafas de 300 ml, 720 ml ou 1,8 litro. Os preços variam de R$ 15,50 a porção a R$ 464 (uma garrafa super-premium). Drinques - A casa oferece ainda drinks especiais feitos com saquê e shochu, um destilado japonês. As criações são do barman André Bueno. Entre os drinques, há o Samurai, feito com sorvete melona, de sabor melão, morango ou banana. Vendido a R$ 20. Quem comanda a cozinha é o chef Fábio Okamoto, que morou cinco anos no Japão. “Nesse período não fiz nenhum curso específico de gastronomia, mas como morei em várias províncias, pude vivenciar a gastronomia de cada região do arquipélago”, conta. Após a temporada japonesa o chef viajou para a Itália e para Angola, onde prestou consultoria para novos restaurantes japoneses. De volta ao Brasil, participou das

sua adega. No seu primeiro post, ao indicar um Cabernet Sauvignon 2008, da vinícola Seven Oaks, Gabler insere a garrafa num jantar comandado por Jefferson em 1786 na mansão de Champs-Élysées. Também à mesa, o explorador John Ledyart, mais você, leitor.

comemorações do Centenário da Imigração Japonesa em São Paulo e foi convidado para morar no Acre. “Em um restaurante japonês de Rio Branco adaptei o cardápio com ingredientes regionais. Foi uma experiência muito enriquecedora”, afirma. No Itigo Sake House, o chef inicialmente veio para dar consultoria. “Ajudei na montagem do cardápio, na ficha técnica, no treinamento dos funcionários e no planejamento físico da cozinha. E acabei sendo convidado para comandar pessoalmente a cozinha."

italiano Gambero Rosso. Salis é um espumante menos seco, "elaborado com uvas colhidas tardiamente de vinhedos plantados em solos de origem marinha", informa a Mistral. O Cartizze é o Prosecco cult da empresa, mais sofisticado, cuja safra 2008 ganhou um 90 RP. www.mistral.com.br

Itigo Sake House. Alameda Lorena 871, Jardins. Tel.: 3062-7875.

A régua com três saquês, a proprietária Ana, a fachada do Itigo e uma porção fria do menu.

De lusitanos e bossa-nova C

om sotaque ou sem sotaque? Em 2008, a cantora portuguesa Tereza Salgueiro, ex-voz do Conjunto Madredeus, apresentou-se no Teatro Municipal para mostrar canções gravadas no CD Você e Eu (2007), no qual interpreta – quase sem sotaque – clássicos da MPB como Maracangalha e Pra Machucar Meu Coração. Já bem conhecida dos brasileiros, ela volta a São Paulo para um novo espetáculo, desta vez com a responsabilidade de ressaltar o repertório de seu primeiro CD independente, Matriz (2009), marcado por acentuado sotaque de sua terra natal. Nele se destaca uma seleção de temas portugueses de todas as épocas. Além do repertório de Matriz, Tereza Salgueiro promete cantar músicas de um álbum que está em fase de conclusão, chamado Voltarei à Minha Terra. Este sim, mescla Portugal e Brasil, porque tem bossanova e um samba que a própria cantora compôs. Participam do show Luís Guerreiro (guitarra portuguesa); André Santos (guitarra clássica); Oscar Torres (contrabaixo); Rui Lobato (bateria e

percussão); Nailor Proveta (sopros) e João Cristal (piano). O ensaísta Rui Vieira Nery, da Universidade de Évora, observa que Tereza Salgueiro é fiel à alma da música portuguesa, ligada profundamente à melodia, à expressividade natural da cantilena, das trovas, desprezando, por conseguinte, técnicas mais "apuradas" da escritura erudita, como o contraponto e a fuga. Em Matriz, emociona a beleza das cantigas de trovadores, das canções tradicionais quinhentistas, além dos fados castiços e do fadocanção. De Matriz, para ouvir e reouvir: Canção da Roda (popular, com arranjo de Jorge Varrecoso Gonçalves); Mi Madre Velida (música de Afonso X; letra de D. Dinies) e a clássica Foi Deus (música e letra de Alberto Janes, em homenagem à fadista Amália Rodrigues). (MMJ). Tereza Salgueiro. Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722. Tel.: 5693-4000. Sábado (27). 21h30. Domingo (28). 19h30. R$ 100 a R$ 200.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

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cultura

iz um ditado bem adequado à civilização atual que rico é quem tem tempo. Do CEO de uma grande empresa à secretária filtrando os telefonemas do chefe, ao médico na roda-viva das emergências, a todos falta... tempo. Podem ser financeiramente ricos (ou estáveis) mas falta-lhes qualidade de vida correspondente ao saldo bancário. O desejo é cultivado para o futuro, até que ao chegar a hora o tal desejo já passou. De outro lado, falando sério, na vida real sequer existe a "opção Julia Roberts" de Comer, Rezar e Amar, essa estória romântica de desistir de tudo e partir para a Itália. Descobrir a riqueza das pastas e molhos, a 1ª parte de "comer" ou não a pizza napolitana. A verdade crua é que queremos aproveitar a vida, ler e viajar mas antes temos que... pagar as contas! O alquimista a caminho de Santiago ou mago na margem do rio são sacadas geniais na medida inversa do sonho dos leitores, no intervalo do almoço antes de voltar ao escritório. As pessoas idealizam essa fu-

Carlos Celso Orcesi ga, mas no dia seguinte vão sacudir nos metrôs de todas as cidades do mundo. Aliás imaginem se o livro ou filme se resumisse às idas e vindas em busca do equilíbrio na Índia, a 2ª parte do "rezar". Julia no meio dos gurus à procura da paz que estava difícil encontrar. No fundo esperamos que a autora logo recarregue as pilhas e parta ao que interessa, o final feliz da 3ª parte: "amar", de preferência no paraíso de Bali. Não teria graça se fosse em Nairobi ou Mumbai. Para voltar a Nova Iorque sem encontrar o brasileiro Javier Barden, nem a mãe de Liz Gilbert compraria o livro. Entre oito e oitenta há espaço para algumas lições de vida. Por exemplo, se você pretende ingressar no mundo do vinho comece valorizando o tempo. Há assuntos domésticos a tratar? Seu filho não quer estudar ou sua filha brigou com o namorado? Tente resolvê-los antes da refeição. O momento do vinho deve ser calmo e íntimo. Vá preparar um prato de massa ou frango, vá beliscando o vinho,

Columbia TriStar/François Duha/Divulgação

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BEBER REZAR E AMAR

Cena do filme Comer, Rezar e Amar: bem viver. divida uma garrafa com a esposa ou se habitue a comprar meias garrafas, mas faça tudo com calma. A ideia é então agregar novos conhecimentos a cada garrafa aberta. Não se

trata de descrever nuanças aromáticas, notas de pimenta ou pimentão, as tais "especiarias" como se estivéssemos na feira de Istambul ou Caruaru. Sou contra os exageros dos enochatos. De outra par-

Fotos: Divulgação

Qual a sua avaliação sobre esses 55 anos de carreira? Raul de Souza - Isso foi bom. Consegui colocar meu estilo de trombonista no mundo, sempre desenvolvendo uma idéia nova, minha maneira de tocar, minha interpretação melódica. Acredito que tudo o que veio me passando na vida fez com que a música viesse melhor, com mais sentimento. Tive, também, muita sorte. E das oportunidades que tive, não deixei passar nenhuma!

Como surgiu seu apelido? Foi homenagem ao lendário trombonista Raul de Barros, como dizem por aí? Raul- Nada que ver com o Raul de Barros, de quem fui muito amigo. Ele dizia "Xará, você é um falso xará!" Eu respondia "Pô, mas não fala isso pros outros, sustenta esse lance de Raul, Raulzinho, que fica bom, fica da família!!!" Na verdade, o apelido surgiu quando fui tentar a sorte no programa de calouros do Ary Barroso. Ele anunciou "Chama aqui no palco João Jo-

Retrospectiva da artista começa nesta sexta, no Centro Cultural São Paulo. Vai até 12/12.

Raul de Souza e o trombone de veludo azul

Divulgação

André Domingues sé... de Souza" - não falou Pereira, meu sobrenome do meio. Eu subi, ele olhou pra minha cara e repetiu "João José...". Fiquei cabreiro, mas toquei e tirei 5, a nota máxima, acumulada há três meses! Dois meses e pouco depois, começou a acumular de novo o prêmio e voltei lá. Aí Ary disse: "Bom, naquele domingo em que você esteve aqui eu repeti João José, mas seu nome não cabe pra você. João José? Você não tem cara disso. Você é Raulito, é bem melhor!" Eu ia dizer que não?

Quando ouvia uma música, começava improvisar outra por cima. Era uma evolução da técnica que eu pegava intuitivamente.

E como foi que você chegou até o Ary Barroso? Raul - Eu tinha me desencontrado do Pixinguinha, que ia me ajudar, e acabei entrando num bar pra tomar um guaraná. Logo entrou um camarada com um violão dependurado e pediu uma cerveja, com a voz meio rouca. Quem era o cara? Nelson Cavaquinho! Ele virou pra mim e falou assim: "Cê é trombone, né, menino? Isso é difícil, mas cê tem cara de quem toca bem!" Aí comecei a contar a história do desencontro. "Não Perca tempo, não! Vai aqui na Rádio Nacional e se inscreva na Hora do Pato, depois vai na outra rua, ali em cima, na Tupy, e se inscreva no programa do Ary Barroso, cê vai ganhar todos esses prêmios aí, vai levar até um dinheiro legal!". E como foi que o Pixinguinha entrou nessa história? Raul - Um dia, perto das 8 da noite, voltando da banda da Fábrica Bangu, onde eu me iniciei na música, comecei a ouvir um saxofonista. Quando eu passei a casa, vi no quintal aquele cara de chapéu, terno e gravata, perna cruzada, com uma garrafa de cachaça do lado e um monte de cerveja no gelo. Passei direto, mas o dono da casa veio falar comigo. "Aquele ali é o Pixinguinha, vem comigo!" Eu, com 16 anos de idade, não bebia, mas não sei por que razão meti a mão num daqueles copinhos de batida e bebi. Peguei o trombone e cheguei na roda dando "boa noite". Ele não responIntegra da entrevista em www.dcomercio.com.br

deu que sim nem que não. "Toca uma música pra mim porque o Cecílio falou que você toca bem e eu quero ouvir!" Que responsabilidade! Raul - É, ele botou mais um copo de cerveja e eu saí tocando Lamentos no meu pique. Aí o Pixinguinha olhou pra minha cara, pegou o sax tenor e saiu tocando atrás de mim. Depois, falou "que maravilha, toca mais!" Ele achou difícil, completamente diferente, eu fazer aquela música de flauta e cavaquinho no trombone, né? Fiquei tocando só composições dele. Quando terminou ele falou: "Sai desse Bangu! Me procura na cidade, vai na Copacabana, na Continental, são dois estúdios de gravação, eu tô sempre lá". Na semana seguinte, botei terno, gravata, peguei o trem e fui procurar Pixinguinha. Só que o porteiro da primeira gravadora já disse: "Quem? Pixinguinha não morreu, não? Há anos eu não vejo ele!" Pensei: "Pô, há dez anos que ele não está aqui e me manda vir? Deve ser coisa da cachaça!" Aí veio aquele negócio do Nelson.

Faz, desfaz, refaz. Sérgio Roveri

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ouise Bourgeois, artista plástica francesa naturalizada americana, há alguns anos concordou em receber em seu apartamento de Nova York a atriz e diretora brasileira Denise Stoklos, que andava interessada em criar um espetáculo solo a partir dos textos e esculturas produzidos por aquela polêmica senhora que se tornara conhecida do público brasileiro graças principalmente à figura de uma aranha gigante instalada na frente do prédio do MAM, no Parque do Ibirapuera. Bourgeois se revelou tão empolgada com a proposta de Stoklos que concordou que os ensaios fossem realizados na sala de estar do seu apartamento. Nascia, ali, o espetáculo Louise Bourgeois: Faço, Desfaço, Refaço, escolhido por Stoklos para abrir, no Centro Cultural São Paulo, uma retrospectiva com quatro de seus principais trabalhos. A mostra,

Como chegou no universo do jazz? R aul - Nas gafieiras eu tocava tudo que era tipo de música do mundo inteiro - bolero, mambo, rumba... -, era a escola para o músico se tornar profissional. No caso do jazz, teve mais o seguinte: eu já tinha essa idéia de improvisação porque na rádio dos meus vizinhos eu ouvia um programa que tocava música americana instrumental e cantada, com orquestra de Tommy Dorsey, Sinatra e por aí afora. Depois ouvi o Louis Armstrong, que era uma voz completamente louca, e ele improvisava muito bem no trompete. Comecei a aplicar esse negócio: quando ouvia uma música, começava improvisar outra por cima. Era uma evolução da técnica que eu pegava intuitivamente.

Como definiria a sonoridade de trombone que desenvolveu nesses anos todos? Raul - O som que procurei eu já classifiquei de azul. É um negócio muito importante. É um som aveludado, com qualidade, que eu mentalizo e procuro atingir em todas as notas.

acompanhada de uma série de palestras e de uma exposição em comemoração aos 42 anos de carreira de Stoklos, será aberta nesta sexta (26). Faço, Desfaço, Refaço foi levado ao público pela primeira vez há exatos dez anos. No espetáculo, que fica em cartaz até o próximo domingo (28), Stoklos apresenta, sempre em primeira pessoa, trechos de uma série de textos escritos por Bourgeois, que morreu no último mês de maio aos 99 anos. Escritos em um tom confessional que se mistura à visão crítica da artista, os textos não se limitam a abordar a produção cultural - eles filosofam sobre a importância da arte no mundo contemporâneo. No próximo fim de semana, de 3 a 5 de dezembro, Stoklos irá mostrar Mary Stuart, trabalho de 1987 que consolidou, aqui e no exterior, o método de trabalho da

artista, conhecido como Teatro Essencial. Nesta peça, Stoklos promove um embate imaginário entre Mary Stuart, rainha da Escócia, e sua prima Elizabeth I, da Inglaterra - um encontro que na vida real nunca ocorreu. Comovente e virtuosa, a peça mostra os anos em que Mary Stuart, encarcerada e à espera da morte, encontrava algum alento nas canções de Elis Regina. A retrospectiva da artista prossegue com os espetáculos Vozes Dissonantes, nos dias 8 e 9 de dezembro, e Calendário da Pedra, entre os dias 10 e 12. Retrospectiva Denise Stoklos. Teatro Essencial. Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1000. Tel.: 3397-4002. Sexta a domingo. 21h. R$ 20.

IMAGEM

Recentemente, decidiu voltar a morar no Brasil. Como está sendo esse retorno? Raul - Está sendo muito bom pra mim. Consegui uma nova empresária, gravei o disco o Jazzmin, em 2006, e agora estou preparando o segundo. Encontrei aqui, também, uma geração nova e muito boa, músicos que me impressionam bastante. Não tem nenhum que não leia bem ou não improvise bem!

tti/Divulgação

eria uma bela discoteca quem juntasse num lugar só todos os discos em que soou o trombone de Raul de Souza, o maior nome do instrumento no Brasil e um dos maiores do mundo. Afinal, em sua longa trajetória, ele teve uma prolífica carreira solo e esteve ao lado de artistas do porte de Sérgio Mendes, Roberto Carlos, Hermeto Pascoal, Tom Jobim, Airto Moreira, Lionel Hampton, Sarah Vaughan, George Duke, Stanley Clarke e Ron Carter, entre muitos outros. Raulzinho, que comemorou 55 anos de trajetória com um bonito show no Teatro Fecap há duas semanas, pode ser visto como uma síntese da história recente da música brasileira. Do começo em bandinhas de coreto e conjuntos regionais à consagração no mundo do jazz internacional, ele passou por noites de gafieira, experiências com bossa-nova e samba-jazz, agitos da jovem guarda e da black music, estudos música experimental, enfim, por tudo o que estava disponível. E sempre de forma absolutamente marcante. Hoje, voltando a morar no Brasil depois de décadas na nos EUA e na Europa, Raul reata as pontas da vida. Por um lado, conta sua história musicalmente, na turnê nacional dos 55 anos de carreira. Por outro, espera pela publicação de uma cuidadosa biografia a ser feita pelo jornalista Roberto Mugiatti. As gravações dos seus depoimentos já ocupam 26 CDs, repletos de histórias interessantíssimas, como a do curioso surgimento do apelido de Raul, já que seu nome real é João José Pereira de Souza. Em pouco tempo de conversa, já se nota que suas memórias bem poderiam render uma discoteca inteira, e quase tão vasta quanto a da sua música.

que v. repita a experiência daqui a um mês, a ver se o resultado se confirmou. Tente agora o argentino Amalaya de Colomé. Provavelmente concluirá que é bem superior aos três anteriores, pelo mesmo preço. Ou não? Vale a pena o ato de reparar, usar a cabeça e o coração, a dizer com Saramago, "se podes olhar vê, se podes ver repara". Os dias de hoje são tão corridos que até mesmo a expressão popular "perder tempo" é contraditória. Na realidade vivemos cada vez mais rápido e mal. Comer logo, dormir para acordar cedo, poupar para o IPTU do ano que vem. Beber vinho de modo consciente não mudará o seu horário de trabalho nem o seu salário, mas é um modo sutil e agradável de vencer a engrenagem. Comece deixando claro a todos em casa que esse é o "seu momento". Controlar a vida pode parecer pouco, mas é um passo na direção do equilíbrio, ficar mais forte e zen para merecer Julia quando ela lhe aparecer carente numa praia deserta de Bali.

DENISE STOKLOS

Renata Masse

T

te é fácil olhar a cor, sentir o cheiro (ops, os aromas!), tentar reparar se tem boa estrutura ou viscosidade (as lágrimas de glicerina que se formam quando giramos o copo), se na boca tem boa fruta e álcool, se tem equilíbrio entre acidez amargor e até uma certa doçura. Se desce bem e permanece no paladar depois do gole etc. Também é fácil constatar se aquele vinho é leve e agradável ou encorpado e pesado. Enfim, se o conjunto é balanceado e lhe agrada, se falta ou sobra alguma coisa, por exemplo se "os taninos novos ainda pegam na língua". Ninguém poderá intervir no instante íntimo de abrir uma garrafa, verter boa dose no copo, rodopiar, tentar perceber o buquê, deixar o vinho alguns segundos na boca antes de engolir. A ideia é pensar um pouco, reparar na bebida. Por exemplo compre três garrafas: Santa Carolina, Concha y Toro e Armador de Odjefeld, todos na faixa de preço entre 30 e 40 reais. Decida qual deles lhe agradou mais e porque. Nada impede

Domingo (28) é o último dia para visitar a exposição Quem é Você?, na Caixa Cultural. Exibida antes em Porto Alegre, mostra o projeto fotográfico da artista Renata Massetti, em parceria criativa com Juliano Madureira (foto). A mostra apresenta as alterações físicas de dois rapazes, ocorridas ao longo de quatro anos. É possível ver as mudanças dos personagens em fotografias em grande formato, mosaicos-sequências, vídeo, jogo cara-a-cara e um praxinoscópio (objeto rotacional que reproduz a sequência de imagens em movimento). Caixa Cultural. Praça da Sé, 111. (RA)


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VÍDEOS E DANÇA

INSTALAÇÃO Ao lado, Totem, uma das obras criadas com equipamentos eletrônicos, integrante da mostra Dissonâncias.

TEATRO História da violência na Argentina e na América Latina é tema da peça Ardor, de Ricardo Holcer.

VOLTO JÁ!: PERFORMANCE SOBRE AMOR E VIDA.NO BOM RETIRO.

Mostra Sesc de Artes 2010 chega na reta final com time de atrações espalhadas por 15 unidades da Cidade. Corra para aproveitar! Rita Alves

Fotos: Divulgação

PRÉ-HISTÓRIAS: INSTALAÇÃO EXIBIDA NOS TAPUMES DA 24 DE MAIO.

O Sesc Pompeia será sede para os fãs de arte, design e tecnologia digital. Além de exposição, o visitante ainda pode costurar seus próprios circuitos eletrônicos, aprender e trocar ideias sobre o assunto.

Fazendo arte no Sesc. Junto e misturado.

B

CAÇA PALAVRAS: INTERVENÇÃO EM DIVERSAS UNIDADES.

ARTE E TECNOLOGIA

PATIFE BAND E ARRIGO BARNABÉ NO SESC POMPEIA.DIA 27.

Renato Mangolin/ Divulgação

Acima, Festival Cinetube @2010 views, atração do CineSesc. E, ao lado, Paisagem Concreta, dança no Sesc Santana.

cultura

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No alto, Giganto, intervenção urbana com fotografias em grande formato, feitas por Raquel Brust, em Santo Amaro. Obras da exposição Dissonâncias, com trabalhos construídos com equipamentos digitais e analógicos, no Sesc Santana. E, à direita, a performance Banquete de Platão, do Coletivo Heróis do Cotidiano.

oas atrações não faltam. E tem para todos os gostos. A Mostra Sesc de Artes 2010 está agitando a Cidade desde o último dia 18 com seus 62 projetos culturais, espalhados por 15 unidades do Sesc. E quem deixou para curtir o evento nos últimos dias ainda tem muito que aproveitar. Simone Engbruch Avancini, coordenadora da Mostra Sesc de Artes, ao lado de Cássio Quitério, conta que desde o começo a participação das pessoas tem sido intensa. "Nós tivemos uma grande adesão do público nessa edição, na qual questionamos quem é o sujeito e quem é o público nos trabalhos. Neles as pessoas são convidadas a participar, interagir. Há também a questão de não classificar as obras, fazendo um trabalho entre as fronteiras da arte", diz. Não sabe por onde começar a diversão? Simone dá as pistas. Uma das sugestões está no Sesc Vila Mariana, no sábado (27), às 16h. É lá que o Grupu (acima) exibe no atrium um concerto de percussão erudita. O conjunto, formado por Paula Buscácio, Vitor Zago, Luis Oliveira Silva, Daniela Cervetto, Isadora Conte, Eduardo Virgílio e Ronaldo Lima, traz no repertório músicas de artistas como John Cage e Henry Cowell. Outra atração musical acontece no Sesc Pompeia, sexta (26), às 22h. Trata-se do Dzzzz Band. "É um grupo angolano que trabalha com a linha do rap", explica a coordenada da Mostra. Nástio Mosquito, poeta, ator, rapper e performer, também sabe cantar e mostra seu talento vocal como líder do grupo. Simone lembra ainda a apresentação de Ornette Coleman, no Sesc Pinheiros. Mas, assim como aconteceu na apresentação do americano Lou Reed, no último sábado (20), os concorridos ingressos já estão esgotados. No domingo (28), no Sesc Interlagos, às 16h, o público pode ver o rapper carioca MV Bill. O músico entra no palco depois de outro rapper, Black Alien (ex-Planet Hemp), eleito para fazer o show de abertura junto com o DJ Castro. "Na área cênica temos a atuação de Angélica Liddell, com Te Farei Invencível com Minha Derrota." A obra tem como inspiração a vida da violoncelista britânica Jacqueline Du Pré, morta aos 42 anos, vítima de esclerose múltipla. Os temas abordados no palco não poderiam ser outros: saudade e morte, além de terror, desconfiança, ansiedade e compaixão. Só tire essa dica da sua programação, caso você seja extremamente sensível, pois o

espetáculo contém cenas de automutilação. Na futura garagem do Sesc Santo Amaro, sábado (27), às 20h, e domingo (28), às 19. Já no Sesc Consolação a turma do Centro de Investigação Teatral mostra O Interrogatório, dirigido por Eduardo Wotzik. A peça, com duração de 12 horas, traz no elenco 40 atores preparados para encenar a adaptação da obra homônima do dramaturgo Peter Weiss. No palco, o público assiste aos momentos finais do processo de Frankfurt, ocorrido em 1965, em que nazistas e funcionários são condenados por crimes de guerra ocorridos no campo de Auschwitz. Disposto a ver? Então anote: sábado (27), das 18h às 6h da manhã de domingo, com permissão para o espectador de sair e voltar a qualquer momento. Quem gosta de cinema e internet não pode perder o Festival Cinetube @2010views, no CineSesc, na sexta (26) e sábado (27), às 23h. Os vídeos exibidos no site Youtube vão ser vistos de uma maneira especial: na tela de cinema. E a relação com tecnologia não para por aí. Por meio do twitter, conectado à tela, a plateia tem a opção de escolher na hora os filmes da net, mostrados na telona. A tecnologia também é tema do Ateliê de (Ciber)Costura, no Sesc Pompeia, de sexta (26) a domingo (27), das 14h às 21h. A costura do título vem do tricô, ou melhor, da tricotagem de ideias em bate-papos. É o ponto de encontro para quem gosta de arte, design e tecnologia digital. Aproveite o embalo e passe ainda no Sesc Santana, sábado (27), às 21h, e domingo (28), às

19h. O local também lida com a tecnologia por meio da exposição Dissonâncias, que apresenta instalações, engrenagens, máquinas visuais e sonoras, todas criadas com equipamentos digitais e analógicos. Bateu fome? Se é fome de literatura e comida experimente participar do Banquete de Platão, do Coletivo de Performance Heróis do Cotidiano, no Centro (sexta, 26, 17h), Sesc Pinheiros (sábado, 27, 16h) e Sesc Ipiranga (domingo, 28, 10h). A performance urbana é pura interação com o público. Depois de instalado um banquete, as pessoas são convidadas a participar dele diante de uma condição: falar de amor com os performers. Servido? Sesc Vila Mariana. Rua Pelotas, 141, tel.: 5080-3000. Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, tel.: 3871-7700. Sesc Pinheiros. Rua Paes Leme, 195, tel.: 3095-9400. Sesc Interlagos. Avenida Manuel Alves Soares, 1100, tel.: 5662-9500. Sesc Santo Amaro. Avenida Adolfo Pinheiro, 940, tel.: 5525-1855. Sesc Consolação. Rua Dr. Vila Nova, 245, tel.: 3234-3000 CineSesc. Rua Augusta, 2075, tel.: 3087-0500. Sesc Santana. avenida Luiz Dumont Villares, 579, tel.: 2971-8700. Centro. Largo São Francisco. Sesc Ipiranga. Rua Bom Pastor, 822, tel.: 3340-2000.


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