DC 20/09/2012

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

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Diogo Moreira/Folhapress

FIM DA SECA? A chuva voltou ontem a diversas regiões do País, inclusive à capital paulista (foto). No Rio Grande do Sul, temporal provocou alagamentos em Porto Alegre e no interior do estado. No Rio, calor recorde de 41,2 ° C.

idades

Selvagens atacam Anhanguera na Paulista Bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, que nos anos 1700 escapou de índios ao colocar fogo em aguardente, teve sua escultura depredada em plena avenida Paulista. Fotos de Agliberto Lima/DC

Ivan Ventura

Cavalete eleitoral pode virar arte

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m mistério ronda os arredores do Parque Trianon, no coração da avenida Paulista. Motivado por vandalismo, alguém "decapitou" e sumiu com mais de 20 cabeças das pequenas figuras esculpidas na base do monumento em homenagem ao bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera. O detalhe que chama a atenção é que o responsável pelo ataque se preocupou apenas em levar as cabeças, não tocando em outros detalhes da obra feita em mármore de carrara. O conjunto de personagens decapitados narra, em quatro cenas, o famoso feito do bandeirante nas Guianas até então terras brasileiras. Diz a história que o bandeirante desbravou essas terras em busca de ouro e pedras preciosas. De repente, ele se viu cercado por vários índios, que o ameaçavam de morte. Para se livrar da situação, o bandeirante pôs fogo em um pouco de aguardente, que os índios pensaram tratar-se de água. O bandeirante ameaçou fazer o mesmo em todos os rios. Assustados, os nativos entregaram todo o ouro de que dispunham e deram a Bueno da Silva o apelido de Anhanguera, "o diabo velho" na língua tupiguarani. A partir desse episódio, o bandeirante passou a usar os índios como escravos e soldados. Prejuízo - A falta dessas cabeças no pedestal da escultura não representa apenas um dano ao patrimônio da cidade, mas um prejuízo inestimável para a narrativa do feito de Anhanguera. Por ora, não há testemunhas que ajudem a localizado o responsável pelo vandalismo em um monumento de quatro metros de altura e localizado numa das avenidas mais movimentadas da cidade e bem ao lado de banca de jornal e de uma base da Polícia Militar. Informado pela reportagem do DC, o especialista em monumentos da cidade e responsável pelo site www.monumentos.art.br,

Divulgação

Uma alternativa à poluição eleitoral

Mariana Missiaggia

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Obra foi esculpida pelo artista italiano Luigi Brizzolara em 1924 Walter Ramos, foi ao local verificar os danos impostos ao monumento. Ramos disse ter se espantado com o grau de desrespeito à obra do artista italiano Luigi Brizzolara, entregue a São Paulo em 1924. "É brincadeira! Isso (a retirada das cabeças) só pode ter sido motivado por algum tipo sincretismo popular. Alguém imaginou alguma coisa, viu algum simbolismo e decidiu tirar um pedaço". Na opinião de Ramos, a restauração das cenas

Paulo Pampolin/Hype - 08/11/2011

No pedestal da obra (fotos acima) está reproduzido o episódio em que o bandeirante pôs fogo na aguardente e disse que faria o mesmo com os rios, caso os índios não lhe entregassem seu ouro. Para Walter Ramos (esq.), um ato de vandalismo.

esculpidas no pedestal será difícil. "Se eu tenho o dedo que foi retirado de uma estátua, basta colar ou soldar. Aqui é diferente. É preciso reconstruir os mais de 20 rostos", disse. Informada sobre o ataque à escultura, a subprefeitura de Pinheiros prometeu enviar uma equipe até o local. Mais tarde, informou que essa questão era afeta à Secretaria Municipal de Cultura, que não se pronunciou até o fechamento desta edição.

inta e pincel é tudo o que eles precisam para melhorar a paisagem das ruas de São Paulo. A invasão da publicidade política que se espalha pelas ruas, além de nem sempre estar de acordo com a legislação eleitoral, aumenta a poluição visual e muitas vezes atrapalha os pedestres. Por isso, dois amigos resolveram recolher alguns cavaletes de candidatos e transformá-los em peças artísticas da "Cavalete Parade". A ideia é recolher peças com propaganda política em desacordo com a legislação e transformá-las em obras de arte. Criadores da ideia, Victor Britto, 24 anos, diretor de arte, e Marco Furtado, 28 anos, ilustrador, se sensibilizam com histórias de idosos, crianças e deficientes prejudicados por propagandas eleitorais irregulares. "Gostamos de arte espalhada pela cidade, mas nosso objetivo é banir os cavaletes nas próximas eleições e conscientizar os candidatos a promover suas candidaturas sem atrapalhar o funcionamento da cidade", diz Britto que, com o seu companheiro de trabalho, já remodelou seis cavaletes. A dupla alerta eventuais seguidores a não recolher cavaletes que seguem a lei: eles podem ser colocados nas ruas entre 6h e 22h, desde que não atrapalhem o trânsito de pessoas e veículos. Britto e Furtado se disponibilizaram a analisar fotos enviadas pelos seguidores, para evitar a retirada de algum cavalete regular. Ao lado de São Paulo, sete outras cidades aderiram ao "Cavalete Parade": Rio, Campinas, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e Recife participarão do lançamento do evento, marcado para o dia 29, às 13h. Em São Paulo, as obras estarão no canteiro central da avenida Paulista. "A ideia era fazer uma exposição, mas não temos dinheiro para alugar uma galeria", disse o diretor de arte que também já participou da "Cow Parade". A página do evento no Facebook já reúne 9 mil pessoas.

Depois de 62 dias, volta a chover em São Paulo. Franklin de Freitas/AE

Fábio Motta/AE

Andres Stapff/Reuters

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cidade de São Paulo registrou chuvas moderadas no fim da tarde de ontem, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura. Os registros foram feitos nos bairros do Campo Limpo, Jardim Ângela, Jabaquara e M' Boi Mirim, na zona sul. O CGE também afirmou que a chuva atingiu cidades da Grande São Paulo como Embu das Artes, Taboão da Serra, Cotia, Santana de Parnaíba, Pirapora de Bom Jesus, Itapecerica da Serra, São Lourenço da Serra e Juquitiba. De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a cidade não teve registro de chuvas significativas nos últimos 62 dias - o maior período desde 1985. Durante a noite, a previsão era de que a chuva também chegasse a outros bairros da zona sul e ao Butantã, na zona oeste. Também estavam previstas fortes rajadas de vento e trovoadas em toda a

Vendaval destrói telhado de escola em Curitiba (primeira foto). No centro, Rio bate recorde de calor. Ao lado, uruguaios enfrentam ventania.

cidade, segundo o centro. A previsão do CGE para os próximos dias aponta que uma frente fria avança e deve romper a massa de ar quente e seca que impedia as chuvas na maior parte do país nos últimos dias. Para hoje estão previstas pancadas de chuvas passageiras e trovoadas no início da manhã de amanhã. O calor vai diminuir e os índices de umidade relativa do ar ficarão elevados. A previsão é que os termômetros marquem entre 20°C e 28°C. Amanhã, a frente fria se

afastará novamente, mas ainda deixará o tempo instável. O dia permanecerá encoberto e com chuvas de intensidade fraca. A previsão é que a temperatura mínima seja de 17°C e a máxima de 24°C. Granizo – Uma tempestade com ventos de até cem quilômetros por hora e queda de granizo danificou o telhado de milhares de casas e também de prédios e pavilhões de diversos municípios do no-

roeste do Rio Grande do Sul entre a noite de terça-feira e a madrugada de ontem. O tempo melhorou durante o dia. No final da tarde, bombeiros procuravam por dois desaparecidos. Um deles é um operário argentino que trabalhava na manutenção da ponte internacional São Borja-Santo Tomé e caiu no rio Uruguai. Outro é um pes-

cador de Torres que estava em um barco virado pelo vento no rio Mampituba durante a madrugada. A capital, Porto Alegre, também sofreu com as fortes chuvas ontem. Rio – O dia mais quente do ano no Rio de Janeiro foi em pleno inverno. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os termômetros marcaram 41,2° C ontem à tarde, em Santa Cruz, na zona oeste da cidade. A temperatura ultrapassou a máxima registrada no verão, de 39,8 °C, no dia 2 de março. Ur ug uai – No Uruguai, o

problema são os ventos fortes. O Sistema Nacional de Emergências emitiu um comunicado ontem para que a população tome precauções devido às condições meteorológicas em algumas regiões do país, saindo de casa apenas se necessário. O alerta vermelho foi emitido para os Departamentos de Montevidéu, Canelones, Maldonado e Rocha, que registraram ventos de 120 a 150 km/h. Para outros sete Departamentos, foi emitido um alerta laranja - para ventos de 75 a 120 km/h. (Agências)


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