Livro Resumos APH Outubro 2016

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Associação Portuguesa de Horticultura

Estoril, 20 e 21 de outubro 2016

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Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril 20 e 21 de outubro 2016


FICHA TÉCNICA Livro de Resumos I Colóquio Nacional de Horticultura Social e Terapêutica Auditório da Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, Portugal 20 e 21 de outubro 2016 Propriedade e edição Associação Portuguesa de Horticultura (APH) Rua da Junqueira, 299, 1300-338 Lisboa Tel. 213623094 http://www.aphorticultura.pt Coordenação Isabel de Maria Mourão Maria Elvira Ferreira Luís Miguel Brito Ana Cristina Ramos Grafismo da capa: Miguel M. Brito Impressão: Centro de Cópias 17A, Braga Tiragem: 120 exemplares ISBN: 978-972-8936-22-8 Ano: 2016



20 e 21 outubro 2016 - EHTE, Estoril

Índice

Índice ........................................................................................................................................... I Introdução .................................................................................................................................. V Organização ............................................................................................................................... VI Programa geraL ....................................................................................................................... VIII Programa ................................................................................................................................... IX Comunicações em Painel ......................................................................................................... XII Visitas Técnicas e Workshops .................................................................................................. XIV RESUMOS ................................................................................................................................... 1

Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos - Comunicações orais Using gardening to improve health and transform lives ........................................................... 4 Sean Morrissey Avaliação dos benefícios terapêuticos das plantas em termos de saúde mental ..................... 7 Maria Antónia Frasquilho Horticultura na intuição inteligente ........................................................................................... 8 João Gil Pereira Agricultura Social e Sociedade: diálogos solidários ................................................................. 11 Ana Firmino e Cláudia Brites A Horticultura Social e Terapêutica como instrumento de valorização e potenciação da qualidade de vida – Estudo de caso de voluntariado no Cantinho das Aromáticas ................ 14 Luís Alves, Mafalda R. Pereira, Isabel Mourão e Mário C. Cunha Benefícios da horticultura nos utentes da APCC – Assoc. de Paralisia Cerebral de Coimbra .. 16 Margarida Domingues Contributos para a avaliação do bem-estar nos utilizadores das hortas biológicas do Parque da Devesa, V.N. Famalicão ....................................................................................................... 18 Marisa C. Moreira, Telma C. Almeida, Isabel Mourão, L. Miguel Brito Projeto- Escola BioAromas. Plantas aromáticas e medicinais. Promoção da transição para a vida pós escolar ........................................................................................................................ 20 Fernanda Delgado, Conceição Marçal, Eduardo Miguel, Isabel Gaspar, Edite Fernandes, Sónia Tomé, Rui Lopes, Teresa Almeida, Cristina Albuquerque

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Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos - Comunicações em painel Benefícios sociais, ambientais e económicos das hortas sociais biológicas do Município da Póvoa de Lanhoso .................................................................................................................... 24 Natália Costa, Isabel Mourão, J. Raul Rodrigues e L. Miguel Brito A horta acessível do Parque Agrícola da Alta de Lisboa. Historial, balanço e perspetivas ...... 26 Jorge Frazão Cancela Os cientistas hortelões ............................................................................................................. 28 Mariana Mota, Elisabete Santos, Sónia Lázaro, Teresa Barranco Horticultura terapêutica em cuidados geriátricos - estudo de caso........................................ 30 Joaquim Almeida Cunha, Isabel Mourão, Luisa Moura, L. Miguel Brito Semear para educar ................................................................................................................. 32 Alexandra Silva e Clara Costa Oliveira Horticultura no Centro de Acolhimento Temporário de Nogueira, Braga como estratégia de sustentabilidade na inserção social ......................................................................................... 34 Armindo Pereira Magalhães, Isabel Mourão, Paula Rodrigues, L. Miguel Brito, Luisa Moura e J. Raul Rodrigues Associar os ritmos da natureza ao desenvolvimento de benefícios em pessoas com diversos tipos de dificuldade .................................................................................................................. 36 José Carlos Oliveira, Isabel Mourão, Luisa Moura 5 Dias no Pezinho - divagações ................................................................................................ 38 Maria Lucília Sousa Projeto Parque Hortícola do Vale da Amoreira ....................................................................... 40 Paula Silva Horta solidária .......................................................................................................................... 42 Nuno Cabrita Alves, Pedro Louro, André Pontes, Maria Mendes O papel da horticultura na integração e motivação de alunos dos cursos vocacionais .......... 44 Elisabete Franco, Isabel Machado, Ana Lúcia Pinto-Sintra

Mesa Redonda - Fatores de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de Horticultura Social e Terapêutica............................................................................................ 47 Avaliação externa de projetos de Horticultura Social e Terapêutica ...................................... 49 Cláudia Pedra OASIS - Projeto de Hortoterapia ‘Quatro Luas’, na Quinta de Porto do Carro ........................ 50 Marta Gaspar Projeto social SEMEAR – Terra de oportunidades ................................................................... 52 Tomás Sassetti Coimbra Livro de Resumos

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Sessão 2 - Horticultura e Economia Social – Comunicações orais Economia social e horticultura ................................................................................................. 57 Fernando Oliveira Baptista Social Farming in Italy: development and legislation. The experience of the Social Farming National Forum......................................................................................................................... 58 Ilaria Signoriello Ação coletiva e horticultura social nos montes comunais da Galiza: O Programa Verdear .... 60 Damián Copena Rodríguez e Xavier Simón Fernández Projeto Alternative no Estabelecimento Prisional de Sintra .................................................... 63 Miguel Lago Agricultura Social na Cercica: uma agricultura para a inclusão ............................................... 64 Olga Brito e Luisa Simões Horta Associativa da Adroana .................................................................................................. 66 Teresa Ribeiro, André Miguel, Rui Peixoto, Sara Torres Efeitos das hortas urbanas do projeto Horta à Porta .............................................................. 68 Cristina Ferreira Horticultura no desenvolvimento social no Norte da Guiné-Bissau ........................................ 70 Pedro M.P. Santos, Patrícia Maridalho, Isabel Mourão, L. Miguel Brito

Sessão 2 - Horticultura e Economia Social - Comunicações em painel Contributo para o estado da arte da Agricultura Urbana e Periurbana em Portugal: entre as perceções e as práticas ............................................................................................................ 74 Cecília Delgado Formas e moldes: dinâmicas futuras da Agricultura Social ..................................................... 76 Cláudia Brites e Ana Firmino Contribuição do trabalho voluntário na diminuição dos custos de projetos de horticultura social ......................................................................................................................................... 79 Maria Raquel Sousa “Horta do Saber” - Projeto estratégico de sustentabilidade para famílias carenciadas ......... 80 Maria de Lurdes Silva, Isabel Mourão, Lia Jorge, Paula Rodrigues, L. Miguel Brito e J. Raul Rodrigues Práticas de economia solidária em iniciativas de agricultura urbana do concelho de Lisboa. Os casos do Vale de Chelas, da Alta de Lisboa e da Horta do Baldio ....................................... 82 Carlos Paizinho, Maria de Fátima Ferreiro

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Contribuição da Horta Comunitária de Amares para a economia social e familiar................. 84 Maria Helena Soares, Bernardo Costa, Vanessa Neves Agricultura social na Escola Superior Agrária de Viseu ............................................................ 87 António Pinto, Daniela Teixeira, Helena Esteves Correia As hortas urbanas e a sustentabilidade dos recursos solo, água e energia ............................ 88 M. Elvira Ferreira e Paulo B. Luz Estratégias de uso de água para as hortas urbanas no contexto de zonas climáticas em Portugal .................................................................................................................................... 90 Paulo B. Luz e M. Elvira Ferreira

Sessão 3 - Empreendedorismo social e financiamento - Comunicações orais Social Agriculture: Funding in the Netherlands ....................................................................... 92 Marjo Baeten A agricultura social e o desenvolvimento rural........................................................................ 94 Pedro Teixeira Responsabilidade social - A experiência da Parques de Sintra, Monte da Lua ........................ 96 Nuno Oliveira A inserção social pelo trabalho: o caso da empresa de floricultura da Dianova Portugal ...... 98 Carlota Quintão, Cristina Parente, Rui Martins, Susana Almeida Projeto Lança Sementes: As hortas pedagógicas da Quinta Essência ................................... 100 Miguel Mata Pereira Redesenhar o Futuro .............................................................................................................. 102 Frederico Lucas e Suzanne Rodrigues Adaptação e gestão da empresa agrícola para implementação de um modelo de agricultura social ....................................................................................................................................... 104 Isabel Mourão

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Introdução A Associação Portuguesa de Horticultura (APH), em parceria com a CERCICA e a Câmara Municipal de Cascais, organizou o ‘I Colóquio Nacional de Horticultura Social e Terapêutica’, realizado nos dias 20 e 21 de outubro 2016, no Auditório da Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril. A este evento foi concedido o Alto Patrocínio de S. Ex.ª o Presidente da República, que representa um contributo para a concretização de ideias que tenham por base o futuro de Portugal. A Horticultura Social e Terapêutica (HST) enquadra-se em programas de horticultura urbana, de educação ambiental e de apoio a pessoas idosas, com deficiência ou dependência, em instituições de saúde, de reabilitação psicossocial e de inclusão social. Estes programas são promovidos por instituições particulares de solidariedade social, câmaras municipais, associações, estabelecimentos prisionais, instituições de ensino superior e outras, e têm por objetivo contribuir para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida das pessoas, nomeadamente da sua saúde física, mental e emocional. Oferece, ainda, oportunidades para a socialização, participação ativa e exercício físico, estímulo dos sentidos, da concentração e da criatividade. A HST relaciona-se com a Agricultura Social, que pode assumir uma forma de diversificação das fontes de rendimento das empresas agrícolas que, prestando um serviço social à comunidade, continuam sujeitas às leis do mercado. A Agricultura Social tem sido também praticada em explorações agrícolas sem fins lucrativos, que exercem uma atividade de produção e troca de bens e serviços de interesse social. Este Colóquio envolve técnicos, investigadores, movimentos sociais, empresas, pessoas e comunidades, e traduz-se numa partilha de experiências e de processos inovadores, que procuram responder aos atuais desafios sociais, ambientais e económicos. Os temas do colóquio incluem: avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos; fatores de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de HST; economia, empreendedorismo social e financiamento; agricultura social e desenvolvimento rural; e, também, o trabalho que se tem vindo a desenvolver na Europa, apresentado por oradores de referência do Reino Unido, Itália, Holanda e Espanha. O colóquio é também uma oportunidade de formação através de visitas participativas à CERCICA ou às diferentes tipologias das Hortas de Cascais e, ainda, através da participação em workshops nas áreas de marketing e de empreendedorismo social.

A Comissão Organizadora

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Organização

Comissão Organizadora Ana Cristina Ramos (APH; INIAV, IP) Custódia Gonçalves (APACI) Frederico Rodrigues (UTAD) Isabel Mourão (CIMO/ESA/IPVC; presidente) Jaime Ferreira (Agrobio) Luís Alves (Cantinho das Aromáticas) Manuela Araújo (CM Famalicão) Maria de Deus Domingos (DRAPAlg) Maria José Dinis (ASTA) Miguel Neves (Albergues Noturnos do Porto) Olga Brito (Cercica) Paula Rodrigues (CVP-Braga) Raquel Santos (CM Cascais) Rui Peixoto (CM Cascais) Sónia Lança (CM Seixal)

Comissão Científica Alfredo Sendim (Herdade Freixo do Meio) Ana Firmino (FCSH/UNL) Artur Cristovão (UTAD) Carlos Portas (ISA/ULisboa) Cristina Amaro da Costa (ESAV/IPV) Fernando Oliveira Baptista (ISA/ULisboa) Filomena Miguéns (ESAC/IPC) Isabel Mourão (CIMO/ESA/IPVC) Isabel Rodrigo (ISA/ULisboa) Luís Miguel Brito (CIMO/ESA/IPVC) Maria Elvira Ferreira (INIAV, IP) Mariana Mota (ISA/ULisboa)

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Programa

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Programa Geral

Dia 20/10/2016 8.00 h 9.00 h 9.30 h 10.30 h 11.00 h 12.30 h

- Registo, inscrição e entrega de documentação - Sessão de Abertura - Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos - Café - Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos - Almoço

14.00 h - Mesa Redonda - Fatores de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de Horticultura Social e Terapêutica 15.30 h - Café 15.45 h - Sessão de painéis - Temas 1 e 2 16.30 h - Sessão 2 - Horticultura e Economia Social 19.30h - Jantar do Colóquio

Dia 21/10/2016 9.00 h 11.00 h 11.30 h 12.30 h

- Sessão 3 - Empreendedorismo social e financiamento - Café - Sessão de painéis no auditório - Temas 1 e 2 - Sessão de Encerramento Síntese e conclusões do Colóquio 13.00 h - Almoço 14.30 h - 17.30 h - Visitas técnicas e Workshops Visita técnica 1 - CERCICA Visita técnica 2 - Hortas de Cascais Workshop 1 - Marketing social: despertar, envolver, impactar Workshop 2 - Empreendedorismo Social em Portugal

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Programa

Dia 20/10/2016 8.00 h - Registo, inscrição e entrega de documentação 9.00 h - Sessão de Abertura 9.30 h - Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos Moderadores: Carlos Portas (ISA/UL) e Isabel Mourão (ESAPL/IPVC) - Using gardening to improve health and transform lives Sean Morrissey (Thrive, UK) - Avaliação dos benefícios terapêuticos das plantas em termos de saúde mental Maria Antónia Frasquilho (AlterStatus) - Horticultura na intuição inteligente João Gil Pereira (Naturena) 10.30h - Café 11.00 h - Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos Moderadores: Mariana Mota (ISA/UL) e André Miguel (CM Cascais) - Agricultura Social e Sociedade: diálogos solidários Ana Firmino e Cláudia Brites (FCSH-UNL) - A horticultura como ferramenta educativa, terapéutica e de participación social Inma Peña Fuciños (Asoc. Española de Terapia Hortícola y Horticultura Escolar) - A Horticultura Social e Terapêutica como instrumento de valorização e potenciação da qualidade de vida - Estudo de caso de voluntariado no Cantinho das Aromáticas Luis Alves (CA), Mafalda Pereira, Isabel Mourão e Mário Cunha - Benefícios da horticultura nos utentes da APCC - Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra Margarida Domingues (APCC) - Contributos para a avaliação do bem-estar nos utilizadores das hortas biológicas do Parque da Devesa, V. N. Famalicão Marisa Moreira (CM VN Famalicão), Telma Almeida, Isabel Mourão e L. Miguel Brito - Projeto- Escola BioAromas. Plantas aromáticas e medicinais. Promoção da transição para a vida pós escolar Fernanda Delgado (CERNAS/ESA/IPCB), Conceição Marçal, Eduardo Miguel, Isabel Gaspar, Edite Fernandes, Sónia Tomé, Rui Lopes, Teresa Almeida, Cristina Albuquerque 12.30 h - Almoço Livro de Resumos

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Dia 20/10/2016

14.00 h - Mesa Redonda - Fatores de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de Horticultura Social e Terapêutica Moderador: Fernando Alves (TSF) Participantes - Cláudia Pedra (Stone Soup Consulting) - Cristina Parente (ISUP/DSFL/UP) - Marta Gaspar (Oasis) - Miguel Mata Pereira (Quinta Essência) - Cristina Figueiredo (Cercica) - Tomás Sassetti Coimbra (Semear) 15.30 h - Café 15.45 h - Sessão de painéis - Temas 1 e 2 (Comunicações em painel listadas em baixo) 16.30 h- Sessão 2 - Horticultura e Economia Social Moderadores: Alfredo Sendim (Herdade Freixo do Meio) e Sónia Lança (CM Seixal) - Economia social e horticultura Fernando Oliveira Baptista (ISA-UL) - Social Farming in Italy: development and legislation. The experience of the Social Farming National Forum Ilaria Signoriello (Social Farming National Forum, Itália) - Ação coletiva e horticultura social nos montes comunais da Galiza: O Programa Verdear Damián Copena e Xavier Simón (GIEEA/FE/U Vigo, Espanha) - Projeto Alternative no Estabelecimento Prisional de Sintra Miguel Lago (Cruz Vermelha Portuguesa) - Agricultura Social na Cercica: uma agricultura para a inclusão Olga Brito e Luisa Simões (Cercica) - Horta Associativa da Adroana Teresa Ribeiro, André Miguel, Rui Peixoto e Sara Torres (CM Cascais) - Efeitos das hortas urbanas do projeto Horta à Porta Cristina Ferreira (Lipor) - Horticultura no desenvolvimento social no Norte da Guiné-Bissau Pedro Santos, Patrícia Maridalho (VIDA), Isabel Mourão e L. Miguel Brito 19.30h - Jantar do Colóquio

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Dia 21/10/2016 9.00 h - Sessão 3 - Empreendedorismo social e financiamento Moderadores: Maria José Dinis (ASTA) e Rui Peixoto (CM Cascais) - Social Agriculture funding in the Netherlands Marjo Baeten (HAS Univ. of Applied Science, Holanda) - A agricultura social e o desenvolvimento rural Pedro Teixeira (DGADR/ MAFDR) - Responsabilidade social - A experiência da Parques de Sintra, Monte da Lua Nuno Oliveira (Parques de Sintra, Monte da Lua) - A inserção social pelo trabalho: o caso da empresa de floricultura da Dianova Portugal Carlota Quintão, Cristina Parente (IS-UP, Associação A3S), Rui Martins e Susana Almeida - Projeto Lança Sementes: As hortas pedagógicas da Quinta Essência Miguel Mata Pereira (Associação Quinta Essência) - Redesenhar o futuro Frederico Lucas e Suzanne Rodrigues (APMRA/Novos Povoadores) - Adaptação e gestão da empresa agrícola para implementação de um modelo de agricultura social Isabel Mourão (CIMO/ESA/IPVC) 11.00 h - Café 11.30 h - Sessão de painéis no auditório - Temas 1 e 2 Moderadores: Maria Elvira Ferreira (INIAV) e Cristina Amaro da Costa (ESA/IPV) 12.30 h - Sessão de Encerramento Síntese e conclusões do Colóquio 13.00 h - Almoço 14.30 h - 17.30 h - Visitas técnicas e Workshops (programa detalhado em baixo) Visita técnica 1 - CERCICA Visita técnica 2 - Hortas de Cascais Workshop 1 - Marketing social: despertar, envolver, impactar Margarida Castro Caldas Workshop 2 - Empreendedorismo Social em Portugal Nuno Frazão (IES -Social Business School)

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Comunicações em painel Tema 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos P1 Benefícios sociais, ambientais e económicos das hortas sociais biológicas do Município da Póvoa de Lanhoso Natália Costa, Isabel Mourão, J. Raul Rodrigues e L. Miguel Brito P2* A horta acessível do Parque Agrícola da Alta de Lisboa. Historial, balanço e perspetivas Jorge Frazão Cancela P3 Os cientistas hortelões Mariana Mota, Elisabete Santos, Sónia Lázaro e Teresa Barranco P4 Horticultura terapêutica em cuidados geriátricos - estudo de caso Joaquim Almeida Cunha, Isabel Mourão, Luisa Moura e L. Miguel Brito P5 Semear para educar Alexandra Silva e Clara Costa Oliveira P6* Horticultura no Centro de Acolhimento Temporário de Nogueira, Braga como estratégia de sustentabilidade na inserção social Armindo Pereira Magalhães, Isabel Mourão, Paula Rodrigues, L. Miguel Brito, Luisa Moura e J. Raul Rodrigues P7 Associar os ritmos da natureza ao desenvolvimento de benefícios em pessoas com diversos tipos de dificuldade José Carlos Oliveira, Isabel Mourão e Luisa Moura P8* 5 Dias no Pezinho – divagações Maria Lucília Sousa P9* Projeto Parque Hortícola do Vale da Amoreira Paula Silva P10* Horta Solidária Nuno Cabrita Alves, Pedro Louro, André Pontes e Maria Mendes P11 O papel da Horticultura na integração e motivação de alunos dos cursos vocacionais Elisabete Franco, Isabel Machado e Ana Lúcia Pinto-Sintra

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Tema 2 - Horticultura e Economia Social P12* Contributo para o estado da arte da Agricultura Urbana e Periurbana em Portugal: entre as perceções e as práticas Cecília Delgado P13 Formas e moldes: dinâmicas futuras da Agricultura Social Cláudia Brites e Ana Firmino P14* Contribuição do trabalho voluntário na diminuição dos custos de projetos de horticultura social Maria Raquel Sousa P15 “Horta do Saber” - Projeto estratégico de sustentabilidade para famílias carenciadas M. Lurdes Silva, Isabel Mourão, Lia Jorge, Paula Rodrigues, L. Miguel Brito e J. Raul Rodrigues P16* Práticas de Economia Solidária em Iniciativas de Agricultura Urbana do Concelho de Lisboa. Os Casos do Vale de Chelas, da Alta de Lisboa e da Horta do Baldio Carlos Paizinho e Maria de Fátima Ferreiro P17 Contribuição da Horta Comunitária de Amares para a economia social e familiar Maria Helena Soares, Bernardo Costa e Vanessa Neves P18* Agricultura Social na Escola Superior Agrária de Viseu António Pinto, Daniela Teixeira e Helena Esteves Correia P19* As hortas urbanas e a sustentabilidade dos recursos solo, água e energia M. Elvira Ferreira e Paulo B. Luz P20 Estratégias de uso de água para as hortas urbanas no contexto de zonas climáticas em Portugal Paulo B. Luz e M. Elvira Ferreira

(*) – Apresentação na Sessão de painéis no auditório - Temas 1 e 2

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Visitas técnicas e Workshops Dia 21/10/2016 Visita técnica 1 - CERCICA - www.cercica.pt - Objectivos + Conhecer a Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais (CERCICA) e a sua história + Compreender o funcionamento, as metodologias e as estratégias da Cercica - Programa + Visita guiada às instalações + Participação em atividades de horticultura social - Local: Rua Principal, nº 320 / 320 A – Livramento, 2765-383 Estoril Visita técnica 2 - Hortas de Cascais - www.cascaisambiente.pt - Objectivos + Conhecer o programa Hortas de Cascais + Perceber a metodologia, funcionamento e especificidades das suas diferentes vertentes: hortas comunitárias, associativas, em Centros de Dia e numa quinta. - Programa + Horta Comunitária da Adroana + Horta Associativa da Adroana + Horta num Centro de Dia + Horta da Quinta do Pisão Workshop 1 - Marketing social: despertar, envolver, impactar Powered by IES - Social Business School - Formadora: Margarida Castro Caldas - Objectivos + Estabelecer um entendimento comum do que é o marketing social; + Despertar a consciência para a necessidade e importância do marketing num projeto social; + Dar a conhecer metodologias e ferramentas; + Promover a capacidade de autoanálise de cada iniciativa ou projeto. - Local: Sala na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril Workshop 2 - Empreendedorismo Social em Portugal - Formador: Nuno Frazão (IES -Social Business School) - Objectivos + Conceito + Metodologia de mapeamento e critérios de empreendedorismo social ES+ + Problemas sociais em Portugal + Financiadores + Soluções de empreendedorismo em social - Local: Sala na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril Livro de Resumos

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Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos

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Using gardening to improve health and transform lives Sean Morrissey Thrive, The Geoffrey Udall Centre, Beech Hill, Reading, RG7 2AT, UK, Sean.Morrissey@thrive.org.uk

Resumo Social and Therapeutic Horticulture (STH) is the participation by vulnerable people in groups and communities whose activities are centred on plants, horticulture and gardening. STH is one of the core components of 'Green Care'. Green Care can best be understood as a formalised approach to the use of nature for health and well-being and differs, as such, from activities like recreational gardening or nature-based health promotion activities like 'walking for health' or 'green exercise'. In this context, social and therapeutic horticulture involves a trained practitioner who utilises gardens and gardening activities to enable groups of clients with clearly identified support needs to achieve well-defined goals. STH practitioners harness the opportunities that gardens provide for both a ‘passive’, ‘restorative’ experiencing of nature, and gardening, which is flexible and often highly meaningful activity for various groups of people. There is nothing new about the use of nature and nature-based activities for health and well-being. In the past few decades, however, recognition of the importance of greencare provision in various settings has been growing amongst the health and social care community. In the UK, the establishment of groups like the Green Care Coalition and the publication of key reports by Natural England (a non-departmental public body of the UK Government) and the King’s Fund (a health charity that shapes health and social care policy and practice) have begun to influence clinical commissioning, social prescription and public policy. When considered in the context of shrinking budgets and structural changes to health and social services, STH and Green Care offer the promise of cost-effective alternatives to established medical interventions for conditions and illnesses like depression, anxiety and dementia. In response to this burgeoning interest, professions like STH and care farming are increasingly tasked with demonstrating an understanding of the mechanisms that enable people to derive health and well-being from nature and nature-based activities; an evidence-

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base that is robust, reliable and coherent; and that processes exist to assure the quality of services. The purpose of this presentation is to articulate a conceptual framework for naturebased approaches to health and well-being in general, and social and therapeutic horticulture specifically. In so doing, it will explore three interrelated theories that help describe the relationship between people and their natural environments; Attention Restoration Theory, the Biophilia Hypothesis and Psycho-Evolutionary Theory. The presentation will then explore the evidence-base by drawing on research from a number of related fields. While recognising some of the evidence base, the presentation will demonstrate the overwhelming strength of consensus that exists about the value of nature-based approaches to health and well-being, whether in active or experiential applications. Finally, it will explore some models of practice and the ‘state’ of STH in the UK before suggesting some key strategies for closing the gap between currently established approaches to commissioning and prescription and organisations like Thrive who offer STH services. Thrive are the UK's national Society for Horticultural Therapy. The charity was formed in 1978 and now delivers around 10,000 gardening sessions to approximately 500 clients from its four regional centres across England each year. In addition, Thrive deliver training, education and consultancy services to 600-700 professionals annually and are involved in ongoing research of the impact of social and therapeutic horticulture on diverse groups of clients.

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Avaliação dos benefícios terapêuticos das plantas em termos de saúde mental Maria Antónia Frasquilho CEO-AlterStatus, Saúde, Educação e Desenvolvimento Pessoal, Lda., Av. Bombeiros Voluntários de Algés nº42, S/L Esqª, 1495-020 Algés, Portugal, alterstatus@gmail.com

Resumo Esta comunicação abordará, no âmbito da saúde mental, as vantagens de plantar e fará a síntese do estado atual do conhecimento científico relativo aos benefícios (e riscos) de algumas plantas.

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Horticultura na intuição inteligente João Gil Pereira Naturena - Agroturismo, Lugar Souto de Vilar, 4905-077 Durrães, Portugal, geral@naturena.net

Resumo O Método que a Intuição Inteligente desenvolveu e aplica na sua prática, não é mais do que a urgência do ser humano reclamar para si uma capacidade secundarizada, ou até perdida: a Intuição! Nunca antes o Homem teve ao seu alcance tanto, nem tão bom, conhecimento. E como em tudo na vida, nós temos uma Intuição… Então, se à nossa Intuição juntarmos a Inteligência, uma nova condição vai ter inicio, seguramente. Há vários exemplos de Intuição Inteligente à nossa volta. Pensemos numa colmeia, por exemplo. O produto final da colmeia é o Mel. Ele é intuitivamente armazenado em alvéolos. São autênticos recipientes herméticos, finalizados com Veneno, uma espécie de atmosfera controlada, e tamponados com Cera. E a ciência vem, depois, descodificar esta Intuição não perdida. Contrariando aquilo que tem vindo a ser popularizado, observações científicas recentes revelam que a herança genética vale apenas 5 a 10% da nossa condição de saúde. A parte restante é condicionada fundamentalmente pelo “ambiente”, que construímos à nossa volta. Ou seja, grande parte das doenças tem muito mais a ver com o “ambiente” do que com a genética. Não vale a pena, portanto, atribuir muito valor à genética. Primeiro, porque na verdade não há muito a fazer. Segundo, porque não estaríamos a assumir a responsabilidade da mudança, do problema e da solução. É que cada um de nós pode alterar o seu “ambiente”! Voltemos ao exemplo da colmeia que confirma este pressuposto. Quando uma colmeia percebe que a rainha deve ser substituída, as abelhas escolhem aleatoriamente algumas larvas às quais induzem uma nova dieta, a Geleia Real, fazendo com que estas evoluam, não para obreiras, mas sim para candidatas a rainhas. Abelhas muito maiores em tamanho e providas duma capacidade incrível de postura. Uma evolução distinta conseguida apenas pela alteração do “ambiente”, pela alteração da alimentação (alimentação funcional). Então, a saúde que temos vindo a perder pode ser recuperada se alterarmos, favoravelmente, o nosso “ambiente”. E esse passo de gigante é conseguido através do MÉTODO DA INTUIÇÃO INTELIGENTE, sustentado por 5 grandes PILARES: Alimentação, Livro de Resumos

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Emoções, Movimento, Sono e Respiração. Somos o que comemos e o que pensamos. Alguém que come lixo, naturalmente pensa lixo. E vice-versa. Quando pensamos lixo, desencadeamos um conjunto de emoções que não prestam. E de seguida, comportamentos que não interessam, originando uma sociedade de “loucos”. Então, se queremos mudar tudo isto, alteremos a dieta das pessoas. E tudo começa na terra. Na plantação, no trato e na colheita. Na Horticultura devemos pois despertar a nossa Intuição Inteligente para, por exemplo, explorar devidamente as consociações. Um claro exemplo de Intuição são as práticas agrícolas dos Incas. Eles combinam de forma magistral as culturas do milho com as do feijão e as das aboboras. Os benefícios daqui provenientes são vários, quer para o corpo, quer para o cultivo. Esta harmonização fornece ao corpo tudo aquilo que ele precisa. Hidratos de carbono do milho, vitaminas em grande quantidade das aboboras e proteínas provenientes do feijão. Por outro lado, no terreno a organização da cultura é incrível. O milho ergue-se como acessório para a sobrevivência com sucesso do feijão; o feijão trepa o milho fazendo dele haste para buscar a luz; e a abobora estende no solo as suas grandes folhas protegendo-o de ervas daninhas. Isto é observação duma Intuição que a ciência agora explica. Uma atitude destas é a oposta àquela que promove o “ataque” a uma qualquer praga pelo recurso a um químico agressivo, que elimina o agressor e fragiliza a planta, penalizando a alimentação que chega até cada um de nós. E os cancros… estão ou não a aumentar? Há correlação? É sobre isto, e muito mais, que vos vou falar no 1º Colóquio Nacional de Horticultura Social e Terapêutica.

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Agricultura Social e Sociedade: diálogos solidários Ana Firmino e Cláudia Brites Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Univ. Nova de Lisboa, Av. de Berna, 26-C, 1069-061 Lisboa, Portugal, am.firmino@fcsh.unl.pt

Resumo A agricultura social engloba um conjunto de atividades desenvolvidas por vários empreendedores, nomeadamente as associações sócio-terapêuticas, que são um pilar importante da sociedade pelo alcance da sua ação, embora atuem duma forma por vezes quase impercetível, sobretudo para quem não se movimente neste meio. Contudo, prestam um serviço muito meritório, e desde há largos séculos, como é o caso das misericórdias, tanto a quem tem limitações físicas ou mentais, como noutras situações que condicionem a inserção social (delinquência, dependência de substancias químicas, marginalização, etc.). Porém, os benefícios decorrentes da presença destas instituições, nos territórios em que desenvolvem a sua ação, são muito mais abrangentes contribuindo, consoante as situações, para a criação de infraestruturas que promovem criação de emprego, coesão social, dinamização socioeconómica, oferta de atividades de interesse para as populações locais, nomeadamente de cariz cultural. O objetivo deste trabalho é dar a conhecer, a um público mais alargado, o contributo destas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS’s) não apenas para apoio aos seus utentes mais diretos, mas sobretudo para o desenvolvimento dos territórios em que se inserem, e para a criação de sinergias decorrentes das suas atividades, que poderão motivar outros agentes. Os exemplos apresentados resultam do trabalho conjunto que há já vários anos temos vindo a desenvolver com a ASTA (Cabreira – Almeida), Quinta da Carapalha (Castelo Branco) e Casa de Santa Isabel (São Romão – Seia) e têm como objetivo divulgar projetos no âmbito da Responsabilidade Social das Empresas (RSE) que pretendem contribuir para um novo modelo de consumo, orientado para a solidariedade social e a responsabilidade individual na construção de um mundo melhor.

Palavras-chave: Agricultura Social, dinâmicas territoriais, responsabilidade social das empresas (RSE), economia social, inovação social. Livro de Resumos

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Horticultural Therapy: horticulture as tool for education, therapy and social participation Inmaculada Concepción Peña Fuciños President of AETHORES - Asociación Española de Horticultura Educativa, Social y Terapéutica, A Coruña, Spain, aethores@gmail.com

Abstract The profession of horticultural therapist is relatively recent. The first associations founded to promote the use of horticulture as a therapeutic tool are created in the 70s: American Horticultural Therapy Association (1973), The Society for Horticultural Therapy Thrive- (1978). Then Horticultural Therapy Association of Victoria Inc and Horticultural Therapy Society of NSW (1984), Gesellschaft für Gartenbau und Therapie (1988), Japan Horticultural Therapy Society (1995), Horticultural Therapy South Australia (2005), Asociación Chilena de Terapia Hortícola (2006), Asociación Argentina de Terapia Hortícola (2009), Asia Pacific Association of Therapeutic Horticulture (2007), Association of Social and Therapeutic Horticulture Practitioners, AETHORES (2014). The importance of these associations is double: 1) promote and spread the relevance for humans using the Horticultural Therapy for all its benefits; 2) collect a record of horticultural therapists, which are professionals qualified to provide safe and effective horticultural activities for health, education and social participation. Affiliate and register is an active way of establishing credibility among other professions and promoting HT as an effective discipline. The Spanish Association of Horticultural Therapy and School Garden - AETHORES has the following purposes: • Encourage the use of horticulture as an educational, social and therapeutic tool to help improve the quality of life, health, education, social participation, socio-labour inclusion and general welfare of the people. Including: children, youth and older people of any gender; people with any type of disability or functional diversity; persons who have suffered an accident or illness; people at risk of social exclusion and/or disadvantaged for any reason; etc. • Promote, research and spread the benefits of gardening as an educational, social and therapeutic tool in all its aspects, including, among others, the discipline of Horticultural Therapy and the School Gardening. • Promote the professionalization of the people involved in activities related to horticulture as educational, social and therapeutic tool by establishing: a specialized Horticultural Therapy formation, an accreditation process as horticultural therapists, and professional standards. • Promote the establishment of a professional association of horticultural therapists and a professional code of conduct for themselves, to ensure the welfare and rights of individuals Livro de Resumos

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to their activities, committing such professionals, reasonably, to ensure that their services have adequate implementation within the framework of appropriate conditions. • Promote quality and liability standards for programs and services using horticulture and gardening as an educational, social and therapeutic tool, establishing a Quality Assurance System for accreditation of projects. • Encourage the preservation, protection and appreciation of the natural environment for human life. When we speak of Horticultural Therapy we do it in a broad sense, following the terminology recognized by the AHTA, is meant to encompass the following programs: - Horticultural Therapy: active process that occurs within a treatment plan established, consisting of performing horticultural or gardening activities provided by a qualified therapist, to achieve specific and documented treatment goals. Usually they develop within a clinical, or health care environment: hospital, gerontological residence, neuropsychiatry centre, day care centre, etc., as well as special education centres. - Therapeutic horticulture: differs from the previous in that neither has specifically determined, nor documented therapeutic goals; consists in the use of plants and activities related to them, actively or passively, for the welfare of the participants, conduct for a horticultural therapist. - Social horticulture or Community gardening: recreational or leisure activity related to plants and horticulture or gardening, in which there are no defined treatment goals, and the focus is on social interaction and horticultural activities or gardening as final products, being maintained by a group of people organized in a community with a common goal or purpose. They can be supported in the general organization by a horticultural therapist. Its purpose is both: vegetable production for the group (although some are merely ornamental -garden-, or preservation of flora and fauna -environmental preservation-) and foster a sense of community and interaction among participants. - Vocational horticulture: it is often an important component of a Horticultural Therapy program, it focuses on providing training that enables people to work in the horticulture industry or professional gardening, regular work centres or special employment centres. In many cases the intended purpose is to reintegrate a person into society and facilitate access to employment. People who attend these programs may have disabilities or not, but in most cases there are at risk of social exclusion. - The Association also promotes School gardening: horticultural activities program for children from junior kindergarten and young to second cycle High School, both included, which allows them to experience curriculum content in a hands on and practical way, develops and promotes physical, cognitive, sensory and social skills, as well as promote healthy habits, in a natural setting and outdoor. It can be done, both at school and after-school. It can be combined with programs of Horticultural Therapy, in case of students with disability. Keywords: horticultural therapy, disability, disadvantage, elderly, children. Livro de Resumos

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A Horticultura Social e Terapêutica como instrumento de valorização e potenciação da qualidade de vida – Estudo de caso de voluntariado no Cantinho das Aromáticas Luís Alves1, Mafalda R. Pereira2, Isabel Mourão3 e Mário C. Cunha2 1

Cantinho das Aromáticas, Quinta do Paço, Rua do Meiral 508, 4400-501 Canidelo, Vila Nova de Gaia, Portugal Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre, sn 4169-007 Porto, Portugal. 3 Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal 2

Resumo A qualidade de vida é definida pela Organização Mundial de Saúde, como a perceção que cada indivíduo tem sobre o lugar que ocupa na vida, no contexto cultural e se o sistema de valores em que vive está relacionado com os seus objetivos, expectativas, regras e preocupações. Pode ser avaliada de formas distintas, sendo que uma delas abrange uma perspetiva subjetiva que inclui a satisfação com a vida, que inclui o bem-estar pessoal, a autoestima, a capacidade funcional, o nível socioeconómico, estado emocional, interação social, atividade intelectual, autocuidado, suporte familiar, estado de saúde, valores culturais, éticos e religiosos, estilo de vida, satisfação com o emprego e/ou com as atividades da vida diária e com o ambiente em que se está inserido. Realizou-se um estudo com o objetivo de avaliar a importância e o efeito da prática de voluntariado na empresa Cantinho das Aromática, Vila Nova de Gaia, Portugal, na qualidade de vida dos seus voluntários, em 2015. A quinta tem cerca de três hectares em zona urbana e produz e comercializa plantas aromáticas, medicinais e condimentares em modo de produção biológico. As tarefas de voluntariado são diversas e incluem tarefas mais aprazíveis no âmbito do normal quotidiano da empresa, nomeadamente: propagação de plantas - preparação de estacas e de tabuleiros com substrato para enraizamento; plantação e manutenção sementeira e plantação, envasamento, remoção de infestantes, manuseamento das telas de cobertura do solo; colheita - sobretudo de perpétuas; pós-colheita - separação de folhas secas para os lotes de infusão (normal e premium). O trabalho de avaliação consistiu na recolha de instrumentos de caracterização sociodemográfica e na aplicação da Escala de Satisfação com a Vida (Pais Ribeiro e Cummins, 2008) e da Escala de Felicidade Subjetiva (Pais Ribeiro, 2012), ambas validadas para a população portuguesa. O grupo de voluntários foi constituído maioritariamente por Livro de Resumos

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indivíduos do sexo feminino (75%), principalmente da faixa etária dos 56 a 65 anos (36,4%), casados, com um grau de escolaridade correspondente ao 12ºano, com uma situação profissional de reformado, sendo que a esmagadora maioria dos voluntários da amostra reside em zonas urbanas. A avaliação da satisfação com a vida do grupo de voluntários estudados resultou numa pontuação média de 75,4%, valor superior à média da população portuguesa, cujo valor médio é 68,9%. A análise da felicidade subjetiva permitiu verificar níveis de felicidade pessoal percebida, nível de felicidade comparado com os outros e nível de otimismo, superiores ao nível de "indiferença face à perceção pessoal da felicidade". O voluntariado aumentou de forma percebida a qualidade de vida dos seus praticantes, ou seja, a prática destas atividades contribuiu para que as pessoas se sentissem mais felizes e satisfeitas com a vida, alterando e melhorando os seus hábitos e desenvolvendo as suas capacidades pessoais.

Palavras-chave: Agricultura urbana, bem-estar, satisfação com a vida, felicidade subjetiva

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Benefícios da horticultura nos utentes da APCC - Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra Margarida Domingues Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, Quinta da Conraria, Conraria, 3040 714 Castelo Viegas, Portugal, margarida.domingues@apc-coimbra.pt

Resumo A agricultura social na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) tem como objetivo melhorar a qualidade de vida física, psicológica, social e ambiental; desenvolver competências nos domínios da agricultura social e aumentar os níveis de competências sociais de adultos com deficiência. Concretiza-se na participação de um grupo de adultos com deficiência, do centro de atividades ocupacionais e de jovens que concluíram o curso de formação profissional e se encontram em situação de desvantagem inseridos, num programa estruturado de atividades nos domínios da agricultura social. De uma forma geral, o projeto tem como objetivo nuclear o desenvolvimento de competências profissionais agrícolas e de empreendedorismo num grupo de adultos desempregados que, dados os seus diagnósticos e características funcionais associadas, representam um grupo de vulnerabilidade aumentada para processos de exclusão, isolamento e/ou falta de autonomia sociais. A Quinta da Conraria da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) (www.apc-coimbra.org.pt) congrega um espaço verde e agrícola de dimensão considerável e beleza singular, onde são dinamizadas diversas atividades e respostas sociais (e.g., formação profissional, atividades ocupacionais, hipoterapia/equitação terapêutica, ateliês pedagógicos) dirigidas primeiramente às pessoas em situação de desvantagem, com particular incidência nas pessoas com deficiência, mas também à comunidade em geral. No domínio da agricultura, a Quinta da Conraria da APCC carateriza-se pela existência de amplas áreas de terreno arável e estufas, onde são cultivados diversos produtos hortícolas para autoconsumo e comercialização. Especificamente, as atividades aliadas à agricultura social desenvolvidas na APCC promovem a agricultura biológica, o cultivo de plantas aromáticas e medicinais e a cultura de cogumelos “Pleurotus ostreatus”. Pelo histórico da APCC na qualidade reconhecida na (re)habilitação de pessoas incapacitadas, bem como pela dimensão territorial da zona de abrangência da intervenção desenvolvida (zona Centro de Portugal), a APCC possui um conhecimento próximo e fiável das necessidades de intervenção e desenvolvimento das pessoas em situação de desvantagem, nomeadamente com incapacidades. Há internamente a preocupação na sustentabilidade de um sistema integrado de promoção da inclusão social, qualidade de vida e empowerment Livro de Resumos

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destes grupos em situação de desvantagem. Assim, no projeto da agricultura social da APCC pretende-se, por um lado, avaliar o impacto global da participação de um grupo de adultos com deficiência em atividades de agricultura social, e por outro lado, desenvolver nesse mesmo grupo competências-chave de empreendedorismo que possam contribuir para a promoção da sua empregabilidade. Em relação a este último aspeto, esta abordagem a nível agrícola inclui no seu plano de desenvolvimento um módulo de formação em competênciaschave de empreendedorismo, derivado do manual de formação para pessoas com incapacidades intelectuais, que tem vindo a ser adaptado no âmbito do projeto Europeu BE (Business Enterprise) Inspired, www.adam-europe.eu/prj/9704/project_9704_en.pdf). No que respeita à mensuração dos resultados, o seguinte protocolo de avaliação é administrado aos participantes antes do início das atividades semanais e após o seu término: WHOQOLBref, Instrumento Abreviado de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (The WHOQOL Group, 1994; Canavarro et al., 2006); Escala de Empowerment (Rogers, Chamberlin, Ellison, & Crean, 1997); Inventário Clínico do Autoconceito (Vaz-Serra, 1986); Escala de Esperança de Trabalho (Juntunen, 2006; Martins, Paixão, & Silva, 2012). O projeto da agricultura social contribui, em primeiro lugar, para a resolução do problema de ausência de respostas sociais adequadas às necessidades de adultos desempregados com deficiência; em segundo lugar, promove a iniciativa privada e o empreendedorismo numa população em que esses aspetos tendem a ser mais deficitários do que na população geral; em terceiro lugar, aumenta as competências sociais e profissionais (aqui entendidas como dimensões de empregabilidade), cujos níveis tendem a estar comprometidos em adultos com deficiência; em quarto lugar, a escassa evidência empírica sobre o impacto das iniciativas de agricultura social na qualidade de vida, inclusão e empowerment de populações vulneráveis específicas. De acordo com os objetivos delineados, estima-se que o impacto da agricultura social junto do seu grupo-alvo seja verificado nas seguintes observações: (1) aumento dos níveis de competências profissionais no domínio da agricultura; (2) aumento dos níveis de empowerment, incluindo as dimensões de inclusão social e empreendedorismo; (3) melhoria dos níveis de qualidade de vida Auto relatada nos domínios físico, psicológico, social e ambiental; (4) melhoria dos níveis de participação social, nomeadamente através do incentivo à autoiniciativa e do envolvimento ativo e pleno em atividades comunitárias comuns; (5) aumento dos níveis de autoconfiança, esperança de trabalho e motivação para (re)definição do projeto de vida profissional e de desenvolvimento pessoal. Palavras-chave: Bem-estar, reabilitação, sociabilização, ambiente, motivação, competências, empregabilidade.

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Contributos para a avaliação do bem-estar nos utilizadores das hortas biológicas do Parque da Devesa, V.N. Famalicão Marisa C. Moreira1, Telma C. Almeida2, Isabel Mourão3, L. Miguel Brito3 1

Município de Vila Nova de Famalicão, Praça Álvaro Marques, 4764-502 V. N. de Famalicão, Portugal, marisamoreira@vilanovadefamalicao.org 2 Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, Campus Universitário, Quinta da Granja, 2829511 Caparica, Portugal, telma.c.almeida@gmail.com 3 Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Inst. Politécnico Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, isabelmourao@esa.ipvc.pt

Resumo As hortas urbanas em Portugal têm tido um crescimento exponencial nos últimos anos, mas a avaliação do seu contributo para a qualidade de vida das populações urbanas ainda é uma questão pouco desenvolvida. A qualidade de vida assenta num conjunto de conceitos amplos e subjetivos, e em que se consideram entre outros aspetos, os relacionados com bemestar pessoal, satisfação com a vida e felicidade subjetiva. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a importância e o efeito das hortas urbanas em modo de produção biológico, no Parque da Devesa, em Vila Nova de Famalicão, procurando contribuir para a avaliação daa qualidade de vida dos seus utilizadores. O estudo foi realizado em 2014 e baseou-se na recolha de instrumentos de caraterização sociodemográfica e na administração da Escala de Satisfação com a Vida de Pais Ribeiro e Cummins e da Escala de Felicidade Subjetiva de Pais Ribeiro. Para além destas, foi também efetuada uma avaliação qualitativa quanto à perceção pessoal dos pontos positivos e negativos por parte dos utilizadores das hortas. Os utilizadores destacaram como benefícios percebidos mais relevantes a ocupação do tempo e o relaxamento, a produção dos seus próprios alimentos saudáveis, o aumento da sensibilização para as questões ambientais, a alteração de hábitos alimentares, a prática de exercício físico, assim como a sociabilização e a interação com os outros. A avaliação da satisfação com a vida revelou que os utilizadores das hortas apresentam níveis mais elevados comparativamente com a média da população portuguesa, e que a maior periodicidade de visita às hortas se relacionou positivamente com a perceção pessoal da felicidade subjetiva. Para os utilizadores das hortas, destacam-se como pontos positivos aspetos relacionados com a sociabilização, pela interação, convívio, espírito de camaradagem, entreajuda e laços de amizade. A horta foi ainda apontada como um espaço de bem-estar associado ao

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relaxamento, tranquilidade e felicidade pessoal. O fato das hortas serem em modo biológico foi um fator muito determinante nos benefícios percebidos, dado que a valorização dos alimentos produzidos, assim como o contributo para a preservação do ambiente é muito considerada. Nos pontos negativos, foram referidas essencialmente questões de funcionamento e organização do espaço. As hortas urbanas do Parque da Devesa são um instrumento de valorização e potenciação da qualidade de vida dos seus utilizadores. O uso deste espaço contribui, de forma significativa, para que as pessoas se sintam mais felizes e satisfeitas com a vida, alterando e melhorando os seus hábitos e desenvolvendo as suas capacidades pessoais.

Palavras-chave: hortas urbanas, satisfação com a vida, felicidade subjetiva.

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Projeto- Escola BioAromas. Plantas aromáticas e medicinais. Promoção da transição para a vida pós escolar Fernanda Delgado1, Conceição Marçal2, Eduardo Miguel2, Isabel Gaspar3, Edite Fernandes4, Sónia Tomé4, Rui Lopes5, Teresa Almeida6, Cristina Albuquerque6 1

Escola Superior Agrária, CERNAS-Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade, Instituto Politécnico de Castelo Branco, Quinta da Senhora de Mércules, Apartado 119, 6001-909 Castelo Branco, Portugal, fdelgado@ipcb.pt 2 Escola Básica e Secundária Pedro da Fonseca, Av. do Colégio, n.º 26. 6150-401 Proença-a-Nova 3 Câmara Municipal de Proença-a-Nova, Av. do Colégio, 6150-401 Proença-a-Nova 4 Centro de Ciência Viva da Floresta, Estrada Nacional 241, Moitas, 6150-345 Proença-a-Nova 5 Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico Leiria, Campus 2, Morro do Lena, Alto do Vieiro, Ap. 4137, 2411-901 Leiria 6 Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra

Resumo O Projeto Escola BioAromas, teve início no ano letivo 2007/2008, na Escola Básica e Secundária Pedro da Fonseca, no Município de Proença-a-Nova, no distrito de Castelo Branco. O BioAromas, é um projeto para a Promoção da Transição para a Vida Pós Escolar e o públicoalvo são os alunos com NEEp-Necessidades Educativas Especiais de carácter permanente que beneficiem de Currículo Específico Individual (Dificuldades graves de Aprendizagem e outras Deficiências), e desenvolve-se nos 3 anos do ensino secundário sendo ajustado em cada ano letivo de acordo com as necessidades e características dos alunos. Este projeto foi idealizado por professores e pais de alunos, com o principal objetivo de oferecer aos seus alunos/filhos uma experiência de iniciação pré profissional em contexto de trabalho, com atividades que os preparem para uma possível vida profissional. Este projeto pretende, numa fase transitória, que os jovens sejam capazes de estabelecer uma relação com o mundo do trabalho, pela atividades práticas desenvolvidas, aumentando o interesse pela atividade profissional Ficou assim aberta uma janela de oportunidade que tem provado ser autossuficiente em termos económicos. Tem igualmente permitido desenvolver as áreas de Comunicação, Matemática para a Vida, Estudo do Meio e Vida Ativa da sua população alvo e a metodologia utilizada é a intervenção em rede/trabalho de pares. O Projeto Escola BioAromas tem como atividades relacionadas com a natureza, a produção biológica de PAM- Plantas Aromáticas e Medicinais, desde a sua sementeira, transplante, apanha, corte, secagem e ensacamento em saquetas com rótulos próprios criados em sala de aula e a produção de produtos ligados aos aromas, como confeção de bolachas e bolos aromáticos, elaboração de sabonetes, extração de óleos essenciais e construção de sacos de cheiro.

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Para concretizar as atividades do projeto, a Escola Básica e Secundária Pedro da Fonseca, como entidade promotora, tem a colaboração da Camara Municipal de Proença-aNova, do Centro de Ciência Viva da Floresta de Proença-a-Nova e da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco. O município contribuí com o espaço físico, com os viveiros municipais, com uma área aproximada de 162 m2, sitos na Zona Industrial, onde se executa a produção de plantas aromáticas e medicinais em modo de produção biológico, secagem, seleção e embalamento. Contribui ainda, com a logística de transporte e a colaboração dos técnicos. Ao nível do Centro de Ciência Viva da Floresta, o apoio prestado é na vertente científica e prática dando apoio aos coordenadores pedagógicos e, se necessário, com o escoamento dos produtos que estas crianças e jovens produzem. Por último, a Escola Superior Agrária de Castelo Branco, dá apoio técnico e científico nas atividades de implementação, experimentação e demonstração, e também através de estágios de alunos de diversas licenciaturas. Anualmente, todos os parceiros realizam atividades conjuntas onde se partilham experiências e conhecimentos, através da realização de visita de estudo de final de ano, da qual se fazem trabalhos em sala de aula. Faz-se a comemoração do Dia Mundial da Alimentação através de um workshop anual e temático onde se utilizam as plantas aromáticas produzidas no âmbito do projeto. Como resultados de estes 9 anos de atividade houve a necessidade de resumir as particularidades das plantas e foi elaborado um livro titulado “BioAromas – plantas aromáticas e medicinais”, com leitura e entendimento fácil, onde é possível consultar o conjunto das plantas cultivadas e recolhidas pelos alunos com necessidades educativas especiais da escola, com algumas das suas principais características, utilizações práticas e benefícios para a saúde, cuja parte desenhada foi toda elaborada pelos alunos. Este livro contou com a colaboração dos elementos parceiros do Projeto Escola BioAromas. Trabalha-se com um conjunto de 39 plantas, desenvolveram-se 18 receitas confecionadas de bebidas e doces com ervas e 17 misturas de ervas para infusões. O BioAromas obteve uma Menção honrosa da Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente. Foi selecionado como projeto de boas práticas pelo Diretor da “National Geographic”. Foi objeto de divulgação no programa da RTP1– “Sociedade Civil” com o tema: Biodiversidade, como preservá-la e foi alvo de várias reportagens nos Media “Entrevista/reportagem do Jornal “Reconquista”, “Beira TV”, Rádio Beira Interior”, Rádio Cova da Beira” e reconhecido pela Associação de Pais como projeto de Mérito Social Palavras-chave: Bioaromas, plantas aromáticas e medicinais, NEEp, Proença-a-Nova.

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Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos

Comunicações em painel

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Benefícios sociais, ambientais e económicos das hortas sociais biológicas do Município da Póvoa de Lanhoso Natália Costa1, Isabel Mourão2, J. Raul Rodrigues2 e L. Miguel Brito2 1

Gabinete de Apoio ao Bioagricultor, Município da Póvoa de Lanhoso, Av. da República, 4830-513 Póvoa de Lanhoso, Portugal, nataliajardins@gmail.com 2 Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, isabelmourao@esa.ipvc.pt

Resumo A horticultura social e terapêutica tem crescido nos últimos anos sendo vários os exemplos em modo de produção biológico (MPB) na Europa e, concretamente, em Portugal. Contudo, são ainda escassos os estudos sobre os seus benefícios. O objetivo central deste trabalho foi o estudo dos benefícios sociais, ambientais e económicos das hortas sociais em MPB do Município da Póvoa de Lanhoso, acompanhado de uma análise da gestão técnica das hortas (0,5 ha) e do perfil dos beneficiários desde 2010, numa perspetiva qualitativa e quantitativa. Para o estudo foram entrevistados 17 beneficiários integrados nas hortas em 2015, foi realizada uma análise da biodiversidade, incluindo uma breve avaliação da nematofauna e foram efetuadas análises ao solo e à água de rega. Foram ainda analisados os custos de manutenção das hortas e os valores de ajuda alimentar na ótica do beneficiário e do Município. Entre 2010 e 2014 foram colhidos 17 t de produtos. A batata, a cebola e o feijão-verde foram produzidos em maior quantidade, num universo de 17 produtos diferentes por ano. A certificação em MPB foi renovada 9 anos consecutivos. Desde 2010 foram integrados 75 beneficiários (com 41 a 50 anos de idade), em situação de carência económica. A análise das entrevistas segundo a metodologia "grounded theory" resultou em dois domínios: 9 categorias e 51 subcategorias. A maioria dos beneficiários apontou como razões principais da sua integração e continuidade nas hortas, a ajuda alimentar e a socialização. Reconheceram diversos benefícios de caráter social e ao nível da sua saúde física, mental e psicológica (melhoria da atenção, memória e redução da dependência de medicamentos antidepressivos e calmantes). Os produtos das hortas foram reconhecidos mais saudáveis, por serem biológicos, diversificados e se conservarem melhor após a colheita. A análise dos benefícios ambientais com base na biodiversidade e na composição da comunidade de nemátodes no solo, revelou que o composto aplicado ao solo compensou a Livro de Resumos

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mineralização da matéria orgânica, tendo ocorrido desde 2006 um aumento dos teores em fósforo e potássio. Com base nos resultados da condutividade elétrica, pH e teor de nitratos, verificou-se que a água de rega era de boa qualidade. Quanto aos benefícios económicos, todos os beneficiários reconheceram a importância económica da ajuda alimentar. Para o Município, a manutenção deste projeto é sustentável a longo prazo, correspondendo a um valor bastante baixo do seu orçamento anual (0,1%), permitindo a ajuda alimentar a 2577 pessoas, para além dos benefícios indiretos na população mais carenciada. A realização deste trabalho contribuiu para uma estruturação do estudo dos benefícios ao nível social, ambiental e económico das hortas sociais em MPB, que se têm vindo a desenvolver em Portugal, tal como no Município da Póvoa de Lanhoso. Com base no trabalho já desenvolvido, pretende-se apresentar uma candidatura ao PDR 2020 que permita a continuidade de uma gestão eficiente das hortas do Município e ainda o apoio à investigação em horticultura biológica.

Palavras-chave: ajuda alimentar, beneficiários, Horticultura social e terapêutica, saúde física e mental, sustentabilidade.

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A horta acessível do Parque Agrícola da Alta de Lisboa. Historial, balanço e perspetivas Jorge Frazão Cancela AVAAL – Associação para a Valorização Ambiental Alta Lisboa, R. Luís Piçarra, 5 A e B, 1750-101 Lisboa, Portugal, cancela.jorge@gmail.com

Resumo A Horta Acessível é um dos primeiros espaços urbanos desenhados especificamente para a horticultura terapêutica, concebido com e para cidadãos com necessidades especiais, físicas ou mentais. Foi inaugurada a 24 de Maio de 2012, com fundos privados provenientes de candidaturas ganhas na Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação EDP, Fundação Montepio e ainda com o apoio de várias empresas locais. A Horta Acessível está inserida na 1ª fase do Parque Agrícola da Alta de Lisboa (PAAL), inaugurado a 10 de Maio de 2015, sendo dos poucos Parques Agrícolas nacionais de nascimento e gestão associativa. Esta 1ª fase do PAAL conta com uma área de cerca de 20.000 m2 e 100 hortelões instalados, e é já um espaço de referência na agricultura urbana comunitária nacional. Estes processos foram gerados e são geridos pela Associação de Valorização Ambiental da Alta de Lisboa (AVAAL), num exemplo de envolvimento entre cidadãos, empresas, universidades e autarquias na definição de um novo modelo de gestão e participação no uso da estrutura ecológica. A Horta Acessível foi desenhada e construída de acordo com os princípios e regras legais da mobilidade reduzida, tentando ser um exemplo inovador, pioneiro e replicável, com o qual se pretende ajudar a resolver a carência de espaços de produção hortícola adaptada. A Horta Acessível é composta por talhões elevados ao nível da cintura, de forma a poder ser trabalhada tanto de pé como por pessoas em cadeiras de rodas. Os canteiros têm uma largura estreita, para serem facilmente alcançados com os braços e trabalhar a terra lateralmente. Os corredores entre os canteiros são largos, para permitir a passagem lado-alado de duas cadeiras de rodas; há ainda guias no pavimento para auxiliar pessoas invisuais. Os mais pequenos também têm um espaço com canteiros à sua medida para se tornarem nuns pequenos hortelões.

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Nesta comunicação far-se-á um breve historial dos referidos processos, mas fundamentalmente um balanço de 4 anos de ocupação, destacando os pontos fortes, os constrangimentos e aspetos a tentar melhorar, para que a Horta Acessível do PAAL seja cada vez mais uma referência no panorama da horticultura terapêutica associativa.

Palavras-chave: Alta de Lisboa, PAAL, horticultura terapêutica

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Os cientistas hortelões Mariana Mota1, Elisabete Santos2, Sónia Lázaro2, Teresa Barranco2 1

LEAF, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa, Portugal, mariana@isa.ulisboa.pt 2 Escola Básica Luz-Carnide, Rua Maria Brown, 1, 1600 - 430 Lisboa, Portugal

Resumo No âmbito de um programa da Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica designado “Ciência Viva nos Pátios”, três turmas de uma escola primária da região de Lisboa propuseram-se implementar uma horta no seu recreio. Este programa visa desenvolver o espírito e o método científico nas crianças do Ensino Básico e Pré-escolar, partindo de situações que possam ser experimentadas no recreio da escola que frequentam. Fomentando os pátios como locais de aprendizagem fora da sala de aula, o programa pretende que os alunos desenvolvam um pequeno projeto de investigação numa área científica específica e com a colaboração de um investigador exterior à escola, que dá apoio técnico e teórico durante o desenvolvimento do projeto, com quatro momentos de contacto previstos, um no local de trabalho do investigador acompanhante e os restantes três via web ou na escola. Os alunos devem percorrer todas as etapas do processo científico, desde a colocação de perguntas até à comunicação dos resultados, de forma a desenvolver a sua autonomia, a capacidade de trabalhar em equipa, o seu poder de observação e o espirito critico. Participaram no projeto uma turma do 4º ano, uma do 3º ano e uma do ensino préescolar, que adotaram abordagens diferentes quer em termos de culturas selecionadas quer em termos de perguntas a que procuravam responder com o seu projeto experimental, em função da idade das crianças de cada grupo. Na primeira visita da investigadora externa à escola, cada turma escolheu culturas que gostaria de fazer, construindo depois o projeto de investigação com a professora e a investigadora. Assim, a turma de pré-escolar investigou a influência da densidade de sementeira nas culturas aromáticas, a turma do 3º ano estudou a influência das plantas infestantes no desenvolvimento das culturas selecionadas e a turma de 4º ano a influência da rega também em diferentes culturas. Numa visita ao local de trabalho da investigadora acompanhante, as crianças contactaram com os diferentes modos de estabelecimento de culturas hortícolas, tendo feito um pequeno “viveiro/parque hortícola” para levar para a escola. Ao longo do projeto, verificou-se que as professoras da Escola e as Livro de Resumos

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crianças manifestaram enorme interesse pelo mesmo, além das reuniões presenciais, surgiram frequentemente dúvidas de fitotecnia, pedidos de ajuda para a tomada de decisão, estabelecendo-se um contacto muito próximo entre a investigadora acompanhante, as professoras da escola e as crianças. As crianças revelaram muito interesse por partilhar e/ou estabelecer experiências familiares semelhantes à experiência em estudo, começando pequenas “horta” em casa ou trazendo propágulos para novas instalações. Verificou-se também uma maior proximidade das crianças com o corpo de funcionários da escola, que também se envolveram no acompanhamento das hortas. Aproximando-se o fim do ciclo de produção, e do ano escolar, numa reunião em sala de aula, interpretaram-se os resultados obtidos. Os produtos da horta foram depois utilizados em conjunto e cada turma apresentou o seu projeto a outra turma da escola. Concluído este projeto, é de assinalar o empenho das professoras envolvidas, a camaradagem do tempo de convívio na horta, um tempo diferente de contacto com as professoras, e a ligação que as crianças criaram à horta. A tomada de consciência de que as plantas são seres vivos, que necessitam de observação diária e cuidados frequentes, por um lado, e o desenvolvimento da capacidade de abordar um problema e propor uma hipótese de solução ressaltam como os aspetos mais importantes desta experiência. Palavras-chave: escola primária, hortas, método científico, pátios

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Horticultura terapêutica em cuidados geriátricos - estudo de caso Joaquim Almeida Cunha1, Isabel Mourão2, Luisa Moura2, L. Miguel Brito2 1

Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, joaquim.almeida.cunha@gmail.com 2 Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal

Resumo A prática de Horticultura Social e Terapêutica (HST) em instituições de acolhimento de idosos é uma atividade interativa e multifuncional de trabalho/cuidado, com vantagens na melhoria e na manutenção da saúde dos utentes participantes. De acordo com as suas capacidades, tem sido referenciado que a HST proporciona benefícios nas funções sociais, cognitivas, físicas e psicológicas, melhorando a qualidade de vida e ajudando os idosos a superar as vicissitudes associadas ao envelhecimento. O objetivo deste trabalho foi definir a aplicabilidade de programas da HST em instituições de acolhimento de idosos, avaliar a sua viabilidade, nomeadamente se as atividades e tarefas se adequam à população alvo e quais os benefícios decorrentes destas atividades. O estudo realizou-se nas instalações de um Lar Residencial na Região Norte de Portugal (LRRNP). Os três idosos que se mostraram disponíveis e compareceram às sessões de HST tinham idades compreendidas entre os 82 e os 92 anos de idade, eram naturais da Região e apresentavam um diagnóstico clínico de depressão, demência leve e doenças vasculares. Também participou no estudo um elemento com 54 anos que, embora não sendo idoso (<65 anos), estava institucionalizado juntamente com a sua mãe e revelava deficiência mental. Elaborou-se um Programa Anual de Atividades de HST desenvolvido no sistema de produção biológica e desenvolveram-se os protocolos de 6 sessões piloto. Estas sessões incluíram atividades ajustadas à condição física e cognitiva do grupo, e foram planeadas de modo a proporcionar momentos de criatividade, convívio, estímulo dos sentidos (audição, paladar, visão, tato), bem como estimular a atividade física e a coordenação motora. As sessões decorreram uma vez por semana na instituição, durante 6 semanas consecutivas, e tiveram a duração de 2 horas/sessão e cerca de 30 minutos para a avaliação. A avaliação das sessões de HST pelos idosos foi realizada com recurso ao preenchimento de um formulário através de entrevista e a avaliação pelo técnico de HST foi baseada no seu papel de formador, Livro de Resumos

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participante e observador. Os benefícios das atividades foram avaliados qualitativamente, através do resultado das entrevistas. As estratégias e os recursos utilizados em cada uma das atividades, que se encontravam descritos nos respetivos protocolos, mostraram-se muito eficientes e foram um elemento chave para que se pudessem atingir os objetivos propostos em cada sessão. Os principais benefícios das sessões assinalados pelos participantes foram: o convívio, a aquisição de conhecimentos, o prazer em criar e cuidar e a ocupação útil do tempo. Salienta-se ainda o contributo para a diminuição da solidão, da perceção de abandono, da lembrança das doenças e de outros aspetos negativos da vida. A avaliação das sessões pelo técnico de HST incluiu a boa recetividade e participação dos idosos em todas as tarefas individuais e de grupo. Em conclusão, o programa revelou-se adequado aos participantes e satisfez as suas expectativas e motivações, nomeadamente de aprendizagem, estimulação física e cognitiva e convivência social. Estes indicadores apontam para o potencial de implementação de programas de HST em instituições de acolhimento de idosos, que poderão contribuir para uma melhoria da sua autoestima e socialização e, consequentemente, do seu bem-estar e qualidade de vida. É necessário em estudos futuros utilizar instrumentos e metodologias mais ajustadas para melhor se compreender os benefícios destes programas e a seleção das atividades mais adequadas. O presente estudo não permitiu alcançar uma generalização das suas conclusões, considerando o número reduzido de participantes nas sessões do programa de HST, mas forneceu resultados e sugestões que permitem incrementar, melhorar e evoluir os programas de HST em gerontologia.

Palavras-chave: Horticultura terapêutica, idosos, atividades, benefícios e qualidade de vida.

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Semear para educar Alexandra Silva e Clara Costa Oliveira UMINHO, Instituto de Educação; Campus de Gualtar, Univ. do Minho, 4710 Braga, Portugal, Alexandraraquel813@gmail.com; claracol@ie.uminho.pt

Resumo O projeto ‘Semear para Educar’ enquadra-se no projeto de uma horta comunitária, que tem como finalidade contribuir para a inserção social de adultos (maioritariamente de etnia cigana), dando a conhecer a este público coisas tão simples que a nossa sociedade exige, mas que nem todos sabem, o que origina que estes adultos sejam penalizados socialmente. Exemplo claro disso é o ato de preencher o IRS (declaração de impostos anual, em Portugal), tendo-se verificado que apenas dois elementos da população-alvo sabiam em que consistia esta prática. Tendo como mote “Semear para Educar”, as linhas orientadoras deste projeto basearam-se nos quatro pilares da Educação (aprender a ser, aprender a estar, aprender a conhecer, aprender a fazer). Objetivos específicos: Proporcionar a socialização; disponibilizar o acesso ao conhecimento e à cultura; promover a autoestima; promover a cidadania; desenvolver nos utentes hábitos de reciclagem e reutilização de materiais como forma de promoção da educação ambiental; sensibilizar os utentes para hábitos de vida saudável e questões de saúde através de atividades lúdicas e formativas; fomentar a inter-relação humana e a integração social; promover encontros intergeracionais e interétnicos. Para melhor conhecimento da realidade foi necessário adotar uma metodologia que se adaptasse a realidade existente. O paradigma de intervenção/investigação que fundamenta este projeto é o de investigação/ação, com metodologia mista (inquérito por questionário; conversas informais e observação participante). Métodos e técnicas de intervenção como: situações-problema, trabalho de grupo, levantamento de ideias prévias, notas de campo photovoice. Qualquer projeto de investigação/intervenção tem os seus altos e baixos e tem que ser flexível para acompanhar qualquer possível mudança. ‘Semear para educar’ foi alvo de algumas alterações face ao que estava previamente previsto, de modo a que as atividades Livro de Resumos

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fossem ao encontro das expectativas e interesses de todos, e atingissem o seu propósito com sucesso. Deste modo, verifica-se que é no decorrer da intervenção que se apercebe mais pormenorizadamente as dificuldades, necessidades e interesses do público-alvo. Neste sentido, o projeto “Semear para Educar“ veio tentar colmatar necessidades sociais e contribuir para a inserção destes adultos, desenvolvendo as suas dimensões e potencialidades. As mudanças verificadas no grande grupo, desde o início da implementação do projeto “Semear para Educar” verificam-se em pequenos detalhes. Quem não conseguia ouvir o outro sem o interromper, já começa a saber fazê-lo; quem não distinguia a forma de estar com os colegas na horta e a forma de estar numa reunião ou numa formação, já começa a saber fazêlo; quem atendia o telemóvel no meio da formação, no meio de uma conversa, já começa a levantar-se e a atender o telemóvel do outro lado, sem atrapalhar a formação; quem por vezes tinha receio em partilhar as ferramentas ou até os excedentes agrícolas já começa a partilhar com os colegas; quem por vezes partia para a violência agora consegue refletir e discutir sem agressões. São mudanças pequenas, mas que fazem toda a diferença e só mostram a importância do trabalho efetuado. Os adultos tinham uma conceção muito limitada de aprendizagem e pensavam que esta ocorre apenas no espaço sala de aula e que para esta ocorrer devem existir mesas, cadeiras e exercícios escritos. Como em algumas atividades foram realizados workshops com abordagens diferentes, como por exemplo, no caso concreto de “Comunicar com Sucesso” (estivemos em círculo a conversar) e os adultos julgavam que não tinham aprendido nada. Foi necessário desconstruir esta conceção de aprendizagem; para tal tivemos de efetuar uma retrospetiva sobre todas as atividades realizadas, para que dessem um sentido a tudo o que aprenderam com este projeto.

Palavras-chave: Aprendizagem ao longo da vida; inserção social. .

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Horticultura no Centro de Acolhimento Temporário de Nogueira, Braga como estratégia de sustentabilidade na inserção social Armindo Pereira Magalhães1, Isabel Mourão2, Paula Rodrigues3, L. Miguel Brito2, Luisa Moura2, J. Raul Rodrigues2 1

Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, pereirademagalhaes@sapo.pt 2 Centro de Investigação de Montanha, Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, isabelmourao@esa.ipvc.pt 3 Cruz Vermelha Portuguesa - Delegação de Braga, Av. 31 de Janeiro, 317, 4715-052 Braga, Portugal, dbraga.paula.r@cruzvermelha.org.pt

Resumo Os programas de horticultura social e terapêutica (HST), inseridos em unidades de saúde, serviços sociais ou de formação profissional, têm por objetivo contribuir para o bemestar e melhoria das condições físicas, mentais e emocionais dos clientes, podendo ainda traduzir-se numa estratégia de inclusão social. O presente trabalho decorreu no Centro de Acolhimento Temporário de Nogueira, Braga (CAT-N), de pessoas em situação de sem-abrigo, no âmbito do Projeto ‘Gotas de sustentabilidade na inserção social’, da Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação de Braga. Os objetivos do presente estudo incluíram: (i) o desenvolvimento de um programa de HST em agricultura biológica, considerando que esta assegura integridade com o ambiente e oportunidades de vida; (ii) a avaliação dos benefícios terapêuticos da prática da horticultura, a nível de bem-estar e das relações sociais; (iii) o impacto da horta social na comunidade. A metodologia consistiu na participação de um técnico, um dia por semana na horta social do CAT-N, de outubro de 2012 a junho de 2013, no planeamento da produção de culturas hortícolas no modo de produção biológico, na implementação de um programa de horticultura social com sessões de trabalho semanais e workshops técnicos com convidados. A avaliação do impacto do programa nos utentes foi efetuada através de entrevistas a quatro utentes que participaram em mais do que duas atividades realizadas, enquanto o impacto da horta social na comunidade foi avaliado através de um questionário realizado a quatro ‘vizinhos’ do CAT-N. Para muitos utentes do CAT-N, a agricultura era considerada como uma ocupação “menor”, associada à pobreza e ignorância, o que foi contrariado pela introdução do programa e dos workshops com convidados. Os workshops induziram a que os utentes se sentissem ‘especiais’ e agradecidos, reconhecendo o empenho da participação dos convidados, o que os motivou a participarem mais nas sessões e a darem a sua opinião. A importância da ligação nata do Homem com os outros seres vivos e com o ambiente natural (biofilia) foi testemunhada no presente estudo, como por exemplo: “… sempre gostei de trabalhar no campo, porque é uma coisa que dá para sobreviver, não é como na construção Livro de Resumos

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civil (foi pintor numa profissão anterior). Se eu tiver fome não posso comer a tinta, não é? Aqui tenho plantadas umas cenouras, umas laranjas e…temos muitas vantagens. A horta faz uma coisa (…): a gente planta e fica a planta a crescer, depois começa a transplantar…é a mesma coisa que acontece à vida. Uma pessoa começa… está a fazer um transplante de morangos e diz: “vamos ver, se isto pega bem…” é como eu continuo a dizer, não podemos desistir e do negativo fazer sempre coisas positivas. Chego lá no dia seguinte, vejo o morango e digo: “pegou!” e dá vontade de fazer mais. “ Pelas entrevistas e convivência foi possível afirmar que o programa de HST resultou num aumento da autoestima dos seus participantes. A motivação para trabalhar na horta, não era a mesma para todos os utentes, mas alguns acabaram por confidenciar que nos dias em que se realizavam atividades, levantavam-se com mais alento, sendo uma forma positiva de passar o tempo, conversar e até se divertirem. A falta de remuneração foi um dos aspetos referidos, o que poderia contribuir para garantir a sua continuidade e um incentivo para trabalharem o dia todo e não apenas durante a manhã, como era habitual. Outro aspeto que sobressaiu foi de que, se houvesse um espaço para horta onde os utentes pudessem trabalhar de forma individual na produção biológica de culturas hortícolas, com um promotor para vender os produtos hortícolas como por exemplo o PROVE, e com um colaborador com características especiais, tecnicamente bem preparado e seguro para lhes dar estrutura, confiança e motivação, resultaria numa situação em que os utentes alcançariam alguma autonomia financeira e sentir-se-iam mais seguros de si, e quem sabe alguns deles podiam seguir as suas vidas de forma independente. As opiniões da vizinhança relativas ao CAT-N dividiram-se. Por um lado, as pessoas acreditam que a criação do projeto da horta social trouxe benefícios à comunidade, uma vez que os utentes estavam mais ocupados e empenhados num projeto, com reflexos na diminuição do consumo de drogas, admitindo que já tinham comprado produtos produzidos na horta. Por outro lado, a contrariedade dos vizinhos em aceitar a proximidade é evidente e confunde-se com o facto do CAT-N se inserir num espaço físico estigmatizado, de exclusão e conflitualidade, na cidade de Braga. Apesar das características da pessoas sem-abrigo se traduzirem numa inconstante mudança de paradigma, em síntese, foi possível depreender do presente trabalho que a implementação do programa de HST contribuiu para criar competências em agricultura biológica, promover uma potencial integração profissional e, ainda, para a promoção de autoestima, bem-estar e melhoria das relações sociais que promovem a inclusão social. Palavras-chave: benefícios, entrevistas, inserção social, horticultura biológica, sem-abrigo.

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Associar os ritmos da natureza ao desenvolvimento de benefícios em pessoas com diversos tipos de dificuldade José Carlos Oliveira1, Isabel Mourão2, Luisa Moura2 1

Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, jcarlosvnf@gmail.com 2 Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Inst. Politécnico Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, isabelmourao@esa.ipvc.pt

Resumo Tem sido demonstrado que a horticultura social e terapêutica tem benefícios para pessoas com diferentes tipos de dificuldades, aumentando a autoestima, a responsabilidade e a realização pessoal. Atua ainda ao nível do desenvolvimento das suas capacidades sociais, da reabilitação, inclusão, e saúde. O trabalho na agricultura com pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, é uma boa forma de fomentar sinergias, onde é possível desenvolver diversos tipos de trabalho, combinando-o com as rotinas diárias. Trabalhar num ambiente ao ar livre traz diversas sensações, através da perceção dos ritmos diários como os associados às estações do ano, nomeadamente as variações da fauna, flora, água, luz, cor, frio e calor. Um dos principais objetivos do presente trabalho foi estudar os ritmos que a natureza proporciona, e a forma como eles influenciam as pessoas, nomeadamente as que têm algum tipo de dificuldade. O trabalho foi desenvolvido na Associação de Pais e Amigos dos Diminuídos Mentais de Penafiel (APADIMP), onde se organizaram dois grupos de oito pessoas: o grupo A, que realizou atividades dentro de sala na área de montagem de componentes elétricos, e o grupo B, que realizou atividades na área da agricultura social. Para o estudo, organizaram-se duas atividades, que consistiram em sessões de sala antes e depois da realização de duas saídas de campo no final do inverno e no final do verão. As sessões de sala destinaram-se a percecionar a sensibilidade dos utentes em relação à natureza e aos seus ritmos. As duas atividades decorreram separadamente para cada um dos grupos e foram presenciadas por dois técnicos da APADIMP, nas sessões de sala, e por quatro técnicos nas saídas de campo. No final de cada sessão, registaram as pontuações atribuídas aos diferentes benefícios específicos do tipo físico, intelectual, emocional e social, numa escala de 1 a 5. Os principais resultados indicaram que o grupo B (agricultura) se mostrou mais concentrado nas mudanças/ritmos da natureza que fazem parte do seu dia-a-dia e Livro de Resumos

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demonstrou um maior reconhecimento do facto de fazermos parte da natureza. Para este grupo verificou-se que os benefícios físicos foram superiores em relação ao grupo A, particularmente nos elementos do grupo com maior grau de deficiência. Para estes últimos concluiu-se que os maiores benefícios foram ao nível intelectual e social. Para todos os restantes benefícios avaliados, concluiu-se que foram semelhantes nos grupos A e B, ou superiores nos utentes do grupo A com maiores capacidades. No futuro, será importante desenvolver novos trabalhos que permitam compreender e saber orientar melhor as atividades de horticultura social e terapêutica, que melhor resultam em benefícios para pessoas com deficiências, no sentido de saber quando (melhor altura do dia/semana/mês ou da estação do ano), como (quais as atividades mais motivadoras) e durante quanto tempo se devem realizar. Deste modo, pretende-se contribuir para que estes benefícios possam chegar a um maior número de pessoas portadoras de deficiência, com aumento da sua qualidade de vida

Palavras chave: avaliação, benefícios, deficiência, horticultura social e terapêutica.

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5 Dias no Pezinho - divagações Maria Lucília Sousa Obra de Nossa Senhora das Candeias, Quinta do Pezinho, 6400-556 Pinhel, Guarda, Portugal, lucilialucilia67@gmail.com

Resumo Estamos em Pinhel há cerca de 30 anos. A Obra de Nossa Senhora das Candeias é uma instituição nascida no Porto há 56 anos. Começou por criar lares que acolhessem, na cidade do Porto, jovens estudantes vindas/os da província. Cresceu por necessidades sociais da época, acolhendo crianças e jovens sem família ou de famílias carenciadas. Estendeu-se um pouco por todo o país: Porto, Braga, Águeda, Aveiro, Olhão e, por fim, Pinhel (no distrito da Guarda). Da necessidade clínica de foro psiquiátrico, nasceu o Núcleo Familiar da Quinta do Pezinho, constituído por treze pessoas de diferentes idades. Esta Quinta possui 57 hectares, e foi doada pela fundadora da Obra. Vivemos no respeito pela pessoa humana, no sentido da sua inclusão social, valorizando as respetivas qualidades. Trabalha-se com carinho e amor por e com cada ‘membro’ desta ‘família’, tal como é. Somos a Família que muitos não têm; por esquecimento ou inexistência. Atualmente, o edifício/sede encontra-se em remodelação e ampliação. Na Quinta do Pezinho, além das atividades da vida diária, são três as principais áreas de atividades laborais: Agricultura, Pecuária e Lenha. Na área agrícola, temos hortas, pomares de macieiras, amendoais, olivais e forragem para os animais. As atividades decorrem em tempos próprios, conforme as mesmas (preparar as terras, semear, cavar, regar, colher, etc.) ao longo do ano. Toda a produção é para consumo próprio e, quando possível, é enviada para outros Núcleos Familiares. Na área da criação de animais, salientamos (atualmente) galinhas e ovos, patos, coelhos e ovelhas/borregos. As atividades decorrem com a regularidade diária necessária aos cuidados respetivos. Tal como na área agrícola, toda a produção é para consumo próprio e, sempre que possível, é enviada para outros Núcleos Familiares. Na área da lenha, realizam-se atividades de arrancar, cortar, serrar e rachar lenhas de diferentes árvores/proveniências. Ao mesmo tempo limpam-se matas e renovam-se pomares Livro de Resumos

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e olivais. As atividades com a lenha decorrem ao longo de todo o ano e sobretudo em intervalos das restantes. Como nas áreas anteriores, toda a produção é para consumo próprio e, se possível, é enviada para outros Núcleos Familiares. As diversas atividades são realizadas diariamente, com metas a cumprir, conforme as capacidades e preferências de cada pessoa. Promovem a ocupação, a motricidade, a responsabilidade, a cooperação, a organização (mental, espacial e temporal) e a realização pessoal. Cada pessoa e cada equipa ficam felizes e realizadas ao conseguirem cumprir cada uma das tarefas. São também desenvolvidas atividades recreativas, desportivas e de inclusão social, nomeadamente com pessoas de outras instituições. Destacamos: atletismo, caminhadas, ciclismo, futebol, futsal, matraquilhos, natação, ténis de mesa, jogos paraolímpicos, etc. Acompanhadas por técnicos, funcionários e voluntários, todas as atividades da vida diária, laborais e lúdicas são realizadas pelos jovens e adultos com limitações de capacidades mentais ou com problemas psiquiátricos, residentes nesta Grande Família da Quinta do Pezinho.

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Projeto Parque Hortícola do Vale da Amoreira Paula Silva Câmara Municipal da Moita, Praça da República, 2864-007 Moita, Portugal, psilva@mail.cm-moita.pt

Resumo Considerando a importância que as hortas de génese espontânea exercem no contexto atual junto de algumas famílias sobretudo em meios mais desfavorecidos, aliado ao efeito negativo produzido pelo aspeto precário que estas apresentam, entendeu o Município da Moita proceder a uma intervenção no Vale da Amoreira, em conformidade com o Programa Municipal de Hortas Urbanas estabelecido. Assim, a partir de uma zona desordenada, com hortas escondidas por detrás de vedações improvisadas feitas com resíduos e materiais diversos, criou-se um espaço planeado e valorizado, onde os hortelãos têm legitimidade na utilização do terreno, melhores condições de segurança e salubridade e acesso a formação em práticas ecológicas de cultivo. A área total da zona de hortas é de 23.166 m2, repartida por 81 parcelas de 50, 100, 150 e 200 m2, destinadas a famílias e associações, que dispõem de abrigos comuns para ferramentas em contentores adaptados, rede de rega, zona de lazer, vedação exterior e sinalética; estima-se que o número de beneficiários ascenda a 580. O Município obteve financiamento através do Programa EDP Solidária, desenhando um projeto que vai para além da obra física, focando-se na dinâmica humana do espaço, através do qual se procura proporcionar aos utilizadores não apenas um complemento de subsistência, mas também produzir efeitos ao nível do bem-estar e coesão social. Resumidamente, pretende-se criar um espaço físico ordenado e valorizado de hortas urbanas com fins sociais; realizar a formação e apoio técnico aos utilizadores em práticas biológicas; e promover a coesão social. A metodologia inclui: 1. Criação de um espaço físico ordenado e valorizado de hortas com fins sociais Fez-se o levantamento das pessoas que ocupavam o espaço e entrevista pessoal, tendo-se recolhido elementos que permitiram uma caracterização socioeconómica. As parcelas têm dimensão variável, dependendo do tamanho do agregado familiar e a taxa a pagar pela sua utilização variou com o rendimento familiar. Foram realizadas diversas reuniões de informação e esclarecimento com as pessoas, e dado apoio individual ao preenchimento de formulários de candidatura. O desenho da planta do parque e parcelas teve Livro de Resumos

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em conta as especificidades do terreno, tendo sido elaborado de forma quase “personalizada” devido às diferentes áreas das parcelas e atendendo a critérios de vizinhança de familiares ou amigos, ou dificuldades de mobilidade. 2. Garantir práticas de agricultura biológica através de formação e apoio técnico Foi criada uma ação de formação inicial em práticas de agricultura biológica, com a duração de 8 horas, ministrada a 4 turmas, com horários de acordo com a disponibilidade dos utilizadores, estando previstas também ações de formação informal, já iniciadas. O apoio técnico consiste em visitas mensais ao terreno por especialista em modo de produção biológica adaptado a pequenas áreas. As visitas permitem aconselhar e incentivar para as práticas de agricultura biológica, incluindo a compostagem. 3. Promover uma boa convivência e coesão social, através de atividades de diálogo intergeracional e intercultural e de diversas expressões artísticas que valorizem o papel do hortelão. Definiu-se um conjunto de atividades de “animação” complementares à prática hortícola tout court, a realizar entre 2016 e 2017. As parcerias formais com três associações locais permitem concretizar mais atividades que concorrem para este objetivo. São essas atividades as seguintes: Hortinha Pedagógica com quatro atividades mensais para crianças e jovens; workshops para crianças e jovens sobre temas diversos; evento de partilha de sementes entre hortelões; atividades com estudantes universitários angolanos; atividade “Um Livro na Horta”; workshops e eventos gastronómicos em datas comemorativas; A-Colher: visitas guiadas pelos hortelãos; eventos de partilha de alimentos excedentários; workshop e exposição “Diário Gráfico na Horta”; workshop de cinema com rodagem de um filme; exibição do filme junto da comunidade. Os principais pontos positivos registados até à data foram a boa convivência entre os utilizadores e o respeito pelo espaço e equipamentos. Tendo havido ainda um número limitado de atividades complementares, é precoce tirar conclusões acerca desta abordagem junto dos utilizadores. Os inquéritos de satisfação a realizar em 2017 irão permitir fazer um balanço e ajustar as abordagens complementares. Palavras-chave: Hortas sociais; práticas ecológicas; coesão social; diálogo intercultural e intergeracional; expressões artísticas.

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Horta solidária Nuno Cabrita Alves, Pedro Louro, André Pontes, Maria Mendes Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve, Urb. St.º António do Alto, R. Raul de Matos, Lt. 72, c/v 8000-536 Faro, Portugal, ba.algarve@bancoalimentar.pt

Resumo O projeto Horta Solidária surge de uma parceria entre a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares e o Ministério da Justiça, através da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais. O principal objetivo deste projeto é o de alocar mão-de-obra reclusa à produção de bens agrícolas, para posterior distribuição pelas populações desfavorecidas, no âmbito da ação social dos Bancos Alimentares, por intermédio das instituições que com estes têm acordo de cooperação celebrado. Da parte do Ministério da Justiça o interesse está em promover o envolvimento e participação de reclusos em atividades que visam reforçar os laços de pertença e de solidariedade com as populações mais desfavorecidas e com a sociedade em geral. Estas garantem um processo mais sustentado da reinserção social da população reclusa, no qual a dinamização do voluntariado se afigura fundamental para a sua concretização, bem como hábitos de trabalho. Da parte dos Bancos Alimentares permite oferecer às populações carenciadas produtos agrícolas frescos, no sentido de potenciar uma alimentação mais diversificada e nutricionalmente mais equilibrada. No ano de 2015 o Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve consegue reunir as condições para o arranque do projeto, que teve de contar com novas e diferentes variantes, face ao projeto inicial. A ausência de terreno agrícola nos estabelecimentos prisionais da região, fez com que um novo parceiro fosse adicionado ao projeto. A Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPAlg) do Ministério da Agricultura e Pescas, através de acordo de colaboração, que disponibiliza uma área perto de 10.000 m2 em Faro (Patacão). Nesse mesmo acordo é disponibilizado apoio técnico e a utilização de máquinas, alfaias e equipamentos, e ainda água. Não obstante haver um parceiro a nível nacional para as sementes, através de parcerias diretas com dois viveiros do Algarve, passou o projeto a contar com plantas de Livro de Resumos

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refugo, sendo que um dos viveiros assumiu o compromisso de produzir as plantas, sem custo, para o projeto. A produção tendencialmente biológica foi outra das apostas, ambientalmente mais favorável, e nutricionalmente mais saudável. A não utilização de herbicidas, por exemplo, requer a monda de infestantes, tarefa que tem de ser feita por recursos humanos. Além da monda, estas populações promovem a colheita e outras atividades auxiliares, já que os reclusos fazem a preparação do terreno, a colocação de sistema de rega e ainda a plantação. Considerando a limitação dos estabelecimentos prisionais envolvidos, e os poucos reclusos em RAI (regime aberto no interior), a mão-de-obra teve de ser reequacionada, passando este constrangimento a uma oportunidade de alargar a integração social, bem como os demais valores equacionados para a população prisional. Das instituições parceiras do Banco Alimentar, no Algarve, duas ligadas à pessoa com deficiência e ou incapacidade, e outras duas ligadas à recuperação de toxicodependentes e alcoólicos são desafiadas e integradas nas atividades regulares. Passam assim a adotar este projeto como seu, integrando o mesmo nas atividades regulares dos seus beneficiários. No sentido de oferecer produtos variados, a aposta tem sido em ter sempre na terra vegetais para salada, sopa e acompanhamento de prato. Balancear este objetivo com as questões agrícolas, como a rotação de culturas, o equilíbrio nutricional dos solos ou a minimização de pragas e ou infestantes, tem sido um desafio diário à equipa de técnicos da DRAPAlg, bem como dos voluntários coordenadores do projeto. As parcerias procuram a ausência de encargos, levando a que os custos sejam mínimos, suportados apenas em áreas onde o pró-bono não é atingido. Assim consegue-se uma maior sustentabilidade, permitindo uma longevidade ao projeto.

Palavras-chave: Integração social, preocupações ambientais, alimentação equilibrada.

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O papel da horticultura na integração e motivação de alunos dos cursos vocacionais Elisabete Franco1,2, Isabel Machado3, Ana Lúcia Pinto-Sintra2,4 1

Docente do grupo 520 (Biologia e Geologia) do Agrupamento de Escolas Latino Coelho, Lamego Centro de Investigação e de Tecnologias Agro¬ambientais e Biológicas, CITAB. Universidade de Trásos-Montes e Alto Douro, UTAD, Quinta de Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal 3 Docente do Grupo 420 (Geografia) do Agrupamento de Escolas Latino Coelho - Lamego 4 Departamento de Genética e Biotecnologia, Escola de Ciências da Vida e do Ambiente, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, UTAD, Quinta de Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal. asintra@utad.pt 2

Resumo A finalidade dos cursos vocacionais criados pela Portaria N.º 276/2013 de 23 de agosto visou colmatar algumas lacunas geradas no processo de aprendizagem, nomeadamente com o aumento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos. Pretendeu gerar condições para o cumprimento da escolaridade obrigatória, a redução do abandono escolar precoce, o desenvolvimento de conhecimentos/capacidades, científicas, culturais e de natureza técnica, prática e profissional que permitissem uma melhor integração no mercado de trabalho e o prosseguimento de estudos, conforme definido no diploma. Contudo, os seus destinatários apresentam com frequência várias retenções, idades superiores ao nível de ensino que frequentam, resistência às situações formais de ensino, insegurança e receio de exposição no grupo onde estão inseridos. Dado o contexto turístico da região, o Agrupamento de Escolas Latino Coelho (AELC) propôs-se implementar o curso secundário (10º ano) de Técnico de Turismo Ambiental e Rural. A forma como o programa da disciplina de Educação Ambiental se encontrava estruturado não se coadunava com as características da população alvo do curso. Desta forma, com o intuito de promover estímulos de concentração/criatividade, cidadania/socialização e participação ativa, foi desenvolvida uma atividade experimental alternativa, envolvendo horticultura, estabelecendo a ponte entre a teoria e a prática de Educação Ambiental; da equipa pedagógica do Curso foi ainda associada a disciplina de Geografia – temática do clima – associada ao Turismo. Dada a pertinência do tema e a proximidade da Universidade de Trásos-Montes e Alto Douro (UTAD), estabeleceu-se uma parceria com a UTAD com vista para a implementação da atividade experimental, envolvendo aspetos da problemática da poluição atmosférica (tomando o ozono como exemplo), da sua deteção (através da biomonitorização do ozono com 2 cultivares de tabaco) e do efeito nos seres vivos (efeitos nocivos na saúde humana e no ambiente, legislação existente, etc.).

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A primeira etapa decorreu no AELC e consistiu na apresentação do enquadramento da atividade experimental proposta e sua metodologia. Tendo como pano de fundo a biomonitorização do ozono troposférico, através da utilização de duas cultivares de Nicotiana tabacum, uma sensível e a outra tolerante, procedeu-se a preparação do material necessário para a germinação das sementes. Verificou-se uma grande adesão à atividade já que, espontaneamente, todos os alunos pretenderam tomar parte nas tarefas. Na discussão gerada com esta atividade, os alunos colocaram uma série de questões pertinentes sobre a propagação de plantas e a sua utilização na investigação científica. Face à informação de que alguns dos aspetos abordados apenas poderiam ser observados/demonstrados na UTAD, logo surgiu a proposta por parte dos alunos para a realização desse novo momento experimental – utilização de ferramentas biotecnológicas na produção de plantas. Confrontados com a inexistência de verbas para a deslocação à UTAD, de imediato os alunos assumiram a vontade de angariar essa verba, situação pouco vulgar nesta tipologia de alunos. Na angariação de fundos para a visita à UTAD, os alunos desenvolveram um conjunto de atividades que melhoraram a sua socialização, que contaram com o apoio dos Pais e Encarregados de Educação. No laboratório de Biotecnologia da UTAD, as atividades práticas decorreram dentro dos padrões normais para alunos cujo background académico é da área de Ciências e Tecnologias, tendo em certos casos superado o que seria expectável num aluno pós secundário. A restante visita pela UTAD decorreu também em clima de grande cordialidade e interesse pelos assuntos abordados nos vários locais, demonstrando os alunos satisfação pela receção que lhes foi feita. A partilha das fotos da visita no Facebook do AELC constituiu igualmente um momento de grande alegria, face à confiança que neles foi depositada, tendo em conta o histórico de problemas disciplinares da turma. Apesar do atraso no crescimento das plântulas, gerou-se um grande interesse à volta das diversas manipulações do material vegetal. A entrada no laboratório de Ciências para a manutenção das plântulas, até aí nunca ocorrida, contribuiu também para a colocação de novas questões e alargar da compreensão da importância da ciência no quotidiano. Em termos globais, com a implementação desta atividade prática envolvendo métodos de horticultura, foi possível envolver e motivar estes alunos para as atividades letivas propostas, contribuindo igualmente para a melhoria da sua autoestima e socialização, tendo estes alunos vindo a demonstrar níveis de motivação/interesse no acompanhamento da evolução da experiência idênticos aos alunos dos cursos de Ciências e Tecnologias. Palavras-chave: Motivação pedagógica, participação na sala de aula, integração, socialização.

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Mesa Redonda - Fatores de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de Horticultura Social e Terapêutica

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Avaliação externa de projetos de Horticultura Social e Terapêutica Cláudia Pedra Stone Soup Consulting, R. Manuel Viegas Guerreiro, 1, r/c Esq.º, 2770-193 Paço de Arcos, Portugal, claudia.pedra@stone-soup.net

Resumo Da perspetiva da avaliação externa de projetos irei abordar os vários tipos de projetos de horticultura social e terapêutica com que me deparei nos diversos pontos do país e para vários tipos de público, com preponderância para os que estão em maior exclusão. Abordarei os fatores de sucesso e de insucesso, muito ligados ao tipo de competências técnicas que a organização consegue ter, sejam de contratação externa ou internalizadas. Falarei de alguns casos de estudo para demonstrar os sucessos e insucessos das instituições visitadas e interligarei a questão com a sustentabilidade de médio e longo prazo, em especial quando termina o período de financiamento.

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OASIS - Projeto de Hortoterapia ‘Q

L

’, na Quinta de Porto do Carro

Marta Gaspar OASIS - Organização de Apoio e Solidariedade para a Integração Social, R. do Oasis, 1 -Vale Sepal, Pousos, 2410-279 Leiria, ra.pc.oasis@gmail.com

Resumo O projeto “Quatro Luas” - Hortoterapia, na Quinta de Porto do Carro, surge como uma resposta alternativa às terapias/atividades convencionais e como forma de resposta às necessidades da Instituição: promover o aumento da participação e motivação de clientes do Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) e a diminuição de comportamentos disruptivos. O projeto da Hortoterapia surgiu em 2013, posteriormente em 2014 abre a resposta social Residência Autónoma (RA), no espaço da quinta, permitindo acolher sete clientes portadores de incapacidade mental, com potencial de autonomia. O principal fator de sucesso do projeto é o envolvimento de elementos da comunidade nos projetos “Adote uma árvore” e “Mão Amiga”. No primeiro projeto é dada a possibilidade de cada pessoa adotar uma árvore, entregando-a (ou o valor correspondente para a aquisição da árvore) na Quinta da OASIS, podendo posteriormente acompanhar o crescimento da árvore, provar os seus frutos e se desejar receber em todas as colheitas uma percentagem dos frutos. O Projeto de agricultura social “Mão Amiga” compreende a troca de serviços com os elementos da comunidade próximos à quinta: são exemplos as relações estabelecidas de entreajuda com os vizinhos do espaço da quinta, em que os clientes da Quinta prestam serviços e em troca recebem serviços (apoio nas podas; apoio nas colheitas; troca de sementes, etc.). A satisfação, aumento da autoestima, sentido de autoeficácia, melhoria da qualidade de vida, diminuição de comportamentos disruptivos (redução de medicação psiquiátrica) dos clientes da Residência Autónoma inserida no contexto da Quinta de Porto do Carro, são os resultados da importância da cooperação e da proximidade entre as pessoas, cumprindo-se um dos objetivos base do projeto geral da Quinta da OASIS. O projeto “Quatro Luas” procede da necessidade de encontrar formas simples e eficazes para a aquisição de competências e conhecimentos básicos sobre a plantação e manutenção de espécies cultivadas. A aprendizagem do ciclo da planta em paralelo com o ciclo lunar revelou-se uma estratégia eficaz. Esta atividade desenvolve-se com predomínio em dois dias da semana, nos quais os clientes do CAO, em conjunto com os clientes da RA acompanhados da animadora sociocultural, da psicóloga/terapeuta ocupacional e de uma Livro de Resumos

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monitora/técnico se deslocam à Quinta de Porto do Carro e semeiam os produtos hortícolas (alface, tomate, cebola, ervilha, fava, tremoço, pepinos e ervas aromáticas); mondam; regam; colhem; participando na comercialização (pequenas feiras na instituição) e finalização dos produtos, com reflexo nos seus planos individuais. Nos restantes dias da semana as atividades de monda e rega são asseguradas pelos clientes da Residência Autónoma, em regime rotativo. Os ganhos são diversos centrando-se no controlo dos impulsos; controlo da atenção; treino da memória; no temperamento e personalidade (maior responsabilidade e maior estabilidade psico-emocional); e no controlo das funções psicomotoras (desenvolvimento das capacidades de planificação, coordenação motora e diminuição do pensamento ruminativo). Por outro lado, dando preferência ao termo “desafios no Projeto” por alternativa a fatores de insucesso, concluiu-se que a própria história de desenvolvimento da Instituição ao longo dos anos, se focou num modelo demasiado convencional, interior, com recurso às terapias tradicionais – o que se traduziu num grande desafio a inclusão dos clientes num contexto mais rural, desenvolvendo trabalho/tarefas na horta; o reduzido número de recursos humanos associados ao projeto, e o fato desses colaboradores estarem afetos a múltiplas respostas sociais da Instituição, têm-se traduzido num avanço pouco célere para a prossecução da globalidade do projeto da Quinta; o desafio de consolidar o apoio de entidades oficiais numa colaboração ativa no design do projeto; os parcos recursos materiais disponíveis têm sido um desafio que tem colocado à prova a criatividade. Projetos futuros: criação do parque de merendas e jardim sensorial (construção de um coreto – preservação do património nacional, quinta totalmente adaptada a pessoas com mobilidade reduzida); construção de infraestruturas para os animais num modelo de terapia assistida pelos animais (ovelhas, asininos); criação de zona de miradouro e colmeias (extração de mel com processo natural). A projeto tem como objetivo tornar-se um espaço de convívio e de aprendizagem privilegiado, onde futuramente se prevê a realização de visitas de outras instituições, escolas e outros, observando ou usufruindo simplesmente do espaço ou participando nas oficinas da quinta. No âmbito das visitas guiadas, os nossos objetivos são através deste espaço excecional, preconizar o direito à educação ambiental e a importância vital da promoção das relações interpessoais, enquanto partes fundamentais do processo “tornar-se pessoa”. Palavras-chave: Horticultura terapia, reabilitação, inclusão social.

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Projeto social SEMEAR – Terra de oportunidades Tomás Sassetti Coimbra SEMEAR - Instituto Superior de Agronomia - Edifício Abegoaria, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa, Portugal, geral@semear.pt

Resumo Na qualidade de agrónomo de um projeto de Agricultura Social, o meu contributo sobre o tema ‘Fatores de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de Horticultura Social e Terapêutica (HST), é evidenciar o fator que, em qualquer projeto nesta área, conduz ao sucesso ou ao insucesso: o capital humano. O projeto social SEMEAR é um programa inovador de integração em mercado de trabalho, no sector agroalimentar, de jovens adultos com dificuldades intelectuais e de desenvolvimento, mediante formação e capacitação pessoal, social e profissional. A formação acontece no Instituto Superior de Agronomia e, nos últimos 18 meses, formámos 36 pessoas, dos quais 20 encontraram uma resposta profissional: em agricultura, indústria ou comércio. Neste mesmo período, o SEMEAR cresceu para ser uma entidade empregadora através do nosso próprio negócio social. A nova exploração agrícola, sediada em Oeiras, mediante um Protocolo com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, irá empregar até 15 pessoas com dificuldade intelectual para produzir horticultura certificada e de proximidade. Pretendemos otimizar este modelo para, futuramente, levar esta resposta a mais zonas do país. Nos projetos de HST, como o SEMEAR, é admirável a multitude de áreas contidas para levar avante a missão: ciências humanas e sociais, ciências naturais, estratégia e posicionamento, marketing e comunicação, parcerias e financiamento, controlo de gestão e divulgação de resultados, etc. Podendo-se enumerar dentro de cada área, fatores que contribuem para o êxito e fracasso de determinado projeto, o seu interesse para um outro, seria vazio. E é lógico que assim seja: cada projeto é irrepetível, resultando num novelo único de oportunidades e dificuldades. Mas, uma oportunidade precisa de uma equipa que a aproveite e uma dificuldade precisa de uma equipa que a ultrapasse!

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Aqui está o ponto unificador e determinante. O capital humano, na forma de uma equipa de profissionais, é a chave para o sucesso ou insucesso de uma instituição/projeto de HST. Para o fim a que este resumo se destina, tem ainda a grande vantagem de poder ser explicável e replicável. Pegando no exemplo do SEMEAR, o nosso sucesso deve-se aos fortes valores de trabalho, confiança e verdade, de uma equipa multidisciplinar, dedicada e profissional e, ainda se deve, ao otimismo na geração de mudança. Concluindo, o capital humano que cada instituição/projeto aplica, determinará onde chega o sonho. “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, Fernando Pessoa.

Palavras-chave: Agricultura social, capital humano, jovens adultos com dificuldades, capacitação pessoal, social e profissional.

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Sessão 2 - Horticultura e Economia Social

Comunicações orais

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Economia social e horticultura Fernando Oliveira Baptista Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa, Portugal, fobaptista@isa.ulisboa.pt

Resumo 1. Economia social, Economia solidária e Terceiro sector . convergências . diferenças . a economia social 2. Economia social . a economia social, é uma economia . um sector específico ou “tudo o que não tem uma lógica capitalista” . a dimensão institucional 3. Agricultura social . dimensão institucional . benefícios sociais e lógicas económicas . lógicas dos agentes e contexto socioeconómico . economia social ou iniciativas de apoio à comunidade 4. As hortas urbanas . agricultura familiar a tempo parcial ou agricultura social . a dimensão social dos promotores das hortas urbanas 5. Agricultura social e Economia social . lógicas económicas e dimensão institucional . uma sociedade com diferentes interesses e economias . os critérios e as implicações das políticas públicas Palavras-chave: Agricultura social, economia social, hortas urbanas.

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Social Farming in Italy: development and legislation. The experience of the Social Farming National Forum Ilaria Signoriello Forum Nazionale Agricoltura Sociale, Via del Grottino snc - 00046 Grottaferrata, Roma, Itália, forumnazionaleas@gmail.com

Abstract The Forum Nazionale Agricoltura Sociale (Social Farming National Forum, SFNF) is a national network built in 2011 to promote and facilitate knowledge and experience sharing between the very different actors involved in the Social farming processes (farmers, associations, families, disadvantage people, universities, local authorities, educational facilities, etc.). The Forum promotes the integration of the different cultures: social, agricultural, health, training and working. The Forum since its foundation started a dialogue with both the Italian Members of National Parliament and Regions, giving support and contribution to promote and support the legislative process of the National Law on Social Farming (Law No 141/2015). “Social Farming aims to reunify needs, identities, safeguards and instances of freedom for all citizens, regardless of their abilities. In this the value of work not only as personal income, but also as a fundamental element of an inclusive society more just, cohesive and sustainable ...”, from the Card of Principles of National Forum of Social Farming. Social Farming National Forum has 500 organisation from all Italian regions. Our associated are: Farms, Cooperatives of Type A and B, Associations, CSOs, NGOs, Universities, educators, social workers, students, psychologists, etc. The SF is a national network organized with Regional Forum. Recent development of Social Farming (SF) in Italy includes: practices pre-existed to the SF expression; started, grown and spread at local level, in various regions; the complexity of the issue has made them “invisible" to the wider society; the expression “social agriculture" began to be used since the early 2000’s; in this term very different initiatives and activities are included some basic information are available on the general situation; a rapid growth of attention at societal level is under way; in August 2015 a national law was approved; being in

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Italy both agriculture and social policy managed by the Regional authorities, 12 Regions, out of 20, have a regional legislation concerning SF. The common aspects of SF initiatives in Italy are: adoption of organic methods of production; highly diversified and flexible; choice of labour intensive cultivations; cropping pattern with high value added; to be “open” enterprises; highly multifunctional; disabled as most common users; indirect role of religion organization; preference for the short supply chains. The legislative definition of the Law No 141/2015, includes activities run by agricultural entrepreneurs or social cooperatives aiming to the achievement of: A. Labour insertion of disadvantaged people (see EC Reg.800/2008); B. Services provided to the local community using material and immaterial agricultural resources to foster social inclusion; C. Therapeutic and health services that help traditional medical therapies; D. Projects related with the environmental and food education run by social and educational farms. The challenge in the next future: • implementing decrees of Law No 141/2015; • Training for: farmers, social workers and local authorities’ administrative staff; • to introduce SF in the University Curricula and secondary school (Polytechnic University of Marche Region has introduce a Master Degree in SF, Tor Vergata started a I level Master; UniSannio II Master Degree In management of Social Farm) • to quantify the social impact of SF in terms of wellbeing of the people included in farm process and local community and also the potential reduction of costs for the National Health services and social services.

Keywords: Italy, National Law on Social Farming, organic production, training.

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Ação coletiva e horticultura social nos montes comunais da Galiza: O Programa Verdear Damián Copena Rodríguez e Xavier Simón Fernández Grupo de Investigación en Economía Ecolóxica e Agroecoloxía. Univ. de Vigo, Espanha, decopena@uvigo.es; xsimon@uvigo.es

Resumo A horticultura social e terapéutica estão a medrar nos últimos anos na Galiza côa posta en marcha de diferentes experiências de relevância. Um dos exemplos de maior interesse neste âmbito é o que se está realizando na área periurbana da cidade de Vigo, concretamente no lugar de Cabral: O chamado Programa Verdear. Esta iniciativa nasceu no ano 2013 a partir da ação coletiva e da colaboração entre diferentes agentes. Efetivamente, das colaborações entre a Comunidade de Montes de Cabral, a Associação de Vizinhos de Lavadores e a Associação Cidadã de Luta contra a Droga Alborada, nasce o Programa Verdear. Alborada, que é a entidade promotora desta iniciativa, trabalha na horta com pessoas com problemáticas vinculadas com adições á droga e en risco de exclusão social. O Programa usa os 5.000 m2 cedidos de finca, propriedade da entidade comunitária de Cabral. Esta finca onde se desenvolve a experiência está localizada em Cotogrande (Vigo), e conta com instalações básicas para o trabalho: uma pequena edificação, uma estufa para culturas, varias parcelas de culturas em exterior, área de compostagem, pequeno apiário, etc. O Programa Verdear aposta polo modelo de produção da agricultura biológica tanto para as culturas como para a formação que se oferece no Proxecto. O objetivo fundamental do Programa Verdear é dotar de formação aos usuários de Alborada no âmbito da agricultura biológica, para que, no futuro essas pessoas possam conseguir um emprego ou a sua integração en projetos de hortas urbanas. Além de formação e emprego, o Programa verdear tenta que os produtos de horta recolhidos podam ser consumidos pelos próprios usuários, nas famílias necessitadas, en instituições sociais, etc., co objectivo de paliar as deficiências alimentícias e nutricionais de alguns sectores da povoação. O presente trabalho de pesquisa analisa a relevância social de o Proxecto Verdear. A pesquisa está feita a partir de ferramentas da investigação participativa, como as visitas de campo e a realização de entrevistas semi-estruturadas a pessoas participantes na iniciativa. Livro de Resumos

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Assim, o trabalho analisa a experiência e as diferentes atividades que se tenham desenvolvido no Programa Verdear nestes anos. O Trabalho que se está a realizar em Cabral demonstra que a cooperação entre distintos coletivos, num principio tão separados como uma Comunidade de Montes e uma associação de luta contra a droga, pode conseguir desenvolver projetos de horta social biológica de enorme interesse, dos quais se beneficiam tanto as pessoas participantes no Programa como o conjunto da sociedade. A propriedade comunal, dentro duma visão multifuncional do monte, pode converter-se, tal e como já acontece na iniciativa do Programa Verdear, como um espaço onde a horticultura social e terapêutica tenha cabida, conseguindo melhorar a qualidade de vida de pessoas com adições ás drogas e fornecer-lhe alimentos sãos e de qualidade a sectores sociais com dificuldades econômicas.

Palavras-chave: Horticultura social, Montes Comunais, Ação coletiva, Horticultura biológica.

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Projeto Alternative no Estabelecimento Prisional de Sintra Miguel Lago Área Internacional, Cruz Vermelha Portuguesa, Jardim 9 de Abril, 1 a 5, 1249 - 083 Lisboa, Portugal, projetos.internacional@cruzvermelha.org.pt

Resumo Descreve-se o papel fundamental que a formação em agricultura biológica teve no desenvolvimento de um projeto de inclusão social, no Estabelecimento Prisional de Sintra, e do processo que gerou impacto concreto na vida dos formandos / reclusos. Esta ação será contextualizada no âmbito do projeto europeu Alternative, cuja principal finalidade foi promover a implementação de medidas alternativas à prisão para infratores toxicodependentes. Com este propósito e este grupo alvo em mente, foi delineado em parceria com a Agrobio - Associação Portuguesa de Agricultura Biológica, um curso teórico e prático do Modo de Produção Biológico para um grupo de reclusos do Estabelecimento Prisional de Sintra, como forma de ganhar o acesso e a confiança dos serviços prisionais e dos próprios reclusos, utilizando a agricultura biológica como instrumento de capacitação sócio profissional.

Palavras-chave: agricultura biológica, Estabelecimento Prisional de Sintra, toxicodependência.

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Agricultura Social na Cercica: uma agricultura para a inclusão Olga Brito e Luisa Simões CERCICA - Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais, R. Principal, 320/320 A, Livramento, 2765-383 Estoril, Portugal, olga.brito@cercica.pt

Resumo A CERCICA é uma cooperativa social, fundada em 1976 por pais e técnicos como alternativa ao ensino regular para crianças com deficiência. A CERCICA existe para promover a qualidade de vida e a inclusão de pessoas com deficiência intelectual, num contexto profissional de excelência e de sustentabilidade, assumindo-se como um parceiro estratégico para famílias, entidades públicas, empreendedores e outros atores da nossa sociedade. Tem como visão ser uma organização de referência na habilitação e formação de pessoas com deficiência intelectual, criando oportunidades para que vivam uma cidadania completa. Atualmente a CERCICA é constituída por várias valências desde o Serviço de Apoio Domiciliário, Residências, Formação Profissional, Centro de Atividades Ocupacionais (CAO), Cerplant (jardinagem e produção de plantas), Gráfica, CERMov (piscina e atividades físicas) entre outras. A Cerplant foi criada em Novembro de 2001 com o objetivo de profissionalizar pessoas em desvantagem socioprofissional, com deficiência mental ou em risco de exclusão social (desempregados de longa duração), com vista à sua integração no mercado de trabalho. O Centro de

Atividades

Ocupacionais é constituído

pelo

Pólo

Oficinal

(desenvolvimento de atividades socialmente úteis) e o Pólo Terapêutico (atividades terapêuticas e ocupacionais). Em 2006 foi criado um pólo oficinal em produção de plantas ornamentais, na sequência de um estudo que concluiu que 60% de um grupo de utentes do CAO havia registado uma evolução positiva em todas as atividades ligadas à jardinagem e à produção de plantas (Henriques, A. 2006. Espaços verdes, saúde e bem-estar. Contributo da jardinagem como ocupação terapêutica, ISA/U. Lisboa). Desde então este pólo oficinal cresceu e integra atualmente 17 jovens com deficiência moderada que, num contexto mais profissional, são responsáveis por mais de 70% da produção de plantas ornamentais. Foi também estabelecido um protocolo com a Câmara Municipal de Cascais, através do qual são fornecidas cerca de 50.000 plantas todos os anos para os jardins do Município. Livro de Resumos

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A Agricultura Social na CERCICA tem como principal objetivo a empregabilidade de cidadãos com deficiência ou desempregados de longa duração (Cerplant), diversificação de atividades socialmente úteis para os clientes do CAO, fornecimento de local para estágio dos formandos (Formação Profissional), recuperação ambiental dos solos de ecossistema agrícola, contribuição para a sustentabilidade económica da instituição. O trabalho desenvolvido por estes jovens, para além dos benefícios terapêuticos relacionados com este tipo de atividades, é também de grande exposição e utilidade para a comunidade local, sendo este trabalho reconhecido e identificado pelos agentes locais e pela população em geral. Atualmente dá emprego direto a três funcionários da Cerplant e a três jovens com deficiência (Programa Emprego Apoiado). Existem também dois jovens do CAO que trabalham em protocolo e uma formanda do curso de viveirista em estágio. Em 2013 a CERCICA apresentou uma candidatura ao PRODER – Ação 4.1 - Cooperação para o Desenvolvimento e Inovação (parceria com a Consulai e Instituto de Investigação Cientifica Tropical), com o objetivo de estudar características agronómicas da Stevia rebaudiana e Thymus mastichina – Projeto Aroma4Safe. Através deste projeto desenvolveuse uma nova área de produção agrícola na CERCICA, gerida pela equipa da Cerplant, no entanto o principal objetivo foi a diversificação de atividades para os clientes do CAO, beneficiando o Pólo Terapêutico através de tarefas de desfolha de ervas aromáticas. Para dar resposta à crescente procura de plantas e outros produtos, a CERCICA candidatou-se ao Prémio BPI Capacitar em 2013, com o projeto CerGarden. O CerGarden abriu em 2015, reúne um pouco de todas as plantas produzidas no viveiro, para além das ervas aromáticas e de todos os produtos da CERCICA (livros, artes do fogo, quadros, artesanato, etc.). Um dos aspetos mais interessantes da agricultura social é a sua aptidão para inovação e desenvolvimento. Em 2015 foi assinado um protocolo entre a CERCICA, a Cerci Lisboa, a Segurança Social e a Câmara Municipal de Lisboa, com vista à exploração da Quinta das Carmelitas em Carnide, naquela que é a primeira parceria entre IPSS, Segurança Social e um Município. O objetivo é a exploração agrícola da Quinta, no modo de produção biológico, com vista à constituição de uma empresa de emprego protegido.

Palavras-chave: benefícios terapêuticos, deficiência intelectual, empregabilidade, projetos.

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Horta Associativa da Adroana Teresa Ribeiro, André Miguel, Rui Peixoto, Sara Torres EMAC - Empresa Municipal de Ambiente de Cascais, Complexo Multiserviços, Estrada de Manique, 1830, Alcoitão, 2645-138 Alcabideche, Portugal, Teresa.Ribeiro@cascaisambiente.pt

Resumo Em 2013 foi inaugurada uma horta comunitária, no Bairro da Adroana, em Alcabideche. Esta horta não era suficiente para satisfazer a procura existente e em pouco tempo os terrenos municipais em seu redor foram ocupados com hortas espontâneas. Reconhecendo-se as necessidades dos residentes no bairro e a disponibilidade do terreno, a Câmara Municipal de Cascais decidiu analisar a situação. As equipas técnicas das “Hortas de Cascais” e da Divisão de Intervenção Social foram incumbidas de procurar uma forma de promover a sua organização e legalização. A divulgação chegou a todos os moradores do bairro, os ocupantes do terreno foram identificados e como estratégia de intervenção promoveram-se encontros de apresentação, discussão e decisão. Nestas reuniões foi estabelecido por todos um regulamento com as definições dos conceitos, direitos e deveres dos intervenientes. Propôs-se a criação de uma associação de horticultores para formalizar um acordo de cedência do terreno municipal com a Câmara. A experiencia da Divisão de Intervenção Social no terreno permitiu implementar um processo participado, em que os moradores tiveram um canal permanente de comunicação com a autarquia e sendo possível experimentar uma forma de decisão colaborativa. Desenhou-se um Plano Geral da intervenção e foi decidida a demolição de todas as préexistências. Os interessados organizaram-se numa associação, colaboraram na construção da horta e frequentaram uma ação de formação de horticultura biológica. Numa fase inicial o terreno foi vedado e foram instalados pontos de água. Em seguida entrou em ação um grupo de voluntários internacionais, organizado pela Associação Juvenil Rota Jovem, que durante duas semanas colaboraram na construção da horta, ajudados pelos horticultores. Os horários da formação foram ajustados à disponibilidade dos candidatos, e só após a sua conclusão foi permitido que iniciassem o cultivo da sua parcela.

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Resultou deste processo a criação de uma nova comunidade de 45 famílias, com responsabilidades próprias, devidamente capacitada e consciente da partilha de bens. O terreno anteriormente abandonado transformou-se num espaço requalificado e produtivo.

Palavras-chave: Horta, participação, comunidade, voluntariado.

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Efeitos das hortas urbanas do projeto Horta à Porta Cristina Ferreira Divisão de Valorização Orgânica da LIPOR, Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, R. da Morena, 805, 4435-996 Baguim do Monte, Portugal, cristina.ferreira@lipor.pt

Resumo A LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, é a entidade responsável pela gestão, valorização e tratamento dos resíduos urbanos produzidos pelos seus 8 municípios associados: Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde. Constituída como Associação de Municípios em 1982, a LIPOR tem preconizado a sua atuação numa estratégia integrada de resíduos, com base naquilo que são as orientações estratégicas nacionais, bem como as orientações da União Europeia para o setor. Tendo por Missão “conceber, adotar e implementar soluções sustentáveis de gestão de resíduos, tendo em consideração as necessidades dos nossos parceiros e das comunidades que servimos”, o core business da Organização concretiza-se através da hierarquia europeia da gestão de resíduos e na consequente valorização dos recursos, a par de projetos responsabilidade social e de sustentabilidade, práticas de ecoeficiência e de educação ambiental. O Horta à Porta - Hortas Biológicas da Região do Porto, surgiu em 2003 devido à necessidade de articular a disponibilidade de várias entidades numa rede que viabilizasse uma estratégia para a Região do Grande Porto no domínio da compostagem caseira, na criação de hortas e na promoção da agricultura biológica. O projeto quando surgiu tinha como objetivo a criação de espaços verdes dinâmicos, promovendo o contacto com a natureza e hábitos saudáveis, sem esquecer a redução de resíduos. Atualmente é um projeto que tem por base um trabalho de cooperação, potenciando sinergias entre diferentes agentes da sociedade, com impactos ambientais, agrícolas e sociais muito significativos, uma vez que promove práticas sustentáveis, através da compostagem caseira e agricultura de modo biológico caseiro, alimentos mais saudáveis, mas também promove o contacto com a natureza, a melhoria da qualidade de vida da população e fomenta Livro de Resumos

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a coesão social. Na prática, este projeto pretende disponibilizar talhões de no mínimo 25 m2 a particulares interessados em praticar a agricultura biológica e a compostagem. Ao receber o talhão de terreno, os futuros agricultores recebem também formação em agricultura biológica (para amadores!). É disponibilizada água, um local para armazenar as ferramentas e ainda um compostor comunitário, tudo sem qualquer custo para os utilizadores. Como forma de complemento ao orçamento familiar, os produtos cultivados são para consumo próprio. Atualmente, o projeto Horta à Porta conta com 49 hortas, que são dinamizadas pela LIPOR em parceria com a União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, Junta de Freguesia de S. Pedro de Rates, União de Freguesias de Aver-o-mar, Amorim e Terroso, Maia, Custóias e Vairão, Bonfim, Ermesinde, São Cosme os Municípios de Matosinhos, Maia, Porto, Vila do Conde, Valongo, Espinho, Gondomar, a Santa Casa da Misericórdia, Social Catedral da Sé, o Espaço Municipal da Maia, a Comunidade Terapêutica do Meilão, os Albergues Noturnos do Porto, a TECMAIA, o CICCOPN, a Cooperativa da Cohaemato, o APPCDM de Aldoar, a ACISJF, o Centro Social de Ermesinde e o ALADI. No total o Horta à Porta disponibiliza 1.561 talhões, maioritariamente em hortas localizadas em zonas urbanas. São cerca de 11 ha cultivados em agricultura de modo biológico e com benefícios ambientais e sociais. O Horta à Porta envolve diferentes agentes num projeto de desenvolvimento ambiental sustentável e de responsabilidade social, tentando ir de encontro às carências que a população tem indicado como cada vez mais necessárias para uma vida física e psicologicamente saudável. Testemunhos obtidos por parte da população revelam que a procura de projetos desta natureza resultam de uma crescente necessidade do contacto coma natureza, lazer, convívio e produção dos próprios alimentos, mais saudáveis e como apoio ao orçamento familiar. Ao envolver as famílias, permite também que os vários grupos etários – crianças, jovens, adultos, idosos – participem na atividade agrícola biológica, sendo eles igualmente veículos transmissores de boas práticas deste projeto. Pretende--se proporcionar a todos a possibilidade de cultivarem a sua pequena horta, com a garantia de qualidade dos produtos, de melhor saúde e ambiente.

Palavras-chave: hortas urbanas, benefícios ambientais, sociais e bem-estar.

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Horticultura no desenvolvimento social no Norte da Guiné-Bissau Pedro M.P. Santos1, Patrícia Maridalho1, Isabel Mourão2, L. Miguel Brito2 1

Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento Africano - ONG VIDA, Pátio do Pimenta, nº 25, 1200-034 – Lisboa, Portugal, vida.kopoti@gmail.com; patricia@vida.org.pt 2 Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, isabelmourao@esa.ipvc.pt

Resumo A Guiné-Bissau é um pequeno país da África Ocidental, com 1,6 milhões de habitantes, e que desde a sua independência, em 1973 (declarada pela Guiné-Bissau), tem sido alvo de instabilidade política contínua que não permitiu a implementação de políticas agrárias. Em consequência, no país predomina uma agricultura familiar tradicional de subsistência, em que a dificuldade de acesso aos fatores de produção, e aos mercados em geral, caracteriza o diaa-dia das famílias dos agricultores. A ONGD VIDA, a operar na Guiné-Bissau há 22 anos, identificou seis aldeias na Região Norte do país em que a cultura do tomate, produzido principalmente pelas mulheres, se tem assumido como cultura de rendimento, contribuindo, assim, para garantir o sustento das suas famílias, para evitar situações de insegurança alimentar severa e para apoiar as famílias ao nível da educação e saúde. Através do projeto “Kópoti pa cudji nô futuro” (em crioulo da Guiné-Bissau “Cultivar para colher no nosso futuro”) financiado pela União Europeia e Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, a ONGD VIDA está a implementar atividades de desenvolvimento rural integrado nestas aldeias. Partindo de uma metodologia participativa, tem como um dos seus principais objetivos o delineamento conjunto com as agricultoras de uma estratégia de produção e de comercialização de produtos hortícolas. Esta estratégia visa reforçar as capacidades produtivas e comerciais destas famílias, ao mesmo tempo que pretende fortalecer as relações dentro e entre aldeias, através da criação de organismos associativos ou cooperativos e de mecanismos que assegurem um melhor posicionamento comercial, que poderão contribuir para um aumento do rendimento das famílias, aumento da segurança alimentar e uma maior resiliência das famílias e comunidades. As famílias e comunidades abrangidas pelo projeto são maioritariamente da etnia felupe e têm como características comuns, a pobreza extrema, o isolamento, a baixa formação técnica, a inexistência de uma cadeia de valor que facilite o escoamento dos produtos Livro de Resumos

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agrícolas e a falta de acesso a informação agrícola atualizada bem como acesso aos fatores de produção. Com base em inquéritos individuais realizados às agricultoras e a grupos focais nas aldeias envolvidas no projeto, foi possível caracterizar os agregados familiares, o sistema de produção agrícola por estes praticado, as principais fontes de rendimento, assim como, avaliar a sua produção hortícola e o mercado de escoamento do tomate. No presente trabalho discute-se, ainda, a capacidade da horticultura como fator de aliviamento da pobreza e como dinamizadora do desenvolvimento social dentro e entre as referidas aldeias. Apesar de se confirmarem as enormes dificuldades das famílias, que vivem na sua totalidade em pobreza, sem capacidade de compra ou de investimento, sem acesso a informação, fatores de produção e mercados, verificou-se após o primeiro ano de implementação do projeto que, por sua livre iniciativa, as agricultoras organizaram uma reunião de concertação para fixarem o preço de venda do tomate e iniciar a criação de hortas comunitárias em cada uma das aldeias. Estas duas iniciativas demonstram a grande capacidade organizativa e a motivação extrema que existe nas agricultoras para a mudança. É evidente para estas famílias, que a horticultura, a par de proporcionar um desenvolvimento económico e melhorar as condições de vida das famílias, é também um mecanismo de desenvolvimento social capaz de desencadear dinâmicas sociais viradas para o associativismo, e comércio organizado para a principal cultura hortícola produzida. A valorização da mulher enquanto agente produtivo e ator principal na tomada de decisão no seio de um grupo, associação ou comunidade, é também determinante para um desenvolvimento justo e integral destas comunidades e sociedade onde os agregados familiares estão inseridos.

Palavras-chave: Guiné-Bissau, produção de tomate, recursos locais.

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Sessão 2 - Horticultura e Economia Social

Comunicações em painel

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Contributo para o estado da arte da Agricultura Urbana e Periurbana em Portugal: entre as perceções e as práticas Cecília Delgado Laboratório Nacional de Engenharia Civil - LNEC e CICS; NOVA - Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa, Av. do Brasil, 101, 1700-066 Lisboa, Portugal, cmndelgado@gmail.com; cdelgado@lnec.pt

Resumo Pretende-se apresentar os resultados preliminares do estado da arte da Agricultura Urbana e Periurbana [APU] em Portugal, com enfoque na sua dimensão territorial. Argumenta-se que a APU em Portugal baseia-se particularmente na componente da produção, e que as ligações com as restantes componentes do sistema urbano alimentar são ainda limitadas. Para fundamentar o argumento apresentam-se e analisam-se várias definições internacionais na sua evolução de conteúdo ao longo do tempo. Esta análise é complementada com duas pesquisas adicionais que fazem parte de uma investigação ampla que incluí: (1) entrevista de informantes privilegiados; (2) pesquisa web baseada em palavras e conceitos chave. Os restantes métodos de pesquisa incluem, revisão da literatura; visitas a um conjunto selecionado de programas e práticas de uma lista extensa de casos identificados; conhecimento e rede de saberes; participação em eventos; categorização das melhores práticas identificadas pelo grupo de informantes privilegiados. O processamento da informação obtida através das entrevistas aos informantes privilegiados sugere que a APU é essencialmente percecionada na sua componente produtiva i.e. hortas urbanas. Esses espaços são particularmente orientados numa perspetiva de inclusão social nomeadamente para consumo próprio (mitigação da crise) ou usos recreativos. A terra é maioritariamente pública ou semipública. O impacto da APU na cadeia alimentar urbana apresenta-se ainda pouco desenvolvido. Ou seja, neste momento, em Portugal a APU manifesta-se fundamentalmente nas dimensões social e ecológica com enfoque na componente produtiva da cadeia alimentar em desabono das restantes componentes da cadeia, tais como, processamento, distribuição e venda, consumo, marketing, redução de desperdício alimentar, etc.. E ainda, que a dimensão económica, numa perspetiva de orientação para o mercado com criação de emprego, salvo Livro de Resumos

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excecionalmente, não é considerada. Contudo, a pesquisa web baseada em palavras e conceitos chave ilustra uma panorâmica muito mais vasta em termos de dimensões e tipos de agricultura i.e. social, ecológica e económica, e evidencia a presença de experiencias nas várias componentes da cadeia urbana alimentar, confirmando a emergência e dinamismo da temática em Portugal. Esta constatação abre interessantes perspetivas para a gestão da APU como parte do sistema urbano alimentar, à semelhança do que está a ocorrer em várias cidades no mundo. Em síntese, as conclusões preliminares apontam para a necessidade de clarificar o conceito de APU e criar sinergias entre todos os atores e setores envolvidos. Em paralelo demonstram que a APU é um setor promissor e emergente em Portugal que pode ser fomentado através do acesso à terra e espaço nas cidades e periferias, Portuguesas, contribuindo para o bem-estar social das populações, a melhoria da paisagem, mas também para o desenvolvimento da economia local. Finalmente, defende-se a necessidade de criar espaços de debate, à escala local e, simultaneamente, à escala nacional de modo a que todos, poder político, sociedade civil, urbanistas, entre outros representantes das diversas politicas e interesses setoriais, possam ser envolvidos e contribuir para um processo de planeamento colaborativo, que considere a APU como parte de uma estratégia de coesão social e territorial em Portugal.

Palavras-chave: Agricultura urbana e periurbana, planeamento urbano, coesão territorial, coesão social, sistema urbano alimentar, Portugal.

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Formas e moldes: dinâmicas futuras da Agricultura Social Cláudia Brites e Ana Firmino Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Univ. Nova de Lisboa, Av. de Berna, 26-C, 1069-061 Lisboa, Portugal, claudia.brites@fcsh.unl.pt

Resumo Em muitas regiões e localidades do mundo, há uma necessidade cada vez maior de encontrar novas soluções para o futuro, uma vez que existem cada vez mais conjuntos entrelaçados de dificuldades ecológicas, sociais e económicas, mas também novas oportunidades trazidas pela globalização da economia. Na verdade, há uma necessidade de trabalhar para um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável e cruzar as muitas fronteiras institucionais que impedem que novas soluções sejam criadas. Claro que promover o desenvolvimento regional sustentável é um enorme desafio num mundo que se caracteriza por uma visão quase patológica para os lucros a curto prazo, políticas de visão curta, conflitos de interesses e busca de soluções rápidas. Além disso, não é possível confiar apenas em intervenções estatais como o desenvolvimento regional que, é um processo coletivo que envolve redes de atores públicos, privados e semipúblicos em que nenhuma organização tem uma primazia na governação. Para superar estes e muitos outros estrangulamentos potenciais de desenvolvimento regional equilibrado, serão necessárias novas formas para o moldar. O que torna tudo isto um conjunto exigente de desafios políticos é que as regiões e as localidades precisam de encontrar formas de gerir o seu próprio destino, enquanto este é manipulado por muitas forças. A Agricultura Social utiliza o espaço rural para a promoção do bem-estar físico e psicológico, integrando os sectores da saúde e serviços sociais com o agrícola. O espaço rural é usado recreativamente ou em trabalho em atividades pedagógicas e/ou terapêuticas para doentes e populações em risco social, adotando uma perspetiva multifuncional da agricultura, incluindo empresas e integrando pessoas com incapacidades com o objetivo de inclusão e melhoria de qualidade de vida. Desde 2009, após a Ação COST 866 – Green Care in Agriculture, que a Agricultura Social tem vindo a ser debatida em Portugal, reunindo vários interessados.

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Em vários países Europeus a Agricultura Social é uma prática reconhecida legalmente. Têm sido realizados esforços para fomentar a sua legalização e o conceito é amplamente reconhecido. Nos últimos anos o fenómeno da Agricultura Social, (também conhecida como Green Care) tem sofrido um aumento significativo e constante. A maioria dos países europeus têm Agricultura Social legislada ou em processo de negociação para tal, tendo o seu interesse o devido reconhecimento da União Europeia (UE) através do Parecer do Comité Económico e Social Europeu sobre a agricultura social: políticas com preocupações ambientais, sociais e de saúde (parecer de iniciativa). Existem várias redes europeias informais (ex. Farming for Health) ligando os diferentes países que têm resultado em diversas parcerias de projetos internacionais (Ex. SoFar, Ecopreneurship, Maie, Diana, Sophieu), onde surgem diferentes debates dependendo da situação atual de cada um dos países envolvidos. A situação portuguesa, em particular, tem tido um desenvolvimento dececionante. Na teoria, seria expectável que a Federação Portuguesa de Agricultura Social (FEDPAS) estivesse formalizada de maneira a aumentar as ligações entre as diferentes entidades a nível nacional que estão potencialmente interessadas. Uma integração mais profunda de todos os esforços constituiria uma inspiração essencial para a expansão da Agricultura Social em Portugal. Contudo, desde há uma ano a esta parte, o debate e os esforços que tinham vindo a ser realizados para promover esta união sofreu uma interrupção. A FEDPAS, nos seus estatutos apresenta a ligação de dois importantes grupos: as instituições praticantes e as instituições de investigação. De acordo com esta aproximação, a investigação estaria intrinsecamente ligada aos problemas apresentados pelos praticantes, tentando apresentar soluções, beneficiando desta forma os dois mundos. Este artigo pretende oferecer aos investigadores e trabalhadores em Agricultura Social a oportunidade de explorar e ver discutidas algumas questões-chave a partir de uma multiplicidade de perspetivas e com diferentes pontos de suporte teórico e observações empíricas de diferentes partes do mundo, de forma a lidar com os problemas da sustentabilidade através do desenvolvimento de uma nova governação multi-atores, capacidades de liderança e formulação de políticas.

Palavras-chave: Portugal, Europa, Agricultura Social.

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Contribuição do trabalho voluntário na diminuição dos custos de projetos de horticultura social Maria Raquel Sousa Departamento de Arquitetura e Urbanismo, ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, Av. das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa, Portugal, biosite.formacao@gmail.com

Resumo O presente estudo procurou mostrar as vantagens da inclusão de trabalho voluntário em projetos de horticultura urbana, entre as quais a diminuição dos custos destes projetos. Comparam-se dois tipos de projetos: a) três parques hortícolas do projeto da Câmara Municipal de Lisboa; b) um projeto de horticultura social criado por um grupo de cidadãos no centro de Lisboa – Horta do baldio. O objetivo do estudo foi identificar as vantagens existentes nestes dois tipos de projetos, decorrentes do trabalho voluntário e incluiu duas metodologias: a aplicação de um questionário e a comparação dos projetos incluindo, entre outras características, os custos de implementação e manutenção. Os dados foram analisados através da criação dos seguintes indicadores: caracterização social dos jardineiros; a sua opinião acerca dos projetos e os custos inerentes. O questionário resultou em respostas semelhantes em ambos os tipos de projeto, à exceção de que no caso da Horta do Baldio, os participantes ressalvaram a importância da participação e trabalho voluntário, que levou à implementação do projeto. Em relação ao estudo de custos que incluiu consulta a sites de contratação pública, foi patente um abaixamento de custos de implementação e de manutenção no caso da Horta do Baldio, que apresenta maior envolvimento e trabalho voluntário. No entanto, os Parques hortícolas já contabilizavam uma diminuição de custos de manutenção, dado os hortelões realizarem as manutenções dos talhões, mas não das partes comuns. Em conclusão, os dois tipos de projeto apresentam diferentes vantagens, mas a diminuição de custos foi acentuada no caso da Horta do Baldio. Assim a integração de trabalho voluntário em iniciativas públicas ou privadas, ou seja, o envolvimento dos cidadãos parece poder contribuir significativamente para a diminuição dos custos dos projetos de horticultura urbana. Palavras-chave: hortas urbanas, custos de implementação e manutenção, voluntariado. Livro de Resumos

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“ S b ” - Projeto estratégico de sustentabilidade para famílias carenciadas Maria de Lurdes Silva1, Isabel Mourão2, Lia Jorge3, Paula Rodrigues3, L. Miguel Brito2, J. Raul Rodrigues2 1

Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, lurdessilva@hotmail.com 2 Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, isabelmourao@esa.ipvc.pt 3 Cruz Vermelha Portuguesa - Delegação de Braga, Av. 31 de Janeiro, 317, 4715-052 Braga, Portugal, dbraga.paula.r@cruzvermelha.org.pt

Resumo No atual contexto de elevado desemprego as hortas sociais em meio urbano podem desempenhar um papel importante, contribuindo para uma melhoria do bem-estar, alimentação e saúde das populações e, ainda, para uma maior sensibilização ambiental e conservação dos recursos naturais e da biodiversidade. A Cruz Vermelha Portuguesa Delegação de Braga, através do seu Centro Comunitário da Vila de Prado, propôs a criação de uma horta comunitária, como forma de contribuir para a integração social de famílias carenciadas, com baixos níveis de qualificação e socialmente estigmatizadas. O objetivo do presente trabalho foi desenvolver o projeto desta horta comunitária, com base nas características e espectativas dos beneficiários, incluindo: (i) um plano técnico agrícola sustentável, segundo o modo de produção biológico; (ii) o funcionamento, recursos necessários, promoção e divulgação; (iii) um plano formativo com vista a induzir capacitação e a promover uma potencial integração profissional; (iv) um plano de atividades dirigido à comunidade como forma de integração do projeto; e (v) a avaliação da influência do projeto nos beneficiários. A metodologia incluiu o acompanhamento do processo de candidatura das famílias; a análise do potencial agronómico do local e das interligações da comunidade; a avaliação de outros projetos similares e entrevistas. O projeto foi intitulado por “Horta do Saber” e foram criados a ficha de candidatura, o regulamento geral e o contrato de participação. O levantamento topográfico foi acompanhado e orientaram-se os trabalhos de limpeza do terreno. Elaborou-se o plano da horta com cerca de 1,0 ha, conduzida no modo de produção biológico, incluindo 16 talhões familiares (200 m²/talhão); talhões e estufa de produção comunitária, de propagação de plantas e produção de produtos que permitam a sustentabilidade do projeto a médio e longo Livro de Resumos

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prazo; pomar; compostagem; zona pedagógica e zona de lazer. O plano técnico incluiu a correção do solo, a compostagem, a criação de um modelo de talhão familiar e de uma rotação de culturas (12 anos) e a criação do caderno de campo. Foi elaborado e implementado um plano de formação para os utentes, incluindo um curso de formação de 200 horas, diversos workshops e visitas de estudo. Apresentou-se ainda um plano de atividades para a comunidade e os meios de promoção e divulgação do projeto. A nível económico este projeto contribui para um aumento significativo do bem-estar das famílias e do bem-estar da comunidade sendo, ainda, um importante contributo para uma melhor qualidade ambiental do espaço envolvente.

Palavras-chave: produção biológica, formação, benefícios ambientais, inclusão social.

Figura 1. Esquema do projeto “Horta do Saber”, incluindo lotes de 200 m²para 16 famílias, estufa, pomar, unidade de compostagem e zonas de formação e de lazer.

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Práticas de economia solidária em iniciativas de agricultura urbana do concelho de Lisboa. Os casos do Vale de Chelas, da Alta de Lisboa e da Horta do Baldio Carlos Paizinho1, Maria de Fátima Ferreiro2 1

carlospaizinho@gmail.com (sem afiliação institucional) ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, Av. das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa, Portugal, fatima.ferreiro@iscte.pt 2

Resumo A partir de 2009 mais de metade da população mundial passou a residir em áreas urbanas e, ao ritmo de crescimento atual, as Nações Unidas estimam que em 2050 esse valor atinja os dois terços, o que contribui para uma crescente competição, nomeadamente com a atividade agrícola, pela ocupação do solo disponível, fragilizando a soberania e a resiliência alimentar das cidades, enquanto se conjugam velhos e novos problemas sociais, económicos e ambientais. A Agricultura Urbana, praticada em espaços urbanos e periurbanos, tem um importante papel na mitigação destes problemas, através da promoção da coesão social, da melhoria das condições de saúde da comunidade, da promoção de relações de reciprocidade, da capacitação para o emprego e para o empreendedorismo inclusivo, da melhoria dos rendimentos familiares, da promoção da produção local e da soberania alimentar, de práticas agrícolas sustentáveis, da educação ambiental, do ordenamento do território e do uso de solos abandonados. Considerando esta multiplicidade de contributos, as iniciativas de Agricultura Urbana são suscetíveis de serem analisadas à luz dos princípios e práticas da Economia Solidária que, baseada em princípios da economia substantiva, como a reciprocidade, a domesticidade e a redistribuição, em relações de solidariedade e em práticas de participação e gestão democráticas, procura, através da diversidade de formulações que apresenta, encontrar respostas para um vasto conjunto de preocupações sociais, económicas e ambientais. Estas respostas são especialmente relevantes na versão da Macaronésia, a qual se carateriza pela diversidade de projetos que propõe: social; económico; cultural; ambiental; territorial; de conhecimento interativo; de gestão inovadora; político. Tais princípios e práticas podem contribuir significativamente para a afirmação da Agricultura Urbana enquanto atividade multifuncional, promotora de relações de solidariedade, de reciprocidade e de afirmação da democracia participativa e acreditamos que Livro de Resumos

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alguns deles estão presentes nas diversas iniciativas. Contudo, não conhecemos a sua relevância. Assim, decorrente desta problemática, procurámos identificar tais práticas através da realização de um estudo empírico que envolveu três casos no concelho de Lisboa e para o qual foram definidos os seguintes objetivos: Geral: Identificar as práticas de Economia Solidária (perspetiva da Macaronésia) que estão presentes em iniciativas de Agricultura Urbana do concelho de Lisboa. Específicos: a) Selecionar iniciativas de agricultura urbana, de natureza formal e informal, associativa e municipal, do concelho de Lisboa; b) identificar, através de metodologia quantitativa e qualitativa, o modelo de funcionamento e as práticas seguidas em cada um dos estudos de caso selecionados; c) identificar, com base nos projetos da Economia Solidária da Macaronésia, as práticas que estão presentes nas iniciativas em estudo. As iniciativas selecionadas para estudos de caso foram: o Parque Hortícola do Vale de Chelas, enquanto iniciativa formal da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa; o Parque Agrícola da Alta de Lisboa, enquanto iniciativa formal, associativa, da responsabilidade da Associação para a Valorização Ambiental da Alta de Lisboa e a Horta do Baldio, uma iniciativa informal. Foi adotada uma abordagem metodológica de natureza quantitativa e qualitativa envolvendo a utilização de técnicas de inquirição, como inquéritos ministrados a utentes das iniciativas, entrevistas semi-diretivas a atores com responsabilidades nas iniciativas e a observação-participante. Foram avaliadas 35 práticas, agrupadas em várias dimensões de análise, que considerámos representativas dos oito projetos da Economia Solidária da Macaronésia, das quais identificámos 31 nas iniciativas estudadas. Contudo, considerando o seu grau de relevância, apenas identificámos 7 práticas como sendo muito relevantes, destacando-se a produção para autoconsumo, a produção em modo biológico, os contributos para a coesão social e para a saúde e a partilha de conhecimento entre os utentes. Como relevantes identificámos 4 práticas, destacando-se a promoção de relações de reciprocidade e a tomada democrática de decisões. As restantes 20 práticas foram consideradas pouco relevantes. Dos projetos da Economia Social da Macaronésia destacamse, como mais explícitos, os Projetos Económico, Social e Ambiental. Palavras-chave: Agricultura Urbana, Hortas Urbanas de Lisboa, Economia Solidária, Economia Solidária da Macaronésia. Livro de Resumos

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Contribuição da Horta Comunitária de Amares para a economia social e familiar Maria Helena Soares1,2, Bernardo Costa2, Vanessa Neves2 1

Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, mariahelena.diassoares@gmail.com 2 Associação de Fomento Amarense, Largo Dom Gualdim Pais, nº27, 4720-013 Amares, Portugal, afa.ipss@hotmail.com

Resumo A Horta Comunitária de Amares é uma iniciativa da Associação de Fomento Amarense e foi a concretização de um dos objetivos estatutários da instituição, nomeadamente o apoio à comunidade através de respostas ajustadas às necessidades emergentes do contexto social. No ano de 2013 foi desenvolvido um projeto de formação para a inclusão, inserido no eixo prioritário 6 do POPH, mais concretamente, formação na área de Fundamentos Práticos de Agricultura Biológica, que teve como destinatários 15 beneficiários do Rendimento Social de Inserção. Esta formação permitiu através da componente prática, criar os primeiros alicerces para a criação da Horta Comunitária e proporcionou a continuidade do know-how adquirido. A Horta Comunitária tem a Câmara Municipal de Amares como entidade copromotora e tem o apoio da Escola Profissional Amar Terra Verde. A Horta Comunitária de Amares foi criada num terreno da Associação de Fomento Amarense, com cerca de 3000 m2, sendo uma parte do terreno cultivado pela Associação e a outra dividida em parcelas de 20 m2 cada para uso dos habitantes de Amares. Podem candidatar-se ao uso das parcelas qualquer pessoa singular, maior, que não possua terreno próprio, residente no concelho de Amares, no entanto, são candidatos preferenciais à participação efetiva na Horta Comunitária de Amares, pessoa ou agregados familiares economicamente carenciados; desempregados; famílias numerosas, com número igual ou superior a 5 elementos e famílias monoparentais. O utilizador terá de efetuar o pagamento da joia de inscrição e assim beneficiar da formação em horticultura biológica e uma taxa de utilização, que terá um desconto de 50% para os grupos preferenciais. O utilizador tem direito ao uso comum de recursos, espaços e materiais, para a prática da atividade agrícola, tais como compostor, sistemas de água, Livro de Resumos

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estacas, área de armazenamento, equipamentos (enxadas, engaços e regadores), entre outros e ao esclarecimento de todas as dúvidas (e aconselhamento técnico) que possam surgir no decorrer da sua atividade, bem como, ao acompanhamento dos trabalhos da Horta Comunitária de Amares. A Horta Comunitária de Amares tem como principais objetivos fomentar a prática da horticultura biológica sustentável, dando a oportunidade de cultivar os seus próprios produtos aos habitantes de Amares que não possuem terreno próprio; promover uma alimentação saudável com produtos biológicos; sensibilizar a população para o respeito e defesa pelo ambiente; valorizar o espírito comunitário na utilização do espaço e na manutenção do mesmo; potenciar a utilização da compostagem e sensibilizar relativamente às questões dos resíduos e contribuir para a recuperação da atividade hortícola como complemento da economia familiar. Neste momento a Horta Comunitária de Amares apresenta pouca adesão dos habitantes de Amares sendo necessário melhorar a divulgação do projeto ao nível do concelho, mas os poucos utilizadores que tem estão lá desde o início do funcionamento da Horta. O facto de não se ter uma estufa, atrasa muito as produções no Inverno. Num futuro próximo os responsáveis pela Horta esperam ter condições financeiras para instalar um sistema de rega mais eficiente, construir um armazém com maiores dimensões e criar um ponto de venda na própria Horta. Neste momento a Horta Comunitária de Amares possui uma página no facebook, que permite a divulgação de informação.

Palavras-chave: comunidade, inclusão, utilizador, economia familiar, ambiente.

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Agricultura social na Escola Superior Agrária de Viseu António Pinto, Daniela Teixeira, Helena Esteves Correia Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viseu, Quinta da Alagoa, Estrada de Nelas, Ranhados, 3500-606 Viseu, Portugal, apinto@esav.ipv.pt, daniela@esav.ipv.pt, hecorreia@esav.ipv.pt

Resumo O interesse em horticultura e espaços verdes tem vindo a aumentar nos últimos anos. A criação e manutenção destes espaços constituem uma excelente “terapia” para combater o stress do dia-a-dia, ajudando a manter o “apego à terra que é uma característica inata do homem”. Ajudar a crescer cultural e esteticamente a sociedade, de modo a contribuir para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida das pessoas, criando oportunidades para a socialização, melhorando a saúde física, mental e emocional é também uma das funções da prática agrícola. Neste sentido, a Escola Superior Agrária de Viseu (ESAV), sensível às questões da agricultura social respondeu, em 2005, ao desafio proposto pela Universidade Sénior de Viseu (USAVIS), com a criação de um curso prático de horticultura ao ar livre, que tem sido ministrado em regime de voluntariado, com a frequência de duas horas por semana, durante dois semestres em cada ano letivo. Esta parceria tem-se mantido até hoje. A participação apaixonada dos formandos nas várias atividades agrícolas e lúdicas que o curso proporciona, tem permitido incentivar a aprendizagem ao longo da vida, a partilha de experiências e saberes, onde se privilegia a integração social, a camaradagem e o bem-estar, promovendo a esperança, a cultura dos afetos, o companheirismo, a solidariedade e amizade, o combate à solidão e a promoção de um envelhecimento ativo, útil e com muito respeito pela dignidade e qualidade da vida humana. É este exemplo vivido e partilhado durante mais de dez anos, que pretendemos apresentar, por entendermos que esta outra forma de fazer agricultura, encerra em si mesmo, um enorme potencial e uma mais-valia na preservação do ambiente e na integração social.

Palavras-chave: população sénior, socialização, saúde, bem-estar, horticultura

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As hortas urbanas e a sustentabilidade dos recursos solo, água e energia M. Elvira Ferreira e Paulo B. Luz Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Av. da República, Quinta do Marquês 2780157 Oeiras, Portugal, elvira.ferreira@iniav.pt, paulo.luz@iniav.pt

Resumo As potencialidades das hortas urbanas (HU) têm atualmente particular importância nas políticas de "crescimento verde" que envolvem vertentes agroambientais, sociais e económicas. As HU são de uso múltiplo, ou seja, são espaços verdes que ajudam a descongestionar o ambiente urbano, são espaços de lazer e recreio, através da interação social e a prevenção da saúde, através da utilização de alimentos frescos, são geradoras de alimentos e até em certos casos, complemento de rendimento familiar (Mourão, 2013). A localização das HU é importante do ponto de vista ambiental e de saúde pública, pelo que são de excluir HU em locais com solos e/ou águas subterrâneas contaminados, em zonas industriais e urbanas de elevada poluição atmosférica ou em corredores poluídos. Em Portugal há estudos que avaliam a qualidade do que é produzido nas HU de grandes cidades (Pinto et al., 2011; Leitão et al., 2016). A produção de alimentos em modo de produção biológico (MPB) é recomendada, pois este modo de produção sustentável contribui para o aumento da fertilidade do solo e da retenção da água, para uma melhor eficiência na utilização de recursos, para promover a biodiversidade e tem um menor impacte nas alterações climáticas. Na hora de escolher o que produzir deve ter-se em atenção as condições edafoclimáticas do local e de entre as preferências alimentares escolher as espécies melhor adaptadas à região e em cada espécie as variedades regionais que sendo mais rústicas consomem menos água e são mais resistentes ao ataque de pragas e doenças. As plantas hortícolas, as plantas aromáticas e medicinais (PAM) e as flores comestíveis são os grupos de plantas mais adequados para produção urbana. As PAM, além de contribuírem para a melhoria da dieta alimentar, são úteis na repulsão de pragas de outras culturas e atraem auxiliares, beneficiando o controlo biológico.

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O objetivo deste trabalho é apresentar propostas simples e viáveis, através de um hipotético sistema solo-planta-atmosfera, que possam ser utilizadas aquando da implementação de hortas urbanas sustentáveis. Utiliza-se como estudo de caso a cultura da alface, com rega por aspersão automatizada com um relógio de rega ou com um sistema de electroválvulas. A energia solar fotovoltaica, recorrendo a painéis solares, será simulada para um parque hortícola.

Palavras-chave: energia fotovoltaica, kit escolar, planeamento, sistema de rega.

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Estratégias de uso de água para as hortas urbanas no contexto de zonas climáticas em Portugal Paulo B. Luz e M. Elvira Ferreira Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Av. da República, Quinta do Marquês 2780157 Oeiras, Portugal, paulo.luz@iniav.pt, elvira.ferreira@iniav.pt

Resumo Na generalidade do território continental de Portugal verifica-se a existência de diferentes zonas climáticas associadas ao clima mediterrânico. A classificação destas zonas pode ser definida em função de índices de aridez ou seca, sendo assim necessário proceder a determinações de componentes do ciclo da água, como a precipitação e a evapotranspiração potencial (Rosário, 2004). Neste sentido, reveste-se de grande importância recorrer a informação de base que utiliza dados de séries históricas destas variáveis, para uma adequada abordagem e interpretação da interligação entre clima e os sistemas de produção em hortas urbanas (HU). As estratégias de gestão de água e da rega requerem o cumprimento de algumas normas, atendendo também aos riscos e incertezas das condições de alteração ou variabilidade climática, de forma a serem mitigados os efeitos de potenciais crises de abastecimento de água e/ou de alimentos. Para situações de vulnerabilidade da HU face à escassez de água (física ou económica), ou de externalidades negativas (e.g. poluição; erosão), as soluções a adotar pelos horticultores, em função das características específicas das áreas e talhões, deverão considerar os sistemas de rega e drenagem mais eficientes, e ainda algumas opções tais como: 1) rega deficitária; 2) reutilização de águas tratadas; 3) espécies melhor adaptadas a condições de secura; 4) estruturas de recolha, armazenamento e distribuição de água; 5) monitorização do nível de água no solo; e 6) monitorização da qualidade dos recursos naturais. A promoção de boas práticas em HU contribuirá para o reconhecimento de vários impactos positivos ou benefícios (ao nível quantitativo ou qualitativo). Ou seja, através do seu papel multifuncional e de princípios de sustentabilidade as HU contribuem, nomeadamente, para: 1) a provisão de alimentos/plantas; 2) a regulação do ciclo da água; 3) o incremento da biodiversidade; e 4) práticas de socialização e culturais. Neste trabalho apresentam-se cenários climáticos associados ao índice de aridez (Maliva e Missinger, 2012) e as soluções mais adequadas em HU, face a esses cenários à escala local. Palavras-chave: ciclo da água, gestão da água, índices climáticos, regadio. Livro de Resumos

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Sessão 3 - Empreendedorismo social e financiamento

Comunicações orais

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Social Agriculture: Funding in the Netherlands Marjo Baeten HAS University of Applied Science, Hertogenbosch, Holanda, M.Baeten@has.nl

Abstract Social Agriculture, also referred to as ‘social farming’, is now extremely common in the Netherlands. This is a broad term used to describe agricultural and/or horticultural activities that include a social aspect. This may be in the form of educational activities on a farm, a farm shop, a Bed & Breakfast or campsite, or a care farm. This presentation focuses on the care farm. Care farms in the Netherlands Over recent years, agricultural multi-functionality has resulted in the development of a growing number of care farms. As the traditional role of ‘producers’ has changed, an increasing number of farmers are now looking for new potential sources of income and new innovative ways of strengthening their relationship with society, and their direct customers, in particular. Care farms are now a common phenomenon in the Netherlands, as more and more farmers combine agricultural production with healthcare and other social services. In the early years, the number of care farms in the Netherlands grew rapidly, from 75 in 1998, to more than 1,000 in 2009. Changes to legislation and funding mean that, these days, there are around 800 professional care farms in a country with a population of around 17 million. Despite this reduction, the Netherlands remains the leading country in Europe when it comes to care farms. The history of care farm funding in the Netherlands A major challenge for care farms has always been finding funding for the care services they provide. From 1995, accredited care farms were eligible for funding from the AWBZ, the collective health insurance programme for long-term care in the Netherlands. In later years, the ‘Personal Budget’ programme enabled clients to contract the services of care farms directly. This led to a substantial increase in the number of care farms. In 2016, much of the national funding for care and support for clients with chronic illnesses, disabilities or simply old age ceased, with key aspects now from the responsibility of the local government. This change has impacted the care provided by care farms, in particular. Livro de Resumos

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In the presentation, I will explain the consequences and outline in more detail how care farm funding is currently organised in the Netherlands. Care farms and dementia: a special focus in its 2012 report, ‘Dementia: a public health priority’, World Health Organization (WHO), called on countries to invest in health and social systems, to improve care and services for people with dementia and for their caregivers. The Netherlands has been a frontrunner in developing national plans, such as the National Dementia Programme, to care for the country’s estimated 250,000 citizens currently living with dementia. Bringing quality care into the home Prior to the Netherlands’ National Dementia Programme, options for care included living at home and travelling to services, or living in large residential care facilities, which varied considerably in terms of quality and service. As a result, people with dementia, and their caregivers looked for alternatives such as care farms. These days, the Netherlands strives to enable people with dementia to continue living in their own homes for as long as possible, by delivering care services in the home. This is, however, subject to the client’s own social network being able to facilitate this type of intensive care. For those no longer able to live at home, Dutch public healthcare insurance funds care in a nursing home, including in small-scale facilities in the community such as care farms. Although most of these facilities are at capacity, the National Dementia Programme continues to work to provide more organised care closer to the home, to enable people living with dementia, to remain as integrated as possible in their local communities for as long as possible.

Keywords: Care farms, care services, dementia, Netherlands, social systems.

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A agricultura social e o desenvolvimento rural Pedro Teixeira DGADR - Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural/MAFDR, Av. Afonso Costa, 3, 1949002 Lisboa, Portugal, direcao@dgadr.pt

Resumo A Agricultura Social baseia-se numa abordagem que inclui a agricultura multifuncional e os cuidados sociais e saúde de base comunitária. Tendo por base a utilização dos recursos agrícolas, fornece serviços de cuidados sociais ou educacionais para os grupos vulneráveis de pessoas, apresentando como principais resultados a saúde, o emprego, a educação, a terapia, a integração social, para além da produção. A agricultura é a atividade base que leva as pessoas a trabalharem e participarem nas atividades inerentes, seja qual for o tipo de produção, agrícola, florestal ou produção animal e este tipo de agricultura está muitas vezes correlacionado com a agricultura familiar, sendo uma atividade complementar. A Agricultura Social tem sido alvo de um interesse crescente nos últimos anos a nível europeu e nacional, refletido pelos inúmeros exemplos de atividades agrícolas sociais encontradas em todos os Estados-Membros da UE incluindo no nosso País. Este interesse resulta de uma crescente compreensão do papel potencial dos recursos agrícolas e rurais para melhorar o bem-estar social, físico e mental das pessoas e para o desenvolvimento rural. Alguns exemplos concretos incluem a educação de crianças e serviços de cuidados a idosos, bem como a integração de grupos desfavorecidos em atividades produtivas para promover a sua reabilitação, inclusão social e empregabilidade. Outras experiências que incidem sobre a prestação de cuidados e serviços educacionais são bons modelos na prestação de serviços sociais inovadores e eficazes, nomeadamente em áreas rurais mais remotas. A agricultura social também representa uma nova oportunidade, quer para os agricultores, num contexto de multifuncionalidade das explorações agrícolas, quer para novas empresas se instalarem (startups) em explorações agrícolas, podendo contribuir largamente para o desenvolvimento dos territórios rurais. Incorporando a prestação de serviços alternativos, ampliando e diversificando o conjunto das suas atividades ou proporcionando oportunidades para novas empresas, contribui para aumentar o rendimento das explorações agrícolas e dos agricultores, para além Livro de Resumos

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de melhorar a imagem da agricultura no público em geral, pela contribuição acessória para melhoria da eficiência do sistema de bem-estar social e qualidade dos serviços de saúde das populações. Um trabalho realizado a nível comunitário, por iniciativa da Rede Rural Europeia, em 2009, para identificar e analisar as oportunidades e os obstáculos apresentados para a implementação da agricultura social, identificou como necessidades, nomeadamente o estabelecimento de redes entre parceiros, dar visibilidade a exemplos de agricultura social e dos serviços prestados ao público em geral, destacar, demonstrar e trocar exemplos de boas práticas em agricultura social entre diferentes regiões e diferentes Estados Membros, bem como o estabelecimento de programas de formação e qualificação dos agentes. O principal instrumento de apoio financeiro têm sido o programa de desenvolvimento rural (PDR), sobretudo via abordagem LEADER. Uma variedade de diferentes medidas do PDR e outros Programas, podem ser usadas atualmente como possíveis instrumentos para o seu desenvolvimento. Os apoios são diversificados, desde o apoio ao investimento nas explorações agrícolas e à pequena transformação, como o apoio à capacitação (formação profissional e ações de informação). Saliente-se neste âmbito, a possibilidade de integrar nos percursos de formação profissional agrícola, a temática da agricultura social. Salienta-se ainda a importância da tutoragem, aconselhamento e apoio ao desenvolvimento das empresas, apoio à instalação de jovens agricultores, utilização de serviços de consultoria, modernização das explorações agrícolas, criação de redes, a nível nacional/regional, envolvendo os principais parceiros dos setores mais relevantes, a disseminação do conhecimento, das boas práticas, desenvolvimento de parcerias com os centros de conhecimento, para desenvolver investigação, fundamental para a criação de conhecimento e para a inovação social.

Palavras-chave: Agricultura, Social, multifuncional, oportunidade, desenvolvimento.

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Responsabilidade social - A experiência da Parques de Sintra, Monte da Lua Nuno Oliveira Parques de Sintra - Monte da Lua S.A., Parque de Monserrate, 2710-405 Sintra, Portugal. nuno.oliveira@parquesdesintra.pt

Resumo A Parques de Sintra – Monte da Lua S.A (PSML), nos últimos anos tem vindo a adotar uma política de responsabilidade social através de vários projetos, destacando-se a integração nas suas equipas, de cidadãos com maior vulnerabilidade e com maiores dificuldades de integração e acesso ao emprego. A ação da PSML desenvolve-se não só internamente mas também em articulação com outras entidades, nomeadamente o Instituto de Emprego e Formação Profissional, Estabelecimento Prisional de Sintra através do Ministério da Justiça, e diversas Cooperativas de Solidariedade Social, das quais resultam diversos protocolos de integração inclusiva, onde são desenvolvidas as mais variadas funções. Em 2007, foi assinado o protocolo “Património Gera Inclusão”, com a Direção Geral dos Serviços Prisionais, através do qual é possível a reclusos em fim de pena usufruírem de um posto de trabalho na PSML, permitindo uma melhor adaptação à vida profissional após o cumprimento da pena. Esta experiência de trabalho social, apesar de exigir uma coordenação elevada, demostra resultados bastante positivos. Este projeto foi galardoado em 2009, na categoria da Responsabilidade Social e Inclusão, dos European Enterprise Awards. Em termos de regime de trabalho protegido, a PSML dispõe desde 2012, de protocolos de cooperação com o CECD (Centro de Educação para o Cidadão Deficiente- Mira Sintra) e a CERCICA (Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais), ambas cooperativas de solidariedade social, sem fins lucrativos. Algumas das mais importantes valências do CECD e da CERCICA, envolvem a criação e manutenção de emprego protegido (enquanto a transição para o mercado normal de trabalho não seja possível), assim como a formação profissional de pessoas com deficiência. Estes protocolos têm incidido sobre a prestação de serviços na área da jardinagem (manutenção do Parque da Pena e Jardins do Palácio Nacional de Queluz). Com o objetivo de permitir visitas às áreas sobre sua gestão mais inclusivas e a uma maior diversidade de visitantes, independentemente das suas capacidades, a PSML iniciou em

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2013 o projeto “Parques de Sintra Acolhem Melhor”. O projeto envolveu ações ao nível da acessibilidade física, conteúdos mais acessíveis e melhoria nos serviços para melhor atendimento, com uma forte componente de formação dos técnicos da PSML. No seguimento do projeto, estabeleceram-se protocolos com várias associações nacionais e internacionais destacando nacionalmente: Associação Portuguesa de Surdos, ACAPO e Associação Salvador e a nível internacional a ENAT (European Network for Accessible Tourism). Desde a sua implementação o projeto afirma-se como um bom exemplo de boas práticas do turismo acessível e da igualdade na oportunidade de acesso.

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A inserção social pelo trabalho: o caso da empresa de floricultura da Dianova Portugal Carlota Quintão1, Cristina Parente1,2, Rui Martins3, Susana Almeida3 1

A3S - Associação para o Empreendedorismo Social e a Sustentabilidade do Terceiro Sector, R. das Flores 69, Porto, Portugal, carlotaquintao@gmail.com 2 Instituto de Sociologia da Universidade do Porto, Via Panorâmica, s/n, 4150-564 Porto, Portugal, cparente@letras.up.pt 3 Associação Dianova Portugal, Intervenção em Toxicodependências e Desenvolvimento Social, Quinta das Lapas, 2565-517 Monte Redondo, Torres Vedras, Portugal, rui.martins@dianova.pt; susana.almeida@dianova.pt

Resumo As empresas sociais de inserção pelo trabalho são empresas produtivas, em diversos sectores de atividade económica. O que as distingue de outras empresas, é a sua missão social de integrar pessoas desfavorecidas (por uma multiplicidade de problemáticas) no mercado de trabalho. Internamente, enquanto estrutura organizacional, esta diferença reflete-se, portanto, na existência de uma estrutura pedagógica (recursos humanos) dedicada ao desenho e acompanhamento de percursos individuais e coletivos de inclusão social. Aqui o trabalho é usado enquanto instrumento de apoio à inclusão social, designadamente o emprego protegido ou atividades terapêuticas e ocupacionais, sendo a sua dimensão económica estruturada que permite uma efetiva participação destas pessoas no mercado de trabalho regular (acesso ao rendimento, um contrato, direitos sociais). As empresas sociais de inserção tiveram origem na década de 1980 em países como a França, Bélgica, Itália como resposta espontânea (bottom-up) de coletivos sujeitos à crise económica de então. Em Portugal, a emergência das empresas de inserção advém de uma iniciativa governamental de 1998, tendo sido paradoxalmente suspensa em 2012 e extinta em 2015, momento em que a sua relevância se evidencia com a atual crise financeira. Para lá do seu potencial transformador enquanto iniciativas de economia social e empreendedorismo social de base coletiva ou como política pública, é na sua vertente pedagógica e de potencial terapêutico que aqui as abordamos. A Empresa de Inserção Viveiros de Floricultura Dianova (EIVF) nasceu no ano 2000 com o objetivo de combater a exclusão social de indivíduos com problemas de dependências, através da sua inserção ou reintegração profissional. Através de um trabalho concertado entre os técnicos de saúde que acompanharam o processo de tratamento de 10 pessoas da Livro de Resumos

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Comunidade Terapêutica (CT) da Dianova iniciou-se este projeto através de iniciativas de aquisição e desenvolvimento de competências pessoais, sociais e profissionais adequadas ao exercício de uma cidadania ativa e de funções laborais em Viveiros de Floricultura. Antes da implementação da empresa de inserção, foi feito um estudo de viabilidade do mesmo para aferir se a área da floricultura seria sustentável. O projeto foi avaliado por peritos do IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional, obtendo avaliação positiva e respetivo financiamento. Durante o primeiro ano, foram criados 10 postos de trabalho de pessoas cujas caraterísticas pessoais e sociais condenariam ao insucesso qualquer tentativa de aproximação ao mercado laboral - baixos níveis de escolaridade, fracas/desadequadas qualificações profissionais, experiências profissionais precárias, ausência de suporte familiar e de redes de socialização, situação clínica (co-morbilidades associadas) e ausência de rendimentos (risco de pobreza). Para além de a Dianova ter superado os resultados esperados do projeto em cerca de 50%, a EIVF foi também das poucas empresas de inserção que atingiu um período de vida de 15 anos. A EIVF cessou a sua atividade nos moldes em que foi criada, uma vez que em 2015 o Estado extinguiu todos os apoios referentes a esta medida de inserção. No entanto, apostando na sustentabilidade socioeconómica deste projeto, a Dianova mantém 5 postos de trabalho nesta unidade, totalmente suportados por capitais próprios, gerando uma média anual de 250.000€ de receitas mediante a produção anual de 700.000 plantas e flores, sem recurso a financiamento estatal.

Palavras-chave: inclusão social, reinserção socioprofissional, empresas de inserção, floricultura, empregabilidade, sustentabilidade.

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Projeto Lança Sementes: As hortas pedagógicas da Quinta Essência Miguel Mata Pereira Associação Quinta Essência - Uma nova linguagem para a incapacidade, R. Humberto Delgado, 52, 2710-050 Abrunheira, Portugal, miguelmata@quintaessencia.pt

Resumo A Associação Quinta Essência (QE) é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que tem como missão a promoção da qualidade de vida, a integração social e o desenvolvimento do pleno potencial de pessoas com dificuldades intelectuais e de desenvolvimento, com mais de 16 anos de idade. Desde a sua fundação, em 2006, a QE promove conjuntamente com os seus clientes e parceiros um simulador profissional de jardinagem dividido em várias componentes: estufa, manutenção de jardins e espaços verdes, hortas, e land art. Em 2011 a QE foi agraciada com o prémio Hortas Solidárias da Fundação EDP (FEDP), iniciando-se o projeto Lança Sementes. Tendo como objetivos prioritários a consciencialização e a sustentabilidade ambientais, através do desenvolvimento de atividades que potenciem a autonomia e o desenvolvimento de competências funcionais e socioprofissionais dos clientes, o projeto contou até Março 2013 com o apoio da FEDP, tornando-se sustentável a partir dessa data. O projeto Lança Sementes assenta em três eixos: 1) Germinar - Desenvolvimento de hortas pedagógicas, visando a prática de agricultura biológica, permitindo o cultivo de produtos hortícolas e de ervas aromáticas. As atividades nas hortas realizadas pelos clientes, com supervisão de um responsável. A aquisição de competências, a autonomização, a criação de redes sociais de suporte e a integração social, são aspetos fundamentais deste eixo. Foram criadas e sustentadas sinergias com parceiros profissionais e com instituições congéneres, permitindo que clientes de outras organizações também usufruam das hortas da QE. 2) Recriar - Desenvolvimento de projetos artísticos relacionados com o trabalho dos clientes e participação em feiras de artesanato para divulgação e venda dos produtos hortícolas provenientes do projeto. Os produtos obtidos a partir das hortas são a base de muitos outros projetos realizados na QE. 3) Mentalizar - Desenvolvimento de boas práticas, tanto na vertente de educação e consciencialização ambientais, como na vertente da representação e aceitação social das pessoas com dificuldades intelectuais e de desenvolvimento. A participação dos clientes em eventos como feiras e mercados locais e as visitas realizadas à QE têm permitido a Livro de Resumos

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sistematização deste eixo. O valor das vendas dos produtos provenientes destes projetos reverte parcialmente para os clientes participantes, imprimindo uma significado de cariz sócio laboral. Gradualmente, o Lança Sementes foi introduzindo a temática da sustentabilidade social e ambiental em todos os programas e projetos desenvolvidos pela QE, quer como parte integrante da nossa política de qualidade, com um conjunto de regras a cumprir, quer como tema central a ter em linha de conta, no desenvolvimento de qualquer nova atividade. Durante a fase de implementação, o projeto contou com a monitorização da FEDP, sendo mobilizada a metodologia de medição de impacto London Benchmarking Group (LGB). Atualmente, a avaliação do projeto tem como base a participação de cada cliente, de acordo com o seu Programa de Desenvolvimento Individual. Tendo em linha conta os três eixos do projeto, os principais resultados são: Germinar - criação de hortas biológicas, reestruturação do ateliê de jardinagem e estufa, produção de ervas de cheiro e produtos hortícolas, separação de resíduos sólidos para compostagem e posterior reutilização nas hortas biológicas. Recriar - produção de artigos de decoração através da reutilização de materiais, utilização dos produtos hortícolas noutros projetos pedagógicos. Mentalizar - divulgação das práticas ambientais desenvolvidas na QE e consciencialização ambiental na comunidade envolvente, participação em feiras ecológicas e outros eventos, venda de produtos hortícolas (Mercadinho QE), exposição dos produtos, artigos e objetos produzidos a partir de materiais reciclados. Sumariamente, o impacto do projeto tem-se feito sentir nas dimensões: - Consciencialização da importância da educação ambiental e implementação de práticas de respeito ambiental na QE; - Desenvolvimento de uma nova área de aquisição de competências profissionalizantes (agricultura biológica), potenciando a integração socioprofissional dos clientes; - Desenvolvimento de competências sociais e pessoais nos clientes que participam na horta com objetivos terapêuticos e ocupacionais (dimensões cognitiva, motora, emocional e social); - Maior envolvimento com a comunidade, através da participação de clientes de outras instituições e de visitas de estudo; - Divulgação e reconhecimento público do trabalho dos clientes da QE, mediante a participação em eventos onde são vendidos os produtos dos projetos. Deste modo, o projeto Lança Sementes tem permitido interligar a temática ambiental à temática da intervenção nas dificuldades intelectuais e de desenvolvimento, com benefícios evidentes ao nível das competências funcionais e socioprofissionais dos clientes, da sua satisfação e realização pessoal. Palavras-chave: Competências socioprofissionais, sustentabilidade social e ambiental.

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Redesenhar o Futuro Frederico Lucas e Suzanne Rodrigues APMRA - Associação Portuguesa de Marketing Rural e Agronegócio / Novos Povoadores, Centro de Congressos de Lisboa, Rua da Junqueira 61 G, P1S5, 1300-307 Lisboa, Portugal, frederico.lucas@novospovoadores.pt, sliborio.rodrigues@gmail.com

Resumo “Eu sou do tamanho daquilo que vejo e não do tamanho da minha altura”, Fernando Pessoa. Não conheço nada mais entediante que um país em crescimento económico à custa de subsídios. É a negação da competitividade e da inovação. Não existindo uma causa efeito entre o reconhecimento e a competência, o país fica entregue aos amigos. Aos amigos dos amigos. E aos amigos do alheio. Só a crise nos pode salvar do lodo social. Uma crise que nos conduza à reflexão coletiva sobre aquilo que pretendemos para Portugal. E que promova novas ligações em detrimento das velhas, isto é, novas combinações sociais e empresariais. Para criar algo que seja novo. Porque foi o “velho” que nos trouxe até aqui. Este manifesto não é inconsequente. Portugal é uma referência na criação de novos produtos. A indústria de moldes da Marinha Grande é um marco. O sistema integrado de pagamentos bancários é outro marco. As máquinas e equipamentos, o calçado, a gastronomia... Sim. Somos um país de criação de novos produtos. Ao invés dos países asiáticos que replicam em escala os produtos já consagrados pelos mercados. E isso não acontece por acaso. Temos 4 características intrínsecas que nos trouxeram a esta vocação: a) Networking a capacidade de relacionamento com todos os povos, herança dos Celtas. Os portugueses são um denominador comum a todas as culturas. Não temos barreiras ideológicas para compreender aqueles que pensam de forma diferente. Podemos exportar novos conceitos para todos os países. b) Desenrascanço (lusitanus crisis management) influência herdada dos mouros pelos países mediterrânicos. Com esta influência somos capazes de resolver novos problemas. (E de criar outros, como a dívida externa!). c) Inovação somos um povo apaixonado por ela, fruto da influência dos romanos. Gostamos de testar novos produtos. Temos o contexto social perfeito para betatesters.

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d) Mercado reduzido - o nosso mercado interno é pequeno. Ideal para a implementação de novas soluções com risco controlado. Esta reduzida dimensão resulta dos problemas familiares de D. Afonso Henriques. Com estes quatro condimentos, Portugal tem a oportunidade de ser um player global na prototipagem de novos produtos e serviços. A aldeia da inovação a nível global. Isto significa que podemos estar num sector de elevado valor acrescentado, capaz de remunerar bem a sua mão-de-obra. Para isso precisamos de unir esforços entre três tipos de instituições: a) Governos (nacional e locais) representação democrática do povo. Principais responsáveis pelas decisões estratégicas de um país; b) Universidades e centros de saber capazes de desenvolver investigação aplicada para as empresas; c) Empresas conversores de conhecimento em valor. Principais criadores de emprego nas sociedades globais. Julgo que este é o caminho para uma nova economia em Portugal. Em 2005 migrei para o interior rural. Deixei Lisboa com 33 anos de idade. Na Beira Interior, o cluster é agrícola. É essa a vocação do território. Mas a atividade agrícola é pouco recompensada pelo mercado. O produto em 1ª gama (tal como são recolhidos no terreno), raras vezes ultrapassa o valor de 1 € ao quilo. Mas se esse produto tiver uma cobertura de chocolate, tal como ocorre com o bombom Mon Chéri, o seu valor atinge os 40 € por quilo. Esse é o desafio: acrescentar valor aos produtos endógenos. Seja neste caso com a fruta da região, seja na indústria de moldes da Região Litoral Centro com novos equipamentos. A Casa da Prisca é uma referência da região beirã. Famosa pelo fumeiro no mercado interno e nos mercados de saudade, tem desenvolvido esforços para penetrar em mercados menos voláteis. Nesta estratégia, criou em 2009 uma linha de produtos gourmet. Este sector de produtos de 2ª gama (conservas) tem valorizado os pairings: combinados agridoce. Neste sentido, a Casa da Prisca está a alcançar o reconhecimento em mercados nórdicos com novos produtos, em especial com condimentos à base de frutas típicas do nosso País como as uvas, os figos e as cerejas. Estes combinados atingem o valor de 25 € por quilo, não sendo no entanto marginais os custos com packaging, bastante exigente neste segmento. Acredito que é este o caminho que teremos de consolidar. Existem milhares de projetos como este, que devem receber a atenção dos players da nossa sociedade: Governos, Universidades, Empresas. A prototipagem implica riscos. O falhanço no lançamento de novos produtos é bastante frequente. Temos de ser resilientes. E surdos para as vozes daqueles que nada fazem para além de criticar. Porque só falha quem tenta! Palavras-chave: Futuro, agro, negócios rurais, Novos Povoadores, inovação.

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Adaptação e gestão da empresa agrícola para implementação de um modelo de agricultura social Isabel Mourão Centro de Investigação de Montanha, Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, isabelmourao@esa.ipvc.pt

Resumo A agricultura social faz parte da economia social e muitas explorações agrícolas ou instituições sociais sem fins lucrativos, exercem uma atividade de produção e troca de bens e serviços de utilidade social. Têm surgido também explorações agrícolas privadas em que a agricultura social é uma maneira de diversificar as fontes de rendimento, prestando um serviço social à comunidade e continuando sujeitas às leis do mercado. A implementação de um modelo de gestão da empresa agrícola que combina a prestação de serviços sociais e agricultura implica a definição antecipada do grupo-alvo e do modelo de agricultura social., ajustado à disponibilidade do trabalho agrícola, às atividades e acessibilidades, à procura por parte da assistência social e aos sistemas de financiamento existentes. O modelo de agricultura social poderá ser de um ou dois dias consecutivos, fim-desemana ou férias, ou consistir numa estadia residencial, no desenvolvimento de percursos de aprendizagem e treino ou, ainda, a disponibilização da exploração agrícola, sendo a orientação, organizada ou não pelo agricultor e prestada por pessoas/entidades externas, embora a acessibilidade e segurança da exploração agrícola sejam da sua responsabilidade. Na organização de uma empresa de agricultura social os principais requisitos pessoais do empresário agrícola são, para além da motivação para a agricultura social, a empatia, flexibilidade, competências de organização, perseverança e bom senso. Na orientação dos participantes, o envolvimento, o respeito e a atenção para as potencialidades e limitações específicas de cada participante, são essenciais. Um participante deve sentir-se seguro e confiante na exploração agrícola social, sendo para isso necessária uma adequada atitude de cuidados gerais e de atenção pessoal. Só assim se pode alcançar um sentimento de envolvimento,

essencial

para

a

aprendizagem

de

coisas

novas,

para

assumir

responsabilidades, para trabalhar de forma mais independente, para aceitar outras atividades ou simplesmente para desfrutar.

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Dependendo do grupo-alvo de participantes, existem várias entidades externas com as quais é necessário ou desejável contactar, para além dos participantes e os seus familiares, os técnicos de assistência social, as pessoas e organizações de apoio social, bem como organizações

responsáveis

pelos

interesses

dos

participantes,

organizações

que

desempenham um papel no financiamento, o estado/decisores políticos, organizações de consultoria e, finalmente, vizinhos e agricultores na área. Para além de uma adequada gestão da produção agrícola é fundamental um plano de negócios a fim de clarificar as exigências de iniciar uma exploração agrícola social. O plano deverá mostrar que condições foram satisfeitas, quais as questões que ainda estão sem resposta, o que ainda precisa ser estabelecido ou regulamentado. Um plano de negócios deverá demonstrar a realização de forma eficiente das funções de produção agrícola e de cuidados sociais e, muitas vezes, este plano de negócios é necessário para a obtenção de financiamento. É importante que haja, ao longo do ano, trabalho e atividades suficientes que atendam aos objetivos e potencialidades dos participantes e que estes se encaixem nas características da exploração agrícola, garantindo a continuidade do serviço social e da produção agrícola. Um plano anual estruturado tem de ser organizado e as atividades devem ter um impacto positivo no rendimento agrícola. É aconselhável ter uma perspetiva mensal das atividades, o tempo necessário para que os participantes realizem essas atividades e o tempo necessário para a orientação dos participantes. Quando o trabalho do participante tem um valor económico relevante para a exploração agrícola, o participante deve ser remunerado por esse trabalho, muitas vezes através de um forte subsídio a essa remuneração. Normalmente, a orientação e apoio de um participante é mais dispendiosa do que o valor resultante do trabalho realizado e, portanto, trata-se de um serviço social que deve ser pago. Quando os participantes necessitam de mais orientação/apoio ou quando o grupo de participantes é numeroso, poderão ser necessárias adaptações na exploração agrícola, nomeadamente na organização das tarefas, nas ferramentas e nas instalações e espaços, de acordo com as atividades/serviços previstos, os grupos-alvo e a legislação aplicável. São exemplos as adaptações a nível da acessibilidade da exploração agrícola, a existência de refeitório, quartos e instalações sanitárias e, ainda, a nível da segurança na exploração agrícola (máquinas, equipamentos e ferramentas) e nas instalações. Palavras-chave: adaptações da exploração agrícola, serviços sociais e agricultura, grupos-alvo. Livro de Resumos

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Estoril, 20 e 21 de outubro 2016


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