O Estado de SP em PDF - Quarta 28072010

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O ESTADO DE S. PAULO

QUARTA-FEIRA, 28 DE JULHO DE 2010

Negócios

estadão.com.br Ranking. CEO da Oracle é o mais bem pago dos EUA economia.estadão.com.br

Estratégia. Petrolífera britânica colocou em prática um plano de vendas de US$ 30 bilhões em ativos, uma forma de fazer caixa para enfrentar os gastos decorrentes da explosão de uma plataforma de exploração de petróleo no Golfo do México em abril

BP tem prejuízo trimestral recorde de US$ 17 bi e anuncia troca do presidente CHRIS GRAYTHEN/AFP

Jamil Chade CORRESPONDENTE / GENEBRA

A empresa petrolífera britânica BP registrou no segundo trimestre um prejuízo de US$ 17 bilhões, o maior de sua história e a primeira perda em 18 anos, resultado direto dos problemas provocados pela explosão de uma plataforma de exploração no Golfo do México, em abril. Por causa desses problemas, a empresa colocou em prática um plano de venda de ativos de US$ 30 bilhões e anunciou ontem a troca do presidente. O prejuízo registrado pela BP significa mais de três vezes o lucro acumulado pela mineradora Vale em todo o ano passado (US$ 5,35 bilhões). É maior também que todo o ganho da Petrobrás em 2009, de US$ 16,6 bilhões. Apesar do prejuízo recorde, a BP comemorou o aumento de 34% na receita trimestral, que chegou a US$ 75,8 bilhões. O novo presidente da companhia, Bob Dudley, assume em 1.º de outubro, no lugar de Tony Hayward, tendo como uma das principais missões limpar a imagemda BP,desgastada apóso desastre ambiental sem precedentes nos EUA. Dudley foi rápido em dizer que o grupo terá de adotar “uma nova cultura”. “Uma catástrofe como esta sacode até as bases. E só há duas maneiras de reagir. Umaéfugir. A outra éenfrentar a situaçãoemudaraculturadaempresa, assegurando que todas as medidas de controle funcionem, para que isso não volte a acontecer”, disse o executivo americano, ex-chefe da BP na Rússia e o primeiro não britânico a chegar ao comando do grupo. Ele foi escolhido por ser um especialista em lidar com situa●●

PARA LEMBRAR

Óleo vazou no Golfo do México por 85 dias Uma explosão na plataforma de exploração Deepwater Horizon, no Golfo do México, que matou 11 trabalhadores em 20 de abril, marcou o início de um dos maiores desastres ambientais da história dos Estados Unidos: o vazamento de óleo do poço da British Petroleum (BP), que jorrou durante 85 dias ininterruptos, até ser estancado no último dia 15. Não existe estatística exata sobre o tamanho do problema, mas calcula-se que entre 350 milhões e 700 milhões de litros de petróleo tenham sido derramados no Golfo. Entretanto, o acidente e a demora em encontrar uma solução para o problema devem afetar a gigante do setor no longo prazo: no segundo trimestre, a empresa fez uma reserva de US$ 32,2 bilhões em seu balanço para cobrir custos relacionados ao desastre.

Limpeza. Custos com acidente nos EUA podem ter efeito de longo prazo no balanço da British Petroleum ções de emergência e por crises devazamentodepetróleoemoutras partes do mundo. “Não há dúvidas de que vamos aprender muitocom isso egarantoque haverá uma mudança real”, disse. “Para que a BP permaneça forte e viável nos Estados Unidos, terá de fazer muitos esforços.” Protesto. Em Londres, postos de gasolina da empresa foram

ocupados ainda na madrugada por manifestantes ligados ao Greenpeace,impedindoquevendessem combustível durante todo o dia. A marca da empresa foi substituída por um emblema mostrandoumvazamentodepetróleo no mar. “Queremos usar essa oportunidadeparafazeraBPpensarnuma mudança que vá bem além de uma troca no comando, perdas

catastróficas e pensões estranhas”,afirmouo diretor executivo do Greenpeace no Reino Unido, John Sauven. “Trocar um Tony (Hayward) por um Bob (Dudley)não mudaa situação de uma empresa.” A empresa fez uma provisão de US$ 32,2 bilhões para cobrir oscustosatuaisefuturosrelacionados ao vazamento de óleo. A operação de limpeza já recupe-

rou 825 mil barris de líquido. Queimadascontroladasaindaremoveram261milbarrisde petróleo da superfície do mar. No total, 40 mil pessoas trabalham na limpeza nos Estados Unidos. Tony Hayward, que deixará o comando da BP, apesar de apontadocomoumdosprincipaisresponsáveispeloacidenteepelagerência caótica da crise que se seguiu, receberá um pacote de be-

nefícios generoso. Receberá umacompensaçãodeUS$1,6milhão e uma pensão de US$ 16 milhões pelos 30 anos de empresa.

Recuperação

BOB DUDLEY: “Para que a BP permaneça viável nos EUA, terá de fazer muitos esforços” NOVO PRESIDENTE DA BP

TOBY MELVILLE /REUTERS

Drogasil chega ao mercado do Rio Contrariando a onda de aquisições no setor, rede estreia sozinha no Rio e adquire 20 pontos em Brasília e Goiás Patrícia Cançado

A Drogasil anunciou ontem à noite a entrada no mercado do Rio de Janeiro – o segundo maior do País – e a compra de 20 pontos da Drogaria Santa Marta em Brasília e Goiás. A aquisição é acanhada, mas diz muito sobre a estratégia de crescimento da companhia, hoje a terceira maior rede do setor. Emvezdecomprarconcorrentes – com seus funcionários, sua cultura e suas eventuais surpresas fiscais e trabalhistas –, a Drogasiltemdadopreferênciaàcompra apenas dos pontos de farmácias de médio e pequeno portes pelo Brasil afora. “Comprar o quê? Eu já vi várias empresas. É de arrepiar. O problemaéqueasredessãofamiliares. E empresa familiar só faz negócio em duas condições: quando tem briga de família ou

Brazil Pharma compra rede do Centro-Oeste ● A Brazil Pharma, holding do

banco BTG Pactual, anunciou esta semana a compra de metade da rede de farmácias Rosário Distrital, maior do setor no CentroOeste. A rede tem faturamento de R$ 400 milhões e 80 lojas no Distrito Federal e em Goiás. O

quando ela está mal”, afirmou o presidente da Drogasil, Claudio Roberto Ely, numa entrevista concedida ao Estado há duas semanas. Quando a Drogaria São Paulo anunciou a compra da concorrente Drogão, no mês passado, analistas de mercado voltaram a criticar a postura conservadora da Drogasil. Controlada pela família Oliveira Dias, da Camargo Corrêa, a rede de farmácias paulistana é a que teria mais condições de liderar o movimento de consolidação que tomou conta

valor do negócio não foi divulgado. Com a aquisição, a Brazil Pharma passa a reunir 510 lojas e a ter um faturamento estimado entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. Os sócios-fundadores da Rosário, Álvaro Silveira e Felipe Faria, permanecerão na gestão. Em setembro de 2009, o BTG comprou 100% da rede franqueadora Farmais, com 400 lojas. Em maio deste ano, o banco comprou 75% da Farmácia dos Pobres, com 32 lojas, no Nordeste.

do mercado. Ela tem dinheiro em caixa e é a única do setor com ações negociadas no Novo Mercado – portanto, com mais acesso à capital. Mas, até aqui, ela vem negando essa tese. “A gente não quer fazer de qualquer jeito. Não é que eu não dê importância ao mercado. Estamos crescendo a uma taxa de 25%ao anohá quatro anos. Não é pouco”, justifica Ely. “Na crise, quando deu o medão no mercado, um investidor me perguntou qual era o meu caixa líquido. Eu disse: por que você quer saber se

seis meses atrás você dizia que caixa não era importante? Agora já passou a ser de novo?” A entrada no Rio era planejada. Aliás, causava estranheza no mercado a ausência da rede no Estado, que concentra cerca de 15% das vendas de medicamentos do País. O problema é que se trata de um mercado concorrido, caro e com alto índice de informalidade.AestratégiadaDrogasil é abrir, inicialmente, apenasseislojas. Mas,no médio prazo, a meta é ter 40 pontos. No mercado, circulam rumores de que a Drogasil estaria negociando a compra da Drogasmil,do Rio de Janeiro. A Drogasil nega. Desde 2008 a Drogasmil é controlada pelo grupo mexicano Casa Saba. “A Drogasil está recheada de dinheiro e tem sido muito tímida com aquisições. Mas,por outrolado,fazeraquisições nesse setor não é fácil”, diz o analista-chefe da corretora Banif, Oswaldo Teles. Eficiência. Quando Ely assu-

miuaDrogasil,há12anos,oscontroladoreslhe entregarama missão de aumentar a venda média por loja. Engenheiro que fez carreira na Camargo, o executivo gaúcho fechou 42 lojas entre 1998 e 2004. “A gente é implacável com fechamento de lojas. Mas, nos últimos anos, só fechamos duas”, diz Ely. Oexecutivocrioualgumaspráticaspara melhoraronívelde eficiência das lojas. Como regra,

NOVA FRONTEIRA l Com mais de 300 lojas no País, a Drogasil entra só agora no Rio de

Janeiro e reforça presença em Brasília

EM NÚMERO DE LOJAS

203

27 SÃO PAULO

MINAS GERAIS

36

24

12 ESPÍRITO SANTO

6

GOIÁS

BRASÍLIA

RIO DE JANEIRO

l Embora não fosse líder em faturamento, a Drogasil foi a rede mais

lucrativa do setor no ano passado EMPRESA

FATURAMENTO (EM BILHÕES DE REAIS)

LUCRO (EM MILHÕES DE REAIS)

Pague Menos

1,85

42,1

Drogasil

1,78

74,5

Drogaria São Paulo*

1,70

32,9

Drogaria Pacheco

1,62

28,5

Droga Raia

1,59

0,04

*não inclui Drogão, adquirida neste ano FONTE: BALANÇO DAS EMPRESAS DE 2009

um gerente não fica mais do que doisanos numa loja. O objetivo é tirar o funcionário da zona de conforto, dando um desafio permanente. A cada trimestre, eles são obrigados a fazer um apresentação dos resultados da loja. Uma segunda-feira do mês, a

INFOGRÁFICO/AE

companhia promove uma sessão de melhores práticas entre gerentesediretores.Nesseevento, os funcionários são convidados a contar suas experiências de sucesso. “A soma dessas pequenas coisas melhora a eficiência das lojas”, diz Ely.


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