O Estado de SP em PDF - Domingo 25072010

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O ESTADO DE S. PAULO

DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010

Empregos

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Carreira construĂ­da no ritmo do setor Economia aquecida e escassez de mĂŁo de obra ajudam engenheiros recĂŠm-formados a se consolidar rapidamente na profissĂŁo NILANI GOETEMS/AE

Juliana Portugal

QuandooengenheirocivilFabrĂ­cio Rodrigues do Carmo Costa, de 24 anos, se formou na Universidade Estadual de GoiĂĄs, hĂĄ um ano, nĂŁo imaginava que o mercado estava tĂŁo aquecido. “Estagiei por trĂŞs anos no Grupo Terral (construtora e incorporadora de Goiânia) e assim que me formei fui contratado como trainee.â€?Costaficouapenassetemeses no cargo e logo foi promovido a engenheiro pleno. NĂŁo sĂł essa promoção era esperada, como a prĂłxima tambĂŠm jĂĄ estĂĄ sendo vislumbrada. “Osengenheiros estĂŁo muito valorizados. Acredito que atĂŠ o inĂ­cio de 2010 eu chegue a supervisor.â€? A mudança implicarĂĄ em novo aumento no salĂĄrio. Com a primeirapromoção,aremuneração, que era de R$ 3.570, passou paraR$4.335,mais benefĂ­cioscomoauxĂ­liocombustĂ­vel,vale-alimentação,planodesaĂşdeeparticipação nos lucros da empresa. Profissionais como ele sĂŁo valorizados nĂŁo sĂł pela empresa emque atuam, mas tambĂŠmpela concorrĂŞncia: “Nos Ăşltimos dois meses, recebi trĂŞs propostas de trabalhoâ€?, conta. Os convites chegam de forma inesperada: “Algumas pessoas vĂŁo atĂŠ a obra para sondar, outras conseguem meu e-mail, nem sei como.â€? Apesar das propostas, o engenheiro nĂŁo tem interesse em sair do Grupo Terral, mesmo com chance de ganhar mais. “Acredito na empresa. Estou vendo seu crescimentoequerocrescerjunto com elaâ€?, afirma. O caso de Costa ilustra bem a realidadeno setor deconstrução civil: falta mĂŁo de obra qualificada e quem entra no mercado tem grande possibilidade de ascensĂŁo rĂĄpida na carreira.

â—? NĂşmeros

30 mil

pessoas se formam em engenharia anualmente no Brasil. Para atender a demanda do mercado seria necessĂĄrio o dobro de formandos

HĂĄ 30 anos na incorporadora e construtora Gafisa, o diretor de construção MĂĄrio Rocha viu diversos colegas mudarem de ĂĄrea. Agora, diz, o quadro ĂŠ diferente. “A remuneração ĂŠ atraente, hĂĄ plano de carreira, muitas vagas no mercado e ainda assim ĂŠ difĂ­cil achar profissionais.â€? Valorização. “No Brasil, 30 mil

pessoas se formam por ano em engenharia. PorÊm, para atender à demanda atual e futura seria necessårio o dobro de pessoas�, diz o presidente do Sindi-

300 mil

vagas no setor de construção civil foram criadas somente este ano. Todas elas jå foram ocupadas

cato dos Engenheiros do Estado de SĂŁo Paulo (SEESP), JoĂŁo Carlos Gonçalves Bibbo. A explicação para a carĂŞncia de gente qualificada, segundo ele,estĂĄnadĂŠcada de1980,quando a economia seguia a passos lentos. “Muitos engenheiros migraram para ĂĄreas mais promissoras, como o setor financeiro.â€? De acordo com Rocha, o perfil mais procurado e disputado no segmentoĂŠo deengenheirocom experiĂŞncia em torno de cinco anos e com vontade de crescer. “Precisa ser motivado e saber li-

2,7 milhĂľes

de pessoas trabalham atualmente no setor de construção civil em todo o território nacional

derar. NĂŁo sĂŁo apenas questĂľes tĂŠcnicas com que terĂĄ de lidar.â€? Para driblar a falta de mĂŁo de obra, a Gafisa conta com a ajuda de headhunters para contratar profissionais. “Uma solução, quando nĂŁo achamos alguĂŠm (com perfil desejado), ĂŠ apostar nos jovens talentos, colocando dois recĂŠm-formados para atuar em uma vaga de engenheiro mais experiente.â€? Demanda. As oportunidades naconstruçãocivilnĂŁosĂŁorestritas aos engenheiros. “A deman-

Baixo nível de formação preocupa a indústria Fiesp realiza pesquisa para mapear o problema e prevê que a situação pode provocar atraso no setor de construção

â—? PROJEĂ‡ĂƒO

A preocupação com o nĂ­vel de formação dos profissionais da construçãocivilĂŠrecente,segundo afirma o diretor tĂŠcnico da BKO Construtora e Incorporadoraevice-presidentede Tecnologia e Qualidade do SindusconSP, Mauricio Linn Bianchi. Isso porque, antes de 2008, nĂŁo havia a carĂŞncia de mĂŁo de obra que existe atualmente. De acordo com Bianchi, cargos como pedreiro, carpinteiro, servente e ajudante sĂŁo ocupados, em sua maioria, por profissionaiscombaixo graude instrução – 20% tem Ensino Fundamental, 16% chegaram atĂŠ a 4ÂŞ sĂŠrie e outros 16% concluĂ­ram o EnsinoMĂŠdio.NemtodossĂŁojovens:30% tĂŞm entre 30 e 39 anos, 20%estĂŁo na faixa de18 a24 anos e 18% tĂŞm de 40 a 49 anos.

“A expectativa ĂŠ de que, atĂŠ 2015, haverĂĄ crescimento de 5% ao ano na construção civil, o que significa que o setor vai demandar, aproximadamente, 1,5 milhĂŁo de pessoas.â€?

Estudo. A falta de preparo cha-

mou a atenção da Federação das Indústriasdo Estadode São Paulo (Fiesp), que estå fazendo um levantamento em conjunto com empresas da årea e o governo pa-

DILSON FERREIRA DIRETOR E COORDENADOR DO GRUPO DE TRABALHO DE MĂƒO DE OBRA DA INDĂšSTRIA DA CONSTRUĂ‡ĂƒO CIVIL DA FIESP

ra verificar onde falta qualificação, alĂŠm de profissionais para trabalharem no segmento. “A expectativa ĂŠ de que, atĂŠ 2015, haja crescimento de 5% ao anonaconstruçãocivil,oquesignifica que haverĂĄ uma demanda de aproximadamente 1,5 milhĂŁo de pessoasâ€?, diz o diretor e coordenador do Grupo de Trabalho deMĂŁo de Obra do Departamentoda IndĂşstria da Construção da Fiesp (Deconcic), Dilson Ferreira. Ele afirma que, se nada for feito agora, as consequĂŞncias virĂŁo em alguns anos, como atraso no setor – tanto em obras quanto em desenvolvimento. Para evitar prejuĂ­zos, o ServiçoNacionaldeAprendizagemIndustrial (Senai), escola referĂŞncia na formação de mĂŁo de obra

PARA ENTENDER O mercado de construção civil cresce em ritmo acelerado e valoriza os profissionais da ĂĄrea. AlĂŠm dos projetos de empreendimentos residenciais turbinados pela ampla oferta de crĂŠdito e o programa do governo ‘Minha Casa, Minha Vida’, que estĂŁo aquecendo o mercado imobiliĂĄrio, hĂĄ ainda os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olim-

pĂ­adas de 2016. Isso sem falar nas diversas obras em andamento que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “A remuneração para engenheiros varia de R$ 5 mil a R$ 16 milâ€?, diz a gerente sĂŞnior do NĂşcleo de Desenvolvimento Organizacional da Racional Engenharia, Renata Moraes, citando os salĂĄrios praticados na empresa.

na ĂĄrea, jĂĄ ampliou o nĂşmero de vagas e cursos. Mesmo assim, ainda hĂĄ lista de espera atĂŠ o final do ano. “Devemos abrir vagas somente em setembroâ€?, afirma o diretor da Escola Senai de Construção Civil, AbĂ­lio Weber. De acordo com ele, atĂŠ 2008, cerca de 5 mil alunos se formavamanualmente.Em2009,onĂşmero saltou para 8,7 mil formados. “A busca pelo curso tĂŠcnico em edificação tem 20 candidatos por vagaâ€?, exemplifica. SĂł a escola Orlando Laviero Ferraiuolo, do Senai, localizada no TatuapĂŠ, zona leste de SĂŁo Paulo, oferece, desde 1971, cerca de 30 cursos profissionalizantes, distribuĂ­dos entre tĂŠcnicos, de formação inicial e aprendizagem industrial. CompetĂŞncia. “O estudante ganha uma qualificação especĂ­fica, como pedreiro assentador, pedreiro revestidor, pintor de obras ou eletricista residencial, por exemploâ€?, diz Weber. Para ele, o mais importante ĂŠ que o profissional tenha as competĂŞncias necessĂĄrias para entender o processo de uma obra e, assim, colaborar mais. O diretor da escola explica que os cursos oferecidos, assim como suas grades curriculares, estĂŁo de acordo com as necessidades do mercado de trabalho. “Temos uma comissĂŁo, formada por pessoas do setor, que monta os cursos. NĂŁo adianta oferecer aoprofissional aquiloque omercado nĂŁo estĂĄ precisando.â€? Atualmente, o fluxo diĂĄrio na escola ĂŠ de mil alunos. A surpresanosĂşltimosmesesfoique dentreessepĂşblicocresceuaparticipação feminina. “As mulheres perceberamqueomercadoĂŠpromissor e decidiram investir.â€? Segundo Weber, elas somam 25% dos alunos. “Muitas optam por trabalharemsegmentosmais‘leves’, como acabamento ou instalação hidrĂĄulica e elĂŠtrica.â€? /J.P.

48 mil

mĂĄquinas devem ser vendidas em 2010. NĂşmero ĂŠ recorde e deve alavancar ainda mais a necessidade de mĂŁo de obra no setor

daĂŠaltapara pedreiro,carpinteiro, servente, encarregado e mestre de obrasâ€?, diz MaurĂ­cio Linn Bianchi, diretor tĂŠcnico da BKO Construtora e Incorporadora e vice-presidente de Tecnologia e QualidadedoSindicatodaIndĂşstria da Construção Civil de SĂŁo Paulo (Sinduscon-SP). SegundoBianchi, nesteanoforam criadas 300 mil vagas no setor – todas jĂĄ ocupadas. “HĂĄ, no Brasil,2,7milhĂľesdepessoastrabalhando na construção civil.â€? O nĂşmero deve aumentar. É o que ilustra o presidente da Asso-

ciação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema), engenheiro MĂĄrioHumberto Marques,aofazer um paralelo com a grande quantidadedemĂĄquinasdeconstrução vendidas. “O ano de 2010 deve ter recorde em vendas de mĂĄquinas, em torno de 48 mil.â€? A estimativa, de acordo com ele, ĂŠ chegar a 2013 com 65 mil unidades vendidas. Com o maquinĂĄrio cada vez mais moderno,noentanto,apreocupaçãoserĂĄ a capacitação da mĂŁo de obra. â€œĂ‰ preciso buscar qualificação.â€?

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