Ezine - Ficção Científica

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EZINE FICÇÃO CIENTÍFICA

ILUSTRAÇÃO & BANDA DESENHADA


ÍNDICE

SECÇÕES INTRODUÇÃO João Raz ............................................................................... 07 PREFÁCIO Rui Ramos ........................................................................... 09 ENTREVISTA A LUÍS BELERIQUE ..................................... 12 GALERIA DO AUTOR ........................................................... 18 MAKING OF DA CAPA “NAVE ABANDONADA” ............... 24

ILUSTRAÇÕES ..................................................................... 29

INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA BANDA DESENHADA Luís Maiorgas ...................................................................... 82 BANDAS DESENHADAS ..................................................... 85 INFÂNCIA “UNLIMITED” Nuno Dias ............................................................................ 131 FICHA TÉCNICA ................................................................... 134

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ÍNDICE

AUTORES Álvaro Justino ..........................................36 Ana Sofia Cross Keane ..........................70 André Pereira ..........................................41 Artur Filipe ................................................37 Bruno Matos ............................................92 Catarina Silva ..................................62...69 Célia Rolo .................................................30 Dina Barbosa ..........................................67 Diogo Carvalho ........................................91 Eleonor Piteira ........................................39 Fernando Madeira .................................78 Francisca Sampaio .................................35 Hugo dos Santos Feio ...........................74 João Monteiro ..................................44...98 João Raz ............................................80...81 Joel Sousa ...............................................108 Jonny Alves ...............................................40 Liliana Maia ...........................................124

Luís Belerique .........12...18...20...22...23 Luís Maiorgas ..................................42...43 Luís Peres ................50...52...54...56...58 Manuel Morgado ....................................38 Marcos Félix Gomes ......................32...48 Margarida Esteves .................................60 Maria Mar .................................................34 Mariana Mendes Alves .........................46 Mário Santos ...........................................68 Nelson Mota ............................................71 Nuno Dias .................................................73 Nuno Sarabando .....................................86 Pedro Alex Santos .................................63 Pedro Marques .......................................66 Pedro Pereira ........................................114 Rogério Perdiz .................................64...65 Rui Ramos ................................................72 Tiago Dinis ........................................75...76

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INTRODUÇÃO

JOÃO RAZ

Viva amigos, Começo por baixar as cortinas do Ezine Fantasia para seguirmos em direção a um novo palco temático. Após uma semana de escolhas entre diversas opções, o tema mais votado e escolhido pelos membros do grupo Desenhos, Inks e Rabiscos… foi a Ficção Científica. Um tema que há décadas inspira milhões de pessoas pelo planeta. A Ficção Cientifica é um universo sem fronteiras que desafia todas as leis, que nos toca, que nos faz sonhar em ir mais além…

Já pensaram que um dia todos estes “sonhos” podem ir de encontro à realidade? Os nossos autores navegaram em direção ao imaginário da ficção científica, olharam para as profundezas do espaço, viram as mais remotas galáxias, planetas alienígenas, viveram aventuras espaciais, invasões extraterrestres e até raptos, tudo fruto da imaginação e inspiração criativa dos nossos talentosos autores. Todas estas fantásticas aventuras em forma de ilustrações e bandas desenhadas são as estrelas neste espaço digital que é o Ezine Ficção CientÍfica. Convido-vos a “saborear” o talento dos nossos autores, a quem eu muito agradeço. Bem Hajam, JOÃO RAZ, 21 de Junho de 2014

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PREFÁCIO

RUI RAMOS

Quando o João Raz me pediu para escrever um texto sobre Ficção Científica, a minha primeira reacção foi recusar, dada a responsabilidade que é falar de um tema tão vasto, complexo e que move tantas paixões, mas como não sei dizer não a um amigo, acabei por aceitar, embora tivesse levado quase um mês a encontrar alguma coisa para escrever. Comecemos então pelo início: o que é Ficção Científica (FC)? Googlei algumas definições e encontrei uma que acho que descreve bem o problema que é tentar balizar este género: segundo o autor Mark C. Glassy, definir FC é como definir pornografia, não sabes o que é, mas sabes quando a vês. Para mim, a Ficção Científica (FC) é um saco tão grande onde podemos meter tanta coisa que qualquer definição acabaria por ser limitadora e pouco precisa. Na verdade, nunca me preocupei em defini-la, fazê-lo seria espartilhar e castrar a Imaginação que a alimenta. Lamento quando assisto a acesas discussões por esse fandom fora, sobre o que é e sobre o que deve ser a FC. Na minha opinião, a ânsia dos fãs em preservar algo que tanto gostam dentro de fronteiras facilmente reconhecíveis, acaba por transformar-lo num objecto

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rígido, dogmático, ortodoxo que fica nos antípodas do que deveria ser a FC: o gozo de ir até ao infinito da Imaginação e mais além. Considero a FC é uma ferramenta da Imaginação por excelência, um autêntico balão de ensaio onde podemos explorar: 1) as ideias mais loucas e bizarras, 2) os mais recentes conceitos científicos e tecnologias de ponta, 3) previsões de um futuro próximo ou extremamente distante, 4) planetas distantes ou mesmo outros universos ou dimensões, 5) linhas temporais alternativas, etc, etc. A lista de possibilidades criativas é limitada apenas pela imaginação dos autores. Graças ao seu potencial inesgotável, fui, desde tenra idade, cativado por este género que moldou a minha forma de estar no Mundo. A minha iniciação na FC, começou com as séries de televisão como Galáctica (edição dos anos 70/80), Buck Rogers, Espaço 1999, Flash Gordon, Quinta Dimensão, Ulisses 31, Era uma vez o Espaço e filmes como ET, Encontros Imediatos de Terceiro Grau, Star Wars, Star Trek, Aliens, 2001 – Odisseia no Espaço. Mais tarde, fui introduzido à literatura com autores como Arthur C. Clarke, mas só em adulto consolidei o meu gosto pela literatura de FC (graças a Frank Herbert, Robert Silverberg,


Alfred Bester e Clifford D. Simak). Na adolescência, preferia a banda desenhada (Valérian, Casta dos Metabarões, Incal) e a ilustração (Luís Royo, Frank Frazetta e Chris Foss), à literatura de FC. Dada a grande influência que a BD, ilustração e cinema exerceram sobre mim, enveredei naturalmente pelo meio visual. Todas as histórias que criava acabavam por ser ilustradas ou convertidas para banda desenhada. E todas elas tinham uma componente forte enraizada na FC. Mas poucos desses projectos viram a luz do dia. A FC não fez de mim um artista a tempo inteiro. O chamamento pela aventura e exploração eram tão fortes que não podia limitar-me a escrever e desenhar aventuras, queria vivê-las em primeira mão e assim, a minha paixão pela FC e pela Ciência, levaram-me a ser investigador científico no Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Tarefa que exerci durante 12 anos. Assim, a FC para além de ter moldado os meus gostos pessoais e criativos, influenciou a minha escolha profissional. No fundo, a FC sempre foi uma parte integrante de mim.

Mas deixemos a minha pessoa e voltemonos para a actualidade. Fala-se de uma crise da FC, que já ninguém gosta, que foi ultrapassada pela velocidade alucinante das inovações tecnológicas e científicas que surgem quase todos os dias em notícias de jornais e redes sociais. Fala-se ainda que a Fantasia conquistou a predilecção da maioria das pessoas devido a êxitos como Senhor dos Anéis, Harry Potter e Guerra dos Tronos. Passa-se ainda a ideia que a FC é algo arcaico dos tempos da guerra-fria e da corrida espacial, totalmente deslocada da realidade dos dias de hoje, remetida para um exílio forçado no sub-género distopia pós-apocalíptica, única fórmula ainda aceitável e permitida. Mas a verdade é que na lista dos filmes mais vistos de sempre surgem títulos como Matrix, Star Wars, ET e Avatar (o mais visto de todos os tempos e batedor de recordes). Por isso, quem se queixa, ou anda distraído, ou queixa-se de barriga cheia, ou então, não sabe o que é FC.

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PREFÁCIO

RUI RAMOS

Na minha opinião, nunca foi tão fácil como agora dar asas à nossa imaginação, pois a tecnologia à disposição permite-nos expor ao mundo exactamente aquilo que visualizamos, de forma prática e cada vez mais económica e o que vejo por essa Internet fora, é um número crescente de autores a explorarem imaginários inspirados pela FC, isto para não falar de cinema, BD e literatura. A FC está longe de estar morta, na verdade, respira boa saúde e uma prova disso, são as páginas que se seguem nesta EZINE repletas de talento, criatividade e imaginação. Obrigado ao João Raz pelo convite de participar nesta EZINE que acredito virá a tornar-se uma referência nacional nas artes gráficas. Obrigado ainda, em nome de todos os participantes pela oportunidade que nos dás de expor os nossos trabalhos e por promoveres estes desafios criativos. Precisamos de mais entusiastas como tu.

RUI RAMOS, 18 de Abril de 2014

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ENTREVISTA

LUÍS BELERIQUE

Apresenta-te Olá! O meu nome é Luís Belerique. Tenho 35 anos, sou natural da ilha Terceira, Açores e vivo em Madrid. Actualmente trabalho como artista 3D e concept artist, na empresa de videojogos TequilaWorks.

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Como e onde começou o teu interesse pela arte em geral? Desde que me lembro que tenho gosto pelo desenho. Os meus brinquedos preferidos eram Legos e folhas de papel em branco e uma caneta.Entretia-me a desenhar muitas bandas desenhadas sem texto (fazendo efeitos sonoros enquanto desenhava), quase sempre de batalhas espaciais, inspirado por filmes e séries como Star Wars, V e Battlestar Galactica.


Tens formação em artes? A minha formação académica é científica, mais precisamente em Astronomia. Mas continuei a desenhar, e mais tarde comecei a aprender modelação 3D, sempre em auto-aprendizagem, vendo tutoriais na net e em revistas. Quando me mudei para Madrid, decidi aproveitar para desenvolver as minhas capacidades, e para isso inscrevi-me durante uma temporada numa academia de arte em Madrid, daquelas old-school, onde se faz desenhos a carvão, com cheiro a tinta, assentos de madeira, etc. Foi muito bom estar num sítio onde o ensino é estilo clássico e longe de computadores e tablets wacom e de atalhos de undo. Ao mesmo tempo, inscrevi-me numa outra escola em Madrid e aprendi a fazer esculturas digitais em Zbrush, que era outra coisa que me interessava bastante mas parecia assustadora ao início. Como ao esculpir e modelar obriga a visualizar a forma tridimensional, e estudar muita anatomia, isso também ajuda ao desenho, principalmente quando é de imaginação.

Quais são as tuas principais influências artísticas? Muitas vezes inspiro-me em filmes, séries, livros de BD, videojogos, etc. Também inspiro-me muito em sites de arte que têm colecções enormes de imagens. Quanto a artistas concretos, depende muito do tópico do trabalho. Por exemplo, quando trabalho em ilustrações de ficção científica, inspiro-me muito com John Berkey, Chris Foss, a trilogia original de Star Wars e as imagens espaciais da NASA e ESO.

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ENTREVISTA

LUÍS BELERIQUE

Menciona quais os teus temas de trabalho favoritos… Gosto principalmente de desenhar personagens, embora também desenhar alguns ambientes, principalmente quando faço concept art no meu trabalho, e os temas rodam sempre à volta de ficção científica ou fantasia. Mas se tivesse que escolher um tema, seria o espaço; a vastidão do Universo e os objectos astronómicos exóticos e eventos titânicos que o povoam são coisas que me fascinam, não é à toa que quis estudar Astronomia na faculdade.

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Como te descreves como autor/Ilustrador? Normalmente sou obcecado quando trabalho, às vezes perco-me demasiado em detalhes, não sabendo bem quando parar. Trabalho exclusivamente em digital hoje em dia, o que traz algumas vantagens; por exemplo, se estou a fazer algo que depois não me convence, mando o que tenho para o lixo e recupero um estado anterior do trabalho (sou viciado em guardar inúmeras versões).

Como trabalho tanto em 2D como em 3D, costumo ir alternando nos projectos para não entediarme demasiado com um método, mas actualmente prefiro mais o 2D, é mais imediato e recompensador a curto prazo.

Por ser um pouco perfeccionista, os trabalhos pessoais podem levar algum tempo a acabar, por isso às vezes é bom fazer algo com tempo limite (como a entrega de trabalhos para a ezine) para forçar-me a ser mais focado e rápido.

Quando estou nesta fase inicial, costumo usar uma tablet Galaxy Note 10.1, que me permite sentar-me no sofá, relaxar e simplesmente desenhar os vários esboços.

Como é a tua rotina de trabalho? Ao começar um novo trabalho, normalmente faço vários esboços muito simples e vejo fotos e imagens para ajudar a inspirar-me.


Outra vantagem da tablet é que me permite também fazer estudos preliminares de cor. Depois, quando chega a um estado em que estou relativamente contente com o que tenho e chego aos limites da tablet, passo para o PC, onde uso uma Intuos5 para acabar o trabalho. Antes de acabar, passo por imensas iterações e pequenas mudanças, e muitas vezes vou mostrando o que faço a outros para que vejam com olhos frescos e encontrem problemas que são dificeis de ver quando se está muito envolvido na obra.

Claro que agora vejo os desenhos que fiz e parecem-me incrivelmente primitivos, mas na altura foi brutal, porque fiz a BD da pior maneira possível, desenhando enquanto ia inventando a história, em 50 pranchas, a cor, em mês e meio. Também já trabalhei na área de divulgação científica, fazendo animações 3D para uma sessão do Planetário de Espinho (O Mistério da Bola de Fogo) e ilustrações e outros trabalhos gráficos para livros mais técnicos de Astronomia.

E finalmente, abandono o trabalho quando sinto que está a um bom nível. Digo abandonar porque sempre se pode melhorar algo, mas chega-se a um ponto em que o que se investe a melhorar é praticamente invisível para as outras pessoas. Dá a conhecer os teus projectos e eventos no passado, presente e planos para o futuro… O primeiro trabalho relevante que fiz foi uma banda desenhada que fiz sobre a descoberta e povoamento dos Açores que ganhou um concurso em 1995.

Entretanto, em 2008, o Rui Ramos contactou-me para participar no fanzine “Murmúrios das Profundezas” (MdP), onde trabalhei com Ricardo Reis no conto “Êxodo de Yithia”. Em 2009, voltei a colaborar com o Rui e mais alguns colegas dos MdP e outros novos, na produção do primeiro tomo de “Voyager”, onde trabalhei principalmente na cor.

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Depois, vim para Madrid trabalhar num estágio. Quando acabei o estágio, inscrevime na escola CICE para aprender escultura digital e o meu projecto final ganhou o concurso de melhor projecto final de aluno de 2010.

Qual foi um dos trabalhos que mais prazer te deu em fazer e o que mais te marcou? Um dos trabalhos mais desafiantes e recompensadores quando o terminei foi o trabalho final que fiz para o curso de ZBrush, foi replicar o David de Miguel Ângelo.

Em 2011, entrei na Tequila Works como artista 3D, onde trabalhei no jogo Deadlight, que saiu na Xbox 360 e mais tarde em PC, e agora trabalho no jogo RiME, que vai sair para a PS4. Quanto a planos futuros, é complicado dizer, mas sei que quero evoluir mais como artista, quer no 3D, quer no campo de ilustração.

Foi um trabalho muito duro, mas que fez com que crescesse um pouco como artista. Um dos trabalhos mais recompensadores foi participar no fanzine dos “Murmúrios das Profundezas”.


Foi muito bom poder conhecer e colaborar com artistas muito porreiros, ir promover o projecto ao Festival de Beja e finalmente ver lançado o fruto do nosso trabalho e ver uma resposta muito positiva por parte do público. Foi uma grande aventura. Que aconselhamento darias a um iniciante em Ilustração? Praticar muito; ter gosto pelo que se faz; aprender as técnicas básicas e não começar a desenhar imitando estilos; mostrar o trabalho a outros e aceitar as críticas e comentários; ser auto-crítico; tentar não estagnar, de vez em quando Embora as coisas em Portugal estejam fazer coisas novas, sair da zona de conforto. complicadas agora, espero ver no futuro uma evolução ainda mais positiva da Como vês o estado da arte em Portugal no ilustração e BD portuguesa. âmbito da Ilustração e Banda Desenhada? Vivo já há algum tempo fora de Portugal, Para terminar a pergunta Tema EZine… portanto não estou muito a par da situação Até onde te leva a Ficção Científica? actual, mas acho que existe muito potencial Para o infinito e mais além! :) artístico em Portugal. Vejo trabalhos excelentes a serem postados quase todos os dias no grupo dos Desenhos, Inks e Rabiscos. O facto de ver autores portugueses a trabalharem para editoras no estrangeiro, projectos de BD portugueses saltarem o charco e serem publicados nos EUA e ilustradores ganharem concursos internacionais são uma prova desse potencial.

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MAKING OF “NAVE ABANDONADA” LUÍS BELERIQUE 01

Depois de pensar em possíveis ideias e fazer vários esboços, pensei em fazer uma imagem que transmitisse a ideia de explorar algo desconhecido e misterioso. Pensei em colocar dois astronautas a caminhar numa lua de um planeta que não está no nosso Sistema Solar em direcção a uma nave alienígena com aspecto de que caiu neste planeta há muito tempo atrás. Comecei o trabalho numa Galaxy Note 10.1 original, no programa ArtFlow, uma aplicação de arte para Android que tem uma interface intuitiva e uma boa resposta ao desenhar. Nesta fase o esboço é muito básico, mas já me permitiu fazer uma composição interessante, com elementos dispostos em diagonais (os dois astronautas e os anéis do planeta) em direcção à nave.

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Como estava contente com a composição, comecei a trabalhar com mais cuidado, começando a pintar o cenário, astronautas e nave e refazendo o planeta e luas no céu. Ao trabalhar, uso sempre o mesmo pincel, o básico redondo e com hard-edge e ao trabalhar no terreno, com a variação de opacidade desactivada. Também mantive o esquema de cores do esboço. Os astronautas são mais pequenos agora para dar uma sensação de escala maior à nave. Para ajudar a estes ajustes de tamanhos, os vários elementos estão em diferentes camadas.

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Nesta fase trabalhei mais no terreno, ajustando as cores e fazendo os astronautas ainda mais pequenos. Também adicionei os anéis e comecei a detalhar a lua maior. A outra lua, para dar a sensação de que está mais longe, vai ser mais pequena e menos detalhada.

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Depois de receber algum feedback, decidi mudar o esquema de cores para dar a sensação de um cenário mais extraterrestre, inspirado em Marte. Recoloquei os astronautas mais perto e para manter a sensação de diferentes escalas entre eles e a nave, agora estão numa plataforma rochosa que está acima do chão. Para ajudar a transmitir a ideia de nave grande que está longe, adicionei neblina e poeiras entre os astronautas e a nave, recorrendo a camadas com uma opacidade baixa. Um dos astronautas agora olha para trás, como se estivesse a olhar para quem está a ver a imagem, para ajudar a conectar ainda mais para a imagem.

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MAKING OF “NAVE ABANDONADA” LUÍS BELERIQUE

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Mais uma mudança na paleta de cores, desta vez inspirado num look mais retro, como as fotos Polaroid ou os filtros do Instagram :) além de que assim parece ainda mais alienígena que Marte. O terreno onde estão os astronautas começou a ser detalhado e adicionei estrelas no céu, para dar a sensação de uma atmosfera um pouco mais rarefeita. Nesta fase já tinha chegado ao limite de camadas no Artflow, e quando comecei o esboço, tinha um tamanho de 1280x800 pixéis, muitos menos que o pedido para o ezine. Como Artflow não permite mudar o tamanho do ficheiro, e como já estava bastante seguro que a imagem funcionava, a partir daqui passei para o PC e Photoshop.

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Já no photoshop, escalei a imagem para o tamanho exigido para a ezine. Decidi remover o astronauta por vários motivos. Não gostava de como estava desenhado, mas como o tempo estava a esgotar-se e não queria perder muito tempo em redesenhá-lo, por isso optei pela solução mais simples, que foi removerlo. Quando o fiz, para mim a imagem ganhou mais força porque ficou mais simples, com menos elementos, e o facto de ser um astronauta solitário a explorar uma lua extranha transmitia mais tensão e mistério. Assim pude concentrar-me em detalhar o astronauta sobrevivente, melhorar a plataforma rochosa onde estava e acrescentar as sombras das luas projectadas no planeta.

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Com os elementos da composição já bem definidos, entro na recta final de produção, que envolve detalhar um pouco por todo o lado. Refiz os anéis, para ver-se a separação entre eles para serem mais interessantes. Também trabalhei um pouco mais na nave e acrescentei efeitos de poeira levantado pelos passos do astronauta.

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Na fase final da imagem, detalho mais as poeiras do astronauta e acrescento uma antena na sua mochila, para dar um ar ainda mais retro à imagem. Faço umas pequenas correções de cor e de contraste, assino, exporto em TIFF e finalmente envio ao editor da ezine. Aproveito para agradecer os comentários e críticas que recebi da malta do grupo de Desenhos, Inks e Rabiscos quando ia mostrando o progresso no Facebook, e também de colegas e família.

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ILUSTRAÇÕES AUTORES

Célia Rolo Marcos Félix Gomes Maria Mar Francisca Sampaio Álvaro Justino Artur Filipe Manuel Morgado Eleonor Piteira Jonny Alves André Pereira Luis Maiorgas João Monteiro Mariana Mendes Alves Luis Peres Margarida Esteves

Catarina Silva Pedro Alex Santos Rogério Perdiz Pedro Marques Dina Barbosa Mário Santos Ana Sofia Cross Keane Nelson Mota Rui Ramos Nuno Dias Hugo Feio Tiago Dinis Fernando Madeira João Raz

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CÉLIA ROLO SEM TÍTULO


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MARCOS FÉLIX GOMES SPACE CARGO


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MARIA MAR IN COSMOS


FRANCISCA SAMPAIO HIBERNATION

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ÁLVARO JUSTINO INVASION


ARTUR FILIPE AVOK

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MANUEL MORGADO SEM TÍTULO


ELEONOR PITEIRA THEY CAME FROM THE STARS

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JOHNNY ALVES CYBERPUNK GIRL


ANDRÉ PEREIRA SPACE VIXEN

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LUÍS MAIORGAS ASTRONAUT FEMALE


LUÍS MAIORGAS ASTRONAUTS

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JOテグ MONTEIRO DOUNTOWN SHOWDOWN


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MARIANA MENDES ALVES CHIRON’S WATCH


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MARCOS FÉLIX GOMES TERRA-FORMERS


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LUÍS PERES CATS IN SPACE


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LUÍS PERES SEM TÍTULO


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LUÍS PERES SPACE


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LUÍS PERES THE MONUMENTS OF MARS


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LUÍS PERES THE MONUMENTS OF MARS 2


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MARGARIDA ESTEVES OLD CASTLE


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CATARINA SILVA TOMMY BABY HEAD BOY


PEDRO ALEX SANTOS SEM TÍTULO

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ROGÉRIO PERDIZ O XERIFE DO TEMPO


ROGÉRIO PERDIZ RUT3

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PEDRO MARQUES ABDUCTION


DINA BARBOSA CIVILIZAÇÃO SUBMERSA

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MÁRIO SANTOS SEM TÍTULO


CATARINA SILVA ROBOT CLOWN

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ANA SOFIA CROSS KEANE SEM TÍTULO


NÉLSON MOTA PEACE ROBOT

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RUI RAMOS SEM TÍTULO


NUNO DIAS PRIME WATCHER: O COELHINHO DA PÁSCOA

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HUGO FEIO CAPUCHINHO VERMELHO 3000


TIAGO DINIS PHAROS

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TIAGO DINIS DRAFT


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FERNANDO MADEIRA O INÍCIO


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JOテグ RAZ CYBERNAUTA


JOテグ RAZ MECHA4

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PEQUENA INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA BD

LUIS MAIORGAS

Ao nos debruçarmos um pouco sobre a Banda Desenhada, depressa concluímos que esta se define como um espaço de confluências culturais e tradicionalmente, como um fenómeno das massas. A principal controvérsia, de relativa importância, prende-se com a atribuição de um “rótulo “ á sua produção e respectiva associação – á Industria cultural, á imprensa, á literatura ilustrada ou às artes gráficas. Inicialmente, era dirigida para grupos sociais de classe média, adulta, porem convergiu para uma representação dominante de um género vocacionado para jovens e crianças assente na muleta do utensílio de alfabetização de massas. Presente, sobretudo em tiras de jornais, revistas e cartoons de ampla tiragem, economicamente acessíveis e com estilos narrativos ligeiros e de pouco conteúdo, foi o que lhe conferiu o estatuto de Arte menor e infantil e até chamada de anti-literatura. É aqui que se centram os especialistas, no binómio: banda desenhada adulta ou não adulta e género literário ou não literário. Qualquer investigação sobre a Banda Desenhada será sempre um exercício de

gostos pessoais e felizmente nos últimos anos, esta tem conquistado o seu espaço na literatura e fora dela, como género adulto e infantil, como género artístico e como forma de arte. Fruto da Universalidade e versatilidade dos géneros que a compõem! Vejamos por exemplo o caso de um dos mais importantes escritores de terror de língua inglesa, Howard Philips Lovecraft (H.P. Lovecraft) que influenciou diversas gerações de criadores, desde escritores como Stephen King e Clive Barker, a cineastas como John Carpenter e Guillermo Del Toro. É na Banda Desenhada que a sua influência se tem feito sentir de forma mais notória e, mais do que no cinema, que os terrores inomináveis, mais descritos do que sugeridos por Lovecraft nos seus textos, encontraram a correspondência visual adequada, como por exemplo o Los Mitos de Cthulhu1, de Alberto Breccia e Norberto Buscaglia de 1973, e até em Portugal temos o saudoso álbum de autor Murmúrios das Profundezas2 da autoria do colectivo intitulado de R´LYEH Dreams.

Los Mitos de Cthulhu, de Alberto Breccia e Norberto Buscaglia, Ed. SinSentido, Buenos Aires, 1973 Murmurios das Profundezas, R´LYEH Dreams, Publidisa, Portugal, 2008, DL 279049/08

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Voltando ao âmago da questão, e depois de alguma pesquisa verificamos que o nascimento da banda desenhada é “certificada” nos anos 1830 com a publicação de uma história do professor Suíço Rodolphe Topffer mas é em 1896 nos EUA que é emitida a certidão com a publicação de The Yellow Kid, de Robert F. Outcault 3 , esta divergência não se fica pela reivindicação de paternidade mas antes pela competitividade entre a industria Norte-Americana e a FrancoBelga, que fazem com que na Europa se eternize o autor da BD, enquanto nos EUA se certifique o herói.

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O carácter massivo do lado industrial da BD tende a produzir duas vertentes : o Mainstream e o Alternativo. O primeiro vale-se de um circuito internacional e da maquina propagandista enquanto o segundo é reduzido a uma escala regional com auto-produção, circulação e consumo de publicações amadoras. Em cerca de quase 200 anos de história, a banda desenhada permaneceu confinada aos limites de cada página, seguindo o seu próprio ritmo a nível sequencial, aliás, a sua alcunha de eleição ”Arte sequencial”4 .

Publicada no New York World em 1895 Criado pelo autor Will Eisner.

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BANDA DESENHADA AUTORES

Nuno Sarabando Diogo Carvalho Bruno Matos Jo達o Monteiro

Joel Sousa Pedro Pereira Liliana Maia

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NUNO SARABANDO FOREMAN


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DIOGO CARVALHO MOON KID

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BRUNO MATOS EDEN


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JOテグ MONTEIRO MILE HIGH CLUB


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JOEL SOUSA DRIVE IN TERROR


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PEDRO PEREIRA CABON


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CONTINUA...

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LILIANA MAIA O VIAJANTE


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INFÂNCIA “UNLIMITED” NUNO DIAS

Todos aqueles que me conhecem pessoalmente e, pronto, minimamente, sabem que naquele particular departamento da minha vida denominado “departamento de fanatismos e taras” encontram-se 3 coisas que por e simplesmente admiro imenso e que igualmente adoro: Michael Jackson, Banda-Desenhada e Homem-Aranha. Agora que penso nisso, dá pra fundir os dois últimos... passando à frente. Querendo falar mais do último... quase todos os compatriotas da minha geração que tenham sido, como eu, viciados em desenhos animados e séries animadas, conseguirão eleger (de entre uma vasta seleção de séries) “Homem-Aranha: a série animada” como aquela que os introduziu à história deste fantástico personagem. Mas, sem brincadeiras, todos os fãs do Aranhiço fazem constantes referências a essa série. Mas eu não, não de propositadamente. A minha série animada do Aranhiço predileta chama-se “Spider-Man Unlimited”.

Foi essa, entre outras, que me marcou a infância enquanto ávido admirador de desenhos animados. E era essa a minha “Homem-Aranha: a série animada”. A história em si é classificada como uma sequela à tal série animada que referi anteriormente, e esta oferece-nos um Peter Parker clássico, por outras palavras é o famoso Peter que sempre tem uma resposta (guardada lá pelo meio do saquinho das piadas inoportunas para inoportunos momentos) para tudo, e a esperteza que fez com que se safasse na vida enquanto Peter Parker “o cidadão” sem a ajuda do famoso alter-ego. Agora juntem à festa um fato cheio de upgrades e aparelhos futurísticos... e ficamos com uma mistela de puro “brutalismo”! Agora, obviamente que a série em si não é nenhuma obra de arte, tem os seus clichés, mas bolas... um fato do HomemAranha com o qual podemos ficar invisíveis, disparar ondas sónicas para afastar os inimigos, lançar mini aranhas localizadoras, e o facto de podermos vesti-lo e despi-lo sempre que quisermos com um simples carregar de um botão? É o sonho de qualquer fã!

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A história começa quando o lançamento do foguetão que transporta o filho de J. J. Jameson é sabotado pelos dois simbióticos mais famosos dos Comics: Venom e Carnage. Ao vislumbrar este problema, Peter prepara-se para intercetar o voo (ainda com o fato clássico) para evitar que o pior aconteça ao descendente de umas das personagens mais chatas e icónicas que conheço. Sem sucesso. O nosso Aranhiço, pela força das leis da física, é obrigado a saltar do foguetão e a criar um paraquedas de seda para amparar a queda. Claro que o Jameson, ao ver o Cabeça de Teia a “fugir” enquanto que o foguetão entra em descontrolo aéreo, grita para deterem o Homem-Aranha pois foi este o causador da sabotagem. Mas claro, quem é o mero polícia que consegue apanhar o Fantástico HomemAranha?! Nos dias seguintes, a cabeça do Aranhiço é posta a prémio pelo Jameson, quando até ao salvar um bebé de um edifício em chamas é subjugado contra a parede pelo chefe dos bombeiros, com a mangueira de combate ao fogo.

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-“Agora não te escapas Homem-Aranha!” Ainda não se conseguindo ver livre da pressão enorme da água lançada, o Aranha começa a ficar frustrado, questionando que este é o agradecimento do povo de Nova Iorque perante todas as vezes que ele lhes salvou a vida. Aquando este desabafo, o edifício colapsa devido ao calor intenso nas bases do mesmo. Nem consegue terminar a frase, o Homem-Aranha atira-se para o chefe dos bombeiros de modo a afastá-lo da área de impacto dos destroços... ficando então a Aranha esmagada que nem um inseto. Seria de esperar que o senhor bombeiro sentisse remorsos pelo que fez, pois o Aranhiço acabou de dar a vida pelo mesmo. Ou será que deu? Poderia passar o resto do dia a falar da história completa, mas acho que por agora é o suficiente para implantar a compulsiva curiosidade pelo que acontece a seguir.


Mas só para crescer o bicho mais um pouco: Vulture de um planeta paralelo, GreenGoblin também de um mundo paralelo (e bondoso?!), um Electro lagarto, pessoas que não são pessoas mas sim animais que andam em duas patas... e um senhor chamado “Supremo-Evolucionário”. Onde será que o Jameson foi parar? Despeço-me por agora, espero que gostem da série da mesma forma que ainda hoje gosto ao reviver todos aqueles momentos!

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FICHA TÉCNICA

AUTORES

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ÁLVARO JUSTINO

FERNANDO MADEIRA

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ANA SOFIA CROSS KEANE

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ANDRÉ PEREIRA

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ARTUR FILIPE

JOÃO MONTEIRO

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BRUNO MATOS

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CATARINA SILVA

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CÉLIA ROLO

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DIOGO CARVALHO

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EZINE FANTASIA Junho 2014


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