Ebook Ecocidadão - Alimentação

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ALIMENTAÇÃO Iniciativa:

Conceção e desenvolvimento:

O CIEJD enquanto Organismo Intermediário no quadro da Parceria de Gestão estabelecida entre o Governo Português e Comissão Europeia, através da Representação em Portugal.

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Índice Não desperdiçar! Aproveitar as sobras Escolher produtos da época Os produtos locais Impacto do supermercado Produtos biológicos? Reduzir o consumo de carne

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As despesas com alimentação ocupam lugar de destaque no orçamento familiar. Este é também o setor de consumo com maior impacto ambiental, logo seguido dos transportes. Comprar em função das necessidades e sem materiais supérfluos é, assim, tão importante como comprar alimentos sãos.

Não desperdiçar! Primeiro que tudo, quando vamos às compras devemos escolher os alimentos que têm a maior validade possível. Depois, é importante assegurar que os consumimos atempadamente, de modo a evitar desperdícios. O armazenamento dos alimentos também é um fator a ter em conta. Proteger as frutas da incidência direta do sol e manter as embalagens num lugar fresco e seco, ao abrigo da luz solar e do calor é essencial. Os alimentos devem ser dispostos no frigorífico (sempre cobertos ou fechados em caixas herméticas) em função da sua duração. A zona mais fria do frigorífico (entre 0ºC e 5°C) deve ser reservada para a carne e o peixe. Na zona intermédia (entre 5ºC e 7°C), podemos arrumar os pratos cozinhados, a sopa, o leite e os laticínios. Geralmente, os fabricantes preveem gavetas específicas para a fruta e os legumes (a temperatura anda aí entre os 8ºC e os 10°C). Para a manteiga, os ovos, os molhos e as bebidas, também existem, geralmente, zonas apropriadas (entre 5ºC e 15°C). O manual de utilização do aparelho tem informações sobre as zonas mais frias: geralmente, nos frigoríficos clássicos, encontram-se no topo e, nos combinados com duas portas, na parte de baixo.

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SABIAS QUE? Uma parte significativa das vitaminas da fruta e dos legumes está alojada na casca ou na camada imediatamente inferior. Sempre que possível, devemos evitar descascar estes alimentos, mas devem ser lavados convenientemente em água corrente antes de consumidos.

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IDEIA PARA POUPAR E PARTILHAR! Antes de se congelar os legumes, podemos mergulhá-los em água a ferver durante dois a cinco minutos (é o chamado “branqueamento” ou “escaldão”). Além de prolongar o tempo de conservação, isto mantém a sua cor na altura da confeção e reduz o seu volume, o que permite ganhar espaço no congelador.

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Aproveitar as sobras E se, apesar de tudo, houver restos? Na medida do possível, devemos congelar alguns alimentos, logo após a confeção. Evitaremos, assim, que se estraguem. Podemos igualmente ir congelando todas as sobras de carne ou de peixe; quando tivermos quantidade suficiente, para confecionar um empadão, por exemplo. Fazer o mesmo com restos de arroz, massa, batata e outros legumes, aproveitando-os para uma base de sopa. Além disso, existem muitas receitas originais para aproveitar restos de forma criativa numa refeição seguinte: com pedaços de frango ou outra carne, podemos, simplesmente, preparar uma sandes; os restos de pão podem ser incorporados numas almôndegas de carne picada ou servir para engrossar molhos; os restos de cenoura não irão certamente destoar no molho do prato de esparguete do dia seguinte. E, claro, para quem tenha uma horta ou um jardim, pode sempre aproveitar para fazer composto caseiro, desde que os resíduos alimentares não tenham gordura ou outros ingredientes cozidos.

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IDEIA PARA POUPAR E PARTILHAR! Juntar o puré de batata ou os legumes que tiverem sobrado à sopa e triturar tudo. Deve-se consumir no prazo de um ou dois dias.

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Escolher produtos da época Os frutos e os legumes comprados fora da época, como as uvas, o tomate, etc., são importados (geralmente, por avião) de países quentes nesse período, ou cultivados localmente em estufas aquecidas, geralmente com recurso a gasóleo. Além disso, estes produtos estão, frequentemente, sobre-embalados, para ficarem mais protegidos, o que requer também maior quantidade de materiais e de energia. Os produtos são mais caros do que habitual, e a sua importação gera maior emissão de poluentes. Assim, ao escolhermos produtos da época evitaremos a importação de países longínquos ou o recurso a estufas aquecidas na sua região. Poderemos também tirar partido de todo o seu sabor e valor vitamínico, além de aproveitarmos a melhor relação entre a qualidade e o preço.

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Os produtos locais Grande parte dos camiões que circulam na estrada destina-se ao transporte de bens de consumo, de produtos agroalimentares, animais, congelados, leite, etc. O caminho percorrido pelas mercadorias até chegar ao consumidor tem aumentado cada vez mais. E já não importamos só dos países vizinhos. De cada vez que adquirimos bananas da Costa do Marfim, ou laranjas de Marrocos, ou peixe fresco da Índia, estamos a pagar também o seu transporte. Os camiões-frigoríficos podem, além disso, emitir gases refrigerantes, com efeito de estufa e influência na camada de ozono em caso de fugas. O transporte de produtos alimentares é responsável pela emissão de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa. Aqui ficam alguns exemplos: •

uma tonelada de batatas produzida e vendida localmente (numa área de 25 quilómetros quadrados) gera cerca de três quilos de dióxido de carbono equivalente (CO2-equivalente);

uma tonelada de mangas (ou de maçãs) oriundas da África do Sul e transportadas por avião (a cerca de dez mil quilómetros de distância) gera 3,2 toneladas de CO2-equivalente;

uma tonelada de laranjas transportadas da Tunísia para a Europa central de avião gera 1,2 toneladas de CO2-equivalente.

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A solução é comprar produtos locais: reduz o impacto ambiental decorrente do transporte e favorece a economia nacional. É certo que recorrer aos centros comerciais ou aos hipermercados é cada vez mais frequente. No entanto, do ponto de vista ambiental, deve ter-se em consideração o impacto da sua atividade. Regra geral, as grandes superfícies comerciais são vorazes em recursos, nomeadamente na utilização de solo e no consumo de energia e água. Além disso, a maioria destes espaços nem sempre é bem servida de transportes públicos, o que exige a deslocação de carro, com os associados gastos energéticos e emissão de poluentes. Em vez de nos deslocarmos de carro até ao hipermercado, porque não optar pelo comércio local? Muitas vezes, poderemos conseguir poupar algum dinheiro e estaremos certamente a ter um impacto ambiental menor.

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IMPACTO DO SUPERMERCADO: Impacto local Quando o consumo se concentra no hipermercado em vez de no comércio local, quem vive nas redondezas do centro comercial é afetado por um aumento de ruído, maior risco de acidentes e tráfego intenso devido às descargas de mercadoria, recolha de resíduos e movimento dos clientes. A qualidade do ar também se ressente.

Por outro lado, a necessidade de transporte de bens, muitas vezes de longe, faz crescer o número de veículos (em particular os pesados) sobretudo nas imediações do centro comercial, o que contribui enormemente para as emissões de gases poluentes. Aumenta também o uso de transporte particular para chegar à zona comercial. Impacto global Transportar e distribuir bens em larga escala, sobretudo alimentos que vêm de longe para a nossa mesa, prejudica a biodiversidade e o ambiente, o que resulta em particular do efeito sobre o equilíbrio climático causado pela emissão de gases com efeito de estufa. Incide também no consumo energético, necessário para a manutenção do supermercado. Em causa está, portanto, o equilíbrio do nosso planeta.

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Por serem um espaço de grande produção de resíduos, os hipermercados têm de separar enormes quantidades de plástico, vidro, papel/cartão, lâmpadas e baterias, entre outros. Devem também levar a cabo medidas para reduzir o uso do papel e dos materiais usados em prateleiras e exigir aos seus fornecedores que tenham em conta o tamanho e a conceção das embalagens, de modo a diminuir a quantidade de resíduos gerada. Devem optar, também, por detergentes com a máxima biodegradabilidade e implementar sistemas de tratamento das águas usadas com vista à reutilização noutros fins, como autoclismos, espaços exteriores, etc. Assim sendo: o hipermercado ou a mercearia da esquina? Trata-se de uma opção que devemos ponderar de acordo com cada situação específica: aliás, muitas vezes, pode demonstrar-se rentável do ponto de vista da poupança de tempo e dinheiro fazer compras mais perto de casa, sobretudo se nos dermos conta de que trazemos sempre mais qualquer coisa que não estava na lista quando nos deslocamos ao hipermercado.

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SABIAS QUE? A escolha de produtos locais frescos e/ou da época ajuda a diminuir a emissão de gases com efeito de estufa e de outros poluentes. O uso de transportes é menor, e nem sempre é preciso refrigerá-los!

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Produtos biológicos? No que diz respeito à fruta e aos vegetais, muitas vezes as cadeias de distribuição são obrigadas a cumprir determinados parâmetros, muitas vezes estéticos, recorrendo, por exemplo, a produtos químicos para conseguir o aspeto desejado. Acontece que, frequentemente, super e hipermercados rejeitam muitos produtos devido a falhas relacionadas com o tamanho ou com a forma do produto, por exemplo. Isto gera práticas ambientalmente nocivas, como o abuso de fertilizantes e pesticidas. Quem se preocupa com estas questões pode optar por produtos de agricultura biológica, que não recorre a pesticidas, o que reduz o impacto negativo sobre o solo, a água e o ar. A agricultura biológica é praticada segundo regras muito exigentes. O agricultor, para obter um certificado para os seus produtos, deve respeitar algumas regras, nomeadamente: •

não usar pesticidas sintéticos ou adubos químicos;

o impacto ambiental deve ser o mínimo possível;

não deve modificados;

a criação de gado deve ter em conta o bem-estar e a saúde dos animais; deve ainda ter em atenção as necessidades comportamentais de cada espécie;

cuidados veterinários segundo um enquadramento específico.

usar

organismos

geneticamente

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A agricultura biológica é, pois, um modo de produção muito claramente definido e com uma legislação bem precisa. A aplicação destas técnicas é submetida a controlos rigorosos, desde o campo até ao seu prato. Não confundir produção biológica com descrições muito vagas e não controladas, como “produto do campo”, “cem por cento natural”, “sem adubo”, entre outros. Devemos procurar o logótipo da Eurofolha, que se tornou obrigatório na rotulagem dos produtos de agricultura biológica da União Europeia desde julho de 2010. A produção integrada consiste noutro método de cultivo, sobretudo usado na produção frutícola, que recorre o menos possível a tratamentos químicos para lutar contra doenças e parasitas. Nestes produtos, apenas podem ser usados fitofármacos aconselhados em produção integrada. Tanto a agricultura biológica como a produção integrada renunciam a pesticidas nocivos, pelo que não poluem os solos e as águas de superfície. Eis um ponto muito positivo para o ambiente e para a saúde das plantas, dos animais e das pessoas. Dos dois sistemas, a agricultura biológica vai, mesmo assim, um pouco mais longe.

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Reduzir o consumo de carne Um prato de carne à mesa já foi um luxo de apenas alguns, que o reservavam para ocasiões especiais. Nos últimos 50 anos, os hábitos alimentares alteraram-se, e hoje é um alimento básico da maioria das dietas. O aumento do consumo da carne não é homogéneo em todos os países. As diferenças entre as nações desenvolvidas e as que se encontram em vias de desenvolvimento são evidentes. No mundo industrializado, em 1964, este consumo era de 62 quilos por pessoa, num ano. Já em 1997, atingiu os 88 quilos. As zonas mais pobres do planeta também alteraram os seus hábitos alimentares, mas não atingiram estes valores. A relação entre o consumo de carne e o poder de compra mostra que os mais ricos são os que mais consomem. A nível mundial, estima-se que comamos cerca de 40 quilos de carne, individualmente e por ano. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, cada português consome anualmente, em média, 44,6 quilos de carne de suíno, 35 quilos de carne de animais de capoeira e 17 quilos de carne de bovino. Certo é que uma boa parte das terras cultiváveis serve para produzir a alimentação do próprio gado destinado aos matadouros e vendido a baixo custo. Em 1999, mais de 37 por cento da superfície terrestre eram ocupados por culturas, pastagens, e dois terços do consumo de água eram devidos à agricultura. Em Portugal, cerca de 46 por cento do uso agrícola do solo são dedicados a pastagens permanentes.

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ATENÇÃO! De acordo com a Roda dos Alimentos, adolescentes e adultos ativos, no contexto de uma dieta equilibrada, não devem exceder o consumo de 135 gramas de carne por dia.

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A cultura intensiva de cereais não se justifica só pelas necessidades nutricionais do ser humano, mas também pelas quantidades de carne (sobretudo vermelha) consumida. Ora, a produção intensiva consome grandes quantidades de energia fóssil, direta ou indiretamente (para a produção de fertilizantes e de pesticidas e para as máquinas agrícolas), além de que produz emissões de gases com efeito de estufa: óxido nitroso (N2O) tem um potencial de aquecimento global 310 vezes superior ao do dióxido de carbono, por exemplo, e o metano, emitido pelos ruminantes, é, por sua vez, 21 vezes mais ˝potente˝ do que o dióxido de carbono. Em Portugal, o setor agrícola é o segundo responsável pelas emissões de gases com efeito de estufa, logo a seguir ao setor de energia, que inclui os transporte. Esta atividade está na base de quase metade das emissões totais de metano e de cerca de três quartos das emissões de óxido nitroso. Estas provêm da aplicação de adubos, corretivos de solo e do próprio estrume gerado pelos animais. Em suma, a produção de carne sobrecarrega o planeta. Ao reduzirmos o consumo não só estaremos a cuidar da nossa saúde como a fazer uma opção mais ecológica: ajuda a libertar as terras para a agricultura e permite desenvolver uma agricultura biológica menos poluente.

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SABIAS QUE? Segundo o Projeto do Estudo e Reflexão sobre Desperdício Alimentar (PERDA), desenvolvido pelo Centro de Estudos e Estratégias para a Sustentabilidade, Portugal perde ou desperdiça cerca de um milhão de toneladas de alimentos por ano, 32 mil dos quais em casa.

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Faz tua cena e concorre. Podes ganhar uma viagem a COPENHAGA, a Capital Verde da Europa!

CONTEÚDOS ADAPTADOS DA PUBLICAÇÃO: CONSUMO ECOLÓGICO Poupar o ambiente e a carteira © 2013 DECO PROTESTE, Editores, Lda.

Iniciativa:

Conceção e desenvolvimento:

O CIEJD enquanto Organismo Intermediário no quadro da Parceria de Gestão estabelecida entre o Governo Português e Comissão Europeia, através da Representação em Portugal.

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