ALGARVE INFORMATIVO #34

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Praticantes de Kung-Fu recarregaram baterias em Castro Marim

A VIAGEM MUSICAL DE BEN & THE PIRATES

O OUTRO LADO DE ROGÉRIO BACALHAU JOÃO CORDEIRO DEFENDE TÍTULO DOINFORMATIVO MUNDO #34 ALGARVE 1 DE CAMPEÃO


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#34 SUMÁRIO

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ROGÉRIO BACALHAU

JOÃO CORDEIRO

BEN & THE PIRATES

8 KUNG-FU EM CASTRO MARIM

Algarve Informativo #34 produzido por Daniel Pina (danielpina@sapo.pt); Fotografia de capa: Daniel Pina Contatos: algarveinformativo@sapo.pt / 919 266 930 As notícias que marcam o Algarve em algarveinformativo.blogspot.pt

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OPINIÃO «O PESO CERTO» DAS AUTARQUIAS DANIEL PINA Jornalista

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s últimas semanas têm sido de grande frenesim para a maior parte das autarquias no que diz respeito às questões financeiras e de gestão de tesouraria. Primeiro foi a aprovação dos orçamentos e linhas gerais de atuação para o novo ano, depois, foram os benefícios e isenções fiscais para ajudar na saúde financeira dos cidadãos, com a definição das taxas de IMI no topo das atenções. Seguiram-se as notícias de que várias câmaras municipais vão antecipar o pagamento das dívidas decorrentes do PAEL – Programa de Apoio à Economia Local, poupando assim nos juros nos próximos anos. E como, por esta altura, os presidentes chegaram ao meio do atual mandato, é tempo de fazer balanço das obras feitas, dos projetos que se pretendem concretizar até às próximas eleições autárquicas, em 2017, e de quanto conseguiram cortas nas dívidas correntes de cada município. O cidadão normal provavelmente só tem conhecimento do que se passa nos respetivos concelhos, já os jornalistas são bombardeados com informações de todos os municípios e, bemfeitas as contas, nem parece que Portugal atravessou, e continua a atravessar, uma crise profunda. Uns dizem que os problemas advieram da crise financeira mundial, da conjuntura internacional, do efeito «bola de neve», do tal fenómeno de «uma borboleta bate as asas num ponto do globo e provoca um tremor de terra noutra parte do planeta». Outros, provavelmente mais realistas, defendem que os problemas de Portugal são mais antigos, não conjunturais, mas estruturais, e esses são bem complicados de resolver e não há curas milagrosas que tratem do assunto em meia dúzia de anos.

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Foram os tempos das vacas gordas que se seguiram à adesão à CEE, com milhões de milhões a caírem nas mãos dos nossos governantes todos os dias. A bonança repentina fez com que muitos portugueses abandonassem o setor primário, a agricultura, pecuária e pescas, cansaram-se de trabalhar e quiseram ser também doutores e engenheiros. Muitas atividades industriais foram também largadas, ou relegadas para segundo plano, por exemplo o têxtil e calçado, onde sempre tivemos tradições, para se virarem para indústrias e serviços mais modernos, ou menos exigentes do ponto de vista físico. Hoje, os fundos comunitários são uma gota comparativamente ao oceano que foram na época, Portugal não tem praticamente nenhum tecido produtivo de grande escala, os nossos serviços não são competitivos alémfronteiras e o turismo tem sido a boia de salvação na última década, a par de empresas que apostaram em alguns nichos de mercado, normalmente nos tais setores onde éramos bons e que deixamos para trás por causa do dinheiro fácil da União Europeia. Mas voltando ao princípio da conversa, os fundos comunitários de fácil acesso influenciaram igualmente a atuação das autarquias, que começaram a contratar pessoal a torto e a direito, às vezes funcionários que não precisavam para nada, outras vezes funcionários que não tinham qualificações para os cargos que iam ocupar, e assim floresceu o síndrome do tacho e das cunhas. Toda a gente queria ir para a função pública e, como havia dinheiro para lhes pagar, muitos foram mesmo lá parar e lá permanecem ao fim de duas ou três décadas, sem serem cruciais para o funcionamento das 6


autarquias e, pior do que isso, alguns geram mais obstáculos do que ajudam a solucionar os problemas do dia-a-dia.

cortar, particularmente a educação, saúde, ação social e reduzir no supérfluo.

De repente, entrou-se no tempo das vacas raquíticas, secou a fonte das receitas provenientes da construção civil e as despesas com o pessoal começaram a sufocar por completo muitas autarquias. Juntese a isso diversos elefantes brancos que foram sendo construídos por causa do ego de alguns dirigentes, que queriam ter os mesmos equipamentos dos concelhos vizinhos mesmo que não precisassem deles para nada, que não tivessem capacidade para pagar a sua construção e, após isso, para assegurar as despesas de manutenção, e o buraco aumentou exponencialmente. O mesmo ego que levou muitas autarquias a apostarem em mega eventos que consumiam dezenas e centenas de milhares de euros em alguns dias, sem retorno financeiro imediato e com um potencial impacto económico duvidoso ou dificilmente medido e comprovado. E assim aumentou ainda mais o buraco financeiro de algumas câmaras municipais, que deixaram de ter dinheiro para pagar aos seus fornecedores e aos próprios empregados. E a situação é tão grave em alguns casos que nem sequer conseguiram ter acesso ao tal PAEL. Traçado este cenário negro, apraz-me verificar que muitas autarquias já identificaram a raiz dos seus problemas e qual a melhor forma de os atacar, por muito que isso custe a quem é afetado pelas difíceis medidas que tiveram que ser aplicadas. Diminuição de funcionários, reestruturação das chefias, corte nas despesas com os consumíveis, redução dos orçamentos das festas, festivais e fogos-deartifício, maior rigor na atribuição dos subsídios às associações e coletividades, e por aí adiante. Definir as áreas prioritárias onde não se pode

E, apesar das dificuldades, dos inimigos que se conquistaram e dos votos que provavelmente se perderam neste processo, a verdade é que muitas autarquias estão a conseguir, efetivamente, reduzir as suas dívidas correntes e a pagar os seus empréstimos e a esmagadora maioria da população nem sequer foi prejudicada em sequência disso. Tirando os tais que estavam habituados a receber este ou aquele subsídio, apoio e patrocínio sem que fizessem nada para o merecer. Mas sem sacrifícios, e sem provocar o descontentamento de alguns, nada se consegue. Bem vistas as coisas, é um género de «O Peso Certo» das autarquias, com as câmaras municipais à procura do seu equilíbrio financeiro, cortando nas gorduras e exercitando de forma correta a gestão do diaa-dia porque, sem isso, qualquer dia têm um enfarte ou AVC e depois não há ninguém que lhes acuda . 7

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REPORTAGEM

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PRATICANTES DE KUNG-FU RECARREGARAM BATERIAS EM CASTRO MARIM O Castelo de Castro Marim teve uns residentes especiais no fim-de-semana de 13 a 15 de novembro, designadamente alunos de Kung-Fu To’a Flor de Lotus, estilo fundado pelo Mestre Guilherme Luz e que este ano elegeu a tranquila vila do sotavento algarvio para o seu retiro anual. Dias de profunda introspeção, de convívio puro, mas também de comunhão com os residentes e praticantes de outras artes marciais, numa demonstração e aula prática realizada no Pavilhão Municipal de Castro Marim. E, face ao sucesso do evento, à beleza que encontraram, ao clima, à hospitalidade e à paz de espírito que rodeou o grupo, ficou a possibilidade da experiência se repetir no futuro próximo. Texto e Fotografia: Daniel Pina 9

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astro Marim foi o palco escolhido para o retiro anual de Kung Fu To’a Flor de Lótus, organizado pela Associação Arte Marcial To’a Portugal e pela Kung Fu To’a Flor de Lotus do Mestre Guilherme Luz. Uns «turistas» diferentes do

habitual, não haja dúvidas, algumas dezenas de praticantes desta arte marcial nascida nos templos budistas e taoistas da antiga China. Uma arte que foi concebida como técnica para manter a saúde, promover a defesa pessoal e também como meio de refinamento artístico e evolução espiritual, eternamente popularizada pelo ícone Bruce Lee. Quando ao Kung-Fu To’a Flor de Lótus, surge da compilação de vários estilos de Kung-Fu realizada pelo Mestre Guilherme da Luz, mais adaptada aos dias atuais, com

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foco num lugar mais interior de cada um de nós, dando mais espaço à meditação. Em palavras à reportagem do Algarve Informativo, o Mestre Guilherme Luz, de 52 anos, confirmou que este género de retiro se tornou habitual ao longo dos últimos anos, em diferentes contextos e com ingredientes e pessoas distintas. “O objetivo principal passa pela partilha, por ser um momento diferente do ambiente das aulas, em que os alunos chegam e depois vão a correr para casa no final. Queremos comunicar, interagir, falar da comida, do dormir, conversar com mais tempo, aprofundar alguns aspetos que nas aulas é impossível. Acima de tudo, comunicação e partilha”, explica o entrevistado, que foi discípulo direto do Mestre Navid Imani, criador do estilo Kung-Fu To’a. Uma variante que é ministrada essencialmente em Lisboa pelo próprio Guilherme Luz, embora já tenham existido polos noutros pontos do país e inclusive no estrangeiro, mas de forma desprendida e por iniciativa de alunos mais avançados que acabaram por sair da capital e partir rumo a outros destinos. “Não somos muito adeptos de organizações complexas, de espalhar o modelo. Na essência original do kung-fu, as pessoas aprendiam para elas e, se quisessem, ensinavam aos outros, com

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mais ou menos dedicação e regularidade. Nesse sentido, o Flor de Lotus já foi ensinado em Londres e em Leipzig, por exemplo, por pessoas que treinaram connosco. Não somos um franchising, é um método muito pessoal”, garante. Um método e não um estilo, enfatiza Mestre Guilherme Luz, que decidiu criar o Flor de Lotus porque, no seu entendimento, as pessoas para quem foi desenhado o kung-fu tradicional deixaram de existir. “As pessoas mudaram imenso nas últimas décadas, há muita informação, mas também bastante dispersão de atenção, ao contrário da época em que eu me iniciei nas artes marciais, em que era mais fácil comprometernos com o que estávamos a fazer. Por isso, temos que trabalhar duma maneira diferente e olhando para o dia-a-dia das pessoas, que é duro, cheio de stress”, explica, no final da demonstração prática que teve lugar no Pavilhão Municipal de Castro Marim. O Flor de Lotus dá uma especial atenção, assim, à componente lúdica e à livre expressão de sentimentos, assentes nos

fundamentos principais do kung-fu, na correção, no autoconhecimento, no aperfeiçoamento físico e mental. “É uma questão de colocar o sentir à frente do pensar, a correção vem depois. Queremos um sítio onde as pessoas se possam expressar e isso, para além de ser terapêutico, permite-lhes evoluir. Se expressássemos mais as nossas energias físicas e criativas, acredito que o mundo seria bastante melhor”, defende o mestre, confirmando que cada série de movimentos, cada sequência, tem uma história por detrás,

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E, de facto, enquanto alguns alunos demonstravam as séries de movimentos do Kung-Fu To’a, outros permaneciam atrás, num semicírculo, imitando sons de animais e os seus movimentos, de forma lenta e graciosa. Um enquadramento que facilita a abstração dos alunos, garante o Mestre Guilherme Luz, durante a duração das aulas. “As pessoas chegaram do seu dia-a-dia de trabalho e normalmente ligada à natureza e aos animais. “É a melhor maneira de chegarmos a nós próprios. Temos a sociedade, a mente, o natural e o nosso íntimo e os animais não estão contaminados pela civilização, pelo pensamento, pelas matrizes mentais dos tempos modernos. Quanto mais formos à nossa natureza e àquela que nos rodeia, mais perto conseguimos chegar de nós, à fonte de tudo. É nesse sentido que, tradicionalmente, no kung-fu, os praticantes imitavam os animais, como forma também de inspiração”, esclarece. tentamos perceber como é que estão, qual o seu estado de espírito, depois, tentamos transportá-las para o local onde deveriam estar. Para isso, é preciso muita criatividade e expressão. Infelizmente, a sociedade moderna não facilita isso, antes pelo contrário, é só engolir e reprimir sentimentos. Aqui vai-se a um sítio onde nos podemos exprimir livremente,

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ainda por cima com algo sublime, belo, de que se gosta. Para além disso, ganham confiança, defesa pessoal, arte, coisas para a vida”, enfatiza, com os olhos a brilhar, quase como se estivesse em mais uma aula perante os seus alunos. Fiel aos ensinamentos de Bruce Lee, o kung-fu tornou-se um caminho de vida, através do qual se poderá conhecer toda a sua dimensão, mas Guilherme Luz

aprender a defender-se ou a bater nos outros, isso é pôr o carro à frente dos bois”, frisa. “O mais importante é perceber que tudo o que nos rodeia é um espelho da nossa essência, portanto, temos que descobrir quem é que somos”. E olhando para as dezenas de alunos que vieram de Lisboa até Castro Marim, verificamos que são, efetivamente, de várias faixas etárias, o que deixa antever que quem começa a praticar este método normalmente já não o larga, mais um fenómeno que Guilherme Luz justifica à mudança de paradigma do kung-fu. “Antigamente, era como se as pessoas vivessem para a escola, para a arte e para o método. Agora, é precisamente o contrário, o método é que vive para as pessoas, ou seja, observamos cada novo aluno com atenção, qual é o

verifica que o próprio tipo de aluno mudou no passado recente. “Aparecem pessoas que estão com vontade de crescer, artistas que querem desenvolver a sua sensibilidade, libertar algo que está reprimido. Quase o mesmo número de rapazes e raparigas e com uma forte espiritualidade. Já não é aquele tipo que quer

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uns têm mais facilidade para umas coisas do que outros, mas ninguém é mais do que ninguém”.

interesse dele, onde é que está e onde é que poderia estar. Deste modo, o kung-fu deixa de ser para quem pode, para quem tem aptidão física para o praticar, mas sim para quem o deseja praticar”, distingue. “A escada é alta, mas é acessível e com transições graduais. No Flor de Lotus não há essa história de não conseguir fazer determinado exercício ou movimento, faz de outra maneira, explora outras coisas. Aqui não se fazem comparações, cada um é diferente,

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Uma forma de estar no kung-fu que torna fácil perceber a forma apaixonada como os praticantes falam do Flor de Lotus do Mestre Guilherme Luz, dos momentos passados em conjunto, dos movimentos que nunca se esquecem, dos ensinamentos, das eternas comparações com a natureza, com os animais. “No fundo, há métodos que são indigestos, que as pessoas abandonam com rapidez”, reconhece, satisfeito por constatar que os portugueses continuam a estar motivados para se desligarem da azáfama do quotidiano e que conseguem dedicar uma hora ou duas à descoberta do seu «ser». “Eles percebem que isto é vital, que o tempo que «gastam» no kung-fu vai ser fundamental nas suas vidas, que ganham em mil e um aspetos”, conclui, com um sorriso .


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ENTREVISTA

ROGÉRIO BACALHAU Presidente, professor e motard Depois do estreante Francisco Amaral, é a vez de dar a conhecer a faceta menos mediática de Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro e professor de matemática de formação e profissão. Um homem cuja grande vocação é o ensino – ao qual pretende regressar depois de terminada a sua missão como autarca – e um apaixonado pelas motos e pelo modo de vida motard, não estivéssemos nós numa cidade mundialmente famosa pela concentração organizada pelo Moto Clube de Faro. E se a sua Honda Deauville 700 tem tido menos uso desde que assumiu os destinos da capital de distrito, Rogério Bacalhau garante que tem algumas viagens em mente para quando a disponibilidade for maior, nomeadamente a Marrocos, a Rota dos Castelos, em França, e o Lés-aLés em Portugal. Texto e Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #34

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percorreu centenas de quilómetros. “Até ir estudar para Coimbra tive sempre motorizada, nos anos 80 ainda não havia grandes motos, depois vendia-a e enveredei pela minha vida profissional, mas com a promessa de que, quando fizesse 45 anos, compraria uma moto. Assim foi, adquiri uma Honda Deauville 700 com malas para poder andar com a minha mulher e voltei a ter o prazer de conviver com os meus amigos motards e de fazer passeios. Acima de tudo, dá-me um grande prazer sentir o cheiro das coisas e apreciar as paisagens, é uma sensação completamente diferente do que viajar de automóvel”, distingue.

vida de autarca não tem horário fixo, nem feriados ou fins de semana, a de jornalista também não é muito diferente, portanto, na manhã de sábado, fomos ao encontro de Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro desde 2013, depois de já ter sido vice-presidente do antigo edil Macário Correia. Uma manhã em que a zona antiga da capital algarvia estava cheia de movimento, com várias excursões de espanhóis desejosos de conhecer melhor a história da cidade. Abrigados do sol abrasador a beber um café, ficamos a saber que o professor de matemática de 53 anos nasceu em Paderne, no concelho de Albufeira, mas veio para Faro logo em criança por motivos profissionais do pai, que era agente da PSP, e dali a família nunca mais saiu. Estudou nas Escolas de São Luís e da Penha, seguiu-se a Afonso III e o Liceu de Faro, a passagem obrigatória por Coimbra para tirar a licenciatura e, de regresso ao Algarve, entrou para os quadros da Escola Secundária João de Deus, agora agrupamento. Professor de formação, refere que está na Câmara Municipal de Faro «de passagem», num espírito de missão e não com o intuito de fazer carreira na política. “É apenas uma fase da nossa vida, em que nos dispomos a trabalhar em prol dos outros, prestando um serviço público, 24 horas por dia, sete dias por semana. Um dia voltarei à minha profissão, ei-de reformar-me como professor de matemática”, assegura, embora reconheça que ninguém tem controlo absoluto sobre o futuro. “Estou aqui há seis anos e, há sete, nunca me passaria pela cabeça ser vicepresidente de uma câmara, e depois presidente. Mas gosto muito de ser professor e quero voltar a dar aulas, a ter contato com os alunos”.

Infelizmente, como se adivinha, o tempo para viagens tem sido escasso desde que entrou para a Câmara Municipal de Faro, mas permanecem na memória os tempos de rapaz e os passeios que dava com aquela que viria a ser a sua cara-metade. “Fazemos em dezembro 30 anos de casados e, antes disso, namoramos mais sete anos. Conhecia-a quando andávamos na Afonso III, começamos a namorar no Liceu e andávamos muito de motorizada. Enquanto eu ia num banco normal, ela ia na grelha atrás, bastante mais desconfortável mas, quando temos aquelas idades, não ligamos a isso”, recorda com um sorriso saudoso. “A subir a avenida, a meio tinha que dar duas pedaladas porque a motorizada perdia força, era de 50cc, mas dava para nos divertir-nos, para irmos ao campo e à praia. A sensação de liberdade, de termos uma mobilidade diferente da pedonal, eram importantes naquelas idades”. Se as subidas eram desafiantes, perguntamos se, nas descidas, não acelerava um bocadinho mais para obrigar a namorada a agarrar-se com força a ele, imagem que despoleta uma risada em Rogério Bacalhau. “Todos nós brincávamos com essas situações, mas as velocidades eram bastante inferiores às de agora e nem se pode comparar o trânsito das duas épocas. Volta e meia caiamos, mas fazíamos tudo com mais segurança do que agora”, observa o edil, lamentando que nem toda a gente circule na via pública com o

Entrando no assunto central da conversa, o gosto pelas motos, conta que o pai lhe comprou uma bicicleta a pedal quando tinha 10 anos, cinco anos depois ofereceu-lhe uma Mobilete com pedais, banco em triângulo e uma grelha metálica atrás, na qual a esposa

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cuidado necessário. “No carro, temos um capacete à volta e, quando acontece um acidente, há sempre algo no meio, o que não significa que os perigos não sejam grandes também. Nas motos, essa proteção não existe”.

O significado de ser motard Claro que gostar de motos não é o mesmo que ser motard e pedimos a Rogério Bacalhau para nos elucidar. “Tem muito a ver com o sentimento de liberdade e o convívio com os outros. As amizades que se tem são fundamentais e, quem não gostar de ter amigos, de conversar, de estar sentado a uma mesa, de passear, de certeza absoluta que não tem o espírito motard”, explica. Uma postura que, aliás, é facilmente visível quando um motard chega a algum lado e encontra outras motos estacionadas, sendo logo motivo para comparações e trocas de experiências entre os proprietários, o que não acontece normalmente nos automóveis. “As conversas fluem naturalmente e os temas são essencialmente as viagens e as próprias

motos, pelo que é fácil estabelecer um contato e uma conversa com qualquer motard. E existe sempre em nós um espírito de entreajuda. Se andarmos na estrada e virmos alguém com o carro avariado na berma, dificilmente alguém para e vai ajudar, a menos que vejamos que é um problema se saúde. Se for um motard, é garantido que vai prestar auxílio”. Depois, há quem leve a paixão pela moto mais além do que outros, nomeadamente nas questões técnicas da mecânica, com uns a perceberem a fundo o seu funcionamento, outros limitando-se a saber onde estão o acelerador, o travão e a embraiagem. “Quem tem moto é normal que a estime, mas há quem faça a sua manutenção pessoalmente, outros não sabem ou não têm tempo para isso. Quando era miúdo, todos nós limpávamos as velas e o escape, trocávamos os cabos da embraiagem, resolvíamos os problemas dos motores. Hoje, a tecnologia e a eletrónica das motos evoluíram tanto que se tornou difícil para um leigo dominar todas as questões. Eu, quando tenho um problema, levo a moto a uma oficina para não causar 19

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ainda mais estragos”, afirma Rogério Bacalhau.

Uma maior afinidade pelas duas rodas que se justifica pelas experiências marcantes que se têm ao seu volante, “páginas da nossa vida”, descreve Rogério Bacalhau. “Nós temos que nos sentir bem na nossa moto, adaptar-nos às suas características físicas para conduzirmos em segurança, e isso gera um maior apego. Se

Outra grande diferença entre ter moto e carro é que, nos automóveis, pelo menos antes da crise chegar a Portugal, era normal as pessoas trocarem de viatura com alguma regularidade à medida que iam saindo

pegar na moto de um amigo meu, e até pode ser da mesma marca, vou ter que me adaptar a uma nova condução, a luva já não assenta tão perfeitamente na mão”, indica o entrevistado, mais uma situação que não é usual acontecer nas viaturas de quatro rodas.

modelos mais avançados. “Regra geral, a moto é como se fosse da família. O que pode acontecer é, quando compramos a primeira, que não seja exatamente aquilo que pretendemos, porque uns gostam de andar na estrada, outros no terreno, outros ainda de ir para Marrocos para o deserto. A moto tem que estar adaptada às necessidades do condutor mas, quando este se sente satisfeito com ela, mantém-na durante muitos anos e só troca quando ela começa efetivamente a dar problemas. A minha tem sete anos e não estou a pensar em mudar, até porque ando pouco com ela nos últimos tempos”.

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E há ainda outra característica típica das motos, a questão do estilo, do status, da simbologia, daí perguntarmos a Rogério Bacalhau se ainda há muitos quarentões ou cinquentões que, para ultrapassarem uma crise de meia-idade, compram uma moto para ter mais liberdade, para tentar mudar as suas

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rotinas, para transmitir uma imagem mais jovem e irreverente. “Ainda há casos raros em que isso acontece, pensam que a moto lhes dá uma visibilidade e estatuto diferentes, é uma questão de ego. No entanto, a esmagadora maioria das pessoas que conheço tem moto porque realmente gostam deste veículo, do passear, do conviver. Não compram motos para andar a mostrar às meninas”, entende, com um sorriso.

A importância das concentrações Falar de motard é pensar de imediato nos coletes negros de cabedal, com as estampas e pins dos moto-clubes com quem têm ligações, das concentrações onde já foram, dos santos padroeiros, uma tradição que também é vivida com mais intensidade por uns do que por outros. “O motard está muito associado a viagens e, regra geral, o colete traduz o roteiro da sua vida, os locais onde esteve, as pessoas com quem falou, os moto-clubes com quem se relaciona. É o passaporte dos contatos mais marcantes que foi tendo ao longo dos anos. Tenho um amigo que é capaz de fazer 100 mil quilómetros por anos. Aliás, telefono-lhe muitas vezes pensando que está em Faro e diz-me que está em Espanha ou França, quando no dia anteriores estivemos juntos. Mas há pessoas que fazem muitas viagens e não ligam em demasia ao colete”, refere. Óbvio que ser motard em Faro tem um gostinho ainda mais especial devido à concentração organizada pelo Moto Clube de Faro, um evento mundialmente conhecido e que atrai à cidade milhares de condutores todos os anos. “É um orgulho imenso ter esta entidade na cidade, pela dimensão e notoriedade que tem e pelo trabalho que desenvolve. Através da Concentração de Faro, é seguramente a melhor e maior marca que Faro tem no mundo inteiro, conseguindo congregar aqui um conjunto de motards bastante significativo”, frisa, reconhecendo

que estes eventos são fantásticos para se criar novas amizades e reencontrar amigos de longa data. “Há pessoas que conheci há cinco, seis, sete anos, que vêm todas as edições e há sempre uma noite em que nos encontramos para pôr a conversa em dia. Antes da crise, havia anos em que íamos também a três, quatro ou cinco concentrações e voltávamos a encontrar as mesmas pessoas. Em termos financeiros, são igualmente o principal fator de sustentabilidade dos moto-clubes”, salienta. Uma paixão de motard que às vezes é transmitido de pai para filho, mas Rogério Bacalhau desconfia que isso não vai acontecer no seu caso. “O meu filho andou de bicicleta a pedal mas nunca de moto, algo que tem a ver com o sermos pais e reconhecermos que existe algum perigo em andar de motorizada. Mas só reconhecemos esse perigo para os outros, para nós não”, admite, com uma risada. “A minha filha gosta imenso de andar, mas não creio que vá ser motard, a não ser que arranje um namorado ou marido que seja. São coisas que aparecem desde pequenos e, a menos que lhes dê alguma crise dos 40 anos, não me parece que sigam esse caminho”, entende, bem-disposto. A finalizar a conversa, e porque já manifestou a sua intenção de regressar ao ensino, será que depois terá mais tempo para dedicar à moto, ou os anos vão pesando e o quentinho da cama começa a ser mais aliciante do que ir para a estrada logo pela manhã? “Quando deixar a câmara municipal, certamente que vou andar muito mais de moto e tenho alguns passeios que gostaria de realizar, a Marrocos, a Rota dos Castelos, em França, e o Lés-a-Lés, em Portugal. Nos dois anos anteriores a vir para a autarquia, fiz uma média de 15 mil quilómetros por ano, agora, faço à volta dos mil quilómetros, porque é impossível ausentar-me alguns dias da cidade”, conclui Rogério Bacalhau, motard, professor de matemática, presidente da Câmara Municipal de Faro .

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OPINIÃO

MAS PORQUÊ, PAI?... PAULO CUNHA

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h pai, porque é que «essas pessoas» matam outras pessoas, assim sem mais nem menos? pergunta-me recorrentemente a minha filha quando as notícias nos entram casa adentro de várias formas e por vários meios. - São pessoas que deixaram de acreditar na vida tal como a projetamos e vemos… Pessoas que não acreditam na liberdade e têm como objetivo a destruição do mundo tal como o entendemos. - Mas porquê? Porque é que matam e destroem famílias inteiras que não fizeram mal a ninguém, se eles também têm famílias? - Porque desistiram da vida… da «nossa» vida. São pessoas que cortaram radicalmente com o passado em nome de um futuro construído à medida dos seus sentimentos, desejos e ilusões… onde a destruição legitima o terror das suas ações. - Mas porquê?... Continuo sem entender! Enfim, tantos «porquês» que parecendo-nos a nós, adultos, tão difíceis de compreender, mais difíceis se tornam de responder, pois tudo o que possa ser agora dito a pequenos seres em formação condicionará, por certo, a imagem com que ficarão daqueles «outros» que nos poderão vir a fazer mal. Efetivamente vivemos tempos em que é difícil explicar a razão de atitudes e ações que, lógica e racionalmente, não têm qualquer razão de ser. Preocupa-me ver todas estas crianças que fogem do terror, que crescem no terror e, se nada for feito para debelar e sanar tal flagelo, viverão ainda mais - reféns do medo que o horror que presenciaram lhes plantou no peito.

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Aflige-me ver todos estes combatentes de causas insanas e perdidas, «fabricados» num mundo que nada mais lhes deu do que a vontade de morrer e levar consigo inocentes apenas culpados por terem nascido. Culpas?... Culpados?... Todos os que permitiram que num único planeta, as assimetrias sejam hoje tantas e tão diversas, que em determinadas regiões do globo se viva no século XXI e noutras ainda na idade média; todos os que, duma forma sub-reptícia e encapotada, permitiram que a loucura fosse acolhida no radicalismo ideológico, político e religioso; todos os que, substituindo-se a um «Deus» menor, financiam estes acólitos para quem os interesses incógnitos dos seus líderes pouco interessam. Como explicar a uma criança, as mortas gratuitas, a destruição de património, a perda de direitos, a submissão, a escravidão…? Como fazêla entender que num mundo global, o esvoaçar das asas de uma borboleta tem consequências no outro lado do planeta? Como responder a questões sobre «realidades» que os seus pais jamais vivenciaram, equacionaram e pensaram? São as suas perguntas que nos devem manter atentos e «alerta!», pois serão eles, em última instância, os principais beneficiários (ou não) das medidas que ora tomarmos. Porque a «Liberdade, Fraternidade e Igualdade» não são – garantidamente – bens adquiridos, irreversíveis e imutáveis. Serão, tão somente, aquilo que deles fizermos! . 22


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OPINIÃO

HÁ QUANTO TEMPO NÃO VAI À SUA ASSEMBLEIA? JOSÉ GRAÇA Membro do Secretariado Regional do PS-Algarve

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deslocação do centro da atividade política para a Assembleia da República, provocada pelas últimas eleições gerais, obriga-nos a prestar uma atenção redobrada aos órgãos deliberativos das autarquias locais. Há quanto tempo não vai à sua Assembleia? A lei que estabelece o regime jurídico das autarquias locais, aprova o estatuto das entidades intermunicipais, estabelece o regime jurídico da transferência de competências do Estado para as autarquias locais e para as entidades intermunicipais e aprova o regime jurídico do associativismo autárquico foi publicada em plena campanha eleitoral, parecendo-nos mais o testamento político de Miguel Relvas e Paulo Júlio, ambos caídos em desgraça a meio do mandato. Os órgãos representativos das freguesias são a assembleia e a junta de freguesia e os dos municípios são a assembleia e a câmara municipal, sendo a respetiva constituição, composição e organização reguladas na lei n.º 169/99, de 18 de setembro, alterada pelas leis n.ºs 5A/2002, de 11 de janeiro, e 67/2007, de 31 de dezembro, e pela lei orgânica n.º 1/2011, de 30 de novembro. Sem prejuízo de outras competências legais, as assembleias de freguesia e municipais têm as competências de apreciação e fiscalização e as competências de funcionamento previstas na lei n.º 75/2013 de 12 de setembro. Numa perspetiva bastante genérica, constituem atribuições das autarquias locais a promoção e salvaguarda dos interesses próprios das respetivas populações, prosseguindo as mesmas através do exercício pelos respetivos órgãos das competências de consulta, planeamento, investimento, gestão, licenciamento e controlo prévio e de fiscalização, estabelecendo a lei as competências próprias de cada órgão de acordo com a sua tipologia. A prossecução das atribuições e o exercício das competências das autarquias locais e das entidades intermunicipais devem respeitar os princípios da descentralização administrativa, da subsidiariedade, da complementaridade, da prossecução do interesse público e da proteção dos direitos e interesses dos cidadãos e a intangibilidade das atribuições do Estado. Os órgãos das autarquias locais só podem deliberar no quadro da prossecução das atribuições destas e no âmbito

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do exercício das suas competências, nos termos da lei, sendo independentes uns dos outros e as suas deliberações só podem ser suspensas, modificadas, revogadas ou anuladas nos termos da lei. Complementarmente, o funcionamento dos órgãos colegiais é determinado num regimento, geralmente elaborado e aprovado internamente no início do respetivo mandato, incluindo as normas relativas ao mandato, constituição, competências, funcionamento, uso da palavra, participação do público, formas de votação e elaboração das atas, entre outras temáticas. As sessões dos órgãos deliberativos das autarquias locais são públicas, sendo fixado, nos termos do regimento, um período para intervenção e esclarecimento ao público. Por sua vez, os órgãos executivos das autarquias locais realizam, pelo menos, uma reunião pública mensal, aplicando-se, com as devidas adaptações, as normas relativas à participação pública. Nos termos da lei, as sessões e reuniões dos órgãos das autarquias locais deve ser publicitadas adequadamente, com indicação dos dias, horas e locais da sua realização, de forma a promover o conhecimento dos interessados com uma antecedência de, pelo menos, dois dias úteis sobre a data da sua realização, mostrando-se desejável a sua comunicação nos canais digitais e nas redes sociais. Considerando que os membros dos órgãos são representantes da vontade popular, não é permitido aos cidadãos intrometerem-se nas discussões, aplaudir ou reprovar as opiniões emitidas, as votações feitas ou as deliberações tomadas, sendo a violação desta norma punida com coima de 150 a 750 euros, para cuja aplicação é competente o juiz da comarca, após participação do presidente do respetivo órgão. As atas das sessões e reuniões, terminada a menção aos assuntos incluídos na ordem do dia, fazem referência sumária às eventuais intervenções do público na solicitação de esclarecimentos e às respostas dadas, sendo frequente a sua disponibilização pública ser efetuada na internet. Na próxima semana, falaremos sobre as assembleias de freguesia, órgão político local de máxima proximidade cuja atividade passa muitas vezes ao lado dos cidadãos e da comunidade. Já alguma vez participou nas sessões da sua?!. 24


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OPINIÃO A PARTIR DE UM ENSAIO PARA UMA CARTOGRAFIA... REFLEXÕES DE UM FIM-DESEMANA ONDE FOMOS (P)ARTE! DÁLIA PAULO Diretora do Museu Municipal de Loulé

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meu fim-de-semana começou com «Instruções para voar», um texto de Lídia Jorge pela ACTA, que nos interpelava a pensar na questão: “como abordamos e o que damos a pessoas de outras culturas e sociedades diferentes da nossa?”. À saída vinha pensativa e a frase que me bailava na cabeça era de esperança: “a esfera da sorte nunca pára, é preciso é estar vivo”; ao sair da sala o telefone toca, era a notícia dos ataques de Paris. Horror. Não queria acreditar, a mensagem de esperança que trazia do espetáculo, desfazia-se! Silêncio. No dia seguinte os meus passos levaram-me a assistir à estreia de «Os Sete Pecados – ensaio para uma cartografia» de Mónica Calle. Seria eu a mesma? Talvez não, porque durante toda a noite o que me vinha à cabeça era o final do célebre poema «Intertexto» de Bertolt Brecht que nos diz "Agora levam-me/ Mas já é tarde./ Como eu não me importei com ninguém/ Ninguém se importa comigo”. Que diferença tinham estas imagens de Paris, das que vimos no dia anterior no Líbano ou das que tínhamos vindo a assistir, mais ou menos indiferentes, dos refugiados que chegam (tentam chegar) à Europa. Uma única diferença: estão mais próximas de nós, reconhecemo-nos facilmente nas vítimas, somos aqueles, é o nosso estilo de vida! E foi com um turbilhão de pensamentos que entrei para ver um ensaio para uma cartografia, que durante quase três horas nos inquieta, interpela e incomoda. Que país cartografou? Um

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país sem criatividade, um país repetitivo, um país de seguidores, um país parado, um país com dor. Estes somos nós? Nós Portugal ou Nós Europa? Ou Mundo? Precisamos de um maestro, neste caso representado por Mónica Calle, que nos castiga, que nos guia? E este guia dá-nos segurança? Porquê? A alienação de gestos que se repetem num infinito de tempo perturbador. Nós somos convidados a ver para além do visível mas conseguiremos ver? E o que vemos? Durante este longo ensaio as intérpretes eram mais ou menos indiferentes às vozes que lhes chegavam, um alheamento nosso, do público ou do artista? Um egoísmo que perpassa, uma solidão, onde já não reagimos a estímulos, apenas à mestre que nos esmaga mas nos faz fazer parte do grupo. Avanços e recuos. É o retrato do Homem hoje. A folha de sala dizia-nos que se pretende “questionar as possibilidades de pensar um país através da criação artística e criar desta forma uma cartografia alternativa” e o que vimos foi um ser pensante que guia os restantes, uma hegemonia da mestre, uma unicidade, angústia de movimentos, será que estamos presos? A quê? A atavismos? Ao olhar do outro que nos inibe? Retrato de um país cinzento que (ainda) não apostou verdadeiramente na Arte e na Educação como formas de transformação em ser pensante e autónomo. Saí exausta e descrente, na política, nos artistas, no País. Podemos voltar a ser os mesmos? Não. Podemos fazer diferente? Sim .

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OLHARES Crónicas dos emergentes

MINDANAU, FILIPINAS EDGAR PRATES Executivo de Desenvolvimento de Novos Negócios e Contas Globais na Accenture

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qui chegou o missionário português ao serviço dos jesuítas espanhóis Francisco Xavier. Um lugar rico em recursos naturais, Mindanau tem sido palco de várias lutas religiosas na historia recente. Um dos lugares do paralelo 10, está dividido entre Cristãos e Muçulmanos. Ouro, gás natural, agricultura e pescas fazem de Mindanau um dos lugares mais ricos do Oriente. O Rio Grande de Mindanau desagua em Cotabato. Perto, nas montanhas, vivem nativos nas selvas densas abençoados pela natureza. Para além das montanhas há um mundo de guerra constante na zona de Maguindanau, onde poucos se aventuram ir. Nesse lugar guardado por forte aparato militar pode negociar-se as especiarias e comer os frutos mais exóticos, rodeado de cascatas naturais. Mais além, por mar, depois das zonas de conflito de Danao del Norte, fica Zamboanga. Esse foi um porto estratégico na rota das especiarias. Hoje, fala-se ainda o «chavacano», um dialeto que mistura espanhol, português e muçulmano, fruto dos séculos de relações comerciais com os «Bugis» de Macassar, os «Bajaus» (ou os ciganos do mar) e os Sultões do Arquipélago das Molucas, situadas a sudeste de Zamboanga .

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ENTREVISTA

JOÃO CORDEIRO defende título de campeão do mundo de pesca desportiva

As praias do concelho de Loulé recebem, de 21 a 28 de novembro, mais uma edição do Campeonato do Mundo de Pesca Desportiva, na vertente de Surfcasting (mar-costa), uma prova que tem o aliciante extra do atual campeão ser da casa. João Cordeiro, pescador do Sport Clube Escanxinas, de Almancil, vai assim defender o título num local que conhece como a palma das suas mãos mas, em conversa com o Algarve Informativo, o técnico de turismo de profissão explica que são muitos os fatores que contribuem para o sucesso nesta modalidade pouco divulgada no nosso país. Entrevista: Daniel Pina

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oi em França que João Cordeiro se sagrou, no ano transato, campeão do mundo de pesca desportiva, na modalidade de surfcasting, ou marcosta, como é designada em português, mas o pescador do Sport Clube Escanxinas, de Almancil, iniciou-se bem cedo nestas lides e os títulos também começaram a aparecer rapidamente. Licenciado em Turismo e técnico de turismo a tempo inteiro, o algarvio de 32 anos foi um dos mais recentes convidados da iniciativa da Câmara Municipal de Loulé «Individualidades na escola», onde explicou aos alunos que este tipo de pesca é realizado a partir de praias, da areia para a água.

sabia que ia ser disputado no Algarve, o local foi alterado da Manta Rota para Loulé, mas a nacionalidade do campeão em título não influencia em nada a escolha do país anfitrião. O evento é organizado pela FIPS – Fédération Internationale de la Pêche Sportive, que depois delega a responsabilidade à Federação Portuguesa de Pesca Desportiva, que por sua vez delega na Associação Regional de Pesca Desportiva do Algarve, para trabalharem em conjunto com os clubes locais”, esclarece o pescador amador, confirmando que são muito poucos aqueles que conseguem viver somente dos patrocínios concedidos por marcas especializadas.

Mais tarde, já em conversa com o Algarve Informativo, chamou a atenção de que algumas das praias mais famosas do concelho de Loulé foram escolhidas precisamente para receber o Campeonato do Mundo de 2015, designadamente as do Garrão, Ancão, Quinta do Lago e Loulé Velho, facto que não se deve ao atual campeão ser natural deste concelho. “Já se

Apesar de ser um desporto pouco mediatizado, e amador, João Cordeiro sublinha que existem perto de dois mil pescadores federados, divididos pelo campeonato regional (duas divisões) e nacional (três divisões). E é na primeira divisão do Campeonato Nacional que encontramos o louletano, juntamente com outros 23 colegas, sendo que os seis primeiros têm acesso direto à

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seleção nacional. O título de campeão nacional está também nas mãos do entrevistado que, curiosamente, saltou logo de júnior para a terceira divisão do campeonato nacional, em virtude de ter ganho medalhas em competições internacionais dessa categoria. Ou seja, à primeira vista a pesca mar-costa pode parecer mais um hobby, mas é um desporto perfeitamente estruturado e organizado, com um calendário competitivo exigente, contudo, longe dos focos da comunicação social e, em sequência disso, das grandes massas. No caso concreto de João Cordeiro, demonstrou algum interesse logo por volta dos 12, 13 anos, em virtude dos tios serem pescadores, e quando estes lhe ofereceram uma cana e um carreto, começou de imediato a pescar, umas vezes com eles, noutras ocasiões indo sozinho. “Vi que tinha algum jeito e tive a sorte das coisas correrem logo bem, o que torna mais fácil ganhar motivação para continuar. Fui duas vezes campeão nacional e uma vicecampeão, participei em quatro campeonatos do mundo como júnior e em dois fui campeão do mundo por equipas. Em termos individuais, conquistei duas medalhas de bronze”, sintetiza, em poucos minutos, o seu trajeto inicial da modalidade. Ora, se uns jovens vão para a caça influenciados pelos pais, outros preferem a pesca e foi esta que mais cativou o jovem João Cordeiro, embora a vertente de mar-costa não seja tão divulgada, melhor dizendo, as pessoas é que têm outra ideia do que é a pesca em termos competitivos, associando logo à praticada em alto-mar num barco fundeado. “Outros pensam que é lançar a isca para dentro da água e ficar sentado à espera que o peixe lá vá picar sozinho. Não é bem assim que as coisas acontecem, aliás, tenho sessões em que, em quatro horas, nem sequer tenho tempo para comer uma sandes. Quando não há peixe nenhum, o stress e a vontade de apanhar ainda são maiores e não sossegamos um minuto”, frisa, garantindo que o bichinho é rápido de entrar nas veias e a competição depressa se torna num vício saudável.

As exigências da pesca de competição João Cordeiro ficou, de facto, apaixonado pelo surfcasting sem grandes demoras e o mesmo caminho levam a irmã e a prima, que iam às provas para lhe fazer companhia e, de repente, estavam de cana nas mãos a aprender esta arte que, pelos vistos, corre na família. “Decidiram federar-se e também já são campeãs. Podem dizer que há aqui algum talento inato, mas sem trabalho não se vai a lado nenhum”, alerta o entrevistado. “A diferença é que uns, depois, conseguem chegar ao topo mais depressa ou com maior facilidade, e outros nunca atingem esse patamar, por mais que treinem. Conseguem ser bons mas, sem o tal feeling, não se juntam à nata dos pescadores”. Sendo assim, que características é que um pescador de classe mundial deve ter, perguntámos, e João Cordeiro indica que começar cedo, nomeadamente antes dos 10 anos, é um fator-chave. “Antes das competições, e sabendo as especificidades de cada zona do país, vamos à praia, vemos as condições e a temperatura do mar e sabemos logo que há boas probabilidades de haver este ou aquele tipo de peixe. Claro que isto não é uma ciência, posso estar preparado para apanhar um peixe e aparecer outro, porque também depende do sítio de onde lançamos a linha, se o peixe está à beirinha da água ou a uma distância maior”, indica, acrescentando que essas considerações influenciam a escolha da própria cana e do tipo de linha a utilizar. “Há canas mais rijas para lançamentos mais longos, canas mais sensíveis para pescar mais perto, porque a picada do peixe é mais forte e a cana não pode ter tanta elasticidade. Também sabemos que cada peixe prefere uma isca diferente, são muitos pormenores a ter em conta”, garante. Bem vistas as coisas, a pesca desportiva assemelha-se um pouco ao golfe: num, os golfistas levam os seus sacos de tacos e bolas, noutro, os pescadores levam o seu conjunto de canas, linhas e iscos e depois escolhem as melhores ferramentas consoante o cenário com

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horas, e junto onde as pessoas andam a nadar, simplesmente, eles evitam o ser humano, como é óbvio, não andam ali à vista de toda a gente. Há muitas cavalas, agulhas, peixes-aranha”, revela. E por falar em variedades de peixe, João Cordeiro esclarece que todas contam para fins competitivos em Portugal, o que pode não ser o caso em algumas provas internacionais. “Utilizamos o método «catch-and-release», ou seja, apanha-se, mede-se e devolve-se ao mar. Há uma tabela de conversão para cada espécie, para evitar que os peixes mais compridos valham mais pontos. Lá fora, há países em que determinadas espécies não contam para a classificação”.

Miúdos não querem ser pescadores Campeão do mundo na vertente de mar-costa, João Cordeiro também já foi federado na categoria de alto-mar e participou um ano no campeonato regional mas, apesar de gostar de pescar num barco fundeado, sentiu que não conseguia estar sentado em duas cadeiras ou mesmo tempo, ou seja, de conciliar as duas competições. “Muitas vezes as provas coincidem e não quis colocar em risco a vertente de que mais gosto e na qual obtenho melhores resultados, pelo que optei pelo surfcasting. Não quer dizer que, no futuro, não volte a tentar novamente o alto-mar, neste momento não”, assegura o técnico de turismo, confidenciando que até nem é daqueles que treina muito durante a semana. “Faço um treino ou outro antes das provas para desenferrujar”.

que se deparam. “Numa prova, estamos a 15 ou 20 metros dos nossos adversários, vemos que tipo de peixe está a sair e, se for preciso, alteramos logo a tática”, aponta, num frenesim que nada tem a ver com a típica imagem do pescador que vai relaxar, numa grande paz e sossego. “Estamos sempre a trabalhar, a pensar, a ver o que se passa com os outros concorrentes, para além de substituir linhas que se partem e anzois que se estragam e de repor o isco. Aquela imagem do senhor sentado numa cadeira na praia, com uma cana de pesca espetada na areia, é o pescador lúdico, que pesca por hobby. Mas isto não impede que as competições não tenham uma forte componente de lazer, as pessoas convivem umas com as outras e trocam experiências. Apesar disso, eu tento sempre ganhar, nem que seja a feijões, há outros que não se importam de perder”, distingue.

Apanhar, medir, pesar, devolver à água e assim se derruba outra ideia que algumas pessoas têm de que estes homens, e mulheres, andam sempre a trazer baldes de peixe para o jantar lá de casa. Na verdade, porém, estes pescadores preocupam-se sobretudo em aperfeiçoar as técnicas de competição, mas há dias em que João Cordeiro pergunta à esposa que peixe prefere para a refeição, sai de casa às seis da tarde e, uma hora depois, está de regresso com uma dúzia de peixes para comer. “Sei como estão as condições do mar, conheço bem estas praias e, no Verão, pergunto-lhe com frequência

Outra ideia que deixa de fazer sentido, então, é que não há peixe nas praias, apesar de não ser habitual irmos a mergulhos e encontrarmos peixes à nossa volta. “Em dias de Verão, podemos apanhar 30 ou 40 peixes em quatro

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se quer umas cavalinhas para o jantar”, admite, com um sorriso. E como João Cordeiro tinha que se preparar para o Campeonato do Mundo que arrancava no dia 21 de novembro e a conversa se aproximava do final, vem à baila a eterna questão dos patrocínios, dos apoios financeiros, da possibilidade de se tornar pescador profissional. “Não podemos pensar nessas questões, porque faz falta mais divulgação da pesca desportiva e os miúdos, quando têm 12, 13, 14 anos, não querem ser pescadores, querem ser como o Cristiano Ronaldo. Ou então passam o tempo agarrados aos telemóveis e tablets no Facebook”, analisa, defendendo que as marcas de produtos de pesca deviam investir mais nos novos valores que vão imergindo na modalidade. “Atualmente, se não conquistares um grande título ou não fores uma pessoa respeitada no meio, não consegues um patrocínio”, salienta. João Cordeiro é desses poucos que já teve patrocínios, mas em equipamento, esclarece, o que nem sempre agrada a todos os pescadores. “Estamos habituados a pescar com certo tipo de material e logicamente que todas as marcas têm coisas boas e outras menos boas. Quando temos um patrocinador, temos que utilizar as canas e os carretos deles, o que não funciona com toda a gente”, explica, adiantando que apoios financeiros são bastantes raros. “Na minha categoria, só conheço dois pescadores que vivem unicamente da pesca e são italianos. O meu sonho é um dia uma marca querer que eu trabalhe com eles a desenvolver material e a promover o seu nome, mas sei que isso é quase impossível de acontecer” . 35

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ENTREVISTA

BEN & THE PIRATES embarcam numa descoberta musical ao sabor do reggae Que o Algarve é um berço privilegiado de projetos musicais já todos sabemos, a dificuldade às vezes é separar o trigo do joio. Desta feita fomos até Albufeira para conhecer melhor um daqueles que merece uma atenção redobrada, pela qualidade de execução, pela mensagem contida nas letras e por ser de um estilo menos comum, ou mediático, em Portugal, o reggae. Falamos de Ben & The Pirates, de Bernardo Carneiro, que se encontra a promover o álbum de estreia «Be Water» e com planos bem definidos para ir mais além, com passos graduais e firmes, sem pressas ou tentações de banalizar o que tocam e cantam. Texto: Daniel Pina / Fotografia: Marco Guerreiro ALGARVE INFORMATIVO #34

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meio de novembro, as temperaturas continuam invejáveis em Albufeira, capital do turismo algarvio, o sol brilha forte, as esplanadas dos cafés estão preenchidas de turistas e foi este o palco escolhido para conversar com um filho da terra, Bernardo Carneiro, 36 anos, dentista de profissão e músico de paixão, um amor cultivado e alimentado desde criança e que foi assumindo um peso cada vez maior na sua vida à medida que os anos foram passando. E se a saúde dos dentes é deveras importante, é a sua faceta de artista, de compositor, de cantor, que motivou a entrevista, um género de apresentação ao grande público do álbum «Be Water», de Ben & The Pirates. Ben, como é fácil de adivinhar, é Bernardo, os piratas são amigos que foi fazendo ao longo do tempo e que se juntaram em torno deste projeto musical assente no reggae. Mas já lá vamos, convém primeiro saber de onde apareceu a veia musical do albufeirense. “Tive a sorte de crescer nos

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anos 80 com boa música e, nessa altura, havia bons programas dedicados a ela nas rádios e na televisão. Também tive o apoio da minha família, apesar de ninguém ser músico. Depois, gradualmente, e por minha conta e risco, segui uma vertente paralela à atividade profissional, mais como hobby, como uma forma de expiação do stress do dia-a-dia”, conta Bernardo, um autodidata que preferiu dedicar-se em exclusivo à guitarra ao invés de se dispersar por vários instrumentos. Tímido por natureza, nunca teve as tradicionais bandas de liceu e a história podia ter ficado por aqui, ou nem sequer ter havido uma história, mas conheceu o conterrâneo João Frade quando regressou de Lisboa após ter concluído o curso de Medicina Dentária. “Começamos a ensaiar na desportiva, nasceu um projeto de covers e fizemos o circuito de bares de Albufeira, Vilamoura, Lagos e Portimão. Eu com a minha viola, o João na bateria, baixo e sintetizadores, e mais uns amigos, simplesmente para nos divertirmos”, recorda, ainda que sonhasse

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com a ideia de deixar o seu próprio legado musical onde evidenciasse as suas ideias, a sua forma de perceber o mundo, influenciados pelo lado mais científico e racional advindos da profissão de dentista. Porém, a tal timidez ia adiando o deitar cá para fora as suas mensagens e pensamentos. Um lado criativo e uma sensibilidade artística que não são indiferentes a ter crescido perto do mar e cedo começou a escrever letras para músicas, mas longe do seu pensamento ser ele a cantá-las, a ir para a frente do palco, agarrar no microfone e tornar-se o centro das atenções. “Tiramos à sorte com as palhinhas quem seria o vocalista e calhou-me a mim esse cargo. Como eles eram todos melhores instrumentistas do que eu e as letras eram minhas, empurraram-me para o papel de frontman”, revela, ao que se seguiu um processo de aprendizagem do que era ser vocalista de uma banda. “A minha primeira experiência em palco foi quase um filme de terror, num concerto que o baterista arranjou numa casa de striptease e ao qual ele acabou por faltar. Mas o bichinho ficou e fui aprendendo as técnicas de como estar em palco e interagir com o público. Quando dominamos essas ferramentas, ganhamos mais confiança a cantar, perdemos a vergonha de falar com as pessoas e ficamos mais à vontade”, explica.

houve algum cuidado a escolher a designação. “É uma alegoria marítima, de liberdade de expressão e de comunicação, de felicidade, de não depender de um sistema e de tentar fazer as coisas de forma correta, assente em bons valores. Com uma costa como esta e com a nossa tradição de navegação, de marinheiros astutos, tinha que haver uma conotação marítima, de descoberta. Percebemos que a viagem é o mais importante, não tanto o destino, e os amigos que se juntaram a nós acabam por ser a tripulação que fazem o barco manterse à tona e seguir o seu rumo”.

Falar de assuntos sérios de forma descontraída Uma viagem que começou com as covers antes de transitar para os originais, cantados em inglês, mas a mudança não foi fácil, admite Bernardo Carneiro, por serem registos completamente diferentes e porque interpretar temas mundialmente conhecidos

Uma aprendizagem que não passou por colar a sua imagem à de algum ícone da música, nunca quis imitar ninguém e mesmo o «Ben» já o acompanhava há algum tempo, não foi criado de propósito para o projeto. “É certo que é uma nomenclatura internacional que funciona como uma boa ponte para o público estrangeiro, mas os amigos já me chamavam assim antes da banda aparecer”, garante, acrescentando que, no que toca ao «The Pirates», já

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é uma garantia de maior sucesso. “Os meios necessários para criarmos a nossa música com qualidade são dispendiosos, o que torna o processo longo e demorado, especialmente para quem está fora do meio e não conhece os bastidores da gravação. Com o tempo, comecei a introduzir alguns temas meus no alinhamento dos espetáculos, as pessoas reagiram de forma positiva e a vontade de gravar foi aumentando”, narra o entrevistado, indicando que o ponto de viragem foi o convite de dois amigos de João Frade, o João Paulo Nunes e o Paulo Machado, para irem para estúdio. “É um reggae com influência de todos aqueles que passaram pelo projeto, mas sem sotaque”, explica, com um sorriso.

Questionado se houve um momento a partir do qual tocar os temas dos outros deixou de lhe dar gozo quando tinha o seu próprio material na gaveta à espera de ver a luz do dia, Ben garante que todas as fases são importantes no crescimento dos artistas. “Tinha o exemplo de músicos consagrados, com histórias fantásticas de vida, capacidades criativas inimagináveis, e tudo

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isso é inspirador. Almejar chegar aos pés desses nomes é também uma forma de lhes prestar respeito e homenagem e as covers que toco são as músicas que ouço em casa, não faço fretes só por achar que o público vai gostar mais desta ou daquela canção”, sublinha o albufeirense, concordando que o reggae não é dos estilos mais «vendáveis» em Portugal, ao contrário do pop/rock e do fado, já para não ir pelo caminho do «pimba». “O nosso intuito era cada um trazer a sua influência e cor para as músicas e os convidados fizeram isso de uma forma brilhante. Nunca houve essa preocupação estética ou formal que existe no pop/rock de seguir fórmulas que ajudam os temas a resultar melhor, ou padrões que facilitam a sua passagem nas rádios e televisões”, destaca. Reggae que, de acordo com Ben, é uma maneira descontraída de se falar de coisas muito sérias e a verdade é que, tantos anos após o falecimento de um dos seus principais intérpretes, Bob Marley, o mundo sofre dos mesmos problemas e desigualdades, daí entender que este estilo musical continua a ter o seu espaço e importância. “Temos boas referências em Portugal. O primeiro álbum dos «Kussundolola» é bastante interessante e obedece às regras formais do reggae, mas existem igualmente os «Souls of Fire», os «Terracota», o «Xibata», que faz uma fusão com o hip-hop moderno numa linguagem portuguesa. Claro que a máquina

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promocional é determinante, mas a movida existe, só que não de grandes massas”, observa o compositor e cantor. Só que, em Portugal, para além da reduzida dimensão do mercado, há ainda o problema do rótulo a ultrapassar, com muitas pessoas a associarem o reggae aos praticantes de surf e skate, à malta irreverente de longas rastas no cabelo, que vive a vida um dia de cada vez, sem grandes preocupações, mas Bernardo salienta que mentalidades conservadoras e limitadas encontram-se em todos os países e setores da sociedade. “Da nossa parte não nos podemos queixar, até fizemos diversos concertos em casinos e hotéis de cinco estrelas, locais frequentados por pessoas com vidas privilegiadas e onde o reggae de intervenção não seria muito esperado. Mas nós tentamos chamar a atenção para as assimetrias que existem no mundo e a receção tem sido positiva”, garante. Pior é depois comercializar um disco, não gravar, que essa parte tornou-se relativamente fácil nos tempos modernos, desde que haja dinheiro para cobrir as despesas com estúdios e produtores. Sobre este assunto, o álbum de estreia de Ben & The Pirates foi gravado nos estúdios JPN, em Faro, misturado em Estocolmo, na Suécia, e masterizado em Lisboa, com uma grande empatia a nascer entre todos os intervenientes. “Fomos gravando devagarinho porque os recursos não abundavam, íamos pagando as despesas com os rendimentos das atuações ao vivo. Ficou finalizado em dezembro do ano passado, mas depois tivemos que reunir as verbas necessárias para a componente gráfica e para a prensagem do CD. A edição física só tivemos nas mãos em maio, meteram-se os espetáculos de Verão pelo meio e agora vamos retomar a parte da promoção, gravar videoclips e por aí adiante”, descreve o entrevistado.

Passos dados sempre sabendo que os CD’s iriam funcionar mais como cartão-de-visita, como meio promocional do projeto, já que pouco dinheiro advém das vendas. “É uma realidade que a globalização e digitalização tornou mais fácil a produção dos discos e os custos baixaram, mas as vendas também reduziram drasticamente. Os amigos e colecionadores é que fazem questão de comprar o CD, o grosso do dinheiro provém das vendas online e dos direitos de autor e, acima de tudo, das atuações ao vivo”, confirma, reconhecendo que as editoras só investem quando há boas probabilidades de terem retorno. “Outra realidade atual é que é o marketing que dita o que o mercado vai ouvir a seguir, a esmagadora maioria da música consumida vem do estrangeiro e cada vez os temas exigem menores conhecimentos culturais para serem ouvidos. Os refrões que prendem a atenção das pessoas são cada vez mais curtos, as próprias músicas tornam-se mais pequenas e não há espaço para transmitir grandes mensagens através das letras”, lamenta. Ora, face a este panorama, Bernardo Carneiro dificilmente abdicará da profissão de dentista, muito embora o conceito de «Pirata» também passe por perder tempo apenas com o que se gosta de fazer. “Mas a medicina dentária para mim não é um trabalho, é algo que eu aprecio efetivamente de fazer no dia-a-dia. Gosto de ter flexibilidade e opções e, para já, vou conciliando as duas facetas, mas o sonho seria dedicar mais tempo à música e para escrever temas para outros artistas”, confessa. Já sobre o próximo disco, é cedo para prognósticos, porque «Be Water» ainda tem muito para explorar. “Queremos gravar o concerto em vídeo, fazer mais apresentações do disco e ir lançando alguns temas originais que já fomos criando. No final de 2016 possivelmente lançaremos um EP com duas ou três músicas e, em 2017, o álbum na íntegra” .

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ATUALIDADE ANTÓNIO MIGUEL PINA FEZ BALANÇO DE DOIS ANOS À FRENTE DOS DESTINOS DE OLHÃO significativos nos orçamentos do Festival do Marisco, das Festas da Cidade e das Marchas Populares”, revelou António Miguel Pina, cortes nos gastos que se estenderam às próprias chefias através da reestruturação do organigrama da Câmara Municipal. António Miguel Pina esclareceu, contudo, que três áreas prioritárias escaparam a estes cortes – a educação, a juventude/desporto e a ação social. No primeiro campo, o edil lembrou o programa de atribuição de livros e manuais escolares a todos os alunos do 1.º ciclo, num investimento superior a 100 mil euros/ano, a que se somaram mais 97 mil euros anuais em apoios à alimentação, transporte, material escolar e passes escolares. O pré-escolar também não foi esquecido e foram introduzidas aulas de Psicomotricidade, a Hora do Canto, aulas de natação, visitas ao Museu e à Ecoteca, para além de campos de férias no Natal, Páscoa e Verão. “E abrimos duas novas salas de ensino pré-escolar e efetuamos um reforço na oferta da alimentação aos alunos carenciados durante as pausas letivas. Oferecemos lanches a todos os alunos e comparticipamos na aquisição de material escolar dos mais carenciados”, sublinhou o autarca olhanense.

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or ocasião do completar de dois anos como Presidente da Câmara Municipal de Olhão, António Miguel Pina e restantes membros do executivo camarário promoveram um jantar informal com elementos da comunicação social, no dia 19 de novembro, no Real Marina Hotel & SPA, para dar conta do trabalho já realizado e dos objetivos definidos para os dois próximos anos. Logo em início de conversa, o edil olhanense destacou que, no universo da câmara e das empresas municipais, foi alcançada uma redução efetiva da dívida em mais de sete milhões de euros, ao mesmo tempo que cerca de um milhão de euros foram devolvidos aos cidadãos por via da redução do IMI cobrado pela autarquia. “A redução da despesa corrente foi uma prioridade deste executivo e conseguimos diminuir os custos com funcionários em 200 mil euros e cortámos 190 mil euros nos eventos, nomeadamente com o desaparecimento da FARM e de parte da animação de Verão e com cortes

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A Ação Social foi outras das prioridades do atual executivo camarário e, desse modo, mantiveram-se os protocolos com as várias associações e instituições do concelho, a Ambiolhão ofereceu um tarifário social a famílias numerosas e necessitadas, foram celebrados 112 acordos de rendimento social de inserção, que abrangeram 268 munícipes e atribuíram-se mais de 25 mil euros em bolsas de estudo aos estudantes universitários. E também a Habitação Social foi alvo de uma atenção especial, com a criação de dois regulamentos para a atribuição de casa e apoio à renda e reparações e obras de manutenção em cerca de 60 habitações, num total de 800 habitações sociais na posse da autarquia. António Miguel Pina não esqueceu, igualmente, o Programa Cuidar, através do qual foram realizadas mais de 120 operações e 2700 consultas a munícipes com problemas de visão. O desporto tem estado em destaque em Olhão com diversos programas e iniciativas para cidadãos de todas as faixas etárias e, na vertente cultural, com a 42


redução das verbas disponíveis para contratação de espetáculos externos, verificou-se um aumento exponencial da produção da prata da casa. “Nota de realce para a gestão dos espaços verdes, onde os quadros da câmara municipal eram manifestamente insuficientes para dar conta do recado, daí termos efetuado a transferência dessa competência para as Juntas de Freguesia, num total de mais de 540 mil euros. Sobre as tão mediáticas descargas de afluentes na Ria Formosa, deve-se à condução indevida de águas residuais para os coletores pluviais, sem origem conhecida, e descarga para o meio hídrico. O problema está identificado, os nossos técnicos andam no terreno para identificar as origens, mas é uma verdadeira questão de procurar agulhas em vários palheiros”, sublinhou António Miguel Pina. Olhando para as obras concretizadas, estes dois anos de mandato marcaram o arranque da construção do Skate Park, obras de requalificação da passagem desnivelada de Olhão, a instalação de ar condicionado na Escola de Moncarapacho, a requalificação do espaço público na Quinta das Âncoras, a requalificação do Circuito de Manutenção dos Pinheiros de Marim, a aquisição de dois autocarros, a repavimentação de estradas e a renovação do relvado sintético do Estádio Municipal. Em elaboração estão os projetos para a requalificação dos polidesportivos da Cavalinha e Associação 18 de Maio, da requalificação da Avenida d. João VI, bem como dos Jardins Patrão Joaquim Lopes e Pescador Olhanense, o projeto dum canil/gatil intermunicipal, o futuro Campo de Atletismo de Pechão, entre outros. Mas há projetos já concretos para os próximos dois anos, com destaque para a continuidade da repavimentação nas freguesias de Moncarapacho/Fuzeta e Pechão, a renovação dos Parques Infantis, a criação de circuitos pedestres e de BTT, o aumento da Eco-Via Olhão/Faro, a conclusão do percurso Olhão/Fuzeta junto à Ria Formosa, um programa de intervenção nos Bairros e Requalificação dos Espaços Públicos, a construção de um novo campo de futebol de 11 em relva sintética, de um Centro de Criação Artística, de um Museu Interativo sobre Olhão, o Mar e a Ria Formosa, a requalificação da Zona Ribeirinha/Abalo e a reestruturação das empresas municipais, entre outras. “Para além disso, queremos um PDM que seja claro e objetivo, por forma a tornar-se transparente, que seja flexível para facilitar a captação de investimento e que redistribua, a favor da comunidade, de forma mais equilibrada as mais-valias da transformação do uso

do solo. Queremos igualmente Planos de Pormenor para o Centro Histórico e para o Parque da Cidade”, adiantou António Miguel Pina. E como para tudo isto são necessárias receitas, o executivo camarário aposta forte na promoção da empregabilidade em três setores nucleares: turismo, pescas/aquacultura e agricultura. “Pretendemos aproveitar ao máximo as potencialidades do turismo de natureza, do sol e praia, definir e qualificar roteiros, qualificar a oferta de praias no concelho e a sua acessibilidade. Por exemplo, queremos criar uma praia urbana em frente a este hotel de cinco estrelas e reabilitar as praias do Pedro Zé e dos Cavacos. A par disso, requalificar a frente ribeirinha de Olhão e duplicarmos os postos de armação da Marina”,

referiu António Miguel Pina. No que diz respeito às pescas, a ideia passa por maximizar o valor da venda destes produtos e criar também condições para potencializar ainda mais a aquacultura. Finalmente, na agricultura, o edil lembra que o concelho tem crescido neste setor devido às condições climatéricas e características dos solos que permitem a produção de floricultura, frutos vermelhos e frutos exóticos. A concluir a conversa informal com a comunicação social, António Miguel Pina deixou bem claro que Olhão o executivo camarário deseja ter no futuro. “Um concelho com mais emprego; com educação de qualidade, a par de um projeto social/juventude; um concelho onde seja dada aos jovens e menos jovens a possibilidade de praticarem desporto gratuitamente, ou com baixo custo; um concelho onde os jovens e menos jovens possam ocupar os seus tempos livres na dança, no teatro, na música; onde as novas famílias possam adquirir ou arrendas casas baratas; e onde o grau de Bem-Estar e Felicidade seja maior” , 43

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ALBUFEIRA ORGANIZOU O MAIOR ENAJ DE SEMPRE 13.º ENAJ se realizou em Évora, partiu de Albufeira o desafio de trazer o Encontro mais para sul. Com uma previsão de mais de um milhar de jovens, tudo foi sendo preparado por uma equipa constituída por elementos da Câmara Municipal de Albufeira e da FNAJ. “Este é um investimento no futuro, porque o ENAJ é um momento único na vida destes dirigentes associativos e Albufeira quer estar presente nesses momentos”, considera o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, Carlos Silva e Sousa. “Estas associações acolhem muitos daqueles que serão os líderes de amanhã nas suas comunidades e regiões e, portanto, toda a partilha que possamos fomentar com jovens locais e toda a promoção que possamos fazer do nosso concelho é extremamente positiva”, reforçou.

14ª edição, o Encontro Nacional de Associações Juvenis (ENAJ) chegou a Albufeira, reunindo associações de todo o país ligadas à juventude. O Pavilhão Desportivo da cidade foi transformado num mega auditório que acolheu os mais de 1100 participantes, que fizeram deste o maior Encontro de sempre. Os jovens refletiram e discutiram temas prementes da atualidade, participaram em diversas mostras e workshops, e tiveram ainda tempo para conhecer a cidade.

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O edil destaca esta política de aposta em eventos virados para a juventude, como são as Festas do Basquetebol ou os Campeonatos Nacionais do Desporto Escolar que também foram realizados este ano em Albufeira. Quanto

Um pouco por todo o país, o Encontro Nacional de Associações Juvenis foi sendo divulgado pelas Associações que fazem parte da FNAJ – Federação Nacional de Associações Juvenis. A data foi alterada por diversas vezes, tendo também em conta a situação política vivida no país, até que o fim de semana de 13 a 15 de novembro acabou por ser o escolhido. Em 2014, quando o

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ao ENAJ, foram dias de muito trabalho e interação, com excelentes painéis que contaram com diversas figuras de relevo. Um dos pontos altos foi a intervenção de Luís Marques Mendes, ex-líder do PSD e atual comentador da SIC, que veio falar sobre o futuro das políticas de Juventude. O Festival Associativo, com atuações de diversas associações participantes, foi também um dos momentos mais vibrantes, assim como o Intercâmbio Regional de Saberes e Sabores. Quem também teve possibilidade de falar sobre o tema foi Carlos Silva e Sousa que integrou um dos painéis, a par de outros autarcas de Portugal e de Espanha, num momento de partilha de visões acerca das políticas de juventude. Mas o ENAJ não se fechou em exclusivo nas paredes do Pavilhão Desportivo. O Programa incluiu ainda diversas iniciativas de contato com a cidade,

nomeadamente através de roteiros gastronómicos e de animação noturna. “Quisemos também que o Encontro tivesse uma presença forte na cidade e por isso mesmo, trabalhámos com as empresas locais no apoio ao evento”, frisou Carlos Silva e Sousa. “Estamos muito focados em procurar formas muito objetivas de dinamizarmos o concelho fora da época balnear”, adiantou ainda e o resultado não poderia ser melhor pois, com mais de 1100 participantes diretos, este foi o maior ENAJ de sempre .

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ALBUFEIRA VOLTA A INVESTIR NO DESPORTO

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a passada sextafeira, 13 de novembro, a Câmara de Municipal de Albufeira celebrou ContratosPrograma de Desenvolvimento Desportivo com cinco clubes do concelho, no valor de 40 mil Euros. Nesta segunda fase de parcerias, os clubes apoiados foram o Imortal Basket Clube, Atlético Clube de Albufeira, Clube Desportivo e Cultural de Albufeira, Academia Desportiva e Cultural Praia da Falésia e Karaté Clube de Albufeira. No total, são mais de 800 atletas praticantes de uma dezena de modalidades, entre basquetebol, atletismo, karaté, andebol, ténis ou voleibol. Os protocolos visam o apoio financeiro no âmbito do desenvolvimento da prática desportiva, com o objetivo de proporcionar o acesso à formação e a ocupação dos tempos livres, fomentando estilos de vida saudáveis. “Estes Contratos-Programa fazem parte de um total de 11 que assinámos durante esta época

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desportiva e que se destinam a apoiar cerca de 2300 atletas dos nossos clubes e associações”, destaca Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara Municipal de Albufeira. No conjunto, a autarquia investiu 115 mil Euros, um esforço significativo que evidencia claramente as prioridades do projeto autárquico em curso. “Para além do apoio financeiro, concedemos apoio logístico, promocional, disponibilização de transporte e de combustível, cedência gratuita de instalações para a realização de treinos e jogos”, afirma o edil, que reconhece o esforço de todos os clubes e associações pelo trabalho que desenvolvem, referindo que não há futuro em nenhuma modalidade que não passe pela formação desportiva .

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ALCOUTIM É O MUNICÍPIO PORTUGUÊS MELHOR PAGADOR

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a passada sexta-feira, 13 de novembro, a Câmara de Municipal de Albufeira celebrou ContratosPrograma de Desenvolvimento Desportivo com cinco clubes do concelho, no valor de 40 mil Euros. Nesta segunda fase de parcerias, os clubes apoiados foram o Imortal Basket Clube, Atlético Clube de Albufeira, Clube Desportivo e Cultural de Albufeira, Academia Desportiva e Cultural Praia da Falésia e Karaté Clube de Albufeira. No total, são mais de 800 atletas praticantes de uma dezena de modalidades, entre basquetebol, atletismo, karaté, andebol, ténis ou voleibol. Os protocolos visam o apoio financeiro no âmbito do desenvolvimento da prática desportiva, com o objetivo de proporcionar o acesso à formação e a ocupação dos tempos livres, fomentando estilos de vida saudáveis.

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“Estes Contratos-Programa fazem parte de um total de 11 que assinámos durante esta época desportiva e que se destinam a apoiar cerca de 2300 atletas dos nossos clubes e associações”, destaca Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara Municipal de Albufeira. No conjunto, a autarquia investiu 115 mil Euros, um esforço significativo que evidencia claramente as prioridades do projeto autárquico em curso. “Para além do apoio financeiro, concedemos apoio logístico, promocional, disponibilização de transporte e de combustível, cedência gratuita de instalações para a realização de treinos e jogos”, afirma o edil, que reconhece o esforço de todos os clubes e associações pelo trabalho que desenvolvem, referindo que não há futuro em nenhuma modalidade que não passe pela formação desportiva .

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LAGOS HOMENAGEOU MEMÓRIA DO INFANTE D. HENRIQUE como representante da Marinha Portuguesa, e que se associou mais uma vez mais à celebração desta efeméride. Vários foram os convidados que também estiveram presentes neste tributo que decorreu junto à estátua do Navegador. Igualmente presentes estiveram alunos dos 4.º e 9.º anos, que participaram em diversas atividades didáticas.

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onsiderando a importância e a relevância histórica do grande navegador Infante D. Henrique na história de Portugal, em particular na Fase Henriquina dos Descobrimentos Portugueses (1415-1460), bem como a sua ligação a Lagos, a autarquia lacobrigense voltou a organizar um programa relembrando os 555 anos sobre a sua morte, que pretendeu não apenas valorizar a vida e obra de D. Henrique, enquadrando-o historicamente e no contexto social, político e religioso, mas igualmente dar destaque aos vários aspetos do património material existente em Lagos ou com alguma relação a esse período do séc. XV. A cerimónia protocolar contou com a participação de uma Secção de Fuzileiros da Marinha Portuguesa, e com a presença do Capitão-de-Mar-e-Guerra Paulo Manuel José Isabel, Comandante da Zona Marítima do Sul,

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Depois de prestada a homenagem à memória do Infante, com a deposição de uma coroa de flores, usou da palavra o Capitão do Porto de Lagos, Comandante Pedro Miguel Carvalho Pinto. “O Infante é uma figura que devemos ter sempre como referência, sendo que a melhor homenagem que lhe podemos fazer é seguir o seu exemplo de empreendedorismo”, considerou. “O nosso futuro está indiscutivelmente ligado ao mar e esta ligação pode contribuir, de forma decisiva para o desenvolvimento e promoção da cidade de Lagos, assim a saibamos manter”, acrescentou. Por seu turno, a Presidente da Câmara Municipal de Lagos, Maria Joaquina Matos, recordou que foi a figura ímpar do Infante D. Henrique que sonhou e projetou a era dos Descobrimentos Portugueses que transformaram Portugal num grande império. “É obrigação dos lacobrigenses prestar anualmente esta homenagem a alguém que tanto trouxe a Lagos, e ao mundo”, frisou a edil. O programa das comemorações contou ainda com uma visita guiada aos vestígios do Património Quatrocentista da Cidade de Lagos «Viagem ao Tempo do Infante D. Henrique» - e uma Conferência subordinada ao tema «O Infante D. Henrique e os Descobrimentos», que decorreu no Salão Nobre dos Antigos Paços do Concelho, e que encerrou o Ciclo de Conferências «600 anos da Tomada de Ceuta», que a autarquia promoveu desde o início do ano. O dia terminou com uma visita guiada ao Centro Ciência Viva de Lagos . 50


TRIATLO INTERNACIONAL E MEIA MARATONA DO ALGARVE PROMOVEM TURISMO DE VILAMOURA de várias gerações em prol do desporto. A partida do Triatlo está agendada para as 8h, tratando-se de uma prova internacional, de cariz anual, onde os atletas irão nadar 1,9 quilómetros, percorrer 90 quilómetros de bicicleta relativamente exigentes e correr durante 21 quilómetros com um acumulado de desnível baixo, possibilitando um percurso bastante rápido onde podem ser alcançadas performances de excelência.

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o próximo dia 29 de novembro, o Concelho de Loulé, em particular Vilamoura, será o palco de duas provas que aliam a atividade desportiva à promoção de um dos mais importantes polos do turismo europeu. Os eventos foram apresentados esta manhã no Museu do Cerro da Vila, em Vilamoura, com a presença de Hugo Nunes, vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé, Lara Ramos, presidente da Associação de Atletismo do Algarve, o representante da Vilamoura World, Scott Bennet, e o presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, Telmo Pinto. Os eventos serão apadrinhados pelos campeões olímpicos portugueses Rosa Mota e Carlos Lopes e pretende-se que, futuramente, integrem os eventos-âncora da região que contribuem para a promoção internacional do Algarve. A Câmara Municipal de Loulé, em parceria com a Associação de Atletismo do Algarve e Federação de Triatlo de Portugal, lança a primeira iniciativa em 2015, num ano que constitui um marco histórico para o Concelho pelo facto de ser «Cidade Europeia do Desporto 2015», premiando todo o empenho desportivo

A prova de natação terá lugar na praia em frente da Alameda da Praia da Marina, num percurso com duas voltas com uma distância de 1900 metros. Relativamente ao ciclismo, os participantes irão passar por localidades do barrocal e serra: Vale Judeu, Boliqueime, Parragil, Ribeira de Algibre, Alto Fica, Benafim, Salir e Tôr. Na prova de atletismo, os participantes farão a transição na Alameda da Praia da Marina em direção a Quarteira, passando no «Passeio das Dunas», Rua da Armação, Largo das Cortes Reais, Avenida Infante de Sagres e Calçadão. Quanto à Meia Maratona, que arranca às 10h, constitui-se como uma prova internacional, de cariz anual, com um acumulado de desnível baixo, possibilitando uma prova rápida onde podem ser batidos records nacionais e internacionais da distância (21 quilómetros). Terá também lugar a Mini Maratona (11 quilómetros) e a Marcha (seis quilómetros). Nesta primeira edição são esperados cerca de duas centenas de atletas de países como Espanha, Holanda, Reino Unido, Suíça ou Bélgica mas, nos próximos dois anos, prevê-se que sejam perto de mil os participantes .

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DELEGADOS REGIONAIS DE EDUCAÇÃO DEBATERAM POTENCIAIS PARCERIAS EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL bem-estar da comunidade escolar e, em particular dos alunos, bem como o profícuo trabalho de parceria desenvolvido com o Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas.

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Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares - DGEste realizou, no dia 18 de novembro, a 2ª visita de trabalho ao Algarve e São Brás de Alportel foi o concelho anfitrião. O encontro contou com a presença do Diretor Geral e da Subdiretora Geral da DGEste, dos delegados regionais da educação de todo o país, diretores de agrupamentos escolares da região e representantes das autarquias locais. O dia começou com uma reunião de trabalho interna, à qual se seguiu uma visita cultural pelo concelho, onde se incluiu uma visita guiada a alguns equipamentos educativos Parque Escolar de São Brás de Alportel. Na ocasião foi possível evidenciar as distintas intervenções realizadas pela autarquia no sentido de promover à melhoria das condições de ensino, de conforto e

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A Câmara Municipal de São Brás de Alportel foi palco do momento final desta visita de trabalho com uma sessão que teve lugar no Salão Nobre dedicada ao tema «DGEste/Escolas/Autarquias – Estabelecer Parcerias – Criar Sinergias», para proporcionar uma reflexão conjunta sobre a relação entre autarquias, escolas e direções regionais, com o intuito de incentivar o desenvolvimento de parcerias e potenciar sinergias num trabalho conjunto entre todos os parceiros no processo educativo. A Educação tem sido uma área prioritária de investimento para a autarquia são-brasense, enquanto “setor elementar para a garantia de uma sociedade saudável e feliz, através de um trabalho contínuo e perseverante na senda de um futuro melhor para os nossos jovens mas, acima de tudo, para formar cidadãos conscientes, informados e sensibilizados para o mundo atual”, declarou o edil são-brasense, Vítor Guerreiro, satisfeito pelo acolhimento desta iniciativa da DGEste em São Brás de Alportel .

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