ALGARVE INFORMATIVO #21

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TRAIL RUNNING A PAIXÃO DE CORRER EM COMUNHÃO COM A NATUREZA

Q ESPAÇO CULTURAL: UM CASO DE SUCESSO COM FIM À VISTA

FARO RECEBEU MAIS UM MANGA & COMIC EVENT 1

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SUMÁRIO

MANGA E COMIC EVENT

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TRAIL RUNNING

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ALGARVE INFORMATIVO #21 PRODUZIDO POR DANIEL PINA (DANIELPINA@SAPO.PT); FOTO DE CAPA: MIRO CERQUEIRA CONTATOS: ALGARVEINFORMATIVO@SAPO.PT / 919 266 930 AS NOTÍCIAS QUE MARCAM O ALGARVE EM ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PT TAMBÉM DISPONÍVEL ATRAVÉS DO ISSUU E DROPBOX ALGARVE INFORMATIVO #21

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OPINIÃO

HÁ 600 ANOS ÉRAMOS OS MAIORES!

DANIEL PINA Jornalista

(…) Com um bocadinho de boa vontade, desconfio que até éramos capazes de ser autosuficientes na maior parte das nossas necessidades alimentares, mas depois ficavam os nossos vizinhos europeus desagradados, por isso, é melhor deitar os produtos para o lixo ou para as ribeiras e deixar os barcos em terra a maior parte do ano, para não arranjar chatices com os nossos camaradas europeus (…)

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ostuma-se dizer que no meio é que está a virtude mas eu cá sou da opinião que no Algarve, em agosto, nas pontas é que se está bem e bastou uma viagem até Vila do Bispo para comprovar esse meu pensamento. Depois de meia hora em velocidade moderada pela Via do Infante até Lagos, onde, infelizmente, a A22 termina, seguiuse mais outra meia hora até chegar-se à sede deste concelho da Costa Vicentina. Uma meia hora que serviu para espairecer as ideias, sem arranha-céusComemorou-se esta semana os 600 anos do que se pode considerar o início dos Descobrimentos, quanto o Portugal de D. João I decidiu conquistar, a 21 de agosto de 1415, a cidade portuária de Ceuta, no Magrebe. Foi o pontapé de saída para um século de expansão através dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico em que praticamente dominamos o mundo, em termos económicos, políticos e militares. Dobramos o Cabo da Boa Esperança, descobrimos o caminho marítimo para a Índia, chegamos antes que todos os outros ao Brasil. Ombreávamos lado a lado com os espanhóis e até dividimos o planeta, que na altura ainda não era redondo, mas plano, com nuestros hermanos no Tratado de Tordesilhas. E tudo a partir do Algarve, de Sagres. Depois lá vieram os ingleses, os franceses, os holandeses e alemães, com palmadinhas nas costas ou palavras traiçoeiras segredadas ao ouvido, e lá fomos caindo, caindo e caindo. 600 anos depois somos, infelizmente, uns «mija na escada», não em termos individuais, porque continuamos a ter excelentes valores nas mais diversas áreas, mas como uma nação, subordinados aos dizeres da União Europeia, do Eurogrupo, da chanceler alemã. Trocámos a nossa moeda pela dos outros e agora dependemos do dinheiro que esses outros nos vão dando, seja de forma direta através do Banco Central Europeu, ou de forma indireta através de leilões de dívida pública e empréstimos obrigacionistas. Somos obrigados a receber refugiados de outros países quando nem sequer temos condições para garantir uma vida digna aos que cá nasceram. Não podemos plantar o que nos apetece nos nossos solos porque convém à União Europeia que continuemos a comprar produtos agrícolas aos nossos parceiros europeus. Da mesma forma que não podemos pescar o que nos apetece nos nossos mares para continuarmos a comprar peixe aos nossos amigos europeus.

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Com um bocadinho de boa vontade, desconfio que até éramos capazes de ser autosuficientes na maior parte das nossas necessidades alimentares, mas depois ficavam os nossos vizinhos europeus desagradados, por isso, é melhor deitar os produtos para o lixo ou para as ribeiras e deixar os barcos em terra a maior parte do ano, para não arranjar chatices com os nossos camaradas europeus. Neste cenário de dependência de quase tudo em relação à União Europeia, não admira que estejam tanto na moda as festas, festivais e dias medievais que proliferam um pouco por todo o país, uns melhor organizados do que outros, embora me pareça a mim que os figurantes são sempre os mesmos. É o típico saudosismo lusitano levado ao extremo, ao tempo em que éramos, de facto, os maiores. E, bem vistas as coisas, a única coisa que mudou verdadeiramente foi para que lado pende a balança do poder. Continua a haver a nobreza, os barões, condes, duques e marqueses, agora presidentes de juntas de freguesia, câmaras municipais, deputados e ministros. Continua a haver o clero, embora sem tanto poder como antigamente. Continua a haver a burguesia endinheirada a quem os nobres recorriam frequentemente para bancar as suas campanhas militares, agora os grandes grupos económicos e os tais credores internacionais, que continuam a enriquecer à custa dos outros. Outros que são, claro está, os vassalos, os camponeses, o simples povo, traduzindo, a maioria dos portugueses. Reis também continuam a haver neste ou naquele país, agora com pouco ou nenhum poder, assim como alguns Presidentes da República, porque quem manda realmente é a União Europeia, as Merkels, Putins e Obamas dos tempos modernos, os G8 ou G7 (dependendo de como estiverem as relações com a Rússia) e os Eurogrupos e afins. Na hora da verdade, somos como os colossos do futebol que antigamente ganhavam a Taça dos Campeões Europeus ou a Taça UEFA e depois acabaram por ser despromovidos para os distritais, porque não souberam aproveitar o dinheiro que tinham, porque cometeram graves erros de gestão, porque confiaram nas boas intenções dos próprios vizinhos, que depressa jogaram mão ao que eles tinham de interesse e deixaram-nos apenas com as dívidas para pagar. Mas, como dizem os tripeiros, há 600 anos éramos os maiores, carago! Enfim… como se isso nos servisse para alguma coisa… . 6


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REPORTAGEM

IV MANGA & COMIC EVENT ATRAIU GEEKS DE TODA A PENÍNSULA IBÉRICA

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Há colecionadores de selos, postais, isqueiros, chávenas de café, copos e mil e uma coisas. Há até colecionadores de barbies, homens e mulheres de todas as idades adeptas da boneca mais famoso de todos os tempos. Depois, há os apaixonados pela cultura japonesa, os fãs dos heróis da manga e anime, que cresceram a ver estas séries de televisão e a ler estas bandas desenhadas, que gostam de colecionar as personagens, filmes, livros, jogos, pins e cartazes. Mas estes, sabe-se lá porquê, já não são colecionadores normais, chamam-nos «geeks». É verdade que alguns levam esta paixão mais a sério e são praticantes de Cosplay, ou seja, trajam-se a rigor e encarnam as suas personagens preferidas em eventos especiais. Mas não é por isso que são mais «esquisitos» que os tradicionais colecionadores, como verificamos, ao vivo, no IV Manga & Comic Event que aconteceu, nos dias 22 e 23 de agosto, em Faro. TEXTO E FOTOGRAFIA: DANIEL PINA

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inda as portas do Instituto Português do Desporto e da Juventude, junto à Alameda João de Deus, em Faro, não tinham aberto e já algumas centenas de jovens, e menos jovens, aguardavam com entusiasmo o arranque do 4.º Manga & Comic Event, evento multicultural sobre bandadesenhada, animação, filmes, cosplay e jogos, organizado pela Associação Núcleo de Geeks do Algarve no fim de semana de 22 e 23 de agosto. E se era fácil encontrar na fila adeptos da cultura japonesa de todas as idades, também depressa se percebeu que não eram apenas portugueses, mas também imensos espanhóis e muitos turistas de outras nacionalidades que, por acaso, estavam de férias na região no pico do Verão.

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Logo no hall de entrada do IPDJ encontravam-se várias bancas a vender estes preciosos artefactos, figurinhas, livros de banda desenhada, dvd’s com as séries, jogos de computador, fantasias e imensos adereços, o mesmo acontecendo no espaço normalmente reservado às exposições e na biblioteca. O auditório do IPDJ e as salas do primeiro piso tinham o horário totalmente preenchido com painéis sobre diversos temas e workshops de fotografias de figuras, props, decoden, estilização de perucas, game maker, yukata, gunpla, feltro, speed dating, dungeons & dragons, unity games, peluches, shibari, washi tape, amigurumi, cross play, fotografia alternativa e muito mais. A esplanada era local de convívio e de um animado concurso de karaoke com os temas das séries e jogos preferidos de manga e anime. Percorrendo alguns metros, entrando na Biblioteca Municipal de Faro, notavam-se igualmente os jogos de tabuleiro dos tempos modernos e muitos jogadores de magic the gathering. No auditório da biblioteca, a agitação era intensa no espaço reservado para os videojogos, desde os êxitos de outras décadas aos mais atuais Role Playing Games online, com direito a ecrã gigante para toda a gente assistir ao desenrolar da ação. Dividida entre mil e uma tarefas lá andava Jennifer Guerreiro, presidente da Associação Núcleo de Geeks do Algarve, que surgiu na sequência do êxito do 1.º Manga & Comic Event, em 2012 e porque havia a necessidade de se criar uma estrutura formal para ter acesso a apoios das autarquias e de outras entidades. “Um grupo informal muito dificilmente conseguiria reunir ajudas para organizar um evento desta dimensão e, com o aparecimento de mais pessoas interessadas em participar, foram-se criando outros grupos de trabalho dentro da associação para dinamizar atividades ao longo de todo o ano”, explica a licenciada em Artes Visuais e estilista de 29 anos. O gosto pela cultura japonesa apareceu quando ainda vivia em França, mas foi só a partir dos 14 10


REPORTAGEM anos, quando já se tinha mudado para o Algarve, que começou a colecionar revistas de manga. De forma natural começou a desenhar estas personagens e, quando frequentou a Universidade do Algarve, criou o seu próprio estilo, muito diferente do Dragon Ball e Saylor Moon que passavam nos canais abertos da televisão portuguesa quando era criança. “O anime tem a vantagem de possuir imensas variedades e para diferentes faixas etárias, do terror à comédia. No Japão, o anime é como as telenovelas para os portugueses, as personagens são muito expressivas e aprende-se bastante com aquelas histórias”, descreve a dirigente, que ensinou a irmã mais nova a desenhar, estando esta agora a trabalhar em França em animação a três dimensões. O Manga & Comic Event surgiu, entretanto, para divulgar mais este género de banda desenhada e animação na região algarvia, seguindo as pisadas de outros semelhantes que eram organizados em Lisboa, Porto e na vizinha Espanha. “Os jovens não falavam entre si sobre isso, ninguém sabia se gostavas de manga e anime, se fazias coleção de coisas de Star Wars, parecia uma cena underground, alternativa. Com o evento descobriu-se que, afinal, havia imensa gente com os mesmos gostos”, conta Jennifer Guerreiro, indicando que comprar revistas, livros, filmes ou adereços de manga e anime continua a ser difícil no Algarve.

Jennifer Guerreiro, presidente da Associação Núcleo de Geeks do Algarve

A presidente da Associação Núcleo de Geeks do Algarve reconhece, porém, que só os fãs mais fervorosos e aventureiros é que aderem depois ao Cosplay, ao vestir a roupa, maquilhar-se, colocar uma peruca, imitar as poses das suas personagens prediletas. “Tu sais à rua com o fato, dizem logo que vais para o Carnaval e há muitas pessoas que se sentem intimidadas com esses comentários. Fazer Cosplay é também querer encarnar uma personagem na pele, não é a mesma coisa que vestir uma fantasia no Carnaval”, diferencia a entrevistada, adiantando que há diversos concursos internacionais de Cosplay com prémios monetários aliciantes e viagens ao Japão, onde tudo nasceu. Um mundo que se tornou mais conhecido em Portugal com a Comic Con e a IberAnime e, de repente, estes eventos ficaram na moda em Lisboa, onde acontecem com uma regularidade mensal, apesar dos fatos continuarem a ser 11

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difíceis de encontrar. “Muitos fazem os fatos eles próprios, outros mandam vir através da internet e eu também faço alguns”, aponta Jennifer Guerreiro, revelando que, em fantasias com mais pormenores, há quem se dedique apenas a produzir armaduras ou asas, por exemplo. “Quem pretende participar num concurso internacional precisa de um Cosplay perfeito e há coreografias para treinar, porque a atuação tem que ser feita com base num filme, anime ou jogo”, adianta. Quanto ao evento em si, a dirigente assume que dura praticamente um ano para se organizar, entre solicitar um espaço à câmara municipal, contatar lojistas de Lisboa, preparar um leque atrativo e diversificado de workshops e painéis e arranjar voluntários para que tudo funcione no terreno. “É complicado cativar jovens para ajudar num evento quando não são pagos, mas há datas e horários para respeitar e uma grande logística para coordenar. Deixamos de dormir e de comer porque temos que trabalhar para

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pagar as nossas contas do dia-a-dia e, quando chegamos a casa, ainda estamos até às tantas horas da noite de volta dos preparativos para o evento”, confessa. “Os lojistas são relativamente fáceis de reunir, porque já é o quarto ano que organizamos o encontro e conhecem o nosso trabalho, é só uma questão de depois lhes arranjarmos local para ficar durante o fim de semana. Os workshops são ministrados por pessoas com formação naquelas áreas específicas, outros são autodidatas, mas temos que garantir que sabem daquilo que estão a falar”. Muitas dores de cabeça que só diminuem de intensidade quando o evento já vai a meio e em velocidade de cruzeiro, sendo de esperar perto de mil e 500 visitantes ao longo dos dois dias deste 4.º Manga & Comic Event e muitos deles do outro lado da fronteira, devido ao trabalho de promoção realizado em Espanha. “É o nosso principal evento e a forma de angariarmos fundos para as restantes atividades 12


REPORTAGEM desenvolvidas ao longo do ano na nossa sede. Também já somos contatados para organizar workshops de origami e costura, aliás, nem temos mão para tanta coisa”, frisa, sinal de que o «geek» está a perder a sua conotação negativa.

COSPLAY CADA VEZ COM MAIS ADEPTOS A ajudar na organização do evento estavam as irmãs Helena Mendes, estudante de 21 anos, e Andreia Mendes, fisioterapeuta de 32 anos, com a primeira a dizer que desde pequena que é fã da Saylor Moon e a segunda a confessar que acabou por ser contagiada pelo entusiasmo da irmã. “Aos poucos vão começando a surgir mais adeptos, nomeadamente em Lisboa e Porto. No Algarve somos poucos ainda”, referem, embora não tenham ficado surpreendidas pela longa fila de pessoas à espera para entrar. “Há uma grande promoção através do facebook e eu também andei a fazer alguma publicidade na Feira da Serra, de São Brás de Alportel, e na FNAC”, adianta Helena, enquanto Andreia reconhece que, a partir de uma certa idade, é mais difícil descobrir-se apaixonados pela manga e anime. “Não estão familiarizados com esta banda desenhada porque a entrada da cultura japonesa em Portugal é um fenómeno mais recente. Quem tem mais de 40 anos não via estes desenhos na televisão enquanto cresciam”, justifica a fisioterapeuta. Talvez por isso, a reação do público ao aparecimento destas personagens em espaços públicos seja de grande admiração, entende Helena. “Vêm logo perguntar o que andamos a fazer assim vestidas mas, aos pouquinhos, vão sabendo o que a associação faz. Roupas 13

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confecionadas ainda há à venda em poucos locais, umas são feitas pela Jennifer Guerreiro, outras compradas na internet. Os livros já se encontram na FNAC e na Bertrand, mas muitos preferem adquirir online porque o leque de escolha é bastante maior”, explica Helena. “Nota-se mais gente nos eventos de um ano para o outro, porque as pessoas ficam com curiosidade em saber do que isto se trata, mesmo aquelas que nunca ligaram à cultura japonesa”, aponta ainda Andreia. Atentas ao karaoke na esplanada estavam Bruna Gonçalves, 18 anos, e Luísa Simone, 18 anos, ambas naturais do Luxemburgo mas a residir em Portimão. Trajadas com um uniforme escolar de uma famosa série japonesa, respondem que consomem estas bandas desenhadas e séries há vários anos, desde os tempos em que ainda estavam no Luxemburgo. “Em Portugal, comecei a ver na SIC Radical e depois descobri uns sites online onde passavam as séries”, conta Bruna, com Luísa a confirmar que é também através da internet que segue as suas histórias preferidas. Ao Manga & Comic Event vêm desde a primeira edição, mas Bruna já foi igualmente a um realizado na Alemanha, sempre vestidas a rigor. “A saia pedimos a uma costureira para fazer, o resto da roupa foi feita por nós, as perucas e

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as lentes de contato encomendamos na internet. Está tudo mais acessível e barato do que há uns anos, o mais complicado de arranjar são os sapatos”, sublinham, garantindo que não têm qualquer vergonha em praticar Cosplay. “Aqui ninguém nos vai julgar porque gostamos todos do mesmo, mas só nos vestimos ali num café, na viagem de comboio viemos à «civil», só com as perucas. As pessoas olham um pouco mas, como isto acontece todos os anos, já vão ficando habituadas a ver umas personagens mais «estranhas» na rua”, concluem, sorridentes. Também presente no evento estava Mário Cunha, do Grupo de Jogos de Tabuleiros de São Brás de Alportel e, a julgar pela indumentária de Jedi, um confesso fã da saga «Guerra das Estrelas». Curiosamente, o gosto apareceu já na idade adulta, embora tivesse visto os filmes quando estes saíram para o cinema. “Há cinco ou seis anos é que tive um maior contato com tudo o que está ligado à saga, os filmes, os desenhos animados, os jogos de computador e os livros, um universo enorme que me deixou apaixonado”, clarifica, concordando que houve um maior boom quando foram lançados os episódios 1, 2 e 3 da Star Wars, largos anos após o sucesso tremendo dos capítulos 4, 5 e 6. “Da mesma forma que se espera que isso volta a acontecer quando, em dezembro deste ano, começarem a sair os novos capítulos”, antevê. 15

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Mário Cunha assinala que, em Portugal, os movimentos de fãs da Star Wars aumentam a olhos vistos e ele próprio tem o projeto «Clone TV». “Há grupos que se vestem apenas como os vilões, outros gostam desta ou daquela raça, mas ainda se organizam, a meu ver, poucos eventos. É uma lacuna que se vai esbatendo e costumamos participar em encontros que não são exclusivos da Guerra das Estrelas, como é este caso e o da Comic Com”, aponta, reconhecendo que uma coisa é gostar dos filmes de cinema, outra bem distinta é colecionar tudo o que diga respeito à saga, aos seus heróis e vilões. “Há figuras que chegam a custar centenas ou milhares de euros, não é uma coisa para crianças, mas ainda existe o estigma de que isto é só para miúdos”, confessa, acreditando que tal ideia se deve à pouca divulgação que a comunicação social faz destes eventos. “Desde que as coisas sejam feitas com moderação, peso e medida e que não tenha um efeito negativo na vida familiar, há espaço para tudo. As pessoas não precisam de ter medo e quantas mais abraçarem aquilo que amam, mais

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depressa se conseguem combater fenómenos como o bullying ou outros. A malta gostar destas coisas é perfeitamente normal e saudável”, enfatiza, antes de voltar a atenção para os jogos que tinham lugar no espaço da Biblioteca Municipal de Faro, que também abriu as suas portas ao 4.º Manga & Comic Event . 16


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OPINIÃO

ENFANT TERRIBLE

D. JOÃO I E A ECONOMIA GLOBAL (…) Na altura, a Europa era um continente fechado e sem grande relação entre países, situação para a qual caminhamos a passos largos, no meio desta desorientação que hoje se vive. Entre migrantes que desesperadamente procuram um mundo um pouco melhor, entre ataques terroristas e entre a falta de sabedoria por parte da classe dominante (…)

PAULO BERNARDO Empresário

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á seiscentos anos D. João I tomou de assalto Ceuta e deu início ao processo de globalização que foram os Descobrimentos Portugueses. Gosto muito de olhar para o passado para ver de que forma me pode ajudar a gerir melhor o futuro e julgo que a lição de Ceuta hoje se aplica muito. Na altura, a Europa era um continente fechado e sem grande relação entre países, situação para a qual caminhamos a passos largos, no meio desta desorientação que hoje se vive. Entre migrantes que desesperadamente procuram um mundo um pouco melhor, entre ataques terroristas e entre a falta de sabedoria por parte da classe dominante. Assim, mais do que nunca, é fundamental para a nossa economia que se olhe para fora da caixa, pois a Europa nem tão cedo vai ser solução para crescer a sério. Temos que fazer o que D. João I iniciou, procurar novos mercados pelo mundo fora. Não estou a falar de boca para fora pois estou a trilhar esse caminho. Nesta fase estou a expandir a minha empresa para vários países, com uma particularidade especial de estar em vários países por onde a primeira globalização portuguesa também passou. É espetacular a forma como somos recebidos em locais que olham para Portugal como um país muito maior que a sua dimensão geográfica. Não podemos menosprezar esta mais-valia que a primeira globalização nos deu, temos que honrar o trabalho que os nossos antepassados tiveram para chegar onde chegaram. Não podemos olhar para a saída de Portugal como um fracasso, temos sim que olhar para a saída como

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uma forma de tornar o nosso país melhor e maior. Temos também que olhar para a saída como uma forma de estabelecer laços antigos com os povos que sempre nos trataram bem. Nota da semana: Os migrantes a tentarem chegar à Europa, cenas que me deixam muito triste. Cenas que me lembram o que os meus familiares me contavam quando foram a salto para França. A vantagem na altura é que as tecnologias, quer de controlo de pessoas, quer de divulgação de imagem, quase que não existiam. Hoje, tudo é mais difícil para quem chega e mais difícil para quem recebe as imagens em sua casa. A Europa tem que olhar para este flagelo de uma forma adulta, o que não está a acontecer neste momento. Em breve vamos ter barcos a controlar o mediterrânio (mar que sempre ligou o norte ao sul) com as armas apontadas a quem foge do terror e da perseguição. Não devemos tratar estes irmãos do sul desta forma, necessitamos uns dos outros. Vou fazer a minha parte, estou disponível para receber alguns refugiados na minha empresa. Figura da semana: O bombeiro, numa forma de homenagear todos os bombeiros que a esta hora lutam para apagar os fogos e para socorrer quem necessita. Gostava de saber o que aconteceu e o que acontece aos familiares dos que partem a ajudar o próximo. Como estão as indeminizações, pensões. Como estão os filhos destes pais, como estão os companheiros, como ficaram. Será que o Estado tem ajudado estas pessoas?… .

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OPINIÃO

A DESORIENTAÇÃO DOS QUE TINHAM TUDO ORIENTADO

CARLOS G. MARTINS Farmacêutico Presidente da JSD/Algarve

(…) Qualquer pessoa honesta, com seriedade vê que Portugal ainda vive uma situação que não é favorável a todos, mas também sabe que a realidade de hoje é muito melhor do que aquela com que o atual Governo se viu rodeado quando tomou posse em 2011 e, sobretudo, sabemos que já muitos portugueses sentem estas melhorias nas suas vidas e das suas famílias (…)

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lhamos para os indicadores de hoje, convertidos em sondagens que, ao contrário dos descrentes, não motivam euforias, e de acordo com os demasiado crentes são dados assegurados, e vemos a coligação Portugal à Frente, do atual Governo de Portugal de Pedro Passos Coelho, literalmente com vantagem pontual sobre o PS de António Costa. António Costa, que «retirou» a liderança do PS a António José Seguro por, imagine-se bem (!), não ganhar vantagem à coligação liderada por Pedro Passos Coelho, vê-se agora, inclusive, onde Seguro nunca esteve: Atrás de Passos nas sondagens… Recuemos alguns meses, até aproximadamente à data em que António Costa elogiou o Syriza pelo exemplo e festejou a vitória do mesmo Tsipras que agora se demite para provocar eleições, as segundas em terras helénicas em menos de 10 meses, e demonstra bem que as posições secundadas por PS, PCP e BE geram não só instabilidade financeira e social, mas também política. Nesses tempos, em princípios de outubro de 2014, após a vitória nas primárias do atual líder do PS, que é o mesmo que foi número 2 do Governo PS que pediu resgate financeiro ao nosso País, a dúvida de António Costa era saber ou «estimar» (está na moda!) por quanto seria a sua vitória nas Legislativas de 2015. Para os dirigentes socialistas, a coligação entre PSD e CDS-PP estaria já completamente arredada da vitória. O percurso de Costa seria arrebatador rumo a uma maioria não só absoluta como claramente «absolutíssima». Nestes 10 meses, a tranquilidade deixou de morar no Largo do Rato. Aqueles que tinham tudo orientado para colocar António Costa no Palácio de São Bento,

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demonstram agora a sua total desorientação. E não vamos falar dos cartazes que culpabilizam até um Governo onde estava Costa, já pediram desculpa. Não podemos falar do desemprego porque regista a maior queda desde 2011 e já se fixa nos 11,9 por cento, que tão só representa um valor mais baixo face aquele que António Costa deixou no Governo do qual fez parte até à vinda da Troika. Não vamos reforçar o caos político que existe entre os socialistas de Henrique Neto, os precoces apoiantes de Sampaio da Nóvoa ou os seguristas que fizeram Maria de Belém Roseira anunciar a intenção de candidatura a Belém enquanto o seu líder estava em direto na televisão. Que desnorte! Podemos, sendo positivos, falar dos 308 mil jovens com apoio ao emprego e formação, dos 141 mil estágios profissionais, das 135 mil empresas criadas em quatro anos e mais de 175 mil novos empregos… e estes, não são promessas ou «estimativas» socráticas. São factuais! Qualquer pessoa honesta, com seriedade vê que Portugal ainda vive uma situação que não é favorável a todos, mas também sabe que a realidade de hoje é muito melhor do que aquela com que o atual Governo se viu rodeado quando tomou posse em 2011 e, sobretudo, sabemos que já muitos portugueses sentem estas melhorias nas suas vidas e das suas famílias. Contra o desnorte de uns que tinham o seu futuro assegurado em Belém, o País dá sinais de retoma, social e económica, consistente e demonstra qual a sua orientação face aos passos que quer dar para futuro de todos nós. Por isso, e com os pés bem assentes no chão, qualquer português sabe que os indicadores de hoje são a esperança do futuro de amanhã .

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ATUALIDADE

ALBUFEIRA CELEBROU FERIADO MUNICIPAL

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Câmara Municipal de Albufeira assinalou o Dia do Município, a 20 de agosto, com a sessão solene de atribuição de condecorações municipais de mérito e de honra. O ponto alto foi a entrega da Chave da Cidade a Sir Cliff Richard, mas o dia ficou marcado por outras atividades, que tiveram início com o tradicional hastear das bandeiras, em frente aos Paços do Concelho, seguindo-se a inauguração da exposição de fotografia em homenagem a Gabriel Clemente e a apresentação do programa de Fim de Ano. O dia terminou com o concerto de Gisela João, que trouxe à Praça dos Pescadores milhares de pessoas que ficaram para assistir à tradicional sessão de fogo-de-artifício. Robert Bachmann, Eduardo Vieira, José Manuel Bernardo e Helena Serra foram as personalidades dos mais diversos quadrantes este ano agraciadas pelo Município com Medalha de Honra, no âmbito das comemorações do 511.º aniversário da elevação de Albufeira a concelho. A Câmara Municipal distinguiu também instituições, associações e empresas sedeadas no concelho com Medalha

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de Mérito, entre elas ao Hotel Alísios, o Padernense Clube, a Marina de Albufeira, o Restaurante Veneza e o Rancho Folclórico Infantil de Albufeira. Todos os homenageados têm em comum o facto de se terem, de alguma forma, destacado pelo contributo dado para fazer de Albufeira um Município de excelência. O programa do Dia do Município continuou na Galeria de Arte Pintor Samora Barros, onde foi inaugurada a exposição fotográfica «Porto de Abrigo – Homenagem a Gabriel Clemente». Num ambiente marcado pela emoção e ao som da guitarra de Rui Mourinho, foram várias as pessoas que se juntaram para prestar homenagem a Gabriel Clemente, fotógrafo de Albufeira, colaborador de vários órgãos de informação regionais, que faleceu inesperadamente em dezembro passado, deixando muitas saudades entre familiares, amigos e apreciadores do seu trabalho. O tributo contou também com o testemunho da jornalista e amiga Elisabete Rodrigues e da filha do fotógrafo, Carina Evangelista. A mostra irá estar patente na Galeria até ao dia 27 de setembro. A encerrar a tarde, foi apresentado o Programa de Fim de Ano, na Esplanada Dr. Frutuoso da Silva. Aproveitando a elevada ocupação turística da região, a Câmara Municipal de Albufeira e a APAL – Agência de Promoção de Albufeira uniram esforços para fechar a programação do evento o mais cedo possível, correspondendo assim às solicitações dos empresários, que têm agora mais tempo para promover o cartaz do Réveillon 2015/2016. O Município volta a apostar num programa diversificado com cinco dias repletos de atividades para toda a família.

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ATUALIDADE Na noite de 31 de dezembro, o palco da Praia dos Pescadores recebe o habitual concerto junto ao mar, com um dos grandes nomes do panorama musical português da atualidade: Anselmo Ralph. A entrada no novo ano será assinalada com as sessões de fogo-deartifício na Praia dos Pescadores e na zona da Oura, pelas 24h. Depois disso a Avenida Dr. Francisco Sá Carneiro acolhe a Star Parade, um desfile de artistas circenses que animam as ruas e estabelecimentos comerciais aderentes de malabarismos, acrobacias, números com fogo e muitas surpresas. À semelhança do ano passado, a programação irá incluir os eventos Paderne Medieval e Festival de Humor Solrir, que prolongam as comemorações fim de semana adentro, terminando apenas no dia 4 de janeiro. “A Câmara Municipal e os empresários voltam a unir-se para apoiar um evento que representa um dos cartões-de-visita de Albufeira. Queremos que o concelho continue na linha da frente e que o Fim de Ano seja uma marca de combate à sazonalidade, dando um novo fôlego aos empresários locais que vivem sobretudo do turismo”, destaca Carlos Silva e Sousa. O presidente da APAL realçou, por sua vez, a

importância de tornar este evento cada vez melhor. “Por isso, este ano antecipámos a apresentação do programa e investimos num dos artistas mais aclamados da atualidade, acreditando que será do agrado da maioria dos portugueses”, indicou José Lourenço dos Santos, que reafirmou o empenho e esforço manifestado pelos sócios da APAL na realização do Fim de Ano de Albufeira. À noite, Gisela João encheu a Praça dos Pescadores com o seu repertório de fado que a tem catapultado para a fama. Ainda antes do início do concerto, Carlos Silva e Sousa entregou de forma simbólica a Chave da Cidade a Sir Cliff Richard, que agradeceu a distinção e confessou ter-se apaixonado pelo Algarve e por Albufeira há muitos anos atrás. À meia-noite, os céus da cidade coloriram-se com a tradicional sessão de fogo-de-artifício na Praia dos Pescadores, que marcou o encerramento do Dia do Município de Albufeira. O programa comemorativo terminou no dia 22 de agosto com a «10ª Prova de Mar de Albufeira», que teve lugar na Praia dos Pescadores, entre as 9h30 e as 15h30 .

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ATUALIDADE

CÂMARA MUNICIPAL DE ALBUFEIRA ASSINOU PROTOCOLO COM APAL

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Câmara Municipal de Albufeira, enquanto sócia fundadora da APAL, voltou a celebrar um protocolo de colaboração anual com a Agência de Promoção de Albufeira, assegurando o cumprimento do Plano de Atividades da associação para o presente ano. Durante os últimos anos, a estratégia promocional da APAL tem passado, por um lado, pela participação em feiras que têm como público-alvo um segmento de idade acima dos 50 anos, numa perspetiva de promoção de férias fora da época balnear, e por outro, na organização de workshops em mercados tradicionais com o objetivo de estabelecer a ligação entre a oferta e a distribuição. Para José Santos, Presidente da Direção, “a APAL pode ser aquilo que os associados entenderem e nesse sentido mantemos a nossa ambição que passa por valorizar Albufeira, trabalhando de maneira a captarmos mais turismo sobretudo fora da época balnear”. “Os empresários estão disponíveis para investir na APAL, mas obviamente que a colaboração da autarquia é fundamental para trabalharmos em conjunto na concretização dos nossos objetivos”, acrescentou o dirigente. Nos termos do protocolo é concedido pela Autarquia uma comparticipação financeira no

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valor de 30 mil euros, além de apoio logístico e de recursos humanos. Tudo com o objetivo de reforçar a estratégia de promoção para 2015, assente em três pilares: promoção de diferentes produtos turísticos entre os quais o ciclismo, gastronomia e vinhos, pedestrianismo, mergulho, saúde e bem-estar, observação de aves e touring; continuação da participação e organização em feiras e workshops para a promoção do destino e dos seus associados; e reforço da presença da APAL junto da comunidade local com vista à captação de novos associados e a uma maior projeção das ações desenvolvidas. Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara Municipal de Albufeira, destacou a importância da APAL na promoção deste destino, salientando que “é fundamental o envolvimento de todos aqueles que beneficiam direta e indiretamente da atividade turística, porque só assim é possível aumentarmos a promoção e obtermos maiores dividendos para a nossa economia”. “Os empresários estão mobilizados para investir, mas é necessário trazer mais gente para esta causa, pois só assim conseguiremos melhorar os resultados do nosso turismo, sobretudo fora da época balnear”, salientou ainda o autarca. Através de parcerias públicas e privadas, a Agência de Promoção de Albufeira procura demarcar os seus produtos regionais, em todas as suas vertentes, por meio do estudo, preparação e desenvolvimento de ações específicas nos mercados interno e externo, com vista ao desenvolvimento sustentado do concelho. Refira-se que, já em setembro, a APAL participará na feira 50 Plus Beurs, que decorre em Utrecht, na Holanda, de 15 a 19 de setembro, no Centro de Exposições de Utrecht – Jaarbeurs, sendo especialmente vocacionada para o segmento «50+activo» .

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MILHARES DE PESSOAS HONRARAM PADROEIRA DE CASTRO MARIM

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ecorreram este fim-de-semana, de 14 a 16 de agosto, as Festas em Honra de Nossa Senhora dos Mártires, santa padroeira de Castro Marim, e milhares de pessoas passaram pela vila, que se animou num rico e diversificado programa, de onde se destacaram as manifestações religiosas e o concerto de Cuca Roseta. A festa arrancou com uma noite dedicada à dança, primeiro o folclore, com a presença de alguns grupos do FOLKFARO, e depois com o grupo «Arutla», da escola de dança de Altura. As manifestações religiosas, no dia 15 de agosto, foram o ponto marcante das comemorações. Os sinos da torre da Igreja matriz ditaram, pelas 20h, o início da procissão em Honra de Nossa Senhora dos Mártires. Milhares de devotos homenagearam a padroeira de Castro Marim em procissão pelas ruas da vila. No mesmo dia, esteve o palco a fadista Cuca Roseta, que fez vibrar Castro Marim com grandes e novos êxitos do fado. No espaço das Festas decorreu também uma mostra de saberes tradicionais, com artesãos a trabalhar ao vivo, e uma exposição de etnografia, com memórias da história e cultura portuguesa. A encerrar estas Festas, no domingo, a Gala Internacional do Acordeão. Em palco estiveram

reputados acordeonistas nacionais e estrangeiros, como o notabilíssimo acordeonista francês Michel Sapateado ou o Trio de St. Petersburgo, e a Escola de Acordeão de Castro Marim, com uma apresentação da excelência do trabalho que os seus alunos desenvolvem. Entretanto, o Município de Castro Marim pretende realizar um debate público sobre as Festas em Honra de Nossa Senhora dos Mártires, para auscultar a opinião dos castromarinenses, “num balanço entre o passado, o presente e o futuro destas comemorações, respeitando a tradição, a história e o prestigio destas comemorações”, garante o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, que pretende introduzir novos conteúdos nesta programação cultural, que é uma das mais relevantes para o concelho, e, simultaneamente, rentabilizar o evento no campo da dinamização da economia local. As Festas em Honra de Nossa Senhora dos Mártires têm a organização da Câmara Municipal de Castro Marim, da Paróquia de São Tiago e o apoio das Associações Locais . 25

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VARIANTE NORTE DE FARO ABRIU AO TRÂNSITO

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briu ao público, no dia 17 de agosto, o troço principal da Variante Norte a Faro, num ato sem qualquer cerimónia de inauguração por respeito às vítimas mortais do violento sinistro ocorrido naquela madrugada na localidade de Patã. A abertura do troço verificou-se pelas 18h, após visita à obra realizada pelo Presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, pelo Presidente das Infraestruturas de Portugal, SA, António Ramalho e pelo Presidente da concessionária, Rui Sousa. O orçamento da construção ascendeu aos 14 milhões de euros, tem uma extensão total de cerca de 2,5 quilómetros e dá continuidade ao atual lanço já em serviço entre o Nó de Faro e a EN2, completando a Variante à EN125, executada no âmbito do contrato da Subconcessão do Algarve Litoral. O novo traçado tem assim início no Nó com a EN2, estrada de S. Brás e termina na EN125, após o cruzamento com a EM522, no Rio Seco. Foram asseguradas algumas acessibilidades à rede viária existente local, com a criação de uma ligação intermédia à EN125 que permite também o acesso ao centro da Cidade de Faro e o Cais Comercial. Segundo a concessionária, as restantes vias de acesso estarão concluídas nos próximos meses. Destaque também para a intervenção efetuada no alargamento e correção do traçado do rio Seco, ao longo de cerca de um quilómetro e à elevação dos diques das margens. Cumprindo as recomendações expressas no Estudo Hidrológico do Rio Seco e da Ribeira das

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Lavadeiras foram executadas diversas soluções de melhoria de drenagem da água que funcionarão como um sistema de emergência para cheias de grande magnitude. Tratou-se de um dia histórico para a capital algarvia ao ver terminada uma obra reivindicada há mais de 20 anos. Com este desfecho, fica assegurado um projeto estruturante para o desenvolvimento do concelho e absolutamente decisivo para a melhoria das condições de mobilidade dos farenses, de quem visita a cidade ou de quem simplesmente procura aceder ao Aeroporto, à Universidade do Algarve, ao Centro Hospitalar do Algarve, bem como a outros equipamentos e serviços implantados nesta cidade .

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TRAIL RUNNING A PAIXテグ DE CORRER EM COMUNHテグ COM A NATUREZA ALGARVE INFORMATIVO #21

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Formada no início de 2015, a Associação Algarve Trail Running organizou, no dia 15 de agosto, o 2.º Ultra Trilhos Rocha da Pena, no concelho de Loulé, prova que contou com mais de 300 participantes nas distâncias de 15, 25 e 60 quilómetros. Uns atletas experientes provenientes de outras modalidades, outros simples curiosos, mas todos com uma paixão em comum pela natureza, por novos desafios, por ultrapassar constantemente os seus próprios limites. O Trail Running está, de facto, na moda no Algarve e se, até há alguns anos, estes homens e mulheres tinham que rumar ao norte de Portugal ou atravessar a fronteira para correr na vizinha Espanha, hoje, multiplicam-se os eventos que, para além da vertente competitiva e de lazer, acabam por ter um impacto assinalável na economia local. REPORTAGEM: DANIEL PINA

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vila de Salir, no coração do concelho de Loulé, teve um movimento fora do normal no dia 15 de agosto, com a realização do 2.º Ultra Trilho Rocha da Pena, prova organizada pela Associação Algarve Trail Running e pela Associação Cultural de Salir com o apoio da Câmara Municipal de Loulé e das juntas de freguesia de Salir, Querença, Tôr e Benafim. O evento teve como cenário a Paisagem Protegida da Rocha da Pena e da Fonte Benémola e atraiu 317 atletas de todos os pontos de Portugal e além-fronteiras, divididos por três percursos de diferentes graus de dificuldade (15, 25 e 60 quilómetros), ou por uma caminhada de 15 quilómetros de carácter mais lúdico. No final da prova, e depois da azáfama das cerimónias de entrega de prémios, houve a oportunidade para conversar com Bruno Rodrigues, geólogo, farense de 34 anos, presidente da Assembleia Geral da Associação

Bruno Rodrigues

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Algarve Trail Running e também ele praticante desta modalidade há três anos. “Tinha andado no atletismo antes de ingressar na universidade, quando parei ganhei uns quilinhos extra e, depois de entrar na casa dos 30, decidi que era hora de fazer uma maratona. A estrada, contudo, não me aliciou muito, por ser bastante constante e direita e longe da natureza”, conta o dirigente. Na época, Bruno Rodrigues fala da existência de meia dúzia de trail runners no Algarve que tinham que viajar até ao norte do país e à vizinha Espanha em busca destes eventos, um número que subiu para largas dezenas em poucos anos. Não foi, então, uma surpresa o nascimento da Associação Algarve Trail Running no início de 2015, um grupo de amigos que se juntaram para correr sob um nome comum, ainda que muitos pertençam a clubes de estrada tradicionais. “A competir em equipa somos mais fortes e promovemos melhor o Algarve, que não é uma região plana como muitas pessoas pensam. Há dois anos fiz uma candidatura do projeto Quer Algarve Trail Running, cujo intuito era aproveitar os percursos pedestres que existem no concelho de Loulé e no resto da região, o conceito foi amadurecendo e apareceu a ideia de se criar a associação”, descreve como tudo aconteceu. Depois do Trail Ossónoba, no dia 1 de maio, em Estoi, o Ultra Trilhos Rocha da Pena foi a segunda prova sob a égide da ATR, a par de vários free trails e de treinos conjuntos mensais e vão colaborar na organização do 1.º Trail do Lince, que vai ter lugar dia 12 de setembro. “Para este ano o calendário está fechado, porque demora muitos meses a preparar uma prova de modo a que corra tudo bem e todos nós temos as nossas atividades profissionais”, sublinha. No que diz respeito ao Ultra Trilhos Rocha da Pena, contou com a presença de atletas vindos de França, Inglaterra, Canadá, Brasil, Espanha e, claro, do norte de Portugal, algo que é recorrente neste género de competições. “Temos prazer em deslocar-nos para outras zonas do país ou para o estrangeiro para locais que, de outra forma, nunca iriamos conhecer. Dificilmente alguém viria ao Algarve de férias e teria contato com estes ribeiros e barrancos”, frisa Bruno Rodrigues. “É um tipo de turismo desportivo e, apesar de serem eventos de apenas um dia, 30


REPORTAGEM mexem bastante com a economia local, há aldeias que ficam praticamente lotadas nos fins de semana das provas”. Patrocínios começam a aparecer em maior quantidade para os diversos eventos, desde marcas de roupas e calçado desportivo a suplementos alimentares, sem esquecer o poder local, mas são raras as provas que oferecem prémios monetários aos vencedores, o que leva a que haja poucos atletas profissionais. “Em Portugal, acho que só existe um 100 por cento profissional, mas é normal alguns receberem apoios da parte de clubes ou empresas, o que ajuda a compor os seus orçamentos”, diz Bruno Rodrigues, indicando que as distâncias mais usuais situam-se entre os 20 e os 40 quilómetros. “Dos 42 aos 80 e 90 quilómetros são mais raras as provas e, falando das ultramaratonas de três dígitos, ainda são mais escassas”, esclarece. E porque a tarde já ia longa, Bruno Rodrigues faz um balanço positivo do primeiro ano de atividade da Associação Algarve Trail Running e sustenta que o objetivo é que os seus associados participem em cada vez mais eventos e com bons resultados. “O Trail está a crescer a olhos vistos no Algarve porque os organizadores de eventos trabalham todos em conjunto, ao contrário do que acontece noutras modalidades. Estamos todos em sintonia, quando, infelizmente, o normal é andarem uns a destruir o trabalho dos outros”.

À DESCOBERTA DE NOVAS PAISAGENS Marco Lívio Gonçalves, 44 anos, é natural de Castelo Branco mas vive em Faro há 16 anos, onde é professor de educação física. Praticante de desporto desde novo, tem já diversas ultramaratonas no currículo, de 101 quilómetros, seja em estrada ou em trilhos. Em maratonas tradicionais participa desde 1993 e foi um dos primeiros atletas do Algarve a aderir ao trail em território nacional, há coisa de seis ou sete anos, se bem que o primeiro evento oficial se tenha realizado apenas em 2014, por iniciativa da Algarve Trail Running. “É um fenómeno relativamente recente na região, mas já tem uma adesão bastante grande”, observa o sócio da ATR e atleta do Clube Desportivo Faro XXI,

Marco Lívio Gonçalves

poucos minutos depois de ter terminado o 2.º Ultra Trilhos Rocha da Pena em 5.º da geral, 2.º do escalão M40, na prova dos 15 quilómetros. Embora alcançasse resultados interessantes em jovem nas provas de corta-mato e de estrada, Marco Lívio Gonçalves nunca enveredou pelo profissionalismo, preferia ir às maratonas como um simples amador, umas vezes com o intuito de obter boas marcas, outras apenas pelo simples prazer de correr, consoante a disponibilidade para treinar para cada evento. “Corro desde os 10 anos, depois houve uma fase em que me empenhei mais nas funções de treinador, mas gosto de correr e o trail é altamente apaixonante, porque estamos em permanente contato com a natureza e com paisagens diferentes. Conseguimos chegar a locais que de outra forma é impossível, nem de carro ou bicicleta lá se vai”, refere, avançando que muitos corredores habituais de meias-maratonas ou maratonas em circuitos urbanos demonstram bastante interesse por este tipo de provas. Depois do boom na vizinha Espanha há alguns anos, Portugal parece ter descoberto, 31

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REPORTAGEM geral, caminhada, trabalho de ginásio, bicicleta, natação, tudo ajuda. Depois, há outros fatores fundamentais, como a privação do sono em provas que duram 30 ou 40 horas. É um esforço lento, de baixa intensidade, mas, com o aumentar da distância e das horas, começamos a ter menor capacidade de reagir aos estímulos e obstáculos que aparecem pela frente”, salienta. Apesar destas Hélder Fernandes, 32 anos, desempregado do ramo da restauração, considerações, o veio de Vizela passar férias ao Algarve e aceitou o desafio de alguns professor de educação amigos para participar no 2.º Ultra Trilhos Rocha da Pena e logo na física não é daqueles que ultramaratona de 60 quilómetros, que venceu com uma distância gosta de estudar confortável para o segundo classificado. A modalidade pratica há perto exaustivamente o trajeto de quatro anos, mas confessa que não fez nenhuma preparação de uma prova antes de específica para este evento. “Treino com regularidade durante a participar nela, porque o semana e estava minimamente preparado para tentar fazer uma boa seu dia-a-dia já é repleto figura, apesar do tremendo calor que está. O objetivo era apenas de planos e com uma superar o desafio e há alturas em que mesmo quem vai em primeiro agenda preparada quase lugar pensa em desistir, porque as dificuldades vão subindo de tom, o ao minuto. “Gosto do cansaço aumenta, a desidratação. É um desporto onde a componente desafio de ir à psicológica é fundamental, até mais do que a parte física”, entende, descoberta de novas confessando que não tem por hábito participar em muitos eventos de paisagens, embora haja trail, devido ao elevado custo das inscrições e às despesas de sempre o risco de nos deslocação. “Mas não me vejo a parar, quero continuar sempre a perdermos e, em correr”. competições de montanha, isso pode ser finalmente, o trail running e Marco Lívio complicado. Tivemos ainda recentemente o Gonçalves considera que, mais importante que a caso de um atleta português que se perdeu e classificação final ou o ritmo registado no GPS, é acabou por falecer”, aponta Marco Lívio desfrutar das paisagens. Tal não significa que a Gonçalves. “Na Madeira, aconteceu-me correr transição dos circuitos urbanos para o trail seja diversos quilómetros sozinho, se bem que seja fácil, pois são estilos muito distintos. “As um isolado aparente, porque há outro atleta a próprias provas na natureza são diferentes 200 ou 300 metros atrás. Por outro lado, em entre elas: umas têm estradões de terra que provas muito longas, em ultramaratonas de permitem uma corrida semelhante à urbana; montanha, formam-se de maneira espontânea outras apresentam grandes obstáculos, desde grupos em que há uma grande interajuda correr em rios e ribeiras a escalar e descer quando surgem os obstáculos mais difíceis”, montanhas”, distingue, o que implica, narra, ao mesmo tempo que revela um gostinho igualmente, treinos diferentes, expõe o especial em percorrer os trilhos sozinho, até entrevistado. “Num atleta de corrida, o treino mesmo de noite, por ser a forma mais pura de passa por ritmos variados mas assentes em comungar com a natureza. corrida urbana. No trail, a preparação física

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REPORTAGEM No que toca a calendário competitivo, Marco Lívio Gonçalves só conhece as provas realizadas na Península Ibérica e dá o exemplo dos «101 quilómetros de Ronda», a sul de Sevilha, onde as 2700 vagas esgotam num ápice. “Em Portugal há muitas provas, no Algarve já existem cinco ou seis bem organizadas, a região da Andaluzia é bastante forte, quer na organização, como na qualidade dos atletas. Na Europa, o nível mais elevado é na região dos Pirineus e nos Alpes, onde decorre, talvez, a prova mais importante deste tipo, no final de agosto, no Monte Branco”, aponta, o que deixa antever um esforço financeiro considerável para quem quer competir regularmente ao mais alto nível. “O equipamento de topo tem um preço elevado, nomeadamente os sapatos, que também têm um forte desgaste devido ao piso em que são usados. As inscrições também são muito caras em Espanha e os valores têm vindo a subir em Portugal, o que é um fator limitador para os atletas, que não podem participar em demasiados eventos porque também há as despesas com as viagens e a estadia. Não é uma modalidade das mais caras, mas também não é propriamente barata”, sintetiza.

CURIOSOS APAIXONAM-SE RAPIDAMENTE Outro rosto habitual nestas provas é Bruno Tita, 39 anos, natural da Fuzeta, que há cerca de dois anos começou a fazer trail, depois de ter sido neoprofissional de boxe e karateca. No atletismo o militar da Guarda Nacional Republicana entrou em sentido inverso, ou seja, pelas longas distâncias, e é o contato permanente com a natureza e o constante testar dos limites que mais o seduzem nesta modalidade. “Já fiz provas de 101 e de 150 quilómetros, sempre com o intuito de alcançar o melhor resultado possível, porque já conheço bem o meu organismo e sei até onde posso

Bruno Tita

puxar por ele”, explica o atleta que é treinado precisamente por Marco Lívio Gonçalves. “Se forem provas de longa distância com muito acumulado, temos que apostar mais nas subidas e em percursos técnicos. Se tiverem menos acumulado, apertamos mais com a velocidade”, aconselha. Regra geral, Bruno Tita inicia a preparação para as competições com três meses de antecedência e, por isso, já está em estágio para o 1.º Trail do Lince, que se vai disputar no dia 12 de setembro, em Silves. Quanto às distâncias mais longas, foram feitas na vizinha Espanha, uma vez que só agora é que este género de eventos está a ser organizado em Portugal. “Há três anos que faço o La Legión 101 e as quatro mil inscrições são preenchidas em poucos minutos. Este Ultra Trilhos Rocha da Penha teve mais de 300 participantes e cada vez há mais pessoal a aderir”, nota, observando muitos curiosos que depressa se deixam seduzir por este tipo de eventos. Bruno Tita avisa, contudo, que passar da estrada para os trilhos não é pera doce, sobretudo face às mudanças constantes de ritmo que estes últimos exigem. “Tanto se vai a rolar como a subir e a descer, ao passo que, na estrada, normalmente o andamento é sempre o mesmo”, justifica, adiantando que, mais do que a componente física, a preparação psicológica é fundamental. “Ir mentalizado para ultrapassar todos os obstáculos que surjam é meio caminho 33

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REPORTAGEM “Nas provas longas vê-se cada vez mais pessoas mais velhas, porque a velocidade é menos importante, o que interessa é a resistência”.

CONHECER O CORPO E GERIR O ESFORÇO De Monchique veio Jorge Santos, 31 anos, técnico de emergência no INEM e atleta federado até aos 14 anos. Depois de uma pequena pausa, o gosto pelo desporto ressurgiu aquando da sua passagem pela tropa. “Estive nos comandos e, quando sai, senti necessidade de continuar a superar os meus limites. Comecei nas meiasmaratonas há cinco anos, depois as maratonas também já sabiam a pouco e fui para as ultra distâncias. Já fiz uma prova de 100 quilómetros e várias de 50 e 60”, indica, lamentando que não existam mais eventos deste género no Algarve. De acordo com Jorge Santos, as maiores despesas até nem se fazem nas provas propriamente ditas, mas nos treinos diários,

Jorge Santos

andado para se chegar ao fim. Nalgumas provas fiz 10, 11, 12 horas sempre sozinho, é uma solidão em que pensamos em tudo e mais alguma coisa, se ainda falta muito, se estamos no rumo certo ou perdidos, se temos água suficiente. Graças a Deus nunca tive problemas graves mas, numa ocasião, tive que parar para arrancar as unhas dos dedos dos pés”, recorda. Para aqueles que estão a pensar começar a praticar trail running, Bruno Tita avisa que as despesas podem ser um entrave, seja na aquisição do equipamento ou na inscrição nos eventos e custos com as deslocações. “Eu escolho quatro ou cinco provas mais longas para correr num ano e preparo o orçamento em função disso, tudo do meu bolso, porque patrocínios só há quando fazemos parte de alguma equipa. Só que, como em qualquer desporto, para recebermos temos que dar algo em troca e isso obriga a uma maior disponibilidade de tempo, o que nem todos têm”, salienta o militar da GNR, que conta continuar no trail enquanto o corpo o permitir.

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Sónia Cerro 34


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devido ao desgaste constante das sapatilhas e ao consumo de barras energéticas. Nesse contexto, três corridas por ano são o seu limite e têm que ser devidamente planificadas, porque a disponibilidade profissional também não é muito grande. “Para se fazer um treino de alcatrão de uma hora, sai-se de casa, corre-se uma hora e regressa-se a casa. Para o fazer no campo, é preciso pegar no carro, ir até à montanha, treinar no mínimo duas horas, portanto, gastase bastante mais tempo”, justifica. Pesquisas na internet sobre os trajetos não costuma fazer porque as organizações disponibilizam os percursos dos eventos e, para além disso, gosta do inesperado, de superar os obstáculos e a si próprio. “Não vou lá passear, mas também vão penso em ganhar, sou um mero amador. Para chegar ao fim, é fundamental conhecer o nosso corpo e saber gerir o esforço. Para vencer, é necessário ter determinadas características físicas inatas que nos permitam dar nas vistas nas distâncias mais curtas, até que um clube ou um patrocinador demonstre interesse em nos apoiar

financeiramente. No entanto, a qualidade do treino é fulcral e, no meu caso concreto, como trabalho por turnos, é impossível fazer o devido descanso e comer a horas certas”, salienta. Não que este cenário apoquente demasiadamente Jorge Santos, que até prefere ser amador, mas não esconde a vontade de experimentar distâncias mais longas que os 100 quilómetros. “Só que, primeiro, tenho que me consolidar bem neste patamar. Se avançar antes do tempo para outro nível, é pior a emenda do que o soneto, acabo por desistir da prova, fico desiludido comigo próprio e tenho que começar tudo outra vez: as noites mal dormidas, levantar cedo, passar frio, estar longe da família”, considera, com os pés bem assentes no chão. Já correr sozinho à noite não incomoda o antigo comando em termos psicológicos, mais preocupado com as questões de segurança. “Conheço muito bem a Serra de Monchique mas, sempre que vou correr sozinho, explico à esposa e aos amigos qual o percurso que vou fazer e nunca me afasto dele. Claro que há sempre o perigo de uma lesão, dum desmaio, de 35

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REPORTAGEM bater com a cabeça numa pedra, mas isso faz parte da vida, temos que saber conviver com ele”.

MULHERES TAMBÉM DÃO CARTAS Embora os homens ainda dominem em termos de quantidade, as mulheres começam a marcar uma forte presença neste género de eventos, como é o caso de Sónia Cerro, portimonense de 41 anos, uma militar da Guarda Nacional Republicana que desde miúda que pratica desporto e que se aventurou no trail running por influência do marido. “Ele é ultra runner e eu comecei a participar desde que a minha filha nasceu, em 2013, nas distâncias mais curtas, de 15 e 25 quilómetros. O objetivo é chegar ao fim, e inteira, de preferência”, diz, com um sorriso. “Com uma menina pequena não há muito tempo para grandes treinos, mas tento sempre melhorar os meus tempos”, acrescenta. Para Sónia Cerro, são as subidas que custam mais, mas isso não impede muitas senhoras de aderir ao trail e garante que não são inferiores aos atletas masculinos, tudo dependendo da preparação física de cada uma. “Gostava de participar em mais provas mas vou só às mais próximas, no Algarve e uma ou outra no resto do país. Mais tarde, quem sabe, experimentar uma no estrangeiro, porque o bichinho vai crescendo com o tempo”, adianta, confirmando a vontade de tentar distâncias mais longas também. Sobre os encargos financeiros, admite que ainda pesam no orçamento, os sapatos e mochilas vão-se desgastando, mais as viagens. “Por isso, só por gosto é que se anda cá, não é uma modalidade para passar apenas o tempo”. Mais experiente no trail running é Cláudia Guerreiro, albufeirense de nascença mas residente em Loulé e com família em Alte e Salir, pelo que conhece bem a Rocha da Pena. A Técnica Superior de Estatística de 38 anos sempre fez desporto desde criança, ginástica, natação, ciclismo, com uma paragem forçada enquanto frequentou a universidade. Mais tarde, devido a uma lesão num ombro, dedicou-se ao atletismo, volvidos seis meses já estava inscrita numa meia-maratona, mais seis meses e corria numa maratona, com resultados positivos no escalão de veterana. “Mas houve alguém que

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Cláudia Guerreiro

me apresentou a corrida em trilhos e decidi abandonar a competição de estrada para ter um espaço mais de divertimento e de lazer. Aqui, competimos mais contra nós próprios e contra a natureza do que contra outros adversários”, aponta. No entanto, se Cláudia Guerreiro passou dos cinco para os 42 quilómetros em estrada no período de um ano, mais complicada foi a adaptação aos trilhos, admite, porque o tempo que demora a percorrer distâncias semelhantes é praticamente o dobro. “O massacre do corpo, em termos físicos, é muito mais intenso no trail e é preciso ter bastante cabeça para contrariar as dores que estamos a sentir. Por vezes, ao fim de cinco quilómetros, já nos apetece desistir”, alerta, revelando que vai participar num evento de 60 quilómetros já em outubro e, em 2016, o objetivo é passar para os três dígitos, ou seja, correr pelo menos 101 quilómetros. Com esses eventos em vista, não basta correr uma hora todos os dias logo pela manhã ou ao 36


REPORTAGEM final do dia, há que realizar também um treino mais longo ao fim de semana, no mínimo oito horas e começar esta rotina com bastante antecedência. “Para a prova de 60 quilómetros em outubro faço uma preparação de seis meses e já estou a planificar o calendário de 2016. As deslocações são bastante caras, as inscrições também, porque é necessário um grande suporte logístico nas provas. Mas não nos importamos de pagar esses valores porque sabemos que a organização está a assegurar a nossa segurança e alimentação durante o percurso”, entende a entrevistada. Cláudia Guerreiro destaca também, com um sorriso nos lábios, a diferença de correr à noite e muitas vezes sozinha, momentos em que todos os sons podem mexer com os nervos de uma pessoa. “Mas temos que ultrapassar os nossos limites, sejam físicos como mentais. Para o trail, não basta comprar umas sapatilhas e uma mochila boas, se assim for, desiste-se logo nos primeiros quilómetros, mas o desistir também nos dá motivação para continuar. Já me aconteceu ter que abandonar provas por causa de lesões ou por não estar devidamente preparada e, nessa

altura, só nos apetece chorar, juramos que nunca mais nos metemos noutra igual. Depois, percebemos que falhámos por nossa própria culpa, porque não treinei bem, porque não comi ou bebi na altura certa, porque não tive cuidado a descer nas pedras”, enfatiza. Descer é, garante Cláudia Guerreiro, o mais perigoso, sobretudo quando se trata de percursos mais técnicos, com pedras soltas, piso escorregadio ou arenoso, com gravilha. “Pensamos que, a seguir a uma subida, podemos relaxar, mas é precisamente o contrário, temos que ir com uma atenção redobrada”, avisa, acrescentando que, depois, há igualmente as questões climatéricas a ter em conta. “Há muitos atletas que adoram o calor, como se verificou aqui na Rocha da Pena, outros preferem o frio e a chuva. Felizmente, há boas provas ao longo de todo o ano em Portugal para agradar a todos os gostos, já não é preciso ir para Espanha. Há uns anos acontecia tudo na zona centro e norte do país e os atletas algarvios e alentejanos tinham que atravessar a fronteira para correr”, sublinha, grata pela situação se ter alterado no passado recente .

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REPORTAGEM

UM CASO DE SUCESSO COM FIM À VISTA É um dos raros casos em que várias associações conseguem trabalhar em conjunto para dinamizar um mesmo espaço e com o objetivo de promover atividades culturais de diversas naturezas para públicos distintos. Sem problemas de egos pessoais ou rivalidades sem sentido, acabaram por ser pormenores logísticos e questões administrativas que atrasaram o arranque de um local que pretendia trazer algo de novo ao centro histórico de Faro e foi apenas em julho que o Q Espaço Cultural abriu portas. Contudo, apesar do sucesso alcançado neste projeto-piloto, a data do adeus já está definida, porque o antigo imóvel público foi, entretanto, adquirido por privados e as portas são para encerrar no final de setembro. Espera-se agora que a semente do Q possa brotar noutro espaço, assim haja vontade do poder local e disponibilidade das associações envolvidas. REPORTAGEM: DANIEL PINA 39

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REPORTAGEM

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o centro histórico de Faro, numa lateral ao edifício da Câmara Municipal, fomos encontrar de portas abertas o Q Espaço Cultural onde antes se situava o Antigo Quintalão do Magistério Primário. O espaço dinamizado pela Associação de Designers do Sul, Ar Quente, Tertúlia Algarvia, Policromia, Cineclube de Faro e Sociedade Recreativa Artística Farense - Os Artistas tem por objetivo criar um polo de cultura e lazer na capital algarvia e surgiu na sequência de um desafio lançado pelo vice-presidente da autarquia, Paulo Santos, no início de 2015, conforme relata Rafael Lopes, presidente do Cineclube de Faro há quatro anos. “A junção e a coabitação de estruturas associativas e culturais não são uma coisa nova, mas também não é algo comum em Faro, embora houvesse essa ambição há largos anos. Essa ideia existiu no passado quando se quis saber o que fazer com espaços como a Fábrica da Cerveja e outros, mas ainda persiste um pouco o cenário de estruturas separadas, herméticas e muito fechadas sobre si mesmas”, lamenta, embora isso tenda a ser natural numa cidade caracterizada por uma enorme diversidade de associações culturais como é Faro. Nesse contexto, o Q Espaço Cultural é um projeto-piloto, uma espécie de associação de

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associações que foi crescendo à medida que os contatos entre dirigentes iam avançando. “Claro que nunca é fácil conciliar as nossas vidas pessoais com estas atividades cívicas e culturais, havia que criar uma perspetiva comum, um organigrama, um modelo de como tudo iria funcionar, que tipo de iniciativas seriam dinamizadas e isso tudo demorou algum tempo”, recorda Rafael Lopes, de tal modo que, a certa altura, se decidiu trabalhar num modo comunitário e sem atividades sectoriais para simplificar todo o processo. “O que idealizamos e temos posto em prática é, no fundo, uma estrutura comum e única constituída por seis associações diferentes e pelas pessoas que lhe são afetas”. Seis associações que foram, na essência, as convidadas para abraçar o projeto e mais não foram consideradas porque isso iria atrasar ainda mais a abertura de portas. “Definimos um conjunto de áreas chaves, mas o Q sempre foi um projeto aberto a quem quisesse participar. As seis associações são apenas a cabeça, o núcleo duro, estamos disponíveis a acolher outras entidades”, garante Rafael Lopes, recordando que a Amarelarte também dinamizou uma escola de circo como ocupação de tempos livres para os mais novos, mas depois não ficou na estrutura fixa. “O objetivo sempre foi funcionar apenas durante o Verão, mas abrir só 40


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Rafael Lopes, presidente do Cineclube de Faro

em meados de julho foi o resultado das coisas se irem arrastando. Não houve uma grande intervenção nas estruturas físicas do espaço, pois funcionaram cá serviços camarários até finais de 2014, mas, na área aberta, foram crescendo aqui imensas coisas nestes seis meses. Houve um trabalho forte na desmatagem, para o que contámos com o apoio da câmara municipal, depois, foi instalar iluminação exterior e algumas estruturas de apoio, o que durou duas ou três semanas”, conta.

UMA EXPERIÊNCIA PARA REPETIR? Aberto o Q Espaço Cultural, foi hora de implementar um programa de atividades que abarcam diversas formas de expressão artística e cultural, umas pensadas de propósito para a ocasião, outras partes integrantes dos calendários regulares das associações envolvidas, conforme explica Rafael Lopes. “O Cineclube de Faro normalmente não desenvolve atividades durante os meses de julho e agosto, exceção feita às «Mostras de Verão», que acabaram por decorrer no Q. A Associação Designer do Sul tem aqui algumas mostras no âmbito do «Design & Ofícios», já a Policromia organiza exposições um pouco por todo o lado. A ideia foi que cada associação desse o seu contributo

para desenvolver projetos em comum, não há aqui nenhum regime de exclusividade”, indica o presidente do Cineclube de Faro. E se o conceito foi bem aceite no papel, isto é, na cabeça dos vários dirigentes, Rafael Lopes garante que também não houve problemas na passagem da teoria para a prática, como acontece noutras situações semelhantes. “Sempre nos entendemos lindamente, embora haja dificuldades inerentes ao facto de sermos estruturas associativas e de cada um de nós ter o seu trabalho para conseguir subsistir e as suas vidas pessoais. Tentamos ter atividades disponíveis para usufruto do público o maior espaço de tempo possível, mas nem sempre há disponibilidade para nos dedicarmos a 100 por cento a esta dinâmica”, admite o entrevistado, não hesitando em descrever a experiência como formidável. “É um processo de conhecimento e um projeto que nos leva a descobrirmos a nós próprios enquanto dirigentes associativos, às nossas dificuldades e ambições, em setores diferentes”, salienta. Resta saber como o público respondeu a este projeto público, sabendo-se que as iniciativas culturais não ocupam o topo das prioridades

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dos portugueses, ainda mais durante o Verão, quando o chamamento da praia é grande para quem está de férias no Algarve. “A adesão é sempre incerta e flutuante e, nesta altura do ano, há imensas coisas a acontecer ao mesmo tempo, quer em Faro como no resto da região. Houve eventos onde contávamos com mais pessoas mas, no cômputo geral, tudo tem funcionado bem”, responde, acrescentando que um dos desafios do projeto era precisamente cativar os diferentes públicos das seis associações para este espaço comum. “O leque de atividades é maior e mais diversificado, pelo que atraímos mais pessoas, mas é natural que elas também queiram gozar as suas férias longe de Faro”. Um projeto que foi desde logo pensado para o Verão, se bem que, na época, o Antigo Quintalão do Magistério Primário ainda estivesse nas mãos da Câmara Municipal de Faro, tendo sido posteriormente vendido em hasta pública a privados. “Essa questão estava perfeitamente esclarecida desde o início, sabiase que o espaço iria ser vendido, mas poderia ser cedido para as associações por um período limitado, que expira a 30 de setembro”, assume

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Rafael Lopes. “As atividades promovidas são maioritariamente ao ar livre, pelo que o projeto dificilmente seria viável durante o Inverno. Depois, o ritmo e a tipologia de atividades que dinamizamos não é muito coadunável com um projeto a longo prazo, porque não podemos descurar os programas próprios das nossas associações. É um projeto-piloto que tem funcionado bastante bem e o grande objetivo era perceber se este comunitarismo seria possível funcionar e em que moldes”. Tiradas as devidas ilações, Rafael Lopes acredita que o Q Espaço Cultural, ou outro do género, tem pernas para andar, mas não sabe se o futuro lhes trará mais oportunidades para trabalharem em conjunto. “Somos associações culturais, não somos estruturas profissionais, pelo que é difícil equacionar a nossa própria existência a longo prazo. Descobrimos que temos capacidade para trabalhar juntos em prol de um objetivo comum, coordenando as nossas diferentes linhas de atuação, portanto, sentimos que isto pode continuar a ser feito. O «como» e o «porquê» já sabemos, o «onde» e o «quando» depende das oportunidades que surjam. Nós temos vontade em repetir aquilo que aprendemos aqui no futuro próximo”, finaliza o porta-voz informal das seis associações envolvidas no Q Espaço Cultural .

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132 MIL PESSOAS FORAM À FEIRA MEDIEVAL DE SILVES um «ecoevento», já que se implementaram cuidados e regras mais apertados no sentido de proceder à separação de resíduos para posterior reciclagem. Para além disso, teve lugar uma campanha prévia de sensibilização aos munícipes, que ofereceu entradas para a Feira a 72 pessoas que entregaram cartão, plástico e outros materiais para reciclagem, tendo sido recolhidos 101 kg de embalagens e 144 kg de cartão. A XII edição da Feira Medieval de Silves promoveu o envolvimento das coletividades do concelho, não apenas na dinamização de espaços de exposição e/ou tabernas, mas também nos diversos serviços que a própria feira envolve, já que os roupeiros, o fornecimento de bebidas e a gestão do xilb

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XII edição da Feira Medieval de Silves contou com 132 mil visitantes, número que indica que o evento continua a crescer e a afirmar-se como um dos mais importantes acontecimentos do Verão algarvio. Durante os 10 dias de recriação histórica foram destacados factos que marcaram o passado e a identidade cultural da cidade, retratada como «A Mágica Capital da Cultura». Duzentos e trinta e oito expositores e tabernas participaram (artesãos, mercadores, místicos, tabernas, doçaria, bebidas e kebab), bem como 22 grupos de diferentes áreas (teatralização, torneio de armas a cavalo, música, dança, animação de rua, cenografia, recriação histórica, falcoaria, grupos de armas). As «Experiências Medievais» foram outro dos produtos de sucesso do evento, já que este ano cerca de seis de dezenas de visitantes optaram por visitar a feira desta forma única e especial. Este foi ainda

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(moeda da feira) foram entregues a associações locais. A edição de 2016, que será a XIII, vai ter lugar de 5 a 14 de agosto do próximo ano, estando, assim, assegurada a continuidade desta festa que envolve toda a cidade de Silves .

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MALA PROMOVE ARTISTAS DE LAGOS

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MALA – Mostra de Artistas de Lagos é uma iniciativa que apresenta a vasta atividade dos artistas de Lagos e que acompanha o balanço da diversidade do trabalho dos artistas do concelho. Nesta mostra estão representadas cerca de 150 obras de 75 artistas na área das artes visuais, onde estão presentes obras abrangendo diversas sensibilidades artísticas, que exploram técnicas da pintura, escultura, fotografia, desenho, instalação ou o vídeo. Nas artes do espetáculo são apresentadas intervenções musicais e dança numa colaboração estreita com as associações locais. A inauguração decorreu no dia 15 de agosto, com a presença do executivo municipal, que visitou os vários núcleos da mostra. A cerimónia, que decorreu num clima descontraído e informal, terminou

no Forte Ponta da Bandeira, onde todos os presentes (artistas e convidados) assistiram a um animadíssimo espetáculo musical com as Lollirockers Dj’s vs Les Rockoeurs. A MALA continua assim, o seu objetivo principal de divulgar, promover e inventariar os artistas que aqui nasceram, residem ou trabalham, promovendo as suas obras e ideias junto do público local, da região algarvia e de todos os que visitam Lagos. A mostra está patente nestes espaços até ao próximo dia 10 de Outubro .

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ALGARVE APOSTA NA OBSERVAÇÃO DE AVES PARA ATRAIR TURISTAS

Apostada em combater a sazonalidade do Algarve e tendo em conta o crescimento exponencial da procura dos mercados externos para a observação de aves, a Associação de Turismo do Algarve, em parceria com a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), vai promover a região na próxima British Birdfair 2015, que se realiza de 21 a 23 de agosto, em Rutland, Reino Unido. Divulgar as características únicas do destino e atrair para o Algarve os amantes da natureza que já têm por tradição fazer turismo de observação de aves, são os principais objetivos da ATA. “O birdwatching é uma atividade que já está consolidada em países como o Reino Unido, Alemanha, França, Suíça e até aqui ao nosso lado, em Espanha. Em Portugal ainda está em crescimento, é um nicho de mercado que ainda pode ser potenciado, porque há muito a fazer”, frisa Dora Coelho, diretora executiva da associação. Tradicionalmente realizada na primavera e no outono - a «época baixa» para o turismo - a observação de aves representa uma mais-valia que poderá ajudar a combater a sazonalidade do Algarve. “A nossa região reúne excelentes

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condições para a observação de aves, não só porque aqui existem espécies que não se encontram em locais com grande tradição em birdwatching, como é o caso do Norte e Centro da Europa, mas também porque permite a realização da atividade no inverno”, adianta Dora Coelho. Nos últimos anos, a observação de aves tem vindo a crescer em diversos mercados e o Algarve não é exceção. A par do registo da chegada de turistas que vêm especialmente para observar aves verifica-se também o investimento de empresas locais na área e a inclusão da atividade nos programas de turismo. A observação de aves é também um produto promovido pela ATA para divulgação da região Algarvia além-fronteiras. Incluem-se nas ações de promoção a participação em feiras, como por exemplo a British Birdfair 2015, e a organização de press trips para dar a conhecer, através da imprensa, a experiência que o Algarve pode proporcionar aos turistas. A destacar a realização do VI Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza, em Sagres no mês de outubro, evento para o qual a ATA convida imprensa especializada estrangeira com o intuito de impactar potenciais turistas para o Algarve. Em Portugal, a região algarvia é considerada como a mais interessante para a observação de aves. A diversidade de espécies residentes e que para aqui migram no inverno ou na época de reprodução e a variedade de ambientes naturais como falésias, paisagens mediterrânicas, serras e zonas húmidas são elementos diferenciadores para este nicho de mercado. A Península de Sagres, a Serra de Monchique, a Lagoa dos Salgados, o Caniçal de Vilamoura, a Ria de Alvor e Formosa, Castro Marim e a Serra do Caldeirão são alguns dos locais apelativos para os turistas birdwatchers . 46


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