ESCRITORES DO FUTURO

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Alguns dos alunos do 6º, 7º e 8º anos participaram neste concurso organizado pela Verbo – http://www.editorialverbo.pt/ - no final do ano lectivo de 2007/2008 em que se comemorava os cinquenta anos da editora portuguesa. Assim, a partir de uma frase de um escritor conhecido, os alunos tinham de criar uma história! Os alunos que participaram neste concurso deixaram-se tentar pelas frases que se seguem: FRASE « Ritinha ficara só em casa quando bateram à porta. - Quem é? - Sou um australopiteco. » « A noite acorda à noite e põe-se a murmurar: “Tenho medo do escuro, Quem me vem sossegar?” » « Num dia de muito sol encontrei um caracol. » « O rio corre entre duas margens, numa mora a Playstation, noutra a escola. » « Tenho a certeza de que, se naquele dia não tivesse chovido tanto, as coisas teriam sido bem diferentes.» « Era uma vez uma linda e pobre camponesa que encontrou, próximo de um rio cristalino, um maravilhoso anel mágico. »

ESCRITOR Margarida Castel-Branco

Maria Alberta Menéres Maria Isabel de Mendonça Soares Maria do Carmo Rodrigues Maria do Rosário Pedreira Maria da Conceição Galveias Ferreira

O conto deveria ter no máximo três páginas, redigidas com letra Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento de 1,5 entre linhas. Os dez melhores contos seleccionados estarão na base de um livro a publicar pela Verbo no final de 2008. Aqui ficam os trabalhos dos nossos alunos que, apesar de não terem alcançado prémio, revelam a imaginação dos nossos jovens leitores que obedeceram às regras previamente estabelecidas! Não figurarão no livro a publicar pela Verbo, mas têm desde já lugar de honra no nosso blogue e estão todos de Parabéns!

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RITINHA E O AUSTRALOPITECO Ritinha ficara só em casa quando bateram à porta. - Quem é? - Sou um australopiteco. A menina olhou para o australopiteco e começou a rir-se : - Gostei da tua máscara, mas Halloween já passou! - É verdade, sou um australopiteco e estou com fome! A menina olhou bem para ele e constatou, pelo cheiro, que era verdade. Então, decidiu deixá-lo entrar. Os dois dirigiram-se para a cozinha. O australopiteco estava mesmo espantado com tanta modernice. Ficou algum tempo pressionando o interruptor para acender e apagar a luz. Quando a Ritinha lhe ofereceu um pedaço de presunto, olhou a geladeira e disse surpreendido: - Eu nunca tinha visto um mamute tão pequeno e tão branco - olhou para Ritinha e perguntou: - Como fizestes para caçar um animal assim tão esquisito? A Ritinha intrigada respondeu –lhe: - Olha, australopiteco, nas cidades não é preciso caçar, é só ir à loja e comprar! - Mas comprar com quê? – replicou ele. - Com o dinheiro que você ganha com o seu trabalho - respondeu ela. O australopiteco muito decepcionado suspirou: - Era melhor na minha época… - e começou a comer o seu pedaço de presunto de mamute. A Ritinha perguntou-lhe com curiosidade: - Mas da onde você veio? O australopiteco respondeu: - Eu só me lembro que eu estava tentando caçar um mamute e tudo ficou muito frio… ontem dei-me conta de que estava flutuando num bloco de gelo. Algumas horas depois eu encalhei na praia, e esperei descongelar. Então, comecei a andar procurando uma gruta e encontrei-me com uma “multidão” de grutas brancas, todas semelhantes, onde vocês vivem… assim cheguei à tua gruta: A Ritinha ficou pensativa e respondeu :

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- A agora eu compreendo melhor, mas tu disseste-me que és um australopiteco, não és? O australopiteco olhou para ela com ar pensativo e disse: - Faz-te confusão o facto de eu ser um australopiteco, não é? Em vez de te dizer que sou um homosapiens! - Claro!- disse ela furiosa - tu não achas estranho que saibas falar a nossa língua? - Mas é porque tu não tens cultura nenhuma! Olha… - começou ele. - O quê?! Tu pensas que eu não tenho cultura? Não sei se sabes, mas tu és um macaco que só sabe andar… normalmente! E eu sou uma menina CIVILIZADA e CULTIVADA, estás a ouvir bem? - disse ela fora de si. - Mas não é nada disso, Ritinha, eu fiz como todo mundo, eu li os jornais e vi os anúncios pelos muros da cidade. Não te posso dar mais explicações. E aprendo sobre tudo o que vejo e escuto. A Ritinha olhou para ele com surpresa e admiração e pensou « ele é realmente super-inteligente! » Entretanto, o pai da Ritinha chegou e descobriu a filha falando com um macaco… e desmaiou! A Ritinha ficou apavorada: - Vai te já embora daqui antes que ele acorde! Então o australopiteco pulou para dentro do congelador e disse antes de fechar a porta: - Foi um prazer conhecer-te e tomar banho! Tchau e não te esqueças de depois me tirar desse mamute branco e de me atirar para o mar! A Ritinha, triste por se separar desse australopiteco tão inteligente, disse: - Não te preocupes, não te vou esquecer! Depois o Pai acordou e só viu a Ritinha com um grande sorriso: - Eu preciso de consultar urgentemente um médico, estou a ficar doido! E assim se terminou a história. No dia seguinte, a Ritinha foi jogar o bloco de gelo no mar e no momento em que ele caiu na água, ela ouviu: - Caramba! Que frio, mas que sorvetes tão gostosos! Hugahuga!

bob

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Na noite em que a noite não conseguia adormecer… A noite acorda à noite e põe-se a murmurar: “'Tenho medo do escuro, quem me vem sossegar?” E nesse mesmo instante, aparece uma grande sombra em forma de banana, era a Lua. - Quem és tu? - pergunta a noite assustada. - Sou a Lua, venho sossegar-te! A noite sai de debaixo do lençol e sorrindo dá-lhe um grande abraço. - Como conseguir adormecer à noite? - Ah! A Lua tem uma ideia! - Que tal contar uma história à noite, para ver se ela consegue adormecer? Vamos lá ver: Era uma vez... E o Joãozinho voltou ao normal e casou-se com a Princesa... Fim! Mas não funcionou, a noite estava ainda acordada, com medo do escuro. Então, a Lua teve outra ideia. Saiu e foi buscar algo. Voltou com uma cama de água! Que espectáculo! Será que a noite ficará cansada de brincar e conseguirá adormecer? Claro que não! A noite brincou, brincou, brincou e nunca mais se cansava. Será que estava ligada à electricidade? Então outra ideia lhe veio à cabeça! Trouxe uma cassete. Que filme seria?! Surpresa! Foram fazer pipocas, instalaram-se bem e a Lua ligou a televisão. Era uma cassete do nosso amigo Ruca! A noite estava muito contente! Ela adorava o Ruca, tinha a colecção toda! Mas também não resultou. A Lua já não tinha paciência nenhuma e decidiu ligar ao seu marido. Dez minutos depois o Sol chega a casa da noite. Vendo uma luz tão forte e tão grande a noite assustou-se! Mas o Sol já tinha guardado várias crianças durante a noite e o Inverno, portanto ele sabia como adormecê-las. Cantou uma canção magnífica e a pouco e pouco a noite fechava os olhos... Por fim, a noite adormeceu. A Lua foi acabar o seu trabalho e o Sol foi descansar. No dia seguinte, a noite acordou e foi ver o Sol ! - Sol, sabes que mais? Esta noite sonhei com uma história em que tu e a Lua participavam, foi assim... vicky

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A MATEMÁTICA, UM SONHO, O SOL E O CARACOL Num dia de sol, encontrei um caracol… Eu estava voltando da escola, com uma cara... tinha tido má nota a matemática! Tinha estudado tanto com a minha mãe… então, não era possível ter má nota! Só que o problema é que o professor era muito exigente… e resolvera fazer perguntas do teste anterior! Chegando a casa minha mãe gritou comigo. Enervada, decidi sair para passear um pouco com a minha égua e a minha cachorra. Demos um longo passeio e às tantas parámos para recuperar as nossas forças! Sentei-me num tronco e acabei adormecendo… O meu sonho era bem esquisito. Havia monstros na floresta e... eles tinham comido a minha égua e.... o meu sonho não teve fim porque, DE REPENTE, acordei! Para sentir algo rugoso e nojento. Era um caracol, maior do que uma formiga, maior do que uma folha de.... maior do que o meu coração! Ele era tão, tão, tão bonito com suas antenas erguidas, grandes, maravilhosas. Eu estava espantada, sem palavras nenhumas por ver um caracol tão grande. Num dia de sol, encontrar assim um caracol não é frequente!!! Mas agora, toca a regressar para casa, toca a reenfrentar o meu tigre, ou o meu leão, se preferirem!! Mas não vou só, decidi levar para casa o grande caracol com os pauzinhos ao sol… mais um amiguinho não é nada mau! camilette

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O Rio “Existência” O rio corre entre duas margens, numa mora a playstation, noutra a escola: assim se pode resumir a vida moderna. Poder-se-ia aprofundar este assunto de muitas maneiras mais, mas a melhor é a de inventar e de contar uma história. Quando as crianças nascem, elas vivem numa montanha muito grande chamada “Infância” e aí passam todos os primeiros anos das suas vidas. Estão num pequeno mundo que só eles entendem e ninguém pode modificar as suas maneiras de pensar. Depois dos três anos, quando já sabem reflectir e pensar, quando já têm uma personalidade própria, começam a descer, seguindo o rio chamado “Existência”! Seguem-no sempre para não se perderem. Nunca poderão voltar para trás, nem poderão ficar muito tempo na mesma parte da “Existência”, sempre avançarão. Numa margem desse rio, tem livros e muitas coisas para aprenderem. Noutra, tem jogos e várias coisas para brincarem e se divertirem. Antes de chegarem ao sopé da montanha “Infância”, têm sempre pontes para atravessar e passar da brincadeira ao estudo.terminada a descida da montanha, por volta dos 11 anos, devem fazer uma escolha muito importante para a vida porque no fim da “Infância” já não há mais pontes e nunca mais pode se atravessar o rio. Então devem escolher: ficar na margem dos jogos, a margem da “Playstation” ou ir para a margem dos livros, a margem do ”Espaço de Sabedoria, de Cultura, de Observação da vida, de Literatura e de Arte”, mais vulgarmente chamada E.S.C.O.L.A. É nesse momento que se escolhe o tipo de vida que se vai viver daí para a frente! A história que vos vou contar trata dos dois tipos de vida possível. É a história de dois meninos,o Djoca e o Zeca. Eles eram gémeos, estavam sempre juntos. faziam sempre as mesmas coisas e entendiam-se muito bem. Tinham descido toda a montanha juntos e juntos atravessaram chegaram a última ponte da “Infância”. Nesse lugar, o rio era tão grande que a ponte tinha mais de 7 kilómetros de comprimento! Eles tinham de decidir para onde iriam.Foi uma longa discussão que durou um tempão e que acabou numa briga.Estavam tão zangados um com o outro que decidiram separar-se. O Djoca foi para a “escola” e o Zeca para a Playstation. Foi nesse momento que cada um entrou na sua margem que se situava na planície chamada:”A Maturidade”.

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Até aos 15 anos o Djoca continuou na “escola” e ia aumentando seu conhecimento. Ele estudava muito e tinha tomado gosto nisso. O Zeca, em contra partida, tinha parado de aprender e furioso por ter brigado com o irmão ficava longe de todo mundo sem ver ninguém, jogando jogos de vídeo metade do dia e dormindo na outra metade. Chegado aos 20 anos, o Djoca , que tinha acabado os estudos, chegou numa parte da “Existência” em que já não tinha “escola”, mas tinha que encontrar um trabalho. Andou à procura de um emprego e achou um pelo qual tinha as competências adequadas e onde ia aprender ainda mais coisas. Foi contratado e entrou na vida activa. Por seu turno, o Zeca, quando chegou nessa parte do rio, não achou emprego nenhum porque, primeiramente, não gostava de trabalhar e em segundo lugar, não tinha competência nenhuma. O Djoca continuou avançando pelo rio tornando-se cada mais importante na sua empresa. O Zeca continou vivendo em cabanas abandonadas transportando sempre com ele a sua televisão e os jogos de vídeo vivendo uma vida sem interresse nenhum. Um dia, o Djoca, que já começava a cansar-se do emprego, parou de trabalhar na empresa e usou o dinheiro que tinha economizado para poder viver bem, continuando a desenvolver outras actividades que tanto lhe agradavam. Ele nem podia imaginar o que estava vivendo o seu irmão do outro lado do rio. O Zeca não vivia a mesma coisa… Estava velho, sem dinheiro e como quase nunca comia nem tinha força para jogar com os jogos de vídeo. Um dia, tão cansado estava que caiu no rio. Assim conseguiu avançar e sobreviver na vida! Do seu lado, o Djoca andava muito cansado,mas continuava a avançar. Agora as margens do rio aproximavam cada vez mais uma da outra e o rio ficava cada vez mais estreito. Um dia ele viu , flutuando no rio, que já estava mesmo muito estreito, o corpo do seu irmão. Não estava morto, porque respirava, mas dentro da sua cabeça, já tinha morrido há muito tempo. Tinha morrido no dia em que tinha perdido toda a razão de viver. Durante alguns dias, eles falaram um com o outro e o Zeca viu que o seu irmão tinha tido razão e arrependeu-se de o não ter seguido para a “escola”. Depois de quatro dias de conversa, ao longe viram uma cascata. Essa cascata chamava-se ”Morte”.Eles caíram os dois na “Morte”, juntos, como irmãos.

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Haviam nascido da mesma maneira, no mesmo lugar e morrido da mesma maneira, e no mesmo lugar, apesar de terem vivido vidas tĂŁo diferentes. Somos sempre nĂłs que decidimos a vida que vivemos!

alguĂŠm

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SE NAQUELE DIA NÃO TIVESSE CHOVIDO TANTO… Tenho a certeza de que, se naquele dia nao tivesse chovido tanto, as coisas teriam sido bem diferentes… eu não teria escorregado na rua e sujado as minhas roupas que me foram compradas para o meu aniversário. Naquele dia eu estava vinte minutos atrasado para ir para a escola, sujo, com as pernas a doer, as calças furadas e sem casaco que me protegesse de uma chuvada enorme. Os meus cabelos estavam molhados, como todo o meu corpo, quando um autocarro passou e me enlameou todo. Nesse momento eu parecia a um monstro horrível!! E continuei o meu caminho a chorar. Eu já tinha trinta minutos de atraso e comecei a correr com todas as minhas forças. E foi nesse momento que me lembrei da fotografia da turma que ia começar dali a quinze minutos. Se eu continuasse a corrrer assim, estaria na escola um minuto antes da foto. Então corri como um atleta corre para ganhar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Quando cheguei à escola, a minha turma já estava preparada para a foto. Todos os meus colegas de turma estavam bem penteados, com roupas lindas e limpas; e eu, com roupas sujas e furadas, o cabelo despenteado; eu estava simplesmente horrível! Quando os meus amigos me viram, gritaram como se tivessem visto um monstro. Tirámos a fotografia de turma ao lado de um monstro (eu)! Foi o pior dia da minha, pobre vida! E tenho a certeza de que, se naquele dia, não tivesse chovido tanto, as coisas teriam sido bem diferentes! benfiquista

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Sonho de Criança - Tenho a certeza de que, se naquele dia não tivesse chovido tanto, as coisas teriam sido bem diferentes. - Queres dizer que esse pesadelo já te aconteceu de verdade? Avó, responde-me! - Não quero falar sobre isso agora. Deixa-me, por favor, Ana. - Eu já não sou criança nenhuma, avó. - Eu sei. Mas às vezes os sentimentos custam a sair. Ainda mais aqueles que lá estão há bastante tempo. Vais perceber isso ao longo da tua bela vida! - Avó, não mudes de assunto! - Não me fales assim, Ana! Não te esqueças que ainda sou a tua avó. - Oh, desculpa avozinha! Eu só queria que tu confiasses em mim. - E confio, querida. Pousei a minha velha mão por cima da mão da minha neta. Tinha de lhe contar tudo. Respirando fundo, disse-lhe: - Foi uma história que se passou há muito tempo. Tinha eu nove anos. Os meus pais tinham comprado uma casita, numa aldeia, pois a nossa antiga moradia tinha ficado demasiado pequena com o nascimento da minha irmã. - Desculpa interromper-te, mas... tinhas uma irmã? - Chamava-se Cláudia. Um nome tão bonito. Ela era uma menina mesmo linda. Tinha seis anos quando tudo aconteceu... - E o que é que aconteceu? - O meu pai tinha de ir de madrugada a casa de um senhor rico de Lisboa. A minha mãe não estando em casa, eu e a Cláudia fomos para a casa de uns amigos dos nossos pais. Jogámos na rua enquanto foi possível, mas a chuva começou a cair e... Uma voz surpreendeu-nos. Era o médico: - Desculpe, mas a sua avó vai ter de descansar agora. - Claro, eu vou-me já embora. A Ana despediu-se de mim e saiu. Fiquei só com a minha tristeza passada. A minha neta voltou três dias depois. Pedimos ao médico para ir dar uma volta pelo jardim, e continuei a minha história enquanto a minha neta a escutava tranquilamente:

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- A chuva começou a cair e tivemos que entrar para dentro da casa para não nos molharmos. Como não havia nada para fazer, começámos a aborrecer-nos. Por fim a chuva parou e pudemos continuar os nossos jogos. Tinha chovido tanto que o jardim parecia um oceano. Havia água por todo o lado. Mas o tempo não nos impediu de brincar. De repente, sem eu perceber como, a Cláudia caiu. E quando fui ver se estava bem e se não se tinha magoado, vi que a minha irmã tinha desaparecido. Andei à procura dela a tarde toda. E não a encontrei. Sentei-me, desesperada, e esperei. Até que a Cláudia acabou por aparecer, e disse simplesmente: «Então? O jogo não acabou. Vem, depressa!» Já não sabia o que responder e perguntei-lhe onde é que ela estava. «É segredo.», respondeu-me. - E nunca soubeste o que tinha acontecido à tua irmã? - Sim. Depois disso, a Cláudia tinha-se tornado numa menina muito diferente. Passava horas na banheira. E quando saía da casa de banho fazia de conta que tinham passado apenas cinco minutos em vez das duas horas. Um dia em que os nossos pais não estavam em casa e em que tínhamos ficado as duas sozinhas, esperei que a Cláudia fosse tomar um banho e espiei-a. Ela saltou para a banheira e desapareceu. Fui a correr para ver o que tinha acontecido. A Cláudia já lá não estava. Fiz exactamente como a minha irmã e saltei. Então, uma coisa extraordinária aconteceu. Encontrei-me projectada num outro mundo… estava no mar. - O quê? No mar? - Espera. Ainda não acabei. Estava, então, debaixo da água. Não conseguia respirar, quando ouvi a voz da minha irmã ao longe a dizer: «Mónica, por aqui.». Vi então uma sereia aproximar-se de mim e segurar o meu braço para que eu não me afogasse. Era a minha irmã! - A Cláudia era uma sereia?! - Era. E segundo aquilo que ela me contou, tinha-se transformado numa sereia naquele dia em que tinha caído na tal poça de água. Então, dizia eu, a Cláudia segurou-me o braço e ajudou-me a nadar até uma gruta submarina. Nem imaginas o meu espanto quando acordei e vi um mundo inteiro constituído por sereias à minha volta. A minha irmã disse que eu não corria nenhum risco ali e que tinha de esperar mais uns minutos para poder nadar com ela. Uma luz branca começou a cobrir-me e dali a pouco encontrava-me transformada numa linda sereia. - Desculpa avó, mas eu acho que não acredito na tua história.

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- Então não acredites! Mas deixa-me acabar. Depois disso, fui nadar com a Cláudia. Era uma sensação magnífica. Nem imaginas como. Sentia-me livre. Quando, de repente, ouvimos um grande barulho que veio estragar tudo. A Cláudia avisou-me: «Temos de combater! É a bruxa Maléfica que vem tentar conquistar o nosso mundo.» E eu repliquei: «Não vamos combater coisa nenhuma, vamos mas é embora!». A Cláudia explicou então que alguém tinha de ficar para salvar aquele mundo submarino, que eu podia ir para casa, mas que ela ficaria ali. Perante esta resposta... Não o sabia, mas aquela foi a última vez que eu vi a minha irmã. A nossa conversa eternizou-se e… Eu fiquei, ela não. Eu combati, ela não. Acabámos por ganhar, mesmo se não tinha sido eu a melhor no combate contra a bruxa. Fiquei tão contente, e ao mesmo tempo com muita pressa de voltar para casa... Saí da água e encontrei-me de novo na banheira em que tinha desaparecido. Mas a casa de banho tinha mudado. Não era a mesma. Algo ainda mais extraordinário tinha acontecido. Enquanto eu estava naquele outro mundo, cem anos tinham passado. Os meus pais e a minha irmã já tinham morrido há muito tempo, em mim o tempo parara, como se debaixo de água tudo estagnasse. Não voltei ao mundo das sereias. Deixei-me ficar neste nosso mundo, cresci, casei, tive filhos, e mais tarde netos. Mas nunca esquecerei aqueles dias. Nos primeiros tempos, tinha pesadelos todas as noites. Depois passou. Até ontem… A Ana não disse nada. Só perguntou se eu me sentia bem e saiu. Mas eu tenho a certeza de que, se naquele dia não tivesse chovido tanto, as coisas teriam sido bem diferentes! XX-AJ-XX

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E SE OS SONHOS SE TORNASSEM REALIDADE… - Tenho a certeza de que, se naquele dia não tivesse chovido tanto, as coisas teriam sido bem diferentes. Choveu tanto que o rio subiu até à igreja. Certas casas ficaram debaixo de água até meio. Um barco, que transportava animais, naufragou, embatendo no cais do porto. Chamaram os teus pais e outros veterinários para salvar os pobres animais. Mas as estradas estavam perigosas, e eles tinham de chegar rapidamente. O carro patinou e virou-se. Foi assim que morreram os teus pais. Eles já tinham saído quando gritei que os animais estavam a salvo, que os veterinários já estavam do lado do porto quando o barco embateu no cais. Mas era tarde de mais... - Avó, é estranho, mas depois de me contares isso, fico com um sentimento esquisito: é como se eu estivesse triste e feliz ao mesmo tempo. - Não compreendo. - Estou triste por os meus pais terem morrido, mas estou contente porque agora sei que foi por uma boa causa. A menina nunca conhecera os pais. Tinham morrido pouco tempo depois dela nascer. Sempre vivera com a avó e nunca lhe faltara nada. Mas a avó sempre se recusara a contar-lhe aquela história, pretextando que ela era pequena demais para ouvir coisas tristes. Mas agora que sabia tudo, sentia um buraco dentro de si e não sabia porquê. - Avó, vou deitar-me, estou cansada. - Boa noite querida, e não penses mais nisto! - Boa noite. Mas nessa noite, a menina teve um pesadelo. Sonhou com a cena da morte dos pais, mas não participava fisicamente nela, estava presente simplesmente em espírito. E sonhou sempre com aquilo noites e noites a fio. Ao fim de uma semana, não podendo mais, a tristeza rebentando no seu coração, confiou-se à avó: - Avó, desde que me contaste como os meus pais morreram, tenho o mesmo pesadelo, todas as noites! Mas o que me surpreende, é que quando sonho, habitualmente, estou sempre presente nos meus sonhos e posso agir, mas neste sonho, assisto só como espírito. - Querida, devias ter-me dito antes, para não sofreres tanto. - Eu queria, mas não consegui. Era como se alguém me impedisse. 13


Nessa noite sonhou de novo com a cena da morte dos pais. Mas desta vez sentiu algo diferente: ela era uma personagem e agia no sonho. Estava à porta da casa da avó, e via os seus pais que já saíam. Não pensou mais. Tinha de impedir os pais de irem de carro. Mas como? O tempo passava à velocidade da luz, e a menina não sabia que fazer. Eles já estavam no carro e o pai acabara de ligar o motor. A menina então gritou: - Prefiro muito mais morrer do que vê-los morrer! - E atirou-se para debaixo do carro. Já se preparava para morrer e esperava o choque. Iniciou então uma oração: “Senhor, protege os meus Pais e faz com que eles não morram hoje! Entrego-Vos a minha vida em troca da deles. Mesmo se é só um sonho, gostava que fosse verdade e que eles continuassem a viver e se esquecessem de mim. Senhor, vou, enfim, para junto de Vós!” Entretanto começou a chorar. Um choro deseperado, que acabou quando a pobre menina acreditou no que viu: a sua mãe tinha parado o carro e tinha pegado nela ao colo, embalando-a carinhosamente. Nesse momento, a sua avó saía a correr de casa, gritando: - Já os salvaram! Os veterinários estavam num congresso mesmo ao lado do porto quando o barco naufragava. Já salvaram os animais! A menina acordou de repente. O sonho que desta vez fizera era muito diferente dos que tinha feito antes. O sol já estava alto no céu, e a menina sentiu que qualquer coisa tinha mudado, qualquer coisa de importante. Levantou-se e chamou a avó, mas ela não respondeu. Em vez dela, uma voz carinhosa de uma mulher jovem elevou-se no ar dizendo: - Já estás levantada? Ainda é muito cedo! A avó saíu há pouco, mas ela volta já! - Intrigada porque reconhecia a voz, mas não sabia de onde, a menina entrou na cozinha e perguntou num murmúrio: - Mãe? - Sim, sou eu, querida, mas… estás bem? - Estou! - E abraçou longamente a mãe, que achara perdida para sempre. Moralidade: os sonhos podem tornar-se realidade!

jojolapin

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Dia de Chuva Tenho a certeza de que, se naquele dia não tivesse chovido tanto, as coisas teriam sido bem diferentes, pensei recordando os acontecimentos.... - Iupi!!!! É o último dia de aulas!!!! – exclamou Jessica, correndo em nossa direcção. - Porque estás tão triste? – perguntou-me a Cintia, agarrando-me no seus braços. - Porque não vou poder ver-vos durante dois meses! – respondi com lágrimas nos olhos. - Não chores, Laura, podemos combinar um dia para irmos às compras no centro da cidade. – propôs ela. - Tens razão, isso é uma ideia formidável. – concordou Jessica. - Está bem, mais não podemos gastar mais de 50€! – avisei-a, por saber que os meus pais se zangariam comigo se procedesse de outra forma. As minhas duas amigas começaram a rir, mas eu esbocei apenas um sorriso e não entrei em detalhes. Logo que os choros e os risos pararam dirigimo-nos nos para a sala de aula. O dia acabou com gritos de alegrias e choros. Eu, a Cintia e a Jessica combinámos então encontrar-nos no dia 15 de Julho. Abraçámo-nos e despedimo-nos. Enquanto caminhava para casa, lembrei-me de todos os belos momentos que tinha vivido durante aquele ano lectivo. Até que em fim! – pensei - Chegou o dia 15 de Julho! Eu estava a preparar-me para ir encontrar-me com as minhas amigas, quando me lembrei que tinha de levar dinheiro comigo. Só encontrei uma nota de 100 €. Não faz mal, disse para comigo, só vou gastar 50€. Então, peguei no dinheiro e parti para o centro da cidade. Havia muitas nuvens negras no céu que cobriam o sol. Parecia que às quatro da tarde já era de noite. Nas ruas não havia ninguém. Senti uma gota de água na minha bochecha. Dois segundos depois a chuva já tinha invadido Lisboa. Procurei uma loja para me refugiar, mais não vi nenhuma. Só encontrei um banco ali perto com a porta aberta. Quando entrei, uma mulher de belos olhos azuis perguntou-me o que queria. Eu não respondi fazendo de conta que não tinha ouvido. 15


A chuva não parava de cair, já há quinze minutos que eu esperava que parasse. Estava a olhar para o meu relógio quando um homem entrou com uma arma e gritou: - Todo mundo para o chão!!!! Naquele momento, o meu coração começou a bater muito rapidamente. Fiz o que o homem ordenou sem dizer uma palavra. - Vamos todos morrer!!!! – gritou uma mulher. Quando eu ouvi aquilo, comecei a pensar se iria eu morrer. Naquele instante, o homem disparou contra a mulher. A mulher, deitada no chão, e o sangue do seu braço que se espalhava-se à volta dela. Levantei-me para ir ajudá-la, mas o homem disparou mais uma vez! Desta vez acertou em mim. Senti o meu corpo cair pesadamente no chão. Agora tenho a resposta à minha pergunta! – pensei. Quando acordei, estava numa sala branca, uma mulher estava sentada ao meu lado. Era uma enfermeira. Ela tinha olhos claros e um sorriso lindo. A enfermeira olhou para mim e disse: - Você está salva! boby

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O ANEL DE FAMÍLIA Era uma vez uma linda e pobre camponesa que encontrou, próximo de um rio cristalino, um maravilhoso anel mágico. Esfregou os olhos para ver se estava a sonhar, abriu-os julgando acordar na sua pobre cama de palha, mas não! Estava no mesmo lugar, com a mesma posição e com o anel na mão. De repente, o anel começou a tremer e a saltar por todo o lado… até cair na água. Com um gesto rápido, a camponesa que se chamava Mariana, apanhou-o antes que ele tocasse o fundo do rio. Olhou para ele e disse: - Tu agora não sais daqui até me dizeres quem és! Depois de muita conversa, a camponesa percebeu que o anel pertencera a uma rainha que vivera há já muitos anos e que o perdera enquanto fugia do castelo. Aquele anel era a única coisa que lhe restava da mãe que tinha morrido, no dia dos cinco anos da filha, por uma razão qualquer que o anel ainda não tinha identificado. A mãe dissera à filha que iria precisar dele de certeza, uma vez na vida, mas o mais difícil era saber quando. A bela rainha era uma pessoa muito bondosa e amável que se ocupava do país como se fosse seu filho (filho que ainda não tinha). Mas o problema era a falta de um rei! Então, o tio da rainha, que governava o país vizinho, encarregou-se de encontrar um rei digno de uma rainha como a sua sobrinha. A rainha ficou furiosa quando soube que lhe iam escolher a marido que provavelmente não iria amar! A rainha pensou em fugir, mas não era capaz de deixar o seu país sozinho. Durante quinze dias, esperou pela chegada do seu tio e do seu futuro marido. Quando finalmente chegaram, a rainha viu logo que o seu futuro marido tinha má cara, e que não parecia nada amável! Tempos depois, veio a saber que o seu marido era um velho amigo do tio. Desde a primeira noite que passara com ele, a rainha ficou com medo. Ele dava-lhe ordens, falava-lhe com uma voz fria, e na terceira noite, começou a bater-lhe. Ela não tinha outra solução: tinha de fugir! A relação com o marido começava a ser insuportável. Então, numa noite fria, vestiu-se de mulher do povo, pegou no anel que lhe tinha dado a sua mãe, e foi-se embora.

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Caminhou muito, até não poder mais. Estava quase a morrer, quando se lembrou do anel. Soprou em cima dele, e o anel abriu os olhos. Ela disse-lhe então que precisava de ajuda para sair do país e encontrar refúgio antes de morrer. O anel pôs-se logo ao serviço da rainha. Por um milagre qualquer, levantou-a nos ares e em menos de dois minutos, tinham chegado à fronteira. Mas a rainha começava a adoecer e quase que não podia respirar. O anel pensou logo numa solução: levou a rainha às nuvens e ficaram lá uma noite, o suficiente para que ela respirasse ar puro do céu. Depois retomaram a direcção de… E eis que lhes surgiu o segundo problema: não sabiam para onde ir! Mas o anel tinha evidentemente uma solução! Ele era amigo duma pessoa, que conhecia outra pessoa, que conhecia outra pessoa, que conhecia uma pessoa que vivia numa montanha calma e perdida no fundo do país. Foram então para lá e, até chegarem ao destino, não houve mais problemas nenhuns! A rainha encontrou refúgio em casa do homem que morava na montanha. A casa era perto do rio no qual Mariana tinha encontrado o anel. A rainha nunca soube se o seu país estava a ser bem dirigido ou não na sua ausência, mas o principal é que ela estava num lugar seguro onde ninguém lhe batia, pelo contrário, o homem que a acolheu era muito amável! Poucos meses depois, a rainha teve filhos com o belo homem. E foi ao lavar a roupa no rio que perdeu o anel e nunca mais o encontrou. O anel, que era de família, ficou enterrado na areia impedindo-a de utilizar os seus poderes especiais. O anel permaneceu enterrado durante anos e anos até que Mariana o descobriu no fundo do rio. Quando a jovem o encontrou, decidiu levá-lo para casa para mostrá-lo à família. Durante o caminho, apercebeu-se de duas iniciais gravadas no anel: L.P. Lembrou-se então da pulseira que, na família, se oferecia sempre a cada um dos filhos no vigésimo aniversário. Nela sempre se gravavam estas mesmas iniciais. As iniciais da bisavó da avó da sua mãe que… era rainha! E que se chamava Laura Pereira… - Então aquela rainha da história do anel é a rainha da história do meu pai? Por isso é que se oferece a todos os meus irmãos esta pulseira com estas iniciais gravadas na placa! Deve ser em lembrança da Laura e do seu anel que a ajudou tanto a fugir! – pensou Laura, depois de ouvir a história do anel, toda feliz por ter encontrado a jóia que a sua família procurava há já tanto tempo. yoyox

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CAROLINA E O SOLDADO Era uma vez uma linda e pobre camponesa que encontrou, próximo de um rio cristalino, um maravilhoso anel mágico. Esse anel era cor de ouro com uma insrição na parte interna. A camponesa de nome Carolina não consegui a ler o que estava gravado, mais sabia que custava caro um anel daqueles. A linda mulher decidiu guadar o anel no bolso e voltou para casa. Depois do pôr do sol, Carolina tirou o anel do bolso e colocou-o na gaveta da sala de jantar. A casa dela era do século XIII e por isso era muito velha. Era preta e branca e as portas de madeira estavam esburacadas por causa dos insectos. Dentro da casa havia pouca coisa: uma mesa, uma cama, um balde de água e um tapete de sala mais velho do que a casa. Os tempo eram difíceis, a vida era dura e o dinheiro era pouco. Carolina dormiu muito mal nessa noite. E quando acordou sentiu-se estranha. Alguma coisa estava errado, mas ela não sabia o quê. Ela saiu da cama, sentou-se na única cadeira da sala quando de repente ouviu um tiro de carabina. Carolina, assustada, saiu da casa e olhou para todos os lados. Um garoto de 16 anos estava morto no chão à frente da porta principal. A camponesa estava muito assustada, mas foi até ao corpo. Ela ajoelhou-se e observou-o. O garoto estava pálido e sangrava da perna. A jovem tocou no garoto, quando de repente este começou a brilhar. Os olhos dele abriram-se lentamente e ele lenvantou-se. Olhou para a camponesa e depois foi embora correndo. A linda camponesa olhou para as suas mãos que brilhavam como o sol. Ela estava apavorada. Voltou para dentro de casa e pensou de novo no anel que tinha encontrado no rio. Tratar-se-ia de um anel mágico? Colocou então o anel no dedo e olhou de novo para a mão pensando: “ Será que tenho algum poder? Poder de fazer reviver as pessoas? ” Ela queria conhecer a resposta, mas tinha que ter uma pessoa morta para poder fazer revivê-la. Decidiu então ir ao cemitério. Caminhou durante duas horas até chegar ao cemitério. Pegou numa pá e desenterrou o primeiro morto. Chamava-se Henrique Silva, fora soldado na guerra. Ela viu o corpo e decidiu tocá-lo. O homem acordou-se e olhou para a camponesa. O olhares de ambos cruzaram-se. A mulher examinava o olhos azuis e os cabelos loiros claros do soldado. O homem olhava os cabelos castanhos e os olhos verdes da mulher. O dois eram de uma beleza perfeita. A pureza da mulher e o olhar do homem combinavam como o sol e a lua.

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O homem convidou a mulher a tomar um chá num bar da cidade de Lisboa que ficava a três kilómetros do cemitério. Duas horas depois de terem começado a caminhada chegaram à cidade. Lisboa era linda nos dias ensolarados. Foram ao bar do Chico que ficava frente ao mar. O soldado não tinha dinheiro, mas a camponesa tinha algumas moedas. Depois de tomarem um chá exelente, caminharam à beira-mar. Entretanto o soldado vira o anel da camponesa e perguntou: - É casada? - Não. Porque me pergunta isso? – interrogou-o a jovem. - Porque vi o anel que está no seu dedo. A mulher não disse nada. Se dissesse que era um anel mágico, o lindo soldado iria pensar que ela era uma bruxa. Mas Carolina resolveu dizer-lhe: - Eu encontrei este anel num rio e guardei-o para mim. O homem sorriu e a camponesa continuou: - Porque ri, Henrique? - Eu estava a olhar para si, é linda! Carolina ficou embaraçada e continuou a andar procurando mudar o rumo da conversa. Um ano depois o soldado tinha pedido à camponesa para se casar com ele e ela aceitou. O casamento realizou-se no próprio dia do pedido. Tudo se desenrolou bem até que uma convidada cai no chão batendo com a cabeça violentamente na pedra. Carolina sabia que se a tocasse, poderia salvá-la da morte certa… mais ela não queria assustar o novo marido… e Carolina deixou a mulher ser enterrada. O casal foi morar longe da cidade e tiveram três filhos: Maria, Ana-Cristina e João.

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A Senhora do Anel Era uma vez uma linda e pobre camponesa que encontrou, próximo a um rio cristalino, um maravilhoso anel mágico… Era um fim-de-semana como os outros. O lindo som da água do rio, que corria por entre as montanhas, e o canto dos rouxinóis soavam como uma bela melodia campestre. Aquela agradável brisa da manhã, fresquinha e suave… por detrás das montanhas verdejantes, quente e luminoso se levantava o sol. No meio dessas montanhas havia uma casa. E nessa casa ainda moram os avós de André e Danielle. Era um fim-de-semana como os outros… nem tanto como os outros porque, naquela casa no meio das montanhas, nunca havia muita gente. Os netos e netas do senhor Amado de Jesus e da dona Anna só vinham nos fins-de-semana em que estavam de férias. Pois, mas esse fim-de-semana calhava em plenas férias de Primavera. André, Danielle e outros primos deles estavam a caminho da casa por entre as montanhas. Amado e Anna tinham treze netos: André, Danielle, Jefferson, Marcelo, Lilliane, Fernando, Aureana, Felipe, Giovanni, Henrique, Alexandre, Johdy e Eryckison. Anna era dona de casa. Mesmo com sua idade, demasiado avançada, ela fazia a limpeza, lavava as louças, as roupas e realizava várias outras tarefas domésticas. Quanto a Amado, ele tinha algumas ovelhas e vacas que lhes forneciam leite. Ele também gostava de contar histórias. Todas as vezes que seus netos vinham, estes pediam ao avô que lhes contasse uma história. Dessa vez não foi diferente. Os netos chegaram sábado à tarde e logo após a janta, antes de irem dormir, os netos pediram ao avô que lhes contasse uma história. Lá vai o vovô Amado, mais uma vez, contar histórias aos netinhos. “Era uma vez uma linda e pobre camponesa que encontrou, próximo a um rio cristalino, um maravilhoso anel mágico. Esse anel pertencia ao feiticeiro francês do Rei. Ele era dourado com um diamante roxo e vermelho, e na face interior do anel estava escrito «Quiconque porte l’anneau sera porté par lui.1». A camponesa não entendia essa frase, era uma língua que ela não conhecia. Saiu então, perguntando para todas as pessoas da pequena cidade de Paissandu, mas ninguém sabia qual era o significado da tal frase. Não sabendo o que significavam essas palavras, a jovem

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«Quem usar este anel, será transportado por ele.»

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colocou o anel e nesse instante ele começou a brilhar. Ela tentou tirá-lo, mas não conseguiu. Suas pupilas começaram a ficar roxas, de um roxo avermelhado. O anel virou seu mestre e ela sua servidora. A camponesa entendeu imediatamente o significado da frase! Ela foi-se embora da cidade e, com seus novos poderes, saiu fazendo maldade por todas as regiões onde passava. Com o tempo foi enriquecendo. Enriqueceu tanto que se fosse hoje em dia ela seria bilionária. Até que um dia, quando estava incendiando as casas de uma pequena aldeia… da última casa, a única que ainda não tinha queimado, saiu um jovem de olhos brancos e azuis, e em sua mão esquerda estava um anel dourado exatamente como o da linda camponesa, só a cor do diamante mudava, era azul claro em vez de roxo. Esse rapaz estava hospedado naquela casa, ele também andava por essas terras fora, mas fazendo o bem. Quando viu a moça com aquele anel, não viu outra solução. Fez uma mágica e arrancou-lhe o anel do dedo. Os olhos da jovem voltaram à sua cor normal: azul. Os dois jovens apaixonaram-se e um ano depois casaram-se. Ela perdeu sua riqueza, mas viveu feliz para sempre. - Então, crianças, lembrem-se sempre desta frase:‘A riqueza não faz a felicidade!’ – recordou-lhes o avô que gostava sempre de passar aos netos estas frases da sabedoria popular. Meu nome é Fernando, hoje eu tenho trinta e cinco anos. Eu era um dos netos de Amado de Jesus, que morreu alguns anos atrás. Esta história é uma homenagem a ele. Danoninho17

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ARIANA «Era uma vez uma linda e pobre camponesa que encontrou, próximo de um rio cristalino, um maravilhoso anel mágico» Maria da Conceição Galveias Ferreira

«Era uma vez uma linda e pobre camponesa que encontrou, próximo de um rio cristalino, um maravilhoso anel mágico… Num dia igual aos outros, Ariana ia procurar flores na floresta do lado da casa dela para ajudar os pais a ganhar um pouco de dinheiro. Os pais da jovem camponesa eram muito pobres e estavam desempregados. Então, a única maneira de sobreviver era vender flores. Naquele dia igual aos outros, Ariana tinha chegado à floresta quando viu um anel de ouro no chão coberto por folhas. Ela ficou admirando o objecto durante uns dez minutos até que decidiu voltar para casa com ele. Mas não quis contar aos pais esta descoberta que poderia mudar a vida deles. No meio do anel, havia a imagem de um génio. A jovem camponesa pensou então que o anel era mágico e pediu-lhe uma nova cama, como se este fosse um génio. Esperou alguns minutos e viu uma cama aparecer no meio do quarto. Ariana não acreditou no que via, era incrível! Às tantas, como não parava de pedir coisas ao anel, já estava com o quarto cheio de enfeites, roupas, cintos, sapatos, e outros objectos. Certa manhã, os pais de Ariana que não vendiam mais flores porque Ariana deixara de os ajudar, pediram à filha que lhes emprestasse o anel. Os pais nesta altura já tinham descoberto a existência da jóia, mas Ariana nunca o quis emprestar, de tal forma estava viciada pelo objecto. ELA ESTAVA OBCECADA! Com a recusa da filha os pais ficaram aborrecidos. Passado algum tempo, a proprietária do anel quis então realizar o seu grande sonho: ser modelo! Só que quando Ariana pediu dinheiro ao anel para participar no concurso de beleza, este último explodiu de tantos pedidos que ela já tinha feito. Ariana ficou paralisada com a recusa, não se mexia. Desde pequena que alimentava este grande sonho, sempre desejara ser modelo…

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Depois deste terrível acontecimento, ela não sabia mais o que fazer porque tinha perdido o seu maior tesouro, o anel. Sem se aperceber que antes da recusa do anel já tinha perdido um tesouro ainda mais precioso: a sua família! Andava ela absorvida com o problema da perda do anel que nem se apercebeu que, entretanto, os pais se haviam tornado as pessoas mais importantes da região, graças à descoberta de uma nova flor que nenhum cientista conhecia. Ariana, assim que soube da novidade dos pais, procurou-os para pedir dinheiro mas… é claro que a resposta foi negativa! De Ariana nunca mais se ouviu falar… e dos seus pais? Continuam sendo as pessoas mais conhecidas da região! superma

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O Anel Mágico Era uma vez uma linda e pobre camponesa que encontrou, próximo de um rio cristalino, um maravilhoso anel mágico. Esta camponesa, chamada Eleonor, tinha encontrado aquele anel brilhante na água onde estava a lavar a roupa. Claro que ela pôs o anel no dedo sem saber que era mágico. Ela vivia com a sua avó numa a casa situada numa zona retirada da aldeia. Era uma pequena casa onde só havia duas camas de madeira e um velho fogão onde coziam pão. Eleonor admirava o anel, achava-o lindo e misterioso. Um dia, a avó da Eleonor, que já tinha uma certa idade, adoeceu muito por causa de uma doença. Eleonor, muito inquieta, foi chamar um médico à aldeia. Ao chegar a casa da jovem, o médico examinou a mulher e não conseguiu diagnosticar a doença que tinha a senhora. Ele sabia que era uma epidemia muito contagiosa, mas, até ali nenhum médico, ou quem quer que seja, encontrara um remédio para tal maleita. Eleonor, muito triste e sem poder fazer nada, não pôde fazer outra coisa senão esperar. Na manhã seguinte, o estado da avó tinha piorado, ela já não podia falar. A jovem via a última pessoa da sua família morrer diante dela. Quando a morte chegou, a boa senhora foi enterrada rapidamente porque as pessoas não queriam que a doença se propagasse. Uma semana depois, mais duas pessoas morreram da mesma doença. Cada vez mais triste, a pobre Eleonor foi até à aldeia dar os seus pêsames, porque não tinha mais nada na vida, nada que lhe desse vontade de ficar neste mundo injusto. No caminho encontrou uma casa onde um menino, de aproximadamente cinco anos, sofria muito da doença. Eleonor foi convidada a ajudar a mãe do pobre menino. Quando lhe passou com a mão na cabeça e viu de repente o anel a brilhar com a mesma intensidade com que tinha brilhado a primeira vez junto ao rio. O menino que estava na cama levantou-se logo, abraçou a sua mãe e o anel parou de brilhar. O menino estava curado. O anel possuía o poder de curar as pessoas. Eleonor ficou sem perceber por que razão o anel não tinha funcionado para a sua avó. Ora a verdade é que a magia deste anel só funcionava quando estava em contacto com o doente. A mãe do menino quis agradecer-lhe com dinheiro, mas Eleonor, que era generosa, não aceitou.

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A partir daí foi curando muita gente com a ajuda do precioso anel. Um dia, até curou um príncipe, ele apaixonou-se por ela e pediu-lhe a mão em casamento. A Eleonor que sempre sonhara casar com aquele príncipe aceitou sem hesitar. A partir daí, viveu uma vida magnífica e continuando a curar pessoas.

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Helena e o Anel Mágico

Era uma vez, uma pobre e linda camponesa que encontrou um anel mágico à beira do rio. Aterrorizada, ela olhou à sua volta. Mas como não havia ninguém por perto, ela pôs o anel no bolso do casaco. De regresso a casa, ela sentou-se, cansada e pensativa: - Eu trabalho para o Rei que me trata pior do que uma escrava, mas agora, com este anel… Entretanto, por causa de tanto stress, deitou-se na cama e desatou a chorar. Ela pensava na pobre mãe cansada e na sua própria vida sofrida, destruída por causa do Rei que era cruel e injusto. De repente, o seu bolso começou a brilhar e um génio grande e azul saiu. - Bom dia! Você deve ser a Helena, não é? Eu sou o génio desse anel. Me conta tudo, minha filha, e depois eu te ajudarei. - Bem, quando eu era pequena, a gente tinha o Rei Luís, justo e bom, casado com a Rainha Alexandra, justa e boa. Todos nós gostávamos deles e todos os respeitávamos. Mas num dia triste de chuva, o Rei partiu dessa vida, em paz, deixando o filho Alexandre, de oito anos, órfão. Como o príncipe era ainda novinho, foi o tio que chegou ao poder. Ele afastou a Rainha Alexandra da corte e tentou matá-la. Mas, que alivio! Ela sobreviveu. Agora, por causa dele, o povo morre de fome e de tanto trabalho. Muitos adoeceram como a minha mãe. Estou Desesperada! E o génio a olhou-a com muita atenção. Ele reparou que as lágrimas escorregavam pelas lindas bochechas vermelhinhas da Helena: - Posso te ajudar. Mas eu sei que você e o príncipe se apaixonaram um pelo outro. Não perde essa oportunidade. Eu sei também que ele te pediu em casamento sorriu o génio. - Sim, mas não podemos... Eu sou uma serva do palácio e ele um príncipe choramingou ela. - Então, eu vou te ajudar. Você só pode fazer cinco pedidos. Eu posso fazer tudo o que tu pedires.

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- Desejo que a minha mãezinha e todos os outros recuperem as forças perdidas, que o príncipe suba ao poder, que não haja mais guerras, que não haja mais pobreza e, génio, desejo a tua liberdade! Nesse momento, o génio foi libertado. O Rei mau foi destituído das suas funções e mandado para o exílio, Alexandre casou-se com Helena e tiveram uma filha a quem deram o nome de Esperança e um filho que chamaram Luz. Anos depois, quando morreram Helena e Alexandre, ficou visível como o povo os amava pela enorme justiça com que agiam. O carinho, o amor, a bondade e a sabedoria da família real eram tão grandes que entre o povo ficaram assim conhecidos: Luís, o Generoso, Alexandra a Doce, Alexandre, o Sábio, Helena, a Divina, Esperança, a Inteligente, e Luz, o Iluminado!

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CATARINA Era uma vez uma linda e pobre camponesa que encontrou, próximo de um rio cristalino, um maravilhoso anel mágico. Chamava-se Catarina... Quando a Catarina foi ter com a mãe para lhe mostrar o anel, ela disse-lhe: - Tu tens a corajem de me vir incomodar na minha colheita de batatas só por causa desse anel ridículo?! - Mas senhora minha mãe é um anel mágico! - explicou a Catarina. (A Catarina tratava a mãe por « Senhora minha mãe » quando queria que ela prestasse atenção ou quando queria pedir alguma coisa…) - Pára com as tuas loucuras e ajuda-me! – exclamou ela furiosa. A mãe olhou outra vez para a filha e perguntou-lhe: - Filha ! Onde é que tu encontraste essa roupa?! - É o anel minha mãe... - a Catarina não tinha acabado de falar quando a mãe lhe disse: - Pára com isso, filha! Enlouqueceste?! - Não ! Senhora minha mãe, eu não enlouqueci!... Até estou muito feliz... E queria dizer-lhe que... Outra vez interrompida pela mãe: - O quê?! Fala depressa que eu tenho muito que fazer! - É que... - Sim?! - É melhor eu mostrar-lhe... - Mostrar-me o quê? - A casa... - Aaaaaaaaaa !! Meu Deus!! A minha casa! Não pode ser!... Espera aí esta casa não é minha! Estás a enganar-me para eu acreditar em ti e no teu anel “mágico”! - Mas senhora minha mãe… a nossa casa foi o anel! E... olhe para a sua roupa! - Ah !! Que roupa linda!... Oh, minha filha, agora eu acredito em ti!... - E agora faço de si a mãe a mais feliz do mundo! - Eu já sou a mãe a mais feliz do mundo! Graças a ti, minha filha! - ... Obrigada minha mãe. Eu também queria dizer-lhe outra coisa, eu sei que é uma loucura, mas eu estou apaixonada pelo príncipe Filipe.... - Não é uma loucura, minha filha, nada é impossível!...

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E foram juntas visitar a nova casa... Descobriram que por dentro da casa a maioria das coisas era de ouro. E a mãe exclamou: - Minha filha, somos ricos! Ai que felicidade!... Ó minha querida filha, ainda bem que foste tu a encontrar o anel! - Porquê? - Se fosse a bruxa azeda da Úrsula estávamos feitos! - Porquê? E quem é essa tal Úrsula? - Porque ela é má! Se o anel cair entre as mãos de uma pessoa má é o inferno, mas se ficar com uma pessoa boa é o paraíso! - Mas quem é? - É... Depois eu conto-te!... E assim a Catarina fiz maravilhas durante um ano.... Um ano apenas, porque a Úrsula vai estragar tudo... A Úrsula tinha descoberto entretanto que a Catarina tinha um anel mágico e queria roubá-lo. Planeou furtá-lo à noite... Desastre total porque conseguiu mesmo!... Quando a Catarina acordou depois dessa noite, apercebeu-se que o anel já não estava no lugar onde o tinha escondido... Procurou em todos os lugares da casa, mas não o encontrou, foi ter com a mãe e disse-lhe: - Minha mãe, o Anel… - O que é que tem o anel? - Ele.. ele… ele desapareceu! - Desapareceu?! - Sim, quando eu acordei, ele já não estava no lugar onde eu o tinha posto! - Que desastre! Onde é que ele estará? - Não sei, é isso o pior!...... - Já sei! Só pode ter sido a Úrsula! - O QUÊ ?!!! - Deve ter descoberto que tinhas um anel mágico! E roubou-to! - Mas como? Eu não ouvi nada?!! - Também não sei como! Mas tens de o recuperar! - Sim! (Pensa! Pensa! Pensa, Catarina! Pensa!) Enquanto elas pensavam como recuperar o anel, a Úrsula já estava a pensar em como fazer que o príncipe Filipe se apaixonasse por ela... E disse: - Só tenho que utilizar o anel! E o príncipe é MEU! Hihihihihihi!!... 30


Pôs-se a caminho do palácio real e pediu ao anel que o príncipe se apaixonasse por ela... Mais tarde, a Catarina e a mãe descobriram que o príncipe estava apaixonado pela Úrsula! E disseram uma à outra: - Estamos feitas! Os guardas agora estão a proteger a Úrsula! A Catarina pensou, pensou e disse: - Mãe, se calhar, como fui eu a primeira a encontrar o anel... - E como tu és boa pessoa... - Os desejos maus não podem durar para sempre! – concluiu a Catarina com um sorriso nos lábios. Correram, então, para o palácio real... Quando chegaram, o olhar do príncipe e da Catarina cruzaram-se e o feitiço acabou. O príncipe veio ter com Catarina e ela explicou-lhe o que Úrsula fizera... e pediu-lhe ajuda para recuperar o anel... O príncipe Filipe foi ter com a Úrsula fingindo que ainda estava apaixonado por ela e tirou-lhe o anel. Depois disso a Úrsula foi presa, e o príncipe pediu a Catarina em namoro... Um ano mais tarde, a Catarina e o príncipe casaram-se!

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