Dorothy, um sapato

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Lycée International de Saint Germain-en-Laye // Section Portugaise Nom:______________________________Prénom:___________________________________ Date:_____/______/201_____ Classe:______

História das Artes / Histoire des Arts Ficha/Fiche nº ____ Période : notre époque - XXIe siècle Domaine artistique : Les arts du visuel – les arts plastiques Thématique : «Arts, créations, cultures» / L’œuvre d’art et la genèse des cultures – leurs expressions symboliques et artistiques, les modes de représentation.»

Título do trabalho / titre du travail : Dorothy et la dualité du monde féminin

Origem do trabalho O concurso Viaj’Arte 2012 cujo tema era «Ma rencontre avec l’Art lusophone» levou-nos a prestar atenção a uma artista plástica portuguesa que trabalha com um espírito provocador e que foi convidada a expor a sua obra no Château de Versailles no verão de 2012. Ao utilizar os objetos que a sociedade de consumo rejeita, não por serem inúteis, mas porque procura a «modernidade ikéa» (Joana Vasconcelos dixit), esta artista vai reutilizar objetos para criar algo de novo e inédito. Vai comunicar o que pensa sobre o seu país e a época em que vive através de objetos que conseguem gerar por vezes grandes discussões. Podemos dizer que a artista está em sintonia com a sua época mostrando-nos, à sua maneira, de que forma é possível fazer arte e participar num desenvolvimento sustentável.

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A obra de arte: Título O que representa Data da criação Artista Material em que está feita a obra de arte Dimensões da obra de arte Caraterística que a torna especial Local de exposição da obra de arte

DOROTHY Um sapato 2007 Joana Vasconcelos Panelas e tampas em aço inox, cimento Altura: 270 Largura: 150 Comprimento: 430 O primeiro sapato de uma série de sapatos Peça apresentada na exposição “Yellow Brick Road” (Bienal de Veneza, junho de 2007), Palazzo Nani Bernardo Lucheschi

Justificação do nome do sapato O sapato tem o nome da personagem principal da obra O feiticeiro de Oz de L. Frank Baum Trata-se de uma menina que vai chegar a um país imaginário. Na sequência de um tornado que ocorre no Kansas (Estados Unidos), ela leva uma pancada na cabeça e desmaia. Nesse momento começa uma nova história no país de Oz. Nesse país, Dorothy vai receber duma bruxa boa os sapatos da bruxa má que matou involuntariamente. Os sapatos são mágicos e protegem-na do mal. A menina vai querer, em determinado momento, regressar à realidade, à casa dos tios, e para isso tem de percorrer a estrada de tijolos amarela até à cidade de esmeralda, onde reside o feiticeiro de Oz. Esse caminho está repleto de surpresas, ou não estivesse ele no mundo da fantasia. Esses sapatos vão também permitir-lhe regressar ao mundo real, são pois sapatos que ligam realidade e fantasia (um pouco como vai acontecer ao sapato de JV).

Interpretação do sapato •

A estrada de tijolos amarela dá o nome à exposição de JV na bienal de Veneza que se intitula «Yellow Brick Road». Uma interpretação possível para este nome dado à exposição pode levar-nos à ideia de que JV inseriu o seu sapato no mundo da fantasia, quem o quiser compreender, perceber a mensagem que a artista nos quis transmitir, tem de entrar nessa fantasia e ir para além do objeto. O que permite esta interpretação é não só o nome da exposição, mas também o próprio nome do sapato, “Dorothy”, que é o nome da protagonista da obra de Frank Baum. Na obra, a menina tem dois mundos (o real e o imaginário). A mulher também tem dois mundos e o sapato “Dorothy” vai evocá-los. Os sapatos da bruxa protegem Dorothy do mal, o sapato de JV protege-nos de quê? Talvez de uma realidade que nem todos queremos encarar: o mundo feminino tem duas faces, dum lado a cozinha, do outro a vida exterior, fora de casa. Ao construir o sapato feminino, JV usa o objeto que metaforicamente representa a vida e o trabalho doméstico da mulher, ie a panela, e que simultaneamente consegue aqui representar o luxo da vida mundana que a mulher também pode ter, uma vida que não nega a primeira, mas que coexiste. Por vezes, dentro da esfera do mundo feminino, o brilho exterior faz-nos esquecer a vida difícil que existe dentro de casa. O sapato pode representar essa dualidade.

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Acerca do material usado para fazer o sapato O sapato foi feito com panelas em inox de tamanho 16 por ser esse o tamanho de tacho mais utilizado nas cozinhas para cozer o arroz. Além disso o tacho tem na sua composição um elemento cancerígeno e vai ser retirado do mercado. Joana Vasconcelos (JV) vai reciclar as panelas reutilizando-as ao construir esta obra de arte. Este procedimento é uma caraterística da artista plástica que trabalha frequentemente com os materiais que a sociedade de consumo rejeita.

Definição de obra de arte para Joana Vasconcelos Para JV, criar uma peça é a sua forma de se exprimir sobre o mundo em que vive. Distingue o bibelot da obra de arte da seguinte forma: o bibelot não serve para nada, existe para enfeitar, ao passo que a obra de arte dialoga connosco, tem uma mensagem a transmitir. A partir do momento em que a peça provoca discussão e troca de ideias ela nasce como obra de arte e abandona o mundo do bibelot. Não é difícil ser bibelot, o que é difícil é ser obra de arte (Joana Vasconcelos dixit).

Apreciação pessoal de DOROTHY (gostei, não gostei, porquê?) Sitografia em torno da artista plástica e do objeto •

http://joanavasconcelos.com/, consultado a 1 de fevereiro de 2012.

• Dvd «Coração Independente», 2008, um filme de Joana Cunha Ferreira. •

SILVA, Joana Henriques da, Gilles Lipovetsky, Jean Serroy, Agustín Pérez Rubio, Joana Vasconcelos, Livraria Fernando Machado, 2011.

BAUM, Liman Frank, O Maravilhoso Feiticeiro de Oz, 1900.

The Wizard of Oz, filme com Judy Garland, Frank Morgan, Ray Bolger and Bert Lahr, do realizador Victor Fleming, Warner Bros, 1939.

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