Campo de Provas: sobre Nietzsche e o test-drive, por Avital Ronell

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Avital Ronell

a estrutura do Estado-nação, ele observa que, para Nietzsche, “a provação4 da democracia é também uma provação da... tecnicização”.5 Seguindo as cartografias de enunciados políticos elaboradas pelo último filósofo, Derrida, por sua vez, sugere que “o nome de Nietzsche poderia servir como um ‘índice’ para uma série de questões que se tornaram muito mais urgentes desde o fim da Guerra Fria”.6 Preocupado com os desafios de uma democracia por vir – também o título de um recente colóquio em Cerisy-la-Salle (2002) organizado ao redor do pensamento político de Jacques Derrida –, ele propõe: “Hoje, a aceleração da tecnicização afeta a fronteira do Estado-nação”.7 Esta questão precisa “ser completamente reconsiderada, não a fim de anunciar a morte da democracia, mas para repensar a democracia dentro destas 4  A autora, seguindo a tradução ao inglês da entrevista de Jacques Derrida, vai daqui em diante utilizar-se da palavra “trial”, aqui traduzida ora por “provação”, ora por “prova” (o que preserva a referência teológica). “Trial”, porém, ainda carrega o sentido jurídico mais comum de “julgamento”, e mesmo de processo - o título do romance de Franz Kafka, Der Process (O Processo) é, por exemplo, traduzido ao inglês como The Trial. Mais genericamente, “trial” indica o “ato ou processo de testar”, podendo ser vertido ao português como “teste”, “avaliação”, “verificação”, “experimento”, em suma, toda uma gama de significados os quais o texto de Ronell explora. (N.T.) 5  Ibidem, 245. 6  Ibidem, 253. 7  Ibidem, 251.


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