Manual do Cuidador da Pessoa Idosa

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das; insuficiência respiratória aguda; desidratação e desnutrição agudas durante uma internação; abstinência do uso de álcool ou drogas; abstinência do uso de benzodiazepínicos; imobilização ou uso de dispositivos imobilizadores (contenção física ou uso de catéteres); fatores ambientais, como local não familiar, privação do sono, alteração dos horários de rotina, mudanças freqüentes de aposento, sobrecarga sensorial (barulho, excesso de luz durante a noite) ou privação sensorial (retirada de óculos ou prótese auditiva); fatores psicossociais, como depressão, estresse psicológico, dor ou falta de apoio social. Todas essas condições, em conjunto ou isoladas, podem desencadear o delirium. É importante ressaltar que quanto menos vulnerável for o indivíduo, ou seja, quanto menos graves e em menor número forem os fatores predisponentes, mais intensos ou múltiplos terão que ser os fatores precipitantes para que ocorra o delirium. Por exemplo, se para um senhor de 70 anos de idade, hipertenso controlado, com vida ativa, que caminha cinco vezes por semana, o fator precipitante do delirium foi um infarto do coração; para uma senhora de 67 anos de idade, viúva, hipertensa e diabética com controle precário e sintomas de depressão, um quadro de infecção urinária não complicada pode ser suficiente para desencadear o delirium. Os exemplos citados são apenas ilustrativos, na vida real, o que encontramos são situações um pouco mais complicadas. Por isso, é muito importante ter informações sobre a condição de base da pessoa idosa antes da ocorrência da confusão mental aguda e procurarmos identificar todos os possíveis fatores desencadeantes do delirium.

Como suspeitar de delirium em uma pessoa idosa Situações como desconexão com a realidade, dificuldade de fixar a atenção e alteração do nível de consciência, ocorridas de forma súbita ou rapidamente progressiva e de curso flutuante, são condições muito prováveis da ocorrência de delirium. Em uma pessoa idosa com demência essas condições já poderão estar alteradas, o que leva a suspeita de delirium é uma mudança rápida de estado do paciente, mais facilmente identificada por uma pessoa que conviva com esta pessoa idosa. A característica marcante é a flutuação dos sintomas, que dificulta muitas vezes o diagnóstico de delirium por parte do médico. O prejuízo do pensamento encontra-se invariavelmente presente. O pensamento torna-se fragmentado e vago e fica lento ou acelerado, nas formas leves, e sem lógica ou coerência, nas

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