Manual do Cuidador da Pessoa Idosa

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Assim, não basta avaliar a habilidade funcional (física) e as atividades; é preciso compreender as sensações e as avaliações que as pessoas incapacitadas fazem a respeito de sua capacidade funcional e das atividades que executam (ou não). A importância da independência física pode variar entre as pessoas idosas, em função da relação com cuidadores, da disponibilidade de ajuda paga (cuidador remunerado), do prazer de fazer determinada atividade (trabalho doméstico, por exemplo) e de forças culturais (o que o homem gosta de fazer; o que a mulher gosta de fazer). Se eu não gosto de lavar louça, acho bom que alguém lave a louça para mim. Assim, a importância que a independência tem é relativa, variando de pessoa para pessoa. Muitos não se importam de serem dependentes em determinados aspectos de suas vidas. Outros querem ter independência total. Há, também, uma variação individual bem grande acerca do quanto de desempenho de uma atividade que torna o indivíduo satisfeito ou insatisfeito. Quanto de uma atividade eu quero fazer sozinho e quanto eu não me importo de ser ajudado. Uma limitação funcional específica (necessitar de ajuda para tomar banho, ou para se vestir) pode ser péssima para um indivíduo e aceita pacificamente por outro. Essas questões devem ser avaliadas e compreendidas pelo cuidador e devem ficar claras na relação entre a pessoa com dependência e a que cuida. Pode-se, por exemplo, realizar intervenções de fisioterapia que diminuam bastante os danos de um derrame ou que melhorem a habilidade funcional, mas essas intervenções podem não dar uma vida satisfatória para muitos pacientes; as pessoas podem ser infelizes de qualquer maneira. Alguns podem preferir que haja adaptação às circunstâncias, aceitando a limitação; outros desejam aumentar a independência, ou diminuir a dependência; outros, ainda, só aspiram à independência total. Para estes últimos, as intervenções de reabilitação são fundamentais; para aqueles, os resignados, intervenções outras, mais do ponto de vista psíquico e social, é que são desejadas.

Aprender a conviver com a dificuldade, a deficiência e a incapacidade Começamos este capítulo falando sobre a importância da independência e da autonomia na vida da pessoa idosa, assim como em outras fases da vida. Mas, agora, vamos nos lembrar que todas as pessoas, sem exceção, têm ganhos e perdas no decorrer da vida. Perdida uma habilidade, pode-se aprender uma nova. Se for colocado como único objetivo a restauração total da função, a

118 | T omiko B orn ( organizadora )


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