Os Dez Direitos do Leitor

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Os Direitos InalienĂĄveis do Leitor

Adaptado por LĂşcia Cruz Fevereiro 2011


1. O Direito de Não Ler Enquanto seres livres e responsáveis pelos nossos actos, temos o Direito de Não Ler. Não lemos porque não sentimos necessidade da leitura, porque não gostamos ou porque alimentamos outro amor. Mas se não experienciarmos a leitura, nunca saberemos se temos necessidade dela…

2. O Direito de Saltar Páginas

Enquanto leitores temos o direito de saltar

páginas,

impondo

uma

própria à nossa leitura. Se saltar páginas nos dá prazer, então por que não o fazemos?

vida


3. O Direito de Não Acabar um Livro Como leitores que somos, temos o direito de não terminar um Livro. Podemos interromper a leitura porque não compreendemos o texto, porque este não nos dá prazer, porque nos causa estranheza, porque não temos maturidade para o ler, ou porque não está adequado ao nosso gosto pessoal. Ou simplesmente, porque decidimos adiar o terminar para outra ocasião.

4. O Direito de Reler

Nós, os leitores, temos o direito de reler um livro. É tão Bom que temos de Repetir! Reler o que se rejeitou, reler sem saltar passagens, reler sob outro ponto de vista, reler para verificar algo, reler para tirar dúvidas (e por vezes ficar com mais ainda… ). A releitura faz-se por prazer, pelo prazer da repetição e da descoberta.


5. O Direito de Ler Não Importa o Quê

Ler Não Importa o Quê para traçar o nosso caminho. A Leitura será sempre uma emoção, só temos de nos deixar levar.

6. O Direito de Amar os “Heróis” dos Romances (ou o direito ao «bovarismo» -doença textualmente transmissível)

Ao lermos podemos identificar-nos com as personagens, fazendo com que elas vivam dentro de nós. Todos temos o direito de construir a nossa percepção do mundo a partir do que lemos.


7. O Direito de Ler Não Importa Onde Nós, os leitores, temos o direito de escolher o local que mais nos agrada para ler: no banco de jardim, na cama, num espaço íntimo e privado, na cozinha, na sala, na casa de banho, à secretária, no café, na biblioteca, em qualquer lugar, é preciso é que a leitura nos saiba bem. Só teremos gosto em ler se tivermos a liberdade de escolher o local que mais nos agrada.

8. O Direito de Saltar de Livro em Livro Enquanto leitores temos o direito de petiscar, retirar um livro ao acaso da estante, abri-lo numa determinada página, lê-lo apenas nesse instante de disponibilidade. Temos o direito de ler vários livros ao mesmo tempo: um livro de poesia, um romance de amor ou de aventuras fantásticas. Podemos petiscar a leitura com os amigos.

O petiscar deve ser acima de tudo um momento de prazer.


9. O Direito de Ler em Voz Alta Enquanto leitores temos o direito ler em voz alta, recuperando o hábito que se perdeu ao longo dos tempos. Os monges liam em voz alta à hora da refeição, os próprios escritores leram as suas obras em voz alta, os contadores de histórias, os nossos pais e avós liam-nos histórias em voz alta quando éramos pequenos. As palavras sabem melhor se forem ditas em voz alta. Que maior emoção podemos sentir que ao ouvir a declamação de poesia!

10. O Direito de Não Falar do Que se Leu A leitura é um acto íntimo e nós temos direito à nossa intimidade. Podemos escolher não falar sobre o que lemos. Há segredos nas palavras, segredos que não podem ser partilhados.


Fontes: Os Direitos Inalienáveis do Leitor PENNAC, Daniel, «Os Dez D ireitos Inalienáveis do Leitor»

in Como um Romance, Lisboa, Asa, 2000.

Ilustrações BLAKE, Quentin, «Les droits du lecteur», disponível na WWW : http://litterature-jeunesse.over-blog.fr/article-26499574.html

Ilustração da capa Desenho de Quentin Blake, disponível na WWW: http://graindesel.files.wordpress.com/2008/12/quentinblake.jpg


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