Revista cremepe N º24

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CONTRATO IMPRESSO ESPECIAL DR/PE CREMEPE Nº 4065.010.73.9 CORREIOS

Revista das entidades médicas de Pernambuco – Ano X– Nº 24 – Fev/Mar/Abr 2013

Uma entrevista com o Presidente do CFM Um passeio pelos jardins de Burle Marx

O Médico e o estresse

A vida dos profissionais da saúde nas emergências e UTIs



Nº 24 • Ano 10 • Fev/Mar/Abr 2013

Editorial

A

h Ans mAnteuffel

reportagem es pecial d e c apa d esta ed ição d a R evista Movimento M édico a borda um t ema de fundamen tal importância para a classe médica e para a saúde da população: a s obrecarga de trabalho na s emergências do s ho spitais públicos e privados de Pernambuco. Uma rotina que d eixa o m édico co m e stresse provocado p elo excesso de tr abalho, r emuneração a quém do q ue s eria j usto e os p acientes com um a tendimento com prometido p or c ausa da demanda a bsurda q ue o s mè dicos t êm de dar con ta. Toda e ssa problemática foi abordada por Movimento Médico numa reportagem assinada pela jornalista Mariana Oliveira, que percorreu as principais emergências da rede pública e privada, ouviu médicos, pacientes e autoridades da área de saúde. Movimento Médico traz também uma entrevista com o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto d’Ávila, onde ele aborda temas de am plo interesse para a categoria médica: O n úmero de médicos é suficiente para atender a população brasileira? Por que os médicos não querem se fixar no interior do País? E como fica a questão da validação do diploma de médicos estrangeiros? Essas e outras questões foram abordadas de forma clara, sincera e objetiva pelo presidente do CFM. Também nesta edição você vai encontrar um balanço das ações do Cremepe no ano de 2012 e o resgate da história da medicina feito pela Associação Médica de Pernambuco. Não deixe de ler ainda um panorama cultural sobre os jardins criados pelo paisagista Burle Marx, no Recife, como os da Praça de Casa Forte (foto abaixo).

Capa: foto de Jarbas Araújo

EXPEDIENTE Cremepe presidente: Helena Carneiro Leão Vice-presidente: José Carlos Alencar Assessoria de Comunicação: mayra r ossiter - Dr T/pe 4081 e Ana Cláudia mara - Dr T/pe - 4219 Simepe presidente: mário Jorge Lobo Vice-presidente: Fernando Henrique Cabral Assessoria de imprensa: Chico Carlos - Dr T/pe 1268 Ampe presidente: Silvia da Costa Carvalho Vice-presidente: Anacleto Carvalho Coordenação editorial: Sirleide Lira Assessoria de imprensa: Tallita marques - Dr T/pe 1068 FeCem presidente: Aspásia pires Coordenação editorial: Sirleide Lira Assessoria de imprensa: Talitha marques - Dr T/pe 1068 Apmr Coordenação: Carlos Tadeu DA/Upe presidente: marcílio Oliveira Vice-presidente: Francisco de Assis r edação, publicidade, administração e correspondência: r ua Conselheiro portela, 203, espinheiro, Cep 52.020-030 - r ecife, pe – Fone: 81 2123 5777 www.cremepe.org.br projeto Gráfico/Arte Final: Luiz Arrais - Dr T/pe 3054 Tiragem: 15.000 exemplares impressão: CCS Gráfica e editora Coordenação editorial: Helena Carneiro Leão Conselho editorial: Helena Carneiro Leão, José Carlos Alencar e r icardo paiva. Todos os direitos reservados. Copyright © 2012 - Conselho r egional de medicina Seção pernambuco

Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.

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sumário

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Entrevista

JAr BAs Ar Aú Jo

uma conversa com o Presidente do Cfm sobre temas de interesses dos médicos

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Capa estresse dos médicos nas emergências dos hospitais públicos e privados

Editorial

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Opinião

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Entrevista

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Capa

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Científica

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Patrimônio

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Notícias do CFM

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Cremepe

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Simepe

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Ampe

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Fecem

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APMR

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Academia

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h Ans mAnteuffel

seções

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Patrimônio um passeio ecológico pelos jardins de Burle marx

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Cremepe um balanço das ações efetuadas em 2012


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Opinião José Carlos Alencar*

As Emergências

O

Com frequência temos constatado a falta de médicos no plantão, ocorrendo tal f ato p ela c arência de e specialistas para c ompletar as r espectivas esc alas. É importante não confundir com o que a grande mídia quer fazer crer, que é a falta de médico ao plantão, ilícito ético contemplado no nosso Código. O s etor p rivado t ambém n ão e stá isento a es tas s ituações d e estresse n a prática médica, embora em menor escala. Um dos principais motivos é a falta de leitos suficientes para internamentos, o que provoca frequentemente verdadeira p eregrinação para s e con seguir uma vaga, quando não há garantia por parte dos planos de saúde do hospital escolhido pelo médico para internar o paciente. As razões para o agravamento do estresse dos profissionais de saúde, em especial os médicos, passam por ambiente de trabalho desfavoráveis, com riscos para o adoecimento, pela insalubridade destes ambientes de emergência; v iolências física e psicológica pelas tensões emocionais q ue envolvem e ste s etor; sobrecarga de trabalho por equipes des-

falcadas ou in suficientemente dimen sionadas para atender a demanda existente; remuneração in suficiente, com necessidade do s mé dicos r ecorrerem a d iversos v ínculos, m uitas d as vezes precários, sem as devidas garantias das leis trabalhistas e sem o tempo necessário de descanso para recuperação da condição fí sica p elas horas trabalhadas continuamente; oportunidades limitadas de desenvolvimento na carreira, motivadas pela necessidade de assumir compromissos de trabalho ime diatamente ao término do curso, sem que possa se dedicar a p elo meno s uma residência médica a fim de suprir a deficiência de sua formação, decorrente da crise crônica porque passam as universidades e pela abertura descontrolada de novas escolas médicas pelo interior do País. Unamo-nos, t odos os m édicos! Somos se res v ocacionados. Não d eixemos q ue no s imponham a p echa de responsabilidade das mazelas da saúde no Brasil. *vice Presidente do Cremepe.

JAr BAs Ar Aú Jo

s médicos que atuam nas urgências públic as e privadas estão expostos no dia a d ia a situações de estresse permanente, por uma série de acontecimentos que não lhes compete intervir isoladamente. Como podemos aceitar que um país dito emergente, tal e qual propalada economia do mundo, deixe centenas de municípios desassistidos na área de serviços médicos de urgências, havendo necessidade de transferência de pacientes, muitas das vezes em condições inadequadas de transporte, para os grandes centros ou para a capital, agravando cada vez mais a situação de superlotação nestes locais. Em P ernambuco nã o é dif erente. Reconhecemos o esforço do G overno Estadual com investimentos vul tosos e na ampliação da rede de a ssistência. Entretanto, o q ue con tinuamos vendo é uma realidade totalmente dif erente. Os ho spitais regionais, lo calizados na s gerências de saúde distribuídas por todo o Estado não cumprem a sua função de sistematização da a ssistência em rede hierarquizada. Por sua vez, o s municípios também não atendem no que lhes compete como ente federativo no contexto do SUS. Faltam especialistas. Qualquer si tuação de maior com plexidade tem-se que encaminhar para a capital. Não existe e stímulo p ara a fixação do médico no interior. É imperioso que seja criada a carreira médica à semelhança do Judiciário e do Ministério Público. Na Ca pital no s dep aramos com emergências superlotadas, com pacientes internados permanecendo por longo tempo (não há vagas) em salas de estabilização, cla ssificadas p or protocolos clínicos d efinidos. Es tes p acientes de veriam ser internados com a garantia da sua assistência através de sua evolução clínica por médico ou equipe específica, como preceitua o Código de Ética Médica.

As emergências dos hospitais públicos continuam superlotadas

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ENTREVISTA

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RObERTO lu Iz d’á VIl A Presidente do Conselho f ederal de medicina

“Defendo o acesso da população à assistência médica com qualidade” Roberto d’Ávila está no seu segundo mandato como presidente do CFM, uma entidade que tem pautado sua atuação em defesa dos médicos e de uma assistência médica de qualidade para a população brasileira, seja na área privada ou públic a. Cardiologista, médico do tr abalho e pr ofessor da Univ ersidade Federal de Santa Catarina (UFSC), acumula anos de experiência dentro da rede de conselhos. Sua trajetória no Conselho inclui, ainda, a coordenação de importantes comissões, como a que foi responsável pela revisão do Código de Ética Médica. Nesta entrevista à Movimento Médico, d’Ávila fala sobre as dificuldades dos médic os que optam por se fixar no int erior do P aís, a r elação númerica entre médicos e populaç ão, a abertur a de esc olas médicas, discorre sobre a validação do diploma dos médicos estrangeiros e prega com ênfase o fortalecimento do SUS. O número de médicos existentes no brasil é suficient e para atender a po pulação? Do ponto de vista quantitativo, o número de médicos em atividade no país é suficiente para atender suas ne cessidades. Atualmente, há cerca de 380 mil profissionais em atividade, sendo que por ano pelo menos outros 15 mil ingressam no mercado, recém egressos dos 208 cursos de medicina brasileiros. No entanto, há variáveis que tornam essa análise mais complexa. Es tudos r ecentes indic am que o p aís s ofre com a concen tração da população médica nas regiões Sul e Sudeste, as c apitais e a f aixa litorânea. Também é forte a tendência de presença de médicos no setor privado em detrimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Então, quando se fala em falta de médicos se deve considerar que essa percepção existe em funç ão da de sigualdade no acesso à as sistência, em parte porque os médicos atuam, principalmente, nas ár eas de maior de senvolvimento e em p arte p orque a rede públic a tem poucos profissionais di sponíveis p ara atender uma demanda cr escente. N o estudo “Demografia Médica no Brasil”, divulgado em 2011, foi tomado como referência o número de “postos de trabalho médicos ocupados” nos setores público e privado. Con tabilizando-se u suários de planos de saúde e postos médicos em

estabelecimentos privados se chegou à conta de 7,60 “postos disponíveis” para cada 1.000 c lientes p rivados. Já para a população u suária do SUS a razão observada foi de 1,95. A metodologia utilizada reforça o en tendimento de q ue, com a manutenção do cenário atual, o aumento da população médica favorece o setor privado. Ou seja, para cada novo profissional se verifica o incremento de 1,86 “posto de trabalho médico ocupado” no setor privado, enquanto no setor público o aumento é de 1,35 posto de trabalho. Enfim , são q uestões e streitamente relacionadas à desigualdade e que necessitam d e políticas públicas p ara combater essas distorções.

Por que os médicos não querem se fixar no interior? Há 36 anos, um egresso das poucas escolas de Medicina (à época cerca de 80), conseguia deixar um grande centro e se instalar n uma cida de ainda p equena. Ali, tinha trabalho com remuneração digna, respeito da com unidade e e stímulo dos gestores locais para prosseguir sua jornada. As oportunidades existiam e o s erviço público nã o era um bico , mas uma opção. Não foram poucos os médicos que, em outros tempos, construíram trajetórias s ólidas ne sta área, contribuindo p ara o b em e star da p opulação e ajudando a lançar as bases do

atual SUS. Orgulho-me de fazer parte dessa g eração. No en tanto, há la cunas em termos de políticas públicas que estimulem a mi gração do s mé dicos da s áreas mai s de senvolvidas p ara o in terior e sua fixação nestas localidades. Há problemas ligados ao trabalho, como a precarização do s v ínculos em pregatícios; inexiste uma rede de referência e contra referência que permita o exercício de uma me dicina de q ualidade; a falta de perspectivas de crescimento profissional e até de aprendizado por meio de educação continuada. A lém di sso, não podem ser considerados aspectos como a dificuldade de acesso a determinados serviços que tornam complicada a instalação dos médicos nestas regiões, principalmente o s recém-casados ou com filhos pequenos. Entendo que uma saída inteligente para e ste problema repousa na abertura da tão pleiteada carreira de Estado para o médico do SUS, que contempla soluções para todos estes pontos críticos. Com a im plementação de ssa proposta, o Governo sinalizaria p ara a real interiorização da medicina, trazendo ganhos efetivos para toda a sociedade.

Como o senhor vê a questão da abertura de escolas médicas no país? A abertura de novos cursos e d e vagas em escolas médicas, ao invés de solucionar a falta localizada de médicos no

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ENTREVISTA o momen to, j á f oram realizados d uas edições do exame, em 2010 e 2011. Uma terceira, que teve início em 2012, ainda está em andamento. Para o CFM, a convalidação do diploma de Medicina – feita com rigor e critério – protege a sociedade do e xercício ile gal da prática mé dica, impedindo a di scriminação ( no q ue s e refere ao acesso aos serviços de qualidade) e assegurando o padrão mínimo a ser oferecido. No entanto, é bom ressalta que nã o existe um movimento con tra a revalidação do s diplomas obtidos no exterior, o que se quer é que os processos aconteçam de forma transparente e com a garantia de que os conteúdos técnicos serão bem observados. O Conselho Federal de M edicina def ende, incl usive, que o Revalida seja transformado em lei, obrigando a adesão das universidades ao

Medicina do Estado de São Paulo se trata de um instrumento metodológico relevante para mensurar - de forma quantitativa - o nível do conhecimento obtido pelos egressos das escolas de medicina. Infelizmente, o s resultados alcançados em sua última edição, na qual 54% dos participantes obtiveram um de sempenho ruim , confirmam a s uposição de que a qualidade da formação oferecida está abaixo das necessidades, realidade constatada em São Paulo e que acreditamos seja a mesma em todos os Estados. Contudo, para o CFM o chamado teste de progresso confi gura o in strumento ideal para avaliar o processo formador dos médicos no país. Com o respaldo de uma Lei, os alunos seriam submetidos a exames cognitivos e práticos, aplicados por entidade externa ao final do 2º, 4º e

processo, evitando a ssim revalidações com critérios diferentes. Nesses últimos anos, os números revelam o aperfeiçoamento do Revalida: a q uantidade de universidades p articipantes aumentou 54%, b em como o n úmero de c andidatos. Com ajustes para a o btenção da fórmula a dequada p ara me dir o nível esperado de desempenho dos graduados na utilização de s eus conhe cimentos e habilidades, o percentual de aprovados subiu de 1% para 12% dos candidatos.

no úl timo ano da faculdade. A lém da avaliação direta dos alunos, o conteúdo pedagógico, os corpos docentes e os cursos de medicina passariam pelo mesmo crivo, sendo que os qu e apresentassem desempenho a baixo da mé dia s eriam penalizados com a redução do seu número d e vagas. E nfim, o Brasil p recisa urgentemente de médicos bem formados, bem qualificados, bem capacitados e com plenas condições de fazer aquilo para o que se prepararam.

Como o Cfm se posiciona em r elação ao exame de or dem para médicos, já adotado pelo Cremesp?

Qual a análise que o senhor f az das ações sociais do Cfm ?

f oto s : d iv u l gAç ão

Brasil, poderá acirrar a desigualdade na distribuição de sses profissionais p elo território n acional e a umentar a s ua concentração no s etor privado. Com a ausência de políticas públicas que ofereçam suporte à fixação dos médicos em locais onde há carência de profissionais, sobretudo no N orte e no N ordeste do país, a projeção aponta para a superconcentração de médicos em algumas áreas, como cidades de maior porte, capitais e estados das regiões Sul e Sudeste. Enfim, a ida de egressos das escolas para locais onde hoj e f altam mé dicos fic a com prometida p ela f alta de programas de residência e de condiçõ es de trabalho e emprego que façam com que o recém-formado encare sua fixação como um objetivo. Al ém d isso, t ambém n ão se pode ignorar a q ualidade da f ormação

Para o CFM, o exame de fim de curso, patrocinado pelo Conselho Regional de São Paulo, se trata de um instrumento metodológico relevante” desses profissionais. A abertura de vagas em escolas – sem adequadas condições de funcionamento, corpo docente qualificado para atender a nova demanda e vagas de residência médica – entregará à sociedade médicos não devidamente preparados p ara o desafio d o atendimento.

E a validação de dipl omas de médicos estrangeiros? Os C onselhos R egionais e Federal d e Medicina, junto com outras entidades médicas, apoiam a aplicação do Exame Nacional d e Revalidação de D iplomas Médicos ( Revalida), projeto de senvolvido a partir de uma parceria entre os Ministérios da Educação e da Saúde. Até

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Para o CFM , o exame de fim de curso, patrocinado pelo Conselho Regional de

A preocupação com a sociedade tem sido destaque desde o começo da atual gestão do CFM. Com a instalação da Comissão


de Ações Soc iais, a e ntidade pod e d ar vazão aos trabalhos nesta área. Desde outubro de 2 009, o gru po lançou di versas c ampanhas a fim de atender o cidadão. A primeira dela s f oram d uas cartilhas de dir etrizes a o u suário a o crack. P enso nã o haver nin guém q ue não fique impressionado com a epidemia in stalada no p aís. Todos precisam estar envolvidos nesta luta, e o CFM faz sua p arte com projetos con tinuados e capacitação dos médicos. O projeto das Caravanas da Saúde – iniciativa in spirada no trabalho do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco – também foi outro acerto, ao chamar a atenção da sociedade para os problemas de regiões pobres e distantes. Um total de 14 CRMs comprou a ideia e percorreram cidades de b aixo I DH ( Índice de D esenvolvi-

Como o Cfm analisa a implantação das unidades de pronto atendimento (u PA) nas capitais e no interior? Defendo a ampliação do acesso da população à assistência médica com qualidade. Se a proposta de implantação das Upas for entendida como um movimento da g estão ne ste s entido, con sidero-a l ouvável. No e ntanto, é i mpossível ignorar q ue mai s q ue atendimentos de urgência e emergência, o s brasileiros precisam é do fortalecimento da rede e dos programas de atenção básica. É nos postos d e saúde e com as e quipes de Saúde da Família que se faz realmente a prevenção de doenças e a promoção do bem estar individual e coletivo. Se o foco dos cuidados fica centrado em UPAS que atendem fundamen talmente no s mo mentos de crise aguda, o paciente nunca

e sociais de grande impacto. Contudo, o desenvolvimento econômico deve andar de braços dados com avanços na área social. Infelizmente, o Brasil ainda não reza por essa cartilha. Dados da OMS (Estatísticas Sanitárias 2012) mostram que o Governo brasileiro tem uma participação aquém das suas ne cessidades e p ossibilidades no financiamen to. D o gru po de p aíses com modelos públicos de atendimento de acesso universal, o Brasil é o que tem a menor participação do Estado (União, Estados e Municípios). Esse p ercentual fica em 44%, pouco mais que a metade do investido p elo Reino Unido ( 84%), França (78%), Alemanha (77%), Canadá (71%) e A ustrália (68%). A té a v izinha Argentina t em de sempenho melhor (66%). O Governo deveria mirar nestes exemplos e atacar de frente os problemas

O país sofre com a concentração de médicos nas regiões Sul e Sudeste, capitais e a faixa litorânea. Também é forte a sua presença no setor privado em detrimento do SUS ” mento H umano), onde f oram visitadas unidades de assistência em saúde e ouvidas a s comunidades lo cais. Ou tro trabalho importante desta Comissão foi o lanç amento da c ampanha Aprendiz com D eficiência, voltada à criação de estágios remunerados em empresas de saúde de todo o Brasil, um projeto que tem parceria com a Federação Brasileira de Hospitais (FBH) e o deputado federal Romário (PSB-RJ). Há vários outros projetos em preparo e que devem ser lançados ao longo de 2013. Temos certeza que o dinamismo do médico Ricardo Paiva e do con selheiro Carlos Vital – ambos participantes da Comissão – ajudarão a levar esperança a l ocais e pes soas que hoje enfrentam realidades adversas.

terá um tratamento real para o problema que o af lige. Ele aliviará s eu incomo do momento, ma s dificilmente atacará sua d oença. N este c ontexto, as U PAS cumprem um papel paliativo. Como j á uma realidade, o que se espera é que os gestores desenvolvam estratégias que as incorporem a o Si stema em funciona mento, inclusive com o fortalecimento das unidades de atenção primária.

E a política de governos estaduais, a exemplo de São P aulo e P ernambuco, de construir hospitais e entregar o seu gerenciamento a organizações sociais? Sou um def ensor do S US. En tendo no Sistema um exemplo de como o Brasil é capaz de desenvolver políticas públicas

do subfinanciamento, d a in fraestrutura hospitalar precária e da ausência de políticas de trabalho para os médicos e outros profissionais da área. S em i sso, o a cesso à saúde con tinuará a s er um sonho. Neste contexto, a modernização da gestão e d e seus diferentes modelos de exercício não pode ser esquecido. Por isso, este tema – inclusive a pertinência e a eficácia das Organizações Sociais – estão s endo anali sadas p elo CFM p ara que possamos, efetivamente, nos posicionar quanto a elas. De qualquer modo, enquanto nã o há uma definiç ão clara sobre isso, espera-se que elas cumpram seus objetivos de forma transparente e racional, contribuindo para a ampliação da cobertura assistencial.

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CAPA o s problemas que aumentam o estresse dos profissionais nas emergências e uti s públicas e privadas

Os médicos sob pressão Texto: mariana Oliveira* | f otos: Jarbas Araújo

O médico Wenner Sávio está fazendo sua residência no HR em cirurgia geral

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acientes che gam à p orta do hospital em ambulâncias e são atendidos p or uma e quipe de profissionais na emer gência. O s ocorro é pr estado r apidamente, o s procedimentos ne cessários são feitos e o enfermo é internado ou liberado. Essa cena, apesar de familiar graças a seriados como Plantão Médico, não correspon-

de à realidade da maioria das emergências brasileiras. O atendimento emergencial é aquele em q ue o p aciente pr ecisa de uma ajuda ime diata. P or i sso, a r apidez na prestação do s ocorro, a a gilidade na análise e no diagnóstico são características da r otina do mé dico plan tonista. Devido à im previsibilidade, ele t anto

pode ter um expediente tranquilo, com pequenas in tercorrências, como p ode ter um mais agitado, com casos graves. Para a cardiologista Rosana Eloi, do Pr ocape, o tr abalho na emer gência é uma da s a tividades mai s f ascinantes da me dicina. “ O raciocínio rápido para diagnóstico e terapêutica adequada é um desafio que só o médico que atua em emer gência p ode v iver”, diz . Antônio Prado, cirurgião geral, plantonista do Hospital da Restauração e do Real Hospital Português, d estaca a a lta resolutividade como uma característica atrativa da s ur gências. P ara a p ediatra Geórgia L ima de Paula – do I mip e do Hospital S anta J oana – , no momen to do plantão, o estresse impulsiona as condutas. O pr oblema, s egundo ela , é quando ele se torna crônico. Os pr ofissionais e stão pr eparados para administrar a tensão inerente a um atendimento de pr onto-socorro, p orém q uando f altam condiçõ es b ásicas para execução do seu trabalho o médico pode sofrer com situações de alto nível de estresse, podendo, inclusive, em casos mais graves, ser acometido da síndrome de Burnou t, c aracterizada p ela estafa total. “S ão m uitas as c ausas qu e podem g erar uma si tuação de e stresse na emergência, tais como falta de condições mínimas de trabalho, falta de suporte de outras especialidades médicas na solução dos casos clínicos e a superlotação, sem perspectiva de transferência, dos pacientes para outros serviços”, explica Car los J aphet, dir etor mé dico do Hospital Pelópidas Silveira. A f alta de e strutura da s emer gências públicas tem levado vários médicos a r epensarem s ua a tuação n esse t ipo de atenção a o p aciente. B oa p arte do s plantões e stá de sfalcada, funcionando com uma al ta r otatividade de pr ofissionais, e com um gr ande n úmero de médicos q ue a guardam a op ortunidade de s erem r emanejados p ara ou tras áreas. Há 10 anos no HR, Antônio Prado começa a e studar a ideia de deix ar o s plantões no ho spital. “ A in salubridade para o mé dico q ue a tua n uma emer gência como e ssa é m uito gr ande. A s situações vão fazendo com que você se blinde, ma s é com plicado p ermanecer tantos anos num ambiente de trabalho tão complicado”, justifica O cirurgião geral Rogério Ehrhardt, que também atua há 10 anos no HR, in-

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CAPA satisfeito com a precariedade do a tendimento che gou a p edir tr ansferência para outros setores da instituição no ano passado. Até o momento não conseguiu ser transferido. “Você não tem qualquer perspectiva de melhora. Você vai morrer dando plan tão na emergência, q ue continua funcionando de f orma de sumana”, revela.

PRObl EmAS A in satisfação do s mé dicos da s emer gências se dá devido ao grande número de pacientes, a uma e scala incompleta de plantonistas, eventual falta de medicamentos e ma teriais ne cessários p ara determinados procedimentos. O n úmero r eduzido de lei tos e de UTIs torna o problema ainda maior, já que o p aciente a tendido emer gencialmente pode ser liberado para casa ou ter que seguir para uma enfermaria ou UTI. C omo n ão h á vagas, e les p assam a ficar in ternados na emer gência. “ A emergência é um lugar de passagem. O paciente é atendido e recebe alta ou deveria seguir para outra área do hospital. Ele nã o de ve ficar lá ”, p ontua R icardo Paiva, conselheiro do Cremepe. Maria d as N eves D antas é a c hefe da emer gência do Pr ocape de sde s ua criação, há sete anos, e atua em urgências há mais de 20 anos. Do alto de sua experiência, ela é t axativa: “ Acho q ue não podemos banalizar o uso da palavra estresse, m as aquele m édico qu e ped e pressa, que cobra, que corre atrás, é tido como agitado, estressado. Quem se envolve, q uem colo ca a vida do paciente em p rimeiro l ugar, se es tressa”. N um depoimento emo cionado, ela afirmou que nã o há na da q ue lhe do a mai s do que ter uma pessoa infartada “internada” na emergência, s entada n uma c adeira, durante cinco dias, esperando um leito. “As situações de estresse acontecem porque não temos nem onde colocar o s p acientes p ara um a tendimento de emergência. Acredito que a maioria dos plantonistas do Procape já v iveu a experiência de fazer uma ressuscitação cardiorrespiratória colo cando o do ente no chão por não haver naquele momento uma ma ca di sponível”, e xemplifica Rosana Eloi. Além de ter que trabalhar com a falta de estrutura, os méd icos pr ecisam a dministrar as co branças (q uase sempre jus tas) d os p acientes e f ami-

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Jamille f arias em atendimento na emergência do Procape

liares. “Você che ga n um hospi tal lo tado, onde os pacientes estão sentados em c adeiras, porque n ão h á m acas. Para quem você vai se queixar, cobrar? Para quem está em contato com você, para a equipe que está conduzindo seu caso. O m édico n ão t em c omo resolver is so. Foge d o se u â mbito d e a ção. Essas co branças t ambém cola boram na geração do estresse e do cansaço no profissional”, explica o cirurgião geral Diogo Vidal, plantonista do Hospital Getúlio Vargas. “Os mé dicos t erminam s endo o para-choque s ocial do governo. Eles estão na linha de frente”, completa Ricardo Paiva. Como a r emuneração deix a a de sejar, p arte do s pr ofissionais t ermina montando um escala de plantões muito dura, com pouco descanso, o que seguramente aumenta o estresse. Maria das Neves D antas a tuou p aralelamente na emergência do Pr ocape e do Hospital Santa Joana. A dupla jornada começou a pesar e ela percebeu que seria impossível manter os dois plantões – terminou

encerrando seu vínculo com o hospital particular. “Para pr eservar a s aúde do médico, é pr eciso g arantir condiçõ es de tr abalho, s egurança, r epouso e ali mentação, além de boa remuneração e planos de carreira para evitar o excesso de plan tões”, resume Ge órgia L ima de Paula. Além d e t odos es ses po ntos, m uitas v ezes, f alta c ooperação d a equ ipe para v encer os o bstáculos. “A f alta d e compreensão e harmonia entre os profissionais de plantão é um problema. É preciso a tender o qu e se ped e, po is a exigência e imediatismo da conduta são necessários para salvarmos vidas. Muitos dizem “não tem” ou “não pode”, ao invés de ir em busca de soluções alternativas para ajudar o paciente”, revela o médico Rodrigo Cantarelli. O residente em cirur gia g eral do H R W enner S ávio diz que no dia a dia da emergência o mé dico t em q ue f azer vários p apéis. “Muitas vezes você mesmo tem que colher o exame, po is o paciente está e m estado grave e não pode esperar”, diz.


Rogério Ehrhardt diz que a emergência é um ambiente estressante

Ricardo Paiva critica a permanência dos pacientes nas emergências

A insatisfação dos médicos das emergências se dá devido ao grande número de pacientes, a uma escala incompleta de plantonistas, eventual falta de medicamentos e materiais necessários para determinados procedimentos

maria das Neves d antas atua em emergência há mais de 20 anos

Pensando em r egular e ssa gr ande demanda, o Cr emepe e stabeleceu, em 2005, uma resolução que regula os p arâmetros máximos de atendimentos em emergências. S egundo a de cisão, n um plantão de 12 horas o profissional deve realizar no máximo 3 6 a tendimentos. No c aso d as c irurgias, o n úmero se rá limitado pelas condições físicas e mentais do médico. Porém, essa norma nem sempre é cum prida. S egundo o cirur gião geral João Paulo De acordo com Paiva O liveira, d o HR, e m qu ase todas as emer gências o mé dico a tende um número de pacientes maior.

O SISTEmA Essa lista de problemas está claramente relacionada, no c aso da s emer gências públicas, a uma falha na b ase do S US. “A r ede pr ecisa funcionar in tegrada. Se n ão f or as sim, n ão t eremos s ucesso”, afirma a pr esidente do Cr emepe, Helena Carneir o L eão. S egundo ela , é preciso investir na atenção básica e no PSF – s ó a ssim a s emergências de alta

complexidade vão funcionar. “Não podemos negar que hoje boa parte dos pacientes che ga à s gr andes emer gências a p artir da s Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Mas como está sendo feito o atendimento? Tem qualidade? É preciso muito cuidado na gestão desses prontos-socorros, além da necessidade de que eles tenham uma relação com as unidades do PSF”, pontua. O médico Antônio Prado conta que o Real Hospital Português tem registrado a chegada de vários pacientes que inicialmente foram atendidos em UPAs com p atologias em e stado a vançado. “Como o dia gnóstico nã o e stá sendo feito da forma correta, eles chegam na emergência t ardiamente”. A p ediatra Geórgia Lima de Paula afirma que pouquíssimos plantonistas dessas unidades de fato são pediatras. Isso tem gerado muitos enc aminhamentos de snecessários ou de forma tardia para as emergências de referência. Para a m édica, po r m ais a dequada que seja a ideia de descentralizar os

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CAPA entrev istA ANTONIO CARl OS f Igu EIRA s ecretário de s aúde de Pernambuco

“Hoje o paciente que dá entrada em uma emergência está dentro do perfil da unidade” O que tem sido feito para diminuir a sobrecarga dos médic os nas emerg ências do Estado? O stress de um profissional afeta seu empenho e pode até comprometer o serviço como u m todo. No caso d os m édicos, a tensão, a necessidade de grande atenção e a situação de alerta permanente, além do gerenciamento de conflitos, são fatores inerentes ao ofício, porque trabalhamos com v idas, an gústias de p acientes, familiares e a ur gência na t omada de decisões. P ara r eduzir a so brecarga n os nossos h ospitais, o E stado e laborou u m amplo e arr ojado pr ojeto de senvolvido em várias frentes: construção de 14 Unidades de Pr onto A tendimento, de tr ês hospitais metropolitanos e realização de um concurso público, em 2009, no qual 1.033 profissionais foram encaminhados às emergências da RMR e Interior. Este ano, já es tá so b a valiação d a Sec retaria de Administração a abertura de um novo concurso, c om 505 v agas. E sse r eforço das esc alas reduziu a c arga d e t rabalho. Vale lem brar q ue a a bertura de no vos serviços, como UP As e ho spitais me tropolitanos, r eduziram a pr ocura, na s

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grandes emer gências, de p acientes de baixa com plexidade, com v iroses, pequenos c ortes, f ebres. H oje o p aciente que dá entrada em uma emergência de alta com plexidade e stá den tro do p erfil da unidade.

Quais os resultados alcançados com a instalação das uPAs? O acesso ao atendimento de emergência à p opulação de P ernambuco f oi m uito ampliado. Além de reduzirmos a superlotação na antiga rede, passamos a evitar o agravamento de pacientes com dengue, infarto o u f raturas, qu e a ntes só c onseguiam a cesso a pós uma lon ga p eregrinação, e muitas vezes já chegando à unidade hospitalar em situação irreversível. O acesso ao médico foi tão ampliado no Estado q ue j á enfr entamos ou tro pr oblema, o de pessoas que vão a uma UPA sem ser um caso de urgência. E isso é um equívoco porque o acompanhamento de doenças cr ônicas, como dia betes e hi pertensão, e a prevenção das mais diversas patologias deve continuar nos postos de s aúde da f amília, q ue s ão a p orta de entrada do SUS.

A Secretaria de Saúde desenvolve alguma ação voltada para cuidar da saúde do médico? A principal ação e stá no s investimentos na infr aestrutura, r eforço do q uadro e melhoria do s pr ocessos e dinâmic as de trabalho. Quando a Secretaria-Executiva de Ge stão do Trabalho da SE S identifica problemas de a daptação a o tr abalho ou indícios de al guma dificuldade no am biente de trabalho, a exemplo de sucessivas solicitações licenças médicas, o caso é tratado individualmente, para que cada servidor possa ser apoiado de modo que retome ao seu posto com boas condições e com motivação. A SES hoje conta com dois programas im portantes ne ssa área, que é o Qualivida, voltado para a segurança do trabalho, prevenção de do enças e promoção da qualidade de vida entre os servidores, e o Uniaps, que fornece apoio psicológico p ara o s funcionário s, com auxílio de pr ofissionais da ár ea de p siquiatria, psicologia e serviço social, seja por consultas ou dinâmicas de grupo. O Instituto de Recursos Humanos e o Hospital dos Servidores, ligados à Secretaria de A dministração, t ambém de senvolvem uma p olítica de recursos h umanos no âmbito estadual.

Quais os principais projetos para o ano de 2013 r elacionados às emerg ências do Estado? Vamos dar con tinuidade a o trabalho de requalificação, r eforma, am pliação e compra de novos equipamentos para todas as nossas emergências, tanto na RMR como os regionais. Incluímos nessa lista o HR, o Agamenon, o Otávio de Freitas, o Getúlio Vargas, Regional do Agreste, que está t endo s ua emer gência r eformada e ampliada. O Barão de Lucena, por exemplo, está colocando em prática um plano diretor or çado em R $ 4 0 milhõ es, q ue prevê a r eadequação d e toda sua estrutura física. Vale salientar que 2012 foi um ano de gr andes in vestimentos na r ede hospitalar, com mais de R$ 129 milhões investidos em r eformas e com pra de equipamentos. Como um dos resultados desse in vestimento, f oram cria dos 6 76 leitos, se ndo 100 e m U TIs. E ssas v agas não v ieram de con strução de ho spitais, mas de reformas e melhorias nos já existentes, a exemplo do Hospital do Câncer, que abriu 52 leitos, da Restauração, com mais 45 vagas de internação, e o Regional do Agreste, ampliado em 39 leitos.


A emergência do Procape recebe muitos pacientes de livre demanda

atendimentos é pr eciso cert a c autela para q ue e ssas unida des de pr onto-atendimento não impliquem num retrocesso. “É p reciso c uidado p ara n ão voltarmos à medicina curativa e urgentista, em vez de preventiva e promotora de saúde. O PSF deixa de ser a porta de entrada do SUS e as U PAs ganham esse papel. O a cesso é i mediato, po rém i ncompleto, visto que seu objetivo é apenas a urgência”, explica. Segundo o s ecretário de S aúde do Estado, Antonio Carlos Figueira, o acesso a o a tendimento de emer gência à população de Pernambuco foi ampliado gr aças à im plantação de cen tenas de leitos nos grandes hospitais e com a construção de tr ês ho spitais e 1 4 U nidades de Pronto Atendimento, além da abertura de s erviços em ho spitais q ue estavam praticamente fechando as portas, como o Hospital do Câncer e o Dom Malan, de Petrolina. “Essa nova rede de UPAs atende, a cada dia, mais de 7 mil pessoas e desde janeiro 2010 contabiliza cerca de 5 milhões de atendimentos. São doentes que disputavam a a tenção dos médicos nas grandes emergências. Hoje, ele s con tam com um s erviço de menor porte, mais perto da sua casa, e funcionando 24 horas com atendimento em pediatria, clínica médica e ortopedia”, contabiliza o secretário. O dir etor mé dico do H ospital Ge -

A dificuldade em conseguir uma consulta ambulatorial e de ter acesso a um médico reflete diretamente na sobrecarga das emergências túlio Vargas, F ábio da F onte, confirma o avanço. Segundo ele, com a abertura das UPAs houve uma redução no atendimento da emergência. Hoje 80% dos atendimentos do ho spital s ão r eferenciados. Os outros 20% são de demanda espontânea da população que continua a se d irigir a o H GV, m uitas v ezes c om patologias que poderiam ser solucionadas em outras instâncias. No H ospital P elópidas Sil veira (HPS), inaugurado em 2011, h ouve um aumento no número de leitos da emergência, passando de 24 para 50. “Temos nos e mpenhado p ara e vitar o es tresse da nossa equipe. Além dos novos leitos, ampliamos o n úmero de plan tonistas e diari stas, e reforçamos a emergência com a contratação de enfermeiros e fi-

Helena Carneiro l eão diz que é preciso avaliar o funcionamento das u PAs

sioterapeutas”, conta Carlos Japhet. Segundo a a ssessoria de im prensa do HR, a situação também melhorou. Porém, o mé dico R ogério Ehr hardt afirma que não houve mudança. “Nada aconteceu. A penas o s p acientes che gam de ambulância e não mais por livre demanda. Tiraram eles dos corredores, mas eles continuam no hospital”. Maria das Neves Dantas diz que no Procape pouca coisa foi alterada, já que a instituição não está totalmente regulada. S egundo D r. S érgio M ontenegro, diretor do hospital, a emergência é, talvez, a única no estado que continua atuando completamente aberta, com a maioria do s p acientes v indos p or de manda espontânea. As c ardiologistas M árcia Cri stina e Jamille F arias r elatam q ue con stantemente che gam a o Pr ocape p acientes com patologias que deveriam e poderiam t er s eus problemas resolvidos na base do sistema. “Atendemos pacientes que chegam com pressão alta. Se ele tivesse um acompanhamento adequado no PSF não precisaria estar sobrecarregando as urgências”, conta Jamille Farias, lembrando que não se pode fechar a porta da emergência. A dificuldade em con seguir uma consulta ambulatorial e de ter acesso a um médico reflete diretamente na sobrecarga das emergências.“Recebemos

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CAPA muitos pacientes com os m ais diversos problemas, alguns precisando de uma receita. O ar gumento dele s p ara e starem a qui, n um p ronto-socorro c ardiológico, é q ue na cida de dele s nã o tem mé dico, q ue ele s nã o con seguem agendar uma con sulta, enfim, é mai s fácil vir à emergência. O que você diz a um paciente desses sabendo que de fato ele nã o t em a cesso a o atendimento? ”, questiona Márcia Cristina. Há, ainda , um f alta de inf ormação da população sobre o S US. Segundo os médicos ouvidos p ela reportagem, s eria im portante e sclarecer à p opulação sobre o funcionamen to do si stema e da importância de seguir os estágios de atendimento, iniciando na atenção básica até chegar ao mais complexo. Para Helena Carneiro Leão, a criação do Cartão SUS é a lgo que pode colaborar com esse p rocesso. “E sse c artão a judaria o paciente a saber a qual unidade de saúde da família ele está ligado, por exemplo. D epois de t odo o investimento do governo nesse produto, ele precisa funcionar”, completa Ricardo Paiva.

PRIVAdAS Mas não é só nas emergências públicas que os m édicos p assam po r s ituações de estresse. Nos ú ltimos a nos, o pod er aquisitivo da p opulação br asileira t em crescido e q uando há uma s obra no orçamento um do s primeir os in vestimentos é num plano de saúde. Com um número cada vez maior de segurados, a demanda pela rede credenciada cresce bastante. Segundo Antônio Prado, coordenador interino da emergência do Real Hospital Português, em 2009, o hospital contabilizava, e m todos os se us pos tos de a tendimento, 1 3 mil a tendimentos por ano. Hoje, apenas na urgência central s e contabiliza 1 0 mil atendimentos por mês. “Os n úmeros mo stram o a umento avassalador na procura. Os hospitais ainda não tiveram tempo hábil de ampliar a e strutura de s uas emer gências para atender a essa nova demanda”, diz. Ele ainda destaca que assim como o paciente do sistema público, o usuário do plano de s aúde t em tido uma enorme dificuldade de a gendar con sultas na s mais diversas especialidades. Às vezes, ele p recisa es perar meses p ara conseguir ver o mé dico, então a emergência se torna uma opção mais simples. “Cer-

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A emergência do HR foi organizada para que pacientes não ficassem no corredor

ca d e 40% d os c asos qu e r ecebemos aqui poderiam ser resolvidos ambulatorialmente, o q ue de safogaria o pronto-socorro e aqueles q ue realmente precisam esperariam meno s e o s mé dicos seriam menos pressionados”, conclui. Além da questão do tempo de espera, outra dificuldade que o profissional pode v ivenciar n uma emer gência pri vada é a obrigatoriedade de antes de realizar um procedimento ter que aguardar pela autorização do plano de saúde, o qu e e m a lguns m omentos f oge po r completo da lógica de prestar um atendimento ágil e efetivo. “Para liberar uma determinada intervenção os planos nos pedem relatórios. Nós temos que parar tudo e enviar esses documentos, muitas vezes mais de uma vez. Isso sobrecarrega o médico”, diz Antônio Prado. Segundo ele, o RHP tenta minimizar esse problema fazendo acordos com planos de saúde para que a autorização de alguns procedimentos possam ser solicitados depois.

O que se pe rcebe é qu e a es sência do problema não está dentro das emergências, s ejam públic as ou pri vadas. Como nem o SUS nem o sistema complementar funcionam como deveriam, os atendimentos de urgência que mantêm suas portas abertas apresentam-se para a p opulação como a f orma mai s fácil d e t er a cesso a u m m édico. “O estresse dos médicos nas emergências decorre, de forma bem geral, da falha do si stema. Enq uanto nã o s e in vestir no acesso da população à saúde básica teremos q ue enfrentar e sse p anorama difícil nos atendimentos emergenciais. Até hoje temos cidades no interior que não t em mé dicos na s s uas unida des do PSF. Sem assistência básica, vemos chegar à s emer gências do R ecife p acientes com in suficiência renal crônica, p or e xemplo, q ue p oderia t er sido evitada lá no começo se ele tivesse sido tratado adequadamente. Isso não pode continuar assim”, finaliza Helena Carneiro Leão.


CIENTÍFICA

Terapia Cognitiva Comportamental: teoria e prática A prevenção é o melhor caminho para evitar problemas mais graves no futuro Jane l emos*

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Terapia Co gnitiva Com portamental ( TCC), de senvolvida por Aa ron Bec k (f oto) n os anos de 60 e 70, inicialmente a plicada a o tr atamento da D epressão, n as últimas d écadas teve crescente e xpansão com indic ação p ara diversos tr anstornos men tais, en tre o s quais t ranstornos f óbicos, a nsiosos, obsessivo-compulsivos, alimen tares, de e stresse p ós-traumático e incl usive Dependência Química. Beck, ao desenvolver a Terapia Cognitiva Com portamental fundamen tou-se na noção de que o que conta não é a vivência em si, mas, o significado que o individuo dá a essa vivência, ou seja, como in terpreta o q ue a contece. Po rtanto, baseia-se na ideia de que os sentimentos e comportamentos são determinados pelo mo do como s e e strutura o mundo, ou seja, as cognições. O o bjetivo é pr oduzir m udanças cognitivas – no pensamento e nas crenças visando a mudança emocional e comportamental. Des tacou-se t rês n íveis d e c renças ou estruturas cognitivas: Crenças cen trais; in termediárias ou s ubjacentes e pensamentos automáticos. Crenças Centrais: ideias globais, supergeneralizadas e a bsolutas da pessoa a respeito de si mesma, dos outros e do mundo, enq uanto “ esquemas” s eriam as estruturas cognitivas que contem as c renças; Crenças in termediárias ou subjacentes: baseadas nas crenças centrais existem so b a f orma d e regras o u suposições influenciando o com portamento, resultando de processos de aprendizagens; Pensamentos a utomáticos: existem simultaneamente com o fluxo normal do p ensamento, s ão co muns, rápidos e involuntários, ativados

dos as pectos m arcantes é a u tilização de t écnicas e r ecursos p ara questionar os p ensamentos e iden tificar r espostas m ais a daptativas. A s ses sões s ão estruturadas com e stabelecimento de agenda p ara c ada s essão. N a primeir a consulta é essencial a colheita de dados: queixa atual, história do problema, antecedentes, e xame men tal e f ormulação diagnóstica; identificação do foco; trabalho e ducativo s obre o mét odo; elaboração da concei tuação co gnitiva, contrato terapêutico e a tarefa de c asa. A c ada ses são d eve-se c onstruir u ma agenda, fazer ponte com a anterior, rever a tarefa de casa e estabelecer nova tarefa, f azendo s empre um f eedback em cada sessão. O o bjetivo d a T CC é r eestruturar as co gnições di sfuncionais, u tilizando uma di versidade de t écnicas q ue p ermitem a correção da di sfunção e con sequente fenômeno psicopatológico na medida em que possibilite ao individuo a flexibilização para avaliar as situações específicas do cotidiano. Hoje, já existe evidencias de eficácia da TCC em diversos t ranstornos m entais e m uitas pes quisas estão em andamento. refer ÊnCiAs BiBli ogr Áfi CAs . 1-. Knapp, P. e c ols. terapia Cognitiva Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004.

a p artir de si tuações do cotidiano . Ge ralmente s ão a ceitos como le gítimos, muitas v ezes s ão d espercebidos, n ão sendo al vo de análi se p elo indi viduo nem relacionado com sentimentos desconfortáveis. A p ercepção do s a contecimentos p ode s er err oneamente in terpretada, s urgindo distorções co gnitivas. A t erapia Co gnitiva com portamental fundamenta-se no pressuposto de q ue cognições, pensamentos e emoções são fatores precipitadores ou mantenedores de comportamentos. A TCC é uma abordagem estruturada ou s emiestruturada, dir etiva e com prazo previamente delimitado diferentemente de ou tras t écnicas, em bora o prazo p ossa s er am pliado. É de s uma importância uma alianç a t erapêutica empática, a utêntica e s egura, com ativa participação do terapeuta e paciente que tr abalham de f orma cola borativa p ara a concei tuação co gnitiva. U m

2- s ilva, C. J; s erra, A. m.: terapias Cognitivas e Cognitivo-Comportamentais em dependência química. r evista Brasileira de Psiquiatria. vol. 26 supl. 1 s ão Paulo maio, 2004. 3- r angé, B. P; falcone, m. o .; s ardinha, A. história e panorama atual das terapias cognitivas no Brasil. r evista Brasileira de terapias Cognitivas . vol. 3 nº 2. r io de Janeiro dez 2007 4- K napp, P.,Beck, A.:

f undamentos, modelos

conceituais, aplic ações e pesquisa da t

erapia

cognitiva. r evista Brasileira de Psiquiatria., vol. 30 supl. 2. s ão Paulo o ct. 2008. 5- o rganização mundial de s aúde. - Classificação de transtornos mentais e do Comportamento da C id 10: d escrição Clinica e d iretrizes d iagnósticas –. tradução: Caetano, d . P orto Alegre: Artes médicas, 1993. 6-. d obson, d , ; d obson, K.s . A terapia Cognitiva-comportamental baseada em e vidências. tradução: d uarte, v. Porto Alegre: Artmed, 2010.

*Psiquiatra especialista pela ABP - d iretora da AmB e AmPe - Conselheira e d iretora da escola s uperior de Ética médica

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PATRIMÔNIO

Os jardins de Burle Marx

O paisagista atuou na reconstrução de alguns jardins já existentes, como os da Praça da República

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As obras do paisagista, espalhadas pelo r ecife e por outras cidades do País, como Brasília e r io de Janeiro, foram pioneiras ao valorizar a flora nativa brasileira mariana Oliveira* | f otos: Hans manteuffel

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o início do s éculo p assado, o movimento mo dernista co meçava a de spontar na cena cultural brasileira. Heitor Villa-Lobos d esenvolvia s uas c omposições nacionalistas, Tarsila do Amaral e Vicente do Rego Monteiro pintavam o po vo e os cenários na tivos do Brasil. Não f oi d iferente com o p aisagista Roberto Burle Marx, que teria completado 100 anos em agosto de 2009. Se gundo a p rofessora e coordenadora do Laboratório de Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ana Rita Sá Carneiro, ele pode ser considerado um nacionalista, mas não no sentido pejorativo do termo. Burle Marx foi pioneiro na realização de projetos que abandonavam as vegetações estrangeiras no plano de parques e jardins e passavam a utilizar a flora tropical. “A valorização da paisagem nativa era o s eu grande dif erencial. Ele fazia uma fitofisionomia da p aisagem”, e xplica o engenheiro agrônomo Alexandre Queiroz. O paisagista era taxativo ao dizer que não se poderia esperar de uma rosa, cultivada nos países tropicais, o mesmo desempenho que ela teria num clima temperado, seu ambiente característico. A utilização de espécies locais revolucionou o paisagismo brasileiro e tornou possível o aparecimento dos primeiros jardins modernos do país, cuja paternidade é inquestionavelmente de Burle Marx. “Ele q ueria tornar o jardim um elemento de informação para que as pessoas pudessem conhecer também sobre a vegetação local. O jardim moderno dava valor às qu estões l ocais, aos e lementos nacionais, e também trazia em seus projetos elementos que fazem parte das obras artísticas, como a harmonia , a unidade, a cor, a p roporção”, explica Ana Rita Sá Carneiro. Nos seus trabalhos existiam três eixos norteadores: o higiênico, o e ducativo e o artístico. 0 primeiro poderia ser considerado, h oje, u m fator ecológico, p ois demonstrava sua preocupação com a ausência de áreas verdes na s cida des. Ele queria que seus jardins fossem espaços de descanso para os t rabalhadores, verdadeiros pulmõ es da cida de. O s egundo tinha como objetivo levar às pessoas conhecimentos sobre a f lora do país. Já o artí stico, refletia s ua f ormação como pintor modernista. Da mesma forma que os outros artistas modernos, Burle Marx foi influencia-

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PATRIMÔNIO do pelas vanguardas artísticas europeias, principalmente p elas curvas da s o bras abstratas. Sua ida à Alemanha, por motivos de saúde, foi fundamental para a sua carreira. Lá, o jovem Burle Marx costumava visitar um jardim botânico onde havia uma estufa dedicada às espécies tropicais brasileiras. Foi preciso sair de s ua terra para conhe cer s eu e cossistema. É ne ste momento q ue ele de cide de dicar-se ao paisagismo, já que havia herdado da mãe, Cecília Burle, o amor pelas plantas. Voltando ao Brasil, começa a atuar de forma pioneira. Ao invés de copiar os modelos paisagísticos da Europa e dos EUA utilizando e spécies im portadas, Bur le Marx pa ssa a ut ilizar a vegetação l ocal como elemento fundamental de seus projetos. Foi no Rio de Janeiro que o paisagista assinou seu primeiro trabalho, em 1932, um terraço-jardim de uma residência. Nesse mesmo período, o jo vem decide ingressar no curso de arquitetura. Dois anos depois, abandona a graduação e p assa a e studar b elas-artes, c arreira que também não chega a concluir formalmente. M esmo a ssim, Bur le M arx continuou a dedicar-se aos dois campos, desenvolvendo p rojetos p aisagísticos, pinturas e esculturas. Segundo Ana Rita Sá Carneiro, ele foi um autodidata, era um leitor a ssíduo de revistas de j ardinagem e botânica. “Ele tinha uma visão interdisciplinar com referências no campo da música, da pintura e da história”, explica. Outro fator fundamental em sua formação foram suas amizades. Era impossível não adquirir conhe cimento tendo dentro de seu ciclo de relações arquitetos, botânicos, engenheiros, pin tores, do p orte de Joaquim Cardozo, Lúcio Co sta, Antonio Bezerra Baltar, entre outros.

RECIf E Foi também s eu ciclo de amizades q ue lhe rendeu uma indicação para atuar no Setor de Parques e Jardins da D iretoria de Arquitetura e Urbanismo do Es tado de Pernambuco, em 1934. Seu professor e amigo Lúcio Costa indicou os nomes de Burle Marx e do arquiteto Luiz Nunes ao então governador Carlos de Lima Cavalcante, q ue pretendia de senvolver uma grande reforma estrutural no Recife, modernizando a cidade. É trabalhando neste órgão que o jovem começa a criar alguns jardins e reformar outros espaços no plano do Recife, onde fica até 1 937. S omente na cidade, Burle

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A Praça de Casa f orte (acima) foi a primeira obra do paisagista no Recife. Ao lado, o projeto original, datado de 1935 burle marx herdou da mãe, a pernambucana Cecília burle, o amor pelas plantas burle marx também deixou sua marca na Praça do d erby (Ao lado, à direita)


Marx projetou 2 4 j ardins público s e 3 2 privados. A primeira praça con struída e projetada por ele é a de Casa Forte, erguida em 1935. Neste projeto, Burle Marx rodeou os três lagos com plantas típicas da Mata Atlântica, da Amazônia e de outros países como a Índia. Na Praça Euclides da Cunha, na Madalena, Burle Marx expõe seu interesse pela vegetação da caatinga. Obras como essa não eram unanimidade entre os intelectuais pernambucanos. Mário Melo, por exemplo, s empre foi um crítico mordaz das realizações de Burle Marx, e, à época, referiu-se à Praça Euclides da Cunha como “sertanização dos mangues do antigo viveiro da M adalena”. Burle Marx atuou na reestruturação de alguns jardins já existentes como a atual Praça da República (Jardim do Campo das Princesas) e Praça do Derby. Em 1937, o paisagista foi obrigado a retornar ao Rio de Janeiro, depois de ser exonerado do cargo, por uma suposta vinculação com os movimentos comunistas. De volta às terras cariocas, Burle Marx envolveu-se com projetos grandiosos,

como o Parque do Flamengo, a construção dos jardins dos palácios de Brasília e o Parque Del Este, em Caracas. Neste primeiro período vivendo no Recife, o paisagista basicamente atuou em projetos públicos. Seria apenas na sua próxima temporada na cidade, que ele iria desenvolver trabalhos para espaços privados, muitos deles em parceria com Acácio Gil Borsoi. Na década de 50, ele projeta mais duas praças no Recife: Faria Neves (conhecida como Praça de Dois Irmãos), Ministro Salgado Filho (localizada na frente do Aeroporto Internacional Gilberto Freyre),

PRESERVAÇÃO Atualmente, e stá em andamento o processo de tombamento, em âmbito nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e em âmbito estadual p ela Fundarpe, de s eis praças projetadas po r B urle M arx. S ão e las: a Praça de Casa Forte, a Euclides da Cunha, a da República, a do Derby, a Faria Neves e a Ministro Salgado Filho. Segundo Ana Rita S á C arneiro, a esc olha d esses se is jardins, entre a s dezenas de projetos do

paisagista, tomou como base o estado de conservação do projeto original e a representatividade do estilo paisagístico. A Praça de Casa Forte é a mais preservada. Nela, é possível perceber claramente a mão do artista. Porém, a pesqu isadora destaca que é preciso redobrar o cuidado, pois, enquanto o processo de tombamento e stá em andamen to, são promovidas festas e e ventos que podem prejudicar o patrimônio. A Praça Salgado Filho, inaugurada e m 1957, po r exemplo, está em situação crítica e totalmente abandonada. Ela nunca passou por nenhuma intervenção pública e , obviamente, p erdeu suas características originais, tornando-se um espaço sem qualquer expressividade. Mas, segundo Ana Rita, é possível recuperá-la, assim como as da República e do Derby, bem melhor con servadas, com algumas propostas de Burle Marx mantidas parcialmente. Tanto a Euclides da Cunha, quanto a Faria Lima passaram por reformas recentes e voltaram a ficar b em próximas do original. “No caso da Faria Lima, tivemos que ouvir as pessoas que frequentavam, os

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PATRIMÔNIO

um outro burle marx

Além de apreciar os vários jardins projetados por Burle marx na cidade, os recifenses têm a oportunidade de conhecer a sua faceta desenhista. A partir do dia 6 de fevereiro, a exposição Roberto Burle Marx: a figura humana na obra em desenho entra em cartaz no Centro Cultural Correios, reunindo uma seleção de 121 desenhos produzidos pelo artista entre 1919, quando ele tinha 10 anos de idade, e 1940. “trata-se de uma exposição itinerante, que já passou por Brasília e r io de Janeiro, mostrando uma face oculta do mais renomado paisagista brasileiro reconhecido no mundo inteiro pelo seu modernismo nos jardins. escolhemos um conjunto de obras que descortinam um Burle marx desconhecido do grande público, como aprendiz e como artista que procura a sua autonomia e identidade”, explica a curadora Yanara Costa h aas, arquiteta do s ítio r oberto Burle marx e mestra em Patrimônio h istórico. o material inédito faz parte do acervo exclusivo de 1.589 desenhos pertencentes ao s ítio r oberto Burle marx/iPhAn /minC. o s trabalhos, feitos em papel, utilizam técnicas variadas, como carvão, grafite, nanquim, lápis de cor, crayon, giz de cera, hidrocor e guache, tendo a figura humana como temática central. entre as séries, destacam-se 15 obras, feitas em pastel, em 1932, com figuras humanas em paisagens de bairros e localidades da capital pernambucana. “Burle marx produziu variadas cenas sempre tendo a figura humana como temática central. n essa série, criou desenhos em aquarelas sobre as figuras do povo em ambientes pernambucanos, como Casa Amarela e Peixinhos”, explica a curadora, que selecionou as peças especialmente para a temporada no r ecife. serviço: Roberto Burle Marx: a figura humana na obra em desenho de 6 de fevereiro a 28 de abril l ocal: Centro Cultural Correios - Av. marquês de o linda, 262, Bairro do r ecife. dias e horários de visitação: terça a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados e domingos, das 12h às 18h. entrada: gratuita. Patrocínio: Correios

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vizinhos, ver fotos, porque não tínhamos nenhum registro oficial do projeto original dessa praça’’, conta Ana Rita, destacando que a praça localizada na frente do Horto de Dois Irmãos encontra-se em bom estado. Já a Euclides da Cunha, apesar da reforma t er acontecido em 2004, encontra-se abandonada, com problemas estruturais, de fiscalização e de manutenção da vegetação. O espaço está coberto pelo mato, que cresce desordenadamente. Segundo Ana Rita Sá Carneiro, essa situação começou a se agravar em 2010, quando a escola que funcionava na região e adotava a praça mudou de endereço. E não é só no Recife que as medidas de precaução para preservar as obras do paisagista vêm sendo colocadas em prática. O Parque do Flamengo, no Rio de Janeiro, con siderado um do s mai s b em sucedidos projetos de Burle Marx, tombado antes me smo de s er concluído no s ano s 6 0, não e scapou de intervenções indevidas, como a construção da Marina da Glória, durante o Governo Militar. Preocupada com esse tipo de intervenção, em 2007, A ssociação Brasileira de Arquitetos Paisagistas solicitou o tombamento de toda a obra de Burle Marx no Rio de Janeiro, como calçado da Avenida Atlântica, os jardins do MAM, do Largo da Carioca. O processo, assim como no Recife, ainda está em avaliação. Em Brasília, a l uta p ela preservação do le gado do p aisagista teve resultados efetivos. No ano passado, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, assinou um decreto determinando o tombamento histórico dos jardins feitos pelo paisagista Roberto Burle Marx. Desde então, os jardins fazem parte do projeto urbanístico de Lúcio Costa para o Plano Piloto de Brasília. Entre principais as obras do paisagista em Brasília, estão os jardins do Teatro Nacional Cláudio Santoro, os jardins do Palácio do Itamaraty, a Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano, e a Praça das Fontes, no Parque da Cidade. Sem dúvida, a melhor homenagem que o paisagista, falecido em 1994, aos 84 anos, seria a preservação das mais de duas mil obras espalhadas em todo o Brasil. Es se era o de sejo do próprio Burle Marx, declarado em entrevista concedida em 1988: “S ão espaços públicos para o povo, tem que haver continuidade no trabalho, criar essa consciência no povo para proteger um patrimônio que é para todos, ter técnicos que possam lutar pela manutenção daquilo que nós temos. Eu gostaria naturalmente que esses jardins fossem mantidos, porque se a gente fez um esforço para fazê-los, gostaríamos que fosse perpetuado”.


CFM Conselho Federal de Medicina

Notícias do CFM

Carlos Vital*, de brasília

Revista Medicina O Conselho Federal de Medicina lançou a revista Medicina CFM. Com periodicidade quadrimestral e uma primeira edição com reportagens, entrevistas e artigos de alta qualidade, a publicação oferece aos médicos e à população conteúdo que estimula a reflexão sobre temas como filosofia, antropologia, arte e cultura, relacionando-os à prática médica. Acesse: http://migre.me/cRTmd

Nova área de atuação A Toxicologia Médica foi incluída na relação das áreas de atuação reconhecidas no país. O reconhecimento foi realizado por meio da Resolução CFM 2005/12. O texto da resolução trouxe também as mudanças para o reconhecimento de programas de residência médica, tempos de formação e regras sobre o funcionamento da Comissão Mista de Especialidades, composta pelo CFM, Associação Médica Brasileira (AMB) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

Ensino Médico O CFM avalia que a má qualidade do ensino médico no país atingiu nível preocupante, que exige mobilização da sociedade e adoção de medidas pelas autoridades. Dados levantados pelo conselho mostram que o número de escolas de medicina deu um salto significativo a partir da década de 90. Durante o período do governo Fernando Henrique Cardoso (2003 a 2010), 44 escolas foram abertas; no governo Lula (2003-2010), mais 52. Por sua vez, o atual governo autorizou, até o momento, a abertura de 18 novas escolas.

Latu sensu não titula especialista Uma decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da Primeira Região consolida entendimento do CFM de que cursos de pós-graduação lato sensu não conferem ao médico o direito de se inscrever nos conselhos de medicina como especialistas ou anunciarem tais títulos.

Regulamentação da Medicina O plenário do Senado Federal está com a grande responsabilidade de aprovar uma lei que representa uma conquista para a saúde: a regulamentação do exercício da medicina no país. A proposta ainda não tem data para ser votada e foi encaminhada ao colegiado após avançar no mês de dezembro em duas comissões.

Representação Em dezembro, o CFM e outras entidades médicas nacionais voltaram a ocupar assento no Conselho Nacional de Saúde (CNS), instância máxima do controle social no Sistema Único de Saúde (SUS). O retorno acontece após um afastamento de três anos daquele fórum. O CFM tem como representante o médico paraense, Waldir Cardoso.

Nova composição no Plenário do CFM O novo conselheiro federal representante do estado do Tocantins, Pedro Nader, tomou posse durante a 1ª Sessão Plenária do Conselho Federal de Medicina (CFM) do ano de 2013. Nader substitui no CFM o médico Frederico Henrique de Melo, eleito

prefeito do município tocantinense de Miranort. O conselheiro da Paraíba, Dalvélio Madruga, também tomou posse como o 2º tesoureiro da entidade, cargo também desocupado por Frederico.

Direito Médico Os aspectos jurídicos da confidencialidade na relação médicopaciente e da reprodução humana: “conflitos existenciais - paternidade social x paternidade genética”; estarão em debate no IV Congresso Brasileiro de Direito Médico, previsto para os dias 28 e 29 de agosto deste ano, no auditório da Procuradoria Geral da República (PGR), em Brasília (DF). A programação do evento começou a ser discutida pela Comissão de Direito Médico do CFM.

Encontro dos Conselhos Já está confirmado o encontro entre todos os conselhos do país. A capital paraense recebe nos dias 6, 7 e 8 de março o I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina de 2013 (I ENCM 2013). No período, estarão reunidos dirigentes dos 27 Conselhos Regionais e do CFM para analisar temas como a interrupção da gravidez nos casos de malformações incompatíveis com a vida. O intercâmbio permitirá, entre outros aspectos, traçar amplo quadro da assistência em saúde, elaborar diretivas conjuntas das entidades e definir estratégias que beneficiarão, sobretudo, a sociedade.diário da profissão, independentemente de onde resida”, avalia o vicepresidente do CFM, Carlos Vital, em cujo entender a iniciativa da atual gestão do CFM, que levou à oferta gratuita de conteúdo aos médicos brasileiros, com a participação do governo, confirma a preocupação em oferecer serviços aos profissionais com a ajuda da entidade: “Impossível ignorar os benefícios do novo portal, como a economia e a garantia de conteúdos pertinentes de qualidade. É uma vitória dos médicos”, destaca. *vice-Presidente do Cfm .

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CREMEPE: AÇÕES 2012 VOLTADAS PARA MÉDICOS E À POPULAÇÃO PLANOS DE SAÚDE Cremepe defende uma relação justa com médicos e pacientes Preocupado com a política das Operadoras de Planos de Saúde em relação ao atendimento aos segurados e ao pagamento de honorários a médicos, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco tem mantido uma postura de cobrança permanente para que essa relação seja mais justa e equilibrada. Para o Cremepe, chegou a hora de as empresas pagarem honorários decentes aos médicos (implantação da CBHPM) e de promover investimentos que resultem numa melhor prestação de serviço aos segurados. O Cremepe tem feito reuniões com representantes da Defensoria Pública, Ministério Público, Simepe, AMPE, Procon e também das Operadoras de Planos de Saúde para que sejam encontradas as soluções que a situação exige e conclama os médicos a se manterem mobilizados.

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS Cremepe é contra privatização da saúde e defende concurso para fortalecer o SUS

PROCAPE Cremepe ao lado dos médicos pela recuperação do Pronto Socorro Cardiológico

O Cremepe é contra a política de delegar para Organizações Sociais o gerenciamento das UPAs e hospitais construídos pelo Governo de Pernambuco. Para o Conselho, essa é uma forma de “privatizar” a saúde e não é vantajoso para o patrimônio público, já que é o Governo quem compra os equipamentos, constrói os prédios e repassa, de forma subsidiada, a administração para entidades que não são geridas pelo Sistema Único de Saúde, podendo essas Organizações Sociais demitir e contratar sem a observância da lei. Por essa razão, o Conselho defende o concurso público para médicos como forma de fortalecer o SUS. E foi essa cobrança do Cremepe que culminou com o anúncio por parte da Secretaria Estadual de Saúde de concurso para preencher 505 vagas de médicos em 2013.

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco, na tentativa de buscar melhorias no atendimento à população e nas condições de trabalho dos médicos do Procape, realizou fiscalizações e reuniões com representantes do Hospital. As discussões giraram sempre em torno do redimensionamento de pessoal, com a intenção de sanar o problema quanto ao quadro reduzido de profissionais. Além disso o serviço de Hemodinâmica, por não funcionar de forma plena, oferecendo atendimento precário aos pacientes, também foi questionado pelo Cremepe. A situação do Procape também foi levada pelo Conselho aos responsáveis pelo setor de Cardiologia da Secretaria Estadual de Saúde.

OSWALDO CRUZ Cobrança do Cremepe leva governo a adotar medidas saneadoras As medidas emergenciais tomadas pelo Governo do Estado para tentar resolver os problemas encontrados no Hospital Osvaldo Cruz são o resultado de um processo de acompanhamento e reivindicações por parte do Cremepe. O trabalho de fiscalização que o Conselho adotou para levantar os principais problemas no HUOC constatou a difícil situação do hospital universitário. Cobranças foram feitas e o Governo anunciou medidas saneadoras.

CISAM Intervenção do Cremepe definiu o início das obras de recuperação Depois de o Cremepe fazer a interdição ética por quase uma semana, – em razão do número insuficiente de médicos e problemas de infraestrutura – a maternidade do Centro de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), na Encruzilhada, Zona Norte do Recife, fechou as portas para reforma no mês de setembro. Do jeito que estava funcionando, havia risco de vida para pacientes e médicos. Estão sendo recuperados o telhado, o teto, as instalações elétricas e as salas de parto. As obras devem estar concluídas em março de 2013. Serão preenchidas também as escalas desfalcadas de médicos e pessoal de enfermagem. Entretanto, permanece a carência de leitos no setor.

HRA Conselho também interditou eticamente o Hospital Regional do Agreste Em função da grave situação de falta de profissionais em cirurgia geral e ortopedia, encontrada em agosto no Hospital Regional do Agreste, em Caruaru, além das relações precárias de trabalho, estabelecidas através de pagamento dos médicos por empenho, o Cremepe não teve outra alternativa a não ser decretar a intervenção ética no HRA. A decisão foi para reivindicar do Governo do Estado melhorias na unidade e realização de concurso público para suprir a defasagem de médicos no Hospital Regional do Agreste. O Conselho acompanha atentamente a conclusão das providências que serão adotadas para resolver o problema do HRA.

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CENTRAL DE REGULAÇÃO A luta do Cremepe pela melhoria do funcionamento é permanente Criada há dez anos para ordenar o acesso das gestantes aos leitos de maternidades públicas, a Central de Regulação Hospitalar da Secretaria Estadual de Saúde ainda utiliza métodos ultrapassados para gerir um sistema deficitário de vagas de internamento em todo o Estado. Na Central, todo o trabalho feito pelos atendentes é escrito a mão num quadro pregado na parede. Quando poderia ser tudo informatizado, para que o surgimento e a procura de vagas fossem operados de forma mais rápida e eficiente. Com essa metodologia de trabalho atrasada e lenta, as gestantes que precisam de uma vaga na Rede Pública são as que mais sofrem. O problema foi levado às autoridades e denunciado pelo Cremepe em reportagem de capa na revista do Conselho, Movimento Médico.

CARAVANA Equipes do Cremepe e Simepe visitam comunidades do Recife Depois de percorrer todo o Estado em edições anteriores, a Caravana 2012, promovida pelo Cremepe e Simepe, dedicou atenção especial à Região Metropolitana do Recife. Na sua oitava edição, realizada entre os dias 23 de maio e 15 de julho, a ação foi intitulada de “Caravana nas Comunidades”. O objetivo


dessa iniciativa é conhecer de perto a realidade das comunidades que apresentam o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) no Interior e no Recife e dar voz à população sobre as questões do dia a dia. A avaliação da saúde, principalmente da atenção básica, centrada na perspectiva do usuário, é um dos principais focos do trabalho desenvolvido pela Caravana do Cremepe e Simepe.

COMBATE AO CRACK Cremepe lança cartilha para médicos O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco lançou uma cartilha orientando médicos de todo o Estado no trabalho de combate e assistência aos usuários de crack. Com o apoio do Conselho Federal de Medicina, o protocolo de assistência a usuários e dependentes do crack foi lançado em Brasília, na sede do CFM. Intitulada de “Diretrizes Gerais Médicas para Assistência Integral ao Usuário do Crack”, a cartilha foi formulado pela Comissão de Assuntos Sociais do CFM a partir de uma pauta de discussões sugeridas e coordenadas pelo Cremepe. O lançamento teve ampla repercussão nos Rádios, Jornais, Televisão, Blogs e outras mídias sociais.

PREOCUPAÇÃO A questão da dependência química é tema de simpósio

ça, em Camaragibe. Representantes do Ministério Público de Pernambuco, Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária, Conselho Regional de Psicologia e Cremepe estiveram no local e constataram a inadequação dos serviços prestados pela unidade. A clínica, licenciada junto à Vigilância Sanitária Municipal de Camaragibe como Comunidade Terapêutica, vinha mantendo diversos pacientes com internamento involuntário e portadores de patologias crônicas sem acompanhamento médico adequado à especialidade de cada caso.

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Cremepe e CFM recorrem a HQ para ajudar a abrir vagas no mercado de trabalho Com uma história em quadrinhos tendo como protagonista o tetra campeão de futebol Romário, deputado federal pelo PSB-RJ, uma revista chama os empresários da saúde de todo o País a abraçar a ideia de se criar vagas de trabalho para pessoas com deficiência. A revista foi lançada no início de dezembro, na Câmara dos Deputados, em Brasília, com a presença de Romário e de representantes do Cremepe, do Conselho Federal de Medicina e da Federação Brasileira de Hospitais. A publicação será encaminhada aos diretores e donos dos quase sete mil hospitais de todo o Brasil, na expectativa de fazer com que se sensibilizem e apoiem a proposta.

CAPACITAÇÃO Cremepe realiza curso de atualização em ética e bioética para médicos residentes O Cremepe, por meio da Escola Superior de Ética Médica de Pernambuco (ESEM), realizou a terceira edição do Curso de Atualização em Ética e Bioética para Residência Médica, em Junho deste ano. Cerca de 500 residentes participaram das palestras que traziam como tema a ética no contexto da relação médico-paciente e demais profissionais e a ética na residência médica, entendida como um momento de aperfeiçoamento profissional e científico. A importância do documento médico como prontuários, laudos de exames e periciais, atestados e receitas também foi um dos destaques do curso.

SIMPÓSIO Conselho realiza primeiro simpósio de ética médica do interior

Com o entendimento de que o enfrentamento à dependência química é uma ação de conscientização que deve ser associada ao uso de estratégias eficientes no âmbito municipal, estadual e nacional, o Cremepe apoiou a iniciativa da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho e realizou o Simpósio “Dependência Química: Atualidade”, em agosto de 2012. O evento contou com a presença de representantes das entidades médicas de Pernambuco e do médico psiquiatra Hamel Palhares, que trouxe em sua palestra a experiência do Conselho Regional de Medicina de São Paulo no trato com a dependência química em médicos.

Em setembro, o Cremepe, também através da Escola Superior de Ética Médica de Pernambuco, promoveu o I Simpósio Regional de Ética Médica de Pernambuco. O evento teve o apoio da Associação Médica de Pernambuco (Ampe) e do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) e tratou sobre as ações de saúde e repercussões no cotidiano do médico referentes ao cooperativismo, planos de saúde e projetos de lei na área de saúde que tramitam no Congresso Nacional, a ética médica e o cotidiano do médico. As exposições ficaram a cargo de profissionais com vasta experiência e conceito, que transmitiram seus conhecimentos específicos e possibilitaram intercâmbio de grande importância prática, especialmente na apresentação dos casos clínicos aplicados e avaliados à luz o atual Código de Ética Médica.

MEDICINA Cremepe discute abertura de novas escolas médicas

CRIANÇAS DESAPARECIDAS Cremepe lança campanha para recuperar crianças e adolescentes

A abertura indiscriminada de novos cursos de Medicina é uma das preocupações do Cremepe. Para o Conselho, a necessidade de um planejamento adequado e o compromisso com a qualidade do ensino não tem prevalecido diante de interesses econômicos e políticos e o resultado é que existem hoje no Brasil 196 escolas médicas, em grande parte sem estrutura mínima, sem corpo docente próprio ou hospital universitário de suporte. O Cremepe acha fundamental o investimento em qualidade de ensino e em pesquisas para que o princípio fundamental de respeito à saúde, à vida e à dignidade da população seja alcançado.

Uma campanha de caráter permanente foi lançada pelo Cremepe para pedir o engajamento dos médicos pernambucanos na luta em busca de crianças e adolescentes desaparecidos. A iniciativa, levada pelo Cremepe para a Comissão de Assuntos Sociais do Conselho Federal de Medicina, foi aprovada em âmbito nacional e tem o engajamento dos demais Conselhos Regionais. Além de cartazes, uma página eletrônica, com informações sobre questões importantes a respeito de desaparecimento de crianças, está disponível para pais e médicos. Essas informações também foram enviadas para os 370 mil médicos de todo o País. Em novembro, representantes do Cremepe participaram em Bogotá, na Colômbia, de um encontro promovido pela Confederação Médica da América Latina e do Caribe, Confemel, para discutir a realidade das crianças desaparecidas. Durante esse encontro, foi apresentada a campanha lançada pelo Cremepe.

COMUNIDADES TERAPÊUTICAS Cremepe participa de ação conjunta e interdita clínica em camaragibe Faz parte da ação política do Cremepe acompanhar a atuação das Comunidades Terapêuticas dentro dos padrões exigidos pela legislação vigente. Um trabalho conjunto, em setembro de 2012, interditou cautelarmente a Clínica Terapêutica Nova Alian-

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f oto s : d ivul gAç ão

CREMEPE Conselho Regional de Medicina/PE

Cremepe inaugura ampliação da sede

C

om uma demanda cr escente e a preocupação em of erecer um melhor e mai s cômo do serviço a os mé dicos de P ernambuco, o Conselho Regional de Medicina passou por uma ampla reforma. A i nauguração d o n ovo e spaço fo i r ealizada na noi te de 4 de de zembro, no bairro do Espinheiro, no Recife, e reuniu r epresentantes da cla sse mé dica e autoridades da área de saúde. Na solenidade, a presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão, convidou para f azer p arte da me sa o S ecretário de S aúde do Es tado, An tônio Car los Figueira, o presidente do Conselho Federal de M edicina, R oberto d ’Avila, o 1° vice-presidente do CFM, Carlos Vital e o t esoureiro d o C FM, I ran G alo. R epresentantes de en tidades mé dicas de Pernambuco t ambém com puseram a mesa: Jane Lemos, diretora de comunicação da A ssociação M édica Br asileira (AMB), Síl via da Co sta Carv alho, pr esidente da A ssociação M édica de P ernambuco ( AMPE), e F ernando Ca bral, vice-presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (SIMEPE). A ampliação, totalizando 1.600 metros q uadrados, teve início no dia 3 de janeiro de 2011, após a assinatura da ordem de serviço pelo então presidente da instituição, André Longo. “Hoje, através

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de um esforço conjunto, vejo realizado o desejo dos ex-presidentes. Em especial, André Longo, que com determinação sonhou e a giu para que fosse dado início ao projeto de reforma do prédio do Cremepe. Hoje, esta nova sede está sendo entregue na minha gestão após a conclusão desse processo de reestruturação”, afirmou Helena Carneiro Leão. Para o pr esidente do CFM , R oberto d’Avila, o momento é representativo para a cla sse mé dica de P ernambuco. “A obra é belíssima e grandiosa, do tamanho que os médicos de Pernambuco merecem, no en tanto s ão a penas p aredes. O qu e faz uma instituição são as pessoas qu e p reenchem se us es paços e a f orma como o s mé dicos s ão r ecebidos. Que o Conselho de Pernambuco permaneça de sempenhando e ste r eal papel da autarquia para a classe médica do estado”, disse o presidente do CFM. O S ecretário de S aúde do Es tado, Antônio Car los F igueira, concor dou com a afirmação e destacou que “o Cremepe hoje tem uma estrutura compatível com o trabalho que vem desenvolvendo em Pernambuco”. Carlos Vital, 1 ° vice-presidente do CFM e Con selheiro do Cr emepe, di sse que a s a tividades do Cr emepe cr esceram nos últimos 12 a nos e o es paço físico e stava s endo in suficiente p ara a s

demandas do s s erviços. “ O Con selho cumpriu s ua o brigação no in tuito de oferecer o melhor p ara o s mé dicos de Pernambuco”. O Cremepe concedeu placas de homenagem em r econhecimento e gr atidão a os r epresentantes do Con selho Federal de M edicina q ue a creditaram e s e em penharam no financiamento e acompanhamento da o bra. A g erente geral do Conselho, Miriam de Andrade, também f oi homena geada, r ecebendo um ramalhete de flores, p or s ua de dicação em todas as e tapas da ampliação da sede. A s olenidade recebeu o t oque t odo especial, com a p articipação de G uilherme Morais, funcionário do Cremepe e cantor lírico, que interpretou com sua voz de tenor músicas eruditas e populares, acompanhado de piano e violino.

A ObRA O Cremepe conta, agora, com uma ampla área de e stacionamento e um prédio de doi s andares. N o primeiro pi so, estão os d epartamentos d e p rocessos e fiscalização, a as sessoria ju rídica e a corregedoria. N o s egundo, a s c âmaras de julgamento e o plenário com capacidade para 180 pessoas. A obra foi financiada pelo Conselho Federal de Medicina (C FM), c om gastos e m torno d e R$


4,8 milhões. A construtora Potencial foi encarregada pela obra de ampliação. O projeto foi assinado pela arquiteta Silvia Rangel, a ambientação por Ilka Rosas, a fiscalização coub e a o en genheiro J osé Antônio Romaguera, sendo de responsabilidade do engenheiro Sérgio Mattos.

EXPOSIÇÃO d E f OTOS Quem p articipou da noi te de ina uguração, pôde ver uma exposição inédita

de f otos da s Car avanas r ealizadas p elo Cremepe e Simep e. A ideia p artiu do Conselheiro e Co ordenador do Cen tro de Es tudos Avançados do Cremepe (CEAC), R icardo P aiva, e d o e x-presidente do SIMEPE, Silvio Rodrigues, que sempre q uiseram r eunir o a cervo de fotos dos sete anos de atividade da Caravana. A execução do projeto de exposição foi coordenada por Michel Felipe e pela curadora Patrícia Cruz Lima.

A fotógrafa Salete Hallack, que acompanhou todas as edições das Caravanas, disse que se sentiu muito feliz ao ver o r esultado d o t rabalho. “As experiências durante as expedições pelo estado foram enriquecedoras. O olhar das lentes da câmera, por mais que tenham a intenção de mostrar as realidades encontradas, não conseguem traduzir em perfeição o q ue f oi v ivenciado”, afirmou Salete.

mer CAd o d e t r ABAl ho

Parceria entre CFM, FBH e Romário visa mais vagas para pessoas com deficiências m ais u m p asso p ara f azer v aler a l ei qu e g arante be nefícios às pessoas com deficiência e de baixa renda f oi. A Cam panha Aprendiz com Deficiência, voltada à cria ção de estágios remunerados em em presas de s aúde de todo o Br asil, f oi lanç ada, na Câmar a do s D eputados, em Brasília. O pr ojeto é uma p arceria en tre o Con selho F ederal de M edicina ( CFM), a F ederação Br asileira de H ospitais ( FBH) e o depu tado f ederal R omário ( PSB-RJ). Com uma história em quadrinhos tendo como protagonista o tetracampeão de futebol Romário, uma cartilha chama os empresários da saúde de todo o país a abraçar a causa. A publicação, juntamente com cartazes, será encaminhada aos diretores e donos dos quase sete mil hospitais de todo o país, na expectativa de angariar adesão à proposta. “O paradigma da Medicina na contemporaneidade tem sua base na dignidade humana e torna-se relevante aos interesses do s mé dicos em p oder contribuir com a s condutas sociais e po líticas que expressem legítimos direitos das pessoas com deficiência”, apontou o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital. Na opiniã o de Romário, o s brasileiros têm a o brigação de empunhar a bandeira. “A cartilha mostra que as pessoas com deficiência são capazes de trabalhar”, destacou. Na Câmara do s D eputados, R omário t em s e mo strado en tusiasmado com o trabalho de inclusão do Conselho Federal de Medicina. “Apesar do preconceito que ainda existe, nós estamos conseguindo mudar a mentalidade dessas pessoas e reverter esse quadro”, concluiu. Dados a pontam a e xistência de 4 5 milhõ es de br asileiros com algum tipo de deficiência, o equivalente a 24% da população. “A lei de cotas pretende criar, em quatro anos, cerca de 150 mil vagas para portadores de necessidades especiais, o que é pouquíssimo”, considera o membro da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva.

OPINIõ ES O lançamento da cartilha ocorreu durante sessão solene em homena gem a o Di a I nternacional da s P essoas com Deficiência, celeb rado em 3 de dezembro. Diversas au-

toridades elogiaram a iniciativa da Campanha Aprendiz com Deficiência. A chance de tr abalho f oi de stacada no e vento como fundamental, mas é preciso que a pessoa com deficiência também com preenda o s eu p otencial. O co ordenador do Programa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência da empresa Serasa S/A, João Ribas, afirma que a exigência hoje no mercado é grande. “Quando se contrata uma pessoa se c ontrata para que de fato ela alcance as m etas. Por isso falar de aprendizagem é absolutamente fundamental. Por nós, que temos deficiência, temos também saber que temos um papel dentro disso. A inclusão é um caminho de mão dupla: precisamos que abram as portas para nós, mas também temos que aprender a trabalhar”, explicou.

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CREMEPE Conselho Regional de Medicina/PE f oto s : d ivul gAç ão

ev ent o

Fórum Nacional discute Medicina do Trabalho O

Conselho F ederal de M edicina (CFM), pr omoveu, no a uditório Alice Figueira, no Imip, no Recife, através da Câmara Técnica de Medicina do Trabalho, o I I Fórum Nacional da s Câmaras Técnicas de M edicina do Trabalho – Protegendo a Saúde do Trabalhador. O evento reuniu médicos, estudantes de medicina e engenheiros de s egurança. E teve a co ordenação de Carlos Vital, vice-presidente do CFM. A “Proteção Jurídica à saúde do trabalhador”, palestra ministrada pelo Desembargador do TRT/3ª Região, Sebastião Geraldo de Oliveira, abordou vários aspectos e as leis que protegem o trabalhador, além das consequências geradas pela ausência do trabalhador provocada por acidentes de trabalho. Segundo dados apresentados por Oliveira, no Brasil, cerca de 5 0 tr abalhadores af astam-se definitivamente do s eu p osto de trabalho de vido a a cidentes. D esse n úmero, 10 v ão a ó bito e o utros 40 t ornam-se incapazes de continuar realizando suas tarefas. “ Esse n úmero ainda é m uito alto. Além do peso emocional e econômico, é um tema que precisa ser melhor trabalhado”, afirmou o desembargador. Para com pletar a s p alavras do de sembargador, a a uditora fiscal J oseline Carneiro L eão p articipou da me sa r edonda sobre “PCMSO X Terceirização – um desafio”, que apontou os principais pontos do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Ela explicou que é obrigação do contratante

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informar o s ri scos e xistentes no ofício , além de a uxiliar na ela boração e im plementação do programa nos locais de trabalho onde o s s erviços e stão sendo prestados. “‘O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores, e ainda deve con siderar a s questões inciden tes s obre o indi víduo e a coleti vidade de tr abalhadores, pri vilegiando o in strumental clínico -epidemiológico na a bordagem da r elação entre sua saúde e o trabalho”’, disse. Na ocasião os representantes da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), o pr esidente, Carlos Campos, e o d iretor d o t ítulo d e es pecialista, João Anastácio Dias, explicaram que o s 2 2 mil pr ofissionais de sta ár ea que a tuam e m t odo p aís t êm a m issão de pr oporcionar o de senvolvimento técnico-científico p ara a tuarem com competência j unto à s en tidades mé dicas. “É necessário promover e melhorar a q ualidade de v ida do s tr abalhadores, mas não podemos esqu ecer-nos de precaver as doenças”, afirmou Campos. Já João Anastácio esclareceu a formação do médico do trabalho. Em seguida, Kety Styliano Patsis coordenou os debates com João Anastácio Dias, Ena A lbuquerque, mé dica p erita do INSS, que esclareceu as d úvidas dos presentes sobre a a tuação do órgão. Ela ainda e xplicou q ue o s c asos q ue che gam n o I NSS es tão “ se m i nformações suficientes, s em det alhamento do q ue

aconteceu com p aciente”. E concluiu diz endo q ue t odos os médicos – do trabalho, perito previdenciário e assistente – de vem tr abalhar j untos. Por fim, M aria R uth Barr os Virgolino, pr esidente da 2 8ª Junta r ecursal d o I NSS-PA contou al gumas e xperiências do Pará. O Fórum con tou, ainda, com me sa “ Avaliando o s ri scos dos trabalhadores”. Foram abordados fatores er gonômicos, bioló gicos, q uímicos e fí sicos e nanotecnologia. O diretor de Ética e Defesa Profissional da Ass ociação N acional de M edicina do T rabalho (ANAMT), V início Ca valcante M oreira, falou s obre o s ri scos er gonômicos. S egundo ele, está em fase de conclusão um novo check-list de membros superiores que só se rá p ublicado e m 2013. O c oordenador da Câmar a Técnica do CFM , Mauro Asato, abordou os fatores biológicos de risco e a pontou que os p rofissionais da área de saúde são os mais propícios. Entre os itens de prevenção citados pelo es pecialista, es tão as bo as p ráticas de segurança, e ducação c ontinuada e uso de materiais adequados e c om descarte correto. O mé dico do tr abalho da em presa Alcoa, Flávio Lins, falou sobre os riscos químicos e físicos para a saúde do trabalhador. “É preciso se antecipar ao risco, prever q ue ele a contece. P or e xemplo, na expansão de uma fábrica, é mais fácil adaptar o projeto para reduzir os riscos e minimizar os impactos”, explicou. Jandira Dantas, membro da Câmara Técnica do CFM, que falou sobre o impacto da nanotecnologia na indústria. Segundo a médica, a técnica é nova e ainda não se pode prever os riscos para o trabalhador. Para a representante da Câmara Técnica de M edicina do Trabalho do CFM , Jandira Dantas, o Fórum teve a im portante missão de capacitar e atualizar os profissionais de me dicina do tr abalho. “O mé dico do tr abalho t em q ue s aber suas o brigações, como , p or e xemplo, elaborar um pr ograma de con trole de riscos. Precisamos lembrar que a medicina do trabalho não cura, ela é preventiva. Temos qu e l utar p ara qu e os t rabalhadores nã o s ejam a cometidos p or doenças ocupacionais”, informou.


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Medalha e Prêmio entregues em solenidade

A presidente do Cremepe (C) e diretores de entidades médicas com os agraciados

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solenidade de entrega da comenda Fernando Figueira e do prêmio Antônio Carlos Es cobar foi r ealizada na sede da Associação Médica de Pernambuco (A MPE), n a Bo a V ista. Os agraciados da comenda foram Geraldo de Sá Carneiro Filho, Maria da Conceição Brandão de Arruda Falcão Carvalho e Dirceu de Lavor Sales, e do prêmio, Padre Airton Freire, da Fundação Terra. A festividade solene começou com a composição da mesa. Nela, estavam a presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão, a presidente da Associação Médica de Pernambuco, Sílvia da Costa Carvalho Rodrigues, o representante do Simepe, Sílvio Rodrigues, a diretora de comunicação da Associação M édica Brasileira, Jane Lemos representando Florentino Cardoso Filho. Além do presidente da sociedade brasileira de medicina, Geraldo Pereira e Teresa Lins Guimarães a presidente do Instituto Antônio Carlos Escobar (IACE). A solenidade foi aberta pela presidente do Cremepe que explicou como os agraciados são escolhidos. “Foi realizada uma votação e nela, levamos em consideração os princípios éticos, de mérito e solidários de cada méd ico. Nesta 9ª ed ição, os esc olhidos são muito es peciais e e ntram p ara a h is-

tória do Conselho”, disse Helena Carneiro Leão. Após a a bertura, um funcionário do Cremepe f oi con vidado a c antar o hino de P ernambuco. Na s equência, cada a graciado foi s audado por um membro d a mesa. “A s ua d edicação com a medicina fez ele ser reconhecido não só no estado, mas em todo país. Uma vez que trata o homem não como um ser biológico, mas um ser biográfico”, afirmou H elena Carneir o Leão para Dirceu de Lavor. Já quem saudou Geraldo de Sá Carneiro Filho foi o conselheiro e professor Antônio Lopes. “Venho falar de um homem q ue cr esceu na neur ocirurgia, é um me stre na área, mas con tinua simples e humilde. ‘Geraldinho’, como é conhecido pelos amigos, ensina com seu exemplo”, disse. E, por fim, Jane Lemos saudou Maria da Conceiç ão Brandão de Arruda Falcão Carvalho. “É um desafio falar de uma cole ga, mas M aria da Conceiç ão já é grandiosa pelo nome e também pelas a titudes. Como chefe no Hospital Get úlio Vargas, é m uito elogiada e se d estaca po r c uidar d as pes soas, não só d o p aciente, m as t ambém d a família dele ”, ponderou. Em s eguida, foram en tregues a s honr arias. Dirceu de Lavor agradeu: “Fiquei m uito sa-

tisfeito po r receber es ta m edalha. P or isso, comecei a me perguntar o quanto eu m erecia. P ensei n os m eus e rros e acertos, refletir sobre o prêmio e posso dizer que hoje sou um pouco melhor.” Geraldo de S á ficou m uito emocionado, disse que é um privilégio ser médico e citou o papa Bento XVI. “Sou muito grato por ter sido escolhido. Eu tenho procurado manter e ssa p aixão pela medicina sempre firme, e quando recebemos uma honr aria como e sta, percebo que estou no caminho certo”, finalizou. E por último, M aria da Conceiç ão Brandão de Arruda Falcão Carvalho explicou que quando alguém recebe uma honaria como e sta, s ente mai s f orça e garra para continuar a profissão. Depois da en trega da me dalha, o Padre Airt on foi homena geado pelo trabalho que de senvolve na Fundação Terra, em Arcoverde. O irmã o do padre e r epresentante dele na oca sião, Wellington S antana, que t ambém é superintendente da Fundação, recebeu o prêmio Antônio Carlos Escobar e disse que era muito gratificante para a Fundação Terra ser reconhecidos pelos médicos, “já que a ciência médica está em defesa da vida, forma anjos para a terra”.

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CREMEPE Conselho Regional de Medicina/PE f oto s : d ivul gAç ão

Assessoria de Comunicação do Cremepe

o Cremepe e sua diretoria. Estamos abrindo as portas do Conselho para eles e nos dispondo a responder e tirar suas dúvidas”, disse Jane Lemos. Entre os tópicos abordados na palestra, estão a relação médico-paciente, a importância do preenchimento do prontuário dos pacientes, os princípios fundamentas no exercício da medicina, a relação do médico com os demais profissionais de saúde, o relacionamento com a indústria farmacêutica e o papel dos Conselhos.

Cremepe apresenta cadastro de crianças desaparecidas na América Latina

Cremepe constata irregularidades no HCP O Cremepe e o Simepe irão emitir um relatório sobre a situação do Hospital de Câncer de Pernambuco. O documento será elaborado a partir de uma fiscalização realizada na unidade de saúde em janeiro. As entidades visitaram a emergência, a unidade de endoscopia, os ambulatórios de cabeça e pescoço e ortopedia e as duas enfermarias inauguradas em dezembro de 2012, mas que estão sem receber pacientes. Foram constatados falta de estrutura física, uso de aparelhos para realização de exames muito antigos e defasados, falta de materiais para realização de exames, superlotação de ambulatórios e a falta de funcionários para trabalhar nas enfermarias novas. Na reunião com o interventor Francisco Saboya, foram pontuadas todas as dificuldades enfrentadas pelo HCP, como a falta de recursos e a necessidade de uma reforma, prometida para começar o mais breve possível.

Suspensa interdição ética do SAMU-Petrolina

Cremepe reúne futuros médicos para discutir profissão

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco determinou, através da Resolução n. 13/2012, a suspensão da interdição ética do SAMUPetrolina. A medida foi tomada após o envio do ofício GAB-SMSnº 1498/2012, do município, onde apresenta escala de médicos para prestação dos serviços do SAMUPetrolina para os meses de dezembro de 2012 e janeiro de 2013. O serviço havia sofrido interdição ética porque o número de médicos reguladores e plantonistas era insuficiente para o atendimento à população da cidade.

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco recebeu, em dezembro, formandos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O grupo participou de uma palestra ministrada pela conselheira Jane Lemos, diretora da Escola de Ética Médica, onde foram apresentados pontos como as atribuições do Cremepe, aspectos do Código de Ética Médica e a prática da profissão. A cada ano, o Conselho recebe os formandos para esse encontro, que passou a ser de responsabilidade da Escola. “Esse é o primeiro contato que os estudantes têm, já como médicos formados, com

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A presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão, apresentou, em novembro, em Bogotá, na Colômbia, durante reunião da Confederação Médica Latinoamericana e do Caribe (Confemel), os itens necessários para a implantação do Cadastro Latino-americano de Crianças Desaparecidas. O objetivo é reunir dados sobre crianças desaparecidas nesses países e desenvolver ações e campanhas que resultem no resgate desses menores. A proposta é que o cadastro seja alimentado através de um site, onde os países participantes inserem informações sobre crianças desaparecidas. O espaço deverá abrigar um software de envelhecimento digital, para facilitar a identificação das crianças. Também é sugerida a criação de um banco de DNA, com informações genéticas dos parentes dos desaparecidos, além da realização de convênios com a Interpol e polícias federal de cada país, indicação de sugestões para evitar o desaparecimento de crianças e a realização de campanhas das entidades médicas sobre o tema. “Nosso objetivo é chamar a atenção da população desses países para o problema. A classe médica pode ajudar bastante, através de ações de cidadania e de atuação humanitária. Além disso, o Cadastro mostra um engajamento da sociedade civil diante da falta de atuação dos governos”, explica o afirma


o tesoureiro do Cremepe e um dos idealizadores da campanha, Ricardo Paiva.

Empossados membros de Comissões de Ética Médica A presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão, e a coordenadora das Comissões de Ética Médica do Conselho, Sirleide de Oliveira Costa Lira, empossaram, em novembro, membros de oito Comissões de Ética Médica (CEM) de instituições de saúde de Pernambuco (UPA Imbiribeira, Hospital Esperança, Unimed I, Unimed III, Unimed Caruaru, Hospital Ermírio Coutinho, Hospital de Câncer e Policlínica Jaboatão Prazeres). A instalação das CEMs nas unidades de saúde atende a uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), datada de 1985. “As Comissões são o ‘braço longo’ do Cremepe dentro das instituições de saúde, pois os grupos são responsáveis pela instalação de sindicâncias e preparam os relatórios com a apuração dos dados antes de enviar o documento para o Conselho”, explica Sirleide Lira, que apresentou as etapas sobre a instalação de uma sindicância e tirou as principais dúvidas dos membros presentes.

Entidades médicas cobram ações contra a seca As entidades médicas divulgaram nota, alertando os governantes e a sociedade sobre a gravidade da situação pela qual passa o povo nordestino diante do quadro da seca que assola essa região. “A tão discutida transposição do Rio São Francisco nada transpôs e bilhões de reais foram desperdiçados. O custo da obra federal mais que duplicou e sendo prometida para 2012, fala-se agora em 2015. O anuncio da liberação de verba superior a um bilhão pelo Governo Federal não se traduz em oferta de água para a região. O Governo Federal e o Governo do Estado de Pernambuco precisam agir imediatamente para garantir o acesso de água potável. Tratase de uma questão humanitária e uma obrigação imediata do Governador para com nosso povo. Não podemos ficar assistindo a esse absurdo que afeta a saúde pública, a economia da região e ratifica o discurso da indústria da seca. A água não pode ser negada para

Cremepe e Simepe se reúnem com representante da SDS A presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão, e a secretária geral do Simepe, Cláudia Beatriz, reuniram-se, em novembro, com o secretário executivo de Defesa Social, Alessandro Carvalho. O objetivo da reunião foi mostrar que os profissionais da saúde precisam de mais segurança nos locais de trabalho. A presidente do Conselho citou algumas intercorrências médicas que aconteceram nos últimos dois meses. “Temos registrados muitos casos na Região Metropolitana, principalmente nas Unidades de Saúde. Já em Santa Cruz do Capibaribe, um médico do Samu foi agredido”. Cláudia Beatriz citou outros casos, como o de uma médica do Programa de Saúde da Família que foi ameaçada e transferiu o local de trabalho. O representante da SDS reconheceu a importância da presença de policiais nas unidades de saúde, como já ocorre no Hospital da Restauração. “Acreditamos que o SAMU, as unidades de saúde e hospitais, precisam ser resguardados”, afirmou a presidente do Cremepe. Alessandro Carvalho explicou que para resolver este problema é importante unir as entidades médicas, a secretaria de Defesa social com os secretários do estado e do município.

saciar a sede da população. Assistimos a boa vontade de inúmeras ações da sociedade civil e igrejas, que ajudam a minorar o sofrimento, embora não possa ser garantido continuamente o acesso a todos e por todo tempo. A responsabilidade é dos governantes e conclamamos para que enfrentem esse problema de imediato. Garantam água já e para todos”.

Cobrança do Cremepe resulta em medidas para o HUOC As medidas emergenciais tomadas pelo Governo para sanar os problemas encontrados no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) são o resultado de um processo de acompanhamento e cobrança por parte do Cremepe. Antes mesmo de receber o apoio de demais entidades, o Cremepe já vinha notificando o hospital através de visitas fiscalizatórias que apontavam as inadequações no número de funcionários e as más condições estruturais da unidade. Algumas dessas exigências foram atendidas, como a melhor adequação dos blocos

cirúrgicos, desmembramento da sala de recuperação e UTI, retirada de comércio do espaço físico da unidade, e o impedimento do recebimento de novos pacientes no setor de Cabeça e Pescoço em função da falta de estrutura.

Conselho discute Saúde Suplementar com entidades O Cremepe recebeu representantes da Defensoria Pública, Ministério Público do Estado, Ampe, Simepe, Procon e Operadoras de Saúde, em reunião, na sede do Conselho. A discussão girou em torno da Saúde Suplementar no estado de Pernambuco. Diretrizes foram traçadas a fim de buscar justificativas e soluções para as questões que versam sobre honorários diferenciados entre contratos antigos e novos, alteração na qualidade do serviço prestado e portabilidade entre os planos de saúde. Para a presidente do Conselho, Helena Carneiro Leão, esta é uma discussão que precisa ser levada adiante em função do alto índice de denúncias referente à Saúde Suplementar.

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SImEPE Sindicato dos médicos de Pernambuco

“Buscamos a mudança na realidade da crise instalada no serviço público” Por Chico Carlos

O

presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo, faz uma avaliação positiva do ano de 2012, com a consolidação do PCCV, anúncio do Concurso P úblico para o Estado, entre outras conquistas alcançadas em pr ol da c ategoria. Em 2013, a m eta é i ntensificar a d iscussão da saúde do município, principalmente, no interior, com a r ealização de Concurso Público para médicos da saúde da família, com objetivo de extinguir os contratos e vínculos temporários. Uma entidade médica cada vez mais f ortalecida e com bativa, nã o só na representação trabalhista e sindical, mas também demarcando posição em níveis sociais e nas questões políticas.

Como o senhor a valia o ano de 2012 para o movimento sindical médico? O ano de 2012 f oi o ano e m que nós tivemos a cons olidação do Plano de Cargos e Carr eiras e V encimentos do estado (P CCV), o nde h ouve a p rimeira pr ogressão desse plano. Neste ano também f oi b astante di scutido a questão da rede de atenção a saúde da família, que culminou com o desenvolvimento da a valiação do desempenho da progressão den tro do Plano de Car gos e Carr eiras da Pr efeitura e , também, da remuneração da produtividade. Ainda em 2 012, nós tivemos o último ano de acordo salarial com um reajuste de 1 5% de clarado muito acima da inflação e e stamos no meio do nos-

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so acordo salarial com o Estado. Já do ponto de vista da rede complementar, foi um ano que tivemos boas negociações com vários planos de saúde, tivemos movimentos representativos com maciça adesão da categoria, tanto nas paralisações como também dos mo vimentos reivindicatórios presenciais. Um ano que discutimos a reinvindicação dos médicos por concurso público para o estado, principalmente, naquelas áreas em que nós não tínhamos bancos de reserva. As r eivindicações devem acontecer agora já no início do ano de 2013.

2013, gestões municipais se suc edem, no entant o, os v elhos pr oblemas na área da saúde c ontinuam. O que f azer para mudar essa situaç ão, principal mente, para a classe médica? Nós est amos começando o ano com novos p refeitos e as r ealidades d os municípios são bastante complicadas. Por is so, n este a no d eve-se i ntensificar a discussão da saúde do município, principalmente os do interior. Já que em al gumas localida des nã o há concurso público para médicos da saúde da família e acaba tendo aqueles contratos precários ou verbais, assim, quando chega no final do mandato os funcionários s ão demitidos. A população acaba ficando sem assi stência, então, es se vai se r u m d os p rincipais focos e m d iscussão n este a no n ão só na capital, mas também nas principais cidades do interior. Sempre na defesa do concurso público, da carreira e da boa remuneração.

Temos visto ao lon go dos anos acha tamento e defasagem salarial de mui tas categorias do serviço público. Para piorar, na saúde as condições de trabalho também são um a gravante quase que cotidiano. O quê f azer para mudar essa situaç ão, principalment e, par a a classe médica? Essa é uma discussão que vem do âmbito nacional, da criação de uma carreira de Estado. É pr eciso garantir o financiamento dos recursos h umanos com a participação do governo federal, do estado e do município porque sem esse financiamento você não consegue fazer com que a cidade arque com todo o c usto d os r ecursos h umano. É por isso que existe a necessidade de

implementação de um pr ograma de governo de recursos humanos, do governo federal. Inclusive há uma di scussão de cria ção dessas c arreiras, mas ainda esta muito incipiente, ainda é m uito recente e fica restrito para levar médicos p ara áreas q ue tenham difícil a cesso, além de nã o abordar todos os as pectos po rque n ão é só n a Amazônia, nem só no interior do estado, você tem que levar o médico para toda a população.

As ameaças aos dir eitos trabalhistas precisam r ealmente ser c ombatidas, com a mo vimentação e manif estação dos tr abalhadores. Enquant o não tiv ermos mais in vestimentos e valorização dos médic os, através de concurso públic o, polític a de fixação e carreira de Estado, vamos continuar convivendo com os mo vimentos reivindicatórios dos médic os t odos os anos? Sim, sem uma p olítica t anto do ponto de vista de uma carreira de estado para o serviço público e sem uma real intervenção do estado no setor privado em busca da regularização dos vínculos fica muito difícil conviver com essa precariedade existente. Não é só o setor público que e stá s ofrendo, o setor privado também s ofre com plan tões que são terceirizados para pessoas jurídicas, cooperativas sem ter seguridade social que é garantida aos trabalhadores pela consolidação das redes trabalhistas.

Como r esistir e, ao mesmo t empo, fortalecer o mo vimento médic o, diante da atual crise na r ede pública de saúde? Bem, o médico tem con sciência do seu papel preponderante dentro desta realidade de di scussão do serviço de assistência a saúde. No momento que ele tomou essa consciência ele não vai mais ficar calado diante dessa realidade de crise do estado, então, o médico tomando as ‘r édeas’, p assa a t er d iscussão salarial e bu sca a meritocracia dentro do serviço público, da valorização por atendimento de boa qualidade no desempenho de uma boa prestação de s erviço. Os mé dicos f azem e ssa presença, f azem es sa f orça e a g ente espera q ue com e ssa con scientização do profissional possa refletir na sociedade. Nós buscamos a mudança na realidade de crise que hoje está instalada no serviço público.

O Simepe em 2012 ampliou o núme ro de associados, f ez novas parcerias, através do Probem, avançou em várias lutas r epresentativas por t odo o Es tado. Como o senhor v ê a atuaç ão do Sindicato nos últimos meses? O Sindic ato do s M édicos v em c ada vez mai s f ortalecido, com bativo, com propostas c oerentes, n ão só n a representação trabalhista e sindical que é o objetivo principal do sindicato dos médicos, mas também fazendo representação nos níveis social com os encontros festivos e nas questões políticas.

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SImEPE Sindicato dos Médicos de Pernambuco

Crise no Hospital pediátrico Helena Moura Chico Carlos

m

édicos do Hospital Pediátrico Helena M oura denu nciaram o déficit de profissionais nas escalas de plantão da unidade de saúde, durante reunião no Simepe. Atualmente, p ara o H ospital H elena M oura, r econhecido como r eferência na área da pediatria no município, a tuar em s ua ca pacidade normal, são necessários, no mínimo, mais nove médicos. De acordo com os profissionais, o serviço funciona com desfalque de funcionário s, s obrecarregando a e quipe mé dica e com prometendo o fluxo de a tendimento aos pacientes. N a opiniã o do v ice-presidente do Cremepe e, também médico do h ospital e m qu estão, Jo sé C arlos Alencar, o prefeito do Recife, João da Costa, t erminou s ua ges tão de f orma lastimável na área da saúde. O dir etor do Simep e, T adeu Ca lheiros, r eforçou a im portância do

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Hospital para a população e considerou lament ável a si tuação de de scaso t anto com o s pr ofissionais q uanto com o s u suários do s erviço. “ Não há justificativa para o déficit de médicos. Existe um concurso da Prefeitura ainda em vigor. Se h ouver boa vontade, a de cisão mai s corr eta a s er t omada para solucionar o problema é nomear

os mé dicos aprovados”, argumentou. Durante a reunião ficou definido en caminhar um oficio à Pr efeitura s olicitando uma reunião e publicar no s jornais, uma Cart a A berta à p opulação, dela tando o s pr oblemas c ausados pelo déficit de pr ofissionais, que termina por interferir no bom funcionamento do serviço.

Entidades lançam campanha em defesa das universidades públicas

E

dezembro d e 2012, as e ntidades m édicas d e Pernambuco fizeram um im portante alert a à população, com o lanç amento de c ampanha em defesa da s uni versidades públic as.Várias p eças publicitárias (outdoor, topbackbus, vídeo para TV, spot p ara rádio, an úncio em j ornais) e stão s endo divulgadas na Mídia e nas redes sociais. As entidades médicas defendem que o futuro da saúde dos pernambucanos dep ende e xclusivamente da b oa formação do s pr ofissionais de s aúde, como t ambém da valorização do serviço público.


Aprovado por unanimidade projeto de regulamentação da Medicina

A

Comissão de A ssuntos S ociais (CAS) a provou o s ubstitutivo da senadora L úcia V ânia ( PSDB-GO) a o projeto que regulamenta o exercício da Medicina (PLS 268/2002). O P rojeto de Lei que estabelece quais são as atividades privativas dos médicos também obteve, na semana passada, parecer favorável da Comissão de Educação, Cultura e E sporte (C E). Nas d uas C omissões, a aprovação ocorreu por unanimidade. O texto segue agora para o exame do Plenário do Senado o que deverá acontecer em 2013. O presidente do Sindic ato do s M édicos de P ernambuco ( Simepe), M ário Jorge L obo, cla ssificou a a provação do projeto como mais uma etapa vitoriosa da sociedade e do movimento médico, através de uma luta que já dura 10 anos. Ele destacou ainda a participação de vários m édicos d o E stado n as d iscussões em Brasília. Ao me smo t empo, ressaltou s obre a c aravana do Simep e p ara 2013 qu e, se rá c onvocada e m A ssembleia Geral, para participar “in loco” da votação em definitivo do pr ojeto q ue

regulamenta o e xercício da M edicina. Aguardem inf ormações e det alhes em nosso site www.simepe.org.br “Representa uma v itória da s ociedade brasileira, no sentido de que mais uma v ez es se p rojeto p recisa a vançar, garantindo um a tendimento à a ssistência à s aúde, com dia gnóstico e tratamento terapêutico das doenças feitas por mé dicos, pr ofissionais com petentes, a tividades pri vativas do s mé dicos avaliou o v ice-presidente do Con selho Federal de M edicina ( CFM) e , Car los Vital, qu e es teve p resente à v otação. É importante frisar que a regulamentação da me dicina foi aprovada garantindo o direito das profissões da área da saúde, não im pondo r estrições à s a tividades dos demais profissionais. Na a valiação da r elatora L úcia Vânia, o texto responde à demanda legítima da categoria médica de ter o campo de s ua a tuação definido le galmente e , ao mesmo tempo, não se c hoca com a área de a tuação da s demais c ategorias profissionais de s aúde j á r egulamentadas. Ou tros p arlamentares manif es-

taram apoio à matéria: o s enador Cyro Miranda ( PSDB-GO) r ecordou q ue o tema vem sendo debatido há mais de 10 anos no Congresso Nacional. Da mesma forma, o senador Paulo Davim (PV-RN) considerou falsa a ideia de que existiria uma “ guerra s anta” en tre o s di versos profissionais de saúde. Das 14 p rofissões d e saúde n o País, a medicina é a única que ainda não tem o s eu c ampo de a tuação delimi tado e regulamentado em do cumento le gal. Apesar de ser profissão muito antiga, as leis que tratam de seu exercício não cuidam de determinar qual a área de atuação do médico nem quais as atividades que devem ser exercidas exclusivamente po r m édicos. O t exto a provado l ista procedimentos que só poderão ser realizados por médicos, como a aplicação de anestesia geral, cirurgias, internações e altas. Também ficam restritos aos médicos diagnósticos de doenças e d ecisões sobre o tratamento do paciente. f onte: Cfm com informações adicionais do s imepe

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AmPE Associação médica de Pernambuco

Valores de honorários médicos em vigor na saúde suplementar Confira nas tabelas ao lado | Tallita marques*

A

pós mo vimentos na cional e estadual d e paralisação em protesto à baixa r emuneração m édica p aga pe la s aúde suplementar, várias op eradoras de saúde reajustaram os valores de honorários e procedimentos médicos. No estado de Pernambuco, as ne gociações r ealizadas pe la CO MISSÃO ESTADUAL DE HONOR ÁRIOS MÉDICOS, c omposta po r r epresentantes de várias en tidades méd icas, foram acordadas com as op eradoras: Golden Cross, América, Real, Gremes, Amil Nova Grade, Amil/Medial/Excelsior, Bradesco, Geap e Viva Planos. Os médicos deverão efetuar as cobranças com os valores atualizados e, em caso d e dúvidas o u de n ão pagamento, manter contato com a referida Comissão, que se reúne semanalmente às quintas-feiras, às 11h30, na sede do Sindicato dos Médicos de Pernambuco. Confira ao lado os valores dos ho norários médicos vigentes:

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o Per Ad or A

vi gÊn CiA

Co nsul tA sAdt /Pro Ced iment os

Alli An Z AmÉri CA (global e global Apto. global enfermaria) Amil nACion Al Amil Pern AmBuCo mediAl /eXCel sior / gru Po (Básico/s uperior) Br Ade sCo ge AP go ld en Cr oss (r egional/Básico e essencial/especial/ s uperior) gremes hAPvidA Pleno, Class e mix medser viCe re Al glo BAl APt e go ld en de mAis sul AmÉri CA tem Po /gAmA tem Po /uni BAnCo vivA (s uperior/Básico)

d esde 1/7/2012 Até 28/2/2013

r $ 60,00 r $ 46,20

CBhPm 4ª ed s /red CBhPm 4ª ed red 20%

Até 30/4/2013 Até 30/4/2013

r $ 55,00 r $ 55,00

AmB 90 Ch = 0,30 AmB 90 Ch = 0,30

d esde 1/9/2012 r $ 60,00 d esde 1/11/2012 r $ 60,00 d esde 1/5/2012 r $ 47,00 r $ 50,00 r $ 58,00 r $ 70,00 Até 31/10/2013 r $ 64,50 ...................................... r $ 40,00

CBhPm 5ª ed de f . 20% CBhPm 4ª ed tAB. go ld en Ch = 0,37

d esde 1/4/2012 Até 28/2/2013

r $ 56,00 r $ 46,20

CBhPm 5ª ed red . 23% CBhPm 4ª ed red . 20%

31/8/2013 d esde 1/3/2012 d esde 1/3/2012 Até 28/2/2013

r $ 55,12 r $ 60,00 r $ 60,00 r $ 46,20

CBhPm 3ª ed s /red CBhPm 4ª ed s /red CBhPm 4ª ed s /red CBhPm 4ª ed red 20%

o Per Ad or A

A PAr tir de

Co nsul tA honor Ár ios

AmÉri CA (global e global Apto. global enfermaria) Amil nACion Al

1/3/2013

r $ 50,00

CBhPm 4ª ed red 20%

1/5/2013

r $ 60,00

Amil Pern AmBuCo mediAl /eXCel sior / gru Po (Básico/s uperior) re Al glo BAl APt e go ld en de mAis sul AmÉri CA vivA (s uperior/Básico)

1/5/2013

r $ 60,00

AmB 90 Ch = 0,33 1/1/2013 AmB 90 Ch = 0,27

1/3/2013

r $ 50,00

CBhPm 4ª ed red 20%

31/8/2013

r $ 55,12 r $ 50,00

CBhPm 3ª ed s /red CBhPm 4ª ed red . 20%

1/3/2013

CBhPm 4ª ed red 20% .....................................................


AMB

f oto s : d iv u l gAç ão

mário V. guimarães*

N

os meu s 59 anos de formado tenho acompanhado a trajetória da noss a AM B e a pesar do desempenho vitorioso e tranquilo nos s eus 6 1 anos de atividades, acho que ela ainda não atingiu seu objetivo como representante único de um setor altamente qualificado da sociedade e da comunidade brasileiras. Não por omissão dos s eus g estores, diga-se de passagem, mas por culpa dos seus próprios componentes q ue ne gligenciam e secundarizam os s eus objetivos, enfraquecendo a entidade. Explico: ao receber o seu diploma o médico vê-se logo assediado po r t rês ó rgãos b astante d istintos e c om finalidades be m definidas. Primeiro o registro no CFM, através dos s eus r epresentantes r egionais, de filiação obrigatória e responsável pelo comportamento ético e profissional do médico, pois é legalmente o regulador e di sciplinador do exercício da profissão. Os outros dois, opcionais mas de interesse próprio, contudo não menos importantes, que são o sindicato, que zelaria por seus futuros vínculos em pregatícios, e por fim a uma associação ligada a esp ecialidade escolhida como cultora do exercício profissional. Aí é que está o nó da questão, pois essas associações deveriam ser obrigatóriamente vinculadas à AMB, devidamente cadastradas pela responsabilidade que assumem, e filiadas às A ssociações M édicas regionais, que representam a AMB e claro, sem lhes dever subordinação Infelizmente não é isso o que vemos. Creio não estar exagerando ao calcular q ue cer ca de 70% da classe médica nacional i gnora a AMB e congêneres, só dando atenção por interesses imediatos aos CRMs e s in-

dicatos. Quero crer também q ue a proliferação indiscriminada d as as sociações d e es pecialidades, m uitas d elas d e vida ef êmera p elos s eus cu stos, afastam o profissional do que deveria ser o seu principal ponto de apoio da carreira, dado que com um número consideravel de associados a AMB teria mais força para as suas reinvindicações, pois apesar de ser uma entidade que fundamentalmente visa a ciência médica, teria uma maior participação política (no sentido positivo d o t ermo) d ando m ais peso às s uas a rgumentações. Temos A ssociações M édicas r egionais, pe lo qu e so ube d e alguns presidentes, que dispõem de dezenas de sociedades especializadas mas que, convidadas suas direções a fazerem parte da Regional sempre se recusam, talvez por vaidade ou sentirem-se em segundo plano pelo seu grupo de colegas de trabalho. É fundament al p ortanto, q ue a AM B planej e um tr abalho ju nto a t odas as e ntidades representativas d a c lasse médica, r espeitando-se e videntemente CFM e sindica tos p or razões óbvias, no sentido de que reconheçam a s ua im portância, a ela filiando-se e f azendo-lhes ver qu e e la as r epresenta r ealmente p erante o P oder Ex ecutivo, o Con gresso, o J udiciário e princi palmente a S ociedade. Um profissional como o médico, que p assa c erca d e 10 a 12 a nos se pr eparando p ara um corr eto de sempenho de s uas funçõ es e ju lgar-se a pto p ara e xercê-la , tem que ter o respaldo de um órgão poderoso e respeitável, como dizem s uceder no s p aíses tido s como civilizados.

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AmPE Associação médica de Pernambuco f oto s : ACt io Co n sul t o ri A

Biblioteca da AMPE resgata história da Medicina A

Biblioteca Memória Médica da Associação M édica de P ernambuco foi idealizada há cinco anos dentro do plano de revitalização da in stituição. Até o momento, existem cerca de 1200 títulos envolvendo a história da medicina, livros t écnicos clá ssicos, p eriódicos de maior destaque e a produção científica e literária de médicos de Pernambuco. O p úblico-alvo s ão os sócios da A ssociação M édica de P ernambuco, inclusive e studantes de me dicina na qualidade de sócio-acadêmico e pesquisadores autorizados. O atual coordenador do e spaço, o c ardiologista Bento Bezerra, foi um dos idealizadores da bibliot eca. N ós conversamos com ele sobre esse projeto. Acompanhe na entrevista a seguir.

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biblioteca da Ampe tem cerca de 1200 títulos

Bento Be zerra é e x-diretor d a A mpe, está no segundo mandato de delegado titular e coordena a Biblioteca Memória Médica da Ampe há cinco anos. Ele é cardiologista e mestre em Ciências da Saúde (UPE).

O que lhe incentivou a ser coordenador da biblioteca da AmPE? A op ortunidade de con tribuir p ara a consolidação de um e spaço coleti vo destinado à preservação da história da medicina e d a pr odução ci entífica e literária dos médicos pernambucanos. Acreditamos que esse empreendimento esteja plenamente sintonizado com as necessidades do nosso tempo, caracterizado como a Era da Informação e encontra respaldo numa instituição centenária da estirpe da nossa Associação

Médica, antiga Sociedade de Medicina de Pernambuco.

d esde quando f oi inaugurada, qual a principal demanda da biblioteca? Embora o nosso acervo contemple outras á reas t emáticas, a pesqu isa h istórica é, se m d úvida a lguma, o n osso carro-chefe. O motivo é q ue o lei tor poderá encontrar obras de renomados historiadores e mé dicos-escritores, como Otávio de Freitas, Leduar de Assis Rocha, J osé Geraldo Távora, R ostand Paraíso, Reinaldo Oliveira, Oton Bastos, Cláudio Renato Pina Moreira e outros. Temos inclusive a satisfação de contar com p arte do a cervo da s bibliot ecas dos nossos mestres Orlando Patrahyn e Galdino Loreto.


“Temos nos esforçado para incorporar obras mais recentes porque, para não perdermos o foco da biblioteca, o que é fato hoje será história amanhã”

bento bezerra coordena a biblioteca da Ampe há cinco anos

já dispomos de espaço físico e um bom acervo do cumental e f otográfico. Não esqueçamos qu e a n ossa i nstituição foi fundada em 1841 e foi a célula-mãe de outras instituições médicas de Pernambuco.

Como o acervo da biblioteca se mantém atualizado?

Como o senhor se sent e c om essa atribuição? Muito gratificado pelo apoio que tenho recebido da AM PE, concretizado p ela destinação de duas salas no térreo da instituição, mobiliário, computadores e pessoal, além da resposta de parte da sociedade civil que conseguiu captar o espírito desse empreendimento. Entretanto, precisamos am pliar e sse a poio de colaboradores e usuários, através de doações de livros novos e a ntigos (em boas condições), com enfoque na história dos médicos e instituições médicas de Pernambuco. Dentre em breve, estaremos iniciando a segunda parte do nosso projeto, que é a i mplantação do nosso Arquivo Histórico que junto com a nossa biblioteca constituirão o Centro de Documentação da Ampe. Para isso,

Temos no s e sforçado p ara incorp orar obras m ais recentes po rque, para n ão perdermos o foco da biblioteca, o que é fato hoje será história amanhã. Para isso dependemos de do ações de t erceiros, cujo material é s elecionado e de scartado, c aso nã o a tenda à ne cessidade da biblioteca, isto consta no termo de doação. Mas o principal investimento é da própria AMPE, através da aquisição de exemplares, como na modernização dos nossos equipamentos, principalmente na área da inf ormática. Es tamos interligadas com outras bibliotecas através do meio eletrônico, di spomos de monitoramento para pesquisa e estamos trabalhando p ara prestação de serviço de comutação bibliográfica.

Quais os principais desafios para manter a biblioteca interessante para médicos e estudantes? O maior de safio é mo strar a os mé dicos e e studantes de me dicina q ue a Associação M édica é o es paço m ais autêntico para o exercício da atividade

científica. Para i sto, a in stituição t em mantido os congressos médicos estaduais bian uais, op ortunidade ím par de permuta de conhecimentos entre as diversas especialidades médicas, eventos científicos e culturais periódicos e o Prêmio “Diva Montenegro”, concedido aos estudantes concluintes dos cursos de me dicina q ue mai s s e de stacaram na pesquisa científica.

Como o senhor a valia a importância dessa biblioteca para a instituição? Primeiro, é um resgate histórico porque a nossa antiga Soc iedade de Medicina de P ernambuco tinha uma bibliot eca que desapareceu nas brumas do tempo. É também uma retomada de posição, porque o aprimoramento científico faz parte da mi ssão da nossa entidade no contexto com a s demai s. F inalmente, é um espaço de acolhimento dos nossos c olegas e f uturos c olegas n o m ais verdadeiro sentido hipocrático da expressão. Venham e serão acolhidos! A casa é nossa!

SERVIÇO A bibliot eca funciona no t érreo da Ampe, à R ua O swaldo C ruz, 392, n a Boa Vista, no Recife (PE), de segunda à s exta, d as 1 3h30 às 17h30, onde o usuário é recebido e moni torado pelo responsável t écnico, o b ibliotecário Nelson da Silva Júnior. Até o momento, o acervo está disponível apenas para consulta, mas vale a pena pela importância e raridade dos títulos catalogados. O telefone para contato é (81) 3423 6186 e o endereço eletrônico é biblioteca.ampe@gmail.com e b blioampe@ gmail.com.

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f ECEm

À classe médica

A

Federação das Cooperativas de Es pecialidades M édicas de P ernambuco ( FECEM) vem bu scando a c ada dia promover a in tegração e o f omento do Co operativismo Médico no e stado de Pernambuco, com ações e projetos em def esa de melhores condiçõ es de trabalho e honorários dignos à classe médica. A Diretoria Executiva em parceria com a Comi ssão de H onorários M édicos da FECEM composta por representantes da s Co operativas filia das, participa a tivamente da s r euniões e Assembleias realizadas pela Comissão Estadual de Honorários Médicos de PE. O objetivo é proporcionar e equalizar os h onorários p agos a os n ossos c ooperados. Recentemente, após negociações, foi delib erada a nova tabela do GREMES UNIDAS e para os produtos AMIL (nova g rade) - C onsulta d e R$ 60,00 (sessenta reais) a partir de 01/10/2012, honorários médicos: reajuste de 10% a partir de 01/01/2013. Para os produtos legado (A MIL/MEDIAL/EXCELSIOR) - C onsulta d e R$ 55,00 (c inquenta e c inco reais) a p artir d e 01/12/2012 e R$ 60,00 a p artir d e 01/05/2013, honorários mé dicos: reajuste de 1 0% a partir de 01/01/2013. A FECEM é composta pela Cooperativa do s M édicos Gine cologistas e Obstetras de Pernambuco (COPEGO); Cooperativa do s M édicos Cirur giões de Pernambuco (COOPECIR); Coo-

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perativa de Trabalho do s M édicos de Especialidades Clínic as de P ernambuco Ltda (COOPECLIN); Cooperativa de Médicos Pediatras de Pernambuco (COPEPE) e a Cooperativa de Médicos Cardiologistas de Pernambuco (COOPECÁRDIO). Conselho Administrativo - FECEM Diretor Presidente: Dr. Amaro Gusmão Guedes – CRM 8.439 (Coopeclin)

(dor, endoscopia digestiva e respiratória, e hepatologia) e 19 especialidades sendo elas: acupuntura, alergia e imunologia, cancerologia, clínica médica, dermatologia, endocrinologia e metabologia, endoscopia, fisiatria, gastroenterologia, g eriatria, hema tologia e hemoterapia, home opatia inf ectologia medicina do trabalho nefrologia, neurologia, pneumologia, psiquiatria, reumatologia.

Diretor Financeiro: Dr. M auro P edro C haves Se fer – CRM 8.504 (Coopecir)

Em n ossa b usca p ara m elhorar nossos serviços e oferecer mais vantagens a os n ossos as sociados já f irmamos parcerias com 39 instituições, entre elas a Fundação Assistencial dos Servidores do M inistério da Fazenda (ASSEFAZ), uma de nossas conquistas em 2012, e es tamos e m n egociação com o S erviço Federal de Pr ocessamento de Dados (SERPRO).

Diretora Administrativa: Dra. Analíria M oraes Pimen tel – CRM 3.280 (Copepe) Contato Informações: Fone: (81) 2125-7461 Fone/Fax: (81) 2125-7460 E-mail: fecem.pe@ig.com.br Endereço: Avenida Go vernador A gamenon Magalhães, nº 4.775 – E mpresarial Thomas Edison, 14º a ndar, sala 1402, Ilha do Leite – Recife / PE. CEP: 50.070-160. COOPECLIN A Cooperativa de Trabalho dos Médicos de Es pecialidades Clínic as de Pernambuco (COOPECLIN) atualmente con grega q uatro ár eas de a tuação

Ainda e m 2012 r ealizamos o III Encontro da s S ecretarias da C OOPECLIN, e vento e ste q ue a conteceu em novembro com a presença de 80 participantes. Informações e contato: Endereço: A v. A gamenon M agalhães, 4775 S alas 309/310 - Em pre sari al T homa s E di s o n Ilha do Leite – Recife, PE . Telefones:(81)2125-7419; (81)21257420; (81)2125-7421; (81)2125-7422 Email: coopeclinmail@bol.com.br CEP: 50070-160


APmR

Quando a produção é mais importante que o cuidado

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os últimos anos o serviço público brasileiro vem passando p or uma tr ansformação em s ua e ssência. A racionalidade política está ficando em segundo plano e a r acionalidade g erencial/financeira está assumindo o papel de orientadora das ações de políticas públicas. Assim, a nossa opinião é que aquilo que era instrumento vem tornando-se o fim das práticas de indivíduos e instituições. Será que esse é o melhor caminho p ara a s olução do s pr oblemas do s mai s di versos setores que ao longo dos anos foram marginalizados pelos poderes públicos no Brasil? Recentemente o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) s ofreu mais uma agudização de seus problemas crônicos, como a f alta de r ecursos h umanos e financeiros, que, vale salientar, não é responsabilidade apenas do atual governo. Os médicos-residentes e estudantes foram os primeiros a denunciar mais uma vez essa realidade. A partir daí surgiu o impasse: de quem é a culpa? O governo aponta a incapacidade gerencial da diretoria do hospital e da Reitoria. Esses, por sua vez, elegem a falta de recursos humanos e financeiros como problema central. Colocar a culpa do problema de f orma unic ausal nã o é no sso pro-

pósito. Em vez disso, queremos levantar discussões sobre o que é n ecessário e so bre como podemos atingir nossos objetivos o s q uais s ão: promover cuida do e f ormação de qualidade para nossa população. Não podemos desviar do foco e esquecer que o cuidado deve ser o ponto central da discussão. Cuidar das pessoas, cuidar de quem cuida e ainda ensinar a cuidar custam caro, ainda mais quando busca-se ser integral, universal e e quânime. Quando pr ocura-se r espeitar a o máximo o paciente para que este não seja apenas objeto de aprendizagem, a ética e bioética tornam-se temas centrais do cotidiano. Assim, as propostas para resolução dos problemas do HUOC não serão unidirecionais, mas sim complexas e abrangentes. A A ssociação P ernambucana do s M édicos Residentes (APMR) p arabeniza e a gradece a t odos, princi palmente aos médicos-residentes que compõem o H UOC por se unirem e lutarem no momento que foi preciso. Parabeniza também por fazerem parte da rede de cuidados da nossa população mesmo diante dos desafios colocados cotidianamente. A Diretoria.

Conselho Regional de Medicina – Cremepe PUBLICAÇÃO DE PENAS PÚBLICAS Ref. Processo Ético Profissional nº 26/09 PENA DISCIPLINAR APLICADA AO MÉDICO DR. PAULO MARCELO CHAVES DE LIMA – CREMEPE 6.984

Ref. Processo Ético Profissional nº 51/10 PENA DISCIPLINAR APLICADA AO MÉDICO DR. PAULO PELEGRINO – CREMEPE 13.088

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO – CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei nº 3.268/57, regulamentada pelo Decreto nº 44.045/58, e em conformidade com o acórdão proferido na sessão de julgamento do processo ético-profissional nº 26/09 realizada no CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, em 08/08/2012, vem aplicar ao médico DR. PAULO MARCELO CHAVES DE LIMA – CREMEPE 6.984, a pena de CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL, prevista na letra “c”, do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração aos arts. 22, 34 e 59 do atual Código de Ética Médica.

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO – CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei nº 3.268/57, regulamentada pelo Decreto nº 44.045/58, e em conformidade com o acórdão proferido na sessão de julgamento do processo ético-profissional nº 26/09 realizada no CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, em 08/08/2012, vem aplicar ao médico DR. PAULO PELEGRINO – CREMEPE 13.088, a pena de CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL, prevista na letra “c”, do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração aos arts. 1º e 87 do atual Código de Ética Médica.

Recife, 23 de janeiro de 2013

Recife, 23 de janeiro de 2013 Cons. Helena Maria Carneiro Leão Presidentedo CREMEPE

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APm Academia Pernambucana de medicina

Uma sociedade de Médicos Escritores l uiz barreto*

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Sociedade Brasileira de Médicos Es critores f oi cria da há 40 anos sendo o seu primeiro pr esidente o mé dico escritor Dr. Valdemar de Oliveira. Em fevereiro de 1972 é proclamada como instalada durante o IV Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Médicos E scritores (So brames) qu e se realiza na cidade de Salvador, Bahia. Hoje so mos qu ase 80 as sociados constituídos, em sua quase totalidade, por médicos e por outros profissionais que se dedicam também a literatura. É uma linda convivência não só literária como também de amizade e companheirismo. Graças a pa rticipação d e i mportantes m édicos escritores, q uer p or suas obras literárias, quer por suas atividades profissionais, a Sobrames recebe o reconhecimento da sociedade literária de Pernambuco, estendendo-se esse conceito ao âmbito nacional. Importante referir que a nossa instituição m uito t em con tribuído com os seus escritores ao ingressarem em outros movimentos li terários. Atualmente, a Academia Pernambucana de Letras tem entre o s s eus a cadêmicos oito que são oriundos da Sobrames e que continuam como seus associados. Nos 40 a nos d e s ua e xistência 17 médicos j á a ssumiram a pr esidência da S obrames de P ernambuco, e tr ês já foram presidentes da Sobrames Nacional, s endo ele s L uis Ferreyra do s Santos, O vídio B orba Duart e e Waldênio Porto. Este ano , f oi ela borada uma programação comemorativa do 4 0º ani versário da in stituição, l ançada na

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primeira reunião do ano, em 2 de janeiro, que contemplou diversas atividades, entre ela s: realização de con ferências durante as sessões mensais, que foram proferidas por convidados sobramistas ou de outras áreas de conhecimento. N esse p articular, v ale ressaltar que a primeira conferência realizada versou s obre “ A Caatinga”, um bioma que é único do Nordeste do Brasil e que foi proferida por uma bióloga e professora da Universidade Federal de Pernambuco. Foram também convidados cinco médicos que fazem parte d as r egionais da Sobrames d o Ceará, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Alagoas que proferiram brilhantes conf erências e e streitaram ainda mais os laços de amizade entre essas instituições. Registre-se também que houve homena gem a o e scritor N elson Rodrigues e apresentação de uma palestra, proferida por um dos nossos associados.

Foi realizado um concurso literário “Sobrames 40 Anos” de contos, poemas e crônicas dirigidos para estudantes de me dicina e p ara mé dicos q ue trabalham em Pernambuco, contando com o apoio do Sindicato dos Médicos de P ernambuco of erecendo pr êmios de doi s mil r eais p ara c ada um do s participantes classificados com o primeiro lugar. Estes prêmios foram entregues aos respectivos ganhadores no almoço de confraternização realizado no dia 1º de dezembro deste ano. Além dos boletins mensais publicados em papel e por meio eletrônico, enviados para os associados e entidades literárias locais e nacionais, a Sobrames fez em outubro o lançamento da Revista Oficina de Letras, com 281 páginas e 35 colaboradores, distribuída a nível nacional. Nova revista será lançada no mês de fevereiro com todas as atividades realizadas nesse ano de comemorações, com a s bio grafias, conferências e arti gos v inculados a o aniversário de 40 anos da Sobrames. Para marcar como u m indelével testemunho a vitalidade na nossa instituição, f oi plantado no j ardim em frente ao prédio do Memorial da Medicina, s ede da Sobrames, u m pé de “baobá”. A Sobrames de Pernambuco promove s essão literária men sal na pri meira s egunda-feira de c ada m ês, começando às 8h30, e t odos os i nteressados estão convidados a participar desta farta mesa literária. *médico escritor e vice-presidente da s obrames-Pe


A Medicina deve ser exercida por profissional habilitado e legalmente inscrito no Conselho de Medicina do seu Estado. Em Pernambuco, o Cremepe.



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