Revista Mineira de Engenharia - 15ª Edição

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IMPRESSO ESPECIAL

991 22 55 307- DR/MG SOC. MINEIRA DE ENGENHEIROS CORREIOS

ANO 3 | EDIÇÃO 15 | SET - OUT 2012

CÓDIGO DE CIÊNCIA,TECNOLOGIA E INOVAÇÃO TRAÇA NOVO CENÁRIO PARA A PESQUISA NACIONAL SME ENTREVISTA

ENGENHEIRA DO ANO

SME 12:30

Maurício Roscoe fala de sua trajetória profissional

Maria das Graças Foster vai receber a homenagem em dezembro

Engenheiros apresentam propostas para Belo Horizonte

Empreendedorismo | Empresa mineira de nanotecnologia assina contrato com multinacional





EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE

Inovação e engenharia andam juntas uase tudo que nos cerca é resultado da inovação e do trabalho de um(a) engenheiro(a). Esta afirmativa não se configura em um exagero de um profissional apaixonado por sua profissão, mas uma constatação de que o nosso desafio será sempre transformar o meio em que vivemos. Para que? Para responder a outros tantos desafios, superar obstáculos e estabelecer novos patamares para a sobrevivência do grupo, para a organização de uma comunidade, de uma sociedade, de uma nação. Isso se dá na teoria e na prática por meio da engenharia.

é de que desse número, em torno de 120 mil vão se formar. Desses, pouco mais de 30 mil formados estarão aptos para exercer bem a profissão.

Q

Portanto, trata-se de um processo de construção em que o pensamento do engenheiro e sua criatividade se manifestam no dia a dia. Num rápido inventário podemos identificar a produção da engenharia não apenas nas edificações, no aproveitamento de recursos naturais, na transformação de matérias primas, na organização dos espaços coletivos, mas também na saúde, na produção de alimentos, nas telecomunicações, na robótica, na nanotecnologia entre outras áreas novas do conhecimento. A qualidade de vida com que podemos contar nos dias de hoje é fruto do desenvolvimento tecnológico no qual o engenheiro tem um papel fundamental.

No plano internacional a situação não é mais animadora. Entre os países do BRIC, o Brasil fica em último lugar na formação de mão de obra científica e de engenharia. Embora seja a sexta economia do mundo, o país ocupa a 58º posição no ranking que mede a inovação em 141 paises.

Ailton Ricaldoni Lobo Presidente da SME Para que a engenharia mantenha esta sintonia refinada com as necessidades da sociedade torna-se fundamental, entre,outras coisas que a formação, do profissional de engenharia tenha a atenção devida. Dados recentes apontam que o Brasil tem hoje um déficit de bons profissionais no mercado. Estudos publicados pela Confederação Nacional da Indústria - CNI revelam que cerca de 40 mil profissionais formam por ano no Brasil, número insuficiente para a demanda, perfazendo um déficit de 150 mil enegnheiros no mercado. Na hora de escolher a profissão, de 1,6 milhão de aprovados no vestibular somente 200 mil estudantes ingressaram, em 2012, em cursos de engenharia. A estimativa

Esses dados gerais são indicativos de que algo mais precisa ser feito para que a engenharia mantenha-se como fonte de inovação. Para a formação de novas gerações de grandes profissionais deve ser estimulado desde a infância, por exemplo, o gosto pelo ensino e aprendizagem da matemática e das ciências. Nas universidades e faculdades privadas a revisão dos currículos dos cursos de engenharia é uma das propostas para a modelagem de uma formação sintonizada com os novos tempos de avanços tecnológicos, bem como a composição de quadros docentes de alto nível. A soma dessas e outras medidas em debate hoje, certamente, influenciarão para uma mudança de mentalidade capaz de disseminar a compreensão da extensão do papel da engenharia como área estratégica para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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Seja um associado da SME Compromisso com Você! A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos para atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados.

São descontos de até 20% em academias, empresas automotivas, de artigos de decoração, buffets, clubes, consultórios, cursos de idiomas, empresas de turismo, faculdades, floriculturas, gráficas, informática, laboratórios, óticas, planejamento financeiro, seguros, serviços fotográficos, hotéis, beleza e estética, dentre outros.

Em seus 81 anos de existência, a SME trabalha para integrar, d e s e nvolver e valorizar a Engenharia, a Arquitetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo para o aprimoramento tecnológico, científico, sociocultural e econômico.

Compromisso com o futuro Aprimoramento profissional e inovação tecnológica também têm sido uma das grandes bandeiras da SME para oferecer os melhores produtos e serviços para você e sua família.

Produtos e Serviços Em nosso site há uma série de produtos e serviços como cursos, palestras, seminários, eventos e uma extensa gama de convênios que você poderá desfrutar.

Por meio de nosso site, da revista, dos eventos e da participação nas redes sociais, a SME tem se tornado, cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas sugestões e para representar seu interesse.

Mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou sme@sme.org.br

PRESIDENTE Ailton Ricaldoni Lobo VICE - PRESIDENTES Ronaldo José Lima Gusmão José Luiz Nobre Ribeiro Victório Duque Semionato Alexandre Francisco Maia Bueno Délcio Antônio Duarte DIRETORES Luiz Felipe de Farias Diogo de Souza Coimbra Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Marcílio César de Andrade Alessandro Fernandes Moreira José Flávio Gomes Fabiano Soares Panissi Janaína Maria França dos Anjos Normando Virgílio Borges Alves Clemenceau Chiabi Saliba Júnior SUPERINTENDENTE José Ciro Mota

Publicação

CONSELHO DELIBERATIVO Marcos Villela de Sant'Anna Teodomiro Diniz Camargos Jorge Pereira Raggi Flavio Marques Lisbôa Campos Rodrigo Octavio Coutinho Filho Paulo Safady Simão José Luiz Gattás Hallak Alberto Enrique Dávila Bravo Cláudia Teresa Pereira Pires Márcio Tadeu Pedrosa Sílvio Antônio Soares Nazaré Felix Ricardo Gonçalves Moutinho Levindo Eduardo Coelho Neto Fernando Henrique Schuffner Neto Ivan Ribeiro de Oliveira CONSELHO FISCAL José Andrade Neiva Nilton Andrade Chaves Carlos Gutemberg Junqueira Alvim Alexandre Rocha Resende Wanderley Alvarenga Bastos Júnior

CONSELHO EDITORIAL Ailton Ricaldoni Lobo Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz Janaína Maria França dos Anjos Fabiano Soares Panissi José Ciro Mota Ronaldo José Lima Gusmão

Depto. Comercial | Vendas Blog Comunicação tavora007@hotmail.com (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Coordenador Editorial Ronaldo José Lima Gusmão

Distribuição Gratuita Via Correios e Instituições parceiras

Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira MG 05203 JP

Publicação | SME Sociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3ºandar Santo Agostinho Belo Horizonte | Minas Gerais CEP - 30170-001 Tel. (31) 3292 3962 sme@sme.org.br

Projeto Gráfico Blog Comunicação Marcelo Távora tavora007@hotmail.com Av. Bento Simão, 518 | São Bento Belo Horizonte | Minas Gerais CEP - 30350-750 (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Tiragem 10 mil exemplares | Bimestral

Fale conosco Contato editorial jornalismo@sme.org.br

Apoio Compromisso, Inovação e Avanço

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SME 12:30 Marcio Lacerda recebe, da comissões técnicas da SME, propostas para BH

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SME ENTREVISTA Maurício Roscoe faz história na engenharia brasileira

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TRANSPORTE Logística multimodal e as concessões de rodovias

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CAPA Novo Código de lei propõe mudança no cenário da pesquisa no Brasil

ENGENHEIRA DO ANO Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras, será a homenageada de 2012

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MESTRES DA ENGENHARIA José Oswaldo Ribeiro Moreira

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ENERGIA Cemig divulga balanço energético

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MERCADO Empresa de Nanotecnologia recebe investimentos de multinacional

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LEGADO SME Adolpho Portella

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ARTIGO ALEXANDRE BUENO Matriz energética brasileira

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NOVO ENGENHEIRO Rodrigo Vasconcelos Costa de Araujo Moreira

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GESTÃO Construtoras brasileiras buscam mais negócios no exterior

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RESPONSABILIDADE SOCIAL Prevenção de acidentes de trabalho é grande desafio

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“CAUSOS”DE ENGENHARIA


Projeto

SME 12:30

Informação & Opinião Lideranças Nacionais

As Comissões Técnicas da SME apresentaram propostas para melhoria de Belo Horizonte Às vésperas das eleições municipais para Prefeitura de Belo Horizonte a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) promoveu encontros com os candidatos Márcio Lacerda (PSB), prefeito reeleito da

aberto e preço mais competitivo, Geraldo Dirceu de Oliveira. presidente da Comissão Transportes da SME

Ananias (PT) no projeto 12:30.

No caso do trânsito, a frota de 1,7

O evento contou com a participa-

milhão de veículos circulando pelas

ção de 300 engenheiros nas duas

ruas da cidade é um problema que

edições do projeto.

merece solução, principalmente

dente da SME, Ailton Ricaldoni, en-

O projeto utiliza como eixos os corredores de transporte já exis-

quando se constata o aumento de 500 unidades/dia. “Sabemos que o

grandes avenidas. Como não há gastos com desapropriação de moradores para instalação do equipamento, que é assentado em vigas pré-moldadas, esse projeto tornase ainda mais viável. A segurança do

que leva as pessoas a usarem veícu-

monotrilho é outro aspecto a ser

los próprios são as inúmeras falhas

considerado.

do sistema de transporte público.

“Sugerimos terminar os projetos já

Os gestores públicos devem se

iniciados, como os novos trechos

preparar para essa realidade”, des-

do metrô e os BRTs e, ainda, estu-

taca o presidente da Comissão de

dar as interligações dos meios de

Mobilidade Urbana da SME, Ge-

transporte público, o que é impor-

raldo Dirceu de Oliveira.

tantíssimo já que, além da popula-

respectivas áreas e sugerindo solu-

Para o engenheiro, a solução passa

ção de Belo Horizonte, a cidade

ções e melhorias para o contínuo

pelo monotrilho. Ele explicou que

também recebe pessoas da Região

processo de desenvolvimento da

pelas características técnicas do

Metropolitana de Belo Horizonte

capital mineira.

projeto com execução a céu

(RMBH)”, ressalta.

tregou documento com sugestões e recomendações aos dois candidatos. O texto é fruto do trabalho de três comissões técnicas da entidade: Transportes, Cidades Inteligentes e Gestão de Águas Pluviais, cada qual apontando as demandas e problemas emergentes de suas

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que o metrô e os BRTs.

tentes na cidade, a exemnplo das

capital, e também com Patrus

Na mesma oportunidade, o presi-

essa alternativa é mais econômica


Prefeito de BH, Marcio Lacerda , Ailton Ricaldoni e Délio Malheiros

Patrus Ananias, Ailton Ricaldoni e Aloísio Vasconcelos

Aílton Ricaldoni, Délio Malheiros, Carlos Carneiro Costa , José Ciro Mota

Benhur Albergaria, Ivan Ribeiro, Sidney Bispo

Luiz Otávio Portela, Ronaldo Gusmão

Ana Paula Lemos, Branca Macaúbas, Augusto Pirassinunga

Eduardo Hermeto,Ajalmar Silva

Humberto Guimarães Bernardes, Paulo Maciel Junior, Humberto Pereira de Abreu

Geraldo Dirceu de Oliveira, Carlos Carneiro Costa, Marco Antônio Antunes

Prefeito Márcio Lacerda almoça com diretores da SME

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Projeto

SME 12:30

Informação & Opinião Lideranças Nacionais

O presidente da Comissão Técnica de Águas Pluviais Urbanas, Paulo Maciel Júnior, explicou que a parte do documento que trata desse importante setor, visa auxiliar os candidatos a prefeito de Belo Horizonte a adotar medidas de controle e de gestão de águas urbanas para evitar a ocorrência de enchentes na cidade.

Paulo Maciel Jr. presidente da Comissão de Águas Pluviais Urbanas

“Acreditamos que a questão está relacionada a incentivos financeiros para que os proprietários possam reter a água em seus lotes para minimizar as cheias”, confirma.

A correta destinação dos resíduos sólidos é outro problema que a ciporque, oculto durante o período da seca, é causa habitual de enchentes, como lembra o engenheiro. Planejamento urbano e obras consideradas prioritárias para Belo Horizonte também

Ele afirma que a tecnologia ajuda

estão listadas nesse capítulo do do-

a melhorar a qualidade de vida da

cumento de caráter propositivo.

população. Segundo o enge-

O presidente da Comissão Téc-

nheiro, a PBH dispõe, hoje, de

nica de Cidades Inteligentes, José

uma grande rede de fibra ótica e

Oswaldo Albergaria, lembrou que

de rádio, que são subutilizados.

o uso da tecnologia da informação

Outra questão importante é o

(TI), seja para monitoramento do

compartilhamento

tráfego ou para ampliar os servi-

entre as grandes e pequenas

ços de telecomunicações, são os

companhias do setor de Telecom.

principais pontos desse capítulo

“Nós, da SME, temos como inte-

do documento que foi entregue

resse primordial o bem comum,

aos candidatos à PBH. “Os inves-

ou seja, a melhoria da qualidade

timentos já foram feitos e a infra-

de vida em BH. As nossas suges-

estrutura está pronta, mas o uso

tões demonstram que muitas ca-

está muito aquém do que pode

beças pensam melhor que uma

render”, aponta.

só.”, considera.

Depoimentos Quem participou das duas últimas edições do SME 12:30 aprovou a iniciativa da SME. O engenheiro Lucas Gariglio afirma que esse tipo de projeto fortalece a democracia, uma vez em que a entidade propõe encon-

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José Oswaldo Albergaria, presidente da Comissão de Cidades Inteligentes da SME

dade deve corrigir, principalmente

de

torres

Rosemar Cossenzo Gea, também engenheiro, disse que eventos do gênero possibilitam que os profissionais da área possam saber quais as propostas dos candidatos para a cidade e também para suas carreiras. João Carlos Ferreira destaca que os encontros promovidos pelo SME 12:30 têm promovido a aproxima-

tros para ouvir os candidatos e, também, apresentar

ção entre os associados da entidade e troca de

ideias que possam aprimorar a qualidade da gestão pú-

ideias. “Não nos encontramos muito em função do

blica de Belo Horizonte.

trabalho”, avalia.

Mai


Mais de 300 engenheiros, entre formadores de opinião e lideranças empresariais do setor, participaram dos eventos - SME 12:30

Repercussões A superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA), Maria Dalce Ricas, é uma das lideranças que endossa as propostas da SME entregues aos candidatos à PBH. “Destacamos o fator drenagem pluvial e a criação do Parque Municipal da Lagoa Seca. Esses são assuntos que devem ser vistos como compromissos pelos candidatos”, analisa.

mento entregue aos dois candidatos à PBH. “As tecnologias da informação

fazem

parte

cotidiano das pessoas, dentro de casa, nas ruas e nas empresas. Estão nos carros e semáforos, telefones celulares e computadores, lojas e indústrias. Por isso, a Fumsoft apóia a iniciativa da SME de propor um planejamento para uma cidade mais inteligente, com qualidade de vida para seus cidadãos. As propostas feitas aos candidatos estão, inclusive, alinhadas ao Programa BH TI 2022 que as entida-

Thiago Maia, presidente da Fumsoft

des representativas do setor estão desenvolvendo com o intuito de transformar Belo Horizonte na capital nacional de TI.”

O presidente da Fumsoft, entidade que integra a Rede Softex – Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro, Thiago Maia também analisou o docu-

Alberto Salum, presidente do Sicepot-MG

do

“O diálogo entre poder público e sociedade civil é fundamental na reflexão e elaboração de propostas alternativas para os problemas de nossa cidade. A solução do problema da mobilidade urbana passa, principalmente, pelo desenvolvimento de meios de transporte utilizados por uma parcela muito pequena da população, como é o caso do metrô. As pro-

O presidente do Sindicato da In-

postas das Comissões Técnicas da

dústria da Construção Pesada no

SME são enriquecedoras para ali-

Estado de Minas Gerais (Sicepot-

mentar o debate e colocar em

MG), Alberto Salum, também

pauta novas alternativas para o

acredita no potencial do relatório

transporte público e infraestru-

desenvolvido pela SME.

tura urbana”, disse.

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Sugestões apresentadas pelas Comissões de Gestão das Águas Pluviais, Mobilidade Urbana e Cidades Inteligentes ao prefeito Marcio Lacerda (PSB), que assume, por mais quatro anos, a gestão da capital mineira.

Prezados Senhores Candidatos, A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), entidade de caráter público, fundada em 1931, com o papel de defesa dos interesses dos engenheiros, arquitetos e agrônomos e de valorização desses profissionais, tem entre suas principais prioridades a reflexão, o estudo e a elaboração de propostas sobre questões relevantes para a cidade de Belo Horizonte, para o estado de Minas Gerais e para o Brasil. Torna-se essencial detalhar que essas propostas são frutos de um trabalho perene e árduo das Comissões Técnicas (CT´s) que compõem a SME. Sob a condução da diretoria, essas CT´s estão mergulhadas, desde 2011, início da atual gestão, em estudos, debates com especialistas, numa interlocução permanente com a comunidade, segmentos da sociedade civil e poder público sobre temas de interesse da cidade e da população. Esse trabalho culmina na elaboração de alternativas para problemas emergentes que possam impactar de forma positiva na vida dos belorizontinos, na formulação e execução de políticas públicas democratizantes, no incentivo ao setor produtivo, à formação de mão de obra qualificada e, consequentemente, na melhoria de vida na capital mineira. O que se pretende é contribuir para a diminuição das desigualdades e para que a cidade tenha um desenvolvimento sustentável, onde os cidadãos e cidadãs possam usufruir dos serviços que Belo Horizonte oferece com conforto, segurança e qualidade. Neste momento, em que os eleitores se preparam para a escolha do futuro prefeito e vice-prefeito de Belo Horizonte e, dos representantes da população no legislativo municipal, consideramos de suma importância trazer a público e ao conhecimento de V. Sas. algumas sugestões, que desejamos, sejam assumidas como compromisso de campanha e integradas ao programa de governo

Cordialmente Ailton Ricaldoni Presidente da SME

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MOBILIDADE URBANA Como resultado do 1º Seminário de Mobilidade Urbana realizado, no dia 03 de agosto de 2012, pela Sociedade Mineira de Engenheiros, em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de Minas – ACMINAS, e considerando os atuais desafios da mobilidade urbana no contexto da RMBH, a SME destaca como pontos importantes nessa área:

• As dificuldades de implantação das diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12587 de 03 de janeiro de 2012).

• A falta de conhecimento, pesquisa e mão de obra especializada em mobilidade, logística urbana e transporte público

• A premência de ampliação e integração da infraestrutura de transporte.

• A ineficiência da logística urbana no suporte e promoção do desenvolvimento socioeconômico da região.

• A necessidade de regulamentação e resgate do transporte ferroviário de passageiros, ainda que compartilhado com o transporte de carga.

• A implantação de um eficiente sistema de metrô, com linhas nas versões convencional e leve (monotrilho) para o transporte de passageiros na RMBH.

SME PROPÕE:

• A implantação do trem metropolitano. • A integração física e tarifária dos sistemas de transporte público. • O desenvolvimento de centralidades em rede na RMBH, revertendo a sua característica rádio concêntrica. • A regulamentação do aproveitamento da malha ferroviária existente para o transporte de passageiros, nos moldes do Programa Trens Regionais do BNDES, com prioridade para os trechos da RMBH e no seu respectivo colar metropolitano.

de Itabirito, trecho ferroviário em que parte da infraestrutura esta pronta. • A ampliação da infraestrutura de transporte de cargas por ferrovia e por rodovia, incluindo os projetos rodoviários, para suportar e promover o desenvolvimento dos principais setores produtivos da RMBH (automotiva, petroquímica, etc.). • A implantação em Minas Gerais de um Centro de Referência e Excelência em Engenharia Ferroviária CENGEFER constituindo-se em rede inovadora de instituições, especializado em projetos de pesquisa e de de-

• O aproveitamento da FERROVIA DO AÇO para o trans-

senvolvimento tecnológico para a indústria ferroviária em

porte de passageiros caso o trem de alta velocidade

sua cadeia produtiva e na formação de novas gerações e

Rio/São Paulo/Campinas venha a se viabilizar.

de técnicos e engenheiros para o setor.

• A conclusão da Ferrovia do Aço na Região Metropolitana

• Constam da proposta integrada de Minas Gerais

de Belo Horizonte -RMBH, do km 0, em Caetano Fur-

para o Plano Nacional de Logística e Transportes

quim/BH, até o Pátio de Andaime no Km 29, no Município

(PNLT) – 15/04/2010.


GESTÃO DAS ÁGUAS PLUVIAIS No primeiro ano da atual gestão, a Sociedade Mineira de Engenheiros criou, em 19 de dezembro de 2011, a Comissão Especial de Águas Urbanas com o objetivo de desenvolver estudos e propor sugestões para minimizar os efeitos das chuvas que atingem as populações da capital mineira e Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A comissão, composta por um grupo de técnicos especialistas de diversas áreas temáticas que interferem na gestão das águas urbanas, debateu amplamente o assunto realizando, inclusive, um workshop, em 06 de março de 2012, com a presença de técnicos, representantes de órgãos públicos e de comunidades afetadas. Como eixo do estudo realizado, a SME sugere a implementação urgente de ações estruturantes para retenção de águas pluviais nas áreas de montante do município.

SME PROPÕE:

• Implantar as obras de contenção de cheias previstas

de Impacto na Vizinhança - EIV e Estudo de Impacto Am-

pelo Plano Diretor de Drenagem de Belo Horizonte nas

biental - EIA.

regiões: Calafate, Brejinho e Ferrugem, Córrego Floresta e executar a dragagem da Lagoa da Pampulha.

• Assegurar a inclusão de dispositivos estruturais e de gestão de drenagem urbana na atual revisão do Plano

• Evoluir e modernizar a legislação tributária do município, criando um instrumento que possibilite valorizar e

Municipal de Saneamento Básico.

incentivar proprietários de imóveis a implantar mecanis-

• Manter fiscalização contínua visando à erradicação de

mos eficientes de contenção de águas pluviais (a exemplo

deposições clandestinas de resíduos.

do IPTU ecológico existente em Belo Horizonte e Contagem). • Incentivar o comprometimento de proprietários de imóveis em segurar a vazão no terreno, por meio da cria-

• Recuperar as áreas degradadas de forma a controlar o carreamento de solo erodido. • Criar aterro de resíduos de construção e demolição.

ção de instrumento normativo. • Implementar área de triagem e transbordo e estação • Desenvolver as normativas municipais para incentivar a adoção de projetos mais eficazes que diminuam a sobrecarga da drenagem urbana tais como: cisternas de reservatório ou infiltração, caixas de retenção, caixas coletoras de telhado, muretas de pé, taxas de permeabilidade, telhado verde, canteiro pluvial, pavimentação de estacionamentos e vias projetados para reter ou absorver água pluvial, entre outros.

de reciclagem de resíduos de construção e demolição (Regional Leste ou Nordeste ou imediações) para racionalizar os deslocamentos do transporte de resíduos. • Criar programa de comunicação social, educação e informação por meio de comunicação de massa, com vistas a envolver a população nas suas responsabilidades e deveres, bem como nas prevenções e alertas.

• Estabelecer exigências mais eficazes para com a gestão

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das águas pluviais nos instrumentos de regularização, li-

• Criar um órgão específico, com autonomia, para gestão

cenciamento urbanístico e ambiental tais como: Estudo

de drenagem urbana.


CIDADES INTELIGENTES O modelo atual das políticas de TIC’s é decidido pelas operadoras, que não consultam as necessidades do município, realizando seus planos de investimentos sem levar em consideração o planejamento municipal. Portanto, torna-se um enorme risco deixar de planejar uma Cidade Inteligente para o direcionamento de ações de interesse público. O conceito de Cidades Inteligentes está ganhando importância cada vez maior como forma de tornar disponíveis os serviços e aplicativos baseados em Tecnologias de Informações e Comunicação (TIC’s) para os cidadãos, empresas e autoridades que integram o sistema de uma cidade.Tem como objetivo aumentar a qualidade de vida dos cidadãos e melhorar a eficiência e qualidade dos serviços prestados. Esta perspectiva requer um sistema integrado com visão sistêmica da cidade e de suas infraestruturas. A SME considera que as políticas de TIC’s desempenham um papel de eficiência e eficácia cada vez maior no desenvolvimento da cidade. Cidades Inteligentes podem ser classificadas mediante a utilização de seis dimensões: Economia Inteligente, Mobilidade Inteligente, Ambiente Inteligente, Pessoas Inteligentes,Vida Inteligente e Governança Inteligente (governo eletrônico): Uma cidade inteligente é definida como um território que traz sistemas inovativos e infraestrutura de TIC’s. Cidades Inteligentes são territórios caracterizados pela alta capacidade de aprendizado inovação, embutida na criatividade de sua população.A SME acredita que uma abordagem pragmática para o desenvolvimento tecnológico deverá ser baseada em padrões abertos, interoperabilidades, redes inteligentes e ferramentas de colaboração.

RISCOS ASSOCIADOS A SME acredita que para construir uma Cidade Inteligente é necessário: • Oferta ampla de banda larga para empresas, prédios governamentais e residências.

• Promover e desenvolver educação tecnológica, treinamento e força de trabalho eficaz. • Criar políticas e programas que promovam a democracia digital para que os cidadãos se beneficiem desta revolução. • Fomentar a inovação nos setores públicos e privados para apoiar o desenvolvimento de novos negócios. • Estabelecer marketing para atrair investimentos para o setor. • Criação de um Plano Municipal para Cidades Inteligentes, aprovado pela Câmara Municipal.

SME PROPÕE: • Usar o poder de compra da administração pública municipal e estadual para implementação do plano municipal. • Através de uma infraestrutura avançada possibilitar o desenvolvimento de TICs pelas empresas já instaladas e atrair empresas nacionais e internacionais para a cidade. • Criação de leis para assegurar o compartilhamento do espaço público.

• Universalização do acesso à internet no município. • Atualização do uso nos órgãos públicos municipais para o mínimo de 100 Mbits com alta disponibilidade. • Todas as licitações e consulta pública sobre parcerias que envolvam o assunto deverão ser adequadas às condições mínimas de infraestrutura para atender ao Plano Municipal.

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HOMENAGEM | ENGENHEIRA DO ANO

Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras, será a homenageada de 2012 Pela primeira vez, desde 1983,

Neste ano, a engenheira foi eleita,

ração pela competência e pela

quando a Sociedade Mineira de

também, a terceira mulher mais

coragem com que desempenha o

Engenheiros (SME) criou a Meda-

poderosa do mundo dos negó-

difícil trabalho de dirigir uma das

lha Engenheiro do Ano, uma mu-

cios pela Forbes. Foi a primeira

maiores empresas do Brasil e do

lher vai receber a homenagem. A

vez que uma executiva brasileira

mundo”, declara.

cerimônia será realizada em Belo

foi incluída no ranking.

Horizonte, no dia 11 de dezem-

com alegria a indicação da enti-

nheiro eletricista José da Costa

dade “É com muita honra e emo-

Carvalho Neto, que recebeu a

ção que vejo meu nome ser

Medalha Lucas Lopes neste ano,

escolhido como Engenheira do

A mineira de Caratinga, Maria das

pela sua atuação à frente da

Ano de 2012 pela SME. A tradi-

Graças Foster, engenheira quí-

estatal, é o curador da Medalha

ção dessa instituição confere

mica graduada pela Universidade

Engenheiro do Ano 2012. Ele não

enorme distinção a esse título

Federal Fluminense (UFF), pós-

esconde o entusiasmo pela indi-

que, desde já, muito me orgulha,

cação de Maria das Graças Foster.

pois não saberia ser outra profis-

graduada em Engenharia Nuclear e mestre em Engenharia de Flui-

“Para mim, é uma honra ter sido

uma mineira carioca, ou uma ca-

dos pela Universidade Federal do

escolhido como curador desta

rioca mineira. Nasci em Minas

Rio de Janeiro (UFRJ) e, também,

edição da premiação do Enge-

Gerais, na cidade de Caratinga, e

mestre em Administração de Em-

nheiro do Ano pela SME. A honra

fui para o Rio de Janeiro ainda

presas pela Fundação Getúlio

é ainda maior por estar condu-

menina. Então, esse reconheci-

Vargas (FGV), é a presidente da

zindo a cerimônia de entrega do

mento tem dupla cidadania. E eu

maior empresa brasileira –

prêmio a uma das mais notáveis

sou muito grata aos meus colegas

Petrobras - onde ingressou aos

profissionais do Brasil, a enge-

engenheiros da SME por esta in-

24 anos como estagiária para

nheira Maria das Graças Foster,

dicação - uma emocionante ho-

construir uma carreira brilhante.

por quem tenho profunda admi-

menagem”, afirma.

bro, encerrando a programação dos eventos promovidos pela entidade em 2012.

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A homenageada também recebeu

O presidente da Eletrobras, enge-

sional que não engenheira. Sou


MEDALHA ENGENHEIRO DO ANO - SME A Medalha Sociedade Mineira de Engenheiros – Engenheiro do Ano foi criada em 1983, com a finalidade de reconhecer o mérito do profissional de Engenharia em Minas Gerais. A solenidade de entrega da Medalha Engenheiro do Ano comemora, também, o Dia do Engenheiro, no dia 11 de dezembro. Ao longo desses 19 anos de história, a honraria foi conferida a engenheiros que se destacaram no exercício da sua atividade, n o s s e t o re s p ú b l i c o e p r i vado, nas áreas técnicas de engenharia ou agronomia e, também, na carreira docente.

Maria das Graças Foster afirma que, na sua gestão à frente da Petrobras, uma nova companhia está sendo construída. Tudo isso por causa do Plano Otimização dos Custos Operacionais (Procop) que deverá ser adotado ainda neste ano para fazer frente ao perfil expansionista da empresa. Até 2020, a meta é atingir a produção de 4,2 milhões de barris diários para atender a demanda do Brasil, um dos dez maiores consumidores mundiais de petróleo. A experiência acumulada na exploração e produção em águas profundas e ultraprofundas tem sido um dos trunfos da companhia nos desafio tecnológicos do pré-sal. Maior empresa brasileira, a Petrobras tem números que traduzem sua realidade. As reservas provadas de óleo e

Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras

gás natural chegavam no começo deste ano a 16,41 bilhões de barris. A produção média diária, no ano passado, foi de 2 milhões de barris de petróleo e de 56,4 milhões de m³ de gás. Os investimentos atingiram R$ 72,6 bilhões em 2011 e devem chegar a US$236,5 bilhões até 2016. Em funcionários são mais de 84 mil trabalhadores.

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ART | A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ENGENHEIRO

De acordo com a Lei Federal 6496, de 07 de ao longo da carreira, forma um acervo técnico de dezembro de 1977, todo contrato para prestação propriedade legal, reconhecido pelas empresas na de serviços por engenheiro, agrônomo, análise de seu currículo. geógrafo e meteorologista, seja ele LEMBRE-SE! Parte da taxa recolhida para profissional autônomo ou com Ao preencher o campo o registro da ART é desvínculo empregatício, está su“entidade de classe” na ART, tinada à entidade de jeito à Anotação de Responescolha a SME através do código classe escolhida por sabilidade Técnica - ART. 0086. Assim, você ajuda a SME a opção do profissional, O documento deve ser preenpara aplicação em prorepresentar a engenharia e oferecer chido e assinado pelo profissiojetos de valorização da os melhores cursos, serviços, nal e pelo seu contratante, para profissão e do profissional convênios e produtos para você. registro no Conselho Regional de e de outras atividades assoEngenharia e Agronomia - CREA da reciadas às suas atividades. O formugião onde os serviços serão executados. lário para preenchimento dos dados está disponível no site do CREA-MG, mas o registro Além de ser uma necessidade legal, o profissional, pode ser feito pela internet. ao registrar os projetos de sua autoria no CREA


SME, há 19 anos valorizando a história da engenharia NACIONAL

A Medalha Sociedade Mineira de Engenheiros - Engenheiro do Ano foi criada em 1983, com a finalidade de reconhecer o mérito do profissional de Engenharia em Minas Gerais. A solenidade de entrega da Medalha comemora, também, o Dia do Engenheiro, no dia 11 de dezembro. Ao longo desses 19 anos de história, a honraria foi conferida a engenheiros que se destacaram no exercício de sua atividade, nos setores público e privado, nas áreas técnicas de engenharia ou agronomia e, também, na carreira docente.

11 de dezembro

Engenheira do Ano sme | 2012 Maria das Graças Foster | Presidente da Petrobras

edição especial TIRAGEM ESPECIAL MAILING: FORMADORES DE OPINIÃO DO SETOR DISTRIBUIÇÃO: 10 MIL EMPRESAS - CREA-MG EVENTOS DA SME - ENGENHEIRO DO ANO ENGENHEIRA DO ANO MARIA DAS GRAÇAS FOSTER,PRESIDENTE DA PETROBRAS

E 21º PRÊMIO SME DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO INVISTA EM RELACIONAMENTO

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MESTRES DA ENGENHARIA | JOSÉ OSWALDO RIBEIRO MOREIRA

Professor temido e implacável recebeu ao longo dos 40 anos de docência, o reconhecimento e a admiração dos alunos

O

arquiteto com especialização em

vida real, no dia a dia de trabalho. “Se eles não re-

Urbanismo pela Escola de Arqui-

conhecessem o que eu fiz como algo positivo para

tetura da Universidade Federal

eles, não se lembrariam de mim para as festas

em Minas Gerais (UFMG), José

anuais de bodas de formatura”, afirma. Isso sem

Oswaldo Ribeiro Moreira, 76

contar as vezes em que foi paraninfo das turmas,

anos, um dos mais conhecidos e temidos professores de Cálculo Diferencial e Integral dos últimos 40 anos, é aquele tipo de profissional que não tem medo de ser odiado à primeira vista.

A carreira docente aconteceu sem planejamento prévio. “Na verdade, foi fruto de vocação natural que se manifestou ainda muito jovem quando ele

Prova disso é o rigor que usou desde o início da

cursava o ginasial, e de convites e indicações hon-

sua carreira como professor para avaliar seus alu-

rosas dos maiores nomes da Universidade Mi-

nos nessa e,também, em outras matérias que le-

neira”, define o professor que nunca se viu

cionou. Essa foi a metodologia que usou, também,

impedido de exercer plenamente a profissão para

dentro de casa. O irmão e engenheiro, Antônio

a qual se formou.

Carlos Ribeiro Moreira, sempre conta que a sua preparação para o vestibular foi um livro de exercícios para resolver.

20

ao final do curso.

Em sua trajetória como professor, durante 50 anos de atividades, ele destacou duas instituições. A primeira, a UFMG, na Escola de Arquitetura ele co-

Entre os sobrinhos que tiveram a oportunidade de

meçou como instrutor, passando a assistente de

tê-lo como professor, o engenheiro civil Lucio Oc-

composições de Arquitetura A. Atendendo a um

távio Ribeiro Moreira lembra que experimentou o

pedido do diretor, assumiu também a cadeira de

mesmo rigor dispensado aos demais colegas.

Cálculo Diferencial e Integral/Geometria Analítica.

Sim, o professor José Oswaldo Ribeiro Moreira

A Reforma Universitária levou o professor para o

foi implacável dentro da sala de aula. Ele sabia que,

Departamento de Matemática do Instituto de

com o tempo, a má impressão inicial seria trans-

Ciências Exatas (ICEX-UFMG) onde ensinou Cálculo

formada em admiração, principalmente naqueles

I, II e III, Geometria Analítica/Álgebra Vetorial e

momentos em que o conteúdo fosse exigido na

Equações Diferenciais/Séries. No Departamento


deu aulas das disciplinas de Projeto I e II. Foi aí que prestou concurso público nacional, visando a ascensão profissional na carreira docente, com resultado satisfatório. Pelas mãos do professor Édson Durão Júdice, mestre da UFMG, um dos fundadores da atual FEAFUMEC, ele começou como assistente de Cálculo Diferencial e Integral. Com o afastamento voluntário do titular, assumiu a cadeira, como parte do processo de reconhecimento da instituição

A ultravalorização da titulação e o simultâneo apequenamento da figura do professor são desafios a serem vencidos

de Planejamento Arquitetônico,

peito que sempre tive pela inteligência dos meus alunos. Por crer convictamente em suas potencialidades e pelo amor que sempre lhes dediquei, o que se traduz em enorme preocupação com seu futuro e afirmação profissional”, justifica. Aposentado das salas de aula há três anos, ele continua acompanhando os rumos do ensino superior

de

arquitetura.

engenharia

e

Moreira ressalta

que a ultravalorização da titulação, enquanto a figura do pro-

que formou sua primeira turma já reconhecida pelo

fessor perde importãncia, são desafios a serem

Ministério da Educação (MEC).

vencidos. “É importante valorizar o professor que

O professor também teve turma especial da

se sente bem na sala de aula porque sabe como

matéria que o consagrou no Centro Universitá-

despertar a motivação do aluno, domina a maté-

rio de Belo Horizonte (UNI-BH) no curso de

ria e os segredos de uma aula atraente, pois alia

Arquitetura e, também, nas Faculdades Metodis-

teoria, vivência e prática”, aponta.

tas Izabela Hendrix.

Com agenda cheia, sobretudo de viagens, o profes-

Mas a pergunta volta. Por que o nível e a cobrança

sor deixa escapar que tem saudades da sala de aula.

exigidos dos estudantes? “Por causa do enorme res-

“Muita, de meus alunos”, conclui.

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SUSTENTABILIDADE | ENERGIA

Cemig divulga balanço energético do Estado, com dados entre 1978 e 2010 A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), atra-

De acordo com o documento, petróleo, derivados e gás

vés da Superintendência de Tecnologia e Alternativas

natural apresentam a maior participação na demanda

Energéticas, no âmbito do Conselho Estadual de Energia

total de energia do Estado em 2010, correspondendo a

(Coner), coordenado pela Secretaria de Estado de De-

33,7% do total.

senvolvimento Econômico (SEDE) acaba de lançar a 26ª edição do Balanço Energético do Estado de Minas Gerais – BEEMG, ano base 2010, atualizando série histórica

Em segundo lugar, encontram-se a lenha e seus derivados, que representam 21,4%. Cana-de-açúcar e derivados comparecem com 15,2%, a energia hidráulica com

da matriz estadual, incorporando dados relativos ao

14,6%, carvão mineral e derivados e demais fontes

período de 1978 e 2010.

participam com 12,8% e 2,4%, respectivamente.

O BEEMG é um documento técnico essencial para o

O setor Industrial apresenta a maior demanda de energia

tratamento das questões relacionadas à energia, pois

do Estado, 22.918 mil tEP, que representa 64,0% do total,

apresenta dados importantes para diversos estudos,tais

com aumento de 23,3% em relação a 2009. A demanda

como planejamento do uso integrado de energéticos,

de lenha e derivados representa 29,8% do total da in-

eficiência energética, gestão tecnológica, estudos e ações

dústria, seguida pelo carvão mineral e derivados com

de natureza socioeconômica e desenvolvimento

19,9%, derivados de cana-de-açúcar 17,7%, petróleo, de-

sustentável, dentre outros.

rivados e gás natural, 17,3%, e energia hidráulica e outras

Ao disponibilizar o documento, a Cemig mantém a so-

fontes, com respectivamente, 12,8% e 2,5%.

ciedade mineira informada sobre a evolução da oferta

Lenha, carvão mineral e derivados representam, juntos,

e da demanda de cada um dos energéticos utilizados

49,8% da demanda total do setor industrial do estado.

por diferentes setores e contribui para o desenvolvi-

Isso se deve, principalmente, à representatividade

mento econômico e social do Estado.

das siderurgias no cenário mineiro, grandes consumidoras de carvão vegetal e coque de carvão mineral.

Para se ter uma ideia, a demanda total de energia em Minas Gerais, em 2010, alcançou 35,8 milhões de tone-

O setor Transportes ocupa a segunda posição na energia

ladas equivalentes de petróleo (tEP), valor equivalente

demandada do Estado, sendo que, em 2010, a sua

a 13,2% da demanda total de energia no Brasil. No pe-

d e manda, de 8.404 mil tEP, representa 23,5% da

ríodo entre 1978-2010, cresceu, no Estado, a uma taxa

demanda total.

média de 2,6% ao ano. Já a variação ocorrida no Brasil

Nesse setor, derivados de petróleo e gás natural, não

foi de 3,0% no mesmo intervalo.

renovável, representaram 81,1% seguido por derivados

A importação global de energia pelo Estado em 2010,

22

de cana, que representam 16,1%.

20,5 milhões de tEP, representa 57,3% da demanda total.

Já o setor de serviços, a fonte energética mais usada

Esse elevado montante de importação de energéticos

entre 1996 e 2010 foi à eletricidade. No primeiro ano

em Minas Gerais ocorre em função, principalmente, da

da série, 92,7% e, no último, chegando a 93,1%. Lenha,

necessidade de petróleo e seus derivados e de carvão

gás liquefeito de petróleo e outras matrizes também

mineral.

aparecem no estudo.


Demanda de energia por fonte e por setor • Minas Gerais • 2010

Demanda de energia por fonte e por setor • Minas Gerais • 2010

Evolução da energia produzida por coletores solares, em mil tEP, em relação ao consumo final de energia elétrica de cada setor produtivo mineiro (industrial, comercial, residencial, público, agropecuário e transportes) entre 1995-2010

Estimativa revisada para o mercado mineiro de aquecimento solar

Fonte : CEMIG

O documento completo que é dividido em seis capítulos pode ser acessado também por meio da Internet, no endereço: www.cemig.com.br/Inovacao/AlternativasEnergeticas/Documents/26BEEMGcc.pdf

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Defesa Civil

Ruzimar Tavares ministra palestra na sede da SME

www.petroegas.com.br/noticia

Exploração do pré-sal da Bacia de Santos Mendes Júnior e a OSX assinaram, com o consórcio formado por Petrobras, BG Group e Petrogal Brasil, através de sua subsidiária Tupi BV, contrato para construção do topside e integração de plataformas para a exploração do pré-sal da Bacia de Santos. O projeto abrange a execução de um dos pacotes de Módulos (Pacote I) e da Integração de duas unidades dos FPSOs Replicantes: P-67 e P-70. O empreendimento deve gerar cerca de 3.000 empregos diretos e sua duração é de 60 meses. O início de construção está previsto para fevereiro de 2013.

SME visita Confea em Brasília www.abrecon.com.br

Reciclagem de resíduos na construção civil Ambiência Reciclagem de Resíduos é o nome da nova empresa do Grupo Ambiência, especializado em soluções sustentáveis para construção civil e cidades. Sediado na capital mineira, o núcleo já abriga a Ambiência Soluções Sustentáveis, consultoria em gestão de resíduos e projetos de arquitetura sustentável. O foco inicial da empresa é a transformação de um dos principais resíduos produzido em obras - que até então não tinha reaproveitamento expressivo - a madeira, em insumo para indústrias e mobiliário para empresas em geral.

Normando Virgílio Borges Alves e Alexandre Francisco Maia Bueno

O engenheiro Alexandre Francisco Maia Bueno foi eleito pela diretoria da SME como vice-presidente técnico e responsável pelas Comissões Técnicas (CT’s), juntamente com o engenheiro Normando Virgílio Borges Alves que assume a função de gestor das CT’s. As Comissões têm novo cronograma de funcionamento com reuniões marcadas para a primeira segunda-feira de cada mês, a partir de 18 horas, na sede da SME.

Espaço Hi Tech na Casa Cor Ailton Lobo, presidente da SME, José Tadeu da Silva, presidente do Confea e José Ciro Mota, superintendente da SME

O presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), Ailton Ricaldoni, e o superintendente da entidade José Ciro Mota reuniram-se, em Brasília, com o presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, (Confea), José Tadeu da Silva, para discutir assuntos de interesse da SME e seus associados.

Soluções ecoeficientes A Green Gold Engenharia e Projetos amplia seus negócios e inaugura escritório no Rio de Janeiro, mantendo a área de elaboração de projetos em Belo Horizonte. A empresa especializada na elaboração de projetos de instalações prediais, infraestrutura urbana e condominial, aposta no desenvolvimento da indústria de construção sustentável no país, visando soluções ecoeficientes e de preservação da natureza.

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Comissões Técnicas da SME

A Comissão Técnica de Engenharia de Segurança, presidida pelo engenheiro Silvio Piroli, reúne seus membros para uma palestra do engenheiro e integrante da Comissão, Ruzimar Tavares, sobre o tema "Cultura Prevencionista em Defesa Civil". Em pauta também o texto da Lei 12608 que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC).

A 18ª edição da Casa Cor Minas Gerais 2012 foi sobre o tema “Moda, Estilo e Tecnologia”. O evento realizado no Boulevard Shopping contou com a participação da Patrimar Engenharia que apresentou “Patrimar Hi Tech” um espaço voltado para a tecnologia e inovação, planejado e decorado pelas arquitetas Zilda Santiago e Anamaria Diniz.


21º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação entra na fase de avaliação dos trabalhos técnico-científicos Uma Comissão Especial Julgadora do 21º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação está analisando os trabalhos técnicocientíficos produzidos por estudantes de engenharia, arquitetura e agronomia de Instituições de Ensino Superior (IES) em Minas Gerais. Os aprovados nesta fase serão convocados para a terceira etapa da premiação que deverá ocorrer em novembro próximo. Os vencedores receberão certificados e premiações pecuniárias. Os autores dos trabalhos que tenham se destacado, mas que não ficaram entre os premiados serão prestigiados com menção honrosa. O coordenador do projeto, engenheiro eletricista e professor José Henrique Diniz, destaca que o Prêmio SME de Ciência e Tecnologia é uma iniciativa que visa incentivar a pesquisa no ambiente

José Henrique Diniz,coordenador do Prêmio SME CT&I

acadêmico dos cursos de Engenharia, com foco na aplicabilidade das propostas, bem como na sustentabilidade e no incentivo à criação e à inovação. O 21º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação prevê uma premiação especial para a Instituição de Ensino Superior (IES) que tiver o maior número de trabalhos classificados para a última fase de avaliação. Caso tenha mais de uma instituição de ensino relacionada ao mesmo trabalho, concorrerá somente a instituição do líder do trabalho.

Já foram inscritos mais 1600 trabalhos que obtiveram, além dos prêmios, oportunidades de melhores trabalhos, estágios, bolsas nacionais e internacionais, e também a aplicação prática dos projetos. O Prêmio foi constituído com base em legislação e normas do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CONFEA e do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CREA-MG. Os participantes apresentaram trabalhos técnico-científicos inovadores com o máximo de 50 laudas (páginas) e formatação de acordo com as Normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Guindaste “offshore” Após 24 anos sem fabricação nacional, a Petrobras recebeu o primeiro guindaste offshore, de um lote total de 20 unidades compradas com exigência de conteúdo local mínimo. Destinados às plataformas do pré-sal, além da P58 e da P62, os guindastes serão entregues ao longo dos próximos cinco anos, com índice de conteúdo local crescente de 20% a 65%. Em 2010 foi feita uma licitação internacional com empresas estrangeiras dispostas a produzir os guindastes em solo nacional. A vencedora foi a italiana M.E.P. (Pellegrini Marine Equipment)

Comissão Técnica de Educação em Engenharia A presidente da Comissão Técnica Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz se reuniu com os membros da comissão, no último dia 23 de outubro. Os membros da Comissão, Alessandro Fernandes Moreira, Jaqueline Moreno Theodoro Silva (representada por Eugênia Oliveira Pinto) Léu Soares, Otávio Avelar, Rogério Alexandre Alves de Melo, e Vinicius de Araújo Moreira e Flávio Macedo, debateram temas importantes, a exemplo do impacto do sistema de cotas nas universidades. A presidente acredita que isso acarretará uma mudança no perfil dos estudantes de engenharia e forçar a melhoria das escolas públicas. Outro tema abordado por Flávio Macedo foi “Educação Continuada” para melhorar a falta de competência e empreendedorismo dos engenheiros.

Os integrantes da Comissão de Educação da SME se reuniram para debater temas de interesse da área e dar continuidade ao calendário programado para este ano. Para essa reunião foi convidado o professor Otávio Avelar que ministrou palestra sobre a “Nova Visão do Ensino de Engenharia”

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MERCADO E TENDÊNCIAS I NANOTECNOLOGIA

Empresa mineira com tecnologia de ponta se associa a multinacional m atividade há nove anos, a empresa mineira Nanum Nanotecnologia, legítima representante da indústria química fina – o mais novo capítulo da revolução tecnológica mundial - acaba de assinar contrato com multinacional do setor de tecnologia, com presença em 170 países. O objetivo é fornecer um produto que essa companhia tentava desenvolver há exatos nove anos.

E

Seja por coincidência ou providência, a parceria foi acertada pelo presidente da Clamper Indústria e Comércio S/A e da Nanum Nanotecnologia S/A, Ailton Ricaldoni Lobo, durante encontro com o diretor brasileiro da multinacional, no qual apresentou as tecnologias do grupo formado, também, pela Biometrus Indústria Eletroeletrônica S.A.

26

À frente do projeto que tanto interessou à multinacional está o físico, empresário, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento Tarik Della Santina Mohallem e o engenheiro químico, empresário e diretor de Operações, J. Fernando Contadini. “Contando com o interesse da multinacional no produto, fomos crescendo junto com as exportações que, agora, correspondem a 100% do nosso faturamento. A internacionalização ocorreu de forma natural”, explica Tarik Mohallem. Mas que produto é esse? Trata-se de uma dispersão coloidal paramagnética concentrada em base água, com escala de produção cerca de seis toneladas/ano. No senso comum, uma espécie de tinta magnética que será usada em impressoras. Segundo o empresário, a produção e tecnologias serão concentra-

das em Minas Gerais, com venda para o mercado externo como produto de alto valor agregado. O contrato de produção não é exclusivo, embora o produto seja. Os subprodutos derivados já têm sido produzidos e exportados para o mundo todo, como destaca Contadini. A Nanum não parou aí. Estão em desenvolvimento novas dispersões que originarão tintas anticorrosivas, termocrônicas etc. O sucesso da Nanum Nanotecnologia, para eles, é resultado de ajuda técnica, administrativa e financeira de investidor experiente. Afinal, a empresa que vivenciou a experiência de ser incubada pela Incubadora Habitat, gerenciada pela Fundação Biominas, encontrou na parceria com o setor produtivo, no caso o grupo Clamper, que pretendia ingressar de forma estratégica


aplicação dos materiais, visando o desenvolvimento de novos produtos e no fornecimento futuro desses insumos. “Nosso objetivo é integrar nosso material em veículos de fácil utilização para nossos clientes, em vista da dificuldade em manipular e dispersar materiais nanométricos”.

J. Fernando Contadini diretor de Operações e Tarik Della Santina Mohallem, diretor de P&D da Nanum Nanotecnologia

e estruturada no mercado nanométrico, uma oportunidade de crescimento sustentável. A Nanum® é pioneira na América Latina na produção e comercialização de óxidos metálicos nanométricos. As especialidades da empresa são a Alumina Alfa, Alumina Gama, Óxido de Zinco, Óxido de Magnésio, Óxido de Zircônio, Zircônia estabilizada com Ytria

e Ferrita Magnética. Além disso, a companhia tem know-how para desenvolvimento de diversos outros óxidos metálicos nanoestruturados e para a dispersão desses pós em vários processos industriais e transformação dos mesmos em novos produtos de alto valor agregado. A empresa está preparada para auxiliar parceiros industriais na

O princípio básico de aplicação dos produtos da Nanum® é aumentar a área de contato entre os componentes químicos e, com isso, acelerar as reações. As substituições de componentes químicos em escala micrométrica para a escala nanométrica possibilitam a diminuição da quantidade de matéria prima a ser utilizada ou a melhoria das características físico-químicas dos materiais propiciando a diminuição dos custos ou melhoria da sua performance. Além disso, essa tecnologia é positiva para o meio ambiente, pois a utilização de menor quantidade de óxidos metálicos nos processos industriais resulta na redução da eliminação de poluentes. Em tempo, a nanotecnologia, também chamada nanotech, é o estudo da manipulação da matéria em uma escala atômica e molecular em medidas entre 1 a 100 nanômetros e inclui o desenvolvimento de materiais ou componentes que podem gerar novos produtos ou melhorar outros de áreas como medicina, eletrônica, ciência da computação, física, química, biologia, engenharia de materiais entre outras.

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NOVOS ENGENHEIROS | RODRIGO VASCONCELOS COSTA DE ARAUJO MOREIRA,

Engenheiro de Produção aposta no potencial da carreira que escolheu odrigo Vascon-

áreas tecnológicas para transfor-

com o mercado e oportunidade

celos Costa de

mar o mundo, nas esferas local

de conciliar teoria e prática. Es-

Araujo Moreira,

e/ou global”, resume. Para ele,

pecialmente para o curso de En-

24 anos, é um

atuar na área é ser fator de mu-

genharia de Produção, que é

dos mais novos

danças, algo que passa pela visão

muito amplo, os estágios em

Engenheiros de Produção do

holística dos processos que movi-

áreas tão diferentes me ajuda-

mercado mineiro. Graduado pela

mentam o mundo e as empresas.

ram a construir uma visão sistê-

Pontifícia Universidade Católica

Ao longo dos cinco anos de

mica de uma empresa e definir

de Minas Gerais (PUCMinas) em

curso, ele fez seis estágios. O pri-

as principais áreas com as quais

julho deste ano, ele começou a

meiro na Cablelettra do Brasil.

me identifico”, enfatiza.

planejar a sua carreira durante

Depois na Athos Farma. O

A experiência dos estágios o está

o período da faculdade. Mas

Grupo SOS ele conheceu du-

ajudando a definir melhor seus

tem a certeza de que é o

rante o intercâmbio em Madri, na

planos profissionais. Para Rodrigo

tempo na atividade que vai apri-

Espanha. Completam a lista em-

Moreira, a participação em um

morar a sua definição para a

presas como Accenture, General

programa de trainee está na lista

profissão que escolheu.

Eleric Transportation e Ambev.

dos desafios que pretende en-

“O engenheiro tem que ser capaz

“Entre os pontos positivos, acho

frentar no início da carreira. “São

de utilizar o conhecimento das

importante ressaltar o contato

oportunidades de aprendizado,

R 28


crescimento acelerado e exposi-

Buarque de Holanda, e atualmente

tunidade de participar de um des-

ção a desafios”, resume sem medo.

estou como presidente do CREA-

tes grupos, age pelo coletivo e se

MG Junior, membro do Fórum

vê como ator responsável. Torna-

área de logística da Ambev mas

Mineiro de Jovens Lideranças e

se otimista porque tem a oportu-

tem interesse em trabalhar com

embaixador do CHOICE, que é

nidade de ser o resultado de seus

consultoria e planejamento es-

um movimento de fomento a ne-

desejos e transita por mais grupos

tratégico. Além da parte profis-

gócios sociais no Brasil. Além de

do que a média dos jovens. Cata-

sional, ele participa de diversas

desenvolver o networking, partici-

lisa ideias e as redistribui, conec-

entidades, como a Sociedade Mi-

par destas atividades me possibi-

tando redes e pessoas, gerando

neira de Engenheiros (SME) e foi

litou colocar minhas ideias em

um novo tipo de influência. Esse

professor voluntário de em-

prática e completar minha for-

jovem “transformador” é o elo de

preendedorismo.

mação”, ressalta.

uma rede de formação de novos

“Já frequentei diversos eventos da

Para Moreira, a experiência asso-

SME. Também fui presidente do

ciativista é importantíssima, não

Solteiro, ele é adepto das caval-

Núcleo Mineiro de Estudantes de

apenas para a carreira, mas para a

gadas e pratica hipismo rural. Mas

Engenharia de Produção, profes-

vida de jovens que querem ter

reserva tempo na agenda para

sor voluntário de empreendedo-

algo a mais que uma frase escrita

assistir a bons filmes e sair com

rismo na Escola Municipal Aurélio

no currículo. “Quem tem a opor-

os amigos.

Atualmente, o engenheiro está na

valores e novas atitudes”, projeta.

29




RESPONSABILIDADE SOCIAL | SEGURANÇA DO TRABALHO

Prevenção de acidentes é desafio para empresas e trabalhadores

32

Apesar de possuir Norma Regu-

consegue, sozinha, cumprir essa

dústria da Construção Civil no Es-

ladora própria – a NR 18 – com

recomendação legal que, diaria-

tado de Minas Gerais (Seconci-

diretrizes de ordem administra-

mente, gera notificações e autua-

MG) possui o seu Departamento

tiva, de planejamento e de orga-

ções às empresas do setor.

de Segurança do Trabalho com seis

nização que visam implementar

Na prática, não adianta apenas for-

engenheiros de Segurança, 10

medidas de controle e sistemas

necer os equipamentos de prote-

técnicos de Segurança e pessoal

preventivos de segurança nos

ção individual (EPI), já que o

administrativo. Atualmente, o Se-

processos, condições e, também,

importante é que eles sejam utili-

conci-MG atende a 10 mil traba-

no meio ambiente de trabalho, a

zados da forma correta. Criado

lhadores ao mês, encaminhados

indústria da construção civil não

em 1992, o Serviço Social da In-

pelas empresas associadas.


A supervisora da área e engenheira agrimensora graduada pela Faculdade de Engenharia de Minas Gerais (Feamig), Andreia Kaucher Darmstadter, ressalta que a oferta desse tipo de programa de treinamento é parte das exigências da NR-18, não apenas para capacitar as pessoas mas, para mudar a cultura sobre prevenção e segurança no trabalho nos canteiros de obras. “Estamos lidando com a natureza do ser humano, com questões comportamentais”, enfatiza. De acordo com a NR-18, os treinamentos admissionais e periódicos são para garantir a execução das atividades com a devida segurança. Entre os temas abordados estão inAndreia Kaucher Darmstadte engenheira agrimensora pela Feamig

formações sobre as condições e meio ambiente de trabalho e dos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), riscos inerentes a função e uso adequado dos Equipamentos de Proteção Individual – EPI.

Os treinamentos devem ser ministrados sempre que a empresa julgar necessário e, ainda, ao início de cada fase da obra. Os trabalhadores devem receber cópias dos procedimentos e operações a serem realizadas com segurança. Na prática, não é porque um funcionário é antigo na empresa ou tem grande vivência no canteiro de obra que pode se isentar do uso dos equipamentos de proteção. “O nosso trabalho aqui é para mostrar a importância da prevenção e comprometer todos, pois sabemos que o que acontece nos canteiros é um reflexo do comportamento da sociedade, no que se refere a segurança e prevenção”, pontua a engenheira. Mais uma vez, o trabalho do Seconci-MG visa quebrar resistências e promover a mudança de cultura dos trabalhadores da indústria da construção civil. Ela lembra que é na falsa sensação de segurança que as pessoas se perdem. Nesse sentido, o uso dos EPI deve ser de forma correta.

33


RESPONSABILIDADE SOCIAL | SEGURANÇA DO TRABALHO

O coordenador da Comissão Téc-

ocorrências, como explica a

nica de Engenharia de Segurança

c o o rdenadora do programa

da Sociedade Mineira de Engenhei-

MINERAÇÃO do Instituto Brasi-

ros (SME), Silvio Pirolli, afirma que

leiro de Mineração (IBRAM), Cláu-

as empresas têm registrado signi-

dia Pellegrinelli. “Há um conflito

ficativos progressos no campo da

entre a produção crescente e o

segurança do trabalho e saúde

risco de acidentes de trabalho.

ocupacional, com ênfase nas mé-

A demanda sobre os trabalhado-

dias e grandes corporações. Ele

res é muito grande”, reconhece.

tério do Trabalho e Emprego

Por isso o cuidado deve ser redo-

Cláudia Pelegrinelli, coordenadora do Programa MINERAÇÃO do IBRAM

(MTE) acompanha a rotina da in-

brado. Segundo a gestora, o su-

pequeno porte. De forma volun-

dústria da construção de perto,

cesso de um programa como o

tária, as organizações,também,

com direito a autuações e multas.

MINERAÇÃO, que foi concebido

mantém o MINERAÇÃO finan-

a partir das demandas do setor,

ceiramente. Uma demonstração

depende da participação ativa dos

clara de que elas assumiram a

funcionários. “A tendência é que

responsabilidade pelo tema.

lembra que a fiscalização do Minis-

as pessoas tenham nível intelectual mais desenvolvido, o que permite buscar resultados melhores da forma adequada, o seja mais segura. Como elas têm discernimento, conseguem se preocupar também com a qualidade de vida”, aponta. Silvio Pirolli, coordenador da Comissão Técnica de Engenharia de Segurança da SME

34

O resultado do programa foi a criação de fóruns de discussão sobre o tema, com direito a compartilhamento das boas práticas já testadas e adotadas e, ainda, a abordagem dos casos de acidentes.

Nesse caso, a segurança

vence a distância mantida entre O programa foi montado a partir

os concorrentes. “Não é um as-

de 2007 e lançado oficialmente

sunto simples, pois envolve um

no ano passado. Com 1 ano e

processo de mudança cultural

Atentos também às repercussões

meio de funcionamento, a inicia-

dos gestores e dos trabalhadores

negativas de um acidente, a mine-

tiva já congrega 23 empresas do

da operação. Tudo passa pelo con-

ração é um setor que está se mo-

setor mineral, desde as gigantes

vencimento das pessoas”, ressalta

bilizando para minimizar tais

multinacionais até companhias de

Cláudia Pelegrinelli.



ENTREVISTA | MAURÍCIO ROSCOE

Maurício Roscoe é um exemplo para a história da engenharia brasileira

A

sabedoria popular reza que, para

tria da construção civil o levou à presidência do

marcar o nome na história, uma pes-

Sindicato da Indústria da Construção Civil em

soa tem que fazer três coisas em

Minas Gerais (Sinduscon-MG) e da Câmara Bra-

sua vida. A primeira delas é plantar

sileira da Indústria da Construção (CBIC). Ele

uma árvore. A outra, não menos im-

também presidiu a União Brasileira para a Qualidade

portante, é ter filhos. A última, escrever livros. No caso dos engenheiros, essa lógica bem que poderia ser modificada, já que esses profissionais, além das árvores, têm oportunidades de cobrir a terra por obras as mais variadas.

Maurício Roscoe também foi vice-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e presidente do Conselho Econômico da instituição. Pertenceu aos Conselhos da Fundação Cris-

Pai de família, empresário quando o Brasil ainda en-

tiano Otoni da Escola de Engenharia da UFMG, da

frentava a inflação e grande instabilidade econômica,

Sociedade Mineira de Engenheiros, do Serviço Na-

líder da construção civil em Minas Gerais e, também

cional da Indústria (Senai), da Pontifícia Universi-

no Brasil e, ainda, escritor, mineiro de Belo Hori-

dade Católica de Minas Gerais (PUCMinas) e da

zonte, o engenheiro civil graduado pela Universi-

Fundação Dom Cabral (FDC).

dade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maurício Roscoe, 83 anos, é um homem que já tem o seu nome escrito na história.

36

(UBQ-MG). ´

Engenheiro, ele também dedicou-se às letras, tendo assinado os livros “A Evolução Humana – alguns gargalos e muitas oportunidades”, “Anotações

A construtora chegou a ter 6 mil empregados. A

sobre a inflação brasileira” e “A Borboleta Azul”,

preocupação com o desenvolvimento da indús-

obra destinada a crianças de todas as idades.


O início de minha empresa foi com apenas uma sala e um auxiliar administrativo, no que se usava chamar de Escritório Central. O restante dos recursos ficava nas obras. Uma das primeiras foi a execução das fundações profundas do estádio “Mineirão”.

Engenheiro, empresário, líder do setor em que atua

mais oportunidades de nos desenvolvermos juntos.

e escritor. Quem é o Dr. Maurício Roscoe? O que é a Engenharia para o Sr.? Sempre desempenhei todos estes papéis com entusiasmo e otimismo. Acredito que, apesar das apa-

A engenharia é a ciência e arte de fazer. Como parte

rências, existe ordem no universo e a evolução

da tecnologia, desenvolveu-se mais depressa que as

humana é um fato observável, na história e em nos-

ciências humanas e sociais. Mas precisa profunda-

sas vidas.Procuro falar sobre isso em meu livro: “A

mente dessas últimas, especialmente das ciências ge-

Evolução Humana – alguns gargalos e muitas opor-

renciais e organizacionais e, porque não, da boa

tunidades”.

ciência política, para poder realizar bem as grandes

Como engenheiro e empresário, consegui desen-

obras de que precisamos ainda.

volver uma equipe que realizou importantes obras

A engenharia, ajudada pelas outras ciências, tem o

nos campos da siderurgia, metalurgia, mineração,

potencial para construir um paraíso na terra. E um

fertilizantes, alimentos, cimento, papel e celulose,

dia o faremos, quando melhorar nossa habilidade de

químico, petroquímico e indústria de transforma-

percepção.

ção, em todo o país. O Sr. construiu uma grande empresa de engenharia. Como líder empresarial, sempre lutei pela busca de

Como foi o início dessa história?

uma visão mais global na dinâmica das ações humanas, mesmo no âmbito dos interesses setoriais. Pre-

Trabalhei, antes, na empresa do meu irmão, João Roscoe,

cisamos de ter o que chamo de um “egoísmo

e pude ver o grande potencial de uma empresa que de-

inteligente”: se o Brasil evoluir bem, todos teremos

dique atenção à formação das pessoas e à organização.

37


ENTREVISTA | MAURÍCIO ROSCOE

O início de minha empresa foi com apenas uma sala e

visão de mundo positiva e uma filosofia como base

um auxiliar administrativo, que se usava chamar de Es-

de tudo que fez. Os desafios foram muitos: inflação,

critório Central. O restante dos recursos ficava nas

instabilidade política, descontinuidades no processo

obras. Uma das primeiras foi a execução das fundações

da gestão pública e outros. Um grande, mas de

profundas do estádio “Mineirão”.

ordem interna, já superado, foi o da sucessão.

Houve momentos difíceis? Quais?

Um empreendedor não para. Quais as outras

Certamente, e muitos. Só para citar um exemplo:

empresas que trazem a marca de Maurício Roscoe?

em 1978 estávamos executando obras na constru-

Uma delas é a Planar – Logística e Equipamentos.

ção da Açominas. Tínhamos no canteiro de obra

Mas seu crescimento é fruto mais do trabalho,

mais de 2 mil colaboradores, além dos equipamen-

coragem e competência de meu filho Maurício, seu

tos e demais recursos necessários. Os pagamentos

atual dono e principal gestor, do que mérito meu.

das faturas, pela Açominas, vinham ocorrendo rigorosamente em dia, até então.

O Sr. continua trabalhando? Por quê? Onde?

Em outubro daquele ano a contratante chamou

Sim, claro, mas bem mais de leve. Em coisas de que

todas as empresas que trabalhavam no canteiro de

gosto. Trabalho porque é ótimo trabalhar em coisas

obras e informou que havia ocorrido um problema

de que gostamos. Dou ainda uma pequena e muito

em relação ao BNDS. Teriam, por isso, que suspen-

discreta ajuda nos negócios. Mas minha atividade

der os pagamentos até o dia 23 de março do pró-

principal é estudar e pesquisar sobre assuntos de

ximo ano, mas pediam que buscássemos dinheiro

que gosto. Evolução, pensamento sistêmico, ma-

junto aos bancos e continuássemos com as obras

croeconomia, novos paradigmas em educação, etc.

no mesmo ritmo. E assim fizemos. Só que o dinheiro não saiu no prazo combinado, e uma boa parte dele não veio nunca. Como o Sr. venceu os períodos adversos? Uma boa filosofia de vida ajuda sempre. Acredito

adquirida pelos engenheiros seniores? Como? Acredito que sim. Especialmente como consultores. O que o Sr. diria para um jovem engenheiro?

em Deus e numa ordem no universo, mas também

Procure continuar estudando, ao longo de toda a

com atitudes corajosas de trabalho, economia e

vida, principalmente os assuntos com que estiver li-

perseverança.

dando no momento. Procure também ler e estudar

Fale um pouco da MRoscoe e do seu maior desafio em 55 anos. A MRoscoe sempre foi uma empresa que teve uma

38

O mercado da Engenharia tem valorizado a experiência

outros assuntos não apenas técnicos: Se gostar, estude gestão e organização. Procure ampliar sua intuição e visão sistêmica. Não se abstenha de observar e pensar por conta própria.


A qualidade é um objetivo a ser buscado de modo permanente. Uma das premissas é a de que se pode sempre e continuamente melhorar, assim como a qualidade das pessoas, dos equipamentos e dos processos de execução.

Como o Sr. vê o atual momento da Engenharia no

sempre e continuamente melhorar, assim como a

Brasil, depois de décadas sem perspectiva?

qualidade das pessoas, dos equipamentos e dos processos de execução.

Para poder melhor aproveitar todas as enormes oportunidades da Engenharia é importante pensar-

Onde estão as oportunidades e os gargalos da

mos na necessidade de mudarmos alguns paradig-

Engenharia Civil Industrial?

mas e costumes que estão obsoletos. É necessária uma evolução da mentalidade: mudar de uma visão hoje muito mais fragmentada, para uma visão mais holística e sistêmica do universo, em benefício de cada um, de cada empresa e do país.

Os novos paradigmas estão na busca, junto com os clientes, de uma abordagem mais global e orgânica do processo, de modo integrado. Os gargalos estão na visão e na abordagem de modo fragmentado. Todos têm que ter a percepção de que o bom an-

Quando o país cresce as oportunidades crescem para

damento dos negócios depende do bom funciona-

todos. A confiança, sem ingenuidades, traz dinamismo

mento do país que depende de uma inteligente

para a economia. A desconfiança gera burocracia, em-

colaboração de todos.

perra as obras governamentais, cria antagonismos e

Devemos acompanhar o bom momento de desen-

desperdícios. Mais ética poderia melhorar o dinamismo

volvimento do país, acreditando na potencialidade

e a produtividade global. É uma questão de evolução

das pessoas e na melhoria de nosso arcabouço ins-

da percepção e da mentalidade.

titucional, buscando, em todos os níveis da atividade

E a qualidade na construção civil industrial? É sonho ou realidade?

produtiva, ter uma visão mais global, orgânica e sistêmica da dinâmica econômica e social. Os gargalos adviriam do retrocesso dessa estratégia de melhoria

A qualidade é um objetivo a ser buscado de modo

evolutiva: continuar com a visão fragmentada do

permanente. Uma das premissas é a de que se pode

complexo universo das ações humanas.

39


ARTIGO | TRANSPORTE RODOVIÁRIO

Logística multimodal e as concessões de rodovias À época da concessão para a ini-

res públicos ou privados. Em

ocorre nos outros modos de

ciativa privada dos aeroportos de

oposição, a rede rodoviária é tra-

transporte, sente-se a dificul-

Guarulhos, Brasília e Viracopos, fui

dicionalmente custeada pelo di-

dade em se definir de quem

questionado por um amigo se a

nheiro

de

cobrar as devidas melhorias, e a

medida traria um pedágio também

impostos, pagos por toda a socie-

verba disponível para o setor

aos aeroportos. Para o seu es-

dade, sem distinção.

nem sempre termina nos proje-

panto, respondi que, na verdade, já pagamos pedágio nos aeroportos,

através

Com esse sistema, criam-se sub-

tos devidos.

sídios ao transporte de carga ro-

Neste contexto, o governo fede-

doviário, já que, enquanto o custo

ral lançou, em setembro de 2012,

De fato, embora o pedágio rodo-

incorrido pelo embarcador ferro-

um pacote para a concessão de

viário ainda cause resistência, ele

viário é repassado ao mesmo, o

7,5 mil quilômetros de rodovias,

está longe de ser uma exceção.

caminhoneiro divide sua conta

que inclui alguns dos principais

Quando o assunto é infraestru-

com a sociedade. Essa opção, no

eixos do país. Além de desonerar

tura, a norma é a situação contrá-

entanto, cobra um preço cres-

o poder público, a ação estabe-

ria. Com efeito, os sistemas

cente, na medida em que esse de-

lece oportunidades iguais aos

essenciais de distribuição de água

sequilíbrio logístico demanda

modos de transporte, abrindo ca-

ou energia cobram dos seus

investimentos cada vez maiores

minho para o processo de plane-

usuários, conforme o uso. No

em manutenção e aumento de

jamento multimodal, isto é, a

setor de transportes, os aeropor-

capacidade, que parecem nunca

integração racional em uma única

tos, portos, ferrovias, dutos e ter-

ser capazes de desatar os nós da

cadeia logística de diferentes

minais intermodais cobram pelo

malha brasileira. Além disso, sem

modos de transportes, fazendo

seu uso diretamente ao em-

um operador claro para a infra-

uso do potencial e das vantagens

barcador, financiando operado-

estrutura

oferecidas por cada um.

sob o nome “taxa de embarque”.

40

arrecado

rodoviária,

como


Para cada R$ 1,00 dispendido pelo usuário em pedágio nas rodovias avaliadas, entre R$ 1,03 e R$ 1,07 retorna na forma de serviços e redução de custos operacionais, especialmente para os caminhões e ônibus.

Em um programa de concessão, as

Engenheiro Civil (UFMG) e Mestre em

rodovias passam a ser encaradas

Engenharia de Transportes pela USP e dire-

sob uma nova ótica: projetos de en-

tor da Transitus Engenharia de Transporte

genharia que englobam não só os tradicionais serviços de construção e manutenção corretiva, como também os trabalhos adicionais de aten-

MIT (Massachusetts Institute of Tech-

dimento

mecânico,

nology) e calibrado em países em

conservação e operação de trânsito,

desenvolvimento, incluindo o Brasil,

prestando um serviço ao seu usuá-

o modelo é capaz de relacionar as

médico

e

rio. Nesse sentido, em dois estudos divulgados este ano, foram avaliados os programas de concessão dos estados do Paraná * e São Paulo **, sob a ótica do usuário. A análise se

condições das estradas com custos aos usuários. Confirmando estudos anteriores, concluiu-se que, em média, para cada R$ 1,00 dispendido

Prover o Brasil de infraestrutura adequada com o uso dos recursos disponíveis é o desafio que se coloca não apenas aos líderes políticos, como também aos profissionais que atuam nas empresas públicas e

baseou no Highway Development &

pelo usuário em pedágio nas rodo-

Management – HDM-4, software

vias avaliadas, entre R$ 1,03 e R$

idealizado e financiado pelo Banco

1,07 retorna na forma de serviços e

mento inteligentes tem o potencial

Mundial para auxiliar países em de-

redução de custos operacionais, es-

de desatar os nós que emperram o

senvolvimento na formulação de

pecialmente para os caminhões e

desenvolvimento do país, ajudando

projetos, programas e estratégias de

ônibus.Vale notar que não foram in-

a aumentar, potencialmente, a renda

investimentos em rodovias. Desen-

cluídos nessa conta ganhos de

e o padrão de vida dos seus habi-

volvido por instituições como o

tempo, conforto ou confiabilidade.

tantes.

* TECTRAN (2012) Avaliação de Custo/Benefício para os Usuários de Rodovias do Programa de Concessão de Rodovias do Estado do Paraná (PCRPR), Transitus Engenharia de Transporte Ltda., Belo Horizonte, MG.

privadas nacionais. A promoção de projetos e estratégias de investi-

** TECTRAN (2012) Avaliação de Custo/Benefício para os Usuários de Rodovias do Programa de Concessão de Rodovias doEstado de São Paulo (PCR-SP), Transitus Engenharia de Transporte Ltda., Belo Horizonte, MG.




ESPECIAL CAPA | NOVO CÓDIGO CT&I

Projeto de lei em tramitação propõe mudança no cenário da pesquisa no Brasil Entre 2011 e este ano, o Brasil subiu cinco posições no relatório anual do Fórum Econômico Mundial sobre a Competitividade Global, pasMário Neto Borges, Presidente da Fapemig

sando da 53ª para a 48ª posição, em uma listagem de 144 economias. O país passou a fazer parte do grupo das 50 economias mais competitivas, tendo sido elogiado pelo uso cada vez maior da tecnologia da informação e de comunicação e, ainda, pela ampliação do acesso a financiamentos para projetos de pesquisa. O documento divulgado em setembro último ressalta que, entre os países do bloco BRIC – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, a economia nacional foi a única que registrou avanço em relação ao ano anterior por causa da melhoria das condições macroeconômicas e do seu mercado interno, o sétimo do mundo.

44

Mudar essa realidade passa, de forma obrigatória, por pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e inovação, desafios que o Brasil pretende vencer para tornar-se mais competitivo. Para quem milita nessas áreas consideradas nobres, há uma luz forte no final do túnel. O projeto de lei nº 2177/11 (PL), que está em tramitação no Congresso Nacional, pretende regulamentar artigos

No entanto, o Brasil ocupa posições muito com-

constitucionais ao instituir o Código de Ciência,

prometedoras na avaliação de empresários sobre

Tecnologia e Inovação, para capacitar, aumentar

eficiência do governo (111º) e confiança em po-

a autonomia tecnológica e promover o desenvol-

líticos (121º). O excesso de regulação governa-

vimento industrial do país.

mental (144º), juntamente com o desperdício do

De acordo com o presidente da Fapemig, enge-

setor público, a dificuldade em empreender e a

nheiro eletricista formado pela Pontifícia Univer-

alta carga tributária são problemas que compro-

sidade Católica de Minas Gerais (PUCMinas),

meteram o resultado final.

mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade


Federal de Minas Gerais (UFMG), doutor em

O resultado dessa falta de regras claras é que

Educação para a Engenharia na Inglaterra e

o setor de pesquisa, segundo Borges, funciona

professor de Engenharia há 30 anos, professor

mais na base da persistência dos pesquisadores

Mário Neto Borges, o Código é tudo que o

frente a um sistema altamente burocrático e à

Brasil quer, precisa e sabe como fazer, mas

escassez de recursos financeiros para o desen-

não faz.

volvimento de projetos, apesar dos aumentos

Transformar o documento em legislação na-

registrados nos últimos anos. O Brasil investe

cional é o que garantirá a sua eficácia. Dife-

1,15% do PIB em CT&I. “Inovação é fator de

rente do passado, essa proposta conseguiu

competitividade”, ressalta o professor.

reunir quatro instituições científicas de

Despertar o interesse de novos pesquisadores

grande relevância – Academia Brasileira de

também é um desafio para o país. Com tantas

Ciência (ABC), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Conselho dos Secretários Estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação (CONSECTI) e, ainda, as Fundações de Amparo à Pesquisa, como é o caso da Fapemig, que está comemorando 25 anos. Também aderiram à proposta associações que representam os reitores de universidades públicas federais (Andifes), e, também, as estaduais e municipais (ABRUEM). O setor produtivo, por sua vez, está representado pela Associações Nacionais de Entidades Promo-

dificuldades, essa profissão acaba restrita a poucos. Segundo o gestor, a solução para esse problema passa pela reformulação da educação básica, que apesar de universal, ainda impede que os estudantes cheguem à universidade. Em outra frente, a população também não se interessa pelo ramo que parece estar sempre longe, praticamente em um mundo paralelo. “O telefone celular é a prova de que CT&I estão mais perto das pessoas que elas pensam”, afirma.

toras de Empreendimentos Inovadores

Segundo Borges, o novo Código será um par-

(ANPROTEC), de Pesquisa e Desenvolvi-

ceiro da Engenharia, a profissão capaz de

mento de Empresas Inovadoras (AMPEI) e a

transformar conhecimento desenvolvido na

Confederação Nacional da Indústria (CNI).

pesquisa em resultados de interesse para a

Mario Borges enfatizou que “O arcabouço

sociedade, na forma de produtos, resultados

legal que rege a atividade é fragmentado. A le-

e riquezas. “Nós ainda carecemos de formar

gislação é inadequada para fiscalizar e impede

mais engenheiros porque o número atual está

o avanço da ciência brasileira em resultados

abaixo da necessidade de transformar conhe-

e velocidade necessários”. Por isso, o Código

cimento em resultado”, alerta. Anualmente, o

será uma espécie de constituição da CT&I, um

país gradua 41 mil novos profissionais da área.

antigo sonho que está prestes a se realizar.

Na Coréia são 80 mil.

45


ESPECIAL CAPA | NOVO CÓDIGO CT&I

O PROJETO

O presidente da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), engenheiro eletricista pela Universidade Federal de Minas Gerais, especialista em Materiais pela Universidade Federal do Paraná e mestre em Materiais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ) e diretor da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), Marcílio César de Andrade, é outro entusiasta do PL nº2177/11. “Apesar da qualidade de diversas universidades e centros de pesquisa e desenvolvimento, da capacidade inovadora de várias empresas e das recentes políticas públicas de fomento, indução e incentivo, ainda, estamos aquém do necessário para dar suporte ao processo de desenvolvimento nacional”, justifica.Um dos principais entraves apontados por cientistas e pesquisadores, segundo Andrade,

46

é a complexidade da legislação

senvolvimento de novos pro-

vigente que, apesar dos avan-

dutos ou processos, com base

ços contidos nas leis federais

na aplicação sistemática de co-

de licitações, de Inovação e do

nhecimentos científicos e tec-

Bem, ainda está aquém do dina-

nológicos e na utilização de

mismo e da realidade do setor.

técnicas consideradas avança-

Neste aspecto, um grande mé-

das ou pioneiras.

rito do PL é a busca da unificação das normas ligadas à CT&I, o que facilitará não apenas o entendimento e a aplicação de regras estabelecidas para essa área, mas também auxiliará na

De acordo com o gestor, a regra vale também para Fundação de Apoio, criada para dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e extensão e de desen-

padronização de procedimen-

volvimento institucional, cientí-

tos e nomenclaturas.

fico, tecnológico e de inovação de interesse das ECTIs, regis-

Algumas questões tratadas no PL são interessantes, como a consolidação de determinados conceitos voltados para a área.

trada e credenciada nos Ministérios

da

Educação

e

da

Ciência e Tecnologia.

Um exemplo é a Entidade de

Outros pontos abordados

Ciência, Tecnologia e Inovação

pelo PL deverão trazer grandes

(ECTI), como órgão ou enti-

benefícios aos centros de pes-

dade pública ou privada, com

quisa, tanto públicos quanto

ou sem fins lucrativos, legal-

privados. Entre eles está a pos-

mente constituído, que tenha

sibilidade da União, Estados,

por missão institucional, obje-

Distrito Federal, Municípios e

tivo social ou estatutário, o de-

de suas respectivas agências de


Marcílio César de Andrade engenheiro eletricista, presidente do CETEC e diretor da SME

fomento estimularem e apoiarem

O gestor destaca, ainda, a per-

máquinas, equipamentos, apare-

a constituição de alianças estraté-

missão para que ítens públicos

lhos e instrumentos, partes e

gicas e o desenvolvimento de

possam, mediante remunera-

peças de reposição, acessórios,

projetos de cooperação, envol-

ção e por prazo determinado,

matérias-primas e produtos inter-

vendo empresas nacionais e inter-

compartilhar a utilização de la-

mediários, destinados à pesquisa

nacionais, ECTIs e organizações

boratórios, equipamentos, ins-

científica, tecnológica e inovação

de direito privado para formação

trumentos, materiais e demais

é outra ganho importante.

de recursos humanos, pesquisa e

instalações com ECTIs priva-

Há benefícios também para os

desenvolvimento de produtos e

das em atividades voltadas à

pesquisadores. Um deles é a

processos inovadores.

inovação tecnológica. Existe a

permissão para que o servidor

possibilidade de celebrar acor-

ou o empregado público envol-

dos de parceria para realização

vido na prestação de serviços

de atividades conjuntas de pes-

possa receber retribuição pe-

quisa científica e tecnológica e

cuniária, diretamente da ECTI

desenvolvimento de tecnolo-

pública ou fundação de apoio

gia, produto ou processo, de-

com que esta tenha firmado

verá racionalizar a utilização da

acordo, sob a forma de adicio-

infraestrutura física e dos re-

nal variável.

A possibilidade da Finep, como secretaria executiva do FNDCT, o CNPq, a CAPES, as FAPs e demais agências de fomento poderem

celebrar

convênios

e

contratos, por prazo determinado, com as fundações de apoio, com a finalidade de dar suporte às IFES e demais ECTIs públicas,

cursos humanos existentes.

Da mesma forma, a garantia, ao

inclusive na gestão administra-

A isenção dos impostos de im-

criador, de participação mínima

tiva e financeira dos projetos,

portação e sobre produtos indus-

de 5% (cinco por cento) e má-

deverá facilitar o acompanha-

trializados, e do adicional ao frete

xima de 1/3 (um terço) nos ga-

mento e agilizar o desenvolvi-

para renovação da marinha

nhos econômicos, auferidos

mento de projetos.

mercante nas importações de

pela ECTI pública, resultantes


ESPECIAL CAPA | NOVO CÓDIGO CT&I

de contratos de transferência

para a execução de projetos de

pecializada, fato preocupante

de tecnologia e de licencia-

pesquisa ou de desenvolvi-

para o desenvolvimento de de-

mento para outorga de direito

mento

assim

terminados segmentos indus-

de uso ou de exploração de

como atividades de extensão

triais do país, como explica

criação protegida da qual tenha

inovadoras e transferência de

Andrade. A ampliação e a exce-

sido o inventor, obtentor ou

tecnologia, isentas do imposto

lência do Sistema de CT&I no

autor dará uma nova configura-

de renda e sem integração à

País também são fundamentais

ção na relação com as ECTIs

base de cálculo da contribuição

para o desenvolvimento de

deve funcionar como incentivo

previdenciária.

produtos

para os pesquisadores.

competitivos

em

O setor produtivo nacional

nível mundial.

A possibilidade de completo

também tem muito a ganhar

De certa forma, o CETEC já

afastamento do pesquisador

com o incentivo à PD&I. Além

vem atuando com base em al-

público para a prestação de co-

de ser beneficiado direta-

gumas diretrizes projetadas no

laboração a outra ECTI, pública

mente, a partir dos incentivos

PL, ou seja, com foco em traba-

ou privada sem fins lucrativos,

a serem repassados às ECTIs

lhos de P&D, na prestação de

observada a conveniência da

privadas, com ou sem fins lu-

serviços técnicos e tecnológi-

ECTI de origem ou, mesmo

crativos, a maior agilidade e fle-

cos de referência, e em exten-

sob regime de dedicação ex-

xibilidades das ECTIs públicas

são tecnológica, trabalhando

clusiva, poder participar na

terá reflexos nas atividades

em parceria com outras insti-

execução de projetos que en-

desse ramo. Ampliação de par-

tuições similares, universidades

volvam sua ECTI ou exercer

cerias, investimentos em pes-

e empresas públicas e privadas,

atividades remuneradas de pes-

quisa, agilidade na prestação de

contando sempre com o apoio

quisa e inovação em ECTIs pri-

serviços especializados e na

das agências de fomento esta-

vadas, desde que sem prejuízo

conclusão de pesquisas com

duais e federais. “A assinatura

das atividades de ensino e pes-

foco em resolução de proble-

de um convênio de coopera-

quisa, abre novas oportunida-

mas específicos, aumento do

ção com a FIEMG e o SENAI,

des para esses profissionais.

faturamento e da competitivi-

realizado no ano passado já al-

dade das empresas são resulta-

terou o movimento da Institui-

dos esperados.

ção e é esperado que, com a

bolsas destinadas à formação e

Para as Engenharias, os incenti-

aprovação do Projeto de Lei

capacitação de recursos huma-

vos oferecidos aos profissio-

2177/2011,

nos e à agregação de especia-

nais podem reverter o cenário

novas oportunidades de traba-

listas em ECTI, que contribuam

de carência de mão de obra es-

lho para o CETEC”, prevê.

Da mesma forma, o PL prevê a permissão para concessão de

48

tecnológico,

surjam

outras


Benjamin Rodrigues de Menezes, diretor da Escola de Engenharia da UFMG

ESCOLAS O diretor da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, Benjamin Rodrigues de Menezes, está otimista em relação ao PL, principalmente no que se refere à garantia da agilidade dos projetos de pesquisa. “A burocracia do governo federal é muito grande. No caso da compra de equipamentos, se especificamos pouco, corremos o risco de comprar qualquer coisa. Se especificamos muito, eles entendem que estamos beneficiando um fornecedor e o processo é travado”, critica. Esse é apenas um exemplo do que o professor acompanha no seu dia a dia como gestor da Escola de Engenharia. Para ele, o excesso de fiscalização é outro problema que compromete a atividade de CT&I, gerando prejuízo incalculável para o país. O chefe do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto, Issamu Endo, também é defensor da proposta do Código Nacional de Ciência, Tecnologia e

Um ganho, para o professor, é que as instituições de pesquisa não precisarão mais cumprir todas as diretrizes da Lei de Licitações, o que facilitará o acesso a biodiversidade brasileira para fins de pesquisa biológica,bem com flexibiliza o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos, em especial o regime de dedicação exclusiva de pesquisadores vinculados a entidades públicas de pesquisa. “É notável o esforço da academia e das instituições científicas, das entidades de fomento à pesquisa e do Estado em criar uma legislação em um setor que possui dinâmica própria. Entretanto, o maior entrave ainda não foi delineado: o aporte de pesquisadores, que no nosso sistema seria criar mecanismos para dotar as universidades de um quadro maior de docentes. Adicionalmente, nos últimos 13 anos o Brasil investiu maciçamente em pesquisa patrocinada pelos Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia, instrumentos de financia-

Inovação. “O projeto de lei vem dar vida aos

mento de projetos de pesquisa, desenvolvimento

artigos da Constituição, de 1988, que estabe-

e inovação, em especial para a montagem de la-

lecem que ao Estado cumpre promover e in-

boratórios de pesquisa nas universidades. Entre-

centivar o desenvolvimento científico, a

tanto, o aporte de técnicos de nível médio e

pesquisa, a capacitação tecnológica para a so-

superior para operarem nos laboratórios de pes-

lução de problemas brasileiros e para o de-

quisa das universidades tem sido irrisórios, ou

senvolvimento do sistema produtivo nacional

quase nulos. Laboratórios necessitam de pesqui-

e regional, de forma a promover a autonomia

sadores e operadores. O problema vital chamado

tecnológica do país.

recursos humanos foi postergado”,conclui.

49


LEGADO SME

Adolpho Portella priorizou a formação e o lazer dos engenheiros mineiros Formado em Engenharia Civil pela Escola de En-

A gestão de Portella foi marcada pela experiência

genharia Civil da Universidade Federal de Minas

que ele adquiriu no mercado. Em 1960, ele fun-

Gerais- UFMG, em 1959, Adolpho Portella, teve

dou a Delfos Engenharia e foi, também, responsá-

o seu primeiro contato com a Sociedade Mineira

vel técnico por obras realizadas em Minas Gerais,

de Engenheiros (SME) quando ainda era estu-

Rio de Janeiro, Maranhão, Rio Grande do Norte,

dante, em 1957. Para ele, os anos em que ocupou

Paraíba, Pernambuco e São Paulo, até 1982.

a presidência da entidade, entre 1984 e 1985, são

O interesse na atividade associativista é uma das

parte das lembranças positivas que ele coleciona

marcas do engenheiro. Entre 1979 e 1985, ele

com carinho. “Na minha gestão lutei pela defesa

ocupou cargos de diretor e vice-presidente do

e valorização da profissão e do trabalho do en-

Sicepot-MG, com atuação na área de saneamento,

genheiro”, resume.

com expressiva atuação na obtenção e liberação

A necessidade de capacitar os engenheiros minei-

de recursos financeiros para o setor.

ros fez com que ele promovesse cursos de aper-

Ele também foi secretário de Estado de Minas

feiçoamento técnico e cultural. Para os associados

Energia (1986/1987), diretor de Suprimento de

da SME, extensivos a familiares e convidados.

Material da Cemig (1987/1988), presidente da

Empreendedor, ele promoveu a reforma da sede campestre em Lagoa Santa garantindo mais oportunidades de lazer aos associados. Na sua gestão, Portella também manteve o Coral da SME. “Aproveitei a oportunidade para continuar a erguer, junto ao setor empresarial, a entidade. Para tanto,

COHAB-MG (1988), assessor da diretoria da Santa Mariana Construção S.A (1990/1991), diretor presidente da Delphos Engenharia S.A, para a construção de obras para prefeituras e Estado (1992/1999). No mesmo período, ele prestou serviço de consultoria para o Controle e Gestão do Patrimônio Imobiliário de Minas Gerais.

usei a experiência que adquiri como líder empresarial”, ressalta.

O engenheiro dedicou-se a consultoria empresarial entre 1999 e 2002. A carreira seguiu na di-

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As Comissões Técnicas também desenvolveram

retoria de Gestão Participativa do Instituto

estudos importantes nas áreas de transporte,

Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), entre os

meio ambiente, saneamento, energia, gestão do

anos e 2003 e 2006. A experiência de Portella foi

múltiplo uso das águas das bacias hidrográficas.

fator decisivo para que ele fosse o assessor es-

“Foram momentos memoráveis. Ocupar a presi-

pecial do secretário de Estado do Meio Am-

dência da SME foi um capítulo importante da

biente e Desenvolvimento Sustentável, entre

minha vida”, comenta.

2007 e 2010. A aposentadoria veio em 2011.


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ARTIGO | ENERGIA NO BRASIL

Por Alexandre Bueno

Matriz energética brasileira os últimos tempos, tenho visto inúmeros comentários relativos a uma percepção de que o atendimento as necessidade de energia elétrica de nossa sociedade possa ser feito, com as tecnologias já disponíveis, através de alguns tipos de fonte renováveis, mais especificamente as eólicas e solares, em substituição, por exemplo, a fontes mais convencionais, como a energia hidráulica.

N 52

Ocorre, entretanto, que a verdade, também de forma geral, não se encontra nos extremos, mas usualmente no “caminho do meio”. Desta forma, tenho procurado, sempre que posso frisar alguns pontos que considero relevantes quando se pensa na matriz elétrica brasileira. Muito desta percepção teoricamente estaria alinhada ao suposto paradigma de que as energias eólica e solar atendem de forma mais adequada aos requisitos de proteção do

meio ambiente, enquanto que as demais fontes de energia disponíveis, em especial a hidroelétrica, não atenderiam a estes requisitos de proteção e preservação ambiental. Se, de fato, é esta a ideia que suporta tal paradigma, creio que devemos considerar tais premissas com cautela, uma vez que pode ocorrer de nenhuma delas seja totalmente verdadeira. Em primeiro lugar, há que se lembrar de que, citando como exemplo algumas das fontes de energia consideradas


Alexandre Bueno é engenheiro eletricista, Superintendente de Tecnologia e Alternativas Energéticas da CEMIG e Vice-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros - SME

mais convencionais, a energia hidráulica é sim energia renovável, e que a matriz elétrica brasileira, por sua característica única, é hoje 92% renovável, com cerca de 85% da energia produzida proveniente de usinas hidroelétricas e cerca de 7% proveniente de biomassa residual (principalmente bagaço de cana de açúcar), estes números podem variar um pouco em anos de maior ou menor hidraulicidade, mas não fugirão muito dessa figura. Por outro lado, é importante compreender que a segurança operativa, a garantia de suprimento de longo prazo e o baixo custo de produção da energia elétrica no Brasil advêm exatamente de nossa base hidroelétrica e do armazenamento a ela associado – neste caso, especificamente referindo-se aos grandes lagos artificiais, que permitem uma regularização plurianual dos cursos d’água e uma produção otimizada de energia na cascata de reservatórios, tecnologia dominada e utilizada de forma extremamente eficiente pelo país. Usinas eólicas e solares têm uma característica peculiar de serem “variáveis e imprevisíveis”, do ponto de

vista da engenharia. Isto é, é relativamente possível e seguro realizar-se uma previsão de geração anual de um sítio eólico ou de um parque solar, mas é improvável que se possa dizer com exatidão se amanhã será um dia muito ensolarado ou nublado, ou ainda se haverá muito ou pouco vento. Sendo o despacho da geração planejado em bases horárias e ajustado em tempo real pelo Operador Nacional do Sistema, com mecanismos já bem estabelecidos pela engenharia, é razoável supor-se que nenhum sistema elétrico pode operar de forma segura sem armazenamento de energia primária (aquela que será convertida em energia elétrica). Nos países que não dispõem de base hidráulica, este armazenamento é feito através de carvão, óleo, gás ou energia nuclear, com estratégias que podem diferir um pouco em função do tempo de resposta do parque gerador, mas sempre tendo a “geração variável” como complementar – nunca como “base” da produção de energia elétrica. Então, se não armazenarmos água em hidroelétricas, com certeza haverá a necessidade de mais usinas a combustível fóssil. Na verdade, substitui-se o armazenamento de água por armazenamento de combustível fóssil.

Desta forma, chegamos a uma equação onde estas alternativas energéticas variáveis, como eólica e solar, assumirão uma posição complementar – sem que isto signifique menor importância a elas – permitindo a utilização ótima de nossos reservatórios, seja em base diária, aproveitando, por exemplo, a produção de energia solar de forma distribuída – já regulamentada pela ANEEL – durante o dia, quando a carga, especialmente nos grandes centros urbanos, é maior, seja em bases anuais, aproveitando a complementaridade entre, por exemplo, o período de chuvas no sudeste do país – onde estão os grandes reservatórios - e o período de maior intensidade de ventos no nordeste do país, onde estão nossos melhores ventos. Assim, é certo que os planejadores saberão exatamente como compor as tecnologias de geração disponíveis com as tecnologias de gestão de redes – as Smartgrids – ou Redes Inteligentes, de forma a buscar o máximo aproveitamento de nossos recursos naturais – bacias hidrográficas, sol, vento e biomassa – sem que seja necessário fazer-se uma escolha entre uma ou outra fonte, em detrimento das demais, mas sim uma escolha que permita utilizar o melhor de cada fonte, resultando na matriz elétrica ambientalmente mais eficiente e economicamente mais adequada ao país.

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GESTÃO | CONSTRUÇÃO CIVIL

Construtoras brasileiras buscam mais negócios no exterior

epois do mercado nacional, empresas brasileiras de engenharia estão procurando, em outros países, novas oportunidades de negócios. Pesquisa realizada pelo Núcleo de Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral (FDC) revela que, em 2012, 31% das transnacionais do país são do setor de serviços.

D

No ranking, a Odebrecht está na 7ª posição.A Camargo Correa na 18ª e a mineira Andrade Gutierrez, na 21ª. A previsão é que essa área de atuação cresça ainda mais nos próximos anos, a começar pela América Latina e Central, para chegar na África e Oriente Médio, considerados os potenciais mercados dos serviços brasileiros. A veterana Andrade Gutierrez começou seu processo de internacionalização em 1983, no Congo. O presidente do grupo, Otávio Azevedo, relata que a presença

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atual em 40 países, incluindo o Brasil, é fruto de um processo contínuo de planejamento. “Já estivemos na China por quatro anos e nos Estados Unidos por mais de uma década. Devemos voltar aos Estados Unidos em breve”, adianta. Na África, a empresa está em 13 países. No Oriente Médio em mais quatro. A construtora tem escritório na Índia, de onde comanda as operações na Ásia. Na Europa, a sede da companhia é em Portugal, para gerenciar os projetos da Europa, África e Oriente Médio. “Cada proposta é analisada detalhadamente de acordo com o cliente – se público ou privado – e se há realmente recursos disponíveis para a realização do projeto e se esse recurso é resultado de financiamento e/ou já está aprovado”, ressalta. Outro ponto analisado é a rentabilidade do projeto para a Andrade Gutierrez e seus acionistas.


O risco do país, do Estado ou da instituição contratantes também é parte do processo de análise prévia feito pela Andrade Gutierrez. Em alguns casos, relata o executivo, a empresa não participa de licitações como forma de proteger-se de possíveis perdas. A próxima etapa é a análise de suprimentos e recursos materiais e humanos necessários para a execução do projeto. “Trazemos brasileiros para as posições de liderança e gestão de projetos, o que vai determinar a aprovação”, enfatiza. Na lista de obras conduzidas pela Andrade Gutierrez estão aeroportos, estradas, ferrovias, abertura de minas de carvão e outros minerais. Projetos de geração de energia elétrica, hidráulica, térmica e nuclear também estão no portfólio da construtora. “Hoje, o Brasil pode executar projetos no mundo todo. O país é muito desejado e a capacitação e as competências que apresentamos são bem vistas nos mercados em que ingressamos”, explica. O desafio não termina por aí, como lembra Azevedo. A Andrade Gutierrez, assim como todas as empresas que pretendem se internacionalizar fazem intercâmbio cultural com os países em que vão atuar. A comunicação com a população e com o poder estabelecido é parte do processo de adaptação. De acordo com a pesquisa da FDC, nos últimos três anos, entre os benefícios da internacionalização estão o aumento do valor da marca pela presença internacional, diferenciação da companhia junto à concorrência, capacidade ampliada de atendimento a clientes globais, desenvolvimento de equipes com habilidades e competências multinacionais. O Brasil também tem a ganhar com o aumento de empresas transnacionais.A melhoria da imagem nacional e a consolidação da marca Brasil, incorporação de novas tecnologias e processos ao parque industrial nacional são alguns aspectos considerados.

Otávio Azevedo, presidente do grupo Andrade Gutierrrez

O processo de internacionalização de empresas de engenharia não é fato novo no Brasil. A Fidens deu inicio a esse projeto em 2007, a partir de Angola, com a construção de uma pista do aeroporto da Sociedade Mineira de Catoca, mina de diamantes e, também, das ruas da Vila de Catoca. A MIP Engenharia também está investindo no potencial do mercado externo. O professor de Relações Internacionais do IBMEC, Frederico Martini, destaca que as empresas de Engenharia brasileiras começaram a investir em oportunidades de negócios no mercado externo a partir da década de 1950, o que confere know how diferenciado a essas companhias. “O “cartão de visitas” das empresas brasileiras é positivo e o custo dos projetos é mais competitivo”, explica. Nesse contexto, a América Latina e a África continuam a ser mercados em potencial, em processos de desenvolvimento, que dependem de obras de infraestrutura, uso de tecnologia, serviço, máquinas, equipamentos e pessoas. O sucesso das construtoras brasileiras fora do país depende de um apurado planejamento, sobretudo em relação aos riscos embutidos em cada operação e, em uma estratégia previamente definida para lidar com barreiras como a língua e a cultura do contratante. “Rever esse tipo de contrato, no meio do processo, é muito complicado, por isso, as regras devem ser definidas previamente”, recomendou.

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CAUSOS DA ENGENHARIA

UM CERTO CORONEL DE POLÍCIA Por Luiz Fernando Caldas Durante a construção de Brasília, precisamente no ano de 1957, quando eu – carioca emigrado para o planalto central - residia num dos dois alojamentos masculinos de funcionários e engenheiros brasileiros na Candangolandia (ou Velhacap) presenciei fatos curiosos, dentre os quais um quase trágico, mas cômico, que relato em seguida. Dentre as atividades de lazer rotineiras nos fins de semana, a mais apreciada pelos inquilinos era uma troca de tiros entre os dois alojamentos, atividade que acontecia depois do expediente de trabalho da 6ª feira, com balas que não eram de festim. Acreditem. A prática bélica era favorecida pelo estado etílico usualmente avançado dos “pistoleiros” e também pelo fato de que todos portavam armas, por razões não muito claras. O local tinha assim ares de um autêntico faroeste tupiniquim. A atividade, originariamente vista como atividade cômica, era, no entanto potencialmente perigosa, razão porque não demorou a despertar a atenção dos diretores da empresa. Quando chegou aos ouvidos do Dr. Israel Pinheiro, o presidente, foi analisada e rapidamente equacionada, bem ao estilo do velho. O Dr. Israel, que era engenheiro, e não policial, percebendo a gravidade do problema, não titubeou: requisitou à Brasília um oficial aposentado da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), de sua inteira confiança, cujo nome eu omitirei. Já o seu apelido tornou-se lendário, por motivos que ficarão claros em instante. O objetivo do militar, obviamente, era botar ordem na casa.

Tão logo chegou, o oficial (coronel) inteirou-se da situação e traçou o plano de ação. No primeiro fim de semana, selecionou o horário em que a baderna atingia o clímax, e para lá partiu, desarmado, apenas portando um megafone. Demonstrando grande coragem, postou-se garbosamente na potencial linha de tiro, ligou o aparelho, pediu a atenção dos bagunceiros surpresos com aquele “alvo” inesperado - e iniciou sua fala em tom alto e enérgico: Atendendo a uma solicitação do Exmo. Dr. Israel Pinheiro venho à presença dos senhores com a missão única de manter a ordem, e posso lhes garantir que “manto”! O tropeço gramatical não passou despercebido aos contendores, que o desafiaram, contudo, com mais tiros, um dos quais acertou o seu pé esquerdo. Socorrido com presteza, apesar do tumulto, foi levado ao hospital mais próximo onde foi atendido e liberado pouco tempo depois, felizmente sem seqüelas físicas. No entanto, o verbo mal conjugado lhe valeu, pelo resto da vida, uma seqüela semântica: o apelido de coronel Manto. Até morrer, ninguém fora da família sabia seu nome de batismo, exceto o Dr. Israel Pinheiro...

Luiz Fernando Caldas, 76 anos, residente até hoje em Brasília, foi à época Superintendente Fiscal Administrativo das Obras da Novacap.

P a r t i c i p e e e n v i e s e u “ c a u s o ” p a r a j o r n a l i s m o @ s m e . o rg . b r

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