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CORREIO

Baú de memórias Saulo Gomes conta momentos preciosos com Chico Xavier Pág. 7

FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br • Ano 42 • Nº 434 • Julho - Agosto 2010

Bastidores de Nosso lar: o roteirista Wagner de Assis orienta a filmagem de uma das cenas

Acordar do lado de lá Filme descortina um jeito novo de ver a vida

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temática fundamental do espiritismo – a imortalidade da alma, a reencarnação e a comunicação entre os espíritos – será vista com efeitos especiais nos cinemas de todo o Brasil a partir de setembro. Ao contar uma história particular, a do médico André Luiz no plano espiritual, o filme Nosso lar vai mostrar as etapas dessa passagem natural, mas que tantas dúvidas, medos e enganos traz aos corações humanos. O que acontece quando morremos? Sofrimento ou alívio? Vamos mesmo encontrar quem amamos? Nossas emoções continuam? Afinal como é o lado de lá? A entrevista com o diretor do filme, Wagner de Assis, destaca que não é novidade retratar na arte a vida após a morte. Difícil é despertar o interesse do público, mantendo-se a linguagem do cinema, sendo fiel ao best- seller psicografado por Chico Xavier – um romance recheado de conceitos doutrinários, que descortinam um jeito novo de se ver a vida, que vai dar muito o que falar e pensar. Afinal, como sintetiza o próprio autor espiritual da obra, o simples ‘baixar do pano’ não resolve transcendentes questões do infinito. Págs. 4 e 5

Amigos para sempre O II Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier, realizado em Uberaba, MG, no mês de julho, reuniu cerca de 1.800 pessoas. Dentre os temas apresentados em palestras, a amiga de muitos anos, Nena Galves, exibiu vídeo de 1973, de seu acervo particular, com entrevista em que o médium comenta sua milenar ligação com o espírito Emmanuel. Pág 13

Alice no país da terapia Parece realmente que queremos sempre mais e mais, ficamos mais arrogantes, mais infelizes do que nunca e amando cada vez menos. E isso não tem mesmo a ver com a idade. “Não à toa Francisco, o velho de Assis, pediu a Deus: Amar mais do que ser amado (...) Porque é morrendo (o ego) que nascemos para a Vida Eterna (aqui e lá)”. Precisamos estar mais cientes do nosso propósito e ir ao encontro dele, antes que a rabugice, a dor e o medo tomem conta de vez de nossas vidas. Que medo seria esse? Pág. 11

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EDITORIAL

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A dinâmica da vida

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stamos sempre de passagem, indo e vindo. Mas o que faz diferença em nossa caminhada? É a forma como vivemos essas temporadas transitórias aqui e lá – no plano espiritual – e que têm como finalidade nos impulsionar para nosso progresso evolutivo. Nessa edição, a vida do lado de lá, retratada pelo cineasta Wagner de Assis, no esperado filme Nosso lar revela seus bastidores com exclusividade para o Correio Fraterno. Em nossa caminhada por aqui, André Trigueiro faz uma análise de nossa responsabilidade ao nos relacionarmos com a Terra, nossa morada atual. E na hora de partir, aliviar o sofri-

mento é abreviar a vida? Franklin Santana Santos discute a questão polêmica e instigante dos cuidados paliativos que diminuem a dor. Fundamentando nossa jornada, propostas inovadoras e encontros desafiadores trazem ainda mais luz ao Espiritismo que reúne em Ribeirão Preto, expositores comprometidos com a busca “do hoje ao amanhã”, tema do encontro. E, claro, se falamos em aqui e lá, Chico Xavier não poderia faltar nessa edição – ponte entre dois mundos como ele mesmo se intitulava – o médium mineiro é o motivo, e sua obra a razão, para o III Encontro Nacional dos amigos de Chico Xavier que reuniu 1.800 pessoas

CORREIO DO CORREIO Morte digna* O artigo de David Monucci (edição 433) é digno de nota. O assunto precisa ser olhado de maneira objetiva e alongado através de outros enfoques por intermédio de articulistas interessados na matéria, para que possamos entender melhor essa polêmica questão. (Parabéns a todos os dirigentes pelos 50 anos do Lar Emmanuel. Parabéns também ao Correio Fraterno, do qual sou leitor desde o número 1). Arnaldo Querci, por email

Espíritos no banheiro Legal mesmo o Correio Fraterno. Gostei muito da moça que escreveu o livro Tem espíritos no banheiro? (Ed. Correio Fraterno) (Entrevista, edição 433). Preciso de novas ideias para Evangelização. Temos 80 crianças aos domingos e os educadores precisam fomentar novas

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

em Uberaba, MG. E, se as portas estão abertas para o lado de lá, Eliana Haddad em seu ensaio reflete a vida com tudo interligado – o antes, o agora e o depois, a alegria e a dor, numa teia indestrutível de idas e vindas, onde a necessidade natural do progresso do espírito impulsiona as mais diversas realizações. Sigamos então. Boa leitura!

De olho na nova comunicação O artigo sobre Comunicação Social Espírita está excelente (edição 433 - Muito além da mídia). Mostra uma realidade que não podemos ignorar no Movimento Espírita para se manter na atualidade. A entrevista com a escritora Tatiana Benites também foi muito oportuna por mostrar a “jovem guarda” ou a “nova geração” de espíritas já trabalhando e produzindo. Geziel Andrade, por e-mail

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br

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Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118 Presidente: Izabel Regina R. Vitusso Vice-presidente: Tânia Teles da Mota Tesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva Secretária: Ana Maria G. Coimbra

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JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967. Registrado no Registro de Pessoas Jurídicas em São Bernardo do Campo, sob o n.o 17889. Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel - www.laremmanuel.org.br Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad MTB-11.686 Comunicação e Marketing: Tatiana Benites Publicidade: George De Marco Editoração: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Editor de arte: Hamilton Dertonio Impressão: Novaforma de Comunicação Ltda. Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - Bairro Assunção - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências.

propostas. Fiquei muito feliz em ver esse trabalho. Sucesso! Sergio Tadeu Diniz – São Paulo SP

* Nesta edição (página 3) publicamos artigo do geriatra Franklin Santana, sobre cuidados paliativos.

Uma ética para a imprensa escrita

Fones: (011) 4109-2939 e-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br site: www.correiofraterno.com.br Permitida a reprodução parcial de textos do Correio Fraterno desde que citada a fonte. As colaborações assinadas não representam necessariamente a opinião do jornal. Periodicidade bimestral Para assinaturas do jornal ou pedido de livros: Acesse www.correiofaterno.com.br Ou ligue: (11) 4109-2939. Para assinaturas, se preferir, envie depósito para Banco ItaúAg.0092 c/c 19644-3 e informe a editora. Assinatura 12 exemplares: R$ 36,00 Mantenedor: acima de R$ 36,00 Exterior: U$ 24,00

• Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar para e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.500 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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ACONTECE

Cuidados paliativos

Aliviar o sofrimento é abreviar a vida? Por FRANKLIN SANTANA SANTOS

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om o aparecimento, no final da década de 60, nos Estados Unidos e Inglaterra, de uma filosofia multiprofissional específica para cuidar de pessoas portadoras de doenças avançadas e enfrentando o fim da vida, foi necessário se criar um conjunto de ações para atender às necessidades físicas, psicológicas, sociais e espirituais, inicialmente dos pacientes e depois estendidas aos familiares. Assim surgiu o conceito de cuidados paliativos, desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse conceito ainda está em evolução. Mesmo na Europa e nos Estados Unidos, existem muitos desentendimentos entre as terminologias. Grande parte dos profissionais da área da saúde e da população em geral não o entende e, em consequência, não sabe precisar suas indicações. E a despeito de existir há mais de 40 anos, ainda é confundido

com eutanásia ou antecipação da morte. Para padronizar minimamente os princípios na área de cuidados paliativos, a OMS estabeleceu algumas regras fundamentais, dentre as quais se destacam: promover alívio da dor e outros sintomas que causam sofrimento, afirmar a vida e considerar a morte um processo natural, não pretender apressar, nem retardar a morte, integrar os aspectos psicossociais e espirituais ao cuidado do paciente, oferecer sistema de apoio com intuito de ajudar pacientes a viverem ativamente tanto quanto possível até a morte, oferecer sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença do paciente e seu próprio luto. Vale ressaltar a história dos termos hospital e paliativo, cujos significados acabaram sendo adaptados e deturpados ao longo do tempo. Ambos, originalmente, estão ligados ao sagrado, à

espiritualidade, uma vez que hospital, vem de hospitalis, que significa uma atitude de boas-vindas e paliativo vem de pallium, que significa manto. Ambos carregando, portanto, a simbologia de proteção e aconchego, e não de sofrimento que fez ligar a ideia de hospital a alojamento de doentes, e paliativo a um significado de menor importância, indicando uma solução temporária e sem consistência. Os cuidados paliativos não existem para abreviar a vida, como muitas vezes se pensa erroneamente. Ao contrário, determinam a atenção total e ativa aos pacientes que apresentam sintomas de-

sagradáveis de difícil controle, oferecendo-se um sistema de suporte multiprofissional que prioriza a melhor qualidade de vida possível, tanto ao doente como a seus familiares. Allan Kardec em O que é o espiritismo explica que a morte não é senão a destruição do envoltório material; a alma abandona esse envoltório como a borboleta deixa sua crisálida.” Geriatra, autor do livro Cuidados paliativos: discutindo a vida, a morte e o morrer (Ed. Atheneu). Coordenador dos Cursos Cuidados paliativos e Tanatologia –Educação para a morte e para a vida. http://www.saudeeducacao.com.br/content/cerebromente-e-alma-presencial

A construção do paradigma jurídico-espírita Por Tiago Essado

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á quem diga que imaginar a vida sem conflitos é tornar inútil a função do advogado, por exemplo. No entanto, certamente isto está longe de acontecer e, sempre que houver mais de um ponto de vista em jogo, a iminência de ocorrer o litígio é grande. Daí a necessidade do bom senso e ponderação, alvos imprescindíveis na conduta de todo operador do direito. O conflito também pode estar dentro de cada um. O ideal é agir assim, ou de outra forma? Discussões éticas estão presentes na vida de todos, especialmente no campo jurídico. Quais os limites e alcance do comportamento ético? Dentro

deste contexto afigura-se possível a construção do paradigma jurídico-espírita? Estas e outras reflexões serão expostas por ocasião do I CONJURESP Congresso Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo, dias 22 e 23 de outubro, em Ribeirão Preto, SP. Entre os vários temas, Haroldo Dutra Dias, juiz de direito, MG, discorrerá sobre Justiça e Direito na obra de Chico Xavier (Emmanuel). Durante o evento será apresentada ainda a proposta da fundação da AJE-Brasil. Espíritas operadores do direito e demais interessados estão todos convidados para participar deste evento, que construirá o ambiente necessário para

reflexões éticas, permitindo um balanço de atos pretéritos, atuais e perspectivas de mudanças. Qual o papel do advogado na fase pré-processual? Qual a função do juiz na audiência de tentativa de conciliação? Quais os pontos de contato entre a filosofia do direito e a filosofia espírita? Qual o paradigma adequado diante dos conflitos domésticos e a melhor postura jurídico-espírita? É possível ser espírita e promotor de Justiça? Qual, enfim, o compromisso ético-moral do espírita operador do direito? Presidente da AJE-SP e promotor de Justiça, SP www.ajesaopaulo.com.br www.correiofraterno.com.br


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O mundo espiritual ao alcance dos nossos olhos DIVULGAÇÃO

ENTREVISTA

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Cineasta Wagner de Assis: das páginas do livro para as telas do cinema

Por PRISCILLA WILMERS BRUCE A única certeza que temos ao nascer é de que vamos morrer um dia. Quase sempre cercada por temores e curiosidades, essa convicção nos acompanha ao longo da vida. Como será o lado de lá? O que encontraremos? São muitas as perguntas e, justamente por tratar o assunto de forma instigante, o livro Nosso lar, ditado pelo espírito André Luiz e psicografado por Chico Xavier, é destaque na preferência do público leitor, espírita ou não. Desde o lançamento de sua primeira edição (FEB editora), em 1944, já foram vendidos dois milhões de exemplares. O romance que conta a trajetória espiritual do médico foi traduzido para os principais idiomas do mundo e mereceu um honroso primeiro lugar entre os dez melhores livros espíritas publicados no século 20. Por ser um best-seller, pode-se imaginar o tamanho do desafio enfrentado pelo cineasta Wagner de Assis para colocar nas telas do cinema a obra com a dimensão doutrinária que possui. A partir de 3 de setembro, esse trabalho – cujos números da produção cinematográfica parecem seguir a obra escrita – poderá ser conferido em todo o país. Mais de cinco mil pessoas participaram do projeto, com mais de mil figurantes. Os efeitos especiais passaram por 90 profissionais e foram feitos em Toronto, no Canadá, para que a colônia espiritual Nosso lar ganhasse as dimensões descritas no livro. Espírita, o cineasta Wagner de Assis fala em entrevista exclusiva para o Correio Fraterno sobre os bastidores dessa superprodução que retrata a problemática profunda do destino do ser. www.correiofraterno.com.br

Por que a história de Nosso lar foi escolhida para ir às telas? Wagner de Assis: Não há quem não leia Nosso lar e não tenha uma experiência única – desde a temática, passando pela força da narrativa, até a visualização de tamanhas novidades. É uma história poderosa em inúmeros aspectos, mas que precisava da hora certa para ser feita no cinema, com a tecnologia correta e viável. Acredito que o cinema reflete muito o seu tempo – entre outras tantas qualidades. Os tempos de hoje são os “chegados”, como já anunciado. Quais os desafios de um filme que trata sobre uma questão de difícil assimilação para a maioria das pessoas, a imortalidade do espírito? Wagner de Assis: Antes de tudo, sabíamos da importância do livro e respeitamos em todos os momentos a obra.

Nunca pensamos em dar voos diferentes dos que já estavam nas páginas. Mas cinema é uma história contada em menos de duas horas. Há dezenas de histórias diferentes em Nosso lar. Tínhamos que exercitar a síntese, fazer as escolhas certas, em função do protagonista, para a narrativa ser bem contada na tela. Espero que tenhamos acertado. O roteiro buscou a essência do livro – um homem acorda no mundo espiritual. Esse é o plot dramático – descobrir um novo mundo. Mas há inúmeras questões: que mundo é esse? O que acontece com ele? O que fazer a partir dali? Acho que roteirizar é ver o filme antes de todo mundo e colocar no papel. E, dentro dessa jornada de descobertas, vemos que ela se transforma numa jornada de superação e aprendizado. Há pessoas que cruzam o caminho deste homem, há novos paradigmas a serem vividos e questões ainda não respondidas no passado.


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As questões transcendentais que sempre acompanharam a jornada humana se fazem agora mais presentes? Wagner de Assis: Acho que o cinema reflete seu tempo. Não sei se é um novo filão. Também não entendo o que são “filmes espíritas” – criando um gênero que não sei muito bem como é. Até agora, houve duas cinebiografias (Bezerra de Menezes e Chico Xavier) e teremos um drama, que é o Nosso lar. O tema espiritualidade certamente veio para ficar, sem medos, sem problemas em celebrar a espiritualidade. Já ouvi que é uma nova “invasão organizada” da realidade da vida espiritual, assim como houve no século XIX com Allan Kardec e as próprias Irmãs Fox na América do Norte. Para você, qual o ponto alto ao fazer esse filme? Wagner de Assis: Acho que sair de uma vontade pessoal e encontrar tantas pessoas que tornem essa vontade real é um aprendizado para a vida toda. Aprender a acreditar cada vez mais, entender que somos apenas mecanismos e que cinema é a arte de todos juntos. Também per-

Renato Prieto encarna, no filme, o papel de André Luiz

RENATO PRIETO

Em quanto tempo se deu esse trabalho até a finalização? Wagner de Assis: Filmamos em oito semanas. Pré-produzimos em doze. E pós-produzimos em quase nove meses. Ao todo, desde que os direitos foram negociados, passaram-se quatro anos. Nem planejávamos estrear em 2010; não tínhamos consciência do grande momento em relação ao Chico Xavier. Mas estava tudo planejado na espiritualidade. Fomos apenas os mecanismos. Não houve um dia sequer durante este trabalho que não senti a magia presente em nossas vidas. Um aprendizado e tanto!

ceber que a espiritualidade permitiu que esse trabalho fosse feito, porque deduzimos que se não fosse para ser feito, certamente não estaríamos aqui. Só isso já é um motivo de agradecimento eterno. Por isso, sempre haverá novas histórias e novos projetos. Afinal, André ditou 16 livros. Que todos os espíritas sintam-se responsáveis por essa conquista, assistam ao filme e nos ajudem a divulgar. Precisamos que essa “maioria silenciosa” de espíritas e simpatizantes que, acredito, existe no país, se manifeste agora para ir ao cinema. E isso não é só pelo filme. É pela temática – vida espiritual – e pelos novos tempos.

Roteirizar é ver o filme antes de todo mundo e colocar no papel Wagner de Assis

Um estímulo à leitura e à reflexão

O telefone toca. Do outro lado dá para sentir o entusiasmo do ator Renato Prieto quando ouve a proposta de nossa entrevista: falar sobre seu personagem André Luiz, no filme Nosso lar. O capixaba, que mora no Rio de Janeiro, tem 25 anos de carreira em televisão e teatro. Espírita, foi buscar na obra de Chico Xavier a inspiração para o papel: “À medida que iam se aproximando as filmagens eu a reli diversas vezes. Compor o personagem foi uma grande e amorosa batalha, já que ele é diametralmente diferente de mim. Foi necessário vivenciar cada passo da sua jornada.” Renato emagreceu dezoito quilos em 45 dias para viver a condição de André Luiz em seu despertar. Clima de harmonia e emoção dominava os bastidores do filme e particularmente o ator nas cenas com a atriz Selma Egrei, que faz o papel da mãe do médico. Em reunião no início do ano com a Federação Espírita Brasileira, em Brasília, membros da equipe do filme Nosso lar narraram, segundo o secretário geral do Conselho Federativo Nacional da FEB, Antonio Cesar Perri de Carvalho, interessantes informações sobre a sensação de envolvimento espiritual que ocorreram durante as filmagens. O risco de que o grande público veja a desencarnação de André Luiz como regra geral e experiência única é questionado. Afinal, dentre as cinco obras básicas que compõem a codificação espírita, está o livro O Céu e o inferno de Allan Kardec, que demonstra, além da imortalidade do espírito, a consequente

condição do despertar de cada individualidade, em função do modo como viveu; a cada um segundo suas obras, como disse Jesus. Para Cesar Perri, Nosso lar abrirá portas. Segundo ele, “a desencarnação, atendimentos iniciais e adaptações do espírito André Luiz não foram nada fáceis. Os que tiverem dúvidas poderão buscar a leitura das obras correlatas. Todo o filme provoca estímulo à leitura do livro que o gerou e de obras similares. Será um bom estímulo à leitura e à reflexão sobre as questões de vida e de morte. Caberá ao Movimento Espírita gerar uma onda de esclarecimentos e de analogias com obras sérias. Infelizmente, a obra O céu e o inferno é bem pouco estudada e divulgada entre os próprios espíritas e, sem dúvida, será um excelente momento de alavancar sua difusão.” O diretor Wagner de Assis concorda com Perri e revela que uma das preocupações foi justamente não deixar que as pessoas “rotulassem” o personagem. “Claro que sempre há riscos, quando se lida com meios de comunicação de massa. Para quem quiser se aprofundar, nada melhor que ler o Nosso lar e, quem sabe, os demais livros da série André Luiz”. Wagner recorre a uma afirmação do próprio André Luiz, que vai mais longe em sua análise: “O simples baixar do pano não resolve transcendentes questões do infinito. Uma existência é um ato. Um corpo, uma veste. Um século, um dia. Um serviço, uma experiência. Um triunfo, uma aquisição. Uma morte, um sopro renovador. Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?” O recado está dado.

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ENTREVISTA

Como foi a pós-produção? Wagner de Assis: Os efeitos são um ponto vital para a história. Precisávamos criar uma cidade no computador e lidar com ela durante as filmagens. Filmamos sempre no limite do cenário construído e do cenário virtual que seria acrescido. Tivemos dias com mil figurantes, equipes de preparação enormes, virando 24 horas por dia para que tudo pudesse ser feito. E isso apenas no mundo encarnado!

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MOSAICO

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O outro lado de portas abertas

Juvanir Borges de Souza*

Por ELIANA HADDAD

“Dores e sofrimentos são, pois, ao lado das experiências adquiridas, fatores do progresso.” “A aceitação do fenômeno mediúnico como fato indiscutível nem sempre desperta o interesse para o estudo da doutrina, que é essencial.” “Muitos intelectuais espíritas trazem bagagens de filosofias e religiões que adotaram no passado e que ainda influenciam seu entendimento na atualidade.” “A intolerância no seio do Movimento é outro escolho que prejudica enormemente as relações entre os espíritas.” *Esses são alguns dos pensamentos de Juvanir Borges de Souza, o penúltimo presidente da Federação Espírita Brasileira (1990-2001), que desencarnou no dia 5 de junho, na cidade do Rio de Janeiro. A essência de sua contribuição ao movimento espírita permanece registrada em seus livros e inúmeros artigos publicados, notadamente na revista Reformador (FEB) à qual Juvanir se dedicou por vários anos. www.correiofraterno.com.br

O

interesse do público pela comunicação com os espíritos, reencarnação e o plano espiritual superam índices de vendas e audiências, num reflexo irrefreável da alta dos assuntos espíritas. Há atualmente uma insatisfação, uma busca de um não-sei-que que paira no ar. Desafiando analistas, gerando polêmicas, esses temas existenciais rendem e renderão assunto, por muito tempo. Quem somos? Até onde podemos chegar? Basta a notícia de algo ‘sobrenatural’ para gerar comentários diversos. Numa visão simplista, muitos acontecimentos causam polêmicas e espanto. Analisados, porém, pelo lado espiritual da natureza, são aspectos normais da interação espírito e corpo. A espiritualidade está em todas as situações, tocando em todos os questionamentos humanos. Claro que há interesse na descoberta do que não se vê e não se toca, mas as respostas podem frustrar, quando consideradas provisórias para questões aparentemente resolvidas. O Além, na verdade, sempre provocou o imaginário popular. Até que, a partir de 1857, quando foi lançado por Allan Kardec O livro dos espíritos, uma verdadeira enciclopédia do espírito, apenas uma das partes da realidade, que estava teoricamente escondida até então, envolta em mistérios, sem seus conceitos e princípios lógicos encadeados.

Foram os próprios, os espíritos desencarnados, que contaram como era tudo isso e, aqui, os homens de ciência – como Kardec – participaram da empreitada fazendo a sua parte. Comprovaram através da experiência e da observação que a vida era muito mais, refletiram e concluiram que nada terminava para as consciências e a existência do espírito era repleta de emoções, conquistas e decepções. Tudo estava interligado – o antes, o agora e o depois, a alegria e a dor, numa teia indestrutível de idas e vindas, onde a necessidade natural do progresso do espírito impulsionava as mais diversas realizações. Estava, assim, lançada para a humanidade terrena a Terceira Revelação, o Consolador Prometido por Jesus, a revelação escancarada da espiritualidade. O véu se abriu. Restava ao futuro, porém, não apenas espiar, mas participar do novo aprendizado. Mais de um século se passou e, para quem já conhece e estudou a obra espírita, nada há mais de sobrenatural, havendo sempre muito a se pesquisar, estudar e – principalmente – realizar. Para os que não têm esse conhecimento, porém, a curiosidade e as dúvidas com relação ao fenômeno continuam. Há surpresas ainda com as manifestações mediúnicas, que fazem parte da natureza, há indignação com a dor, há a crença num Deus que

pune e castiga, premia e adoça. Há o temor pelo Inferno, a esperança do Céu. Há a culpa. Enfim, como ninguém é perfeito, a humanidade vê-se atordoada e impotente com as diferenças, as intempéries e permanece atrás da janela, sem afastar as cortinas, sentindo-se marionete indefesa de destruição e sofrimento. De alegrias passageiras – o espanto, a insegurança, a incredulidade. Qualquer coisa que saia da natureza da matéria causa reboliço, pois o homem, sem o aspecto espiritual, é incompreensível para a felicidade plena, mantendo-se numa visão restrita que o amedronta e comove. É o bandido, o drogado, o irresponsável, o corrupto, a prostituição, a doença, a violência, o conflito, o desamor, a pobreza, a dor. Todos tentando ser felizes. E haja compromissos! O espiritismo não é tão simples. É uma doutrina que precisa ser estudada e não está aí para ditar normas, nem ensinar ninguém a ser feliz como uma cartilha de lições a seguir. Jesus veio relembrar a Lei. A doutrina espírita, ao esmiuçá-la, antes de tudo, convida seus seguidores ao exercício da fé raciocinada: compreender e crer. Isso é muito mais e exige esforço da nossa parte. Foi o que fez Kardec. Ele compreendeu o convite. Jornalista, expositora do IEEF - Instituto Espírita de Estudos Filosóficos - www.ieef.com.br


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BAÚ DE MEMÓRIAS

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!

Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

Momentos com

Chico Xavier Por SAULO GOMES

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empre que me pedem para falar de Chico Xavier, meu pensamento é levado para sua modesta e acolhedora casa, em Uberaba, e eu me vejo na cozinha, onde a gente conversava tomando café de chaleira e saboreando o famoso bolo de fubá e o pão de queijo mineiro. Quando Chico aceitou conversar comigo, sem microfones, para acertarmos nossa primeira entrevista, eu estava apreensivo e muito emocionado. Afinal, depois de muito lutar, eu havia conseguido chegar próximo daquele homem que, para mim, representava um desafio. Chico me recebeu com seu sorriso doce e amigo e me disse: eu já estava esperando você! Conversamos, só nos dois, das 10:00 até as 4:00 horas da manhã. De vez em quando, me servia bolo e café, que ele mesmo preparava. No dia seguinte, fomos autorizados a gravar com Chico. Chegamos com nossa equipe da TV Tupi, composta por nove homens, um caminhão de externa, equipamentos que não acabavam mais, um emaranhado de fios, enfim, tudo o que hoje é substituído por um simples celular, para gravarmos nossa sonhada entrevista. Chico nos recebeu na Comunhão Espírita Cristã e, depois da sessão, nos concedeu nossa almejada entrevista. A gravação durou aproximadamente duas horas e foi a primeira vez que Chico permitiu mostrá-lo psicografando. A reportagem foi um sucesso! Em 1971 convidei Chico para uma entrevista mais ousada, o Pinga-Fogo.

Não sei o que me impulsionava a querer dar àquele homem a chance de se mostrar por inteiro, sem censura e sem preconceitos, em um programa que, até então, era direcionado somente para grandes personalidades do mundo político, científico, editorial, artístico, empresarial e etc.. Chico só aceitou depois de se consultar com Emmanuel, pois dizia que não tinha competência para enfrentar tal programa e temia macular a doutrina. O programa foi cuidadosamente planejado; não queríamos passar a ideia de um programa espírita e procuramos ser imparciais. Por isso, convidamos entrevistadores de vários credos: ateus, evangélicos, espíritas e católicos. Acredito que alguns até tinham a intenção de ‘desmascarar’ Chico, mas ficaram surpresos com suas respostas, diria eu, iluminadas. João de Scatimburgo, lider católico, autor de vários livros, foi o entrevistador que mais questionou Chico Xavier e saiu da entrevista dizendo: “Chico Xavier se mostrou um homem sereno, seguro e muito me impressionou”. Chico não deixou nenhuma pergunta sem resposta e deixou os entrevistadores perplexos! Em meu livro, Pinga-Fogo com Chico Xavier (Ed. Intervidas), retratei os dois programas de 1971 na íntegra e coloquei notas explicativas para que os leitores não tenham dúvidas a respeito do programa de maior audiência de todos os tempos. Minha convivência com Chico Xavier, durante mais de 30 anos, contarei

ACERVO SAULO GOMES

Em 1967, Chico concede a sua primeira entrevista ao jornalista Saulo Gomes

em um próximo livro: algumas passagens dessa nossa amizade, a correspondência entre nós, os programas em que participamos juntos, cenas comoventes que presenciei, a relação de amizade entre o repórter e o médium mais respeitado de todos os tempos. Mas posso antecipar aqui um episódio ocorrido quando Chico foi participar do programa de Dercy Gonçalves. Ele foi muito receoso porque, todos sabemos, Dercy encabulava seus convidados com seus ‘palavrões’, que eram

sua marca registrada. O programa correu normalmente. Dercy procurou se controlar e até reverenciou a figura de Chico, mas não deixou de fazer uma ou outra galhofa. Ao retornarmos para casa, Chico me confidenciou: “aquela mulher é muito engraçada, sabe que eu gostei dela? É uma das pessoas mais sinceras que conheci”. Jornalista, escritor, membro da ARL –Academia Ribeirãopretana de Letras e da OVJ – Ordem dos Velhos Jornalistas. E-mail: saulo@saulogomes.com.br www.correiofraterno.com.br


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LIVROS & CIA. Vivaluz Editora Tel.: (11) 4412-1209 www.vivaluz.com.br

agita Ribeirão Preto com propostas inovadoras

Eurícledes Formiga – de poeta a médium de Miguel Formiga 248 páginas 14x21 cm

Da REDAÇÃO

D

estaca Kardec em O que é o espiritismo que cada um julga as coisas pelo seu ponto de vista e que do fato mais positivo nem todo mundo tira as mesmas consequências. Enaltece a ideia de que cada um é perfeitamente livre para aprovar ou criticar os princípios do espiritismo, cabendo ao crítico, porém, atentar para a primeira condição: não falar daquilo que não sabe. E justamente com o objetivo de fomentar a cultura espírita na sociedade, a Associação Caminhos para o Espiritismo realizou em 29 e 30 de maio, na cidade de Ribeirão Preto, SP, o seu II Encontro, com a temática “do hoje ao amanhã”. Fiel ao pensamento de Kardec, que valorizava a pesquisa e a análise de todas as áreas do conhecimento, o evento englobou temas comuns aos encontros

espíritas, como mediunidade, evangelho, medicina e espiritualidade, filosofia, pedagogia e ciência, mas inovou na diversidade das abordagens apresentadas pelos expositores, que enriqueceram o fórum de discussão e pesquisa. Inovou também na organização, recorrendo a entrevistas em programas de televisão, outdoors e distribuição de mais de 27 mil panfletos nos semáforos da cidade para chamar o público em geral para o evento. Contou com mais de 21 convidados, dentre eles Alexandre Caroli, Cristina Sarraf, Dora Incontri, Franklin Santana, Izabel Vitusso, Klaus Chaves, Leopoldo Daré, Luiz Signates, Marcelo Daré, Otaciro Rangel, Saulo Gomes, que participaram de palestras, mesas-redondas e oficinas. Para o médico endocrinologista, Gustavo Leopoldo Daré, presidente da Associação, o evento foi muito positivo.

Leopoldo Daré: Muitos nãoespíritas dialogarão conosco

Editora Allan Kardec Tel.: (19) 3242-5990 www.allankerdec.org.br

IZABEL VITUSSO

Encontros desafiadores, que buscam divulgar o espiritismo como parte da cultura humana, têm atraído espíritas, nãoespíritas, leigos, pesquisadores e curiosos para a livre discussão dos aspectos da doutrina – ciência, filosofia e religião

A pena e o trovão de Yvonne do Amaral Pereira, psicografia de Emanuel Cristiano 136 páginas 14x21 cm

Editora Lachâtre Tel.: (11) 2691-0507 www.lachatre.com.br

“Muitos participantes ficaram maravilhados com o II Encontro, pelas oportunidades de se conviver com ideias tão deferenciadas e ao mesmo tempo bem fundamentadas e apaixonantes. A experiência tem demonstrado que precisamos aprimorar nossa linguagem de divulgação, sermos mais didáticos e sintéticos. Trazer o estudioso, o pesquisador, o líder não-espírita para dentro dos encontros também é necessário, mas que ele encontre um ambiente que valorize a dúvida como etapa fundamental da reflexão e do aprendizado humano. Temos aprendido que o melhor é abrirmos o espiritismo para a discussão com a sociedade, pois esta atitude é uma necessidade de grande parte dos que já são espíritas, e é a única forma com que muitos não-espíritas dialogarão conosco.”

A história triste – 3 volumes: Panda, Hatte e Jesus de Patience Worth psicografia de Pearl Lenore Curran tradução de Herminio C. Miranda 288, 304 e 256 páginas 14x21 cm

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O que é fenônemo mediúnico de Herminio C. Miranda 112 páginas 14x21 cm

www.caminhosparaoespiritismo.com.br A cobertura de eventos pelo Correio Fraterno tem o apoio da Forteplast Indústria de plásticos. www.correiofraterno.com.br

ACOTENCEU

Caminhos para o Espiritismo

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QUEM PERGUNTA QUER SABER!

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A invasão da Terra pelos

extraterrestres Por PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

Aparece sempre na internet visitas de extraterrestres, pousos, e até pessoas levadas por eles. Outros relatam coisas ainda mais estranhas como chupa-cabras! Confesso que em algumas noites tenho pesadelos. O que há de verdade nisso? Pergunta de Vânia Aparecida Benitez, Campinas, SP

A

possibilidade de vida em outros planetas cria a expectativa de nosso encontro com eles. No passado esse tema rendeu livros, como A Guerra dos mundos, do inglês H. G. Wells. Em 1938, o ator e diretor de cinema Orson Welles teve a ideia maluca de representar no rádio a invasão dos marcianos baseada nessa obra, mas com tremenda realidade, como se a cobertura jornalística narrasse fatos reais. O resultado? Das seis milhões de pessoas ouvindo o rádio, pelo menos 1,2 milhão acreditaram que a reportagem era real. Muitos entraram em pânico, aglomeraram-se nas ruas para fugir do ‘perigo’. Hoje, a mídia está forrada de filmes sobre invasores, com monstrinhos perigosos e destruidores, alguns armados até os dentes, coisas esquisitíssimas e gosmentas. Há exceções pacíficas, como o famoso ET, de Spielberg. Feio, mas adorável. E o leitor já deve estar se perguntando o que o espiritismo tem a ver com tudo isso. E tem. Kardec tratou desse assunto com seriedade e, no lugar da imaginação, pesquisou o que os espíritos têm a explicar sobre a vida no Universo. As respostas que encontrou são bastante interessantes, e melhor: reconfortantes! Em primeiro lugar, existe vida em todos os planetas. Além disso, as humanidades evoluem como os indivíduos, que passam da infância, adolescência até chegarem à maturidade. Em nosso planeta a infância foi o tempo primitivo, quando o homem se diferenciou aos poucos dos animais. Depois vem a evolução incompleta tecnológica e social. Mas o homem não age solidariamente. www.correiofraterno.com.br

Por seu egoísmo, há sofrimento, fome, exploração e ignorância. Enquanto ele é apegado à matéria, nega a existência do espírito e do mundo espiritual. Essa negação limita-o aos sentidos físicos, levando-o a olhar para o Universo como uma imensidão vazia e inabitada. Kardec, porém, estudando a comunicação com os espíritos, foi informado de que os habitantes de outros planetas mais evoluídos têm a liberdade de explorar o Universo. Pela capacidade de estender seus pensamentos a grandes distâncias, podem atuar como espíritos protetores de almas mais simples, de planetas como o nosso. Podem até reencarnar aqui na Terra, servindo em missões sociais, políticas e científicas, com o objetivo de auxiliar o nosso progresso. Em O Livro dos espíritos, por exemplo, ficamos sabendo que muitos dos que viveram aqui na Terra foram reencarnar em Júpiter. Na Revista Espírita de 1858, uma psicografia revelou que Mozart foi morar naquele planeta. (Saiba mais sobre a vida em Júpiter pelo site www.correiofraterno. com.br). Lá não há dúvida nem materialismo. A felicidade é uma conquista. Pode dormir tranquilo, caro leitor. Deus deixou esta morada ao nosso cuidado. Cabe a nós, humanidade, cuidarmos do destino de suas plantas, terras, animais, rios e atmosfera. Cabe a nós, também, a educação e bemestar de nosso povo. Até lá, por nossa responsabilidade, nos privamos da felicidade. E, então, meu amigo leitor? Mãos à obra! Administrador de empresas, autor do livro Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos. Ed. Lachâtre. E-mail: paulo@mesmer.com.br

COISAS DE LAURINHA

Desastres naturais Por TATIANA BENITES As crianças tinham que levar para a casa espírita alguma coisa que representasse uma mensagem sobre os desastres naturais que acontecem no mundo (terremotos, tsunamis, nevascas, etc.). Muitas delas levaram cartazes, maquetes, encenaram peças teatrais ou cantaram músicas. Laurinha resolveu levar um bolo, que pediu para fazer junto à sua avó. – Laurinha, o que você trouxe? – Eu trouxe esse bolo. – Mas o que tem a ver o bolo com os desastres? – perguntou Guilherme. – Tudo! Pra fazer o bolo usamos o liquidificador, que representa os tremores, os tsunamis. Todas as coisas são colocadas lá dentro, juntas e mudam de forma, como acontece num terremoto, que deixa tudo remexido. Depois a gente coloca mais ingredientes, que fazem as coisas e pessoas se unirem. Quando a gente coloca no forno, os ingredientes já estão juntos, vão crescer e construir algo novo. E bom! – Muito bem, Laurinha, gostei do seu exemplo – falou a professora. – Eu também, disse sua amiga Ana. – Agora pra mostrar que todo mundo é bonzinho, a gente reparte o bolo com todos da sala e faz aquele negócio ... “solidanidade”– diz Laurinha com ar de sabida. – Como? – Aquele negócio que falam na televisão!Eu não sei o que é direito, mas minha mãe disse que se eu repartisse o bolo com cada um, seria essa palavra aí. Pedro, que ouvia tudo, foi logo dizendo: – Solidariedade! – Isso mesmo! – adiantou Laurinha – Foi o que eu disse. – Ah! Realmente, isso é solidariedade, dividir o que temos com quem não tem – disse a professora. – Tudo bem que a solidariedade acaba quando as pessoas começam a brigar pelo último pedaço, não é professora? – disse Ana. – Sim, brigar não é solidário. – Mas o bolo é um exemplo bom pra falar de desastres naturais, não é professora? – aproveita Laurinha. – Sim, é um ótimo exemplo. E o seu bolo está muito gostoso! Enquanto todos se deliciavam com o seu pedaço, Laurinha desfechou: – Só não ia ser solidário se o bolo estivesse quente, professora. Porque dali a algumas horas depois da dor de barriga, poderia começar um outro desastre natural. Conheça outras histórias de Laurinha no livro Tem espíritos no banheiro? www. correiofraterno.com.br


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Por GEORGE DE MARCO

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enho uma prima que se chama Alice. Licinha, para os íntimos. Sua história de vida, desde o momento que retornou a este planeta, faz dela uma das pessoas mais realistas, inteligentes, capazes e incompreendidas que conheço. Ela já se importou muito com isso. Agora, consegue enxergar cada vez melhor seu lugar no mundo, seu papel na presente encarnação. Está desenvolvendo, a cada dia, os “olhos de ver”. Conquistou isto com bastante reflexão, muito estudo do espiritismo, e também com o auxílio de terapia, o que recomenda. Tanto espiritismo e reflexão quanto terapia. Sua forma de analisar a humanidade, muitas vezes de forma bem divertida, tem me ajudado a também abrir os olhos para coisas que estão bem ali, na nossa cara, mas não enxergamos porque não queremos ver. Desde que vim morar em São Paulo, troco e-mails quase que diariamente com Alice. O conteúdo é tão interessante que, na brincadeira, sugeri que os publicássemos em forma de livro. Está na moda. Segundo ela: “venderiam-se três: Um meu, outro seu e outro da tia. Nem mãe tenho mais”. A tia a que ela se refere é a minha mãe, que acabou alimentando nosso debate sobre velhice e as manias que os idosos adotam, justificando muitas vezes o termo popularmente usado, como a segunda infância. Alice discorda: “sinceramente, não acho que tenha a ver com velhice, é da pessoa. É do ego exacerbado, do tem que ser a minha maneira, e ‘nequinha’ de gratidão”. E dispara contra o preconceito aos idosos: “você acha que esse problema só ataca os velhos? E os crimes no trânsito? E os crimes ‘por amor’? E as brigas em família?”. A questão do ego é capital para minha prima: “O nosso ego é recalcado, mas nem por isso menor. O problema também está nas várias encarnações de mando, com tudo a nossa maneira, a tempo e a hora, com o respeito que impúnhamos de uma maneira ou de

outra. Nossa palavra e ordens eram inquestionáveis e agora todo mundo tem a sua. Respeitar isso não é fácil, já que nossa autoridade não é mais reconhecida – logo nós, que sabemos de tudo, temos solução para tudo e fórmulas corretas para todos. Já se pegou achando que todo mundo é burro? Que não sabe como eles não enxergam o óbvio?” Parece realmente que queremos sempre mais e mais, ficamos mais arrogantes, mais infelizes do que nunca e amando cada vez menos. E isso não tem mesmo a ver com a idade. “Não à toa”, – prossegue minha prima – “Francisco, o velho de Assis, pediu a Deus: Amar mais do que ser amado (...) Porque é morrendo (o ego) que nascemos para a Vida Eterna (aqui e lá)”. Precisamos estar mais cientes do nosso propósito e ir ao encontro dele, antes que a rabugice, a dor e o medo tomem conta de vez de nossas vidas. Que medo seria esse? Minha prima responde: “Eu não tenho medo da velhice ou da morte. Só tenho medo de mim mesma. Porque se se tem medo, é porque a consciência acusa, e ela tem sempre razão. E vez por outra a minha me acusa (que modéstia, só vez por outra) de não estar me esforçando de fato; lembrando-me, enfim, do que

já imputei ao meu semelhante. Hoje a minha arma é a língua, que preciso também domesticar para não ferir mais ninguém. Mudei de arma, mas tenho que mudar mesmo é o sentimento, trocar a ira e a dureza pela compaixão que todos os tempos pedem de nós. Estou, na contabilidade divina, pior do que qualquer velho rabugento que já vê a dona Morte apontando o dedinho em sua direção”. E, como boa tutora que se apresente,

Alice sempre me dá conselhos valiosos, lembrando, por exemplo, o maior terapeuta de todos, Jesus: “‘Queres ser o maior? Seja aquele que mais sirva’. Pois é, primo, vou atrás dessa vontade inabalável de servir, pois o que já reparei mesmo é que por ser mais velha, penso merecer mais direitos, mais considerações. Daí nascem as reclamações e ressentimentos, que por serem desprezíveis, não fazem parte de mim, mas só dos outros”. Afinal de contas, é mais fácil nos aceitar como pensamos ser e não como realmente somos. Mas precisamos desta verdade enquanto estamos a caminho. “É uma lição necessária, embora nem sempre estejamos preparados para saber de algo escondido de nós mesmos. Precisamos de equilíbrio para lidar com o que percebemos e saber o que fazer. Senão a decepção é inevitável”. É assim que Licinha se despede em outro iluminado e-mail, com mais uma frase admirável: “A vida é realmente muito boa, se lembrarmos que é uma escola maravilhosa!”. George De Marco é jornalista, publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor e educador de mocidade espírita. E-mail: george@correiofraterno.com.br

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ENSAIO

Alice no país da terapia


AGENDA

CORREIO FRATERNO

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado com o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br

Cursos de Filosofia no IEEF O IEEF –Instituto Espírita de Estudos FiAGO losóficos – está com as inscrições abertas a NOV para os cursos abaixo, com duração de agosto a novembro de 2010: A Philosophia como therapeia da alma: “O ser e a serenidade” à luz da tradição filosófica (Antonio Carlos Tarquino); A visão humanista nos séculos XV e XVI (Rebeca Cahliman); Os filósofos dos primeiros tempos do cristianismo (Ricardo Baptista Madeira); Um dever-ser do triunfo paulino (Walter Barreto de Almeida) Site: www.ieef.com.br Laboratório de Radiofonia Espírita As Associações de Divulgadores do Espiritismo, de São Paulo e Campinas realizarão em 25 de SET setembro, em Campinas, o I Laboratório Paulista de Radiofonia Espírita, como incentivo aos comunicadores para maior uso da radiodifusão espírita. Inscrições até o dia 13/09, pelos sites www.adesaopaulo.org.br e www.adecampinas.org.br.

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6º Congresso Espírita Mundial já tem programa Nos dias 10 a 12 de outubro, a cidade de VaOUT lencia, na Espanha, irá sediar o 6º Congresso Espírita Mundial. O programa, com base no tema central “Somos Espíritos Imortais”, inclui comemoração pelo Centenário de Chico Xavier e conta com convidados de diversos países, dentre eles a pesquisadora americana Carol Bowman. Promoção: Conselho Espírita Internacional. Inscrições: www.congressoespirita.com.br; www.espiritismo.cc

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CRUZADA DO CORREIO Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno Educador responsável pela codificação espírita

Aquele que Sílaba de é adepto ao agilidade espiritismo

O mantra mais imPrimordial portante do hinduismo Término

“Ideia” em inglês

Um dos livros da codificação

ENIGMA Antes de se tornar espírita, Allan Kardec estudou durante muitos anos dois assuntos ligados ao Espiritismo. Que assuntos são esses?

Substâncias sutis

Relativo à alma

Personagem do livro “Nosso Lar”

Novo México

Um dos tipos de mediunidade

Instrumento Preposição musical que indica motivo

Moeda brasileira

Redução popular de “senhor” Feminino de “pais” Oposto de “não”

Sílaba de “circular”

qualquer hora, em qualquer lugar

–––– Meye, pesquisador e filantropo suíço Imperador romano

Utilizado em construção

Glória – – – – –, especilaista em moda

Parte do olho

––––– Celulari, ator

Dá cor aos objetos

Nome masculino americano

Cobalto

Desleal

Satélite natural da Terra

SOLUÇÕES Vogais de “laje”

Povoa o universo imaginário infantil Interjeição “Esquerda” de espanto em inglês

Consoante de “Lei” Consoantes de DONA Substitui o usado

Oposto de “macho”

Vogais de “álcool”

Esporte Clube

4 em Preposição algarismos que indica romanos lugar

Raymundo ––––––– autor do livro O pensamento de Richard Simonetti

Dupla

Resposta do Enigma: Um dos livros da codificação

Laço fluídico, cordão de prata

Primeira nota conexão

Kardec estudou o magnetismo e o hipnotismo. Saiba mais www. correiofraterno.com.br

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Encontro Estadual de Mediunidade Dia 19 de agosto, a partir das 08:30h, aconteceAGO rá o Encontro Estadual de Mediunidade, organizado pelo Departamento de Orientação Doutrinária da USE. Local: USE – Santana. Rua Dr. Gabriel Piza, 433. Equipe: Neyde Schneider, Julia Nezu, Paulo Ribeiro e Wladisney Lopes da Costa. Informações: www.use-sp.com.br

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Concurso de Poesia com Temática Espírita A Arte Poética Castro Alves deu início ao T E S 20º Concurso de Poesia com Temática Espírita. Cada concorrente poderá participar com uma poesia (digitada ou datilografada em duas cópias), que deverá ser assinada com pseudônimo, colocada em envelope lacrado, juntamente com dados pessoais: nome, endereço, CEP, fone, e-mail, cópia do RG e resumo da biografia. Deverá ser enviada com 15 selos no valor de R$ 1,00, até o dia 30 de setembro para: Concurso de Poesia com Temática Espírita. Caixa Postal 65077, São Paulo (SP), CEP 01318-970.

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E V E N T O S

Jantar Dançante Beneficente Dia 10 de setembro, às 20 horas D O SET Local: Restaurante São Judas Tadeu – na rota tradicional do “Frango com Polenta”. Av. Maria Servidei Dermarchi, 1749 – São Bernardo do Campo-SP. Você se diverte e ainda colabora! Informações e convites: (11) 4109-8938. www.laremmanuel.org.br

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DIVULGAÇÃO

Por ELIANA HADDAD

R

ealizado em 17 e 18 de julho, no Clube Sírio Libanês, em Uberaba, MG, o III Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier reuniu cerca de 1.800 pessoas, com objetivo de resgatar a memória e os ensinamentos deixados pelo médium mineiro. Promovido pelas Alianças Municipais Espíritas de Pedro Leopoldo e de Uberaba, contando com o patrocínio e apoio de diversas entidades, o encontro teve a participação de espíritas de várias regiões do Brasil e também de outros países – Portugal, Espanha e Alema-

nha – apresentando palestras de Sônia Maria Barsante Santos, Alexandre Caroli Rocha, Nena Galves, Osvaldo Cordeiro, João Elias, Izabel Mazucatti, Haroldo Dutra Dias e Walter Barcelos. Houve também lançamento de livros e DVDs, homenagens, apresentações musicais e peça teatral. Os assuntos abordados despertaram atenção pela diversidade em torno do tema que incluiu, por exemplo, evangelização infantil, a análise de estilos dos autores espirituais em Parnaso de alémtúmulo, mediunidade e a comprovação histórica dos romances ditados por

Emmanuel há mais de 70 anos. Para a amiga Nena Galves, de São Paulo, encontros como esse são importantíssimos para se preservar a memória de Chico Xavier. “Se os amigos de Chico tiverem que se reencontrar, há de ser em Pedro Leopoldo e Uberaba, cidades onde ele nasceu e viveu” – observa. Durante sua palestra, apresentou um vídeo de 1973, de seu acervo particular, com a entrevista que Chico Xavier concedeu à apresentadora Hebe de Camargo, na qual revela detalhes importantes sobre sua ligação espiritual com Emmanuel e o compromisso milenar da dupla com a divulgação do consolador prometido. – Como seria se o seu guia espiritual,

Emmanuel, reencarnasse em outro corpo? – pergunta um telespectador. – Isso tem sido objeto de conversação entre ele e nós. Emmanuel costuma dizer que nos espera no mundo do Além para em seguida retornar à vida física. Ele costuma me dizer “quando eu estiver na vida física e você estiver fora do corpo físico, vai ver como é difícil entrarmos em contato com vocês e como é difícil orientá-los para o bem”– respondeu Chico. Nena disse também que Chico acompanhou daqui a preparação de Emmanuel para essa troca. “Mas Chico teve tantas moratórias, demorou tanto, que Emmanuel veio antes”– observou. Chico desencarnou em 2002.

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Amigos mantêm viva a memória de Chico Xavier


FOI ASSIM…

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Meu filho sonhou e descreveu a

própria morte Por PRISCILLA WILMERS

“E

le sabia! Ele sabia!” – a voz da minha nora Aline soava angustiada do outro lado da linha. Pedia para eu checar meus e-mails. Para minha surpresa, lá estava a mensagem do meu filho, Fernando, datada de 23/01/2007, às 8h50. Três meses depois, no dia 4 de abril, ele desencarnava aos 23 anos, num acidente de avião. Tudo aconteceu exatamente como ele relatara na mensagem enviada ao celular da esposa, Aline, que só a viu bem depois do fatídico acidente. Eles estavam casados há cinco meses e Nando mostrava-se impressionado com um sonho que tivera. Ele era tenente e piloto de caça da Força Aérea Brasileira e estava servindo no esquadrão Escorpião, baseado em Boa Vista, RO. Na mensagem, clara e cheia de detalhes, contava o sonho: “Ejetei, mas não deu certo. Não senti nada, foi sem trauma. Mas vi que não podia ficar contigo; entrei em depressão. Algumas pessoas diziam que, se a gente se amava, não devia me preocupar porque era temporário. Um dia você ficaria velha e iria para onde eu estava. Não consegui ficar lá e vim te ver – tu tava toda amorosa no telefone com ‘um cara’ – fiquei mal e voltei. Quando, então, me disseram que na Terra o tempo passava mais rápido que lá. Você tinha superado. Me arrependi daquele voo... foi muito triste e real. Acordei sem o despertador.” Depois do acidente, foi instituído um inquérito militar, que apurou que a morte do meu filho havia sido de fato causada durante a ejeção da cadeira do avião, um Super Tucano. Ao cair, em função da posição e altitude em que estava, o paraquedas não abriu. www.correiofraterno.com.br

Até mesmo o sentimento de ciúme do sonho, relatado por Nando na mensagem, acabou se confirmando cerca de um ano e meio depois de sua partida. Presenciei minha nora atendendo a um telefonema de um rapaz que estava gostando dela. Naquele momento, senti meu filho ao meu lado. Seu campo fluídico invadiu o meu, assim como o seu perfume. Me emocionei e comecei em pensamento a dizer a ele que era necessário aceitar e compreender que Aline precisava continuar a viver, pois seguiam em planos diversos. Procurei tranquilizá-lo e, assim, também pude ser a amiga que minha nora necessitava naquela hora. Passados três anos, releio a mensagem premonitória do meu filho e sinto o conforto e o consolo de uma pequena frase colocada logo no início da mensagem: “não senti nada, foi sem trauma”. Isso é tudo o que qualquer mãe, com o instinto natural de proteção, gostaria de desejar para um filho muito amado na hora de sua partida! E foi assim que aceitei o que me cabia, amparada pelo entendimento que a doutrina diariamente me traz, lembrando que a dor sofrida conscientemente não embrutece, mas eleva. Nos faz enxergar melhor a vida, esse presente que Deus nos dá sempre em seu imenso amor.

Rui Barbosa inspirou-se no espiritismo? Por ALTAMIRANDO CARNEIRO Rui Barbosa tomou conhecimento do Espiritismo quase no término de sua existência física, graças ao estudo de obras científicas de sua época, de pesquisadores como William Crookes, Oliver Lodge, Alexandre Aksakof, Ernesto Bozzano, Conan Doyle, Léon Denis, Camille Flammarion, Charles Richet, e que trataram da fenomenologia espírita através de experiências realizadas nos países cultos. Jurista, político, filósofo e escritor, Rui Barbosa de Oliveira nasceu em Salvador (BA), em 5 de novembro de 1849 e desencarnou em Petrópolis (RJ), no dia 1º de março de 1923, acreditando numa força divina que governava o Universo. No livro Escritores e Fantasmas (Ed. Correio Fraterno), o autor Jorge Rizzini cita que na vastíssima biblioteca de Rui, no Rio de Janeiro, exposta à visitação pública, pôde constatar a existência de tais obras científicas, na língua original, grifadas por Rui Barbosa com tinta vermelha e anotações feitas às margens. Rui Barbosa não só traduziu a obra O Papa e o Concílio, do pesquisador alemão Joseph Ignaz Von Döllinger (Ed. Leopoldo Machado), como escreveu um prefácio, cuja extensão supera a própria obra. Ele concluiu a tradução da obra (escrita em 1869) em 1877, com apenas 28 anos de idade. O Papa e o Concílio constitui-se num dos maiores golpes sofridos pela Igreja de Roma. Com tal poder combativo, só se conhece a História dos Papas, do dicionarista Maurice Lachâtre. Ambas as obras tiveram suas edições perseguidas pelo Vaticano , quando foram queimados todos os exemplares encontrados, como nos velhos tempos da Inquisição. Em sua última obra, Oração aos moços –1921 –, dedicada aos bacharelandos da Faculdade de Direito de São Paulo –, Rui demonstra a sua convicção na impotência da morte. Uma das páginas do original Oração aos moços. Por ela se pode ver a ânsia de Rui, emendando e reemendando, em busca da forma perfeita. [Arquivo da FCRB.]


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Por ANDRÉ TRIGUEIRO

É

bastante comum o encantamento dos espíritas com o relato de como a vida se resolve nas cidades espirituais onde o nível moral é mais elevado do que na Terra. Não por acaso o livro Nosso Lar, do Espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier em 1944, encontra-se em sua 58ª edição e deverá em breve alcançar a impressionante marca – para os padrões brasileiros – de dois milhões de exemplares vendidos. Com o lançamento do filme inspirado no livro, teremos certamente a popularização de Nosso Lar em uma escala sem precedentes, o que é algo extremamente positivo do ponto de vista da divulgação da doutrina e das informações alusivas à realidade pós-desencarne. Quantos de nós já não nos imaginamos ocupando um espaço, ainda que pequeno, nesta cidade bem planejada, arborizada, protegida espiritualmente, com espetáculos gratuitos em paisagens deslumbrantes, com transporte público de massa que não gera poluição, ensaiando aqui e ali exercícios de volitação (quem volita, segundo o livro, o faz por necessidade, sempre com o cuidado de não se exibir para aqueles que não conseguem ainda) consagrando a maior parte do tempo à nobre tarefa de nos desenvolvermos ética e moralmente? Difícil não encontrar no movimento espírita quem não tenha se deliciado com essa perspectiva. Mas precisamos calibrar bem essas expectativas em favor de nosso próprio processo evolutivo. Deslumbramento com o futuro que não chegou é armadilha. Dispersão é risco. Nossa realidade é aqui e agora. Nosso lar planetário reclama cuidados urgentes e postergálos significa risco iminente de a “casa cair”. Nossos hábitos, comportamentos e padrões de consumo constituem nos

escolhas coletivas forem nesta direção, assim será. Nosso Lar, no momento, é aqui. E o que está em jogo para nós, os encarnados nestes primeiros anos do século 21, é desarmar a bomba-relógio que ameaça os ecossistemas planetários cada vez mais degradados e exauridos. Por mais fugaz e transitória que seja nossa permanência neste plano, o mesmo se dá do outro lado da vida, onde estaremos igualmente de passagem. A jornada é longa e em cada etapa desta viagem seremos convidados a agir onde estivermos, em favor não apenas de nossa própria evolução, mas também daqueles que nos acompanham a marcha, e do meio que nos acolhe generosamente em cada um das muitas moradas do Pai. dias de hoje um conjunto de agressões ambientais em escala global só comparável ao bombardeio de meteoros que dizimou a biodiversidade do planeta – e a extinção definitiva de várias espécies, entre as quais os grandes répteis – há 65 milhões de anos. A Humanidade não existia nesse período, mas a atual crise ambiental tem a nossa digital, o nosso DNA, é “crime de lesa-planeta”. Uma das missões mais importantes de todos nós que temos o privilégio de regressar à Terra neste momento tão singular da História é assegurar que as gerações futuras – e provavelmente nós mesmos em sucessivas reencarnações – tenham a chance de viver em um mundo de regeneração ambientalmente saudável. Já parou para pensar que este mundo de regeneração, apesar de mais evoluído moralmente, poderá ser um lugar hostil à presença humana em função das mudanças climáticas, da escassez de água doce e limpa, da desertificação do solo, da destruição sistemática da bio-

diversidade, da transgenia irresponsável e de outros legados que estaríamos deixando para nossos descendentes – e para nós mesmos – num futuro próximo? Se o nosso livre-arbítro é soberano, e nossas

Jornalista, de rádio e tv, André Trigueiro é criador e professor do curso de Jornalismo Ambiental da PUC, RJ. Autor dos livros Mundo sustentável – abrindo espaço na mídia para um planeta em transformação (Globo) e Espiritismo e ecologia (FEB). Site: www.mundosustentavel.com.br.

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Nosso Lar é aqui e agora


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LEITURA

Tem espíritos no banheiro? Por ELIANA HADDAD

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obra de Tatiana Benites nasceu de um projeto ousado. É diferente em tudo: no título, no visual, na linguagem, na forma divertida e inteligente de comunicar temas nem tão simples, pinçados do grande universo espírita. Tem espíritos no banheiro? não é um livro dedicado a crianças, mas é justamente uma – bem sapeca, por sinal – que envolve toda a trama como personagem central. Seu nome: Laurinha. Com deduções óbvias, peculiares de um mundo infantil e cheio de verdades atemporais, Laurinha se confunde e se supera a cada história. É ela quem pergunta, responde, argumenta e reflete sobre temas como psicografia, médiuns e passagens evangélicas, dentre outros temas, que vão recheando e conduzindo sua caminhada no aprendizado sobre a doutrina espírita. Aos jovens,Tem espíritos no banheiro? vai fazer rir. Aos adultos, além de divertir, vai também provocar uma revisão de conceitos, pela quebra do paradigma da austeridade, convidando-os ao aprendizado com humor, num desafio de se buscar explicações simples para coisas que são analisadas quase sempre de forma complicada. Tatiana Benites trabalha com crianças desde 15 anos de idade. E tem um contato de mão dupla com suas turmas de educação espírita. Enquanto leva para as salas de aula a alegria, motivação e poder de comunicação, as crianças lhe devolvem um rico material de reflexão e inspiração para os questionamentos de sua personagem. A autora confessa que essa criança astuta, na verdade, já fazia parte da sua vida. “Todo mundo tem uma Laurinha dentro de si, que deseja fazer perguntas, muitas perguntas, se expor, criticar, e nem sempre tem coragem”, comenta. Baseados nessa vivência com crianças e jovens, com seus comentários, dúvidas e questionamentos, nasceram há três www.correiofraterno.com.br

anos os textos que fazem sucesso na seção “Coisas de Laurinha”, no jornal Correio Fraterno. Divertindo e informando os leitores, muitos centros os utilizam também como material de apoio nas aulas de educação espírita para crianças. Essas e outras histórias agora estão reunidas em livro, num projeto inovador que inaugura um jeito diferente de se falar em espiritismo de uma forma dinâmica e moderna. Afinal, tudo o que Laurinha diz se encaixa ‘como uma luva’ a todos os espíritos, que em constante processo evolutivo trazem ansiedades, dúvidas e alegrias, crianças de sempre que somos, de qualquer tempo e idade. Já afirmaram os espíritos a Kardec que convicção não se impõe. E mais: que é preciso ensinar a exemplo de Jesus, pela doçura e persuasão, e não pela força. E é assim mesmo que Laurinha aprende, com a simplicidade natural que tenta desfazer as confusões em que se coloca, nas quais mergulha num processo genuíno de construção do seu aprendizado. Para ela, o espiritismo não é difícil. Nem pesa. É prazeroso, divertido, porque nele encontra uma fonte inesgotável de respostas para seus eternos questionamentos. Ela descobre a alegria do processo do conhecimento, aquele que só quem busca e participa pode ter. Tudo traduzido em ares de bom humor, sagacidade e singeleza, sem perder, entretanto, o principal: a seriedade intrínseca e indispensável do conteúdo.

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