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o x da questão na economia tokenizada

a priVaCiDaDe DoS DaDoS encabeça a lista de preocupações quando se pensa em uma tokenização maior da economia. Além disso, há uma “guerra de padrões” em curso quando se fala da tokenização aplicada à identidade. Para o diretor do departamento de Identidade Digital da Secretaria de Governo Digital do Ministério da Gestão, Hudson Mesquita, é importante contar com padronização –e padrões abertos. O tema foi debatido durante a Febraban Tech, realizada no final de junho.

“Não podemos perder a oportunidade de garantir alinhamento de tudo que estamos construindo, com padrões abertos para governo, academia, mercado privado. Precisamos caminhar juntos e ficar atentos aos padrões, especialmente em um país que tem 50 formas diferentes para a gente se identificar. E trazer esse poder para o cidadão”, afirmou. “Será muita briga, porque se há 50 identidades, são 50 entidades com algum poder para isso. É importante a sociedade entender e cobrar”, acrescentou Mesquita.

No que diz respeito à tokenização da identidade, a descentralização dos dados é fundamental, com cada usuário sendo seu próprio controlador da informação; e não uma entidade, como acontece hoje. “A identidade digital sobe- hudson mEsquita

Diretor do departamento de Identidade Digital da Secretaria de Governo Digital do Ministério da Gestão niColE dyskant

Consultora para América Latina da Fireblocks rana é o caminho para que todas as informações possam transitar sem intermediários pelo blockchain. Isso será porta para a nova economia, vai trazer inclusão financeira, facilidade no acesso ao crédito nessa economia tokenizada”, enfatizou Nicole Dyskant, consultora para América Latina da empresa de infraestrutura de criptoativos Fireblocks.

É preciso vencer esses desafios para que a tokenização seja difundida e chegue às pessoas em geral, por meio do que é chamado de identidade soberana: algo como a agregação, via token, das diversas formas e atributos de identificação pessoal. “Na Europa, estão realizando quatro grandes pilotos. Alemanha e Canadá usam Indy, como nós. Mas vários estados dos Estados Unidos emitem carteiras de motorista em cima do padrão da ISO, que não é compatível”, explicou Maria Teresa Aarão, consultora em Blockchain e Aplicações de Identidade da Fundação CPqD. “Portanto, estamos em meio a uma guerra de wallets. Já vivemos a guerra dos sistemas operacionais, a guerra dos browsers, e agora estamos na guerra das wallets”, complementou.

No que tange a serviços financeiros, executivos do Santander, Bradesco, Paxos e Hathor Labs ressaltaram que o Brasil está avançando com a tokenização, mas há questões cruciais a serem trabalhadas. A privacidade dos dados é a primeira delas. “Nossa preocupação maior é com os requi-

real digital tem 16 ProPostas em teste

O Banco Central do Brasil tem 16 instituições selecionadas para participar da primeira fase do projeto do Real Digital. Durante a 1ª Plenária do Fórum Real Digital, em 26 de junho, o corpo técnico do BC responsável pela condução da iniciativa Real Digital detalhou informações e os próximos passos da ação.

O encontro debateu as especificidades do projeto com diversos públicos envolvidos em sua implementação, como desenvolvedores de tecnologias, provedores de serviço de tecnologia da informação, instituições financeiras e outros órgãos reguladores, além dos servidores do BC envolvidos diretamente com o assunto.

Coordenador da iniciativa Real Digital, Fabio Araujo ressaltou que o Real Digital irá promover uma verdadeira revolução no Sistema Financeiro Nacional (SFN), algo igualmente transformador como o Pix e o Open Finance.

Nesse momento, está sendo avaliada a programabilidade e a descentralização da plataforma do Real Digital. Depois, se partirá para os testes de validação e riscos. E, posteriormente, será checada a viabilidade tecnológica negocial, ou seja, o produto final em si.

A gerente de TI do Piloto do RD, Clarissa Souza, destacou que, agora, não estão buscando escala, mas sim interoperabilidade de redes e governança de vários ativos. A visão de longo prazo é permitir o uso das finanças de forma descentralizada.

A expectativa é que, até meados de agosto deste ano, os participantes consigam fazer os desenvolvimentos necessários. Para setembro, estão planejados os testes com o Real Digital e o Real ‘tokenizado’. Para fevereiro de 2024, está previsto o teste do token dos títulos públicos. Dependendo do grau de maturidade do projeto, pode-se testar algo com a população no fim deste ano.

sitos de privacidade, que entendemos que é algo ainda não resolvido e sobres os quais vamos ter problema na forma como o mercado opera”, avaliou Fernando Freitas, superintendente-executivo de Inovação do Bradesco.

Evandro Camilo, head de Produtos – Digital Assets do Santander, fez coro: “Se pudesse decidir, seria aplicar em blockchain não permissionada aberta. Hoje, a principal dor é a privacidade. A primeira massa crítica sobre a qual temos de debruçar é ela. Temos várias características e há vários tradeoffs para entender, mas, por design, tem de olhar para privacidade e regulação”, destacou.

Para Juliana Felippe, gerente de Parcerias Empresariais da Paxos, é preciso que toda a cadeia envolvida seja muito diligente, olhando para atividades ilícitas. “Temos muitas fraudes que envolvem muitos segmentos. Mas é preciso ter equilíbrio para que a regulação não iniba a inovação”, disse a executiva.

Jornada

O Brasil caminha rumo à economia tokenizada, contando com uma infraestrutura legal e avançando com o Real Digital, a CBDC (moeda digital emitida por banco central) nacional. Além disso, o mercado financeiro enxerga que os reguladores têm tido boa vontade em conversar com as empresas e permitir que os produtos saiam do papel.

“O processo de inovação financeira tem três pilares: o da tecnologia, o das empresas oferecendo os produtos e o pilar do consumidor. Vejo com bons olhos o caminho que tem tomado no mundo. Mas é preciso entender que blockchain é a tecnologia e não o produto. O produto financeiro quem cria são as fintechs e os bancos”, ressaltou Marcelo

Brogliato, CTO da Hathor Labs.

Para Evandro Camilo, do Santander, quando se fala em tokenização, o primeiro pilar é o do cliente deter o dado e poder compartilhá-lo; o segundo é poder interagir com outras pessoas de forma engajada como comunidade e é poder transacionar. “Blockchain veio para ficar e a cripto é a primeira aplicação prática. É inacreditável que hoje o mercado financeiro opere igual há 20, 30 anos”, argumentou Juliana Felippe, da Paxos, defendendo que haja uma mudança por meio da tecnologia para aportar eficiência e atender a demandas como tempo real e agilidade em remessas internacionais.

Quando se avalia produtos e serviços, o mercado, contudo, ainda é incipiente, conforme assinalou Freitas, do Bradesco. “Hoje, ativos regulados e não-regulados podem ser tokenizados, mas, se somar todas as emissões, ainda é muito pequeno, ainda é uma fração do que é o mercado”, justificou. “O cenário hoje está muito embaralhado e oBanco Central vem fazendo o desenho do que acha que será o futuro”, acrescentou.

Uma das questões-chave é identificar o que merece ser tokenizado, já que a tecnologia habilita a possibilidade de tokenizar tudo, mas nem tudo vale a pena. “Esse é um ponto chave que a gente precisa mergulhar e identificar. E só vamos identificar de fato com as experimentações”, disse Larissa Moreira, coordenadora para CBDC e Crypto do Itaú Unibanco.

Leandro Vilain, sócio da prática de Serviços Financeiros da Oliver Wyman Brasil, acrescentou que é preciso entender para que realmente serve a moeda digital do Banco Central (CBDC). “O que temos pela frente é sentarmos e avaliar- abranet.org.br